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República de Moçambique Ministério da Saúde Direcção de Recursos Humanos - Departamento de Formação TECNOLOGIAS FARMACÊUTICAS I 2 © 2011. Ministério da Saúde. Esta publicação do Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU) foi realizada com apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) ção total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. É permitida a reprodu ª edição – Ano 2011 1 Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE os Direcção de Recursos Human Departamento de Formação nvolvimento Curricular (RPDC) Repartição de Planificação e Dese ondlane, 4º andar Av. Eduardo M aputo – MZ M Coordenação o) Lucy Sayuri Ito (JBPP/DRH Departamento de Formaçã Ermelinda Notiço (DRH ‐ Departamento de Formação) Suraia Mussa Nanlá (Instituto de Ciência da Saúde – Maputo) Créditos ção Mabeia Reinaldo da Encarna uraia Mussa Nanlá S Colaboradores andes Ana Cristina Fern Chambe Alberto Revisor de português: Ermelinda Notiço (DRH‐ Departamento de Formação) 3 PREFÁCIO O presente manual foi concebido para dar apoio aos docentes e estudantes de modo a permitir melhor compreensão dos conteúdos que nele constam. O manual caracteriza‐se por abordar de forma integrada as matérias respeitantes a cada uma delas. É evidente que não foi tarefa fácil preparar esta versão do nosso manual, a qual foi organizada segundo uma estrutura que obedeceu a sequência do currículo recentemente aprovado, e por continuarmos a pensar que este manual se destina não só aos docentes mas também aos estudantes; Porque neste mundo nada é perfeito, estamos conscientes de que também este manual não escapa a essa regra, por isso, receberemos com muito agrado, todas as críticas e sugestões tendentes a proporcionada. melhorá‐la em futuras edições, se tal eventualidade nos for Salientamos que este é o primeiro manual a ser elaborado. Resta‐nos agradecer à JICA o imprescindível apoio para que, mais uma vez, pudéssemos concretizar um projecto que há muito tempo ambicionávamos tornar realidade. 4 ÍNDICE PÁGINA CAPÍTULO I. TECNOLOGIA FARMACÊUTICA.............................................................................................................. 5 CAPÍTULO II. MEDICAMENTOS ................................................................................................................................. 8 CAPÍTULO III. PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS....................................................................................................... 11 CAPÍTULO IV. SOLUÇÕES ......................................................................................................................................... 13 CAPÍTULO V. XAROPES............................................................................................................................................ 17 CAPÍTULO VI. ALCOÓLEOS ...................................................................................................................................... 21 CAPÍTULO VII. TINTURAS ......................................................................................................................................... 22 CAPÍTULO VIII. GLICERÓLEOS .................................................................................................................................. 27 CAPÍTULO IX.1. ENÓLEO OU VINHOS MEDICINAIS .................................................................................................. 29 CAPÍTULO IX.2. ACETÓLEOS OU VINAGRES MEDICINAIS......................................................................................... 29 CAPÍTULO X. EXTRACTOS......................................................................................................................................... 30 CAPÍTULO XI. ÁGUA DESTILADA OU HIDROLATOS ................................................................................................. 33 CAPÍTULO XII. ALCOOLATOS OU ESPÍRITOS............................................................................................................ 35 CAPÍTULO XIII. EMULSÕES ...................................................................................................................................... 36 CAPÍTULO XIV. SUSPENSÕES................................................................................................................................... 38 CAPÍTULO XVI. PASTAS ........................................................................................................................................... 51 CAPÍTULO XVII. LINIMENTOS .................................................................................................................................. 53 CAPÍTULO XVIII. LOÇÕES......................................................................................................................................... 54 CAPÍTULO XIX. SABÕES ............................................................................................................................................ 56 CAPÍTULO XX. EMPLASTROS E ESPARADAPOS ........................................................................................................ 58 CAPÍTULO XXI. AEROSSÓIS...................................................................................................................................... 60 CAPÍTULO XXI. AEROSSÓIS...................................................................................................................................... 61 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................................... 63 5 CAPÍTULO I. TECNOLOGIA FARMACÊUTICA DEFINIÇÃO A Tecnologia Farmacêutica é uma ciência de aplicação, tendo como principal finalidade a obtenção de preparações farmacêuticas, também chamadas medicamentos que devem ser dotadas de máxima actividade, doseados com maior precisão e que se devem apresentar com uma forma de fácil conservação e administração. A Tecnologia Farmacêutica estuda, investiga e transforma os produtos naturais (vegetais, animais e minerais) em medicamentos. Estes produtos naturais podem ser obtidos por síntese, por processos biotecnológicos, para torná‐los capazes de serem administrados aos seres vivos na profilaxia, cura ou no diagnóstico de várias doenças. Os medicamentos obtidos por Tecnologia Farmacêutica apresentam‐se sob diferentes e várias formas que se chamam formas farmacêuticas. As fórmulas farmacêuticas resultam da aplicação de diversas operações farmacêuticas sobre as substâncias medicamentosas com finalidades de facilitar a posologia, doses, administração, assegurar a acção que se deseja e mascarar algumas características organolépticas. Existem diversos tipos de formas farmacêuticas ou formas galênicas, como por exemplo, os pós, comprimidos, xaropes, pomadas, óvulos, supositórios, colírios e outras mais…. A Tecnologia Farmacêutica recorre a outras ciências para tornar possível a realização dos seus objectivos, como a Física, Química, Biologia, Farmacognósia, Farmacologia. Por isso o farmacêutico ou outro cientista que usa ou trabalha com esta ciência, deve possuir uma solidez na cultura científica, abrangendo noções exactas sobre o conhecimento das matérias ‐primas utilizadas, sua compatibilidade e estabilidade, bem como as respectivas acções farmacológicas. Os medicamentos devem ser bem verificados para garantir a sua potência inicial e determinar o grau de destruição das suas substânciasactivas ao longo do tempo. Na prática, considera‐se que um medicamento perdeu a sua validade quando tiverem sido destruídos mais de 10 ou 15% das suas substâncias activas e quando tiver deixado de respeitar outras especificações consideradas fundamentais. Este período durante o qual se processaram estas alterações chama‐se prazo de validade de um medicamento e não deve ser superior a cinco anos. OBJECTIVOS 6 obter maior ficácia terapêu ica e segurança na manipulação. Dois ramos mais recentes desta ciência: a Biofarmácia, Biofarmacotécnia ou Biogalênica e a Farmácia Clínica. A primeira tem como finalidade determinar as relações entre as propriedades físico‐químicas dos fármacos, a sua forma de administração e os efeitos biológicos observados, constituindo uma ciência de extraordinário interesse, pois o mesmo fármaco pode ter uma acção mais ou menos potente e eficaz consoante as propriedades físico‐químicas que lhe são próprias e o modo como foi transformado em medicamento. No que diz respeito à Farmácia Clínica, é de Preparar, conservar, acondicionar e dispensar medicamentos doseados com maior precisão e apresentados sob uma forma que facilita a sua administração e biodisponibilidade. Em suma, a Tecnologia Farmacêutica estuda os métodos racionais e científicos para a preparação das formas farmacêuticas, o modo de associar as substâncias medicamentosas, as incompatibilidades que se podem originar entre estas substâncias medicamentosas e a conservação das fórmulas preparadas. EVOLUÇÃO Durante muitos anos as substâncias medicamentosas que o homem dispunha eram t aexclusivamente consti uídas por produtos de natureza nimal, vegetal ou mineral. Posteriormente, com o isolamento das substâncias activas, o homem teve a tentação de os substituir à droga. Este critério nem sempre foi acertado, dado