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TECNOLOGIA I

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Prévia do material em texto

República de Moçambique 
Ministério da Saúde 
Direcção de Recursos Humanos - Departamento de Formação 
 
 
 
 
  TECNOLOGIAS 
FARMACÊUTICAS  
I  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
© 2011. Ministério da Saúde. 
Esta publicação do Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU) foi realizada com apoio da Agência de  Cooperação 
Internacional do Japão (JICA) 
ção total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. É permitida a reprodu
ª edição – Ano 2011 1
 
Elaboração, distribuição e informações: 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
os Direcção de Recursos Human
Departamento de Formação 
nvolvimento Curricular (RPDC) Repartição de Planificação e Dese
ondlane, 4º andar Av. Eduardo M
aputo – MZ M
 
 
Coordenação 
o) Lucy Sayuri Ito (JBPP/DRH ­ Departamento de Formaçã
Ermelinda Notiço (DRH ‐ Departamento de Formação) 
Suraia Mussa Nanlá (Instituto de Ciência da Saúde – Maputo) 
 
Créditos 
ção Mabeia  Reinaldo da Encarna
uraia Mussa Nanlá  S
 
Colaboradores 
andes  Ana Cristina Fern
Chambe Alberto 
               
Revisor de português: Ermelinda Notiço (DRH‐ Departamento de Formação) 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
PREFÁCIO 
 
O presente manual  foi  concebido para dar apoio aos docentes e estudantes de modo a permitir 
melhor compreensão dos conteúdos que nele constam. 
O  manual  caracteriza‐se  por  abordar  de  forma  integrada  as  matérias  respeitantes  a  cada  uma 
delas.  É  evidente  que  não  foi  tarefa  fácil  preparar  esta  versão  do  nosso  manual,  a  qual  foi 
organizada  segundo  uma  estrutura  que  obedeceu  a  sequência  do  currículo  recentemente 
aprovado,  e    por  continuarmos  a  pensar  que  este manual  se  destina  não  só  aos  docentes mas 
também aos estudantes; 
Porque neste mundo nada é perfeito, estamos conscientes de que também este manual não escapa 
a essa regra, por  isso,  receberemos com muito agrado,  todas as críticas e sugestões  tendentes a 
 proporcionada. melhorá‐la em futuras edições, se tal eventualidade nos for
Salientamos que este é o primeiro manual a ser elaborado. 
Resta‐nos  agradecer  à  JICA  o  imprescindível  apoio  para  que,  mais  uma  vez,  pudéssemos 
concretizar um projecto que há muito tempo ambicionávamos tornar realidade. 
 
4 
 
ÍNDICE                                                                                         PÁGINA 
 
CAPÍTULO I.  TECNOLOGIA FARMACÊUTICA.............................................................................................................. 5 
CAPÍTULO II.  MEDICAMENTOS ................................................................................................................................. 8 
CAPÍTULO III. PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS....................................................................................................... 11 
CAPÍTULO IV. SOLUÇÕES ......................................................................................................................................... 13 
CAPÍTULO V.  XAROPES............................................................................................................................................ 17 
CAPÍTULO VI.  ALCOÓLEOS ...................................................................................................................................... 21 
CAPÍTULO VII. TINTURAS ......................................................................................................................................... 22 
CAPÍTULO VIII. GLICERÓLEOS .................................................................................................................................. 27 
CAPÍTULO IX.1. ENÓLEO OU VINHOS MEDICINAIS .................................................................................................. 29 
CAPÍTULO IX.2. ACETÓLEOS OU VINAGRES MEDICINAIS......................................................................................... 29 
CAPÍTULO X. EXTRACTOS......................................................................................................................................... 30 
CAPÍTULO XI.  ÁGUA DESTILADA OU HIDROLATOS ................................................................................................. 33 
CAPÍTULO XII.  ALCOOLATOS OU ESPÍRITOS............................................................................................................ 35 
CAPÍTULO XIII.  EMULSÕES ...................................................................................................................................... 36 
CAPÍTULO XIV.  SUSPENSÕES................................................................................................................................... 38 
CAPÍTULO XVI.  PASTAS ........................................................................................................................................... 51 
CAPÍTULO XVII.  LINIMENTOS .................................................................................................................................. 53 
CAPÍTULO XVIII.  LOÇÕES......................................................................................................................................... 54 
CAPÍTULO XIX. SABÕES ............................................................................................................................................ 56 
CAPÍTULO XX. EMPLASTROS E ESPARADAPOS ........................................................................................................ 58 
CAPÍTULO XXI.  AEROSSÓIS...................................................................................................................................... 60 
CAPÍTULO XXI.  AEROSSÓIS...................................................................................................................................... 61 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................................... 63 
 
5 
 
CAPÍTULO I.  TECNOLOGIA FARMACÊUTICA  
DEFINIÇÃO  
A  Tecnologia  Farmacêutica  é  uma  ciência  de  aplicação,  tendo  como  principal  finalidade  a 
obtenção de preparações farmacêuticas, também chamadas medicamentos que devem ser dotadas 
de máxima actividade, doseados com maior precisão e que se devem apresentar com uma forma 
de fácil conservação e administração. A Tecnologia Farmacêutica estuda, investiga e transforma os 
produtos  naturais  (vegetais,  animais  e  minerais)  em  medicamentos.  Estes  produtos  naturais 
podem  ser  obtidos  por  síntese,  por  processos  biotecnológicos,  para  torná‐los  capazes  de  serem 
administrados  aos  seres  vivos  na  profilaxia,  cura  ou  no  diagnóstico  de  várias  doenças.  Os 
medicamentos obtidos por Tecnologia Farmacêutica apresentam‐se sob diferentes e várias formas 
que se chamam formas farmacêuticas. 
As  fórmulas  farmacêuticas  resultam da  aplicação  de  diversas  operações  farmacêuticas  sobre  as 
substâncias  medicamentosas  com  finalidades  de  facilitar  a  posologia,  doses,  administração, 
assegurar a acção que se deseja e mascarar algumas características organolépticas. 
Existem diversos  tipos de  formas  farmacêuticas ou  formas galênicas, como por exemplo, os pós, 
comprimidos, xaropes, pomadas, óvulos, supositórios, colírios e outras mais…. 
A Tecnologia  Farmacêutica  recorre  a  outras  ciências  para  tornar  possível  a  realização  dos  seus 
objectivos, como a Física, Química, Biologia, Farmacognósia, Farmacologia. Por isso o farmacêutico 
ou  outro  cientista  que  usa  ou  trabalha  com  esta  ciência,  deve  possuir  uma  solidez  na  cultura 
científica, abrangendo noções exactas sobre o conhecimento das matérias ‐primas utilizadas, sua 
compatibilidade e estabilidade, bem como as respectivas acções farmacológicas. 
Os medicamentos devem ser bem verificados para garantir a sua potência inicial e determinar o 
grau de destruição das suas substânciasactivas ao longo do tempo. 
Na  prática,  considera‐se  que  um  medicamento  perdeu  a  sua  validade  quando  tiverem  sido 
destruídos mais de 10 ou 15% das suas substâncias activas e quando tiver deixado de respeitar 
outras  especificações  consideradas  fundamentais.  Este  período  durante  o  qual  se  processaram 
estas alterações chama‐se prazo de validade de um medicamento e não deve ser superior a cinco 
anos. 
 
OBJECTIVOS  
6 
obter maior  ficácia terapêu ica e segurança na manipulação. 
Dois  ramos  mais  recentes  desta  ciência:  a  Biofarmácia,  Biofarmacotécnia  ou  Biogalênica  e  a 
Farmácia Clínica. A primeira  tem como  finalidade determinar as  relações entre as propriedades 
físico‐químicas  dos  fármacos,  a  sua  forma  de  administração  e  os  efeitos  biológicos  observados, 
constituindo uma ciência de extraordinário interesse, pois o mesmo fármaco pode ter uma acção 
mais ou menos potente e eficaz consoante as propriedades físico‐químicas que lhe são próprias e o 
modo  como  foi  transformado  em  medicamento.  No  que  diz  respeito  à  Farmácia  Clínica,  é  de 
 
Preparar,  conservar,  acondicionar  e  dispensar  medicamentos  doseados  com  maior  precisão  e 
apresentados sob uma forma que facilita a sua administração e biodisponibilidade. 
Em suma, a Tecnologia Farmacêutica estuda os métodos racionais e científicos para a preparação 
das  formas  farmacêuticas,  o  modo  de  associar  as  substâncias  medicamentosas,  as 
incompatibilidades  que  se  podem  originar  entre  estas  substâncias  medicamentosas  e  a 
conservação das fórmulas preparadas. 
 
EVOLUÇÃO  
Durante  muitos  anos  as  substâncias  medicamentosas  que  o  homem  dispunha  eram 
t  aexclusivamente consti uídas por produtos de natureza nimal, vegetal ou mineral. 
Posteriormente,  com  o  isolamento  das  substâncias  activas,  o  homem  teve  a  tentação  de  os 
substituir à droga. Este critério nem sempre foi acertado, dado que cada droga pode conter mais 
do que uma dessas substâncias; quantas vezes reforçados ou compensados na acção farmacológica 
apresentada pelos outros. São numerosos os exemplos do que se acaba de dizer, mas tal assunto é 
do domínio da farmacognósia. 
São em elevado número, as drogas que não devem ser substituídos pelas chamadas substâncias 
activas,  também  são  numerosos  os  exemplos  em  contrário.  Razões  de  ordem  econômica  e  de 
facilidade de preparação, têm levado à substituição quase sistemática das antigas fórmulas a partir 
da droga pelos seus componentes principais isolados ou obtidos por síntese. 
Esta é a tendência da Tecnologia Farmacêutica que é cada vez mais acentuada, em parte justificada, 
da necessidade de preparação de medicamentos estáveis durante o maior período possível e mais 
facilmente  administráveis.  Ainda pode‐se mencionar  as  tendências mais  recentes  da Tecnologia 
Farmacêutica ao serviço da preparação de medicamentos concebidos e estudados com o fim de se 
e t
7 
 
