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6 INTRODUÇÃO A viagem de campo de paleontologia, ocorrida entre os dias 16 ao 18 de setembro de 2016, teve como finalidade a compreensão prática de várias referências teóricas que obtivemos em sala de aula. A importância de uma viagem de campo está em justamente demonstrar como os processos paleontológicos se formam, onde encontrar tais formações e a aparência delas no ambiente natural. Apesar de possuirmos exemplares no laboratório, a experiência no campo agrega um conhecimento impossível de se alcançar dentro do laboratório. Tendo em vista a região sudeste do Brasil, em especial o Estado de São Paulo, possuir uma bacia sedimentar geológica de grande proporção e com diferentes características, a viagem de campo passou por algumas cidades do estado de São Paulo, em pontos geológicos importantes como a rocha Moutonnée, e outros locais de deposição de sedimentos espalhados pela região norte de São Paulo. Em todos os locais visitados, o professor Lineo apresentou as características da bacia sedimentar, juntamente com informações extras como época e ambiente em qual a bacia foi formada. Juntamente com a informação do ambiente deposicional, foram recolhidos espécimes fósseis encontrados na formação da rocha sedimentar. Em alguns ambientes, porém, com condições impróprias para a formação de fósseis, somente exemplares das rochas foram recolhidos. Assim, o trabalho de campo contribuiu com o entendimento da paleontologia brasileira, dos locais onde depósitos de sedimentos estiveram, e de como o procedimento de retirada de fósseis é conduzido. Além mais, o trabalho contribuiu para a formação de pensamento crítico de como os fósseis são formados e as condições propícias para que estes se preservem por milhares ou milhões de anos. 7 Cronograma Serão 11 pontos visitados: Saída: Alfenas (MG) – Rio claro (SP) - 16/09/2016 as 4:00. Parada 1: (16/09 as 9:30): Visita monitorada aos Museus de Paleontologia e de Mineralogia da Universidade Estadual Paulista – UNESP – Rio Claro. Parada 2 (16/09 as 11:00) – fósseis de bivalves (Ferrazia cardinalis) em arenito (substituição, molde e contra-molde) na Formação Corumbataí (Era Paleozóica – Permiano Superior), em Ferraz-SP. Rochas observadas: coquinas, arenitos e siltitos. Almoço entre 12:00 e 13:00 em restaurante em Ferraz – SP. Parada 3. (16/09 as 14:00) - fósseis de mesossauros (vértebras e costelas de Mesosaurus brasiliensis) da Formação Irati – Membro Assistência (Era Paleozoica – Permiano Superior) por substituição e impressão - Pedreira Patercal, entre Rio Claro e Piracicaba-SP. Rochas observadas: calcários, folhelhos e nódulos de silex (Formação Irati – Membro Assistência) e siltitos (Formação Corumbataí). Minerais observados: calcita e pirita. Parada 4 (16/09 as 16:00) - fósseis de Clarkecaris brasilicus (crustáceos por impressão) e escamas (impressão) e restos de peixes paleoniscídios, na Formação Irati – Membro Taquaral (Era Paleozóica – Permiano Superior), caminho de Ipeúna, em estrada de terra). Rochas observadas: siltitos avermelhados. (17/09/2016) – Saída as 8:40 em frente da guarita da UNESP Rio Claro. Parada 5 (17/09 as 9:30) –– escamas (impressão) de peixes paleonisiformes na Formação Corumbataí no Trevo da Rodovia Washington Luiz. Parada 6: (17/09 as 10:00) – Afloramento das Três Eras = mostra o contato litológico entre três unidades geológicas de eras diferentes (siltitos da Formação Corumbataí – Era Paleozóica, arenitos com estratificação cruzada da Formação Pirambóia – Era mesozoica e arenitos e conglomerados da Formação Rio Claro – Era cenozoica) em local próximo ao município de Rio Claro. 