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MATERIAL DIDÁTICO BACTERIOLOGIA E DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 UNIDADE 2 – HISTÓRIA DA BACTERIOLOGIA ................................................... 05 UNIDADE 3 – MORFOLOGIA E CITOLOGIA ........................................................ 09 3.1 Morfologia bacteriana ........................................................................................ 09 3.2 Citologia ............................................................................................................ 12 UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E CRESCIMENTO BACTERIANO ............................. 18 UNIDADE 5 – NOMENCLATURA TAXONÔMICA ................................................. 22 UNIDADE 6 – COCOS ............................................................................................ 25 6.1 Cocos gram-positivos ........................................................................................ 25 6.2 Cocos gram-negativos ...................................................................................... 31 UNIDADE 7 – BACILOS ......................................................................................... 34 7.1 Bacilos Gram-positivos ...................................................................................... 34 7.2 Bacilos Gram-negativos .................................................................................... 38 UNIDADE 8 – ESPIROQUETAS ............................................................................. 45 UNIDADE 9 – MICOBACTÉRIAS ........................................................................... 47 9.1 Características gerais ........................................................................................ 47 9.2 Diagnóstico laboratorial para Tuberculose e Hanseníase ................................. 48 9.3 Testes bioquímicos tradicionais para identificar diferentes espécies ................ 51 9.3.1 Bioquímicos tradicionais ................................................................................. 51 9.3.2 Testes automatizados e moleculares ............................................................. 53 UNIDADE 10 – INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS E LAUDOS ..................... 55 UNIDADE 11 – MÉTODOS DE VISUALIZAÇÃO E COLORAÇÃO ....................... 58 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 62 ANEXOS ................................................................................................................. 64 3 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Dentro do campo de estudo da microbiologia encontramos bactérias, fungos, algas, protozoários e até mesmo os vírus, que apesar de não serem considerados vivos, têm algumas características de células vivas e, por isso, são estudados como microrganismos. No tocante às bactérias, Tortora, Funke e Case (2012, p 302) apresentam uma visão bem positiva e “romântica” delas que vale pena citar logo de imediato: A maioria de nós considera as bactérias como criaturas pequenas e invisíveis, potencialmente perigosas. Na realidade são poucas as espécies que causam doenças em humanos, animais, plantas ou qualquer outro organismo. (...) sem as bactérias, a maior parte da vida como a conhecemos não seria possível. (...) são importantes para o mundo da microbiologia, para a medicina, e ainda têm a capacidade de ilustrar princípios biologicamente incomuns ou interessantes. Sendo as bactérias importantes participantes da microbiota e tomando por base a visão dos autores acima, optamos por desenvolver um módulo específico para elas, bem como para as micobactérias. O caminho que percorreremos passa por um pouco da história da bacteriologia; morfologia e citologia desses microrganismos; fisiologia e crescimento bacteriano; os grupos envolvendo os cocos, os bacilos, ambos gram-positivos e gram-negativos, a espiroquetas e as micobactérias. Evidentemente que estes conceitos estarão intercalados e relacionados ao diagnóstico laboratorial. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 UNIDADE 2 – HISTÓRIA DA BACTERIOLOGIA Nogueira e Miguel (2009) pontuam que uma das primeiras hipóteses, associadas à Bacteriologia, de que se tem notícia foi postulada no século XIII, por Roger Bacon, que sugeriu que as doenças eram produzidas por seres vivos invisíveis. A ideia foi novamente recomendada por Girolamo Fracastoro de Verona (1483-1553), mas a primeira observação descrita e documentada dos organismos bacterianos foi realizada pelo naturalista holandês Antony Van Leeuwenhoek (1632- 1723), com a ajuda de um microscópio simples de sua própria construção. Ele informou sua descoberta à Sociedade Real de Londres, em 1683, mas a Bacteriologia, como ciência, não se estabeleceu até meados do século XIX. Apesar das tentativas iniciais de associar as bactérias às doenças, como nos antigos trabalhos do pesquisador Marcus Anton Von Plenciz (1705- 1786), que procurou estabelecer a natureza do ‘contagium’ e do ‘miasma’ (o primeiro, derivando do organismo doente, enquanto o segundo, que era gerado fora do corpo, se espalhava pelo ar), por vários anos se acreditou que bactérias eram produzidas através de geração espontânea. Foram requeridos os esforços de vários químicos e biólogos para provar que as bactérias, como todos os organismos vivos, só surgiam de outros organismossemelhantes. Este fato fundamental foi finalmente estabelecido em 1860, pelo cientista francês Louis Pasteur (1822-1895). Com seus trabalhos associados aos de Robert Koch (1843-1910), outro brilhante estudioso, praticamente inicia-se a era da Bacteriologia. Em 1840, depois dos primeiros trabalhos de Pasteur, Friedrich Gustav Jacob Henle (1809-1885), em uma notável publicação, expôs as suas ideias, estabelecendo condições básicas para que um agente microscópico particular pudesse ser considerado causador de uma doença infecciosa ou infectocontagiosa. Estas condições correspondem aos ‘Postulados de Henle’: “O agente causador da infecção deve ser encontrado com constância no corpo do doente”; “Deve ser possível isolá-lo e, com tal agente isolado, reproduzir experimentalmente a doença”; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 Os dois postulados citados seriam aperfeiçoados e mais tarde impostos aos bacteriologistas pelos trabalhos de Robert Koch (primeiro a isolar o M. tuberculosis): “Um microrganismo específico pode sempre ser encontrado em associação com uma dada doença”; “O organismo pode ser isolado e cultivado, em cultura pura, no laboratório”; “A cultura pura produzirá a doença quando inoculada em animal sensível”; “É possível recuperar o microrganismo, em cultura pura, dos animais experimentalmente infectados”. Seguindo as ideias de Pasteur, que ao destruir a teoria da ‘geração espontânea’, John Needham 1745, afirmou estar o ar cheio de micróbios, e levando em conta que as fermentações e as putrefações são também obras de microrganismos, o médico Oliver W. Holmes (1809-1894) insistia que a febre puerperal era contagiosa e, provavelmente, ocasionada por um agente transmitido de uma mãe para outra, por intermédio dos médicos e das parteiras. Quase na mesma época, o médico húngaro Ignaz P. Semmelweis (1818- 1865) introduziu o uso de antissépticos na prática obstétrica. Com base nestes estudos, o Dr. Joseph Lister (1827-1912) concluiu em 1867 que deveria ser possível evitar as infecções pós-operatórias, desinfetando previamente os instrumentos cirúrgicos, o campo operatório e as mãos do cirurgião. O período de 1880-1900 representa a época áurea da Bacteriologia, com a descoberta de várias bactérias patogênicas. Durante um congresso internacional, ocorrido em Londres, em 1881, Louis Pasteur teve a oportunidade de tomar conhecimento da introdução, por Robert Koch, dos meios sólidos (gelatina, ágar, etc.) na Bacteriologia (até então Pasteur só usava meios líquidos, o que praticamente impossibilitava o isolamento bacteriano). Koch também desenvolveu técnicas de fixação e coloração, muitas das quais utilizamos até os dias de hoje. Nos últimos anos, com o advento da Biologia Molecular, a Microbiologia evoluiu extraordinariamente e está se mostrando, cada vez mais, uma ciência multidisciplinar. Hoje, associamos velhos conhecimentos com os novos, facilitando os diagnósticos e os tratamentos (NOGUEIRA; MIGUEL, 2009). Guarde... Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 1) A bacteriologia tem como foco de estudo, dentre outros: a classificação das bactérias ou taxonomia; descrição da biodiversidade e as relações entre os organismos – sistemática; morfologia – suas formas; bioquímica – os processos químicos que ocorrem nas bactérias; seu estudo para produção de medicamentos; a propriedades nocivas. 2) A ênfase no estudo das bactérias se efetiva no século XIX via estudos de Robert Koch e Louis Pasteur. 3) A grande maioria das culturas submetidas a exame, num laboratório clínico, provém de seis áreas principais de nosso organismo. Surpreendentemente, as espécies bacterianas encontradas nessas áreas tendem a se repetir, o que nos permite deduzir que para o reconhecimento desses agentes podemos utilizar praticamente os mesmos meios de isolamento. Os exames microbiológicos realizados nos materiais provenientes das seis principais áreas do nosso organismo são: a) coproculturas – onde nos preocupamos principalmente com a identificação dos chamados germes enteropatogênicos; b) culturas de material do trato geniturinário – tanto para determinar a etiologia de doenças do trato urinário como para identificar o agente causal de processos infecciosos genitais; c) culturas de material da garganta e do escarro – para elucidar a etiologia da faringites, bronquites e pneumonias; d) culturas de exsudatos e transudatos – esses termos são usados aqui em seu sentido mais amplo, incluindo os espaços peritoneal e pleural, bem como lesões que se comunicam com a pele; e) hemoculturas – para o diagnóstico de bacteremias e de septicemias; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 f) culturas do líquido cefalorraquidiano – apesar de ser limitado o número de bactérias que produzem meningites ou meningecefalites, elas assumem grande importância, tendo em vista as graves consequências e as sequelas que podem advir dessas infecções (MOURA et al., 2008). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 UNIDADE 3 – MORFOLOGIA E CITOLOGIA As células procarióticas são os menores microrganismos unicelulares existentes, medindo geralmente de 1 a 1,5 µm de largura por 2 a 6 µm de comprimento, ou seja, seu tamanho é da ordem de milésimos de milímetros, mas podem ser observadas em microscopia ótica, o que não ocorre com os vírus, que, possuidores de dimensões inferiores a 0,2 mm (limite de visibilidade do microscópio óptico) não podem ser observados neste instrumento (NOGUEIRA; MIGUEL, 2009; JORGE, 2010). A mais estudada das bactérias, Escherichia coli, apresenta aproximadamente 1 µm de diâmetro. As menores bactérias são os micoplasmas, formas que não apresentam parede celular e têm diâmetro de aproximadamente 0,1 µm. Por outro lado, bactérias assimiladoras de enxofre do gênero Beggiatoa, como B. gigantea, apresentam comprimento de 26 a 60 µm. 3.1 Morfologia bacteriana Morfologicamente, as bactérias apresentam-se em três tipos fundamentais: a) Bastonetes ou bacilos – cilíndricos em forma de bastonetes retos, longos ou curtos, podendo ser curvos em forma de vírgula Os bacilos (do latim bacillu, pequeno bastão) são bactérias de formas cilíndricas. A morfologia dos bacilos é bastante variada: cocobacilos – são bastonetes pequenos, com comprimento pouco maior que a largura. Exemplo: Brucella abortus; Fusiformes – bastonetes com extremidades afiladas. Exemplo: Fusobacterium nucleatum; bastonetes curtos com extremidades retas. Exemplo: Bacillus subtilis; formas filamentosas – bastonetes de formas longas e delgadas. Exemplo: Streptomyces griseus; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00horas 10 bastonetes pleomórficos – alguns bastonetes apresentam formas irregulares, como por exemplo Corynebacterium diphtheriae. Alguns apresentam-se pleomórficos com ramificações, como Actinomyces viscosus. Os bacilos podem formar cadeias de células, sendo chamados de estreptobacilos. Os bacilos patogênicos raramente apresentam diâmetro maior que 1 µm. Alguns dos maiores bastonetes patogênicos, como o do carbúnculo (Bacillus anthracis), podem atingir 10 µm de comprimento. Bactérias de vida livre, por outro lado, podem atingir 40 µm de largura e até 100 µm de comprimento. b) Espirilos – formas espiraladas, hélices, bastonetes encurvados. São consideradas como bastonetes torcidos sobre si mesmos, apresentado- se em forma de hélice ou saca-rolhas. Apresentam três formas principais: vibriões – espiras parciais, apresentando forma de vírgula. Exemplo: Vibrio cholerae; espirilos – formas espiraladas rígidas, geralmente apresentando mobilidade por flagelos. Exemplo: Spirillum minor; espiroquetas – apresentam espira flexível e mobilidade através de filamento axial. Exemplos: Treponema pallidum e Borrelia recurrentis. Espiroquetas que apresentam extremidades afiladas e encurvadas caracterizam o gênero Leptospira. As formas espiraladas geralmente apresentam comprimento bem maior em relação à largura, que geralmente é menor que o poder de resolução do microscópio óptico comum. c) Cocos – pequenas esferas Os cocos (do grego kókkos, núcleo) são bactérias esféricas ou de secção elíptica que apresentam grupamentos típicos, dependendo do plano e do número de divisões a partir das quais as bactérias continuam unidas. Eles podem ser: diplococos – cocos dispostos aos pares, que se dividem apenas em um plano (cocos agrupados 2 a 2). Exemplos: Neisseria meningitides (meningococo) e Streptococcus pneumoniae (pneumococo); Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 tétrades – células agrupadas em tétrades, já que se dividem em dois planos (4 cocos unidos). Exemplo: Deinococcus radiodurans; cubos ou sarcinas – células que se dividem em três planos, formando cubos (8 cocos unidos). Exemplo: Sarcina ventriculi; estreptococos – cocos dispostos em cadeias, apresentando geralmente células alongadas de secção elíptica, que se dividem também em apenas um plano. Exemplo: Streptococcus salivarius; estafilococos – cocos dispostos em cachos, já que se dividem sem planos definidos, desorganizadamente. Exemplo: Staphylococcus aureus. Os cocos apresentam diâmetro entre 0,5 a 2,0 µm, podendo apresentar-se também em formas isoladas, como, por exemplo, em Micrococcus. Em alguns cocos, a célula apresenta-se em formas características, como no pneumococo (diplococos em forma de chama de vela), meningococo e gonococo (diplococos em forma de rim). Todos estão ilustrados a seguir: Fonte: Nogueira e Miguel (2009, p. 227). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 3.2 Citologia O exame da célula bacteriana em microscopia eletrônica revela certas estruturas definidas, localizadas interna e externamente à parede celular. Determinadas estruturas estão presentes em certas espécies bacterianas; outras estão presentes mais frequentemente em uma espécie que nas demais. Estruturas fundamentais, como parede celular, membrana citoplasmática e citoplasma estão presentes em todas as bactérias (ilustrada ao final do tópico). A parede celular caracteriza-se por estrutura rígida que recobre a membrana citoplasmática, conferindo forma às bactérias. A parede celular está presente em todas as bactérias, exceção feita ao grupo dos micoplasmas, constituídos basicamente de uma macromolécula complexa denominada peptideoglicano (também chamada de mucopeptídeo ou mureína). O peptideoglicano é uma molécula constituída por dois açúcares aminados: N-acetil-glicosamina e ácido N- acetil-murâmico, os quais estão ligados um ao outro intercaladamente. Nas moléculas do ácido N-acetil-murâmico estão ligados peptídeos constituídos de quatro aminoácidos (L-alanina, ácido glutâmico, L-lisina e Dalanina), os quais, através de ligações peptídicas, propiciam ligações cruzadas entre as cadeias de açúcares. A síntese da parede celular efetiva-se através de quatro estágios distintos. Inicialmente, os precursores da parede celular (aminoaçúcares e peptídeos) são sintetizados e agrupados no citoplasma; a seguir, esses fragmentos do peptideoglicano atravessam a membrana citoplasmática por intermédio de moléculas transportadoras de natureza lipídica. Quando já no exterior, os precursores reúnem-se formando cadeias lineares através de polimerização. A seguir, sofrem transpeptidização, ou seja, união das cadeias lineares por ligações