Buscar

Resumo Municipal 2 parte Nelson Nery Costa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resumo Municipal 2 parte 
Livro Nelson Nery Costa
SOBERANIA E AUTONOMIA MUNICIPAL
Soberania é entendido como um dos elementos do Estado, sendo a qualidade
do Poder Público que o coloca acima de qualquer outro poder dentro do território
estatal. Pode ser entendido, ao mesmo tempo, como: 1) autoridade para criar,
modificar e extinguir lei, dentro de regras jurídicas; 2) autoridade política ou moral do
Estado; 3) fonte do exercício do poder político e 4) garantia da independência de uma
sociedade política.
A soberania pode ser considerada sob os aspectos interno e externo. No
primeiro, predomina a ideia de que o Estado impera sobre qualquer outra instituição no
domínio do seu território, estando indivíduos e sociedades formadas por estes
submetidos ao poder estatal. Externamente, nas relações internacionais os Estados
encontram-se numa posição de igualdade e, não, de dependência. No plano interno, o
Poder Público se encontra numa posição de absoluta supremacia, estando abaixo os
súditos, que lhe devem obediência, enquanto no plano externo o Estado fica em
posição de igualdade em relação aos outros Estados.
No Estado federal, por outro lado, aparece um único sujeito de direito na
ordem internacional, quando houver necessidade de exteriorização da vontade
soberana, da summa potestas. No âmbito interno, no entanto, existem outras
coletividades dotadas de autonomia, poder que permite aos Estados federados auto-
organizarem-se, mas com limitações óbvias em relação à soberania. A superioridade
daqueles sobre esses está patente nos preceitos da Constituição Federal, que impõe
limitação aos ordenamentos dos Estados-Membros, em matéria relativa à forma de
governo, às relações entre poderes, à ideologia, à competência legislativa e à solução
dos litígios na esfera judiciária.
Os Estados-Membros não são Estados propriamente ditos, por não disporem
de soberania, estando subordinados ao Estado federal, além de terem as suas
mesmas características políticas. Esse fixa a organização do todo, abrindo
competência àqueles para especificar suas atribuições.
No Brasil, os Estados-Membros, obrigatoriamente, organizam-se em
municipalidades, de acordo com os parâmetros constitucionais, sendo a lei orgânica
do Município, de acordo com o art. 29 da Constituição de 1988, de competência da
Câmara Municipal, que a promulga como poder organizacional municipal.
A autonomia, para o mesmo autor, “significa a capacidade ou poder de gerir
os próprios negócios dentro de um círculo prefixado pelo ordenamento jurídico que a
embaça”. A soberania vem a ser o poder absoluto do Estado, já a autonomia, ainda
que represente um poder de auto-organização, está limitada por aquela, sendo a
primeira a noção de um poder originário, enquanto a outra, de um poder derivado.
Observe-se, ainda, que a autonomia do Município é menor do que a do Estado-
Membro, porque a forma de organização daquele está condicionada aos princípios da
Constituição estadual, que só não pode ofender o texto constitucional federal.
A autonomia tem limites, pois caso contrário seria soberania. Já hoje se
observa duas espécies de autonomia, a estadual e a municipal, cada uma dando a
dimensão do poder dessas entidades federadas. Ainda que mais restrita, condicionada
pelo peculiar interesse, não se pode negar a autonomia dos Municípios e de sua
integração ao sistema federativo.
A autonomia municipal varia muito de amplitude, encontrando-se relacionada
com a matéria que abrange. Inicialmente, e de forma mais tímida, existe a autonomia
administrativa, que é atribuída inclusive para entidades territoriais dos Estados
unitários descentralizados. Depois, vem a autonomia financeira, que já representa uma
maior competência, porque prevê a decretação, a arrecadação e a utilização de
tributos. Em seguida, já aí caracterizando os Municípios dos Estados federados, existe
a autonomia política, definível pela eletividade dos agentes políticos municipais. Por
fim, destacando-se o tratamento dado pela Constituição de 1988, no Brasil, vem a
autonomia legislativa, que prevê a possibilidade de o Município elaborar uma quase
Constituição, representando o mais alto escalão de autonomia.
AUTONOMIA ADMINISTRATIVA
A autonomia administrativa é uma das primeiras formas de descentralização
administrativa indicando uma tendência de afastar o poder decisório de algumas
questões do centro político. 