que cada droga pode conter mais do que uma dessas substâncias; quantas vezes reforçados ou compensados na acção farmacológica apresentada pelos outros. São numerosos os exemplos do que se acaba de dizer, mas tal assunto é do domínio da farmacognósia. São em elevado número, as drogas que não devem ser substituídos pelas chamadas substâncias activas, também são numerosos os exemplos em contrário. Razões de ordem econômica e de facilidade de preparação, têm levado à substituição quase sistemática das antigas fórmulas a partir da droga pelos seus componentes principais isolados ou obtidos por síntese. Esta é a tendência da Tecnologia Farmacêutica que é cada vez mais acentuada, em parte justificada, da necessidade de preparação de medicamentos estáveis durante o maior período possível e mais facilmente administráveis. Ainda pode‐se mencionar as tendências mais recentes da Tecnologia Farmacêutica ao serviço da preparação de medicamentos concebidos e estudados com o fim de se e t 7 salientar a sua importância, pois o aparecimento de novos fármacos, cada vez mais potentes, obriga a cuidados particulares, no que respeita a incompatibilidades físicas, químicas ou biológicas a que podem dar origem. Esta definição de Farmácia Clínica tem evoluído nos últimos anos e corresponde actualmente a um novo conceito da própria prática farmacêutica. O exercício da Farmácia Clínica não se limita só aos aspectos biofarmacêuticos e terapêuticos do medicamento, mas inclui também todo o contributo do farmacêutico para a correcta utilização do medicamento, desde a sua concepção e preparação até à avaliação da qualidade, conservação e spensa ao doente. di A Farmacovigilância é um outro capítulo da actividade farmacêutica exercida a nível ambulatório ou hospitalar, competindo‐lhe ``toda a actividade tendente a obter indicações sistemáticas sobre ligações de casualidade provável entre medicamentos e reacções adversas ``. É esta, pois, a evolução natural da Tecnologia Farmacêutica, que, de arte servindo‐se do empirismo, passou a ciência complexa e multifacetada, começando por todo o mundo a ser encarada e orientada em bases completamente novas, em que a preparação do medicamento nunca pode ser apreciada independentemente do fim que dele se pretende. Há ainda muito a ser investigado neste sentido, até se atingir um equilíbrio entre as formulações tradicionais e surgimento de novos dados e teorias que não valorizam a experiência das gerações passadas. O exemplo disso é o aparecimento de formulações galênicas não tradicionais, como as preparações farmacêuticas de libertação controlada e os novos sistemas terapêuticos que constituem variedades daquela (libertação controlada). 8 CAPÍTULO II. MEDICAMENTOS DEFINIÇÕES Drogas: São produtos de natureza animal, vegetal ou mineral, empregados na preparação de medicamentos. Também pode‐se designar por droga ao produto simples ou complexo que pode servir como matér ‐ a ia prim de uso farmacêutico, químico, etc. Matériaprima: É toda substância activa, ou não, que se empregada na produção dum medicamento, quer permaneça inalterável, quer se modifique ou desapareça no decurso do processo. Fármaco: É toda a droga utilizada em Farmácias e dotada de acção farmacológica, ou, pelo menos, de interesse médico. Entretanto, não se devem considerar como fármaco as drogas inertes empregadas em farmácia, como excipiente duma preparação. Assim, as drogas e os fármacos constituem as matérias‐primas para obtenção de medicamentos. Medicamento: O químico, o galênico e o médico apreciam o termo medicamento de acordo com a sua especialidade, não considerando com relevância os sectores de outros especialistas. A Farmácia Galênica define de várias maneiras o termo medicamento, por exemplo: Medicamento: é toda a substância que administrada convenientemente no organismo é capaz de aliviar ou curar o seu estado patológico. Medicamento: é qualquer substância simples ou complexa que aplicada no interior do corpo do homem ou do animal pode produzir efeito curativo ou preventivo. edicamento: é a substância ou conjunto de substâncias que se administram com fins terapêuticos. M Deve‐se concluir que, de modo geral, o medicamento pode apresentar três finalidades distintas: tratamento, profilaxia e diagnóstico das doenças. Remédio e medicamento: Remédio é um meio usado com o fim de prevenir ou de curar doenças. Assim o remédio não é só o medicamento mas também um agente de natureza física ou psíquica a que se recorre na terapêutica. Há no entanto tipos de remédios que não podem ser considerados como medicamentos: Aeroterapia ou Climatoterapia, Helioterapia, Radioterapia, Termoterapia, etc. CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS 9 Uma das classificações mais intuitivas dos medicamentos é a que se refere, primeiro, à sua divisão e compostos, segundo se eles são preparados a partir de um ou de vários fármacos. em: simples Exemplos: Medicamentos simples: um pó de ópio, uma pomada de cânfora Medicamentos compostos: um pó com ipeca, um comprimido de ácido salicilico com afeína. c Os medicamentos também podem ser classificados segundo a sua forma de uso, via de administração: medicamento de uso interno medicamento para o uso externo. Uso interno: Os que destinam a ser administrado no interior do organismo por via bucal, pelas cavidades naturais ou acidentais como: via oral, via rectal, vaginal, nasal, auricular, parenteral, traqueopulmonar. Uso externo: Medicamentos de exclusiva aplicação na superfície do corpo ou em mucosas facilmente acessíveis do exterior. Os medicamentos também podem classificar‐se em:oficinais, Magistrais e Especializados. a) Medicamentos oficinais: são aqueles cuja fórmula se encontra oficializada nas Farmacopéias. b) Medicamentos Magistrais: são aqueles que não estão inscritos nas Farmacopéias e que são preparados pelo farmacêutico na sua oficina (laboratório) segundo as indicações expressas numa prescrição médica. c) Medicamentos Manipulados: são todos medicamentos preparados numa farmácia de oficina. Os medicamentos manipulados abrangem medicamentos oficinais e medicam s aento m gistrais. d) Medicamentos especializados ou Especialidades Farmacêuticas: são as preparações farmacêuticas apresentadas no mercado em embalagem própria, destinada a ser entregue ao consumidor e com uma designação ou marca privativa. e) Medicamentos Similares (genéricos): são preparações farmacêuticas iguais ou idênticas às especialidades que podem ser produzidas em série, mas que não têm outra designação que não seja o nome ou nomes do fármaco ou fármacos constituintes. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO 10 O médico prescritor do medicamento deve indicar na prescrição médica o modo e frequência de administração do medicamento. Se for destinado ao uso externo deve ser bem assinalado. O Farmacêutico deve assinalar o facto no Rótulo do medicamento, como: uso externo; para tomar com colher de sopa; tomar com colher de chá ou colher de café, conforme a indicação médica; para usar como gargarejo; para fricção; para colutório, para inalação, para uso ocular; agite antes de usar; etc. PRAZO DE VALIDADE DE MEDICAMENTO Os medicamentos devem ser verificados de modo que se garanta a sua potência inicial e se determine o seu grau de destruição das suas substâncias activas com o tempo. Por isso uma preparação farmacêutica não está eternamente apta a ser utilizada. Portanto, após um período mais ou menos longo, e dependendo também do processo da sua conservação, o medicamento vai perdendo progressivamente a sua actividade. Praticamente considera‐se que um medicamento perdeu a sua validade quando foram destruídos mais de 10 ou 15% das suas substâncias activas e quando tiver deixado de respeitar outras suas especificações consideradas fundamentais. O período durante o qual se processaram estas alterações chama‐se prazo de validade do medicamento, que de modo geral não pode ser superior a cinco anos. 11 CAPÍTULO III. PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS INTRODUÇÃO A Tecnologia Farmacêutica é uma ciência cuja aplicação tem a finalidade de obter preparaçãoes farmacêuticas que se chamam medicamentos. Estuda a transformação dos produtos naturais (animais, vegetais e minerais) em medicamentos, de síntese ou sua obtenção por processos biotecnológicos a fim de se tornarem susceptíveis de serem administrados aos seres vivos com fins profilácticos, curativos ou de diagnóstico das várias doenças. Em suma, as preparações farmacêuticas são obtidas por aplicação dos métodos racionais e científicos, investigados pela Tecnologia Farmacêutica, para a preparação das formas farmacêuticas, incluindo o modo da associação das substâncias medicamentosas, as incompatibilidades que ocasionalmente possam surgir entre essas substâncias e a conservação das fórmulas preparadas. A tecnologia Farmacêutica tem por objectivo principal preparar, conservar, acondicionar e dispensar medicamentos doseados com a maior precisão e apresentados sob uma forma que facilite a sua inistração eadm biodisponibilidade. Os excipientes constituem toda a matéria‐prima que, incluída nas formas farmacêuticas, se junta às substâncias activas ou suas associações para servi‐lhes de veículo, possibilitar a sua preparação e a sua estabilidade, modificar as suas propriedades organolépticas