salientar  a  sua  importância,  pois  o  aparecimento  de  novos  fármacos,  cada  vez  mais  potentes, 
obriga a cuidados particulares, no que respeita a incompatibilidades físicas, químicas ou biológicas 
a  que  podem  dar  origem.  Esta  definição  de  Farmácia  Clínica  tem  evoluído  nos  últimos  anos  e 
corresponde actualmente a um novo conceito da própria prática farmacêutica. 
O exercício da Farmácia Clínica não se limita só aos aspectos biofarmacêuticos e terapêuticos do 
medicamento, mas inclui também todo o contributo do farmacêutico para a correcta utilização do 
medicamento,  desde  a  sua  concepção  e  preparação  até  à  avaliação da  qualidade,  conservação  e 
spensa ao doente. di
A Farmacovigilância é um outro capítulo da actividade farmacêutica exercida a nível ambulatório 
ou hospitalar, competindo‐lhe  ``toda a actividade tendente a obter  indicações sistemáticas sobre 
ligações de casualidade provável entre medicamentos e reacções adversas ``. 
É  esta,  pois,  a  evolução  natural  da  Tecnologia  Farmacêutica,  que,  de  arte  servindo‐se  do 
empirismo,  passou  a  ciência  complexa  e  multifacetada,  começando  por  todo  o  mundo  a  ser 
encarada  e  orientada  em  bases  completamente  novas,  em  que  a  preparação  do  medicamento 
nunca pode ser apreciada independentemente do fim que dele se pretende. Há ainda muito a ser 
investigado  neste  sentido,  até  se  atingir  um  equilíbrio  entre  as  formulações  tradicionais  e 
surgimento de novos dados e  teorias que não valorizam a experiência das gerações passadas. O 
exemplo disso é o aparecimento de formulações galênicas não tradicionais, como as preparações 
farmacêuticas  de  libertação  controlada  e  os  novos  sistemas  terapêuticos  que  constituem 
variedades daquela (libertação controlada). 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
CAPÍTULO II.  MEDICAMENTOS 
DEFINIÇÕES 
Drogas:    São  produtos  de  natureza  animal,  vegetal  ou  mineral,  empregados  na  preparação  de 
medicamentos. Também pode‐se designar por droga ao produto simples ou complexo que pode 
servir como matér ‐ a  ia prim  de uso farmacêutico, químico, etc.
Matéria­prima:  É  toda  substância  activa,  ou  não,  que  se  empregada  na  produção  dum 
medicamento,  quer  permaneça  inalterável,  quer  se  modifique  ou  desapareça  no  decurso  do 
processo. 
Fármaco:  É toda a droga utilizada em Farmácias e dotada de acção farmacológica, ou, pelo menos, 
de  interesse  médico.  Entretanto,  não  se  devem  considerar  como  fármaco  as  drogas  inertes 
empregadas  em  farmácia,  como  excipiente  duma  preparação.  Assim,  as  drogas  e  os  fármacos 
constituem as matérias‐primas para obtenção de medicamentos. 
Medicamento:  O químico, o galênico e o médico apreciam o termo medicamento de acordo com 
a  sua  especialidade,  não  considerando  com  relevância  os  sectores  de  outros  especialistas.  A 
Farmácia Galênica define de várias maneiras o termo medicamento, por exemplo: 
Medicamento: é  toda a substância que administrada convenientemente no organismo é capaz de 
aliviar ou curar o seu estado patológico. 
Medicamento: é  qualquer  substância  simples  ou  complexa  que  aplicada no  interior  do  corpo do 
homem ou do animal pode produzir efeito curativo ou preventivo. 
edicamento: é a substância ou conjunto de substâncias que se administram com fins terapêuticos.  M
 
Deve‐se concluir que, de modo geral, o medicamento pode apresentar  três  finalidades distintas: 
tratamento, profilaxia e diagnóstico das doenças. 
 
Remédio e medicamento: Remédio é um meio usado com o fim de prevenir ou de curar doenças. 
Assim o remédio não é só o medicamento mas também um agente de natureza física ou psíquica a 
que se recorre na terapêutica. Há no entanto tipos de remédios que não podem ser considerados 
como medicamentos: Aeroterapia ou Climatoterapia, Helioterapia, Radioterapia, Termoterapia, etc.  
CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS 
9 
 
Uma das classificações mais intuitivas dos medicamentos é a que se refere, primeiro, à sua divisão 
 e compostos, segundo se eles são preparados a partir de um ou de vários fármacos. em: simples
Exemplos: Medicamentos simples: um pó de ópio, uma pomada de cânfora 
                   Medicamentos  compostos:  um  pó  com  ipeca,  um  comprimido  de  ácido  salicilico  com 
afeína. c
 
Os  medicamentos  também  podem  ser  classificados  segundo  a  sua  forma  de  uso,  via  de 
administração: medicamento de uso interno medicamento para o uso externo. 
Uso interno: Os que destinam a  ser administrado no  interior do organismo por via bucal, pelas 
cavidades  naturais  ou  acidentais  como:  via  oral,  via  rectal,  vaginal,  nasal,  auricular,  parenteral, 
traqueopulmonar. 
Uso  externo:  Medicamentos  de  exclusiva  aplicação  na  superfície  do  corpo  ou  em  mucosas 
facilmente  acessíveis  do  exterior.  Os medicamentos  também  podem  classificar‐se  em:oficinais, 
Magistrais e Especializados. 
a) Medicamentos oficinais:  são aqueles cuja fórmula se encontra oficializada nas Farmacopéias. 
b) Medicamentos Magistrais: são aqueles que não estão  inscritos nas Farmacopéias  e que  são 
preparados pelo farmacêutico na sua oficina (laboratório) segundo as indicações expressas numa 
prescrição médica. 
c) Medicamentos Manipulados:  são todos medicamentos preparados numa farmácia de oficina. 
Os medicamentos manipulados abrangem medicamentos oficinais e medicam s aento  m gistrais. 
d)  Medicamentos  especializados  ou  Especialidades  Farmacêuticas:  são  as  preparações 
farmacêuticas  apresentadas  no  mercado  em  embalagem  própria,  destinada  a  ser  entregue  ao 
consumidor e com uma designação ou marca privativa. 
e) Medicamentos Similares (genéricos): são preparações  farmacêuticas  iguais  ou  idênticas  às 
especialidades que podem ser produzidas em série, mas que não  têm outra designação que não 
seja o nome ou nomes do fármaco ou fármacos constituintes. 
 
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO 
10 
 
O médico prescritor do medicamento deve indicar na prescrição médica o modo e frequência de 
administração  do  medicamento.  Se  for  destinado  ao  uso  externo  deve  ser  bem  assinalado.  O 
Farmacêutico deve assinalar o  facto no Rótulo do medicamento,  como: uso externo; para  tomar 
com colher de sopa; tomar com colher de chá ou colher de café, conforme a indicação médica; para 
usar  como gargarejo; para  fricção; para  colutório, para  inalação, para uso ocular;  agite antes de 
usar; etc.  
 
PRAZO DE VALIDADE DE MEDICAMENTO 
Os  medicamentos  devem  ser  verificados  de  modo  que  se  garanta  a  sua  potência  inicial  e  se 
determine  o  seu  grau  de  destruição  das  suas  substâncias  activas  com  o  tempo.  Por  isso  uma 
preparação  farmacêutica  não  está  eternamente  apta  a  ser  utilizada.  Portanto,  após  um  período 
mais ou menos longo, e dependendo também do processo da sua conservação, o medicamento vai 
perdendo  progressivamente  a  sua  actividade.  Praticamente  considera‐se  que  um medicamento 
perdeu a sua validade quando foram destruídos mais de 10 ou 15% das suas substâncias activas e 
quando  tiver  deixado  de  respeitar  outras  suas  especificações  consideradas  fundamentais.  O 
período  durante  o  qual  se  processaram  estas  alterações  chama‐se  prazo  de  validade  do 
medicamento, que de modo geral não pode ser superior a cinco anos. 
11 
 
CAPÍTULO III. PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS 
INTRODUÇÃO 
A Tecnologia Farmacêutica é uma ciência cuja aplicação  tem a  finalidade de obter preparaçãoes 
farmacêuticas  que  se  chamam  medicamentos.  Estuda  a  transformação  dos  produtos  naturais 
(animais,  vegetais  e  minerais)  em  medicamentos,  de  síntese  ou  sua  obtenção  por  processos 
biotecnológicos  a  fim de  se  tornarem susceptíveis de  serem administrados  aos  seres  vivos  com 
fins  profilácticos,  curativos  ou  de  diagnóstico  das  várias  doenças.  Em  suma,  as  preparações 
farmacêuticas  são  obtidas  por  aplicação  dos  métodos  racionais  e  científicos,  investigados  pela 
Tecnologia  Farmacêutica,  para  a  preparação  das  formas  farmacêuticas,  incluindo  o  modo  da 
associação  das  substâncias medicamentosas,  as  incompatibilidades  que  ocasionalmente  possam 
surgir  entre  essas  substâncias  e  a  conservação  das  fórmulas  preparadas.  A  tecnologia 
Farmacêutica  tem  por  objectivo  principal  preparar,  conservar,  acondicionar  e  dispensar 
medicamentos doseados com a maior precisão e apresentados sob uma  forma que  facilite a sua 
inistração eadm  biodisponibilidade. 
Os excipientes constituem toda a matéria‐prima que, incluída nas formas farmacêuticas, se junta 
às  substâncias  activas  ou  suas  associações  para  servi‐lhes  de  veículo,  possibilitar  a  sua 
preparação e a sua estabilidade, modificar as suas propriedades organolépticas ou determinar as 
es físico‐quím spropriedad ica  do medicamento e a sua biodisponibilidade.  
Entretanto os veículos são as  substâncias que  facilitam a  administração dos  fármacos; não  têm 
actividade farmacológica mas dão corpo aos fármacos, diluindo‐os à concentração conveniente ou 
proporcionando‐lhes  maior  facilidade  de  administração.  Os  adjuvantes  exercem,  nos 
medicamentos, efeitos solubilizantes, conservantes, edulcorantes, aromatizantes, e não modificam, 
de  modo  geral,  o  efeito  farmacológico  dos  princípios  medicamentosos.  Os  materiais  de 
embalagem que  devem  ser  usados  na  embalagem  dos medicamentos  devem  ser  seleccionados 
pelo produtor das formas farmacêuticas a embalar mas contudo devem se escolher materiais da 
melhor  qualidade  possível  e  que  garantam  uma  segurança  aos  produtos  até  à  sua  expiração, 
entretanto  esses  materiais  de  embalagem  a  usar  devem  depender  da  composição,  quantidade, 
características organolépticos dos produtos por embalar, composição química, prazo de validade, 
observações e recomendações do produtor no que diz respeito à embalagem a usar, temperatura 
em que se devem manter as preparações farmacêuticas, etc. 
12 
 
Todas as formas medicamentosas, matérias primas e reagentes diversos devem ter uma etiqueta 
de  identificação  que  se  chama  rótulo  e  este  rótulo  deve  conter  todos  os  dados  referentes  ao 
material embalado (medicamentos, matérias primas, reagentes, etc), incluindo certas observações 
julgadas  pertinentes  como  temperatura  de  conservação,  vias  de  administração,  advertências 
diversas como veneno, uso externo, agite antes de usar, etc. 
 