Ocorre, ainda, que, para haver a descentralização, necessário se faz que a
responsabilidade pelos serviços locais seja destinada a um órgão dotado de
personalidade jurídica, para que tenha capacidade de gerir seus serviços. Caso este
órgão conserve uma dependência com o centro político, mesmo com relativo poder
decisório, existe apenas desconcentração. Se o órgão tiver autonomia para decidir
sobre as questões locais, sem dependência absoluta e hierárquica, há aí
descentralização administrativa.
O grau de descentralização varia bastante, de acordo com a forma pela qual
o Estado se organiza. Os Municípios, no Estado federal, têm suas competências
definidas na Constituição.
A autonomia administrativa compreende a gestão dos serviços locais, isto é,
aqueles em que o interesse municipal é maior do que o federal ou o estadual. Cabem
à municipalidade os serviços públicos locais, em que existe um interesse
preponderantemente local sobre o estadual ou federal, inclusive os serviços de
utilidade pública.
“Cabem à municipalidade os serviços públicos locais, em que existe um
interesse preponderantemente local sobre o estadual ou federal, inclusive os serviços
de utilidade pública. O provimento de tais negócios cabe exclusivamente ao Município
interessado, não sendo lícita a ingerência de poderes estranhos, sem ofensa à
autonomia local. Pode e deve o Município repelir tais interferências, partam elas de
outro Município, do Estado-Membro ou da União, através de qualquer de seus órgãos
ou Poderes. E, não sendo possível ao Município ofendido em sua autonomia
convencer administrativamente o poder estranho a cessar a sua intromissão, poderá
recorrer ao Judiciário para anular o ato concreto de interferência inconstitucional.”
Em que pese a expressão peculiar referir-se a especial, próprio, privativo de
uma pessoa ou coisa, a doutrina tem entendido que o traço que torna diferente o
interesse local é a predominância, jamais a exclusividade.
Não obstante o caráter positivista, existe uma consciência entre os habitantes
de determinadas áreas, das necessidades e pleitos comuns, que se diferenciam do de
outras áreas, em quantidade e qualidade. De modo geral, a Administração mais geral
não tem condições de perceber a sutileza de tais interesses, sendo incapaz de
assegurar as satisfações localizadas. Observa PINTO FERREIRA que “os interesses
peculiares dos Municípios são os que entendem imediatamente com as suas
necessidades locais, e, indiretamente, em maior ou menor repercussão, com suas
necessidades gerais”
Os assuntos de interesse local são aqueles em que existe uma
predominância dos interesses dos habitantes de determinada área, em que o
Município, como entidade pública, tem maiores condições de resolver e implementar
que as demais entidades federadas. É imensa a gama de atividades atribuídas aos
agentes públicos do Município, sendo-lhes fixadas competências de natureza
administrativa, mas também política, onde se ressalva sua autonomia, observados os
critérios de conveniência e oportunidade, que nem sequer o Judiciário pode violar –
Ex. Transporte, instrução primária, saneamento, assistência social, sinalização de vias
públicas...
AUTONOMIA FINANCEIRA
O Município faz sua própria administraçãoem razão de sua autonomia em
matéria de interesse local, mas esta só se efetiva se também lhe for concedido poder
para ter sua renda, independente de outras entidades federadas.
O poder para arrecadar os seus tributos e aplicar suas rendas, de acordo com
os respectivos orçamentos, vem a se constituir na autonomia financeira. A
competência tributária exclusiva é essencial para se assegurar a organização dos
serviços públicos locais.
Cabe ao Município, em primeiro lugar, instituir o tributo, através de lei, já que
só se pode instituí-lo assim; por outro lado, não pode ser cobrado em cada exercício
sem que tenha sido instituído ou aumentado antes do início do exercício financeiro.
Arrecadado o tributo pelo Município, fica ao critério da Administração local a
aplicação, não dependendo do Estado-Membro ou da União, devendo apenas haver
previsão orçamentária.
A Constituição de 1988 atribuiu competência ao Município para “instituir e
arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados
em lei” (art. 30, III, CF). Couberam-lhe, especificadamente, impostos sobre
propriedade predial e territorial urbana; transmissão inter vivos, a qualquer título, por
ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis; e serviços de qualquer natureza (art. 156, CF).
Foi-lhe atribuída, também, competência para instituir taxas, contribuições de
melhoria (art. 145, I e II, CF) e contribuição, cobrada de seus servidores, para o
custeio, em benefícios destes, de sistema de previdência e assistência social (art. 149,
parágrafo único). A taxa é a prestação pecuniária devida à pessoa jurídica de direito
público, com base em lei, sendo receita derivada cobrada em razão do interesse
público da atividade desempenhada pela Administração.
