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RESUMO HEPATOGRAMA/PERFIL HEPÁTICO Definição: Hepatograma é uma bateria de exames feitos para direcionar o diagnóstico do paciente. No hepatograma são dosados principalmente: ALT, AST, γ-GT, ALP, bilirrubina direta e bilirrubina indireta. A partir deste exames podem ser realizados: sorologia, exames de imagem, hemograma + reticulócito, CUMBS, EAS, glicose, coagulograma, proteína total e albumina Histologia do fígado: Organizando em lóbulos, com a tríade portal (veia porta, artéria hepática e ducto biliar) localizada entre eles. No centro de cada lóbulo encontra-se a veia hepática Entrada do sangue no fígado se dá pela veia porta Passagem pelos capilares sinusóides Saída pela veia hepática Canalículos biliares, que funcionam como um sistema de excreção, revestem todos os hepatócitos Dosagem de bilirrubina: A bilirrubina tem origem da degradação de células que contém o grupamento heme (hemoglobina, mioglobina e citocromo) Hb, Mb e citocromo Heme Fe3+ + Anel de protoporfirina IX Anel de protoporfirina IX é aberto pela ação da heme oxigenase Biliverdina Biliverdina sofre ação da biliverdina redutase Bilirrubina Os processos a partir da quebra do grupamento heme em Fe3+ e anel de protoporfirina IX ocorrem no citoplasma de macrófagos do baço e do fígado A bilirrubina indireta é insolúvel, sendo assim, é carreada no plasma pela albumina até que entre em contato com o hepatócito, onde é conjugada pela enzima UDP-GT (transferência do radical glucoronil da UDP-glicose para a bilirrubina) para que se torne uma molécula mais solúvel (bilirrubina direta). Em seguida, cai no canalículo biliar e vai para o intestino No intestino, devido ao ciclo entero-hepático, parte da bilirrubina (20 a 25%) pode ser reabsorvida e depois excretada Bactérias intestinais são capazes de hidrolisar a bilirrubina no intestino, quebrando a conjugação formada no hepatócito pela enzima UDP-GT, fazendo com que ela volte a ser insolúvel. Além disso, as bactérias também são capazes de reduzir essa bilirrubina insolúvel, formando urobilinogênio (dá pigmento às fezes) A reabsorção de água acarreta na reabsorção de parte desse urobilinogênio, que vai para o rim e pode ser excretado na urina Bilirrubina total = Bilirrubina direta (20%) + bilirrubina indireta (80%) Valor de referência: 1,2 mg/dL *Síndrome de Crigler Najjai: Ausência de UDP-GT Acúmulo de bilirrubina indireta (não há transferência do radical glucoronil da UDP-glicose pela UDP-GT para a solubilização da bilirrubina) Saturação de albumina Ligação da bilirrubina indireta a lipídeos (inclusive lipídeos da bainha de mielina) Kernicterus Morte *Icterícia: Aumento de bilirrubina direta e/ou indireta (dobra dos valores de referência) que é expresso na pele, deixando-a amarelada *Icterícia neo-natal: Fígado do neonato não é maduro para conjugação da bilirrubina indireta. Assim, é utilizado fóton de luz azul na incubadora, pois este tem a capacidade de alcançar a bilirrubina indireta e torcer a molécula, ocultando a porção hidrofóbica (formando um isômero temporariamente solúvel), tornando possível sua eliminação na urina As principais causas de aumento da bilirrubina direta são as colestases (obstruções): Colelitíase (pedra no ducto biliar), tumores compressivos, colangite (inflamação no tecido colagenoso) e acúmulo de bilirrubina direta nos canalículos biliar (acúmulo gera um extravasamento para os capilares, fazendo com que a bilirrubina direta caia no sangue e, assim, seja filtrada pelo rim, dando uma coloração marrom à urina) A dosagem de bilirrubina é feita em quatro etapas: 1- Dosagem de bilirrubina direta (presente no plasma, não ligada à albumina) 2- Adição de um composto que se liga a bilirrubina indireta, desligando-a da albumina 3- Dosagem de bilirrubina total 4- Cálculo da bilirrubina indireta = bilirrubina total – bilirrubina direta Erros ocorrem principalmente na fase pré-analítica, principalmente devido à exposição em excesso à luz, o que acarreta na formação de um entantiômero solúvel, que é confundido com a bilirrubina direta, dosada na primeira etapa Dosagem de AST e ALT: AST está presente em maior parte nas mitocôndrias do hepatócito e em menor parte no citoplasma, enquanto o ALT apresenta localização citoplasmática Sendo assim, uma lesão superficial no fígado apresentará níveis alterados de ALT maiores que de AST e em uma lesão crônica ou a nível celular no fígado apresentará níveis alterados de AST maiores que de ALT Em processos agudos, pode haver aumento de até 10x em relação aos valores de referência (ALT > AST) Em processos crônicos, pode haver aumento de até 3x em relação aos valores de referência (AST > ALT) ALT é uma enzima fígado específica, logo, um aumento considerável nos seus valores indica uma lesão hepática Dosagem de ALP: Não é uma enzima fígado específica e possui diversas isoenzimas. A isoenzima hepática atua nos canalículos biliares, sendo assim, é a primeira enzima cujos valores alterados são percebidos nos exames Em casos de estases (obstrução), há um aumento de ALP e de γ-GT. Dosagem de γ-GT: Esta enzima está localizada na membrana plasmática da maioria das células ancorada a proteínas de membrana e apresenta 5 isoenzimas conhecidas γ-GT também é uma enzima fígado específica e ocorre um aumento da sua expressão para metabolismo de substâncias Estases causam desprendimento da γ-GT da membrana plasmática, fazendo com que a enzima extravase para o sangue Um aumento isolado de γ-GT é indicativo de indução da expressão, provavelmente por fármacos como anticonvulsivantes e antidepressivos Medicamentos que têm primeira passagem hepática normalmente causam um aumento de γ-GT, assim como o álcool (formação de cetaldeído leva a dano mitocondrial, o que causa um aumento tanto em γ-GT, quanto em AST)