13 
 
CAPÍTULO IV. SOLUÇÕES  
As  soluções  são  misturas  homogêneas  formadas  por  dois  componentes  distintos  que  são  o 
solvente e o soluto, este (o soluto) que se chama também solvido ou dissolvido. Quando um dos 
componentes é líquido, este que é liquido chama‐se sempre solvente; se os dois componentes da 
solução  são  líquidos  considera‐se  solvente,  aquele  que  se  encontre  em  maior  proporção.  A 
solubilidade de uma substância num determinado solvente não é ilimitado. Uma substância pode 
ser  mais  ou  menos  solúvel  num  certo  líquido;  por  isso  cada  produto  tem  um  coeficiente  de 
solubilidade característico. Portanto a solubilidade é o número de partes de solvente necessárias 
para dissolver uma parte de soluto. 
 
Modos de Expressão de Solubilidade 
Termos  Quantidade relativa de solvente, em volume, 
para 1 p  massa arte de soluto, em
Muito solúvel  Menos de 1 parte 
Facilmente solúvel  De 1 a 10 partes 
Solúvel  De 10 a 30 partes 
Lige vel iramente Solú De 30 a 100 partes 
Pouco solúvel  De 100 a 1000 partes 
Muito pouco solúvel  D  e 1000 a 10000 partes
Praticamente insolúvel  Mais de 10.000 partes 
 
Expressão da Concentração das Soluções 
 A quantidade da  substância dissolvida numa solução pode  ser  indicada de várias maneiras:  em 
percentagem, molaridade, normalidade, equivalentes ou miliequivalentes. Na ciência farmacêutica, 
a concentração de uma solução exprime‐se quase sempre em percentagem. 
 
A Farmacopéia Lusa apresenta quatro modos 
14 
 
1°.  Percentagem expressa em massa de substâncias dissolvida em 100 ml de solução (m/v). Neste 
caso, entende‐se que em 100 ml de solução existem x gramas de substância dissolvida. Assim, uma 
solu v o ação a 5% (m/ ) de glucose c ntém em 100 ml de solução 5 g d quele açúcar (glucose). 
2°.  Percentagem  expressa  em  massa  de  substância  dissolvida  em  100  g  de  solução  (m/m). 
Significa que cada 100 g de solução tem dissolvido x g de soluto. Exemplo: a solução a 10% (m/m) 
de cloreto de sódio contém em 100 g de solução 10 g daquele sal. Usa‐se muito este critério nas 
prescrições magistrais. 
3° .  Percentagem expressa em volume de substância dissolvida em 100 ml de solução (v/v). Indica 
o  número  de ml  de  produto  dissolvido  em  100 ml  de  solução.Desta maneira,  uma  solução  de 
glicerina a 10% (v/v) conterá, em 100 ml, 10 ml daquele líquido (glicerina). 
4°.  Percentagem expressa em volume de substância dissolvida por massa de solução(v/m). Indica 
o número de mililitros de substância em 100 g de produto final. 
 
Tipos de Soluções  
Existem duas categorias ou tipos de soluções: as soluções simples e as soluções extractivas.  
Uma  solução  simples  é  aquela que  resulta da dissolução  total  e  completa de uma  substância de 
composição homogênea num solvente determinado. Exemplos:  
1. Solução de gás em líquido 
  2. Solução de líquido em líquido
3. Solução de sólido em líquido 
 
HIDRÓLEOS 
es simpleEstes compreendem as soluçõ s e as soluções extractivas cujo solvente é a água. 
Soluções aquosas simples ou Hidrólitos e as soluções aquosas obtidas por técnicas extractivas 
 
Factores que influenciam a dissolução de um sólido num l
Estes factores são constituídos por três elementos principais: 
íquido  
15
vegetal, os açúcares, amido, substâncias proteicas, pectina e celulose. 
A selectividade é uma das características a exigir de qualquer processo de extracção, pois é graças 
a  ela  que  se  dissolverão,  tanto  quanto  possível,  apenas  os  princípios  activos  e  se  deixarão,  no 
resíduo, os componentes fisiológicamente inactivos e que constituem a quase totalidade da droga. 
 
 
a) po a dissolver O estado da divisão do cor
b) A agitação do dissolvente 
c) A temperatura do dissolvente. 
Para  se  preparar  uma  solução  de  um  sólido  na  água,  deve‐se,  por  isso,  reduzir  o  sólido, 
préviamente, a pequenos fragmentos, caso esse sólido se apresente em grandes massas cristalinas 
e adicioná‐lo depois a cerca de dois terços do volume total do solvente, agitando, seguidamente a 
a issolução. mistura para facilitar   d
 Assim  considera‐se    as  seguintes  substâncias  prescritas  que  são  facilmente solúveis em água: 
acetato de potássio, ácido cítrico, brometo de amónio e de potássio, citrato de potássio, cloreto de 
amónio, de cálcio, de potássio e de sódio, iodetos de potássio e de sódio, sulfato de magnésio. 
Substâncias menos solúveis (em água):  bórax,    ácido bórico,    alúmen,    cloreto de potássio e o 
fosfato  de  sódio.  Nestes  casos,  o  composto  a  dissolver  deve  ser  reduzido  a  pó  e  triturado  num 
almofariz, com sucessivas porções de água, até completa dissolução, depois perfaz‐se a quantidade 
de solução exigida.   
Acção da temperatura:  desde que o soluto tenha um calor de dissolução positivo, o aquecimento 
do solvente facilita a sua dissolução. 
Soluções  extractivas:  são  aquelas  que  resultam  da  dissolução  parcial  de  uma  droga  de 
composição  heterogênea  num  determinado  solvente.  Neste  caso,  o  dissolvente  dissolve  apenas 
alguns dos constituintes da droga, ficando a maior parte desta por dissolver, a qual se designa por 
resíduo. 
As soluções extractivas são obtidas, principalmente a partir de drogas vegetais secas ou contendo 
reduzida quantidade de suco celular, com o propósito de extrair delas os constituintes possuindo 
actividades  farmacológicas.  São  importantes  e  de  grande  utilidade,  em  primeiro  lugar,  os 
alcalóides, heterósidos, taninos, resinas, flavonas, essências, óleos, etc. 
Também podem‐se mencionar  as  drogas  desprovidas  de  interesse  farmacodinâmico,  de  origem 
16 
 
Fact ução extractiva: ores que influenciam a dissol
 a divisão das drogas 1. Estado d
 2. Agitação 
 3. Temperatura 
 componentes de uma mesma planta 4. Acções mútuas exercidas pelos 
 erficial 5. Influência da tensão sup
 olvente 6. Natureza do diss
 7. Influencia do pH 
8. Tempo de extracção 
 
 SACARÓLEOS 
 São  preparações  farmacêuticas  líquidas  cujo  veículo  é  a  água  purificada  ou  desmineralizada, 
contendo uma elevada concentração de açúcares, glucose e levelose. Estes açúcares conferem aos 
sacaróles as propriedades de edulcorantes e conservantes. 
17 
 
CAPÍTULO V.  XAROPES 
São  preparações  farmacêuticas  aquosas,  líquidas,  que  contêm  um  açúcar,  como  a  sacarose,  em 
concentração  próxima  da  saturação.  Os  Xaropes  conservam‐se  bem  devido  ao  facto  de  serem 
soluções  hipertônicas,  uma  vez  que  os  açúcares  constituintes  se  encontram numa  concentração 
próxima  da  saturação.  Actuam  como  desidratantes  para  os  microrganismos  e  os  inibem  de  se 
reproduzirem. Uma outra propriedade interessante dos xaropes é a sua elevada viscosidade. Esta 
característica  atenua ou  impede o  aparecimento de  turvações ou precipitações ocasionadas por 
uma  reacção  ou  pela  fraca  solubilidade  dos  fármacos  que  possam  conter.  Há  duas  espécies 
fundamentais de xaropes:  
a) Os xaropes medicamentosos 
b) Os xaropes que apenas funcionam como simples veículos para fármacos ou medicamentos, por 
exemplo:  o  xarope  comum  ou  xarope  simples,  o  xarope  de  goma,  o  xarope  de  suco,  o  xarope 
aromatizante. 
Tanto  os  xaropes medicamentosos  como  os  xaropes  utilizados  como  simples  veículo  devem 
corresponder a soluções saturadas de açúcares. 
 
Preparaçõ s  e  de xaropes  
 A  sacarose  é  o  principal  componente  dos  xaropes  e  por  isso  é  conveniente  que  se  relembre 
algumas das suas principais propriedades e características. A sacarose é obtida por extracção de 
cana‐de‐açúcar  ou  a  partir  da  beterraba.  É  um  açúcar  formado  por  união  de  uma molécula  de 
glucose com uma de  levulose. Na sua forma pura apresenta‐se em cristais monoclínicas, doces e 
higroscópicos. Dissolve‐se na água na proporção de 1 g para 0,5 ml a  frio ou 1 g para 0,2 ml,  a 
quente.  No  álcool  só  e  solúvel  na  proporção  de  1g  para  170  ml  /(170ml  de  álcool).  É 
moderadamente solúvel em glicerina. 
Água  
A  água  utilizada  na  preparação  de  xaropes  deve  ser  beneficiada  quer  por  destilação,  quer  por 
desmineralização. 
 
Preparação 
18 
e proliferação microbiana.  
Esta última alteração é uma das mais importantes, pois torna os xaropes sépticos e pode originar 
decomposições  de  várias  ordens.  Além  disso,  uma  proliferação  microbiana  corresponde  a  um 
estado  anormal  num  xarope,  xarope  este  que  é  uma  solução  de  tal  modo  tão  hiperônica  que 
impede  o  desenvolvimento  dos  microrganismos.  Em  face  destas  análises,  tem  se  procurado 
 
 Para  se  preparar  um  xarope,  essencialmente,  há  necessidade  de  dissolver  o  açúcar  na  água 
(xarope  simples)  ou  em  soluções  medicamentosas  (soluções  salinas,  soluções  de  fármacos 
orgânicos, digestos, infusos, macerados, hidrolatos, sucos, etc.) 
Este  é  o  processo  fundamental  para  a  preparação  de  xaropes,  contudo  podem  ser  preparados 
xaropes  medicamentosos  por  dissolução  de  tinturas,  extractos  e  fármacos  variados  no  xarope 
comum.  
Os  xaropes  podem  ainda  serem  preparados  por  simples  mistura  de  concentrados  ou  pseudo‐
extractos fluidos com xarope comum, numa proporção de 10 partes dos primeiros com 90 partes 
do  segundo. A dissolução do açúcar para a obtenção de um xarope pode efectuar‐se  a  frio ou a 
quente. 
A preparação a frio origina xarope simples menos corado, com menos hidrólise da sacarose. Mas 
nesta preparação á frio não se destróem as formas microbianas vivas existentes, provenientes da 
água ou da sacarose. A preparação á quente leva ou pode levar à obtenção do xarope simples mais 
amarelo, o que se deve à caramelização do açúcar. Esta transformação corresponde à hidrólise da 
sacarose,  que  é mais  acentuada quando é mais  alta  a  temperatura utilizada  e mais demorado o 
aquecimento.  
 