cruzadas, formando a estrutura final. A parede celular constitui 25% do peso seco da bactéria, protege a célula e mantém a pressão osmótica intrabacteriana; além disso, é o suporte de antígenos somáticobacterianos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 A estrutura da parede celular não é uma estrutura homogênea, podendo sofrer variações em composição química e estrutura de acordo com a espécie bacteriana. As principais diferenças estruturais e das características químicas ocorrem entre bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, micobactérias e espiroquetas. A parede celular das bactérias Gram-positivas é mais larga (aproximadamente 80 nm de espessura) que das Gram-negativas, apresentando maior quantidade de peptideoglicano (quinze a cinquenta camadas, o que representa de 40 a 80% do peso seco da parede), o que torna a parede muito espessa. Muitas bactérias Gram-positivas podem apresentar moléculas de ácidos teicóicos, que se constituem em polímeros de glicerol (três carbonos) e ribitol (cinco carbonos) unidos através de ligações fosfodiéster. O ácido lipoteicóico ribitol encontra-se ligado ao peptideoglicano e o glicerol a lipídeos da membrana citoplasmática, formando ácidos lipoteicóicos. A parede celular das bactérias Gram-negativas geralmente é mais fina (10 a 15 nm) que a das Gram-positivas, sendo a camada de peptideoglicano mais estreita (apenas uma ou poucas camadas). Apresenta uma membrana externa de natureza fosfolipídica que pode conter lipopolissacarídeo, lipoproteínas e porinas. O espaço compreendido entre a membrana citoplasmática e a membrana externa chama-se espaço periplasmático, no qual encontra-se a camada de peptideoglicano e algumas enzimas bacterianas. A membrana citoplasmática das bactérias apresenta constituição fosfolipídica, espessura de aproximadamente 10 nm e estrutura molecular (unidade de membrana) comparável com a membrana citoplasmática das células eucarióticas. Suas principais funções são: a) transporte ativo de moléculas para dentro da célula. b) difusão passiva por permeabilidade seletiva. c) sede de enzimas da fosforilação oxidativa. d) síntese de precursores da parede celular da célula. e) secreção de enzimas e toxinas. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.brTelefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 Difere da membrana citoplasmática das células eucarióticas por: a) não apresentar esteróides em sua composição. b) ser a sede de numerosas enzimas do metabolismo respiratório bacteriano (função semelhante à das cristas mitocondriais). c) controlar a divisão bacteriana através dos mesossomos, que atuam na orientação e separação de cromossomos e orientação da formação do septo equatorial. O citoplasma bacteriano está limitado pela membrana citoplasmática, contendo principalmente: a) grupos de ribossomos (polissomos). b) inclusões citoplasmáticas que são reservas de substâncias. c) mesossomos, complexos membranosos que, segundo alguns autores, têm valor funcional das mitocôndrias. São invaginações mais ou menos complexas da membrana que, por vezes, penetram profundamente no citoplasma bacteriano, ligando-se ao cromossomo bacteriano. d) cromossomo bacteriano (nucleóide ou núcleo): equivalentes nucleares não delimitados por membrana nuclear, constituídos por um conjunto de filamentos de DNA (JORGE, 2010). Ainda na estrutura das bactérias temos os apêndices bacterianos que são a cápsula, os flagelos, as fímbrias e os esporos. - Cápsula: envoltório viscoso que recobre a parede celular em algumas bactérias, constituída de natureza química variável (polipeptídeos, polissacarídeos). Em certas espécies bacterianas, a cápsula está envolvida com a virulência, pois interfere com a fagocitose. A cápsula bacteriana apresenta as seguintes funções: a) especificidade imunológica: Streptococcus pneumoniae, por exemplo, apresenta quinze tipos distintos imunologicamente, de acordo com a constituição de sua cápsula; b) ação de fator de virulência para algumas bactérias; c) ação de barreira osmótica para a célula bacteriana, já que se constituem em Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 aproximadamente 95% de água, prevenindo, desta maneira, fluxo muito rápido de água tanto para dentro como para fora da célula. - Flagelos: as organelas responsáveis pela mobilidade bacteriana, representadas por longos filamentos delgados e ondulados, constituídas de uma proteína contrátil fibrosa semelhante à miosina – a flagelina. Apresentam 12 a 15 nm de diâmetro e comprimento equivalente a várias vezes o tamanho da bactéria (7 a 15 mm). Os flagelos constituem-se em três regiões distintas: a) corpúsculo basal: porção que se encontra imersa na membrana citoplasmática e parte da parede celular bacteriana. Caracteriza-se por uma série de discos que conectam a porção proximal do flagelo, através de uma estrutura denominada gancho, à membrana citoplasmática e à parede celular. O número de discos é variável de acordo com o grupo bacteriano; células Gram-negativas possuem quatro anéis e Gram-positivas dois. O corpúsculo basal é responsável pela rotação do flagelo; b) região do gancho: estrutura curva e rígida que conecta o corpúsculo basal à porção distal do flagelo; c) filamento externo: porção distal do flagelo localizado externamente à parede celular. É constituído de subunidades de flagelina dispostas de maneira a formar uma estrutura cilíndrica oca. De acordo com a distribuição dos flagelos, as bactérias são classificadas em: a) atríquias: não apresentam flagelos, como por exemplo Bacilus anthracis. b) monotríqueas: apresentam apenas um flagelo em uma das extremidades, como, por exemplo, Pseudomonas aeruginosa e Vibrio cholerae. c) anfitríqueas: apresentam tufo de flagelos em uma ou ambas extremidades, como, por exemplo, Spirillum serpens. d) peritríqueas: apresentam flagelos em toda a superfície bacteriana, como Proteus vulgaris, por exemplo. A estrutura da flagelina em cada espécie bacteriana é diferente o suficiente para conferir especificidade antigênica, sendo denominada antígeno H, o qual pode ser usado para caracterização das bactérias. - Fímbrias (do latim, pêlos) ou pili (do latim, franjas) são organelas filamentosas mais curtas e delicadas que os flagelos, apresentando entre 5 a 11 nm Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 de largura e comprimento de 20 ou mais mm. Originam-se de corpúsculos basais na membrana citoplasmática e são constituídos por proteína chamada pilina, associada a pequenas quantidades de carboidratos. Duas classes principais podem ser observadas: a) Fímbrias sexuais ou pili F: responsáveis pela ligação entre células doadoras e receptoras durante a conjugação bacteriana. Atuam também como receptor para vírus bacteriófagos. Estão presentes em número de um a, no máximo, dez por célula. b) Fímbrias comuns: são numerosas (cem a duzentas por bactéria) e participam na aderência (adesinas) de determinadas bactérias simbióticas sobre a superfície de células do hospedeiro. Essas fímbrias estão também envolvidas na aglutinação de células e eritrócitos de algumas aves e mamíferos. A patogenicidade de várias bactérias Gram-negativas é dependente da presença ou não de fímbrias. Neisseria gonorrhoeae, por exemplo, não apresenta fímbrias quando cultivada em meios de cultura com ágar, perdendo sua capacidade de aderência às células humanas, tornando-se avirulenta. A aderência de Pseudomonas aeroginosa aos tecidos alveolares e de Escherichia coli à mucosa intestinal é mediada por fímbrias tipo-específicas. Estruturas semelhantes às fímbrias podem ser observadas em alguma bactérias Gram-positivas. Corynebacterium renale e componentes da microbiota bucal como Streptococcus sanguis e Actinomyces naeslundii parecem ter sua aderência mediada por fímbrias. O Streptococcus pyogenes apresenta estruturas compostas por proteína M em sua superfície, relacionadas a sua aderências às células epiteliais da garganta também consideradas como fímbrias. Atualmente, foi demonstrada a presença de ácido lipoteicóico nessas estruturas, as quais são chamadas de fibrilas por alguns autores (JORGE, 2010). - Os esporos são células de resistência (repouso) das bactérias, altamente resistentes, formadas por algumas espécies. São formas de resistência que aparecem quando a célula bacteriana não se encontra em meio ideal ao seu desenvolvimento. São muito resistentes aos agentes físicos (calor e dessecação) e químicos (antissépticos), representando uma forma de sobrevivência, e não de Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 reprodução. Nas bactérias patogênicas ocorrem principalmente nos gêneros bacillus e Clostridium. Representação esquemática da estrutura bacteriana Fonte: Trabulsi et aI. (1999). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E CRESCIMENTO BACTERIANO Todas as atividades bacterianas, tanto as benéficas como as prejudiciais, dependem obrigatoriamente das habilidades do microrganismo em sobreviver no meio ambiente em que se encontrae se multiplicar. O crescimento, tanto em meios de cultura no laboratório quanto em habitats naturais, somente pode ocorrer quando todos os nutrientes exigidos para obtenção de energia e para síntese de novos componentes celulares estão disponíveis. Segundo Jorge (2010), os nutrientes requeridos pelos microrganismos refletem diretamente sua capacidade fisiológica. De maneira geral, quanto mais simples seu requerimento nutricional, maior a extensão da complexidade fisiológica. O estudo das diferenças fisiológicas entre microrganismos com exigências nutricionais diferentes nos leva a compreender as diferenças, tanto das propriedades fisiológicas quanto do modo pelo qual respondem às alterações ambientais. As funções vitais das bactérias constituem-se essencialmente na construção do protoplasma, divisão celular e transporte de substâncias pela membrana citoplasmática. A motilidade também é uma função celular de algumas bactérias, porém, pode ser considerada uma função mecânica dispensável, já que tais bactérias vivem sem essa característica. Algumas bactérias também podem produzir calor, mas também não é uma função biológica essencial, visto que as bactérias não possuem mecanismos de regulação de temperatura. O crescimento bacteriano consiste essencialmente do equilíbrio na síntese dos componentes do citoplasma, inclusões e parede celular, a partir de materiais disponíveis em seu ambiente. O crescimento bacteriano exige a presença de nutrientes essenciais em concentrações ideais para as células e em ambiente propício. Assim, as bactérias necessitam de uma série de exigências de natureza física, inorgânica e orgânica para seu crescimento. Os nutrientes podem ser divididos em duas classes: macronutrientes e micronutrientes. Ambos os tipos são imprescindíveis, mas os primeiros são requeridos em grandes quantidades por serem os principais constituintes dos compostos orgânicos celulares e / ou serem utilizados como combustível. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 Sendo que são macronutrientes exigidos: carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, enxofre, fósforo. E são micronutrientes necessários: os elementos ferro, magnésio, manganês, cálcio, zinco, potássio, sódio, cobre, cloro, cobalto, molibdênio, selênio e outros são encontrados sempre na forma inorgânica, fazendo parte de minerais. São necessários ao desenvolvimento microbiano, mas em quantidades variáveis, dependendo do elemento e do microrganismo considerados. Os micronutrientes podem atuar de diferentes maneiras, incluindo as seguintes funções principais: - componentes de proteínas, como o ferro que participa da composição de várias proteínas enzimáticas ou não, de citocromos, etc.; - cofatores de enzimas, como o magnésio, potássio, molibdênio, etc. - componentes de estruturas, como o cálcio, presente em um dos envoltórios dos esporos; - osmorreguladores. Temperatura, pH, presença de oxigênio, pressão osmótica e luz também são fatores intervenientes no crescimento das bactérias (NOGUEIRA; MIGUEL, 2009; JORGE, 2010). Cada tipo de bactéria apresenta uma temperatura ótima de crescimento, em torno desta temperatura observa-se um intervalo dentro do qual o desenvolvimento também ocorre, sem, no entanto, atingir o seu máximo. Ultrapassado o limite superior, rapidamente ocorre desnaturação do material celular e, consequentemente, a morte da célula. As temperaturas inferiores à ótima levam a uma desaceleração das reações metabólicas, com diminuição da velocidade de multiplicação celular, que em caso extremo, fica impedida. As variações quanto ao requerimento térmico permite classificar as bactérias segundo a temperatura ótima para o seu crescimento, em: - psicrófilas: entre 12 e 17º C; - mesófilas: entre 28 e 37ºC; - termófilas: 57 e 87ºC. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 Os valores de pH em torno da neutralidade são os mais adequados para absorção de alimentos para a grande maioria das bactérias. Existem, no entanto, grupos adaptados a viver em ambientes ácidos e alcalinos. A grande maioria das bactérias cresce bem em meios com pH ao redor de 6,5 a 7,5, apesar de muitas espécies tolerarem variações de pH entre 4,0 e 9,0. Os meios de cultura são geralmente tamponados para evitar mudanças de pH, decorrentes da excreção de produtos do próprio metabolismo bacteriano. Os tampões são compostos que podem resistir às mudanças de pH. A combinação de KH2PO4 e K2HPO4 é largamente utilizada nos meios de cultivo, mas alguns ingredientes nutrientes do meio, tais como as peptonas, também possuem a capacidade de tamponamento (NOGUEIRA; MIGUEL, 2009). O oxigênio pode ser indispensável, letal ou inócuo para as bactérias, o que permite classificá-las em: - aeróbias estritas: exigem a presença de oxigênio, como as do gênero Acinetobacter; - microaerófilas: necessitam de baixos teores de oxigênio, como o Campylobacter jejuni; - facultativas: apresentam mecanismos que as capacitam a utilizar o oxigênio quando disponível, mas desenvolver-se também em sua ausência. Escherichia coli e vária bactérias entéricas têm esta característica; - anaeróbias estritas: não toleram o oxigênio. Ex.: Clostridium tetani, bactéria produtora de potente toxina que só se desenvolve em tecidos necrosados carentes de oxigênio. Meios de cultura com pressões osmóticas menores que o interior da bactéria, geralmente não afetam sua viabilidade, uma vez que a rigidez da parede celular impede a entrada excessiva de água. Todavia, meios de cultura com pressões osmóticas maiores que a encontrada no interior da bactéria causam perda de água intracelular (efeito bacteriostático ou bactericida). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 Quando certas bactérias isoladas de salmouras, pacotes de sal, alimentos e água do mar, chamadas bactérias halofílicas ou halófitas obrigatórias, crescem apenas quando o meio contém uma concentração inusitadamente elevada de sal (10% a 15%), estamos falando de uma resposta especial do microrganismo à pressão osmótica ou mais conhecido como Halofismo. Por fim, a luminosidade é fator importante. Alguns organismos autotróficos fotossintéticos devem ser expostos a uma fonte luminosa, pois a luz é sua fonte de energia. Outros liberam pigmentos quando expostos a luz, o que facilita na sua taxonomia (NOGUEIRA; MIGUEL, 2009). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 UNIDADE 5 – NOMENCLATURA TAXONÔMICA São três as atividades dentro da Taxonomia bacteriana: classificação, nomenclatura e identificação. Classificar significa agrupar, ou seja, arranjar em grupos naturais chamados taxa (do latim: taxon=singular; taxa=plural). Nomenclatura envolve o ato de atribuir nomes a grupos circunscritos, usando o Código Internacional de Nomenclatura de Bactérias1. Por fim, a identificação envolve o processo pelo qual isolados nãoidentificados são referidos a taxa conhecidas (DUARTE, 2005). Nogueira e Miguel (2009) expandem as definições acima: A classificação quer dizer dividir os microrganismos em grupos, de acordo com as características artificiais ou naturais. As classificações artificiais são baseadas nas características fenotípicas (expressão), principalmente morfológicas e fisiológicas dos microrganismos. Já as classificações naturais são baseadas nas relações filogenéticas moleculares das bactérias, através de comparações na sequência de várias macromoléculas ou genes (genotípica). A nomenclatura, especificamente aqui a bacteriana, refere-se ao nome do microrganismo, seguindo o Código Internacional para Nomenclatura de Procariontes (International Committee on Systematic of Prokaryotes). Este contém todos os princípios e recomendações para a descrição de uma nova unidade de classificação em espécie, gênero ou família. As regras do código internacional baseiam-se no sistema binominal desenvolvido por Linnaeus: o nome de uma espécie bacteriana é proveniente da combinação, em latim, formada de duas partes, o nome do gênero, seguido pelo nome da espécie bacteriana. Como, por exemplo: Escherichia coli (Escherichia é o gênero, e coli a espécie). Seguindo a regra, apenas a primeira letra do nome do gênero é escrita em maiúscula, e o nome completo deverá ficar em itálico ou sublinhado. Exemplo: Escherichia coli ou Escherichia coli. 1 Os nomes são considerados válidos se os artigos que os propõe são publicados no International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology (IJSEM: http://ijs.sgmjournals.org/) ou se as publicações em outros periódicos fizerem parte de Listas de Validação editadas no IJSEM. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 No caso de bactérias em que os sorotipos possuem grande importância, eles são citados após o nome da espécie, mas não se muda a grafia para itálico, o que poderá causar confusão. Exemplo: Salmonella enterica, subespécie (subsp.) enterica sorotipo Typhi. Muitas vezes encontraremos escrito Salmonella Typhi. Para se estabelecer um nome de um táxon, este deverá ser avaliado pelo Código Internacional para Nomenclatura de Procariontes. Após validação, o novo nome é divulgado à comunidade científica através da revista International Journal of Systematic Bacteriology (IJSB). Quanto à identificação, este é um processo que determina as características do microrganismo, sua relação com microrganismos similares ou diferentes, e, posteriormente, com base nesses achados, indica-lhe o nome. Normalmente o nome da espécie determina uma característica morfológica ou bioquímica ou pode homenagear uma pessoa ou lugar. Para citar uma espécie que não tenha sido identificada, mas que conhecemos o gênero, faz-se uso da abreviatura “sp.”, que significa “espécie”. Por exemplo, Klebsiella sp., ou seja, uma espécie qualquer do gênero Klebsiella. Se for necessário fazer referência a várias espécies do gênero, a abreviatura a ser utilizada é “spp.”, “espécies”: Klebsiella spp. Deve ser observado que sp. ou spp. não são escritos em itálico ou sublinhados. Atualmente, a taxonomia e a nomenclatura são realizadas por determinações genéticas (homologia do DNA, análise de sequência do DNA, análise do RNA 16S ribossômico). Permitindo sistemas taxonômicos mais estáveis, nos quais as modificações de nomes sejam menos frequentes. Nos últimos anos, a classificação taxonômica ganhou apoio da Biologia computacional e da bioinformática, empregando o método das árvores filogenéticas para facilitar a taxonomia dos seres vivos. Vale a pena relembrar a convenção taxonômica, na qual os sufixos são usados para determinar ordens, famílias e tribos: Ordens: sufixo - ales. Ex.: Eubacteriales Famílias: sufixo .aceae. Ex.: Bacillaceae Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 Tribos: sufixo .eae. Ex.: Proteae (Proteus) Os nomes dos microrganismos podem ser modificados após estudos mais detalhados (Biologia Molecular), e estes devem ser registrados no IJSB, de acordo com as seguintes regras: a. Quando se transferir uma espécie de um gênero para outro, a espécie será mantida. Ex.: Campylobacter pylori mudou para Helicobacter pylori. b. Quando a cepa pura (cepa tipo) pertencer a outro gênero, o gênero desta cepa deverá ser considerado nulo. Ex.: Enterobacter agglomerans mudou para Pantoeae agglomerans. c. Quando um microrganismo estiver em duas ou mais designações de gênero e espécie, o nome do gênero/espécie da cepa tipo deverá ser considerado como o nome válido. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 UNIDADE 6 – COCOS 6.1 Cocos Gram-positivos Constituem um grupo muito diverso de microrganismos, estudados em conjunto devido à forma esférica de suas células e por sua característica de positividade à coloração de Gram. Não formam endosporos, são geralmente imóveis e suas células costumam-se apresentar na forma esférica ou ligeiramente alongada. O grupo apresenta gêneros de microrganismos aeróbios, anaeróbios facultativos e anaeróbios estritos. A forma de arranjo de suas células e a produção da enzima catalase são particularidades convenientes na caracterização dos gêneros. Vamos discutir os gêneros Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus, Peptostreptococcus e Stomatococcus. a) Estafilococos Os estafilococos foram descritos em pus de seres humanos por Robert Kock, em 1878, e cultivados em meio líquido, em 1880, por Pasteur. Ogston (1881) demonstrou sua patogenicidade para camundongos e, em 1884, Rosenbach caracterizou o gênero com duas espécies. Atualmente são conhecidas 32 espécies e, dessas, dezesseis são encontradas em seres humanos e podem provocar diferentes síndromes clínicas, incluindo infecções cutâneas, infecções oportunistas, infecções das vias urinárias e infecções sistêmicas. A espécie mais implicada em doenças no ser humano é Staphylococcus aureus, reconhecidamente o mais virulento dentro do gênero. S. epidermidis também é um importante patógeno, sobretudo, para aqueles portadores de próteses valvulares. S. saprophyticus é um patógeno quase que exclusivamente das vias urinárias. Outras espécies comumente implicadas em infecções são: S. schleiferi, S. haemolyticus e S. lugdunensis. S. schleiferi possui duas subespécies: S. schleiferi ss. S. schleiferi (coagulase negativa) e S. schleiferi ss. coagulans (coagulase positiva). Principais espécies do gênero Staphylococcus, de interesse para o ser humano são: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 S. aureus é a espécie mais patogênica, isolado de mucosa nasofaringeana, pele, trato gastrointestinal e genital de animais de sangue quente; S. epidermides é habitante da pele humana. Eventual causador de infecções, sobretudo correlacionadas a próteses cardíacas valvulares; S. saprophyticus é patógeno, principalmente de vias urinárias; S. intermedius encontra-se na membrana nasal e pele de animais. S. hyicus está correlacionado a infecção em animais; S. haemolyticus; S. schleiferi e S. lugdiniensis são habitantes da pele humana. Características Gerais: Células esféricas de 0,5 a 1,5 µm de diâmetro, isoladas aos pares ou mais, caracteristicamente com a disposição de cachos irregulares. São imóveis e não formam esporos. São Gram-positivos e anaeróbios facultativos. Apresentam metabolismo respiratório e fermentativo, geralmente produzem catalase. Utilizam grande quantidade de carboidratos; sob condições de anaerobiose, o principal produto de degradação da glicose é o ácido lático; em aerobiose, o principal produto é o ácido acético, com pequena quantidade de CO2. Suas colônias em meio sólido geralmente são lisas, brilhantes, circulares e translúcidas. S. aureus e algumas outras espécies formam colônias amarelas, acinzentadas ou laranja, em função da presença de grande quantidade de pigmentos carotenóides localizados na membrana celular. S. epidermidis forma colônias brancas, em função da pequena quantidade de carotenóides. Em placas de ágar-sangue S. aureus geralmente produz hemólise, enquanto que outras espécies têm comportamento variável. Crescem dentro de larga faixa de temperatura (10-45°C), com ótimo em torno de 37°C. O diagnóstico laboratorial para estafilococos envolve: bacterioscopia – em esfregaços corados pelo método de Gram, observa-se a presença de cocos Gram-positivos típicos. Não é possível diferenciar os microrganismos patogênicos (S. aureus) dos não patogênicos; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 cultura – ágar-sangue para permitir o crescimento de estreptococos se porventura presentes. Se o material estiver muito contaminado, semear em ágar salgado (7,5% NaCI). Pode-se utilizar meios seletivos como ágar Baird Parker acrescido de gema de ovo e telurito de potássio para amostras muito contaminadas. Colônias características são selecionadas para identificação das espécies; produção de catalase – é realizada através da verificação da ação da enzima sobre peróxido de hidrogênio (H202) com formação de bolhas de 02 nascente. Negativa para estreptococos, porém, positiva para Micrococcus, Stomatococcus e Staphylococcus; verificação de oxidação – fermentação (Meio OF)-realizada verificando-se a fermentação de glicose pelo microrganismo na presença (oxidação) e ausência (fermentação) do oxigênio, em presença de indicador de pH. Prova realizada para diferenciar gênero Staphylococcus (O+F+) de Micrococcus (O+F-); produção de coagulase – será negativa para Stomatococcus, demais cocos Gram-positivos e algumas espécies de Staphylococcus. Se positiva, podemos pressupor tratar-se de S. aureus. Todos os estafilococos coagulase são considerados patogênicos para o ser humano. Estafilococos coagulase negativos, do grupo S. epidermidis, são da microbiota normal, podendo, entretanto, produzir infecções; Voges Proskauer (VP) – visa verificar a rota de fermentação butileno glicólica. Dentre os estafilococos coagulase positiva, S. aureus e S. scheiferi ss. coagulans apresentam essa prova positiva; fermentação da trealose – essa prova verifica a capacidade de o microrganismo utilizar esse carboidrato por meio da rota fermentativa com produção de ácido. Dentre as espécies coagulase positivas e Voges Proskauer positivo, S. aureus fermenta a trealose e S. scheiferi subsp. coagulans não; Alfa-galactosidase – a presença dessa enzima é característica da espécie S. intermedius, que é coagulase positiva. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 b) Estreptococos Streptococcus constituem-se no único gênero da família Streptococcaceae que apresenta microrganismos patogênicos para o homem. Streptococcus (do grego streptos: enovelado, enrolado) são encontrados na pele e mucosas da boca, trato respiratório, digestivo e geniturinário do homem e animais. Espécies patogênicas como S. pyogenes e S. pneumoniae podem ser encontradas em microbiota normal de portadores assintomáticos. Os estreptococos foram identificados pela primeira vez por Pasteur no final do século XIX, descritos por Ogston, em 1881, e apresentados em 1883 como agentes específicos da erisipela. Só após muitos anos (1930), Rebecca Lancefield introduziu um método de classificação sorológica dos estreptococos (UENO; JORGE, 2009). Quanto à morfologia e cultivo, os estreptococos apresentam-se como cocos Gram-positivos, usualmente dispostos aos pares ou em cadeias, pois dividem-se apenas em um plano. Anaeróbios facultativos ou estritos, catalase e oxidase negativos, fermentadores da glicose com formação de ácido lático e ausência de gás. Apresentam células esféricas ou ovais, por vezes alongadas, de cerca de 0,5 a 0,75 µm, geralmente são imóveis, capsulados e não formam esporos. Crescem apenas em meios enriquecidos: ágar-sangue, ágar-soro, caldo glicosado, ágar-chocolate. Em ágar-sangue crescem colônias pequenas e mucóides. O crescimento é estimulado pela presença de CO2. A temperatura ótima de crescimento é a 37°C e o pH na faixa de 7,4 a 7,6. São destruídos a 60°C por trinta minutos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 No quadro a seguir temos as principais espécies do gênero Streptococcus de interesse humano: Grupos Espécies Importância piogênicos S. pyogenes Espécie mais patogênica para o ser humano. Beta-hemolítico e piogênico. Grupo A de Lancefield. S. agalactiae Microbiota normal do trato genital feminino. Beta-hemolítico e piogênico. Grupo B de Lancefield. Podem causar febre puerperal e meningite neonatal. Salivarius S. salivarius S. vestibulares S. thermophilus Habitantes da cavidade bucal humana. Não tipados por Lancefield. Mitis S. sanguis Habitantes de cavidade bucal humana, correlacionados com formação de biofilme dentário. Não tipados por Lancefield. S. parasanguis S. gordoni S. oralis S. mitis Habitantes de cavidade bucal humana. Não tipados por Lancefield. S. pneumoniae Habitantes normais do trato respiratório superior de seres humanos, podem causar pneumonia, sinusite, otite, bronquite, bacteremia e meningite. Alfa-hemolípticos e piogênico. Bovis S. bovis S. equinus S. alactolyticus Estreptococos animais. Mutans S. mutans S. sobrinus S. cricetus S. ferus S. downii S. rattus S. macacae Estreptococos bucais correlacionados com cárie dentária em seres humanos e animais. Aderência em esmalte dentário. Não tipados por Lancefield. Anginosus S. anginosus S. constellatus S. intermedius Estreptococos bucais. Aderência às mucosas bucais. Fonte: Ueno e Jorge (2010, p. 77). Para diagnóstico laboratorial, as amostras dependem do tipo da infecção estreptocócica. Pode-se coletar swab da garganta, amostra de pus ou sangue para cultura. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.brou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 Esfregaços corados pelo Gram usualmente exibem cocos isolados ou aos pares, e não cadeias definidas. Cultura – as amostras são semeadas em ágar-sangue e incubadas com 10% de CO2 a 37°C por 24 horas. Após incubação, verificam-se as colônias características e presença de hemólise. Catalase – os estreptococos não produzem catalase, sendo sempre negativos para essa prova. Sensibilidade à bacitracina – os estreptococos do grupo A são sensíveis à bacitracina. Streptococcus pneumoniae são responsáveis por várias doenças humanas, como pneumonia e meningite, é habitante normal do trato respiratório e mais de 4% da população são portadores desse microrganismo. A transmissão ocorre através de gotículas nasofaríngeas. c) Enterococos O gênero Enterococcus inclui várias espécies, sendo mais importantes E. faecalis e E. faecium, que são responsáveis por 85-90% e 5-10% das infecções enterocócicas. São cocos Gram-positivos que ocorrem aos pares ou curtas cadeias em meio líquido. Não formam esporos, geralmente são imóveis, entretanto, alguns podem apresentar flagelos. Não apresentam cápsula, são anaeróbios facultativos e catalase negativos. As principais espécies são do grupo D de Lancefield. Os enterococos são causa frequente de infecções hospitalares. A transmissão ocorre de um paciente para outro através de mãos do pessoal hospitalar e podem ser transmitidos de materiais médicos. As infecções pelos enterococos incluem trato urinário, feridas, trato biliar e sangue. Podem causar meningite e bacteriemia em récem-nascidos. Em adultos, podem provocar endocardite. São muito resistentes aos antibióticos. Produzem beta-Iactamase e muitas amostras são resistentes à vancomicina, cefalosporinas e a outros fármacos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 d) Peptoestreptococos São cocos anaeróbios do gênero Peptostreptococcus, parasitas obrigatórios das mucosas da boca e trato gastrointestinal de mamíferos. Eventualmente podem produzir infecções purulentas. Apresentam células esféricas (0,5 a 1,2 mm diâmetro) ou eventualmente ovoides. Podem apresentar-se em pares, tétrades, cadeias ou cachos. São imóveis, não formam esporos e são geralmente catalase negativos. A temperatura ótima de crescimento é 37°C e algumas amostras produzem indol e reduzem nitrato. A espécie tipo é Peptostreptococcus anaerobius. e) Estomatococos São bactérias comensais da cavidade bucal humana e trato respiratório superior, podendo ser implicado em processos infecciosos. Apresentam células esféricas (0,9 a 1,3 µm diâmetro) usualmente em cadeias, pares ou tétrades, são imóveis, não apresentam esporos e cápsula e são anaeróbios facultativos. São oxidase negativas e reduzem nitrato a nitrito, a temperatura ótima de crescimento é de 37 C. A espécie tipo é Stomatococcus mucilaginosus. 