O Município recebe, ainda, a arrecadação do imposto sobre a renda e
proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a
qualquer título (art. 158, I, CF) e parte do produto do imposto territorial rural, imposto
sobre a propriedade de veículos automotores e imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual
e intermunicipal e de comunicação (art. 158, II a IV, CF), além de ter receita do Fundo
de Participação dos Municípios (art. 159, I, b, CF).
A autonomia financeira compreende, ainda, a cobrança de tarifas pela
manutenção de serviços públicos; produto da receita industrial e a gerência do seu
patrimônio, com bens móveis e imóveis de qualquer natureza; disponibilidade das
cotas dos fundos federais; obtenção de empréstimos na medida de sua capacidade de
endividamento ou, se acima dela, com autorização do Senado e, por fim, as multas
originadas do seu poder de polícia.
A competência financeira do Município obedece às normas gerais federais,
quanto ao processo tributário, a orçamentarização, a arrecadação, a despesa pública,
a licitação e a prestação de contas. Por outro lado, a fiscalização municipal é exercida
pela Câmara Municipal, mediante controle externo, com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios (art. 31, CF).
No Brasil, o Município goza de autonomia para aplicar as receitas que a
Constituição lhe reservou, traçando sua política tributária e investindo suas rendas,
consoante plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e orçamento. A autonomia
financeira é quem assegura a autonomia administrativa e a autonomia política.
AUTONOMIA POLÍTICA
A autonomia política do Município implica a qualidade atribuída para
estruturar os Poderes Políticos locais, bem como o relacionamento entre eles. A
municipalidade tem a capacidade, então, para organizar e constituir o seu próprio
governo. Em que pese não haver uma hierarquia entre as três entidades federadas,
deve haver uma limitação à forma de organização, pois são obrigatórios os princípios
estabelecidos nas Constituições Federal e Estadual.
A autonomia política do Município implica a qualidade atribuída para
estruturar os Poderes Políticos locais, bem como o relacionamento entre eles. A
municipalidade tem a capacidade, então, para organizar e constituir o seu próprio
governo. Em que pese não haver uma hierarquia entre as três entidades federadas,
deve haver uma limitação à forma de organização, pois são obrigatórios os princípios
estabelecidos nas Constituições Federal e Estadual.
A Constituição de 1988 dispôs que os Municípios elaborariam Leis Orgânicas,
observados os princípios contidos nas Constituições estaduais e outros princípios
fixados por ela própria. Logo no inciso I do seu art. 29 foi estabelecida a regra geral da
eletividade dos cargos políticos municipais, determinando a “eleição do Prefeito, do
Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e
simultâneo realizado em todo o País”.
Foi fixado, ainda, que o julgamento do Prefeito deve ser perante o Tribunal de
Justiça do Estado, de acordo com inciso X do art. 29 da Carta Magna. O foro
privilegiado trata-se de uma competência ratione personae, estabelecida pela função
que a pessoa exerce e procurou amparar a dignidade e eminência do cargo. Entende-
se que essa competência seria também para o julgamento dos crimes ordinários, isto
é, aqueles que envolvam atos da vida, caso sejam praticados no exercício do
mandato.
Observe-se que o mesmo não sucede com o Vice-Prefeito, que só teria este
privilégio se estivesse no exercício do mandato.
O número de vereadores deve ser proporcional à população do Município,
observados os limites constitucionais, previstas nas alíneas do inciso IV do art. 29.
Foi assegurada ao Vereador, ainda, inviolabilidade por suas opiniões,
palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município, de acordo
com o atual inciso VIII do art. 29 do texto constitucional. Observe-se que o texto não
se refere à imunidade, que seria mais ampla, apenas à inviolabilidade restrita à
circunscrição do Município, ainda que não limitada ao recinto da Câmara Municipal. A
imunidade seria uma garantia de natureza processual, prerrogativa constitucional de
não ser processado por quaisquer crimes, sem autorização da respectiva corporação,
enquanto durar o mandato, ao passo que a inviolabilidade é tão somente a exclusão
da punibilidade na prática de certos atos dos agentes públicos no desempenho de
suas funções.
AUTONOMIA LEGISLATIVA E LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO
A lei de organização dos Municípios, antes da atual Constituição Federal, era
uma lei estadual, votada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo Governador
do Estado. Apenas o Rio Grande do Sul, desde o início da República, inseriu em sua
Constituição Estadual a competência para as municipalidades auto-organizarem-se
através de uma Lei Orgânica Municipal. Depois, o Paraná e a Bahia adotaram a
mesma posição.
