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MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO – BIOQUÍMICA I – PROF. GUSTAVO – PASTA 178 DETERMINAÇÃO DA SEQÜÊNCIA PRIMÁRIA DE PROTEÍNAS PELO MÉTODO DE EDMAN Todas as operações são realizadas na proteína pura, tendo alguns passos preliminares: 1. Determinação ou estimativa da massa molecular: pode ser feita de várias formas: MS (espectrometria de massa), o método mais preciso, SDS-PAGE (eletroforese desnaturante em poliacrilamida na presença de SDS) ou filtração em gel. Nestes dois últimos casos, utiliza-se padrões (proteínas com massa molocular conhecida). 2. Se a proteína for conjugada, o grupo prostético deve ser removido. 3. Proteínas com estrutura quaternária: devem ser dissociadas e cada cadeia seqüenciada em separado. Para isso podem ser usadas várias alternativas: alterações do pH ou da força iônica, detergentes, aquecimento “suave”, ou ciclos de congelamento/descongelamento. Se as cadeias forem unidas por ligações dissulfeto, estas devem ser quebradas por adição de um agente redutor tiólico como beta-mercaptoetanol ou ditiotreitol (DTT) e bloqueio, por exemplo com ácido iodoacético (IAA). 4. Determinação da composição de aminoácidos: o método padrão consiste na hidrólise ácida, feita com HCl 6N a 110oC por 12 a 36 horas, sob atmosfera de nitrogênio. Essa condição agressiva é capaz de clivar (hidrolisar) todas as ligações peptídicas sem promover racemização (L ->D ou D->L). Há alguns problemas com cadeias laterais, como a do Trp, Gln a Asn. O hidrolisado obtido e analisado com um seqüenciador automático utilizando cromatografia de troca iônica e ninidrina ou PITC, por exemplo. Com a medida da quantidade de aminoácido detectado e a massa molecular da proteína, permite calcular a freqüência de cada resíduo. Por exemplo, se 0,13 mM de Leu (17,1 mg) foram recuperadas de 0,01 mM da proteína (150 mg de material com massa molecular de 15.000), a proteína tem 13 resíduos de Leucina (0,13/0,01). Veja a figura abaixo, exemplo de uma determinação de aminoácidos: Determinação da seqüência de resíduos de uma proteína: pág. 1 de 8 MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO – BIOQUÍMICA I – PROF. GUSTAVO – PASTA 178 DETERMINAÇÃO DA SEQÜÊNCIA Depois dos passos preliminares vistos acima, é necessário saber quais são os resíduos N e C terminais: C-terminal: Método 1: A Hidrazina reage com o grupo carbonila de cada ligação peptídica, clivando a ligação e produzindo o derivado hidrazina de cada resíduo, com exceção do C-terminal, que será liberado como aminoácido livre. Método 2: A Carboxipeptidase é uma enzima proteolítica que cliva a última ligação peptídica, agindo de tal forma que libera o resíduo C-terminal. O resíduo liberado pode ser identificado por reação com o PITC (Fenil-iso- tiocianato) ou reagente de Edman (ver a reação mais adiante). N-terminal: O resíduo identificado após a reação com o PITC (Fenil-iso-tiocianato) ou cloreto de Dabsil (ver a reação abaixo). Promove-se a hidrólise ácida para liberar o resíduo modificado, e é feita sua identificação. Determinação da seqüência de resíduos de uma proteína: pág. 2 de 8 Figura. Perfil de tempo de retenção de derivados PTH (fenil-tio- hidantoína) de aminoácidos após reação com PITC (Fenil- isotiocianato). MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO – BIOQUÍMICA I – PROF. GUSTAVO – PASTA 178 Resíduos internos: Na medida em que a reação com o reagente de Edman possibilita a liberação do resíduo N-terminal sem clivar outras ligações, a cadeia polipeptídica remanescente pode ser tratada novamente com PITC para identificar o N-terminal, que corresponde ao segundo resíduo na seqüência original, e assim por diante, em