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ELABORADO POR: CÁSSIMO BARTOLOMEU 84 361 0384 OU 86 740 4328 1 1. SACAROLEOS LÍQUIDOS Chamaremos sacaróleos líquidos às preparações farmacêuticas líquidas, cujo veículo é a água purificada (destilada ou desmineralizada), contendo uma elevada concentração de açúcares, como a sacarose, glucose e levulose, os quais lhes conferem propriedades edulcorantes e conservantes. Aos sacaróleos constituídos com sacarose podem ser adicionados outros poliálcoois, como a glicerina ou o sorbitol, para retardar a cristalização da sacarose e aumentar a solubilidade de fármacos e adjuvantes. 1.1.XAROPES 1.1.1. Definição e Generalidades Os xaropes são preparações farmacêuticas aquosas, límpidas, que contêm um açúcar, como a sacarose, em concentração próxima da saturação. Esse açúcar, além de conferir certo valor energético ao xarope, desempenha as funções de edulcorante e de conservante. efetivamente, a sacarose é extremamente doce e a glucose e levulose são, também, poderosos edulcorantes. Paralelamente obtém-se um líquido de constante dielétrica bastante mais baixa que a da água o que tem inegáveis vantagens em termos de dissolução de certos fármacos. Os xaropes conservam-se bem devido ao facto de serem soluções hipertónicas, já que os açúcares constituintes se encontram numa concentração próxima da saturação, as quais atuam como desidratantes para os microrganismos que sofrem plasmólise e se acham, assim, inibidos de se reproduzirem. Uma outra interessante propriedade dos xaropes é a sua elevada viscosidade, característica que atenua ou impede o aparecimento de turvações ou precipitações ocasionadas por reação ou pela fraca solubilidade dos fármacos que possa conter. Há, fundamentalmente, duas espécies de xaropes — os medicamentosos e aqueles; que apenas funcionam como simples veículos para fármacos ou medicamentos, como o xarope comum ou simples, o xarope de goma e alguns xaropes de sucos, ou outros aromatizantes. Tanto os xaropes medicamentosos como os xaropes utilizados como simples veículo devem corresponder a soluções saturadas, ou aquosa, de açúcares. As soluções saturadas de sacarose conseguem-se dissolvendo cerca de 2/3 partes de açúcar em 1/3 parte de água. Isto corresponde, sensivelmente, a 65 g de açúcar por 35 g de água, o que equivale a uma solução de densidade 1,32, a 15-20°C. A glucose é menos solúvel do que a sacarose, atingindo-se a saturação com 50 g dissolvidos em 50 g de água. 1.1.2. Preparação dos Xaropes Essencialmente, para preparar um xarope há necessidade de dissolver o açúcar na água (xarope simples) ou em soluções medicamentosas (soluções salinas, soluções de fármacos orgânicos, digestos, infusos, macerados, hidrolatos, sucos, etc.). Embora seja o processo fundamental, pois os xaropes correntes são assim preparados, podem obter-se xaropes medicamentosos por dissolução de tinturas, extratos e fármacos variados num xarope comum. Recordemos mesmo que determinados compostos podem dissolver-se melhor num xarope simples do que na água, como sucede com o ácido p-aminobenzóico, fenobarbital, quinina, sulfanilamida, etc. Tal facto deve-se a que o xarope comum apresenta uma constante dielétrica de 60, valor mais próximo das exigências dieléctricas desses compostos do que a água, cujo poder indutor específico é de 80. ELABORADO POR: CÁSSIMO BARTOLOMEU 84 361 0384 OU 86 740 4328 2 A dissolução do açúcar para a obtenção de um xarope pode efectuar-se a frio ou a quente. A preparação a frio origina xarope simples menos corado, havendo, em regra, menor hidrólise da sacarose. Contudo, numa preparação a frio não se destroem as formas microrgânicas vivas existentes, provenientes da água ou da sacarose. Assim, podem encontrar-se, em xaropes preparados a frio, certos fungos dos géneros Penicil-lium e Aspcrgillus, além de algas, bactérias e leveduras. A preparação a quente pode levar à obtenção de xarope simples mais amarelo, o que se deve, principalmente, à caramelização do açúcar. Para alguma esta transformação corresponde à hidrólise da sacarose, a qual é tanto mais acentuada, quanto mais alta for a temperatura e mais demorado o aquecimento. Entretanto, o aquecimento apresenta vantagens não só no que se refere à rapidez de dissolução do açúcar, mas também porque actua como uma esterilização e porque elimina o anidrido carbónico que se encontre dissolvido na água, o qual é prejudicial por facilitar a hidrólise da sacarose. Em face das vantagens e inconvenientes apresentados pêlos dois métodos referidos, é hábito recorrer-se à preparação a frio, sempre que se deseja um xarope incolor. A dissolução a frio pode auxiliar-se por agitação constante ou intermitente do açúcar na água, sendo corrente o uso de agitadores mecânicos. Um processo de facilitar a dissolução consiste em lixiviar o açúcar (açúcar candi) com água, havendo aparelhos adequados para o efeito, a que se dá o nome de sacarolizadores. 