8 Parada 7: (17/09 as 10:30) - Afloramento de arenitos e conglomerados da Formação Rio Claro (Era Cenozóica – Pleistoceno). Parada 8: (17/09 as 11:00) – Afloramento de paleo dunas da Formação Pirambóia, compostas por arenitos bem selecionados e de grãos foscos com presença de grandes estratificações cruzadas (Era Mesozóica – Triássico) = Estrada de Ipeuna – Charqueda Saída para Itu-SP as 11:30 Almoço entre as 12:00 e 13:30 na estrada em direção a Itu. Parada 9: (17/09 as 14:00) – Visita ao Parque do Varvito em Itu-SP, pertencente a Formação Itararé (Carbonífero Superior a Permiano Inferior) = Rocha observada: varvito e evidências de depósitos glaciais. Fósseis: icnofósseis (pistas) de invertebrados bentônicos aquáticos. Parada 10: (17/09 as 15:30) – Visita ao Parque da Rocha Moutonnée em Salto-SP = Observação da rocha granítica que corresponde ao embasamento da Bacia Sedimentar do Paraná. Observações da rocha granítica polida e das estrias que indicam as movimentações das geleiras no antigo continente Gondwana entre 270 e 350 M.a. Saída para Rio Claro as 16:30 Chegada em Rio Claro as 18:30 – (17/09) (18/09/2016) – Saída as 9:00 para Analândia em frente da guarita da UNESP Rio Claro. Saída pela SP-364 em Sentido a São Carlos e depois pela rodovia SP-369, sendo possível a observação neste trecho dos basaltos da Formação Serra Geral (Era Mesozóica – Jurássico Superior). Parada 11: (18/09 as 10:30 hs) Visita ao Parque e aos Morros do Cuscuzeiro e do Camelo em Analândia – SP. Esse morro testemunho (morros testemunhos são colinas com o topo plano que se situam diante de uma escarpa de cuesta) possui cerca de 900 metros de altura, e desses, por volta de 50 metros são verticais, formados pelas Formações Itaqueri, Botucatu e Serra Geral. Almoço entre as 12:30 e 13:30 hs em Analândia-SP 9 Retorno para Alfenas (18/09) – as 15:30. Chegada em Alfenas – MG em 18/09/2016 as 21:00. 10 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA ÁREA A cidade de Rio Claro está localizada no Centro-Leste do estado de São Paulo (22° 05' e 22° 40' S, 47° 30' e 47° 55' W). O município está a uma altitude de 613 metros acima do nível do mar. Seu clima é caracterizado por estiagens de inverno e chuvas de verão. O relevo é suavemente ondulado, que é característico do compartimento geomorfológico chamado Depressão Periférica Paulista, onde o município se encontra. A vegetação natural é caracterizada por cerrado e floresta estacional semidecidual. Também há a floresta estadual Navarro de Andrade, que é uma das maiores reservas de eucalipto do estado. Figura 1: Mapa de Localização de Pontos da Região de Rio Claro – SP 11 A região visitada está geologicamente localizada no flanco nordeste da Bacia Sedimentar do Paraná, no setor paulista. Apresenta formações litoestratigráficas das Eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica, representadas por rochas sedimentares e vulcânicas. Na cidade existem 7 tipos de Formação diferentes, distribuídas pelas 3 Eras. Era Cenozóica: Formação Rio Claro – é uma cobertura sedimentar composta de arenitos arcoseanos mal consolidados, conglomeráticos e argilitos avermelhados. Apresenta estratificação cruzada, corte e preenchimento. São encontrados apenas fosseis de restos vegetais. O paleoambiente para formação é resultado de processos de agradação e degradação em clima semiárido, em bacias alveolares escalonadas, funcionando como uma soleira tectônica para a deposição dos sedimentos. Era Mesozóica: Formação Itaqueri - abrange coberturas sedimentares pós serra geral e é constituída principalmente por blocos alternados de arenitos com cimento argilosos, folhelho e conglomerados. As estruturas mais presentes são estratificações plano-paralelas e cruzadas. O ambiente de sedimentação é um ambientede alta energia com um clima semiárido. Formação Serra Geral – fruto de um dos maiores fenômenos de magnetismo de fissura da história. Neste evento ocorreu a separação do megacontinente Gondwana e começou a evolução do oceano atlântico. Formação Pirambóia – é caracterizada por uma sequência de espessos bancos arenosos, de coloração avermelhada/rosada, constituídos por arenitos de granulação fina e média. As estruturas sedimentares existentes são laminações plano-paralelas. 