Alterações dos Xaropes 
 São numerosos os factores que podem desencadear a alteração dos xaropes: 
 Agentes atmosféricos 
 de destruir até os fármacos) Aquecimento (po
 Exposição á  luz 
 Reacções internas 
 Interacção dos componentes do xarope (reacção entreos fármacos, adjuvantes e sacarose) 
19 
 
impedir  o  desenvolvimento  de  microorganismos  em  muitos  xaropes,  tidos  como  facilmente 
alteráveis, incluindo na sua preparação conservantes (bacteriostáticos, bactericidas, fungistáticos, 
fungicidas e leveduricidas). 
uintes conservantes para xaropes: Assim, são aconsados os seg
1°.  o‐fenilfenol de 1:15000 
2°.  p‐hidroxibenzoato de propilo(propilparabeno) na concentração de 1:5000 
3°.  Mistura dos 5 para‐hidroxibenzoatos citados, ou pelo menos, a mistura do metilparabeno com 
o propilparabeno, em partes iguais, na concentração final de 1:7500. 
 
Melitos  
São  preparações  líquidas,  apresentando  uma  consistência  xaroposa,  que  é  devida  à  grande 
percentagem de mel que contêm, o qual se encontra dissolvido num veículo aquoso. 
Os melitos preparam‐se por dissolução do mel em água (melito simples) ou numa solução aquosa, 
seguida de classificação, feita com pasta de papel.  
 
Melito comum (xarope de mel) 
Mel‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐1000 g 
Água‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐1000 g 
Caulino‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐60 g 
Agita‐se o caulino com 200 g de água, junta‐se o mel dissolvido na água restante; leva‐se à fervura 
e  filtra‐se ainda quente por pasta de papel e evapora‐se até marcar. Densidade aconselhável, no 
fim: 1,26. 
 
Verificação dos xaropes 
Verificam‐se os caracteres organolépticos, físicos e químicos, bem como certas falsificações. 
 Caracteres organolépticos: são límpidos, viscosos e com sabor agradável. Não devem ter 
cheiro repugnante (HF e ácido acético). 
20 
 
 Caracteres físicos: viscosidade, propriedades polarimétricas e densidade. 
 Caracteres q carose e de açúcar invertido. uímicos: avaliação do teor de sa
 Falsificação: diminuição do teor de sacarose. 
 
21 
 
CAPÍTULO VI.  ALCOÓLEOS 
São preparações líquidas cujo veículo, único ou principal, é o álcool etílico de diversa graduação. 
 simples ou extractiva de produtos sintéticos ou naturais.  Obtêm‐se por dissolução
Os  coal óleos podem ser: 
simples (alcoóleos ácidos, alcoóleos açucarados e outras soluções açucaradas) a) Soluções 
 b) Tinturas 
c) Alcoolaturas 
 
Solução alcoólicas simples 
Estas obtêm‐se por dissolução simples das substâncias. 
 
Preparação  
Os alcoólitos são obtidos por dissolução total das substâncias. Esta dissolução pode ser auxiliada 
por um aquecimento moderado. 
 
Soluções alcoólicas mais correntemente  lizadas  
Este  tipo de  soluções  não  são numerosas,  contudo  vão  ser  consideradas  aqui  os  que  ainda  têm 
interesse terapêutico, como por exemplo:  Solução Alcoólica de Cânfora,  Solução Alcoólica de Iodo, 
Solução Alcoólica de Nitroglicerina, Solução Alcoólica de Mentol e a Solução Alcoólica de Resorcina 
e Ácido Salicílico. 
uti
22 
 
CAPÍTULO VII. TINTURAS  
 As tinturas foram introduzidas na terapêuticas no séc. XVI  por Teofrasto Paracelso (1493‐1541) 
cujo nome completo era Filipe Teofrasto Bombast Von Hohenheim. Este cientista renovou muitos 
conhecimentos farmacêuticos e químicos, não se preocupando somente com as teorias médicas. As 
inturas foram inscritas numa Farmacopéia pela primeira vez no séc. XVII (1666).  t
 
As tinturas são soluções extractivas alcoólicas, que se obtém a partir de drogas vegetais, animais e 
minerais,  no  estado  seco.  O  termo  tintura  provém  de  circunstância  destas  formas  galênicas 
apresentarem‐se  coradas,  porque  sendo  soluções  extractivas  contém  princípios  dotados  de  côr 
(taninos) e vários pigmentos  (clorofila,  flavonas, quinonas,  etc.). As  tinturas  são vantajosas pela 
sua grande riqueza em princípios activos, excelente conservação face às invasões microbianas e a 
sua facilidade de medição posológica que apresentam.  
 
Preparação 
Para a preparação duma tintura deve‐se ter em atenção o estado do fármaco, a escolha do álcool 
o e e o método de de graduaçã  convenient extracção a escolher. 
Geralmente  usam‐se  as  drogas vegetais para  a  preparação  de  tinturas.  Estas  drogas,  por  vezes 
podem  ser  de  grande  actividade,  como  as  drogas  heróicas,  o  acónito,  beladona,  coca,  cólquico, 
estrofanto, cânhamo, dedaleira, estramônio, ipeca, lobélia, meimendro, noz‐vómica, ópio, etc. Mas 
também podem ser pouco activas como o bálsamo de Tolú, arnica, açafrão, etc. 
Poucas vezes as drogas são utilizadas  inteiramente sem estarem divididas; as drogas devem ser 
divididas (cortadas em pequenos tamanhos), de acordo com a natureza dos princípios activos que 
contenham.    A  relação  entre  a  quantidade  de  droga  e  a  de  álcool  ou  de  tintura  é  de  10:100  e 
:100. 20
O dissolvente habitual mais usado é o álcool de graduação variável entre 30° e 90°. Como norma 
geral, usa‐se o álcool de baixa graduação para as drogas ricas em substâncias hidrossolúveis como 
sais de alcalóides, heterosídeos,  taninos,  flavonas,  etc.  e deve usar‐se o álcool mais  concentrado 
para  as  drogas  com  princípios  activos  menos  hidrossolúveis,  como  alcalóides  base,  essências, 
e se preparem: resinas, bálsamos, etc. Por exemplo, a farmacopéia portuguesa 4. edição sugere qu
1°. Com álcool de 65°, as tinturas de drogas secas, pouco activas, como a calumba; 
23 
 
2°. Com álcool de 70°, as tinturas de drogas heróicas; 
3°. Com álcool de 85°, as tinturas contendo sucos concretos, bálsamos e substâncias resinosas. 
 
Métodos de extracção 
 Essencialmente usam‐se quatro processos de obtenção de tinturas que são:  
1. Maceraçã   o
 Lixiviação 2.
3. Digestão 
4. Dissolução do extracto seco correspondente 
 
A maceração  é o processo mais utilizado para preparar tinturas de drogas não heróicas, devendo 
macerar‐se 200 g de droga em 1000 g de álcool, durante 10 dias.  
Recomenda‐se a Lixiviação como processo para obter  tinturas de drogas heróicas. A  lixiviação é 
uma  das  técnicas  (processos)  mais  importantes  para  a  obtenção  de  soluções  extractivas 
farmacêuticas.  Neste  processo,  lixiviação,  submete‐se  uma  droga  pulverizada  e  macerada  (por 
maceração)  préviamente,  depois  de  acondicionada  num  recipiente  cilíndrico,  à  acção  de  um 
solvente  que  a  atravessa  em  toda  a  extensão,  deslocando‐se  de  cima  para  baixo.  A  técnica  de 
lixiv ç ir‐se em cinco fases distintas: ia ão pode divid
 1. Pulverização 
 2. Humedecimento do pó 
 ó humedecido no lixiviador e adição do solvente 3. Acondicionamento do p
 4. Período de maceração 
5. Deslocação do solvente,  regulada de modo a obter‐se um determinado peso de  lixiviador 
num período de tempo prefixado. 
O álcool de várias graduações é praticamente o único solvente utilizado na  lixiviação, segundo o 
onto de vista farmacêutico. p
 
24 
 
Outros processos para preparar tinturas 
Um dos métodos mais práticos e pouco demorados para obter  tinturas consiste em pulverizar a 
droga é colocá‐la num balão com 10 vezes o seu peso de álcool de título (graduação) adequado. 
Aquece‐se a refluxo durante 1 a 3 horas deixa‐se arrefecer, completa‐se com álcool o peso inicial, 
filtra‐se e trata‐se o marco com álcool fervente, até à obtenção do peso de tintura desejado.  
 
Alterações, incompatibilidades e emprego das tinturas 
 As tinturas conservam‐se bem em frascos de vidro, de rolha esmerilada, e ao abrigo da luz. Nesta 
armazenagem,  vão  sofrendo  alterações  de  várias  ordem  pela  acção  da  luz,  como:  precipitações, 
oxidações,  hidrólises  e  até  reacções  com  os  componentes  cedidos  pelo  vidro  dos  recipientes.  As 
precipitações mais  vulgares  são  as  dos  tanatos  de  alcaloídes,  silicatos,  sais  de  cálcio  e  potássio, 
gomas, resinas e amidos. 
As tinturas dispensam‐se puras, misturadas com outras tinturas, ou em forma de poção. Usam‐se 
também  as  tinturas  para  preparação  de  xaropes  (alguns).  Nestas  circunstâncias  podem  surgir 
certas incompatibilidades nas associações de uma tintura com outros produtos, que se traduzem 
pelaformação  de  precipitados  ou  de  turvações.  Há  precipitados  provenientes  da  reacção  dos 
taninos com os alcalóides ou apenas por diluição das tinturas com água. 
Estas  incompatibilidades atenuam‐se e eliminam‐se geralmente por baixar o pH do meio ou por 
adição de glicerina ou propilenoglicol. 
As aplicações das tinturas (emprego) são extremamente numerosas, e a sua finalidade terapêutica 
depende dos princípios activos das drogas usadas na sua preparação. Existem tinturas para o uso 
interno: 
 s Expectorante
 as Anti.séptic
 Sedativas 
 rgicas Anti‐coliné
 Diuréticas 
 Tonicardácas, eméticas, antimitóticas, etc. 
25 
Preparação 
As alcoolaturas ordinárias obtêm‐se por maceração, durante dez dias, das drogas frescas cortadas, 
em  álcool  a  90°.  A  quantidade  relativa  entre  a  droga  e  o  álcool  é  de  1:1  a  1:2,  esta 
proporcionalidade é semelhante aquela estabelecida para as tinturas. As alcoolaturas estabilizadas 
preparam‐se pondo a droga cortada sobre o álcool em ebulição a que se adapta um refrigerante de 
refluxo. Esta preparação (operação de produção da alcoolatura estabilizada) dura 40 a 60 minutos. 
 
E há tin o externo: turas para us
 Anti‐sépticas 
 ais Anestésicas loc
 Adstringentes  
 Emolientes, etc. 
 