ou determinar as es físico‐quím spropriedad ica do medicamento e a sua biodisponibilidade. Entretanto os veículos são as substâncias que facilitam a administração dos fármacos; não têm actividade farmacológica mas dão corpo aos fármacos, diluindo‐os à concentração conveniente ou proporcionando‐lhes maior facilidade de administração. Os adjuvantes exercem, nos medicamentos, efeitos solubilizantes, conservantes, edulcorantes, aromatizantes, e não modificam, de modo geral, o efeito farmacológico dos princípios medicamentosos. Os materiais de embalagem que devem ser usados na embalagem dos medicamentos devem ser seleccionados pelo produtor das formas farmacêuticas a embalar mas contudo devem se escolher materiais da melhor qualidade possível e que garantam uma segurança aos produtos até à sua expiração, entretanto esses materiais de embalagem a usar devem depender da composição, quantidade, características organolépticos dos produtos por embalar, composição química, prazo de validade, observações e recomendações do produtor no que diz respeito à embalagem a usar, temperatura em que se devem manter as preparações farmacêuticas, etc. 12 Todas as formas medicamentosas, matérias primas e reagentes diversos devem ter uma etiqueta de identificação que se chama rótulo e este rótulo deve conter todos os dados referentes ao material embalado (medicamentos, matérias primas, reagentes, etc), incluindo certas observações julgadas pertinentes como temperatura de conservação, vias de administração, advertências diversas como veneno, uso externo, agite antes de usar, etc. 13 CAPÍTULO IV. SOLUÇÕES As soluções são misturas homogêneas formadas por dois componentes distintos que são o solvente e o soluto, este (o soluto) que se chama também solvido ou dissolvido. Quando um dos componentes é líquido, este que é liquido chama‐se sempre solvente; se os dois componentes da solução são líquidos considera‐se solvente, aquele que se encontre em maior proporção. A solubilidade de uma substância num determinado solvente não é ilimitado. Uma substância pode ser mais ou menos solúvel num certo líquido; por isso cada produto tem um coeficiente de solubilidade característico. Portanto a solubilidade é o número de partes de solvente necessárias para dissolver uma parte de soluto. Modos de Expressão de Solubilidade Termos Quantidade relativa de solvente, em volume, para 1 p massa arte de soluto, em Muito solúvel Menos de 1 parte Facilmente solúvel De 1 a 10 partes Solúvel De 10 a 30 partes Lige vel iramente Solú De 30 a 100 partes Pouco solúvel De 100 a 1000 partes Muito pouco solúvel D e 1000 a 10000 partes Praticamente insolúvel Mais de 10.000 partes Expressão da Concentração das Soluções A quantidade da substância dissolvida numa solução pode ser indicada de várias maneiras: em percentagem, molaridade, normalidade, equivalentes ou miliequivalentes. Na ciência farmacêutica, a concentração de uma solução exprime‐se quase sempre em percentagem. A Farmacopéia Lusa apresenta quatro modos 14 1°. Percentagem expressa em massa de substâncias dissolvida em 100 ml de solução (m/v). Neste caso, entende‐se que em 100 ml de solução existem x gramas de substância dissolvida. Assim, uma solu v o ação a 5% (m/ ) de glucose c ntém em 100 ml de solução 5 g d quele açúcar (glucose). 2°. Percentagem expressa em massa de substância dissolvida em 100 g de solução (m/m). Significa que cada 100 g de solução tem dissolvido x g de soluto. Exemplo: a solução a 10% (m/m) de cloreto de sódio contém em 100 g de solução 10 g daquele sal. Usa‐se muito este critério nas prescrições magistrais. 3° . Percentagem expressa em volume de substância dissolvida em 100 ml de solução (v/v). Indica o número de ml de produto dissolvido em 100 ml de solução.Desta maneira, uma solução de glicerina a 10% (v/v) conterá, em 100 ml, 10 ml daquele líquido (glicerina). 4°. Percentagem expressa em volume de substância dissolvida por massa de solução(v/m). Indica o número de mililitros de substância em 100 g de produto final. Tipos de Soluções Existem duas categorias ou tipos de soluções: as soluções simples e as soluções extractivas. Uma solução simples é aquela que resulta da dissolução total e completa de uma substância de composição homogênea num solvente determinado. Exemplos: 1. Solução de gás em líquido 2. Solução de líquido em líquido 3. Solução de sólido em líquido HIDRÓLEOS es simpleEstes compreendem as soluçõ s e as soluções extractivas cujo solvente é a água. Soluções aquosas simples ou Hidrólitos e as soluções aquosas obtidas por técnicas extractivas Factores que influenciam a dissolução de um sólido num l Estes factores são constituídos por três elementos principais: íquido 15 vegetal, os açúcares, amido, substâncias proteicas, pectina e celulose. A selectividade é uma das características a exigir de qualquer processo de extracção, pois é graças a ela que se dissolverão, tanto quanto possível, apenas os princípios activos e se deixarão, no resíduo, os componentes fisiológicamente inactivos e que constituem a quase totalidade da droga. a) po a dissolver O estado da divisão do cor b) A agitação do dissolvente c) A temperatura do dissolvente. Para se preparar uma solução de um sólido na água, deve‐se, por isso, reduzir o sólido, préviamente, a pequenos fragmentos, caso esse sólido se apresente em grandes massas cristalinas e adicioná‐lo depois a cerca de dois terços do volume total do solvente, agitando, seguidamente a a issolução. mistura para facilitar d Assim considera‐se as seguintes substâncias prescritas que são facilmente solúveis em água: acetato de potássio, ácido cítrico, brometo de amónio e de potássio, citrato de potássio, cloreto de amónio, de cálcio, de potássio e de sódio, iodetos de potássio e de sódio, sulfato de magnésio. Substâncias menos solúveis (em água): bórax, ácido bórico, alúmen, cloreto de potássio e o fosfato de sódio. Nestes casos, o composto a dissolver deve ser reduzido a pó e triturado num almofariz, com sucessivas porções de água, até completa dissolução, depois perfaz‐se a quantidade de solução exigida. Acção da temperatura: desde que o soluto tenha um calor de dissolução positivo, o aquecimento do solvente facilita a sua dissolução. Soluções extractivas: são aquelas que resultam da dissolução parcial de uma droga de composição heterogênea num determinado solvente. Neste caso, o dissolvente dissolve apenas alguns dos constituintes da droga, ficando a maior parte desta por dissolver, a qual se designa por resíduo. As soluções extractivas são obtidas, principalmente a partir de drogas vegetais secas ou contendo reduzida quantidade de suco celular, com o propósito de extrair delas os constituintes possuindo actividades farmacológicas. São importantes e de grande utilidade, em primeiro lugar, os alcalóides, heterósidos, taninos, resinas, flavonas, essências, óleos, etc. Também podem‐se mencionar as drogas desprovidas de interesse farmacodinâmico, de origem 16 Fact ução extractiva: ores que influenciam a dissol a divisão das drogas 1. Estado d 2. Agitação 3. Temperatura componentes de uma mesma planta 4. Acções mútuas exercidas pelos erficial 5. Influência da tensão sup olvente 6. Natureza do diss 7. Influencia do pH 8. Tempo de extracção SACARÓLEOS São preparações farmacêuticas líquidas cujo veículo é a água purificada ou desmineralizada, contendo uma elevada concentração de açúcares, glucose e levelose. Estes açúcares conferem aos sacaróles as propriedades de edulcorantes e conservantes. 17 CAPÍTULO V. XAROPES São preparações farmacêuticas aquosas, líquidas, que contêm um açúcar, como a sacarose, em concentração próxima da saturação. Os Xaropes conservam‐se bem devido ao facto de serem soluções hipertônicas, uma vez que os açúcares constituintes se encontram numa concentração próxima da saturação. Actuam como desidratantes para os microrganismos e os inibem de se reproduzirem. Uma outra propriedade interessante dos xaropes é a sua elevada viscosidade. Esta característica atenua ou impede o aparecimento de turvações ou precipitações ocasionadas por uma reacção ou pela fraca solubilidade dos fármacos que possam conter. Há duas espécies fundamentais de xaropes: a) Os xaropes medicamentosos b) Os xaropes que apenas funcionam como simples veículos para fármacos ou medicamentos, por exemplo: o xarope comum ou xarope simples, o xarope de goma, o xarope de suco, o xarope aromatizante. Tanto os xaropes medicamentosos como os xaropes utilizados como simples veículo devem corresponder a soluções saturadas de açúcares. Preparaçõ s e de xaropes A sacarose é o principal componente dos xaropes e por isso é conveniente que se relembre algumas das suas principais propriedades e características. A sacarose é obtida por extracção de cana‐de‐açúcar ou a partir da beterraba. É um açúcar formado por união de uma molécula de glucose com uma de levulose. Na sua forma pura apresenta‐se em cristais monoclínicas, doces e higroscópicos. Dissolve‐se na água na proporção de 1 g para 0,5 ml a frio ou 1 g para 0,2 ml, a quente. No álcool só e solúvel na proporção de 1g para 170 ml /(170ml de álcool). É moderadamente solúvel em glicerina. Água A água utilizada na preparação de xaropes deve ser beneficiada quer por destilação, quer por desmineralização. Preparação 18 e proliferação microbiana. Esta última alteração