12 Era Paleozóica: Formação Tatuí – é composto, em sua maioria, por arenitos e siltitos, que representam o início da sedimentação pós-glacial que ocorreu no Permiano. Formada em um ambiente costeiro e de mar raso. Essa formação possui espessuras variantes entre 50 e 130 metros. Formação Irati – essa formação é caracterizada pela presença de folhelhos acinzentados do Membro Taquaral e as intercalações de calcários dolomíticos e folhelhos prestos pirobetuminosos do Membro Assistência. A característica marcante dessa formação é a presença de grande variedade de fosseis, existindo no Membro Taquaral restos de peixes e crustáceos. No Membro Assistência, além de restos de peixes, fragmentos vegetais, carapaças de crustáceos e palinomorfos, são encontrados os repteis Stereostemum tumidum e Mesosaurus brasiliensis. Formação Corumbataí – é formada por argilitos de coloração arroxeada/avermelhada com intercalações de arenitos muito finos. Principal fonte de matéria-prima para as indústrias de cerâmica da região. 13 Figura 2: Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná na região de Rio Claro-SP 14 HIDROGRAFIA O rio mais importante da bacia é o Rio Paraná que recebe as águas de vários outros rios como o rio Tietê, por exemplo. A bacia abastece o reservatório da maior usina hidroelétrica do Brasil, a usina de Itaipú. A bacia abrange seis estados (PR, SP, MG, MS e SC) mais o Distrito Federal. A vazão média das águas desta bacia corresponde a cerca de 7% do total do país. A principal rota de navegação é a hidrovia Tietê-Paraná. PRINCIPAIS RIOS DA BACIA DO PARANÁ Rio Tietê Rio Ivaí Rio Paranaíba Rio Iguaçu Rio Grande Rio Pardo Rio Amambaí Rio Aporé Rio Verde Rio Dourados Rio Sucuriú Rio Piquiri Rio Paranapanema 15 Figura 3: Mapa da bacia do Paraná no estado de São Paulo 16 DESCRIÇÃO DOS PONTOS VISITADOS A viagem de campo foi dividida em vários pontos, os quais serão designados individualmente à seguir: PONTO 1: Museu de Rochas Heinz Ebert UNESP Rio Claro O primeiro ponto da viagem de campo foi dentro da UNESP campus Rio Claro, em museu dedicado de rochas, além de laboratório de geologia e paleontologia, que possui diversos espécimes de fósseis de várias eras geológicas. Dentro do laboratório, além de fósseis de Mesossaurus sp., répteis de porte médio abundantes na região sudeste de deposição sedimentar brasileira, troncos fósseis datados de milhões de anos, onde, através de corte sagital, foi possível observar os anéis de crescimento, que ditam a idade da árvore como também o clima da região onde a árvore habitava, se úmido ou seco, abundante ou escasso em alimento. Outros exemplares eram dentes de tigre dente de sabre, crânios de hominídeos que antecederam a aparição do Homo sapiens, como também crânio de Homo neanderthalensis, hominídeo que compartilhou a natureza como o Homo sapiens arcaico, antes do Homo sapiens sapiens, os seres humanos modernos. 17 Figura 4: Minerais do museu Figura 5: Fóssil e dentes de dinossauros 18 PONTO 2: Estrada entre Rio Claro e Ferraz Localização: 23K 0234548 UT 7536196 Altitude: 584 m O ponto, parte da borda nordeste da Bacia sedimentar do Paraná, participa da formação sedimentar conhecida como formação Corumbataí. O afloramento que catalogamos possuía altura de 2,90 metros, e era formado pelas camadas demonstradas abaixo: Figura 6: Coluna estratigráfica do local A formação Corumbataí, formada no período Permiano, pertenceu à um ambiente fluvial, característica bem representada pelo registro fóssil de Bivalves, animais que pertencem à ambientes fluviais. Os fósseis foram encontrados na camada de arenito, e a camada de siltito e argilito era estéril em relação a fósseis. A maioria dos fósseis eram impressões, tento