Tinturas obtidas por:  
Maceração:  Tintura  de  açafrão,  tintura  de  alcatrão  mineral,    anis  estrelado,  Bálsamo  de  Tolú,  
Baunilha,    Benjoim,    Canela,  Casca  de  Laranja,  Coca,  cochonilha,  cola,  Eucalipto,  genciana 
(estimulante do apetite). 
Lixiviação: Tintura de Beladona, Dedaleira,  Ipecacuanha. 
Dissolução de extractos: Tintura de ópio (analgésico e sedativo; antidiarréico). Tintura de ópio 
açafroada (analgésico, antiespasmádico, antidiarréico) 
Alcoolatura: São formas farmacêuticas que resultam da acção dissolvente e extractiva do álcool 
sobre as drogas vegetais frescas. 
Existem dois  tipos de alcoolaturas: ordinárias e estabilizadas, segundo o meio em que tiver sido 
efectuado  a  operação  de  extracção  pois  pode  ser  a  frio  (alcoolaturas ordináris)  e  à  ebulição 
(alcoolaturas  estabilizadas).  As  alcoolaturas  têm  origem  nas  tinturas‐mães  idealizadas  pelo 
cientista Hahnemann, percursor da homeopatia, que usava muito estas formas farmacêuticas que 
se baseavam em sucos das plantas com o seu peso de álcool, obtidos por maceração durante 24 
horas. 
 
26 
 
As alcoolaturas obtêm‐se de drogas frescas, por isso contêm princípios termossensíveis e voláteis 
que  podem  secar  durante  a  secagem  das  drogas.  As  alcoolaturas  ordinárias  contêm  enzimas, 
essências,  aminoácidos  frágeis  e  lábeis  que,  no  entanto,  apresentam  uma  certa  instabilidade 
devido  ao  álcool  frio  que  contêm e que  facilita  algumas  fermentações,  causadas do  aumento de 
consistência  da  alcoolatura,  oxidações,  colorações  que  acabam  adulterando  as  alcoolaturas.  As 
alcoolaturas devem ser conservadas em ambientes de temperatura amena e controlada pois elas 
são predominantemente compostas por princípios  termossenssíveis e voláteis que secariam por 
secagem das drogas e culminariam inevitavelmente com a sua adulteração. 
27 
 
CAPÍTULO VIII. GLICERÓLEOS 
São  preparações  farmacêuticas  líquidas  cujo  principal  é  a  glicerina,  podendo,  por  vezes,  conter 
outros  dissolventes  como  água  e  o  álcool.  São  soluções  verdadeiras  de  fármacos  e  são  raras  as 
spensões ou emulsões.  vezes que os gliceróleos são su  
Os gliceróleos dividem‐se em: glicéreos, gliceritos e glicéreo­alcoóleos.  
glicéreos são os gliceróles que t a e glicerina Os  êm como veículo a glicerina ou águ
gliceritos são aquelOs  es que correspondem a soluções verdadeiras. 
Os glicéreo­alcoóleos são aqueles que são preparados por dissolução dos fármacos em misturas 
g    de  licerina, água e álcool.
As  glicéreas  são  formas  farmacêuticas  viscosas,  dotadas  de  certa  adesividade  e  por  isso  são 
recomendados  como  meios  para  aplicação  de  fármacos  destinados  a  actuarem  localmente,  na 
mucosa bucal. 
Os glicéreo‐alco+olicos administram‐se  internamente, como bons veículos. Algumas preparações 
de administração por via parenteral são gliceróleos que correspondem a soluções de farmacos em 
misturas de água e glicerina ou de água, álcool e glicerina. 
Os  Glicéreos  preparam‐se  por  dissolução  simples  dos  fármacos  em  glicerina  ou  em  água  e 
glicerina.  Devem  ser  dispensados  em  frascos  herméticamente  fechados  por  causa  das  suas 
características higroscópicas. 
Eteróleos:    São  preparações  farmacêuticas  líquidas  cujo  veículo  principal  é  o  éter  sulfúrico. 
Obtêm‐se por dissolução  simples  (éter  sulfúrico  alcoolizado,  colódio  elástico) ou por dissolução 
extractiva (tintura de cautáridas, tintura etérea de valeriana). 
 
Exemplos de Eteróleos 
Colódio Elástico: (colódio flexível) 
Formula: 1. Algodão pólvora‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐5g 
                    2. Óleo de rícino‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐5 g 
                    3. Álcool a 90°‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐20 g 
                    4. Éter ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐70 g 
28 
 
Procedimento 
Humedece‐se o algodão pólvora com álcool, junta‐se o éter e agita‐se até à dissolução; decanta‐se, 
e ao líquido limpo, adiciona‐se o óleo de rícino. Acondicionar e rotular. 
 
Usos 
Formação de películas protectoras sobre feridas ou úlceras 
 
Conservação 
Os colódios explodem em presença da chama, devendo conservar‐se a temperatura inferior a 30°C, 
em frascos bem fechados, ao abrigo da luz. 
29 
 
CAPÍTULO IX.1. ENÓLEO OU VINHOS MEDICINAIS 
  São formas farmacêuticas obtidas por dissolução de princípios medicamentosos em vinhos.  
Os  vinhos  medicinais  preparam‐se  por  forma  ou  metodologia  das  dissoluções.  Entretanto 
aconselha‐se não serem usadas drogas muito activas para a preparação de enóleos. 
 
CAPÍTULO IX.2. ACETÓLEOS OU VINAGRES MEDICINAIS 
São formas farmacêuticas que se obtêm por dissolução dos princípios medicamentosos no vinagre 
de  vinho  branco.  Estas  preparações  farmacêuticas  são  semelhantes  aos  vinhos  medicinais, 
contudo,  neste  caso,  os  principais dissolventes  das  substâncias medicinais  são  a  água  e  o  ácido 
acético ( 6‐9%). Preparam‐se a frio, geralmente, por maceração, e raras as vezes por dissolução 
ou por mistura. 
 
30 
equivalem às drogas vegetais donde foram obtidas.   
Os extractos  fluidos,  como  formas galênicas,  são preparações bem definidas e  todos são obtidos 
por lixiviação e apresentam uniformidade de potência. Os extractos fluidos são ajustados de modo 
que 1 g ou 1 ml de extracto corresponda a 1g de droga seca. Todos os extractos  fluidos contêm 
álcool, cuja concentração é variável e dependente da natureza da droga extraída. Em certos casos, 
 
CAPÍTULO X. EXTRACTOS 
São  preparações  farmacêuticas  sólidas,  obtidas  pela  concentração,  até  determinado  grau,  das 
soluções resultantes do esgotamento das substâncias medicamentosas por um dissolvente, como a 
água, álcool, éter, acetona e outros.  
Os  extractos  farmacêuticos  surgiram mais  ou menos  no  ano  2700  a.C.  no  tempo  do  imperador 
Chinês Chin‐Nong. O uso de extractos generalizou‐se no séc. XVI   na Alemanha. A complexidade 
dos extractos só veio a ser largamente difundida no séc. XIX  por Chevreur.  De facto, os extractos 
possuem numerosos componentes, pois além da droga principal empregue, há que ter em conta a 
função  do  dissolvente,  o  processo  usado  na  extracção  e  a  maneira  como  foi  conduzida  a 
concentração  do  extracto.  Alguns  componentes  da  droga  donde  se  parte  para  preparação 
eliminam‐se  durante  o  processo,  como  é  o  caso  de  determinadas  substâncias  existentes  nessa 
droga principal como resinas, pigmentos, gomas, mucilagens e proteínas. 
 
Preparação 
Na  preparação  de  um  extracto,  podem  ser  distinguidas  duas  fases  muito  importantes  como  a 
obtençãoda solução extractiva e a sua concentração.  As operações extractivas mais usadas são 
a maceração, lixiviação, infusão, decocção e digestão. Na maceração usam‐se água e álcool, assim 
como para  lixiviação  e digestão;  nas decocções  e  infusões  só  se usa  água;  o  éter  só  se usa para 
percolações, e a acetona só é usada nas macerações. 
A  concentração  depende  da  quantidade  do  extracto  obtido.  As  concentrações  à  pressão  normal 
originam extractos de cores mais carregadas (oxidações) do que as que se conduzem no vazio. 
 
Extractos fluidos 
São preparações extractivas líquidas e concentradas, que, no seu conteúdo, em princípios activos 
31 
 
a  extracção  é  realizada  por  lixiviação  aquosa mas  contudo  o  álcool  é  adicionado  para  servir  de 
depurador ou ser usado como conservante. 
É necessário eliminar das drogas antes da extracção, ou das soluções extractivas, certos princípios 
destituídos  de  interesse  terapêutico  e  cuja  presença  possa  ser  prejudicial  à  conservação  da 
fórmula ou nociva ao doente que vai utilizá‐la. Geralmente eliminam‐se as mucilagens, gorduras, 
resinas e albuminas. 
 
Preparação 
Os extractos fluidos são sempre preparados por método de Percolação, usando‐se álcool como o 
veículo mais empregado na extracção.  
Os álcoois de 30°, 45°, 60°, 70° e 80° são geralmente os que usam como veículos, contudo o álcool 
que mais se usa correntemente é o de 60°. A escolha da graduação do álcool depende da função 
dos princípios que se pretendem extrair e dos materiais  inertes ou  indesejáveis,  susceptíveis de 
eliminação.  Na  preparação  de  extractos  fluidos  tem  se  usado  o  processo  de  preparação  pelo 
método de  lixiviação em meio aquoso, mas neste caso, o processo de  lixiviação é precedido por 
uma  infusão  ou  por  uma  digestão,  adicionando‐se  álcool,  antes  do  fim  da  preparação,  como 
conservante e depurador de albuminas. O período de maceração da droga no lixiviador, antes da 
percolação vária em conformidade com a composição e contextura dessa droga em causa. Mas de 
modo geral são necessárias 24 ou 48 horas de maceração. 
 
Vel id rios oc ade de lixiviação a imprimir à percolação, expressas em alguns Formulá
  lixiviado). 1. Lixiviar rapidamente (para 1000g de droga devem obter 3‐5 ml de
 . 2. Lixiviar a velocidade moderada (obtenção de 1‐3 ml por minuto)
 ml por mi3. Lixiviar lentamente (obtenção de 1 nuto, no máximo). 
O  processo  ou método mais  empregado  na  preparação  dos  extractos  fluidos  é  o  de  lixiviação 
 duas etapas: convencional, partindo de 1000 g de droga, conduzida em
1º. Recolhem‐se 800‐850 g do lixiviado que se preparam;  
32 
 
2º. Lixivia‐se até ao esgotamento total da droga; o primeiro lixiviado é acondicionado do produto 
de concentração do segundo lixiviado, e depois do repouso de 2‐6 dias, em lugar fresco, procede‐
se à filtração do conjunto obtido.  
 
