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* * UNIVERSIDADE POTIGUAR FACULDADE DE DIREITO DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg emmanoel.unp@gmail.com DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Comunicabilidade de Elementares e Circunstâncias Da Aplicação da Pena COMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS O artigo 30 do Código Penal dispõe que não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Esse artigo contém três regras: DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - As circunstâncias de caráter pessoal (circunstâncias subjetivas) não se comunicam no concurso de agentes. As circunstâncias subjetivas são aquelas que dizem respeito ao agente (exemplo: antecedentes, personalidade, motivo do crime, parentesco, reincidência etc.). - Comunicam-se as circunstâncias de caráter objetivo, desde que o coautor ou partícipe delas tenha conhecimento. Circunstâncias objetivas são aquelas que dizem respeito ao crime (exemplo: emprego de arma, meio cruel, repouso noturno, modos de execução, meios empregados, idade da vítima etc.). DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - As elementares sempre se comunicam, não importando se são de caráter pessoal ou não. Elementares “Elementar” vem de “elemento”, que significa componente essencial, fundamental. Elementar é todo componente essencial da figura típica, sem o qual essa desaparece (atipicidade absoluta) ou se transforma em outra (atipicidade relativa). Por serem fundamentais, as elementares são encontradas no caput dos artigos, onde se encontra a descrição do tipo penal. Algumas elementares, todavia, estão nos parágrafos, quando há previsão de figuras equiparadas neles. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Circunstâncias Circunstância é todo dado acessório, não fundamental para a existência do crime, que fica agregado à figura típica e tem como única função influenciar na pena. A circunstância não altera o crime, somente influi na maior ou menor gravidade do delito. Assim, ausente a circunstância, subsiste o crime. Exemplo: furto agravado pelo repouso noturno. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas As circunstâncias podem ser: - Judiciais: são circunstâncias genéricas, cuja aplicação fica a critério do juiz (artigo 59 do Código Penal). - Legais: são as circunstâncias agravantes (artigos 61 e 62) e atenuantes (artigos 65 e 66) que se encontram na Parte Geral do Código Penal. Há também as causas de aumento e diminuição de pena, encontradas na Parte Geral e na Parte Especial do Estatuto Penal. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - As qualificadoras também são circunstâncias, pois sua exclusão não elimina o crime, que apenas passa de qualificado a simples. As qualificadoras não são essenciais para a existência do crime, pois só alteram os limites de pena, fixando o mínimo e o máximo. Há entendimento no sentido de que as qualificadoras são circunstâncias elementares, mas isso é uma contradição: ou o componente típico é essencial para a existência do crime e denomina-se elementar, ou é acessório e será chamado de circunstância. A qualificadora da promessa de recompensa no homicídio comunica-se ao mandante do crime? DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas A qualificadora é mera circunstância. Assim, sem a qualificadora o homicídio continua existindo. A lei procurou aumentar a pena do executor de homicídio que atua impelido pelo abjeto e egoístico motivo pecuniário, reservando tratamento mais severo para os chamados “matadores de aluguel”. A circunstância tem caráter pessoal porque se trata do motivo do crime, ou seja, algo ligado ao agente, não ao fato. Assim, tratando-se de circunstância de caráter pessoal, não se comunica ao partícipe (artigo 30). DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas DA APLICAÇÃO DA PENA “Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.” Elementar é todo componente essencial da figura típica, sem o qual ela desaparece (atipicidade absoluta) ou se transforma (atipicidade relativa). DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Circunstância é todo dado secundário e eventual agregado à figura típica, cuja ausência não tem nenhuma influência sobre sua existência. Somente agrava ou abranda a sanção penal. As circunstâncias podem ser judiciais e legais. A aplicação da pena é a aplicação dessas circunstâncias em uma determinada ordem. O critério utilizado pelo Código Penal é o trifásico, proposto por Nelson Hungria. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Em primeiro lugar, é preciso identificar os limites da pena. Para isso deve-se saber se o crime é simples ou qualificado. Depois de se estabelecer os limites da pena, passa-se às fases da aplicação da pena: - 1.ª fase (artigo 59 do Código Penal): verifica-se, em primeiro lugar, se há circunstâncias judiciais; o grau de culpabilidade influi na dosagem da pena. A culpabilidade é medida pela intensidade do dolo (crime doloso), grau de culpa, antecedentes criminais etc. Nessa primeira fase, a lei não diz quanto o juiz aumenta ou diminui (fica a critério do julgador). Em hipótese alguma a pena poderá ficar abaixo do mínimo e acima do máximo. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - 2.ª fase: levam-se em conta as agravantes e atenuantes genéricas. Também nessa fase a pena jamais poderá ficar abaixo do mínimo e acima do máximo. As agravantes estão prescritas nos artigos 61 e 62 do Código Penal. As atenuantes estão previstas nos artigo 65 e 66 do Código Penal. Circunstâncias atenuantes inominadas (artigo 66 do Código Penal): se não estiver presente nenhuma das atenuantes do artigo 65 do Código Penal, mas mesmo assim o juiz entender que há algo que devia levar em conta, pode fazê-lo. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - 3.ª fase: observam-se as causas de aumento e de diminuição de pena. Estão previstas na Parte Geral e na Parte Especial do Código Penal. Essas circunstâncias podem fazer com que a pena fique abaixo do mínimo ou acima do máximo. Primeira Fase (Circunstâncias Judiciais) As circunstâncias judiciais são circunstâncias genéricas que se aplicam a todos os crimes. A aplicação é feita de maneira discricionária pelo juiz, pois a lei não delimita o quanto ele deve aumentar ou o quanto deve diminuir. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas IMPORTANTE: nessa fase a pena não pode ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo (artigo 59, inciso II, do Código Penal). De acordo com o artigo 59 do Código Penal, para a aplicação da pena, leva-se em conta: - Culpabilidade: quanto mais reprovável a conduta, maior a pena. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - Antecedentes: são os registros criminais que podem representar inquéritos ou processos. Entende-se que processos em andamento e absolvições por insuficiência de prova configuram maus antecedentes. Há, entretanto, um segundo entendimento de que somente condenações definitivas podem ser consideradas como maus antecedentes. - Conduta social: trabalho, relacionamento familiar, etc. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - Personalidade do agente: é o perfil psicológico do agente; a brutalidade incomum, a ausência de sentimento humanitário, a frieza, a ausência de arrependimento são indicativos de má personalidade. - Motivos do crime: são os fatos que motivaram o agente à prática do delito; tratando-se o motivo de qualificadora, agravante, atenuante, causa de aumento ou diminuição de pena, não poderá ser considerado como circunstância judicial, evitando-se bis in idem. - Circunstâncias e consequências do crime: extensão do dano causado. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - Comportamento da vítima: pode atenuar ou agravar a pena. Atendendo a essas circunstâncias, caberá ao juiz: I – escolher qual a pena a ser aplicada; II – dosar a quantidade da pena, dentro dos limites legais; III – substituir a pena privativa de liberdade por outra, quando a lei previr essa possibilidade; IV – escolher qual o regime inicial de pena. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas O juiz levará em consideração todas essas circunstâncias para, em uma primeira fase de fixação de pena, situá-la dentro dos limites mínimo e máximo cominados. Assim, se favoráveis, a pena deve situar-se próxima do mínimo ou nele mesmo. Sendo desfavoráveis, o juiz deve elevar a reprimenda acima do piso mínimo legal. Segunda Fase (Circunstâncias Agravantes e Atenuantes) Agravantes - Previstas nos artigos 61 e 62 do Código Penal. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas No artigo 61, existem dois incisos. No inciso I encontra-se a agravante da reincidência (a reincidência se aplica tanto aos crimes dolosos quanto aos culposos); no inciso II encontram-se várias outras agravantes (exemplo: crime contra mulher grávida, crime contra cônjuge etc.). Todas as agravantes relacionadas no inciso II somente se aplicam aos crimes dolosos. No artigo 62, encontram-se as agravantes que somente se aplicam ao autor do crime em concurso de agentes. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas REINCIDÊNCIA - se verifica quando o sujeito, depois de sofrer condenação transitada em julgado pela prática de um crime, pratica novo delito. A condenação anterior pela prática de contravenção penal não gera a reincidência. A condenação anterior pela prática de crime militar próprio e crime político também não geram reincidência. Não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação (artigo 64, inciso I, do Código Penal). Trata-se do período depurador. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Incomunicabilidade: sendo circunstância subjetiva, não se comunica ao partícipe ou coautor. Contravenção anterior e posterior: a) Condenado definitivamente pela prática de contravenção penal, vem a praticar crime — não é reincidente (CP, art. 63). b) Condenado definitivamente pela prática de contravenção, vem a praticar nova contravenção — é reincidente nos termos do art. 1- da LCP. c) Condenado definitivamente por crime, vem a praticar contravenção penal — é reincidente nos termos do art. 7º da LCP. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - Sentença transitada em julgado após a prática de crime: tratando-se de condenação com trânsito em julgado em data posterior à ocorrência do crime, não há falar em reincidência, porque não configurado o requisito básico e fundamento do reconhecimento da circunstância em estudo. - Reabilitação criminal: não exclui a reincidência. - Prova da reincidência: só se prova mediante a certidão da sentença condenatória transitada em julgado, com a data do trânsito. Não bastam, desse modo, meras informações a respeito da vida pregressa ou a simples juntada da folha de antecedentes do agente para a comprovação da agravante. Nem mesmo a confissão do réu é meio apto a provar a reincidência. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Condenação no estrangeiro: induz a reincidência, sem necessidade de homologação pelo Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, h), uma vez que a sentença penal estrangeira só precisa ser homologada, para ser executada no Brasil, nos termos do art. 787 do CPP, c/c o art. 9º do CP. Extinção da punibilidade em relação ao crime anterior: se a causa extintiva ocorreu antes do trânsito em julgado, o crime anterior não prevalece para efeitos de reincidência; se foi posterior, só nos casos de anistia e abolitio criminis a condenação perderá esse efeito. Desse modo, a prescrição da DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas pretensão executória não afasta a reincidência do réu em face do novo delito, diferentemente do que ocorre no caso da prescrição da pretensão punitiva, que, além de extinguir a punibilidade, afasta, também, o precedente criminal. - Extinção da pena pelo seu cumprimento: não elimina a condenação interiormente imposta, para efeito de reincidência, se não ocorre a hipótese prevista no art. 64,1, do Código Penal. - Multa anterior: o agente é reincidente, pois a lei fala em crime anterior, independente da pena imposta. Embora reincidente, poderá, contudo, obter sursis (CP, art. 77, § 1º). DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Efeitos: a) agrava a pena privativa de liberdade (art. 61,1, do CP); b) constitui circunstância preponderante no concurso de agravantes (art. 67 do CP); c) impede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos quando houver reincidência em crime doloso (art. 44, II, do CP); d) impede a substituição da pena privativa de liberdade por pena de multa (art. 60, § 2º, do CP); e) impede a concessão de sursis quando por crime doloso (art. 77,1, do CP); DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas f) aumenta o prazo de cumprimento de pena para obtenção do livramento condicional (art. 83, II, do CP): g) impede o livramento condicional nos crimes previstos na Lei de Crimes Hediondos, quando se tratar de reincidência específica (art. 5º da Lei n. 8.072/90); h) interrompe a prescrição da pretensão executória (art. 117, VI, do CP); i) aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória (art. 110 do CP); DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas j) revoga o sursis, obrigatoriamente, em caso de condenação em crime doloso (art. 81,I, do CP), e facultativamente, no caso de condenação, por crime culposo ou contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos (art. 81, § 1º, do CP); k) revoga o