do molde externo quanto do molde interno da concha dos bivalves. Solo – 40 centímetros Arenito silificado – 50 centímetros (Fóssil: Bivalve – Ferrasia cardinalis) Siltito – 2 metros Sem fósseis Presença de lentes brancas de argila 19 Figura 7: Estratigrafia com referência Figura 8: Fóssil de bivalve encontrado pelo grupo 20 PONTO 3: Parte-cal, distrito de Assistência Na pedreira parte-cal, encontramos a formação Irati, formação mais antiga do que a formação Corumbataí. Nesta formação, encontramos intercalações entre depósitos de folhelho betuminoso e calcário, em camadas escuras e claras. A formação dessa bacia sedimentar aconteceu durante as regressões e crescimento das geleiras, que encobriam completamente os corpos hídricos no inverno e regrediam no verão. Os depósitos claros e escuros são o reflexo destes ciclos do clima, a deposição de folhelho aconteceu durante o inverno, pela morte e deposição de matéria orgânica, enquanto que a deposição de calcário aconteceu pela entrada de minerais externos trazidos pela chuva ou vento. O ambiente deposicional é marinho raso para o calcário, profundo para o depósito de folhelho, o que demonstra que o nível do mar que cobria a região era bastante variável. É nesta formação que os fósseis de Mesossaurus são encontrados, considerados répteis que gostavam de viver em ambientes marinhos rasos. A fossilização se dava por substituição por sílica ou de impressão. Figura 9: Coluna estratigráfica. Formações Corumbataí e Irati Formação Corumbataí Formação Irati Intercalação entre folhelho e calcário Fósseis de Mesossaurus. 21 Figura 10: Estratigrafia com referência Figura 11: Estratigrafia com referência Figura 12: “Boneca” de silexito encontrada na pedreira 22 PONTO 4: Membro Taquaral No ponto de número 4, formação Irati do membro taquaral, observamos exemplares fósseis que recolhemos da porção de siltito arenoso de cor róseo, deposição da formação corumbataí. Neste afloramento de siltito arenoso, encontramos fósseis de filópodes, pequenos crustáceos ancestrais dos camarões, além de pequenas escamas de peixes. A distribuição das camadas neste ponto está esquematizada abaixo: Figura 13: Coluna estratigráfica. Formações Corumbataí e Irati Formação Irati – 18 metros Solo – 1 metro Formação Corumbataí – 4 metros Presença fósseis de Filópodes e escamas de peixes } 23 Figura 14: Retirada de siltito e fóssil Figura 15: Fóssil de artrópode e escamas de peixes coletados pelo grupo 24 Ponto 5: Formação Corumbataí – Rodovia Washington Luiz Localização:23K0236414; UTM916978 Altitude: 520m Neste ponto observamos a Formação Corumbataí (Permiano), a principal litologia dessa formação são os siltitos e argilitos cinza-avermelhados e arroxeados.Intercaladas a essas rochas mais finas, ocorrem também lentes e camadas de arenitos muito finos. Essa formação é a principal fornecedora da matéria-prima para as indústrias do pólo cerâmico da região. As evidências sedimentológicas e paleontológicas apontam para ambientes marinhos costeiros e pantanosos (principalmente dominados por marés) e eventualmente lacustres. O clima da época deveria ser mais quente e seco que aquele que reinava na época da geração dos sedimentos da Formação Irati. Lateralmente à Formação Corumbataí, podem ser encontrados sedimentos ligeiramente diferentes (mais maciços e acinzentados), que os geólogos denominam de Formação Serra Alta. Neste ponto os fosseis encontrados são escamas de peixes (paleonisiformes) de água doce de forma triangular ou polígono, fossilizados através do processo de impressão. Figura 16: Formação Corumbataí na Rodovia Washington Luiz 25 Ponto 6: Afloramento das três Eras Localização: 23K0227045; UTM7522365 Altitude: 638m O nome desse ponto deve-se a visualização de três formações de três Eras distintas. Formação Corumbataí (permiano da Era Paleozoica): De origem fluvial, com rochas de