Exemplos de alguns extractos fluidos 
Extracto fluído de boldo, extracto fluído de cola, extracto fluído de hamamélia, extracto fluído de 
hidraste e extracto fluído de cola, extracto fluído de cravagem de centeio. 
 
Conservação 
 Os extractos fluidos devem ser conservados em frascos de vidro, de rolha esmerilada, ao abrigo da 
luz e do calor. 
 
33 
 
CAPÍTULO XI.  ÁGUA DESTILADA OU HIDROLATOS 
São soluções aquosas saturadas de princípios voláteis existentes nos vegetais que se obtêm por 
destilação desses princípios voláteis em presença de água ou em corrente de vapor. Muitas vezes, 
os princípios voláteis que constituem as águas destiladas são essências, acompanhadas, por vezes, 
por  ácidos  orgânicos  (ácido  acético,  ácido  cianídrico)  e  noutras  vezes,  porém,  por  compostos 
amoniacais.  
Os hidrolatos foram desenvolvidos e preparados no séc. IX  pelos Árabes, pois os árabes foram os 
inventores  da  destilação.  Os  primeiros  hidrolatos  eram  obtidos  por  destilação  simultânea  de 
vários fármacos mas os hidrolatos actuais descritos nas Farmacopéias são obtidos por destilação 
apenas de um único fármaco e sempre de origem vegetal. 
 
Preparação 
A água usada para a preparação de hidrolatos deve ser, de modo geral, a água comum, podendo, 
por vezes, por  recomendação de algumas  farmacopéias, usa‐se a água purificada.   As águas de 
essências  devem  ser  preparadas  com  água  destilada  e  a  água  de  canela  que  se  obtém  por 
destilação directa da droga, em presença de água depois duma prévia maceração constituem uma 
excepção. Algumas farmacopéias impõem certas exigências para a preparação dos hidrolatos, pois 
xigem que sempre se use água purificada na sua preparação.  e
 
Os  fármacos usados  na  preparação  dos  hidrolatos  podem  ser  constituídos  por  raízes,  rizomas, 
frutos,  folhas  ou  flores.  Os  órgãos  de  plantas  de  textura  delicada,  como  as  flores,  devem  ser 
destilados sem qualquer manipulação prévia. Os materiais mais consistentes, como ramos e cascas, 
 antes de destilá‐los.  devem ser grosseiramente pulverizados e macerados em água
rolatos pode fazer‐se por dois processos: A destilação dos hid
a) Fogo directo ou, 
b) Corrente de vapor.  
Depois  da  destilação,  o  hidrolato  deve  ser  filtrado  através  de  papel  humedecido  para  que  o 
hidrolato seja privado de essência não dissolvida na água. 
34 
 
As águas destiladas ou hidrolatos são preparações que são facilmente alteráveis, podendo sofrer 
modificações  tanto  de  ordem  química  como  de  natureza  microbiana.  Conservam­se  bem  em 
frascos opacos, de rolha de vidro, bem cheios e mantidos em lugar fresco. 
Geralmente  os  hidrolatos  usam­se  como  adjuvantes,  sendo  usados  como  aromatizantes  em 
muitas preparações farmacêuticas. 
35 
 
CAPÍTULO XII.  ALCOOLATOS OU ESPÍRITOS  
 São formas farmacêuticas galênicas que se obtém por destilação, que geralmente é precedida de 
maceração, durante vários dias, de uma ou mais drogas em álcool.  
Iniciaram‐se no séc. XV, por Henckel que macerava uma droga em água adicionada de açúcar e de 
levedura de cerveja, e quando terminava a fermentação desta mistura procedia à sua destilação. A 
água dos carmelitas (1610) e a água de colônia (1620) são o resultado destas formas (alcoolatos) 
que na sua preparação incluem variadas plantas em simultâneo. 
 
Preparação 
 Na  preparação  de  alcoolatos  usam‐se  drogas  frescas  ou  secas.  As  drogas  são  cortadas  em 
pequenos  fragmentos  ou  contundidas,  e  postas  a  macerar  no  álcool  durante  5  (cinco)  dias, 
procedendo‐se depois à destilação em banho de água. Os alcoolatos (espíritos) que se obtém no 
fim,  são  incolares,    aromáticos,    melhorando  o  seu  aroma  com  o  tempo,  pois  desaparece 
lentamente o cheiro do álcool e prevalece somente o cheiro das essências. 
 
36 
 
CAPÍTULO XIII.  EMULSÕES 
Uma emulsão é um sistema heterogêneo, constituído por gotículas de um líquido disseminadas no 
seio de um outro (líquido) com o qual é imiscível. Pormenorizadamente pode‐se definir a emulsão 
como  um  sistema  heterogêneo  constituído,  pelo  menos,  por  um  líquido  imiscível  intimamente 
disperso  num  outro  líquido  sob  forma  de  gotículas  ínfimas  cujo  diâmetro  não  excede  a  0,1μm 
(zero  virgula  um  micro).  Estes  sistemas  apresentam  uma  mínima  estabilidade,  que  pode  ser 
aumentada  por  adição  de  certas  substâncias  tensioactivas,  sólidos  e  finamente  pulverizados  ou 
divididos.  
Assim,  a  emulsão  deve  apresentar  uma  certa  estabilidade  que  constitui  uma  das  propriedades 
fundamentais  destes  produtos.  As  emulsões  oferecem  muitas  vantagens  do  ponto  de  vista 
farmacêutico. Foi possível a obtenção duma diluição conveniente de um óleo num líquido com o 
qual não é miscível tornando o possível, por isso, desenvolveram fórmulas de emulsões contendo 
lípidos,  hidratos  de  carbono  e  vitaminas  que  possibilitam  uma  alimentação  adequada,  por  viaintravenosa a pessoas muito debilitadas e que não se podem alimentar normalmente. 
Existem vários tipos de agentes emulsivos, como a gema de ovo, a goma‐arábica, a goma adraganta, 
xaropes, mel    e mucilagem  na  preparação  das  suas  emulsões.  É  de  se  salientar  que  só  há  uma 
emulsão quando um líquido estiver dividido em pequeníssimos glóbulos no seio de um outro. A 
fase que se apresenta dividida constitui a  fase  interna dispersa ou descontínua, enquanto que o 
líquido que  rodeia as gotículas da  fase dispersa  chama‐se  fase externa,  fase dispersante ou  fase 
contínua. 
 As emulsões destinadas a administração por via oral pertencem exclusivamente ao tipo O/A (óleo 
em água);  as  emulsões  administradas por  via  intravenosa,  óleos medicinais  e  óleos  alimentares 
são emulsões do tipo O/A (óleo em água). 
As  emulsões para uso externo  tanto podem ser do  tipo O/A como do  tipo A/O. Como se viu no 
conceito  de  emulsão,  estas  formas  farmacêuticas  (emulsões)  são  basicamente  constituídas  por 
duas fases distintas; uma de natureza aquosa e outra de natureza oleosa, figurando nelas ainda um 
terceiro componente sempre presente que é representado pelo agente emulsivo.  
 
Preparação 
37 
 
A  preparação  de  uma  emulsão  está  dependente  da  intervenção  de  um  factor  mecânico,  cuja 
finalidade  é  dividir,  em  pequenos  glóbulos,  o  líquido  que  constitui  a  fase  dispersa.  Este  factor 
mecânico é complementado pelo agente emulsivo que actua com a dupla finalidade de facilitar a 
dispersão  e  formar  uma  película  disposta  à  volta  de  gotículas  dispersas,  evitando  a  sua  rápida 
coalescência  (reagrupamento).  A  agitação,  na  preparação,  pode  ser manual  ou mecânica,  neste 
último caso, usando misturadores e agitadores eléctricos. 
 
Estabilidade 
As  emulsões  devem  manter‐se  estáveis  durante  um  prazo  mais  ou  menos  longo,  após  a  sua 
preparação. Contudo por vezes alteram‐se algum tempo depois da sua preparação. Existem três 
cate r m incluir as alterações de ordem microbiana: go ias de alterações das emulsões se
 1) Floculação e formação de creme 
 2) Coalescência e separação das fases 
3) Alterações físicas e químicas diversas 
 
Verificação das Emulsões 
O co tr cialmente, o controlo e apreciação de: n olo das emulsões deve ter, espe
 1. Determinação do teor em água 
  em gordura total 2. Determinação do teor
 3. Determinação do pH 
 4. Avaliação da estabilidade 
 5. Determinação da viscosidade 
6. Determinação do diâmetro das partículas dispersas 
38 
 
CAPÍTULO XIV.  SUSPENSÕES 
São sistemas heterogêneos em que a fase externa ou a fase contínua é líquida ou semi‐sólida e a 
fase interna ou dispersa é constituída por partículas sólidas insolúveis no meio utilizado.  
 
Fin id uso (vias de Uso) al ades de 
 1. Uso oral 
 nas mucosas 2. Para aplicação tópica na pele e 
3. Para administração parenteral 
 
Aspectos físicos das suspensões 
Asp to al de suspensão: ec s teóricos para a preparação racion
a) Flutuação das partículas suspensas 
 imentação b) Velocidade e modo de sed
istais c) Crescimento dos cr
d) Redispersibilidade 
 
Flutuação das partículas suspensas 
u o   v :Líq id  mais um sólido nele insolú el  
1°.  O  líquido  espalha‐se  sobre  o  sólido,  deslocando  os  gases  adsorvidos  e  molhando‐o 
completamente; 
2°.  O líquido se molha o sólido, mas permanece sobre ele, tomando o aspecto de gotas ou a forma 
lenticular; 
3°.  O líquido espalha‐se parcialmente, formando um ângulo de contacto definido com o sólido. 
 
Sedimentação 
39 
 
Na preparação de uma suspensão é necessário que as partículas se encontrem homogeneamente 
dispersas no veículo por um período de tempo satisfatório e que sejam facilmente ressuspensas 
após deposição. 
 
R r bedispe si ilidade 
Quando  se  observar  uma  suspensão  dotada  de  alguma  estabilidade  física  nota‐se  que  a  fase 
dispersa  está  disseminada  homogeneamente,  não  havendo  flóculos  ou  agregados.    A  suspensão 
que floculou ou coágulos é, em regra, facilmente redispensa por simples agitação. 
Assim quando a fase dispersa de uma suspensão sedimenta, esse sedimento pode corresponder a 
um  estado  de  floculação  ou  a  uma  agregação  de  outro  tipo,  constituindo‐se  verdadeiras 
aglomeradas, tão fortemente aglutinados entre si que é impossível dispersá‐los homogeneamente 
por agitação. 
 