6.2 Cocos Gram-negativos Dentre os cocos Gram-negativos vamos tratar em maiores detalhes sobre os gêneros Neisseria, Branhamella (gênero Moraxella, subgênero Branhamella) e Veillonella. O gênero Neisseria é responsável pela gonorreia, doença sexualmente transmissível, e pela meningite cérebro-espinhal epidêmica. Branhamella são microrganismos comensais do trato respiratório humano, podendo, eventualmente, tornar-se patogênicos. Veillonella são cocos anaeróbios obrigatórios encontrados na microbiota bucal humana, não apresentando geralmente potencial patogênico (RIBEIRO; JORGE, 2010). a) Neisseria São cocos Gram-negativos da família Neisseriaceae, imóveis, medindo de 0,6 a 1,0 µm de diâmetro que se apresentam aos pares (com concavidades Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 adjacentes em forma de grãos de feijão), tétrades ou cadeias curtas. As espécies patogênicas são exigentes no cultivo, especialmente no primeiro isolamento. Duas espécies conhecidas por serem patogênicas ao homem, são a Neisseria meningitidis, conhecida também como meningococo (meningite) e a Neisseria gonorrhoeae, conhecida como gonococo (Gonorreia). Ambas se apresentam como diplococos Gram-negativos, com morfologia semelhante a rins (riniformes) ou a grãos de feijão. Alguns autores sugerem, ainda, semelhança a grãos de café. O quadro abaixo apresenta as principais espécies de Neisseria de interesse para microbiologia médica. Gênero Neisseria N. gonorrhoeae Agente etiológico da gonorreia. N. meningitides Agente etiológico da meningite cérebro-espinhal epidêmica. Pode ser encontrada no trato respiratório de seres humanos. N. flavescens Encontrada habitualmente no trato respiratório humano. Isolada de raros casos de meningite e septicemia. N. sica N. suflava N. mucosa Encontradas na boca, cavidade nasal, faringe e, ocasionalmente, trato genital feminino. Usualmente não são patogênicas. Para diagnóstico laboratorial de Neisseria gonorrhoeae, o pus, secreções da uretra, colo uterino, próstata e, ocasionalmente, da mucosa retal são coletados para microscopia e cultura. Bacterioscopia: nos processos agudos, os esfregaços corados pelo Gram ou azul de metileno revelam diplococos intracelulares dentro de leucócitos polimorfonucleares. Isso fornece diagnóstico presuntivo. Em estágios crônicos, quando as secreções são menos espessas e há poucos leucócitos, existe maior dificuldade na bacterioscopia. Cultivo: imediatamente após a coleta, o pus ou muco é semeado em ágar- chocolate, meio de Thayer-Martin ou ágar-plasma-hemoglobina e incubado em 10% de C02 a 37°C (método da vela). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 Produção de indofenol-oxidase: cobrindo-se colônias de Neisserias com solução a 1% de dimetil-para-fenilenodiamina (ou cloridrato de tetrametil), elas tornam-se róseas ou vermelho-púrpura e, finalmente, negras, o que permite a diferenciação de outras bactérias. Fermentação da glicose: é o único carboidrato que fermenta, com a formação de ácido e ausência de gás. Para Neisseria meningitides, o diagnóstico laboratorial envolve amostras de sangue que são colhidas para cultura e amostras do líquor para bacterioscopia, cultura e determinações bioquímicas. Culturas de material de nasofaringe são adequadas para identificação dos indivíduos portadores. Bacterioscopia: coloração de Gram ou azul de metileno, de esfregaços do sedimento obtidos por centrifugação do líquor, ou de material aspirado das petéquias, geralmente mostram a presença de diplococos típicos no interior de leucócitos polimorfonucleares, ou em situação extracelular. Em virtude de os meningococos sofrerem rápida autólise, os espécimes devem ser examinados o mais rapidamente possível. Cultura: os materiais devem ser semeados imediatamente em ágar-chocolate ou no meio de Thayer-Martin e incubados a 37°C em atmosfera de 5-10% de CO2 (método da vela). Os meningococos fermentam glicose e maltose com produção de ácido, sem gás. Produzem oxidase. Site: www.ucamprominas.com.bre-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 UNIDADE 7 – BACILOS 7.1 Bacilos Gram-positivos Muitos gêneros de bacilos Gram-positivos estão presentes na natureza e vários deles são importantes em doenças humanas. Vamos apresentar os bacilos Gram-positivos formadores de esporos dos gêneros Bacillus e Clostridium e os não esporulados dos gêneros Corynebacterium, mas temos também os Actinomyces e Lactobacillus. a) Bacilos Gram-positivos Esporulados O gênero Bacillus compreende cerca de cinquenta espécies de bacilos Gram-positivos esporulados. A maioria das espécies é saprófita do solo e vive em água, ar e vegetação, podendo sobreviver no meio ambiente por muitos anos. B. anthracis e B. cereus são espécies importantes por produzirem doenças no homem e em animais. Principais espécies do gênero Bacillus de interesse humano Gênero Bacillus B. anthracis Carbúnculo em animais e indivíduos que manuseiam produtos animais contaminados. B. cereus Intoxicações alimentares, infecções oculares e infecções em pacientes debilitados. B. subtilis, B. stearothermophilus Não patogênicos, utilizados em testes biológicos de procedimentos de esterilização. B. thuringiensis B. poppilliae, B. sphaericus, B. larvae, B. lentimerbus Patógenos para insetos, algumas espécies são utilizadas como inseticida biológicos. Para diagnóstico laboratorial de B. anthracis, em esfregaços de amostras colhidas de lesões cutâneas, sangue ou escarro, observa-se a presença de cadeias de grandes bacilos Gram-positivos. O diagnóstico é confirmado após cultura em ágar-sangue, com crescimento de colônias acinzentadas não hemolíticas, e através de testes bioquímicos. Os testes sorológicos, normalmente, não são úteis (JUNQUEIRA; JORGE, 2010). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 As bactérias do gênero Clostridium (do grego closter, talo comprido e fino) apresentam-se como bacilos esporulados, cujos endosporos ovais ou esféricos geralmente distendem a célula. São Gram-positivos, catalase negativos e anaeróbios obrigatórios. A maioria das espécies de clostrideos é móvel e possui flagelos peritríqueos. Seu habitat natural é o solo, a água e o trato intestinal de animais e seres humanos. Existem cerca de 113 espécies pertencentes ao gênero Clostridium. A maioria dessas espécies é saprófita, entretanto, algumas delas causam importantes doenças humanas: C. tetani é o agente etiológico do tétano; C. botulinum, agente etiológico do botulismo; C. perfringens, C. novyi; C. septicum são as principais espécies isoladas de casos de gangrena gasosa; C. histolyticum, C. hastiforme, C. sphenoides, C. sporogenes e C. sordellii foram isolados de casos de gangrena gasosa (infecção secundária) e outras infecções em seres humanos. O diagnóstico para bactérias Clostridium baseia-se no quadro clínico. A análise microscópica e o isolamento de C. tetani são úteis apenas em alguns casos. Poucos pacientes com tétano apresentam culturas positivas, pois a doença pode ser causada por um pequeno número de microrganismos e as bactérias são destruídas quando em contato com o ar. O diagnóstico do botulismo é basicamente clínico. A toxina pode ser detectada no soro do paciente ou no alimento por ele ingerido. No botulismo infantil, C. botulinum, a toxina pode ser encontrada nas fezes do paciente. A gangrena gasosa ou mionecrose é causada por uma associação de bactérias do gênero Clostridium, principalmente C. perfringens, espécie isolada em mais de 90% dos casos. Os outros microrganismos associados são: C. novyi, C. septicum, C. hystolyticum, C. hastiforme, C. sphenoides, C. sporogenes e C. sordelli. Além disso, algumas bactérias podem causar infecção secundária, como enterococos, estafilococos e estreptococos. No caso de C. perfringens que constituem bastonetes Gram-positivos, contendo esporos ovais subterminais com diâmetro maior do que o da célula vegetativa, a cultura é feita em ágar glicosado em coluna alta, ágar-sangue Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 36 glicosado ou meio de Tarozzi. Crescem em uma variedade de meios sólidos comuns se o potencial de oxirredução for suficientemente baixo. O diagnóstico laboratorial é dificultado por ser uma infecção mista. Podem- se realizar exames bacterioscópicos corados pelo Gram a partir de exudatos de lesões; cultivo em tioglicolato, ágar-sangue e ágar nutritivo em aerobiose e anaerobiose; e diferenciação das espécies por provas bioquímicas. b) Bacilos Gram-positivos Não-esporulados Esses microrganismos estão amplamente distribuídos na natureza, sendo comumente encontrados em solos e águas. Além disso, habitam a pele e mucosas do homem e de outros animais. A espécie mais importante é Corynebacterium diphtheriae, agente etiológico da difteria. A difteria ou crupe é uma doença bacteriana descoberta e estudada há muito tempo. Sua existência é anterior ao século IV a.C., quando Aécio descreveu características dessa doença. Entretanto, apesar de sua prevalência, a difteria só foi reconhecida como doença específica em 1821 por Pierre Bretonneau, que descreveu a formação de uma falsa membrana no trato respiratório de indivíduos doentes, chamando a doença de difteria (do grego, diphthera, pele ou membrana) (JUNQUEIRA; JORGE, 2010). Dentre as principais espécies de Corynebacterium de interesse humano temos: C. diphteeriae – responsável pela difteria no ser humano e encontrado na nasofaringe e pele