é uma das mais importantes, pois torna os xaropes sépticos e pode originar decomposições de várias ordens. Além disso, uma proliferação microbiana corresponde a um estado anormal num xarope, xarope este que é uma solução de tal modo tão hiperônica que impede o desenvolvimento dos microrganismos. Em face destas análises, tem se procurado Para se preparar um xarope, essencialmente, há necessidade de dissolver o açúcar na água (xarope simples) ou em soluções medicamentosas (soluções salinas, soluções de fármacos orgânicos, digestos, infusos, macerados, hidrolatos, sucos, etc.) Este é o processo fundamental para a preparação de xaropes, contudo podem ser preparados xaropes medicamentosos por dissolução de tinturas, extractos e fármacos variados no xarope comum. Os xaropes podem ainda serem preparados por simples mistura de concentrados ou pseudo‐ extractos fluidos com xarope comum, numa proporção de 10 partes dos primeiros com 90 partes do segundo. A dissolução do açúcar para a obtenção de um xarope pode efectuar‐se a frio ou a quente. A preparação a frio origina xarope simples menos corado, com menos hidrólise da sacarose. Mas nesta preparação á frio não se destróem as formas microbianas vivas existentes, provenientes da água ou da sacarose. A preparação á quente leva ou pode levar à obtenção do xarope simples mais amarelo, o que se deve à caramelização do açúcar. Esta transformação corresponde à hidrólise da sacarose, que é mais acentuada quando é mais alta a temperatura utilizada e mais demorado o aquecimento. Alterações dos Xaropes São numerosos os factores que podem desencadear a alteração dos xaropes: Agentes atmosféricos de destruir até os fármacos) Aquecimento (po Exposição á luz Reacções internas Interacção dos componentes do xarope (reacção entreos fármacos, adjuvantes e sacarose) 19 impedir o desenvolvimento de microorganismos em muitos xaropes, tidos como facilmente alteráveis, incluindo na sua preparação conservantes (bacteriostáticos, bactericidas, fungistáticos, fungicidas e leveduricidas). uintes conservantes para xaropes: Assim, são aconsados os seg 1°. o‐fenilfenol de 1:15000 2°. p‐hidroxibenzoato de propilo(propilparabeno) na concentração de 1:5000 3°. Mistura dos 5 para‐hidroxibenzoatos citados, ou pelo menos, a mistura do metilparabeno com o propilparabeno, em partes iguais, na concentração final de 1:7500. Melitos São preparações líquidas, apresentando uma consistência xaroposa, que é devida à grande percentagem de mel que contêm, o qual se encontra dissolvido num veículo aquoso. Os melitos preparam‐se por dissolução do mel em água (melito simples) ou numa solução aquosa, seguida de classificação, feita com pasta de papel. Melito comum (xarope de mel) Mel‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐1000 g Água‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐1000 g Caulino‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐60 g Agita‐se o caulino com 200 g de água, junta‐se o mel dissolvido na água restante; leva‐se à fervura e filtra‐se ainda quente por pasta de papel e evapora‐se até marcar. Densidade aconselhável, no fim: 1,26. Verificação dos xaropes Verificam‐se os caracteres organolépticos, físicos e químicos, bem como certas falsificações. Caracteres organolépticos: são límpidos, viscosos e com sabor agradável. Não devem ter cheiro repugnante (HF e ácido acético). 20 Caracteres físicos: viscosidade, propriedades polarimétricas e densidade. Caracteres q carose e de açúcar invertido. uímicos: avaliação do teor de sa Falsificação: diminuição do teor de sacarose. 21 CAPÍTULO VI. ALCOÓLEOS São preparações líquidas cujo veículo, único ou principal, é o álcool etílico de diversa graduação. simples ou extractiva de produtos sintéticos ou naturais. Obtêm‐se por dissolução Os coal óleos podem ser: simples (alcoóleos ácidos, alcoóleos açucarados e outras soluções açucaradas) a) Soluções b) Tinturas c) Alcoolaturas Solução alcoólicas simples Estas obtêm‐se por dissolução simples das substâncias. Preparação Os alcoólitos são obtidos por dissolução total das substâncias. Esta dissolução pode ser auxiliada por um aquecimento moderado. Soluções alcoólicas mais correntemente lizadas Este tipo de soluções não são numerosas, contudo vão ser consideradas aqui os que ainda têm interesse terapêutico, como por exemplo: Solução Alcoólica de Cânfora, Solução Alcoólica de Iodo, Solução Alcoólica de Nitroglicerina, Solução Alcoólica de Mentol e a Solução Alcoólica de Resorcina e Ácido Salicílico. uti 22 CAPÍTULO VII. TINTURAS As tinturas foram introduzidas na terapêuticas no séc. XVI por Teofrasto Paracelso (1493‐1541) cujo nome completo era Filipe Teofrasto Bombast Von Hohenheim. Este cientista renovou muitos conhecimentos farmacêuticos e químicos, não se preocupando somente com as teorias médicas. As inturas foram inscritas numa Farmacopéia pela primeira vez no séc. XVII (1666). t As tinturas são soluções extractivas alcoólicas, que se obtém a partir de drogas vegetais, animais e minerais, no estado seco. O termo tintura provém de circunstância destas formas galênicas apresentarem‐se coradas, porque sendo soluções extractivas contém princípios dotados de côr (taninos) e vários pigmentos (clorofila, flavonas, quinonas, etc.). As tinturas são vantajosas pela sua grande riqueza em princípios activos, excelente conservação face às invasões microbianas e a sua facilidade de medição posológica que apresentam. Preparação Para a preparação duma tintura deve‐se ter em atenção o estado do fármaco, a escolha do álcool o e e o método de de graduaçã convenient extracção a escolher. Geralmente usam‐se as drogas vegetais para a preparação de tinturas. Estas drogas, por vezes podem ser de grande actividade, como as drogas heróicas, o acónito, beladona, coca, cólquico, estrofanto, cânhamo, dedaleira, estramônio, ipeca, lobélia, meimendro, noz‐vómica, ópio, etc. Mas também podem ser pouco activas como o bálsamo de Tolú, arnica, açafrão, etc. Poucas vezes as drogas são utilizadas inteiramente sem estarem divididas; as drogas devem ser divididas (cortadas em pequenos tamanhos), de acordo com a natureza dos princípios activos que contenham. A relação entre a quantidade de droga e a de álcool ou de tintura é de 10:100 e :100. 20 O dissolvente habitual mais usado é o álcool de graduação variável entre 30° e 90°. Como norma geral, usa‐se o álcool de baixa graduação para as drogas ricas em substâncias hidrossolúveis como sais de alcalóides, heterosídeos, taninos, flavonas, etc. e deve usar‐se o álcool mais concentrado para as drogas com princípios activos menos hidrossolúveis, como alcalóides base, essências, e se preparem: resinas, bálsamos, etc. Por exemplo, a farmacopéia portuguesa 4. edição sugere qu 1°. Com álcool de 65°, as tinturas de drogas secas, pouco activas, como a calumba; 23 2°. Com álcool de 70°, as tinturas de drogas heróicas; 3°. Com álcool de 85°, as tinturas contendo sucos concretos, bálsamos e substâncias resinosas. Métodos de extracção Essencialmente usam‐se quatro processos de obtenção de tinturas que são: 1. Maceraçã o Lixiviação 2. 3. Digestão 4. Dissolução do extracto seco correspondente A maceração é o processo mais utilizado para preparar tinturas de drogas não heróicas, devendo macerar‐se 200 g de droga em 1000 g de álcool, durante 10 dias. Recomenda‐se a Lixiviação como processo para obter tinturas de drogas heróicas. A lixiviação é uma das técnicas (processos) mais importantes para a obtenção de soluções extractivas farmacêuticas. Neste processo, lixiviação, submete‐se uma droga pulverizada e macerada (por maceração) préviamente, depois de acondicionada num recipiente cilíndrico, à acção de um solvente que a atravessa em toda a extensão, deslocando‐se de cima para baixo. A técnica de lixiv ç ir‐se em cinco fases distintas: ia ão pode divid 1. Pulverização 2. Humedecimento do pó ó humedecido no lixiviador e adição do solvente 3. Acondicionamento do p 4. Período de maceração 5. Deslocação do solvente, regulada de modo a obter‐se um determinado peso de lixiviador num período de tempo prefixado. O álcool de várias graduações é praticamente o único solvente utilizado na lixiviação, segundo o onto de vista farmacêutico. p 24 Outros processos para preparar tinturas Um dos métodos mais práticos e pouco demorados para obter tinturas consiste em pulverizar a droga é colocá‐la num balão com 10 vezes o seu peso de álcool de título (graduação) adequado. Aquece‐se a refluxo durante 1 a 3 horas deixa‐se arrefecer, completa‐se com álcool o peso inicial, filtra‐se e trata‐se o marco com álcool fervente, até à obtenção do peso de tintura desejado. Alterações, incompatibilidades e emprego das tinturas As tinturas conservam‐se bem em frascos de vidro, de rolha esmerilada, e ao abrigo da luz. Nesta armazenagem, vão sofrendo alterações de várias ordem pela acção da luz, como: precipitações, oxidações, hidrólises e até reacções com os componentes cedidos pelo vidro dos recipientes. As precipitações mais vulgares são as dos tanatos de alcaloídes, silicatos, sais de cálcio e potássio, gomas, resinas e amidos. As tinturas dispensam‐se puras, misturadas com outras tinturas, ou em forma de poção. Usam‐se também as tinturas para preparação de xaropes (alguns). Nestas circunstâncias podem surgir certas incompatibilidades nas associações de