coloração arroxeada/avermelhada (siltitos), intercaladas com lentes de arenitos muito finos. Segundo Landim (1967), a formação pode ser dividida em duas porções: uma inferior, que é constituída por siltitos cinza escuros a pretos, argilitos e folhelhos acizentados ou arroxeados, de estrutura maciça e exibindo fraturas conchóides; outra superior, com rochas de coloração vermelha arroxeada, que caracteriza-se pela intercalação de argilitos, siltitos, arenitos finos e coquinas. Schneider et. al. (1974) consideram que a porção inferior da formação teria se formado em um ambiente marinho de águas calmas, depositado abaixo no nível de ação das ondas. Já a porção superior indica uma transição de ambiente marinho profundo para um ambiente mais raso e agitado. Formação Pirambóia (triássico da Era Mesozóica): Essa formação é caracterizada pela presença de arenitos finos e médios, com níveis conglomeráticos, principalmente na base, de coloração avermelhada, com estratificações cruzadas geradas por ventos e correntes aquosas em ambiente continentais no isso do Mesozóico. Nessa formação não encontram-se fosseis de nenhum tipo. A Formação Pirambóia assenta-se discordantemente sobre a Formação Corumbataí. Formação Rio Claro (Era Cenozóica): É uma formação caracterizada pela presença de arenitos imaturos/mal selecionados, de origem fluvial, de alta energia, de cor areia café, com esparsas intercalações de lamitos; a porção basal apresenta, em geral, nível conglomerático, com seixos arredondados predominantemente de quartzitos. Sobrepõe-se, em contato discordante, às 26 Formações Pirambóia e Corumbataí na região de Rio Claro. É possível encontrar alguns fosseis como espinhas de peixes. Pode-se observar grandes mudanças climáticas, no meio do Permiano, havia um nível do mar mais alto e uma região de marinho raso, onde viviam os dinossauros. Depois no Permiano Superior virou a Formação do Corumbataí, onde todo o mar recuou deixando uma região de rios próximos do mar, por isso verifica-se grandes quantidades de fósseis peixes e bivalves de água doce que caiu na região que o mar recuou. Entrando no Triássico, o recuo do mar aumentou e toda a área de rios virou uma região de dunas que é a Formação Pirambóia. Na região próxima a São Carlos tem-se a Formação Botucatu, região desértica, origem dessa unidade está ligada aos desertos que cobriram a região sul/sudeste do Brasil ao final do Jurássico/início do Cretáceo. Sendo a principal formadora do “Aquífero Guarani”. Figura 17: Estratigrafia Ponto 7: Afloramento de arenitos e conglomerados da Formação Rio Claro (Era Cenozoica – Pleistoceno) Localização: 23K0227151; UTM7522361 Altitude: 652m Na escala de tempo geológico, o Pleistoceno é a época do período Quaternário da era Cenozoica e está compreendida entre 27 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás, abrangendo o período recente no mundo de glaciações repetidas. Sucedendo a um grande intervalo de profundas modificações (tectonismo e erosões), no Cenozoico (Terciário e/ou Quaternário), deu-se a deposição da Formação Rio Claro. Esta unidade repousa em discordância sobre diferentes unidades estratigráficas. As areias da Formação Rio Claro são bastante úteis na construção civil e na indústria de vidro e de moldes de fundição, havendo grandes explorações. É também comum o aproveitamento de água subterrânea nesta formação. Ponto 8: Afloramento de paleo dunas da Formação Pirambóia, compostas por arenitos bem selecionados e de grãos foscos com presença de grandes estratificações cruzadas (Era Mesozóica – Triássico) = Estrada de Ipeuna – Charqueda Localização: 23K0218364; UTM7511851 Altitude: 580m Figura 18: Afloramento de paleo dunas da Formação Pirambóia Ponto 9: Visita ao Parque do Varvito em Itu-SP, pertencente a Formação Itararé (Carbonífero Superior a Permiano Inferior) = Rocha observada: varvito e evidências de