Preparação 
Mat ia uisitos para a preparação de suspensões: ér s, agentes suspensores e outros req
 1. Redução do tamanho de partículas 
 pensores 2. Suspensões sem necessidades de agentes sus
 e da fase dispersante 3. Aumento de viscosidad
4. Floculação controlada 
 
Funções dos agentes suspensores 
Agentes  suspensores  são  compostos  que  se  podem  usar  para  aumentar  a  viscosidade  da  fase 
 
externa duma suspensão. São inócuas, sem actividade farmacológia. 
Actuam como colóides protectores; podem formar uma película à volta das partículas dispersas e 
aumentam  a  viscosidade  do  meio  dispersante.  Actuam  por  retardarem  a  floculação  e  por 
eduzirem a velocidade de sedimentação do material suspenso. r
 
40 
 
I. A n es para veículos aquosos ge tes Suspensor
a) Goma‐arábica 
b) G ganta oma adra
c) Alginatos 
 ulose d) Metilcel
 e) Pectina 
f) Carboximetilce
34 
lulose sódica 
g) Carbopol 9
 h) Bentonite 
i) lcool polivinílico Á
 
II. A n ensores para veículos oleosos ge tes susp
na a) Lanoli
 b) Ceras 
c) Óleo de rícino 
d) Monoestearato de alumínio 
 
Floculação controlada 
O esquema seguinte demonstra que muitas vezes a preparação das suspensões se pode fazer por 
dispersão dos seguintes sistemas: 
1) Sólido + Líquido 
 2) (sólido+suspensor) + líquido 
 r) 3) (sólido + molhante) + (liquido+suspenso
4) (sólido+molhante+suspensor) + líquido 
 
41 
pomadas e as geléias. 
A estabilidade química das suspensões depende de vários factores (fármacos, agentes suspensores, 
molhantes,  temperaturas  de  conservação,  luz,  pH,  etc.).  As  suspensões  aquosas  de  colóides 
hidrófilos  sofrem  acidificação  durante  o  período  de  armazenagem,  contudo  foram  lhes 
adicionadas agentes suspensores como goma‐arábica, bentonite, metilcelulose e alginato de sódio. 
Muitas  vezes  a  inestabilidade  física  e química das  suspensões obriga que  a  sua preparação  seja 
extemporânea. 
 
Tipos d ndo o fim a que se destinam e suspensões segu
 1. Administração oral 
 cosas 2. Aplicação na pele ou nas mu
3. Administração parenteral.  
 
Segundo as suas características, as suspensões podem ser: magmas, geléias e geles. 
 
Incompatibilidades 
A  maioria  das  incompatibilidades  que  podem  surgir  na  preparação  das  suspensões  deve‐se  à 
acção de cargas eléctricas de sinal contrário entre os agentes suspensores ou os tensoactivos e os 
fármacos dispersos. 
Assim, as gomas, a carboximetilcelulose sódica e as argilas (bentonite, hectorite, etc) comportam‐
se  como  substâncias  aniônicas,  podendo  originar  precipitações  quando  adicionados  a  fármacos 
catiônicos,  como  os  alcalóides,  alguns  antibióticos  (estreptomicina,  kanamicina,  etc),  muitos 
anestésicos locais, acriflavina, Vit B1, Vit B6, roxo de genciana, sais de amônio quaternário. 
 
Conservação das suspensões 
A  estabilidade  das  suspensões  pode  ser  apreciada  sob  os  pontos  de  vista  físico,  químico  e 
microbiológico.  Uma  suspensão  de manter‐se  em  dispersão  homogênea  durante  um  período  de 
tempo  que  seja  o maior  possível;  também  devem  ser  facilmente  redispersíveis  por  agitação  os 
precipitados que eventualmente se tenham formado. Por isso as suspensões devem ser rotuladas 
com  a  observação  de:  agite  antes  de  usar,  à  excepção  das  suspensões  semi‐sólidas  como  as 
42 
 
Deve‐se, finalmente, evitar‐se a invasão e o desenvolvimento microbiano nas suspensões pelo uso 
de  diversos  agentes  conservantes.As  suspensões  destinadas  ao  uso  ocular  devem  ser estéreis, 
devendo, por isso, serem preparadas por técnica asséptica. 
 
Dispersões coloidais 
São sistemas coloidais que se caracterizam pela existência de partículas dispersas cujas dimensões 
estão  compreendidas  entre  0,001μm  e  0,1μm.  Entre  dois  estados  extremos,  suspensões  e 
emulsões  por  um  lado  e  soluções  verdadeiras  por  outro  lado  existem  casos  intermediários  que 
gozam de algumas das propriedades comuns a ambos os tipos de sistemas referidos.  
As  partículas  dos  sistemas  coloidais  apresentam  um  tamanho  maior  do  que  as  existentes  nas 
ensões inferiores às das suspensões(>0,1 μm). soluções verdadeiras (<0,001 μm) mas são de dim
Sistemas dispersos, segundo o cientista Ostwald: 
Fase 
externa 
                         Fase interna 
Sólida 
Mistura de pós  
Liquida 
Inclusões 
Gasosa 
Inclusões Pedra‐pomes 
spuma e
Sólida 
 
 
Líquida 
 
 
Gasosa 
  
 
Soluções 
coloidais de pós; 
uspensões s
 
 
Fumos 
 
 
Soluções coloidais de 
íquidos; emulsões l
 
Névoas ou nuvens 
 
 
Não há formação de 
sistema, visto haver 
uma única fase 
 
Interesse Farmacêutico 
Emulsões,  suspensões, dispersões coloidais e as dispersões de sólidos ou de  líquidos no seio de 
gases (aerosoles). 
43 
 
As dispersões coloidais cuja fase externa é líquida chamam‐se soles.  
 
Soles liófobos: Sã s r íco constituído  po  part ulas sólidas, sem nenhuma relação com o dissolvente.  
Soles  liófilos:  Apresentam  as  suas  partículas  altamente  impregnadas  de  dissolvente, 
comportando‐se assim como sendo líquidas.  
Muitos  colóides  liófilos  são  de  origem  natural,  por  exemplo,  as  gomas,  o  amido,  a  caseína,  a 
elatina e outras proteínas. g
 
 Estabilidade dos colóides 
As partículas  coloidais  têm dimensões muito  reduzidas, por  isso,  a  acção de gravidade exercida 
sobre elas não é capaz de provocar, por si só, a separação das fases. 
Como as partículas que  constituem a  fase dispersa de um sistema coloidal  apresenta diâmetros 
compreendidos  entre  0,1  e  0,001  μm,  isto  significa  que  são  praticamente  incapazes  de 
sedimentarem, a não ser em caso de envelhecimento do colóide, por aglutinação das partículas. 
 
Preparação de soluções coloidais 
Os coloides liófilos são constituídos por produtos naturais ou de síntese que apresentam molécula 
de  elevado  peso  molecular,  como  a  gelatina,  as  albuminas,  as  gomas,  o  amido,  os  alginatos,  a 
carboximetilcelulose,  o  Carbopol  934.  Geralmente  não  se  usam  como  agentes medicamentosos, 
mas apenas favorecem a preparação de vários medicamentos. 
Os coloides  liófobos usam‐se como substâncias dotadas de actividade farmacológica definida e a 
sua preparação pode, por vezes, ser exigida mesma numa farmácia oficinal. Os colóides  liófobos 
obtêm‐se por dispersão e por condensação. 
 
Formulário das dispersões coloidais 
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I 
Vitelinato de prata‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐2,5 g 
 50 g Água destilada‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐qbp
 até total dispersão F.s.a= Agitar
Uso: colírio 
II 
00 ml Álcool a 90°‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 1
Enxofre……qbp‐‐‐‐‐‐‐‐‐saturação  
III 
Gelatina­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­1 g 
Água destilada qbp‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐100 g 
IV 
Tintura de beladona‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐5 g 
Água de hortelã pimenta qbp‐‐‐‐‐‐100 g 
 
Por dispersã
Uso: via oral 
o 
V  
a) Albumina de ovo‐‐‐‐‐‐‐‐100 g 
b) Água destilada‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐900 g 
 
Método 
agite a) em um pouco de b) e adicione o resto do b) , coar no fim. 
 
Uso: emoliente por via oral ou enema; anti‐intoxicação 
45 
 
CAPÍTULO XV.  FORMAS MEDICAMENTOSAS SEMI­SÓLIDAS  
POMADAS 
São  formas  farmacêuticas  de  consistência mole,  destinadas  a  serem  usadas  externamente,  para 
acção tópica ou geral e também são usadas com fins de protecção ou de lubrificação. As pomadas 
podem ser consideradas como geles de consistência mole, dotadas de propriedades plásticas que 
permitem que a  sua  forma se modifique, adaptando‐se às  superfícies da pele ou as paredes das 
cavidades mucosas  sobre  que  se  aplicam.  As  pomadas  possuem  uma  certa  adesividade  que  as 
mantém fixas no local de aplicação, devido à viscosidade dos constituintes dos seus excipientes. 
 
História e classificação 
Antigamente  as  pomadas  classificavam‐se  segundo  a  sua  consistência  ou  de  acordo  com  a 
predominância de determinados constituintes. Cláudio Galeno que desenvolveu a sua actividade 
farmacêutica  no  Império  Romano,  deu  também  a  sua  contribuição  para  o  desenvolvimento  das 
pomadas,  propondo uma base  formada pela mistura de  azeite,  essência de  rosas,  cera branca  e 
água.  Segundo  a  sua  penetração  cutânea  medicamentosa,  e  quanto  à  sua  acção  terapêutica,  as 
pomadas  classificam‐se  em  epidérmicas,  aquelas  que  possuem  fraco  ou  nenhum  poder  de 
penetração  cutânea;    endodérmicas,  aquelas  pomadas  que  apresentam  a  propriedade  de 
penetrar  na  epiderme,  actuando  nas  camadas  tissulares  mais  profundas  mas  sem  os  fármacos 
atingirem  a  corrente  circulatória;  diadérmicas,  são  pomadas  de  penetração  tão  profunda  que 
roporcionam a passagem dos fármacos para a corrente sanguínea.  p
 
Segundo  o  aspecto,  consistência  ou  composição  do  excipiente,  as  pomadas  podem  classificar‐se 
nos seguintes grupos: 
a) Pomadas  propriamente  ditas:  quando  são  untuosas  e  preparadas  com  excipientes 
gordurosos ou com polietilenglicois. 
b) Cremes:  quando são preparadas com excipientes emulsivos do tipo óleo em água ou água em 
óleo. 
c) Ceratos ou C  uma percentagem elevada de ceras. erotos: quando contêm
d) Unguentos: quando contêm, resinas. 
46 
 
e) Pastas dérmicas: quando  se  apresentam muito  espessas,  contendo  grande  quantidade  de 
pós insolúveis. 
f) Glicerados: quando  o  seu  excipiente  é  constituído  por  um  gele  de  amido  com  um  poliol, 
como glicerina. 
g) Pomadas­geléias: quando os seus excipientes são geles minerais ou orgânicos. 
 