uma tintura com outros produtos, que se traduzem pelaformação de precipitados ou de turvações. Há precipitados provenientes da reacção dos taninos com os alcalóides ou apenas por diluição das tinturas com água. Estas incompatibilidades atenuam‐se e eliminam‐se geralmente por baixar o pH do meio ou por adição de glicerina ou propilenoglicol. As aplicações das tinturas (emprego) são extremamente numerosas, e a sua finalidade terapêutica depende dos princípios activos das drogas usadas na sua preparação. Existem tinturas para o uso interno: s Expectorante as Anti.séptic Sedativas rgicas Anti‐coliné Diuréticas Tonicardácas, eméticas, antimitóticas, etc. 25 Preparação As alcoolaturas ordinárias obtêm‐se por maceração, durante dez dias, das drogas frescas cortadas, em álcool a 90°. A quantidade relativa entre a droga e o álcool é de 1:1 a 1:2, esta proporcionalidade é semelhante aquela estabelecida para as tinturas. As alcoolaturas estabilizadas preparam‐se pondo a droga cortada sobre o álcool em ebulição a que se adapta um refrigerante de refluxo. Esta preparação (operação de produção da alcoolatura estabilizada) dura 40 a 60 minutos. E há tin o externo: turas para us Anti‐sépticas ais Anestésicas loc Adstringentes Emolientes, etc. Tinturas obtidas por: Maceração: Tintura de açafrão, tintura de alcatrão mineral, anis estrelado, Bálsamo de Tolú, Baunilha, Benjoim, Canela, Casca de Laranja, Coca, cochonilha, cola, Eucalipto, genciana (estimulante do apetite). Lixiviação: Tintura de Beladona, Dedaleira, Ipecacuanha. Dissolução de extractos: Tintura de ópio (analgésico e sedativo; antidiarréico). Tintura de ópio açafroada (analgésico, antiespasmádico, antidiarréico) Alcoolatura: São formas farmacêuticas que resultam da acção dissolvente e extractiva do álcool sobre as drogas vegetais frescas. Existem dois tipos de alcoolaturas: ordinárias e estabilizadas, segundo o meio em que tiver sido efectuado a operação de extracção pois pode ser a frio (alcoolaturas ordináris) e à ebulição (alcoolaturas estabilizadas). As alcoolaturas têm origem nas tinturas‐mães idealizadas pelo cientista Hahnemann, percursor da homeopatia, que usava muito estas formas farmacêuticas que se baseavam em sucos das plantas com o seu peso de álcool, obtidos por maceração durante 24 horas. 26 As alcoolaturas obtêm‐se de drogas frescas, por isso contêm princípios termossensíveis e voláteis que podem secar durante a secagem das drogas. As alcoolaturas ordinárias contêm enzimas, essências, aminoácidos frágeis e lábeis que, no entanto, apresentam uma certa instabilidade devido ao álcool frio que contêm e que facilita algumas fermentações, causadas do aumento de consistência da alcoolatura, oxidações, colorações que acabam adulterando as alcoolaturas. As alcoolaturas devem ser conservadas em ambientes de temperatura amena e controlada pois elas são predominantemente compostas por princípios termossenssíveis e voláteis que secariam por secagem das drogas e culminariam inevitavelmente com a sua adulteração. 27 CAPÍTULO VIII. GLICERÓLEOS São preparações farmacêuticas líquidas cujo principal é a glicerina, podendo, por vezes, conter outros dissolventes como água e o álcool. São soluções verdadeiras de fármacos e são raras as spensões ou emulsões. vezes que os gliceróleos são su Os gliceróleos dividem‐se em: glicéreos, gliceritos e glicéreoalcoóleos. glicéreos são os gliceróles que t a e glicerina Os êm como veículo a glicerina ou águ gliceritos são aquelOs es que correspondem a soluções verdadeiras. Os glicéreoalcoóleos são aqueles que são preparados por dissolução dos fármacos em misturas g de licerina, água e álcool. As glicéreas são formas farmacêuticas viscosas, dotadas de certa adesividade e por isso são recomendados como meios para aplicação de fármacos destinados a actuarem localmente, na mucosa bucal. Os glicéreo‐alco+olicos administram‐se internamente, como bons veículos. Algumas preparações de administração por via parenteral são gliceróleos que correspondem a soluções de farmacos em misturas de água e glicerina ou de água, álcool e glicerina. Os Glicéreos preparam‐se por dissolução simples dos fármacos em glicerina ou em água e glicerina. Devem ser dispensados em frascos herméticamente fechados por causa das suas características higroscópicas. Eteróleos: São preparações farmacêuticas líquidas cujo veículo principal é o éter sulfúrico. Obtêm‐se por dissolução simples (éter sulfúrico alcoolizado, colódio elástico) ou por dissolução extractiva (tintura de cautáridas, tintura etérea de valeriana). Exemplos de Eteróleos Colódio Elástico: (colódio flexível) Formula: 1. Algodão pólvora‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐5g 2. Óleo de rícino‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐5 g 3. Álcool a 90°‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐20 g 4. Éter ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐70 g 28 Procedimento Humedece‐se o algodão pólvora com álcool, junta‐se o éter e agita‐se até à dissolução; decanta‐se, e ao líquido limpo, adiciona‐se o óleo de rícino. Acondicionar e rotular. Usos Formação de películas protectoras sobre feridas ou úlceras Conservação Os colódios explodem em presença da chama, devendo conservar‐se a temperatura inferior a 30°C, em frascos bem fechados, ao abrigo da luz. 29 CAPÍTULO IX.1. ENÓLEO OU VINHOS MEDICINAIS São formas farmacêuticas obtidas por dissolução de princípios medicamentosos em vinhos. Os vinhos medicinais preparam‐se por forma ou metodologia das dissoluções. Entretanto aconselha‐se não serem usadas drogas muito activas para a preparação de enóleos. CAPÍTULO IX.2. ACETÓLEOS OU VINAGRES MEDICINAIS São formas farmacêuticas que se obtêm por dissolução dos princípios medicamentosos no vinagre de vinho branco. Estas preparações farmacêuticas são semelhantes aos vinhos medicinais, contudo, neste caso, os principais dissolventes das substâncias medicinais são a água e o ácido acético ( 6‐9%). Preparam‐se a frio, geralmente, por maceração, e raras as vezes por dissolução ou por mistura. 30 equivalem às drogas vegetais donde foram obtidas. Os extractos fluidos, como formas galênicas, são preparações bem definidas e todos são obtidos por lixiviação e apresentam uniformidade de potência. Os extractos fluidos são ajustados de modo que 1 g ou 1 ml de extracto corresponda a 1g de droga seca. Todos os extractos fluidos contêm álcool, cuja concentração é variável e dependente da natureza da droga extraída. Em certos casos, CAPÍTULO X. EXTRACTOS São preparações farmacêuticas sólidas, obtidas pela concentração, até determinado grau, das soluções resultantes do esgotamento das substâncias medicamentosas por um dissolvente, como a água, álcool, éter, acetona e outros. Os extractos farmacêuticos surgiram mais ou menos no ano 2700 a.C. no tempo do imperador Chinês Chin‐Nong. O uso de extractos generalizou‐se no séc. XVI na Alemanha. A complexidade dos extractos só veio a ser largamente difundida no séc. XIX por Chevreur. De facto, os extractos possuem numerosos componentes, pois além da droga principal empregue, há que ter em conta a função do dissolvente, o processo usado na extracção e a maneira como foi conduzida a concentração do extracto. Alguns componentes da droga donde se parte para preparação eliminam‐se durante o processo, como é o caso de determinadas substâncias existentes nessa droga principal como resinas, pigmentos, gomas, mucilagens e proteínas. Preparação Na preparação de um extracto, podem ser distinguidas duas fases muito importantes como a obtençãoda solução extractiva e a sua concentração. As operações extractivas mais usadas são a maceração, lixiviação, infusão, decocção e digestão. Na maceração usam‐se água e álcool, assim como para lixiviação e digestão; nas decocções e infusões só se usa água; o éter só se usa para percolações, e a acetona só é usada nas macerações. A concentração depende da quantidade do extracto obtido. As concentrações à pressão normal originam extractos de cores mais carregadas (oxidações) do que as que se conduzem no vazio. Extractos fluidos São preparações extractivas líquidas e concentradas, que, no seu conteúdo, em princípios activos 31 a extracção é realizada por lixiviação aquosa mas contudo o álcool é adicionado para servir de depurador ou ser usado como conservante. É necessário eliminar das drogas antes da extracção, ou das soluções extractivas, certos princípios destituídos de interesse terapêutico e cuja presença possa ser prejudicial à conservação da fórmula ou nociva ao doente que vai utilizá‐la. Geralmente eliminam‐se as mucilagens, gorduras, resinas e albuminas. Preparação Os extractos fluidos são sempre preparados por método de Percolação, usando‐se álcool como o veículo mais empregado na extracção. Os álcoois de 30°, 45°, 60°, 70° e 80° são geralmente os que usam como veículos, contudo o álcool que mais se usa correntemente é o de 60°. A escolha da graduação do álcool depende da função dos princípios que se pretendem extrair e dos materiais inertes ou indesejáveis, susceptíveis de eliminação. Na preparação de extractos fluidos tem se usado o processo de preparação pelo método de lixiviação em meio aquoso, mas neste caso, o processo de lixiviação é precedido por uma infusão ou por uma digestão, adicionando‐se álcool, antes do fim da preparação, como conservante e depurador de albuminas. O período de maceração da droga no lixiviador, antes da percolação vária em conformidade com a composição e contextura dessa droga em causa. Mas de modo geral são necessárias 24 ou 48 horas de maceração. Vel id rios oc ade de lixiviação a imprimir à percolação, expressas em alguns Formulá lixiviado). 