do homem; C. pseudodiphtheriticum – encontrado na mucosa nasofaringeana do homem, sendo não patogênico; C. xerosis – habitante da pele e mucosa do homem; C. matruchotii – encontrado na cavidade bucal do homem e de primatas, principalmente no biofilme dentário; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 37 C. pseudotuberculosis – patogênico para animais, eventualmente podendo causar doenças no homem. Segundo Junqueira e Jorge (2010), o diagnóstico laboratorial pode ser de possibilidade, de probabilidade e de certeza. O tratamento da difteria deve ser iniciado com base no quadro clínico, visto que se trata de uma doença grave e os resultados do laboratório levam pelo menos uma semana para ser concluídos. A amostra para cultura é obtida da secreção colhida do local da lesão. Diagnóstico de possibilidade: é rápido e feito pelo exame bacterioscópico direto, utilizando-se coloração de Albert-Layborn ou pelo azul de metileno, no qual podem ser observadas granulações metacromáticas. A microscopia serve para diferenciar essa infecção de uma angina fuso-espiralar. O bacilo diftérico não difere nessas características de outras corinebactérias que fazem parte da microbiota da garganta. Provavelmente, as manifestações clínicas apresentadas pelo paciente são mais úteis para o diagnóstico do que o exame bacterioscópico. Diagnóstico de probabilidade: faz-se a cultura em meios apropriados. Pode- se empregar simultaneamenteágar-sangue e ágar-sangue telurito de potássio, pois se crescer apenas no ágar-sangue, pode-se presumir que não seja C. diphtheriae. Pode-se também empregar o meio de Loeffler (contém soro bovino coagulado). A diferenciação das amostras de C. diphtheriae é feita por provas bioquímicas. Diagnóstico de certeza: é a determinação da virulência de C. diphtheriae, seja pela inoculação em cobaia, seja pela difusão em gel (teste de Eleck). Inoculação em cobaia: inocula-se subcutaneamente a amostra. Se ela for toxigênica, no local da inoculação desenvolve-se necrose superficial, a morte ocorre dentro de quatro dias. Teste de Eleck: é um teste de difusão em gel. É feito colocando-se uma fita de papel de filtro embebido com antitoxina sobre a superfície de uma placa contendo ágar maltose-peptona adicionado de soro bovino. O microrganismo desconhecido é semeado em estrias formando ângulo reto com a tira de papel de filtro. Quando o microrganismo cresce, se a toxina for produzida, forma-se uma linha de precipitado antígeno-anticorpo. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 38 7.2 Bacilos Gram-negativos A família Enterobacteriaceae constitui um grupo heterogêneo de bastonetes Gram-negativos. Muitas espécies fazem parte da microbiota normal do trato intestinal dos animais e do homem, também estão presentes no solo, vegetação e água. Os membros dessa família são bastonetes Gram-negativos, anaeróbicos facultativos, com 0,5 a 2,0 µm de largura por 1,0 a 4,0 µm de comprimento, não formadores de esporos, são móveis por flagelos peritríqueos ou imóveis. Possuem exigências nutricionais simples, fermentam glicose e outros carboidratos, não produzem oxidase e reduzem nitratos a nitritos. A maioria pode ser cultivada em meios de cultura simples e coram-se por corantes derivados da anilina. Apresentam pili na superfície celular, os quais, em algumas espécies, conferem fator de aderência às superfícies epiteliais. Apresentam pili sexual, importantes na transferência de fatores de resistência aos antibióticos entre os mesmos e diferentes membros da família. Apresentam lipopolissacarídeos (LPS) na parede celular, chamados de endotoxinas (UENO; JORGE, 2010). O Bergey’s Manual of Determinative Bacteriology (1984) divide a família Enterobacteriaceae em oito tribos, baseado em homologia do DNA. A classificação das enterobactérias baseada em testes bioquímicos nem sempre está de acordo com as análises de DNA. Embora a homologia do DNA seja um parâmetro cada vez mais utilizado na taxonomia bacteriana, clinicamente, as reações metabólicas continuam sendo a maior ferramenta em diagnóstico laboratorial. As maiores diferenças entre os dois métodos envolvem os gêneros Escherichia e Shigella, que em termos de testes bioquímicos estão bastante distantes, porém, possuem grande homologia de DNA. Quando se trata de Salmonella, a controvérsia também se entende até limites inquestionáveis. Ao analisar Salmonella por métodos moleculares diz-se que é um gênero de uma única espécie com diferentes sorotipos. No entanto, muitos laboratórios ainda utilizam a taxonomia antiga, considerando diversas espécies. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 39 O quadro abaixo apresenta as Tribos e gêneros da Família Enterobacteriacea: As enterobactérias crescem bem em meios simples. Podem ser cultivadas em ágar-sangue, porém é mais vantajoso utilizar meios seletivos e diferenciais, como ágar MacConkey, que além de inibir vários microrganismos de amostras muito contaminadas, pode separar as fermentadoras e as não fermentadoras de lactose. Testes bioquímicos são utilizados para identificação de gêneros e espécies. A sorologia é empregada quando a identificação tem propósitos epidemiológicos. O gênero Vibrio apresenta bastonetes curvos de 0,3-1,3 µm de largura por 1A a 5,0 µm de comprimento. São anaeróbios facultativos, metabolismo respiratório e fermentativo, oxidase positivos e apresentam flagelos polares, não formadores de endósporos e requerem 2 a 3,5% de NaCI para o crescimento. O gênero é composto por mais de trinta espécies, sendo V. cholerae, V. parahaemolyticus e V. vulnificus as três espécies mais importantes clinicamente. V cholerae é o agente do cólera, que ocorre principalmente em água contaminada com fezes. Desde 1817 foram descritas sete pandemias de cólera. Os membros desse gênero são capazes de crescer em ampla faixa de temperatura e aqueles patogênicos ao homem são halofílicos. Crescem bem em pH entre 7 e 9. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 40 Para o diagnóstico laboratorial, as amostras devem ser coletadas no início da doença e devem ser mantidas em meio de transporte Cary-Blair e cultivadas em meios apropriados, embora cresça bem em ágar-sangue e ágar MacConkey. Normalmente utiliza-se ágar seletivo como ágar tiossulfato citrato sais biliares sacarose (TCBS). Após crescimento de colônias, a identificação é realizada por meio de testes bioquímicos e testes sorológicos. O gênero Campilobacter consiste de bacilos Gram-negativos em forma de vírgula, catalase positivo, oxidase positivo, móveis por flagelo polar. São conhecidas quinze espécies, doze das quais causam doença humana, principalmente gastroenterite. Após ingestão dos C. jejuni com água ou alimentos contaminados ocorre colonização no jejuno e invasão. Ainda não estão esclarecidos os produtos envolvidos com a virulência do microrganismo, embora já tenha sido descrita a presença de enterotoxinas. A gastroenterite causada por C. jejuni apresenta diarreia com sangue, dor abdominal e febre. Na infecção por C. fetus, após os primeiros sinais de gastroenterite, o paciente pode ter disseminação do microrganismo por diversos órgãos. A microscopia tem pouco valor no diagnóstico laboratorial. A cultura deve ser realizada em meios seletivos e incubação em atmosfera com 5% de CO2, 5-10% de N2, temperatura de 42°C. A identificação das espécies é realizada por meio de testes de redução de nitrato, produção de urease, hidrólise do hipurato, capacidade de crescer em diferentes temperaturas e sensibilidade ao ácido nalidíxico e cafalotina. Os membros do gênero Helicobacter consistem de bastonetes curvos, embora em culturas velhas apresentem formas cocóides, com múltiplos flagelos em um dos polos. O gênero é constituído de dezessete espécies, dentre as quais oito podem estar associadas a doenças humanas. Helicobacter pylori provoca infecção silenciosa na maioria dos indivíduos; estima-se que aproximadamente metade da população seja colonizada por esse microrganismo sem apresentar sinais e sintomas da doença. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 41 Helicobacter pylori produz urease, que é um fator importante na neutralização de ácidos e que o capacita a colonizar o estômago. Essa espécie está associada com gastrite e úlcera péptica. Vários produtos bacterianos
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