A Constituição de 1988 revolucionou a questão, estabelecendo que as
próprias municipalidades elaborariam suas Leis Orgânicas, dentro do espírito de
conceder uma real autonomia. O Município é uma entidade federada, como se
depreende dos caputs dos arts. 1º e 18 do texto constitucional, devendo ser aplicada a
simetria constituinte dos poderes de Governo, de modo que as Câmaras Municipais,
eleitas diretamente pelo povo, são legitimamente titulares do poder organizante para
aprovar e promulgar tais leis.
A Lei Orgânica do Município é uma lei especial, assemelhada à Constituição,
sendo discutida exclusivamente pelo Poder Legislativo local, sem qualquerintervenção
do Poder Executivo. Adequando-se aos princípios constitucionais federais e estaduais,
têm competência os Vereadores Organizantes para transferirem para o seio da Lei
Orgânica Municipal as aspirações da comunidade em termos de estruturação do
Governo do Município. As disposições constitucionais, bem como as competências
enumeradas, previstas nos arts. 30, 156, 158 e 182 da Constituição Federal, e as
competências comuns, encontradas no art. 23 do mesmo texto, além das
competências implícitas, decorrentes do entendimento das matérias em que há nítido
interesse local, oferecem condições excepcionais para delinearem a organização
municipal.
A atuação do legislador municipal é limitada, tendo em vista os princípios
gerais a serem seguidos originarem-se da Constituição Federal e dos princípios
especiais da Constituição Estadual. Por outro lado, as competências exclusivas e
comuns já expressas, além dos preceitos contidos nos incisos do art. 29 do texto
constitucional federal restringem ainda mais as atribuições dos Vereadores
Organizantes.
A autonomia legislativa do Município engloba também a competência para
legislar sobre assuntos de interesse local, inclusive suplementar a legislação federal e
estadual no que couber, de acordo com os incisos I e II do art. 30 do texto
constitucional. Legislação local abrange não apenas as leis votadas pela Câmara e
promulgadas pelo prefeito, mas também os Regulamentos emanados do Executivo,
em matéria que tem tal atribuição. Por outro lado, suplementar a legislação federal e
estadual compreende tratar de matérias que, originalmente, não fazem parte da
competência municipal, mas, havendo interesse local, o assunto pode ser objeto de
legiferação do Município, no que não conflitar com as disposições da União e do
Estado.
Na Lei Orgânica deve estar prevista competência municipal para editar lei
complementar e lei ordinária. Necessário se faz estabelecer processo legislativo para
disciplinar a matéria, exigindo-se quórum de maioria absoluta para aquelas que devem
tratar dos códigos tributários, de obras e de edificações, do plano diretor, da lei de
ordenamento, uso e ocupação do solo, do estatuto do servidor público municipal, da
divisão territorial do Município e de outras matérias de maior vulto. As questões que,
pela sua natureza, não precisem de lei complementar, podem ser editadas por lei
ordinária, com o quórum de maioria simples, como as leis orçamentárias, bem como
outras que tratem dos serviços públicos locais. A competência legislativa do Município
não pode ser objeto de turbação ou ameaça, devendo ser assegurada pelo Poder
Judiciário, como já vem sendo feito.
INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS
A intervenção é a forma pela qual se assegura o primado da soberania
nacional, contra os atos desagregadores vindos dos Estados ou dos Municípios. No
Estado federal existem várias estruturas organizacionais, que precisam ser ordenadas
segundo uma lógica de competência e responsabilidade. Deve-se zelar para que a
ordem seja mantida e preservadas a harmonia e a independência que deve haver
entre as entidades federadas.
Os Estados-Membros e os Municípios têm autonomia, mas esta se encontra
condicionada pelos preceitos constitucionais e pela necessidade de preservar o País
unificado. Não podem extrapolar os limites de suas competências, sob pena de
sofrerem intervenção, que precisa ser enquadrada em determinada situação
previamente descrita na Constituição Federal. A intervenção é justamente o ato de um
poder central interpor a sua autoridade sobre outra entidade. Trata-se de uma regra
excepcional, mas que faz parte do princípio federativo, pois vem a ser ela que lhe dá
sustentação política e executoriedade.