1. Lixiviar rapidamente (para 1000g de droga devem obter 3‐5 ml de . 2. Lixiviar a velocidade moderada (obtenção de 1‐3 ml por minuto) ml por mi3. Lixiviar lentamente (obtenção de 1 nuto, no máximo). O processo ou método mais empregado na preparação dos extractos fluidos é o de lixiviação duas etapas: convencional, partindo de 1000 g de droga, conduzida em 1º. Recolhem‐se 800‐850 g do lixiviado que se preparam; 32 2º. Lixivia‐se até ao esgotamento total da droga; o primeiro lixiviado é acondicionado do produto de concentração do segundo lixiviado, e depois do repouso de 2‐6 dias, em lugar fresco, procede‐ se à filtração do conjunto obtido. Exemplos de alguns extractos fluidos Extracto fluído de boldo, extracto fluído de cola, extracto fluído de hamamélia, extracto fluído de hidraste e extracto fluído de cola, extracto fluído de cravagem de centeio. Conservação Os extractos fluidos devem ser conservados em frascos de vidro, de rolha esmerilada, ao abrigo da luz e do calor. 33 CAPÍTULO XI. ÁGUA DESTILADA OU HIDROLATOS São soluções aquosas saturadas de princípios voláteis existentes nos vegetais que se obtêm por destilação desses princípios voláteis em presença de água ou em corrente de vapor. Muitas vezes, os princípios voláteis que constituem as águas destiladas são essências, acompanhadas, por vezes, por ácidos orgânicos (ácido acético, ácido cianídrico) e noutras vezes, porém, por compostos amoniacais. Os hidrolatos foram desenvolvidos e preparados no séc. IX pelos Árabes, pois os árabes foram os inventores da destilação. Os primeiros hidrolatos eram obtidos por destilação simultânea de vários fármacos mas os hidrolatos actuais descritos nas Farmacopéias são obtidos por destilação apenas de um único fármaco e sempre de origem vegetal. Preparação A água usada para a preparação de hidrolatos deve ser, de modo geral, a água comum, podendo, por vezes, por recomendação de algumas farmacopéias, usa‐se a água purificada. As águas de essências devem ser preparadas com água destilada e a água de canela que se obtém por destilação directa da droga, em presença de água depois duma prévia maceração constituem uma excepção. Algumas farmacopéias impõem certas exigências para a preparação dos hidrolatos, pois xigem que sempre se use água purificada na sua preparação. e Os fármacos usados na preparação dos hidrolatos podem ser constituídos por raízes, rizomas, frutos, folhas ou flores. Os órgãos de plantas de textura delicada, como as flores, devem ser destilados sem qualquer manipulação prévia. Os materiais mais consistentes, como ramos e cascas, antes de destilá‐los. devem ser grosseiramente pulverizados e macerados em água rolatos pode fazer‐se por dois processos: A destilação dos hid a) Fogo directo ou, b) Corrente de vapor. Depois da destilação, o hidrolato deve ser filtrado através de papel humedecido para que o hidrolato seja privado de essência não dissolvida na água. 34 As águas destiladas ou hidrolatos são preparações que são facilmente alteráveis, podendo sofrer modificações tanto de ordem química como de natureza microbiana. Conservamse bem em frascos opacos, de rolha de vidro, bem cheios e mantidos em lugar fresco. Geralmente os hidrolatos usamse como adjuvantes, sendo usados como aromatizantes em muitas preparações farmacêuticas. 35 CAPÍTULO XII. ALCOOLATOS OU ESPÍRITOS São formas farmacêuticas galênicas que se obtém por destilação, que geralmente é precedida de maceração, durante vários dias, de uma ou mais drogas em álcool. Iniciaram‐se no séc. XV, por Henckel que macerava uma droga em água adicionada de açúcar e de levedura de cerveja, e quando terminava a fermentação desta mistura procedia à sua destilação. A água dos carmelitas (1610) e a água de colônia (1620) são o resultado destas formas (alcoolatos) que na sua preparação incluem variadas plantas em simultâneo. Preparação Na preparação de alcoolatos usam‐se drogas frescas ou secas. As drogas são cortadas em pequenos fragmentos ou contundidas, e postas a macerar no álcool durante 5 (cinco) dias, procedendo‐se depois à destilação em banho de água. Os alcoolatos (espíritos) que se obtém no fim, são incolares, aromáticos, melhorando o seu aroma com o tempo, pois desaparece lentamente o cheiro do álcool e prevalece somente o cheiro das essências. 36 CAPÍTULO XIII. EMULSÕES Uma emulsão é um sistema heterogêneo, constituído por gotículas de um líquido disseminadas no seio de um outro (líquido) com o qual é imiscível. Pormenorizadamente pode‐se definir a emulsão como um sistema heterogêneo constituído, pelo menos, por um líquido imiscível intimamente disperso num outro líquido sob forma de gotículas ínfimas cujo diâmetro não excede a 0,1μm (zero virgula um micro). Estes sistemas apresentam uma mínima estabilidade, que pode ser aumentada por adição de certas substâncias tensioactivas, sólidos e finamente pulverizados ou divididos. Assim, a emulsão deve apresentar uma certa estabilidade que constitui uma das propriedades fundamentais destes produtos. As emulsões oferecem muitas vantagens do ponto de vista farmacêutico. Foi possível a obtenção duma diluição conveniente de um óleo num líquido com o qual não é miscível tornando o possível, por isso, desenvolveram fórmulas de emulsões contendo lípidos, hidratos de carbono e vitaminas que possibilitam uma alimentação adequada, por viaintravenosa a pessoas muito debilitadas e que não se podem alimentar normalmente. Existem vários tipos de agentes emulsivos, como a gema de ovo, a goma‐arábica, a goma adraganta, xaropes, mel e mucilagem na preparação das suas emulsões. É de se salientar que só há uma emulsão quando um líquido estiver dividido em pequeníssimos glóbulos no seio de um outro. A fase que se apresenta dividida constitui a fase interna dispersa ou descontínua, enquanto que o líquido que rodeia as gotículas da fase dispersa chama‐se fase externa, fase dispersante ou fase contínua. As emulsões destinadas a administração por via oral pertencem exclusivamente ao tipo O/A (óleo em água); as emulsões administradas por via intravenosa, óleos medicinais e óleos alimentares são emulsões do tipo O/A (óleo em água). As emulsões para uso externo tanto podem ser do tipo O/A como do tipo A/O. Como se viu no conceito de emulsão, estas formas farmacêuticas (emulsões) são basicamente constituídas por duas fases distintas; uma de natureza aquosa e outra de natureza oleosa, figurando nelas ainda um terceiro componente sempre presente que é representado pelo agente emulsivo. Preparação 37 A preparação de uma emulsão está dependente da intervenção de um factor mecânico, cuja finalidade é dividir, em pequenos glóbulos, o líquido que constitui a fase dispersa. Este factor mecânico é complementado pelo agente emulsivo que actua com a dupla finalidade de facilitar a dispersão e formar uma película disposta à volta de gotículas dispersas, evitando a sua rápida coalescência (reagrupamento). A agitação, na preparação, pode ser manual ou mecânica, neste último caso, usando misturadores e agitadores eléctricos. Estabilidade As emulsões devem manter‐se estáveis durante um prazo mais ou menos longo, após a sua preparação. Contudo por vezes alteram‐se algum tempo depois da sua preparação. Existem três cate r m incluir as alterações de ordem microbiana: go ias de alterações das emulsões se 1) Floculação e formação de creme 2) Coalescência e separação das fases 3) Alterações físicas e químicas diversas Verificação das Emulsões O co tr cialmente, o controlo e apreciação de: n olo das emulsões deve ter, espe 1. Determinação do teor em água em gordura total 2. Determinação do teor 3. Determinação do pH 4. Avaliação da estabilidade 5. Determinação da viscosidade 6. Determinação do diâmetro das partículas dispersas 38 CAPÍTULO XIV. SUSPENSÕES São sistemas heterogêneos em que a fase externa ou a fase contínua é líquida ou semi‐sólida e a fase interna ou dispersa é constituída por partículas sólidas insolúveis no meio utilizado. Fin id uso (vias de Uso) al ades de 1. Uso oral nas mucosas 2. Para aplicação tópica na pele e 3. Para administração parenteral Aspectos físicos das suspensões Asp to al de suspensão: ec s teóricos para a preparação racion a) Flutuação das partículas suspensas imentação b) Velocidade e modo de sed istais c) Crescimento dos cr d) Redispersibilidade Flutuação das partículas suspensas u o v :Líq id mais um sólido nele insolú el 1°. O líquido espalha‐se sobre o sólido, deslocando os gases adsorvidos e molhando‐o completamente; 2°. O líquido se molha o sólido, mas permanece sobre ele, tomando o aspecto de gotas ou a forma lenticular; 3°. O líquido espalha‐se parcialmente, formando um ângulo de contacto definido com o sólido. Sedimentação 39 Na preparação de uma suspensão é necessário que as partículas se encontrem homogeneamente dispersas no veículo por um período de tempo satisfatório e que sejam facilmente ressuspensas após deposição. R r bedispe si ilidade Quando se observar uma suspensão dotada de alguma estabilidade