Penetração das pomadas através da pele 
Fármacos e excipientes 
Em  termos  gerais,  o  factor  que  condiciona  o  maior  ou  menor  grão  de  absorção  cutânea  dos 
fármacos e a sua lipossolubilidade, isto é o seu coeficiente de partilha óleo/água, uma vez que se 
torna  necessário  que  a  substância  medicamentosa  se  dissolva  perfeitamente  nos  aquosos  do 
organismo. Portanto uma substância lipossolúvel penetraria bem através da pele, mas contudo a 
sua absorção seria nula pois para que ele se realizasse, seria necessário que se dissolvesse no meio 
aquoso  orgânico.  Em  casos  de  pomadas,  o  primeiro  passo  da  absorção  cutânea  consiste  na 
libertação do  fármaco do  excipiente que o  contém,  facto que  exige determinadas  circunstâncias 
 
para que se verifique. 
O  princípio  medicamentoso  passará  do  sistema  de  maior  para  o  de  menor  potencial 
termodinâmico  e  assim  se  o  excipiente  representar  um  sistema  de  mais  elevado  potencial 
termodinâmico que  a pele vai se verificar a cedência medicamentosa. Em suma, pode‐se concluir 
que a passagem dos  fármacos, dissolvidos num excipiente semi‐sólido, através da pele pode‐se 
considerar como um caso particular da difusão, dependendo da área de contacto entre a pomada e 
a pele, da concentração do fármaco no excipiente e da resistência que o tecido cutâneo oferece a 
passagem da substância medicamentosa. 
Excipientes para pomadas  
ndamentalmente podem se considerar 4 tipos de excipientes:  Fu
hidrófobos ou gordurosos; a) 
b) aquo­oleosos 
47 
 
c) óleo­aquosos 
d) Hidrodisperssíveis, mucilaginosos ou lipofobos 
O primeiro e último grupo da classificação representam dois tipos de excipientes completamente 
opostos  nas  suas  propriedades  físico‐químicas;  os  grupos  intermédios  são  representados  por 
excipientes emulsivos que originam emulsões  de água  emóleo ou de óleo em água. 
Excipientes  hidrófobos  ou  gordurosos:  vaselinas  (vaselina  filante,  puríssima  e  vaselina 
amarela),  parafina  ou  parafina  sólida,  parafina  líquida,  óleo  mineral,  plastibase,  banha,  óleos 
vegetais,  óleos  hidrogenados,  ceras  (cera  de  abelhas,  espermacete,  cera  de  cana  de  açúcar, 
silicones (silicones fluidos, sili b )cones de  orracha . 
Excipientes  aquo­oleosos:  possuem  notável  capacidade  de  absorção  de  água  ou  soluções 
aquosas, por isso chamam‐se excipientes absorventes: lanolina, lanolinas modificadas. 
Excipientes aleo­aquosos: originam emulsões de tipo óleo em água (creme o/A); são facilmente 
removíveis da pele ou das mucosas; são excipientes laváveis; sabões alcalinos, esteres de álcoois 
poli‐hidricos, esteres da glicerina, esteres dos glicóis, polissorbatos. 
Excipientes  hidrófilos  (hidrodispersiveis,  mucilaginos  ou  lipofobos):  polioses  (alginatos, 
pectina, amidos) carbopols, gelatinas, argilas, polioxietilenocois. 
 
Selecção de excipientes para a preparaç deão de pomadas e tipos   pomadas 
 Pomadas  propriamente  ditas:    quando  são  untuosas,    preparadas  com  excipientes 
gordurosos ou com polietilenoglicois. 
 Ceratos: qua  apreciáveis de ceras. ndo contém quantidades
 Unguentos: quando contém resinas. 
 Cremes:   ipo A/O ou O/A. quando são preparados com excipientes emulsivos do t
 Pastas:  são espessas, com grande quantidade de pós insolúveis. 
48 
 
 Glicerados:  quando contém como excipiente glicerinado comum. 
 Pomadas­geléias:  com excipientes constituídos por geles minerais ou orgânicos. 
 
Preparação de pomadas 
A  natureza  do  fármaco  e  as  características  físico‐químicos  dos  excipientes  são  os  factores  que 
condicionam  a  técnica  a  utilizar  na  preparação  das  pomadas.  As  pomadas  podem  ser  do  tipo 
solução, suspensão ou emulsão e se obtém através das respectivas operações farmacêuticas. 
 
Pomadas obtidas por solução:  se o fármaco ou fármacos forem solúveis no excipiente, procede‐
se a preparação da pomada por fusão, isto é , por dissolução dos princípios activos no excipiente 
fundido a banho de água. 
 
Pomadas  obtidas  por  suspensão:  muitas  pomadas  preparam‐se  por  dispersão  de  pós 
medicamentosos  em  excipientes  nos  quais  são  insolúveis.  Os  pós  préviamente  divididos,  são 
suspensos num líquido que pode ser o próprio excipiente fundido, o álcool, a glicerina, ou outros. 
A  incorporação dos pós nos excipientes pode  fazer‐se  fundindo uma pequena pasta homogenia; 
depois adiciona‐se o restante excipiente, em pequenas porções, triturando até a homogenização. 
 
Pomadas obtidas por emulsão: as pomadas obtidas por emulsão são cremes do tipo A/O ou O/A. 
Esta  técnica  é  aconselhável  quando  um  ou mais  princípios medicamentosos  são  insolúveis  nos 
excipientes ordinários, contudo solúveis em meio aquoso. 
 
T oip s de pomadas 
s propriamente ditas a) Pomada
  b) Cremes
c) Pastas 
d) Geles ou pomadas 
49 
observadas. 
As  pomadas  podem  se  acondicionadas  com  segurança  em  boiões  (vidro,  porcelana,  materiais 
plásticos) ou tubos de material plástico ou de metal. O acondicionamento em tubos (bisnagas) e a 
forma mais racional de dispensar a maioria das pomadas. A estabilidade de uma pomada, como 
também  em  outras  preparações,  e  em  função  do  tempo  de  armazenagem,  sendo  factores  a 
considerar a temperatura, o ar presente na massa , o grau de humidade , a inquinação bacteriana 
 
e) Pomadas oftálmicas 
 
Incompatibilidades 
As incompatibilidades em farmácia sempre refere‐se as reacções provocadas  por substâncias que, 
associadas  numa mesma  forma  farmacêutica,  sofrem modificações  imprevistas  e  desvantajosas, 
indesejáveis técnicamente e desfavoráveis  quanto a acção pretendida pelo médico. Estas reacções 
não  ocorrem  somente  entre  vários  fármacos  mas  também  entre  os  princípios  activos,  os 
excipientes  e  adjuvantes,  ou  até  por  influência  de  certos  constituintes  dos  recipientes  sobre  as 
preparações  que  acondicionam.  As  incompatibilidades  podem  ser  detectadas  por  simples 
observação  visual  das  preparações  como  aparecimento  de  coloração,  formação  de  grumos  e 
ruptura das emulsões. 
Há  casos  em  que  as  incompatibilidades  se  traduzem  em  fenômenos  subtis  e  dificilmente 
observáveis  oganolépticamente  como  a  perda  ou  a  diminuição  da  actividade  dos  fármacos.  Há 
casos  também  em que  os  princípios  activos  em presença  de  determinados  excipientes,  não  são 
difundidos  com  facilidade,  por  vezes  também os  conservantes  perdem o  seu poder  anti‐séptico 
por se terem complexado com os veículos ou com fármacos. 
 
Acondicionamento e conservação de pomadas 
O acondicionamento e a conservação das pomadas devem ser analisados simultaneamente porque 
de um modo geral,  a estabilidade das preparações depende da sua forma de acondicionamento. Os 
excipientes  tendem  a  oxidar‐se,  hidrolisar‐se  ou  a  perder  água  e  as  pomadas  –  geléias  são 
facilmente  invadidas  por microorganismos  (bactérias  e  fungos),  e  que  são  os  responsáveis  por 
numerosas alterações como a perda do equilíbrio físico do sistema. A ruptura das emulsões e da 
modificação da consistência de uma pomada são algumas das consequências mais frequentemente 
50 
 
ou  fúngica  e  as  incompatibilidades  entre  os  seus  constituintes  ou  entre  estes  e  as  substâncias 
cedidas pelos recipientes que a acondicionam. 
 
51 
 
CAPÍTULO XVI.   ASTAS
São  preparações  de  aplicação  cutânea  que  contém  apreciável  quantidade  de  substâncias 
P  
pulverulentas. 
Dependendo  do  excipiente  usado,  que  pode  ser  muito  diverso,  as  pastas  caracterizam‐se  pela 
existência de uma percentagem de pós em suspensão, superior a 15‐20% e até existem pastas com 
50% de pós. 
Os  pós  utilizados  na  preparação  das  pastas  devem  ser  finamente  tamizados  porque  é  difícil  a 
homogenização de partículas grossas. A presença de elevadas concentrações de pós faz com que as 
pastas  sejam  completamente  diferentes  das  pomadas  propriamente  ditas,    porque  possui  um 
ligeiro efeito secante, absorvendo os exsudados cutâneos. 
 
Usos 
As pastas  são usados para acções estritamente epidérmicas, uma vez que a penetrabilidade dos 
fármacos que transportam é diminuta. Nestas circunstâncias são especialmente empregadas como 
veiculo de fármacos anti‐sépticos e adstringentes (adstringentes). 
Podem utilizar‐se para superfícies cutâneas húmidas ou molhadas devendo, neste caso, usarem‐se 
pastas formadas por excipientes hidrófilos que sejam miscíveis com as secreções da pele. 
ndo as excipientes usados na sua preparação, as pasSegu tas podem ser divididas em dois grupos: 
1°. Pastas preparadas com excipientes gordurosos:   vaselina, parafina  líquida,  lanolina, ceras, 
banhas silicones etc. 
2°.   prep adas com excipientes hidrófilos:  ge es d a glicerinada, etc.  
Na  preparação  das  pastas,  a  operação  mais  delicada  é  a  levigação  dos  pós,  frequentemente 
conduzida com produtos como óleos vegetais  , a parafina  líquida e o próprio excipiente pastoso 
Pastas ar   l e pectina, de gelatin ‐
fundido. 
As pastas de gelatina‐glicerinada com óxido de zinco são também conhecidas por cola de unna, 
ndo apresentar ante a quantidade de gelatina utilizada. pode ‐se mais ao menos duras, conso
x: Colas de unna : uso em tratamento de varizes. E
 
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Componentes  Consistência branda  Consistência dura 
Acido de zinco  15g  15g 
Gelatina  15g  30g 
Glicerina  35g  30g 
Água  35g  25g 
Metilparabeno   0,1g  0.1g 
 
 
Técnica operatória 
‐se a glicerina; 1.  Embeber a gelatina na água fria adicionando
2.  Aquecer‐se a banho‐maria ate a dissolução; 
3.  Completa‐se o peso de 85g com água, s.o.s. e; 
 zinco finamente dividido (pulverizado).  4.  Incorpora‐se

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