livramento condicional, obrigatoriamente, em caso de condenação a pena privativa de liberdade (art. 86 do CP) e, facultativamente, no caso de condenação por crime ou contravenção a pena que não seja privativa de liberdade (art. 87 do CP); DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas l) revoga a reabilitação quando o agente for condenado a pena que não seja de multa (art. 95 do CP); m) impede a incidência de algumas causas de diminuição de pena (arts. 155, § 2º, e 171, § 1º, todos do CP); n) obriga o agente a iniciar o cumprimento da pena de reclusão em regime fechado (art. 33, § 2º, b e c, do CP); o) obriga o agente a iniciar o cumprimento da pena de detenção em regime semi-aberto (art. 33, 2ª parte, § 2º, c); DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas p) impede a liberdade provisória para apelar (art. 594 do CPP); q) impede a prestação de fiança em caso de condenação por crime doloso (art. 323, III, do CPP). Ocorrência: não importa qual a natureza dos crimes praticados. Assim, a reincidência pode dar-se: a) entre dois crimes dolosos; b) entre dois crimes culposos; c) entre crime doloso e culposo; d) entre crime culposo e doloso; e) entre crime consumado e tentado; DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas f) entre crime tentado e consumado; g) entre crimes tentados; h) entre crimes consumados. Perdão judicial: a sentença que o aplica não induz à reincidência (CP, art. 120). Transação penal (Lei n. 9.099/95, art. 76, §§ 4º e 6º): de acordo com o art. 76, § 4º, da Lei n. 9.099/95, no caso de transação penal, a imposição de pena restritiva de direitos ou multa não importará em reincidência. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - Suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89) – Não gerará reincidência. - Composição civil (Lei n. 9.099/95, art. 74, parágrafo único): A composição civil homologada não gera reincidência. - Prescrição da reincidência: não prevalece a condenação anterior se, entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração penal posterior, tiver decorrido período superior a 5 anos (período depurador), computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não houver revogação (CP, art. 64,1). Uma vez comprovado o benefício do art. 64 do CP, o agente DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas readquire a sua condição de primário, pois se operou a retirada da eficácia da decisão condenatória anterior. Termo inicial do período depurador: depende das circunstâncias: a) se a pena foi cumprida: a contagem do quinquênio inicia-se na data em que o agente termina o cumprimento da pena, mesmo unificada. O dispositivo se refere ao cumprimento das penas, o que exclui as medidas de segurança; b) se a pena foi extinta por qualquer causa: inicia-se o prazo a partir da data em que a extinção da pena realmente ocorreu e não da data da decretação da extinção; DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas c) se foi cumprido período de prova da suspensão ou do livramento condicional: o termo inicial dessa contagem é a data da audiência de adver¬tência do sursis ou do livramento. Termo final do período depurador: o termo final do quinquénio está relacionado à data da prática do segundo crime, não à data da nova senten¬ça condenatória. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Crimes que não induzem reincidência: a) militares próprios: definidos como crimes apenas no Código Penal Militar. Se a condenação definitiva anterior for por crime militar próprio, a prática de crime comum não leva à reincidência. Se o agente, porém, pratica crime militar próprio, após ter sido definitivamente condenado pela prática de crime comum, será reincidente perante o CPM, pois este não tem norma equivalente; b) políticos: sejam puros (exclusiva natureza política) ou relativos (ofendem simultaneamente a ordem político-social e um interesse privado), próprios (atingem a organização política do Estado) DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas ou impróprios (ofendem um interesse político do cidadão). Modernamente, o conceito de crime político abrange não só os crimes de motivação política (aspecto subjetivo) como os que ofendem a estrutura política do Estado e os direitos políticos individuais (aspecto objetivo). Reincidência específica: o termo é incorreto, comportando diferentes significados. Está previsto na Lei de Crimes Hediondos e consiste na reincidência em qualquer dos crimes previstos na Lei n. 8.072/90. Reincidente específico para a Lei n. 8.072/90 é, portanto, o reincidente em qualquer crime nela previsto, e o seu efeito é o de impedir o livramento condicional. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Reincidente em crime doloso: é aquele que, já tendo sido definitivamente condenado por crime doloso, vem a praticar outro delito doloso, antes do decurso da prescrição da reincidência. Também é assim considerado aquele que, após ter sido definitivamente condenado por crime preterdoloso, vem a cometer novo crime doloso, ou vice-versa (doloso e preterdoloso). DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Atenuantes – Art. 65, CP Previstas no artigo 65 do Código Penal (exemplo: ser o condenando menor de 21 anos na data do fato, confissão espontânea, coação moral resistível etc.). Cumpre esclarecer que o artigo 65, inciso I, do Código Penal, não foi alterado pelo artigo 5.º do novo Código Civil, pois a atenuante da menoridade atua como coeficiente de menor culpabilidade, reduzindo o juízo de censura em razão da falta de pleno amadurecimento da pessoa, sendo a diminuição da pena medida de política criminal. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Além do artigo 65, o artigo 66 dispõe que o juiz poderá levar em conta qualquer outra atenuante que não foi prevista em lei (circunstância atenuante inominada). Consequências - Conforme vimos, na primeira fase o juiz parte do mínimo legal. Analisando as circunstâncias judiciais (artigo 59), o magistrado manterá no mínimo se favoráveis ou aumentará a pena se desfavoráveis. Superada a primeira fase, o juiz recorre aos artigos 61, 62, 65 e 66 e verifica se estão presentes agravantes e/ou atenuantes, elevando ou diminuindo a sanção. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Nem na primeira nem na segunda fase, o juiz poderá diminuir ou aumentar a pena fora de seus limites legais. Terceira Fase (Causas de Aumento e Diminuição de Pena) As causas de aumento e diminuição de pena são encontradas na Parte Geral (causas de aumento e diminuição genéricas) e na Parte Especial (causas de aumento e diminuição especiais ou específicas). DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas São causas que aumentam ou diminuem as penas em proporções fixas (1/2, 1/3, 1/6, 2/3 etc.). Essas causas podem elevar a pena além do máximo e diminuí-la aquém do mínimo, ao contrário das circunstâncias anteriores. Por isso, somente nesta fase a pena poderá sair dos limites legais. As causas de aumento de pena previstas na parte especial não se confundem com as qualificadoras, pois estas elevam os limites abstratos da pena privativa de liberdade. Lembramos que as qualificadoras não entram em nenhuma das três DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas fases, pois o juiz, antes de iniciar a primeira fase de fixação de pena, deve observar se o crime é simples ou qualificado para saber dentro de quais limites irá fixar a reprimenda. Causas de aumento e diminuição genéricas – Enumere-se os seguintes exemplos de causas de diminuição: tentativa (artigo 14, parágrafo único), arrependimento posterior (artigo 16), erro de proibição evitável (artigo 21, segunda parte), semi-imputabilidade (artigo 26, parágrafo único), menor participação (artigo 29, § 1.º), etc. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Exemplos de causas de aumento: concurso formal (artigo 70), crime continuado (artigo 71) e crime continuado específico (artigo 71, parágrafo único). Causas de aumento e diminuição específicas – - de aumento específicas: o emprego de arma no crime de roubo (artigo 157, § 2.º, inciso I). - de diminuição específicas: Violenta emoção (artigo 121, § 1.º) e pequeno valor da res furtiva (artigo 155, § 2.º); DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Quando a causa de diminuição está prevista na Parte Especial do Código Penal, somente será aplicada no crime do qual a causa é parágrafo e por esse motivo a causa é chamada de privilégio. Concurso entre Qualificadoras Se o crime tem mais de uma qualificadora que incidem sobre um fato, aplica-se somente uma delas. Exemplo: homicídio triplamente qualificado. Basta uma qualificadora para alterar os limites da pena. As demais qualificadoras passam a ter a função de influir na dosagem da pena dentro dos novos limites. Há duas posições: DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - Se previstas como agravantes genéricas, passam a funcionar como tal, sendo consideradas na segunda fase. - Funcionam como circunstâncias judiciais desfavoráveis observadas na primeira fase. Esse entendimento se baseia na interpretação do artigo 61, caput, do Código Penal. No caso de conflito entre agravante genérica e qualificadora, prevalece esta. A qualificadora fixa os limites da pena, por isso prevalece sobre qualquer outra circunstância. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Concurso entre Agravantes e Atenuantes - As circunstâncias subjetivas prevalecem sobre as objetivas. Nos termos do artigo 67 do Código Penal, caso estejam presentes circunstâncias genéricas agravantes e atenuantes, o juiz levará em conta as preponderantes, consideradas como tais os motivos determinantes do crime, a personalidade do agente e a reincidência. A jurisprudência entende que prevalece sobre todas a menoridade do agente na data do fato. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Concurso entre Causas de Aumento e Diminuição de Pena Concurso entre causas de aumento da Parte Geral e da Parte Especial - O juiz procede a ambos os aumentos: primeiro incide o aumento da Parte Especial e depois, sobre o quantum já acrescido, incide o da Parte Geral. Exemplo: furto praticado durante o repouso noturno em continuidade delitiva. O repouso noturno leva ao aumento de 1/3. A continuidade acarreta aumento de 1/6 a 2/3. Cálculo: pena base de 1 ano; aumenta-se 1/3 por força do repouso noturno; pena aumentada para 1 ano e 4 meses; o aumento de 1/6 a 2/3 incidirá sobre a pena de 1 ano e 4 meses. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Concurso entre causas de diminuição da Parte Geral e da Parte Especial - O juiz procede a ambas as diminuições: primeiro incide a diminuição da Parte Especial e depois, sobre o quantum já diminuído, incide a da Parte Geral. Exemplo: furto privilegiado tentado. Cálculo: pena base de 1 ano; diminui-se 2/3 pelo privilégio; pena diminuída para 4 meses; a diminuição de 1/3 a 2/3 incidirá sobre a pena de 4 meses. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Concurso entre causas de aumento situadas na Parte Especial - Nos termos do parágrafo único do artigo 68 do Código Penal, o juiz pode se limitar à aplicação da causa que mais aumente, desprezando as demais. Concurso entre causas de diminuição situadas na Parte Especial -Nos termos do parágrafo único do artigo 68 do Código Penal, o juiz pode se limitar a uma só diminuição, escolhendo a causa que mais diminua a pena. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas CONCURSO DE CRIMES Conceito - O concurso de crimes ocorre quando o mesmo agente realiza dois ou mais crimes. Há uma pluralidade de crimes. Existem dois sistemas para a aplicação da pena nas hipóteses de concurso de crimes: sistema do cúmulo material e sistema da exasperação da pena. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Sistema do cúmulo material - Consiste na simples soma das penas, ou seja, se o agente praticar cinco crimes, por exemplo, ser-lhe-ão aplicadas cinco penas. Sistema da exasperação da pena - Aplica-se a pena de um só dos crimes, aumentando-a de um determinado quantum. Formas - Existem três formas de concurso de crimes: concurso material, concurso formal e crime continuado. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Concurso material ou real - Ocorre quando são praticadas duas ou mais infrações penais, idênticas ou não, mediante a prática de duas ou mais condutas; cada conduta corresponde a um crime diferente. Pode ser: • homogêneo: quando as condutas são idênticas, ou seja, da mesma espécie; • heterogêneo: quando as infrações são diversas, ou seja, quando se trata de crimes de espécies diferentes. No caso de concurso material, será aplicado o sistema do cúmulo material: as penas serão somadas. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Concurso formal ou ideal - Ocorre quando o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Pode ser: - Homogêneo: quando os crimes praticados são da mesma espécie. - Heterogêneo: quando os crimes são de espécies diferentes. - Próprio ou perfeito: quando os resultados derivam de um único desígnio (exemplo: A pega uma arma DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas para matar B; atira em B acertando-o, mas também atinge C; A tinha um só desígnio: atingir B, mas acabou atingindo uma terceira pessoa também). - Impróprio ou imperfeito: quando os resultados derivam de desígnios autônomos (exemplo: o sujeito quer matar um bebê que está no colo da mãe; o sujeito sabe que se atirar na criança poderá atingir a mãe, mas mesmo assim assume o risco e dispara). Trata-se, no exemplo, de dolo direto em relação à criança e dolo eventual em relação à mãe. Há, entretanto, uma corrente doutrinária que entende que somente haverá concurso formal impróprio se houver dolo direto. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Nos casos de concurso formal perfeito, aplica-se o sistema da exasperação da pena, ou seja, aplica-se a pena de um dos delitos (o mais grave quando for heterogêneo), aumentando-se de 1/6 até 1/2. O aumento varia de acordo com o número de resultados. Nos casos de concurso formal imperfeito, somam-se as penas (sistema do cúmulo material). Concurso material benéfico: ocorre quando a pena, resultante da aplicação da regra do concurso formal, fica maior do que a soma das penas. Nesse caso, DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas aplica-se a regra do concurso material no lugar da regra do concurso formal, já que essa foi criada para beneficiar o agente e não para prejudicá-lo. Crime continuado - Ocorre quando o agente, mediante duas ou mais condutas, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, os quais, devido a semelhantes condições de tempo, lugar, modo de execução e outras, podem ser havidos uns como continuação dos outros. As características do crime continuado são: DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - Crimes da mesma espécie: são os crimes previstos no mesmo tipo penal, pouco importando se na forma tentada ou consumada, simples ou qualificada. Há entendimento minoritário no sentido de que crimes da mesma espécie são os que ferem o mesmo bem jurídico (exemplo: estupro e atentado violento ao pudor). - Semelhantes condições: devem ser praticados em condições semelhantes de tempo (a jurisprudência entende que o tempo pode ser de até 30 dias entre um crime e outro), lugar (entre cidades próximas, pode-se falar em crime continuado) e modo de execução (o modo de execução deve ser idêntico). Devem estar preenchidas todas as características. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Quanto ao elemento subjetivo do crime continuado, há duas teorias: - Teoria puramente objetiva: a vontade do sujeito é irrelevante, ou seja, não há necessidade de o agente ter vontade de aproveitar-se das mesmas circunstâncias deixadas pelo crime anterior. Prevalece na doutrina. - Teoria objetivo-subjetiva: além das circunstâncias objetivas semelhantes, há necessidade da presença de um elemento subjetivo, ou seja, da vontade de o agente aproveitar-se das mesmas circunstâncias deixadas pelo crime anterior. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas O Ministério Público segue a linha da teoria objetivo-subjetiva, sustentando que não se pode confundir crime continuado com habitualidade no crime ou intensa vontade de delinquir. Na jurisprudência existem as duas posições. Crime continuado específico: ocorre nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça contra vítimas diferentes. Aplicação da pena: DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas - Para o crime continuado, segue-se o sistema da exasperação da pena, ou seja, aplica-se a pena do crime mais grave, ou qualquer delas, se idênticas, aumentando-a de 1/6 a 2/3. O aumento varia de acordo com o número de crimes. - No crime continuado específico: a pena, nesse caso, é aumentada até o triplo (de 1/6 até o triplo). A regra do concurso material benéfico também é aplicada aos casos de crime continuado, seja comum ou específico. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas É possível continuação delitiva em crime culposo, desde que as condições objetivas sejam semelhantes e o agente persista em realizar a conduta culposa. O crime continuado constitui uma unidade ou uma pluralidade de crimes? O Código Penal seguiu a Teoria da Ficção. O crime continuado na realidade configura uma pluralidade de crimes, autônomos e independentes entre si. A lei, por uma simples ficção, presume que eles constituem um só crime para efeito de sanção penal. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas Observe que o artigo 119 do Código Penal determina que a prescrição incida isoladamente sobre cada um dos crimes. Sobrevindo lei mais rigorosa durante a cadeia de continuidade delitiva, qual a lei deverá ser aplicada? Aplica-se a lei mais rigorosa. DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg * * SANÇÃO PENAL Das Penas DIREITO PENAL II Prof. Emmanoel Lundberg
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