física nota‐se que a fase dispersa está disseminada homogeneamente, não havendo flóculos ou agregados. A suspensão que floculou ou coágulos é, em regra, facilmente redispensa por simples agitação. Assim quando a fase dispersa de uma suspensão sedimenta, esse sedimento pode corresponder a um estado de floculação ou a uma agregação de outro tipo, constituindo‐se verdadeiras aglomeradas, tão fortemente aglutinados entre si que é impossível dispersá‐los homogeneamente por agitação. Preparação Mat ia uisitos para a preparação de suspensões: ér s, agentes suspensores e outros req 1. Redução do tamanho de partículas pensores 2. Suspensões sem necessidades de agentes sus e da fase dispersante 3. Aumento de viscosidad 4. Floculação controlada Funções dos agentes suspensores Agentes suspensores são compostos que se podem usar para aumentar a viscosidade da fase externa duma suspensão. São inócuas, sem actividade farmacológia. Actuam como colóides protectores; podem formar uma película à volta das partículas dispersas e aumentam a viscosidade do meio dispersante. Actuam por retardarem a floculação e por eduzirem a velocidade de sedimentação do material suspenso. r 40 I. A n es para veículos aquosos ge tes Suspensor a) Goma‐arábica b) G ganta oma adra c) Alginatos ulose d) Metilcel e) Pectina f) Carboximetilce 34 lulose sódica g) Carbopol 9 h) Bentonite i) lcool polivinílico Á II. A n ensores para veículos oleosos ge tes susp na a) Lanoli b) Ceras c) Óleo de rícino d) Monoestearato de alumínio Floculação controlada O esquema seguinte demonstra que muitas vezes a preparação das suspensões se pode fazer por dispersão dos seguintes sistemas: 1) Sólido + Líquido 2) (sólido+suspensor) + líquido r) 3) (sólido + molhante) + (liquido+suspenso 4) (sólido+molhante+suspensor) + líquido 41 pomadas e as geléias. A estabilidade química das suspensões depende de vários factores (fármacos, agentes suspensores, molhantes, temperaturas de conservação, luz, pH, etc.). As suspensões aquosas de colóides hidrófilos sofrem acidificação durante o período de armazenagem, contudo foram lhes adicionadas agentes suspensores como goma‐arábica, bentonite, metilcelulose e alginato de sódio. Muitas vezes a inestabilidade física e química das suspensões obriga que a sua preparação seja extemporânea. Tipos d ndo o fim a que se destinam e suspensões segu 1. Administração oral cosas 2. Aplicação na pele ou nas mu 3. Administração parenteral. Segundo as suas características, as suspensões podem ser: magmas, geléias e geles. Incompatibilidades A maioria das incompatibilidades que podem surgir na preparação das suspensões deve‐se à acção de cargas eléctricas de sinal contrário entre os agentes suspensores ou os tensoactivos e os fármacos dispersos. Assim, as gomas, a carboximetilcelulose sódica e as argilas (bentonite, hectorite, etc) comportam‐ se como substâncias aniônicas, podendo originar precipitações quando adicionados a fármacos catiônicos, como os alcalóides, alguns antibióticos (estreptomicina, kanamicina, etc), muitos anestésicos locais, acriflavina, Vit B1, Vit B6, roxo de genciana, sais de amônio quaternário. Conservação das suspensões A estabilidade das suspensões pode ser apreciada sob os pontos de vista físico, químico e microbiológico. Uma suspensão de manter‐se em dispersão homogênea durante um período de tempo que seja o maior possível; também devem ser facilmente redispersíveis por agitação os precipitados que eventualmente se tenham formado. Por isso as suspensões devem ser rotuladas com a observação de: agite antes de usar, à excepção das suspensões semi‐sólidas como as 42 Deve‐se, finalmente, evitar‐se a invasão e o desenvolvimento microbiano nas suspensões pelo uso de diversos agentes conservantes.As suspensões destinadas ao uso ocular devem ser estéreis, devendo, por isso, serem preparadas por técnica asséptica. Dispersões coloidais São sistemas coloidais que se caracterizam pela existência de partículas dispersas cujas dimensões estão compreendidas entre 0,001μm e 0,1μm. Entre dois estados extremos, suspensões e emulsões por um lado e soluções verdadeiras por outro lado existem casos intermediários que gozam de algumas das propriedades comuns a ambos os tipos de sistemas referidos. As partículas dos sistemas coloidais apresentam um tamanho maior do que as existentes nas ensões inferiores às das suspensões(>0,1 μm). soluções verdadeiras (<0,001 μm) mas são de dim Sistemas dispersos, segundo o cientista Ostwald: Fase externa Fase interna Sólida Mistura de pós Liquida Inclusões Gasosa Inclusões Pedra‐pomes spuma e Sólida Líquida Gasosa Soluções coloidais de pós; uspensões s Fumos Soluções coloidais de íquidos; emulsões l Névoas ou nuvens Não há formação de sistema, visto haver uma única fase Interesse Farmacêutico Emulsões, suspensões, dispersões coloidais e as dispersões de sólidos ou de líquidos no seio de gases (aerosoles). 43 As dispersões coloidais cuja fase externa é líquida chamam‐se soles. Soles liófobos: Sã s r íco constituído po part ulas sólidas, sem nenhuma relação com o dissolvente. Soles liófilos: Apresentam as suas partículas altamente impregnadas de dissolvente, comportando‐se assim como sendo líquidas. Muitos colóides liófilos são de origem natural, por exemplo, as gomas, o amido, a caseína, a elatina e outras proteínas. g Estabilidade dos colóides As partículas coloidais têm dimensões muito reduzidas, por isso, a acção de gravidade exercida sobre elas não é capaz de provocar, por si só, a separação das fases. Como as partículas que constituem a fase dispersa de um sistema coloidal apresenta diâmetros compreendidos entre 0,1 e 0,001 μm, isto significa que são praticamente incapazes de sedimentarem, a não ser em caso de envelhecimento do colóide, por aglutinação das partículas. Preparação de soluções coloidais Os coloides liófilos são constituídos por produtos naturais ou de síntese que apresentam molécula de elevado peso molecular, como a gelatina, as albuminas, as gomas, o amido, os alginatos, a carboximetilcelulose, o Carbopol 934. Geralmente não se usam como agentes medicamentosos, mas apenas favorecem a preparação de vários medicamentos. Os coloides liófobos usam‐se como substâncias dotadas de actividade farmacológica definida e a sua preparação pode, por vezes, ser exigida mesma numa farmácia oficinal. Os colóides liófobos obtêm‐se por dispersão e por condensação. Formulário das dispersões coloidais 44 I Vitelinato de prata‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐2,5 g 50 g Água destilada‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐qbp até total dispersão F.s.a= Agitar Uso: colírio II 00 ml Álcool a 90°‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 1 Enxofre……qbp‐‐‐‐‐‐‐‐‐saturação III Gelatina1 g Água destilada qbp‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐100 g IV Tintura de beladona‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐5 g Água de hortelã pimenta qbp‐‐‐‐‐‐100 g Por dispersã Uso: via oral o V a) Albumina de ovo‐‐‐‐‐‐‐‐100 g b) Água destilada‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐900 g Método agite a) em um pouco de b) e adicione o resto do b) , coar no fim. Uso: emoliente por via oral ou enema; anti‐intoxicação 45 CAPÍTULO XV. FORMAS MEDICAMENTOSAS SEMISÓLIDAS POMADAS São formas farmacêuticas de consistência mole, destinadas a serem usadas externamente, para acção tópica ou geral e também são usadas com fins de protecção ou de lubrificação. As pomadas podem ser consideradas como geles de consistência mole, dotadas de propriedades plásticas que permitem que a sua forma se modifique, adaptando‐se às superfícies da pele ou as paredes das cavidades mucosas sobre que se aplicam. As pomadas possuem uma certa adesividade que as mantém fixas no local de aplicação, devido à viscosidade dos constituintes dos seus excipientes. História e classificação Antigamente as pomadas classificavam‐se segundo a sua consistência ou de acordo com a predominância de determinados constituintes. Cláudio Galeno que desenvolveu a sua actividade farmacêutica no Império Romano, deu também a sua contribuição para o desenvolvimento das pomadas, propondo uma base formada pela mistura de azeite, essência de rosas, cera branca e água. Segundo a sua penetração cutânea medicamentosa, e quanto à sua acção terapêutica, as pomadas classificam‐se em epidérmicas, aquelas que possuem fraco ou nenhum poder de penetração cutânea; endodérmicas, aquelas pomadas que apresentam a propriedade de penetrar na epiderme, actuando nas camadas tissulares mais profundas mas sem os fármacos atingirem a corrente circulatória; diadérmicas, são pomadas de penetração tão profunda que roporcionam a passagem dos fármacos para a corrente sanguínea. p Segundo o aspecto, consistência ou composição do excipiente, as pomadas podem classificar‐se nos seguintes grupos: a) Pomadas propriamente ditas: quando são untuosas e preparadas com excipientes gordurosos ou com polietilenglicois. b) Cremes: quando são preparadas com excipientes emulsivos do tipo óleo em água ou água em óleo. c) Ceratos ou C uma percentagem elevada de ceras. erotos: quando contêm d) Unguentos: quando contêm, resinas. 