1.1.3. Alterações dos Xaropes São numerosos os factores que podem desencadear a alteração dos xaropes: agentes atmosféricos (acção do oxigénio e do anidrido carbónico); aquecimento (facilita a hidrólise e a caramelização da sacarose; pode destruir os fármacos); exposição à luz (alteração dos fármacos por efeito das radiações ultravioleta; catálises diversas); reações internas (hidrólise da sacarose devida a pH não adequado, com precipitação de açúcar invertido); interação dou componentes do xarope (reação entre os fármacos, adjuvantes e sacarose) e proliferação microbiana. Esta última alteração é, sem dúvida, uma das mais importantes pois toma os xaropes sépticos e, eventualmente, origina decomposições químicas de várias ordens. Por outro lado, uma proliferação microbiana corresponde a um estado anormal num xarope, que, como já vimos, deve ser uma solução de tal modo hipertónica que impede o desenvolvimento dos microrganismos. Acontece, porém, que muitos xaropes apresentam inquinações criptogâmicas, o que pode atribuir-se ao facto de se encontrarem diluídos ou porque certos microrganismos encontram aí verdadeiros "factores de crescimento" específicos. 1.1.4. Ensaio dos Xaropes O ensaio dos xaropes consiste em verificar os seus caracteres organolépticos, físicos e químicos e em pesquisar as falsificações mais correntes. 1.1.4.1.Caracteres organoléticos Os xaropes devem apresentar-se límpidos, viscosos e com sabor agradável. Não devem ter cheiro repugnante, designadamente a ácidos sulfídrico ou acético. 1.1.4.2.Caracteres físicos As três características físicas mais importantes dos xaropes são a viscosidade, propriedades polarimétricas c densidade. ELABORADO POR: CÁSSIMO BARTOLOMEU 84 361 0384 OU 86 740 4328 3 A viscosidade a 20°C anda próxima de 190 Pa.s , valor exato para o xarope comum. O ensaio polarimétrico, a 20°C, de uma diluição ao décimo do xarope comum em água destilada, revela uma desvio rotatório entre + 8 U ,26 e + 8°,50. Após a inversão, a mesma solução apresenta um desvio compreendido entre — 2°,26 e — 2°,34, A densidade dos xaropes é bastante elevada, devendo ser de 1,32 a 15-20°C e de 1,26, quando determinada à ebulição, que deve verificar-se à temperatura de 105°C . Na prática estes números, rígidos para o xarope comum, variam ligeiramente em outros xaropes. No caso de uma solução xaroposa, constituída apenas por sacarose e água, pode estabelecer-se que, a 15°C, uma concentração de sacarose compreendida entre 61-66% ocasiona uma densidade de 1,30-1,33; para uma concentração de 65,01 % a densidade deve ser rigorosamente igual a 1,32 e para 63,36 % a densidade baixará para 1,31. Isto significa que uma variação de 0,01 na densidade corresponde a uma variação de 1,63 % nu conteúdo em sacarose 1.1.4.3.Caracteres químicos Entre as determinações químicas a efetuar num xarope conta-se a avaliação do teor desacarose e de açúcar invertido. Determina-se, primeiramente, a percentagem de açúcar invertido, para o que se recorre ao método de Fehling ou suas variantes. Hidrolisa-se, depois, a sacarose, por aquecimento de outra amostra de xarope, em meio clorídrico, durante l hora. A diferença de açúcares redutores nos dois ensaios, expressa em sacarose, indica a quantidade deste açúcar 1.1.5. Acondicionamento Os xaropes são dispensados em frascos, geralmente de vidro, os quais são vedados com rolhas de cortiça, material plástico ou tampas metálicas. Neste último caso, a tampa que se enrosca no bucal do frasco possui um vedante (corticite, cortiça, revestida por papel impermeabilizado, polietileno, cloreto de polivinilo, etc.). 2. MELITOS Os melitos são preparações líquidas apresentando uma consistência xaroposa, que é devida à grande percentagem de mel que contêm, o qual se encontra dissolvido num veículo aquoso. Preparam-se por dissolução do mel em água (melito simples) ou numa solução aquosa, seguindo-se a clarificação, normalmente feita com pasta de papel, adjuvando-se ou não o processo com adsorventes, como o caulino, o carbonato de magnésio ou o carbonato de cálcio (fixação de vestígios de cera que pode aparecer como impureza do mel). A densidade dos melitos, a 15°C, é de 1,32 e à ebulição é de 1,26.
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