A Constituição de 1988 diminuiu as situações que proporcionavam
intervenção federal de modo geral, mas introduziu nova modalidade, quando há
violência contra o Município, nos seguintes termos: 
“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para: [...] V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que: [...]; b) deixar de
entregar aos Municípios receita tributária fixada nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei; [...] VII – assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais: [...] c) autonomia municipal”. 
A ideia aí foi de assegurar que os Municípios fossem efetivamente autônomos
e que este poder não devia ser violado por qualquer pretexto, sob pena de os Estados-
Membros estarem sujeitos à sanção promovida pela intervenção federal.
Por outro lado, o Estado-Membro encontra-se limitado na sua intervenção,
pela seguinte situação: 
“Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em território Federal, exceto quando: I – deixar de ser paga,
sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II – não
forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não tiver sido aplicado o mínimo
exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino; IV – o
Tribunal de Justiça der o provimento a representação para assegurar a observância de
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de
ordem ou de decisão judicial”.
“Art. 36. [...] § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o
prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será
submetido à apreciação do Conselho Nacional ou da Assembleia Legislativa do
Estado, no prazo de vinte e quatro horas. § 2º Se não estiver funcionando o
Congresso Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária,
no mesmo prazo de vinte e quatro horas. § 3º No caso do art. 34, VI e VII, ou do art.
35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia
Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade. § 4º Cessados os motivos da
intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
impedimento legal”
A intervenção dos Estados-Membros nos Municípios é medida de caráter
excepcional, posto que se trata de uma violação à autonomia municipal, só podendo
ser decretada se for para assegurar os interesses da Administração Pública. Ela
ocorre através de um decreto motivado do Governador, no qual nomeia o interventor e
indica as razões pelas quais tomou a decisão, bem como especifica os limites e os fins
da ação, que pode afetar tanto a Prefeitura, com os seus órgãos de administração
indireta, como a Câmara Municipal.
O decreto do Governador deve ser referendado pela Assembleia Legislativa,
no prazo de 24 horas, dispensado este quando o Tribunal de Justiça do Estado foi que
deu provimento à representação para assegurar a observância dos princípios da
Constituição estadual ou para prover a execução da lei, de ordem ou de decisão
judicial (art. 36, §§ 1º e 2º, CF).
Caso haja excessos na intervenção, cabe ao Poder Judiciário exercer seu
controle sobre os atos administrativos, inclusive anulando a esta. Pode a mesma ser
solicitada por qualquer cidadão, ainda que seja normal que o Presidente da Câmara
Municipal peça ao Governador, nas situações previstas nos incisos I a III do art. 35 da
Constituição Federal, que também pode agir de ofício, ou o Procurador-Geral de
Justiça represente ao Tribunal de Justiça do Estado, na situação descrita no inciso IV
desse artigo.
A ausência de pontualidade no pagamento de dívida fundada, sem motivo de
força maior, por dois anos consecutivos, prevista no art. 35, I, do texto constitucional,
possibilita a ocorrência de intervenção.Também se “não forem prestadas contas devidas, na forma da lei” (art. 35, II,
CF), pode resultar na intervenção pelos Estados-Membros.
Causa, ainda, a intervenção se “não tiver sido aplicado o mínimo exigido da
receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde” (art. 35, III, CF). O mínimo previsto, para os Municípios, é de 25%
(vinte e cinco por cento) da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências, de acordo com o caput do art. 212 da Constituição
Federal. Os recursos devem ser aplicados, prioritariamente, nos ensinos fundamental
e pré-escolar (art. 211, § 2º, CF).
Por fim, se não houver cumprimento aos princípios estabelecidos na
Constituição Estadual ou estejam a dificultar ou impedir a execução de lei, de ordem
ou de decisão judicial, pode haver a intervenção dos Estados-Membros nos
Municípios, de acordo com o art. 35, IV, da Constituição Federal. Observe-se que a lei
acima referida é no sentido material, englobando lei federal, estadual ou municipal,
inclusive decreto regulamentar. Não está o Prefeito Municipal obrigado a cumprir lei
municipal inconstitucional, mas deve justificar a recusa, para não ser responsabilizado
criminalmente por infração ao inciso XIV do Decreto-lei n. 201, de 27.02.1967.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO
A responsabilidade civil vem a ser a sanção imposta pelo direito ao autor de
um ato que lesionou a ordem jurídica. A pessoa que cometeu a lesão é chamada para
responder pelo fato de forma civil, penal e administrativa. A responsabilidade civil
implica a reparação econômica da vítima, por ter sido lesionada. O Poder Público, no
exercício de suas funções, também pode praticar uma lesão contra um administrado e,
por conseguinte, responder patrimonialmente pelo dano.