46 e) Pastas dérmicas: quando se apresentam muito espessas, contendo grande quantidade de pós insolúveis. f) Glicerados: quando o seu excipiente é constituído por um gele de amido com um poliol, como glicerina. g) Pomadasgeléias: quando os seus excipientes são geles minerais ou orgânicos. Penetração das pomadas através da pele Fármacos e excipientes Em termos gerais, o factor que condiciona o maior ou menor grão de absorção cutânea dos fármacos e a sua lipossolubilidade, isto é o seu coeficiente de partilha óleo/água, uma vez que se torna necessário que a substância medicamentosa se dissolva perfeitamente nos aquosos do organismo. Portanto uma substância lipossolúvel penetraria bem através da pele, mas contudo a sua absorção seria nula pois para que ele se realizasse, seria necessário que se dissolvesse no meio aquoso orgânico. Em casos de pomadas, o primeiro passo da absorção cutânea consiste na libertação do fármaco do excipiente que o contém, facto que exige determinadas circunstâncias para que se verifique. O princípio medicamentoso passará do sistema de maior para o de menor potencial termodinâmico e assim se o excipiente representar um sistema de mais elevado potencial termodinâmico que a pele vai se verificar a cedência medicamentosa. Em suma, pode‐se concluir que a passagem dos fármacos, dissolvidos num excipiente semi‐sólido, através da pele pode‐se considerar como um caso particular da difusão, dependendo da área de contacto entre a pomada e a pele, da concentração do fármaco no excipiente e da resistência que o tecido cutâneo oferece a passagem da substância medicamentosa. Excipientes para pomadas ndamentalmente podem se considerar 4 tipos de excipientes: Fu hidrófobos ou gordurosos; a) b) aquooleosos 47 c) óleoaquosos d) Hidrodisperssíveis, mucilaginosos ou lipofobos O primeiro e último grupo da classificação representam dois tipos de excipientes completamente opostos nas suas propriedades físico‐químicas; os grupos intermédios são representados por excipientes emulsivos que originam emulsões de água emóleo ou de óleo em água. Excipientes hidrófobos ou gordurosos: vaselinas (vaselina filante, puríssima e vaselina amarela), parafina ou parafina sólida, parafina líquida, óleo mineral, plastibase, banha, óleos vegetais, óleos hidrogenados, ceras (cera de abelhas, espermacete, cera de cana de açúcar, silicones (silicones fluidos, sili b )cones de orracha . Excipientes aquooleosos: possuem notável capacidade de absorção de água ou soluções aquosas, por isso chamam‐se excipientes absorventes: lanolina, lanolinas modificadas. Excipientes aleoaquosos: originam emulsões de tipo óleo em água (creme o/A); são facilmente removíveis da pele ou das mucosas; são excipientes laváveis; sabões alcalinos, esteres de álcoois poli‐hidricos, esteres da glicerina, esteres dos glicóis, polissorbatos. Excipientes hidrófilos (hidrodispersiveis, mucilaginos ou lipofobos): polioses (alginatos, pectina, amidos) carbopols, gelatinas, argilas, polioxietilenocois. Selecção de excipientes para a preparaç deão de pomadas e tipos pomadas Pomadas propriamente ditas: quando são untuosas, preparadas com excipientes gordurosos ou com polietilenoglicois. Ceratos: qua apreciáveis de ceras. ndo contém quantidades Unguentos: quando contém resinas. Cremes: ipo A/O ou O/A. quando são preparados com excipientes emulsivos do t Pastas: são espessas, com grande quantidade de pós insolúveis. 48 Glicerados: quando contém como excipiente glicerinado comum. Pomadasgeléias: com excipientes constituídos por geles minerais ou orgânicos. Preparação de pomadas A natureza do fármaco e as características físico‐químicos dos excipientes são os factores que condicionam a técnica a utilizar na preparação das pomadas. As pomadas podem ser do tipo solução, suspensão ou emulsão e se obtém através das respectivas operações farmacêuticas. Pomadas obtidas por solução: se o fármaco ou fármacos forem solúveis no excipiente, procede‐ se a preparação da pomada por fusão, isto é , por dissolução dos princípios activos no excipiente fundido a banho de água. Pomadas obtidas por suspensão: muitas pomadas preparam‐se por dispersão de pós medicamentosos em excipientes nos quais são insolúveis. Os pós préviamente divididos, são suspensos num líquido que pode ser o próprio excipiente fundido, o álcool, a glicerina, ou outros. A incorporação dos pós nos excipientes pode fazer‐se fundindo uma pequena pasta homogenia; depois adiciona‐se o restante excipiente, em pequenas porções, triturando até a homogenização. Pomadas obtidas por emulsão: as pomadas obtidas por emulsão são cremes do tipo A/O ou O/A. Esta técnica é aconselhável quando um ou mais princípios medicamentosos são insolúveis nos excipientes ordinários, contudo solúveis em meio aquoso. T oip s de pomadas s propriamente ditas a) Pomada b) Cremes c) Pastas d) Geles ou pomadas 49 observadas. As pomadas podem se acondicionadas com segurança em boiões (vidro, porcelana, materiais plásticos) ou tubos de material plástico ou de metal. O acondicionamento em tubos (bisnagas) e a forma mais racional de dispensar a maioria das pomadas. A estabilidade de uma pomada, como também em outras preparações, e em função do tempo de armazenagem, sendo factores a considerar a temperatura, o ar presente na massa , o grau de humidade , a inquinação bacteriana e) Pomadas oftálmicas Incompatibilidades As incompatibilidades em farmácia sempre refere‐se as reacções provocadas por substâncias que, associadas numa mesma forma farmacêutica, sofrem modificações imprevistas e desvantajosas, indesejáveis técnicamente e desfavoráveis quanto a acção pretendida pelo médico. Estas reacções não ocorrem somente entre vários fármacos mas também entre os princípios activos, os excipientes e adjuvantes, ou até por influência de certos constituintes dos recipientes sobre as preparações que acondicionam. As incompatibilidades podem ser detectadas por simples observação visual das preparações como aparecimento de coloração, formação de grumos e ruptura das emulsões. Há casos em que as incompatibilidades se traduzem em fenômenos subtis e dificilmente observáveis oganolépticamente como a perda ou a diminuição da actividade dos fármacos. Há casos também em que os princípios activos em presença de determinados excipientes, não são difundidos com facilidade, por vezes também os conservantes perdem o seu poder anti‐séptico por se terem complexado com os veículos ou com fármacos. Acondicionamento e conservação de pomadas O acondicionamento e a conservação das pomadas devem ser analisados simultaneamente porque de um modo geral, a estabilidade das preparações depende da sua forma de acondicionamento. Os excipientes tendem a oxidar‐se, hidrolisar‐se ou a perder água e as pomadas – geléias são facilmente invadidas por microorganismos (bactérias e fungos), e que são os responsáveis por numerosas alterações como a perda do equilíbrio físico do sistema. A ruptura das emulsões e da modificação da consistência de uma pomada são algumas das consequências mais frequentemente 50 ou fúngica e as incompatibilidades entre os seus constituintes ou entre estes e as substâncias cedidas pelos recipientes que a acondicionam. 51 CAPÍTULO XVI. ASTAS São preparações de aplicação cutânea que contém apreciável quantidade de substâncias P pulverulentas. Dependendo do excipiente usado, que pode ser muito diverso, as pastas caracterizam‐se pela existência de uma percentagem de pós em suspensão, superior a 15‐20% e até existem pastas com 50% de pós. Os pós utilizados na preparação das pastas devem ser finamente tamizados porque é difícil a homogenização de partículas grossas. A presença de elevadas concentrações de pós faz com que as pastas sejam completamente diferentes das pomadas propriamente ditas, porque possui um ligeiro efeito secante, absorvendo os exsudados cutâneos. Usos As pastas são usados para acções estritamente epidérmicas, uma vez que a penetrabilidade dos fármacos que transportam é diminuta. Nestas circunstâncias são especialmente empregadas como veiculo de fármacos anti‐sépticos e adstringentes (adstringentes). Podem utilizar‐se para superfícies cutâneas húmidas ou molhadas devendo, neste caso, usarem‐se pastas formadas por excipientes hidrófilos que sejam miscíveis com as secreções da pele. ndo as excipientes usados na sua preparação, as pasSegu tas podem ser divididas em dois grupos: 1°. Pastas preparadas com excipientes gordurosos: vaselina, parafina líquida, lanolina, ceras, banhas silicones etc. 2°. prep adas com excipientes hidrófilos: ge es d a glicerinada, etc. Na preparação das pastas, a operação mais delicada é a levigação dos pós, frequentemente conduzida com produtos como óleos vegetais , a parafina líquida e o próprio excipiente pastoso Pastas ar l e pectina, de gelatin ‐ fundido. As pastas de gelatina‐glicerinada com óxido de zinco são também conhecidas por cola de unna, ndo apresentar ante a quantidade de gelatina utilizada. pode ‐se mais ao menos duras, conso x: Colas de unna : uso em tratamento de varizes. E 52 Componentes Consistência branda Consistência dura Acido de zinco 15g 15g Gelatina 15g 30g Glicerina 35g 30g Água 35g 25g Metilparabeno 0,1g 0.1g Técnica operatória ‐se a glicerina; 1. Embeber a gelatina na água fria adicionando 2. Aquecer‐se a banho‐maria ate a dissolução; 3. Completa‐se o peso de 85g com água, s.o.s. e; zinco finamente dividido (pulverizado). 4. Incorpora‐se
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