uma seqüência chamada “Degradação de Edman”. Cada derivado PTH é identificado pelo aparelho. Com equipamentos automatizados, a eficiência da degradação de Edman é limitada a uns 30-40 resíduos. (ver abaixo as reações): Determinação da seqüência de resíduos de uma proteína: pág. 3 de 8 Figura. Reação com o cloreto de Dabsil, um dos métodos para identificação do N-terminal. MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO – BIOQUÍMICA I – PROF. GUSTAVO – PASTA 178 Determinação da seqüência de resíduos de uma proteína: pág. 4 de 8 Figura. Reações realizadas por um seqüenciador de aminoácidos usando o PITC como reagente. MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO – BIOQUÍMICA I – PROF. GUSTAVO – PASTA 178 Em virtude dessa limitação, a cadeia polipeptídica original deve ser fragmentada de diversas formas, porém com especificidade, com o uso de reagentes químicos e enzimas. Dessa forma, possibilita-se a formação de peptídios seqüenciáveis que, por superposição entre os obtidos pelos diversos métodos de corte, permitam deduzir a seqüência original. Vejamos o exemplo da figura abaixo: A cadeia original, cortada por Tripsina (ela corta do lado C de resíduos básicos: Lys e Arg) permitiu obter três peptídios. Cada um foi separado por cromatografia, e seqüenciado. A ordem dos peptídios ainda não é conhecida. Se a proteína for submetida a outro padrão de hidrólise, como é o caso da quimiotripsina, vemos que ela cortou após resíduos de Phe e Trp. Os novos peptídios também devem ser separados e seqüenciados. Como será deduzida a seqüência original? Por sobreposição dos peptídios seqüenciados, olhando as seqüências idênticas entre os peptídios obtidos por cada método de corte. Em geral os peptídios são bem mais longos, por isso deve-se apelar para a determinação do N e C-terminais, e eventualmente outros métodos de corte. Veja na figura da página seguinte os padrões de corte: o (C) refere-se ao “lado C” do resíduo: a carbonila (C=O), e o (N) ao “lado N”, da amida (NH). É importante ressaltar que a tripsina e não faz o corte se o próximo resíduo for uma Prolina ou Hidroxi-Prolina, e no caso da pepsina, se a Prolina for o resíduo anterior, acontece a mesma coisa. A causa disso é que a Prolina impede o acoplamento entre o substrato peptídico e o sítio ativo da enzima. Determinação da seqüência de resíduos de uma proteína: pág. 5 de 8 Figura. Exemplo de clivagem com proteases e sobreposição para deduzir a seqüência original de resíduos MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO – BIOQUÍMICA I – PROF. GUSTAVO – PASTA 178 Veja na figura da próxima página um exemplo com um resumo dos procedimentos: Determinação da seqüência de resíduos de uma proteína: pág. 6 de 8 Figura. Preferências de corte de proteases e agentes químicos, em relação à constituição de resíduos que compõem a ligação peptídica. MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO – BIOQUÍMICA I – PROF. GUSTAVO – PASTA 178 Um exercício por último, para testar o que foi dado: Um polipeptídio X foi tratado com tripsina, fornecendo os seguintes peptídios: Asp-Ser-Phe-Thr-Gln-Arg Gly-Val-Glu-Phe-Met-Lys Leu-His-Trp-Ile-Arg Gly-Pro-Phe Ala-Tyr-Lys Quando tratado com Quimiotripsina, forneceu os seguintes peptídios: Determinação da seqüência de resíduos de uma proteína: pág. 7 de 8 MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO – BIOQUÍMICA I – PROF. GUSTAVO – PASTA 178 Thr-Gln-Arg-Gly-Pro-Phe Met-Lys-Leu-His-Trp Gly-Val-Glu-Phe Lys-Asp-Ser-Phe Ile-Arg-Ala-Tyr O resíduo N terminal foi determinado, sendo Gly. Qual é a seqüência do polipeptídio? Determinação da seqüência de resíduos de uma proteína: pág. 8 de 8
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