depósitos glaciais. Fósseis: icnofósseis (pistas) de invertebrados bentônicos aquáticos. Coordenadas: 23°16'3"S 47°19'12"W Altitude: 601 m 28 Figura 19: Localização do Parque do Varvito – Itu (SP) O Parque do Varvito situa-se no município de Itu, estado de São Paulo, tendo sido inaugurado em 23 de julho de 1995. Ele se tornou importante para a datação geológica e ambiental, é o único monumento que determina esse tempo geológico, pois expõe aos visitantes e pesquisadores a sua principal rocha, denominada Varvito. Varvito é uma rocha sedimentar, formada com sazonamento (variação climática), ele é composto por varves, que são as camadas sedimentares com 1 ano de exposição, intercalando entre uma clara e outra escura, sendo que a escura possui lentes de argila silton negra. Esta rocha é do Grupo Itararé, da Bacia do Paraná. Sua formação se deu há 300m.a., quando ocorreu a grande glaciação, no final do carbonífero entrando no permiano. No inverno havia o congelamento dos corpos de água, assim o que se depositava no fundo do lago eram as argilas ou silte, que são partículas mais finas, nesta camada formou-se laminas mais escuras e delgadas, denominadas de folhelhos. Sendo assim, observa-se que a variação de espessura se da pela mudança climática. No verão as camadas são compostas de areia, são mais claras, porosas e ásperas, no entanto no inverno são compostas de argila, são mais escuras e finas. As duas camadas correspondem a 1 ano, ou seja, 300 pares de varves correspondem a 300 anos. 29 As camadas vão tornando-se mais finas conforme vão se aproximando da superfície, ou seja, as varves mais recentes são menos espessas que as mais antigas. Esse padrão pode ser explicado se considerarmos que, ao longo dos anos , a geleira foi recuando, levando uma quantia cada vez menor de sedimentos para o lago. No varvito há marcas de ondas, que ficaram mais evidentes com a presença de vento. Foram encontrados nessa rocha microfósseis, muitos icnofósseis, que são mais comuns na camada de argila, e organismos bentônicos. Os vestígios aparecem na forma de traços finos e alongados, cruzando- se sobre a camada de sedimentos - geralmente a mais clara, formada durante os meses quentes, quando a vida no lago poderia ser mais ativa. São marcas deixadas pela movimentação das patas ou corpos dos animais. Figura 20: Vestígios deixados pela movimentação de corpos dos animais30 Ponto 10: Visita ao Parque da Rocha Moutonnée em Salto-SP. Observação da rocha granítica que corresponde ao embasamento da Bacia Sedimentar do Paraná. Observações da rocha granítica polida e das estrias que indicam as movimentações das geleiras no antigo continente Gondwana entre 270 e 350 M.a Coordenadas: 23º 12’ 35.93" S, 47º 18’ 11.16" W Altitude: 544 m Figura 21: Localização do Parque da Rocha Mountonnée – Salto (SP) Descoberta em 1946 a rocha mountonnèe é uma feição criada sobre uma superfície rochosa e causada por abrasão glacial, ou seja, pela erosão da superfície da rocha pela passagem de uma geleira que erode esta rocha, formando um perfil assimétrico, menos inclinada no sentido de movimentação da geleira. O nome "Moutonnée" deriva da palavra francesa "mouton" que significa carneiro devido a seu formato parcialmente arredondado. É o único exemplar conhecido na Bacia do Paraná e foi gerado sobre uma formação de granito pela grande glaciação que ocorreu no hemisfério sul durante a Era Paleozoica, entre 270 e 350 milhões de anos atrás. A datação do granito que compõe a rocha é de 600 milhões de ano e ocorre devido a solidificação do magma. É a única evidencia do período de glaciação na era paleozoica, pois quando formou geleira, essa passou pelo 31 granito e poliu a rocha deixando marcas que são de aproximadamente 270 milhões de anos. Após esse período, por volat de 250 milhões de anos ocorreu extinções em massa por erupções vulcânicas. Existe apenas mais