Pela teoria do risco administrativo cabe a indenização ao lesionado por ato
danoso praticado pelos agentes públicos, independente da existência de dolo ou
culpa, vide art. 927, parágrafo único CC.
A teoria do risco é a da responsabilidade objetiva, ou seja, a Administração
deve reparar o dano causado por agente seu, independente de ter havido culpa ou
não. Assim, todo dano deve ser reparado por quem assume o risco de efetuar uma
atividade, da qual pode resultar um dano. Deve haver a indenização porque o Poder
Público praticou um ato ilícito, em primeiro lugar.
O Município, com a teoria do risco, responde por qualquer ato que provocar
um dano por agente seu, posição reafirmada com a redação do § 6º do art. 37 da
Constituição Federal, tanto as pessoas jurídicas de direito público como as de direito
privado prestadoras de serviços públicos. Foi assegurado ao Poder Público, todavia, o
direito de regresso contra o agente responsável pela lesão, nos casos de dolo ou
culpa.
RESPONSABILIDADE DO PREFEITO
A responsabilidade do Prefeito pode ser penal, político-administrativo e civil,
em razão da natureza do ilícito. A responsabilidade penal resulta do cometimento de
crime ou de contravenção, podendo ser crime funcional, especial ou comum.
A responsabilidade político-administrativa origina-se da violação de deveres
funcionais por parte do Prefeito, estando sujeito ao controle da Câmara, previsto nos
arts. 4º e 5º do Decreto-lei n. 201, de 27.02.1967. O processo e julgamento ocorrem
no Legislativo que, assim, assume funções judiciais, de maneira excepcional. A
cassação do mandato do Prefeito pode ser a sanção que este sofra por ter conduta
irregular na Administração local, pondo em risco a própria estabilidade política e
financeira do Município.
A responsabilidade civil do Prefeito resulta de conduta culposa ou dolosa no
desempenho do cargo, caso provoque danos aos Municípios ou a terceiro, sendo a
regra geral a que se sujeitam todos os agentes públicos, de acordo com o art. 37, § 6º,
da Constituição Federal. Em razão da responsabilidade objetiva, o ônus é da Fazenda
Pública Municipal que, no entanto, tem assegurado o direito de regresso contra o
responsável no caso de dolo ou culpa, que pode ser o Chefe do Executivo local.
RESPONSABILIDADE DO VEREADOR
O Vereador é suscetível da responsabilidade político-administrativa. A
Câmara pode cassar o mandato de Vereador, conforme o art. 7º do Decreto-lei n. 201,
de 27.02.1967, quando: “I – Utilizar-se do mandato para a prática de atos de corrupção
ou de improbidade administrativa; II – Fixar residência fora do Município; II – Proceder
de modo incompatível com a dignidade, da Câmara ou faltar com o decoro na sua
conduta pública”. O processo de cassação de mandato de Vereador é, no que couber,
o estabelecido no art. 5º deste decreto-lei.
“O Presidente da Câmara pode afastar de suas funções o Vereador acusado,
desde que a denúncia seja recebida pela maioria absoluta dos membros da Câmara,
convocando o respectivo suplente, até o julgamento final. O suplente convocado não
intervirá nem votará nos atos do processo do substituído”.
A denúncia escrita da infração pode ser feita por qualquer eleitor, com a
exposição dos fatos e a indicação das provas. Se o denunciante for Vereador, fica
impedido de votar sobre a denúncia e de integrar a Comissão processante, podendo,
todavia, praticar todos os atos de cassação. Se o denunciante for o Presidente da
Câmara, passa a Presidência ao substituto legal, para os do processo, e só vota se
necessário para completar o quorum de julgamento. Convoca-se o suplente do
Vereador impedido de votar, o qual não pode integrar a Comissão processante.
RESPONSABILIDADE FISCAL DO MUNICÍPIO
A Lei Complementar n. 101, de 04.05.2000, estabelece normas de finanças
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II,
Das Finanças Públicas, do Título VI, Da Tributação e do Orçamento, da Constituição
Federal. Responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
equilíbrio das contas públicas, através do cumprimento de metas de resultados entre
receitas e despesas (art. 1º, LRF).
No mesmo sentido, deve haver a obediência no que tange a renúncia de
receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas
consolidadas e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita,
concessão de garantia e inscrição em restos a pagar. 
As disposições desta Lei Complementar n. 101, de 04.05.2000, obrigam a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Outros materiais