um exemplar desse tipo de rocha que é encontrado na Austrália A descoberta da rocha moutonnée forneceu definitiva evidência a favor da origem glacial dos diamictitos e rochas associadas do Subgrupo Itararé e sobre o sentido do movimento da geleira neopaleozóica na parte norte da Bacia do Paraná. Figura 22: Rocha Moutonnée Podemos concluir então que as marcas de glaciação presente no granito tem mais idade que os dinossauros e ainda mais velha que os vestígios da presença humana que são aproximadamente de 12 mil anos. 32 Ponto 11: Visita ao Parque e aos Morros do Cuscuzeiro e do Camelo em Analândia – SP. Esse morro testemunho possui cerca de 900 metros de altura, e desse, por volta de 50 metros são verticais, formados pela formação Itaqueri, Botucatu e Serra Geral Coordenadas: 22°7'5"S 47°41'41"W Altitude: 900m As rochas que compõem o Morro do Cuscuzeiro, o arenito, fazem parte de uma formação estratigráfica chamada de Formação Botucatu, datada de mais ou menos 150 milhões de anos atrás. Nesta época (Jurássico) a América do Sul e a África ainda estavam unidas e pelo efeito de continentalidade, a região da bacia do Paraná era um imenso deserto de dunas de areia. Essas dunas deram origem ao arenito, uma rocha sedimentar onde os grãos tem tamanho de areia. Essas dunas são observadas nos perfis, pois a rocha apresenta a estratificação cruzada, seguindo a superfície das paleo dunas. Figura 23: Morro do Cuscuzeiro. Formação Botucatu 33 CONCLUSÃO O trabalho de campo realizado nos permitiu fazer interpretações paleo ambientais, conhecer as definições de bacias sedimentares, conhecer registros fósseis da Bacia do Paraná, aprender técnicas de trabalho de campo e coleta de fósseis, além de conhecer os principais afloramentos de sítios fossilíferos da Bacia do Paraná na região de Itapeúna e Piracicaba-SP, acrescentando conhecimento prático às referências teóricas obtidas em laboratório e sala de aula. 34 REFERÊNCIAS http://3.bp.blogspot.com/YN1chemkU2c/U1ffL8l5QmI/AAAAAAAAADo/P QxtMxKD3Mo/s1600/Morro+Camelo.JPG acessado em: 15/02/2017 http://analandia.sp.gov.br/imagens/noticias/vivenciaCarnaval1.jpg acessado em: 15/02/2017 http://ceapla2.rc.unesp.br/atlas/geologia.php acessado em: 14/02/2017 http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/92931/zaine_je_me_rc la.pdf?sequence=1 acessado em: 14/02/2017 http://www.guiadoturista.com.br/wp- content/uploads/galerias/analandia/morro-do-cuzcuzeiro---leonardo-pallotta.jpg acessado em: 15/02/2017 https://productforums.google.com/forum/#!msg/gec-nature- science/UGwihIUSvVY/kJlCaBSXr5AJ acessado em: 14/02/2017 https://www.researchgate.net/profile/Alessandro_Batezelli/publication/28 2026195/figure/fig2/AS:391512140599305@1470355176896/Figura-2-Coluna- estratigrafica-da-Bacia-do-Parana-na-regiao-de-Rio-Claro-destaque-em.jpg acessado em: 14/02/2017 SCHNEIDER, R. L.; MÜHLMANN, H.; TOMMASI, E.; MEDEIROS, R. A.; DAEMON, R. F.; NOGUEIRA, A. A. Revisão estratigráfica da Bacia do Paraná. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 28., 1974, Porto Alegre. Anais do... São Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia, 1974. 35 ANEXOS Amostra nº 1 Litologia: Arenito Classificação filogenética Reino: Animalia Filo: Mollusca Tipo de fossilização: Molde interno e externo, contra-molde Paleoambiente: Marinho raso Paleoclima: Tropical Amostra nº 2 Litologia: Folhelho Classificação filogenética Reino: Animalia Filo: Chordata Tipo de fossilização: Substituição e impressão Paleoambiente: Marinho raso Paleoclima: Tropical 36 Amostra nº 3 Litologia: Siltitos Classificação filogenética Reino: Animalia Filo: Arthropoda Tipo de fossilização: Impressão Paleoambiente: Marinho raso Paleoclima: Tropical Amostra nº 4 Litologia: Siltitos Classificação filogenética Reino: Animalia Filo: Chordata Tipo de fossilização: Impressão Paleoambiente: Marinho raso Paleoclima: Tropical