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Modos de Produção: Capitalismo e Socialismo

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Aula 3 – Os Modos de Produção: Capitalismo e Socialismo
Na aula passada, estudamos a Revolução Industrial e as mudanças que ocasionou no modo de produção. Seguindo a linha dessas mudanças, veremos, nesta aula, os fundamentos dos dois modos de produção fundamentais para o entendimento da Idade Contemporânea: o capitalismo e o socialismo.
Modelo Produtivo e Suas Transformações
Desde a Idade Média, o modelo produtivo passou por diversas transformações.
Feudalismo ( Baseou-se na mão de obra servil e seu centro de vida econômica era o feudo. Com a centralização dos estados nacionais e o renascimento comercial e urbano, o feudalismo é progressivamente substituído pelo mercantilismo.
Mercantilismo ( Em sentido restrito, embora não seja um sistema econômico, o mercantilismo pode ser definido como um conjunto de práticas econômicas que daria origem ao capitalismo. Podemos afirmar essa origem, pois um dos objetivos do mercantilismo é o lucro, diferente do feudalismo, que se caracteriza mais como uma economia de subsistência que de acúmulo de capital.
Entendendo o Contexto
Sabemos que, durante a Idade Média, a religião dominante era o catolicismo. A Igreja católica condenava o lucro como prática religiosa. Entretanto, com a decadência do sistema feudal e a formação de uma classe burguesa cujos interesses mercantis existiam exatamente para gerar lucro, passou a haver uma incompatibilidade entre o que a Igreja católica pregava e as necessidades burguesas. Esse é o pano de fundo para as reformas protestantes, que, mais do que um fenômeno social e de questionamento do modelo católico, são uma resposta aos anseios burgueses, que abraçam o movimento reformista.
Mesmo que nosso foco seja discutir modelos econômicos, não podemos pensá-los isoladamente, descolados do contexto em que passam a existir. Como sabemos, a história é um processo no qual todos os aspectos ― político, cultural, social e econômico ― estão interligados. Por essa razão, ainda que estejamos estudando as teorias econômicas, temos de estar atentos ao momento em que essas teorias são produzidas.
Mercantilismo
O mercantilismo como prática econômica própria dos estados nacionais possuía alguns princípios fundamentais:
Metalismo
Balança Comercial Favorável
Pacto Colonial
Protecionismo
De modo geral, podemos dizer que o sentido de riqueza para o mercantilismo eram as reservas de metais preciosos; no feudalismo, a riqueza era medida pela posse da terra.
Por que o acúmulo de metal era importante? Porque o metal precioso ― ouro, prata, cobre ― era utilizado para cunhar moedas, então isso fortalecia a economia monetária e, consequentemente, o comércio. Além disso, se analisarmos os princípios de colonialismo e exclusivismo comercial, veremos que o eixo econômico do mercantilismo está no mercado, tanto interno quanto externo. O protecionismo marca a formação dos monopólios, ou seja, a necessária intervenção do Estado em todos os aspectos da economia.
Essas práticas estiveram em vigor, aproximadamente, entre os séculos XV e XVIII. Como era necessária a interferência do Estado para regular a economia, é compreensível que ela tenha se desenvolvido durante o período absolutista, no qual o rei tinha ingerência em todos os aspectos políticos e econômicos da vida nacional. No entanto, conforme a burguesia se desenvolve e se afirmar como classe, essa interferência real, que já foi necessária, torna-se um fardo, pois impede o livre desenvolvimento do comércio. Surgem então novas teorias econômicas, que vão compor o quadro que chamaremos de modo capitalista de produção.  
Correntes de Pensamento
A partir do metalismo, surgiram teorias que começam a questionar a validade do protecionismo e do controle do rei na economia e, ao mesmo tempo, buscam entender o mecanismo de formação e o funcionamento do sistema capitalista à medida que este vai se desenvolvendo. Duas correntes de pensamento se destacam a partir do século XVIII: a fisiocracia e o liberalismo.
Tanto fisiocratas quanto liberais se opunham à ingerência do Estado na economia e defendiam que esta possuía uma dinâmica própria, que funcionaria melhor quanto menor fosse a intervenção estatal. Entretanto, os fisiocratas defendem que a fonte de toda a riqueza está na terra, enquanto os liberais defendem a preponderância das relações comerciais.
Fisiocracia
Um dos principais nomes da fisiocracia foi o francês François Quesnay. Embora defendam a posse de terra como medida da riqueza, os princípios da fisiocracia são bem diferentes da economia que vimos na Idade Média, em que a posse da terra também era importante. Por que então os fisiocratas defendem a propriedade e a agricultura como as bases sólidas da economia? 
Devemos considerar que estamos falando de uma sociedade ainda pré-industrial, em que, a não ser pela Inglaterra, que fez a Revolução Industrial no século XVIII, a maior parte das economias ainda é agrária e está desenvolvendo, progressivamente, seu comércio. Portanto, a agricultura permite que seja gerado o excedente. Excedente é tudo aquilo que não é necessário à subsistência e, logo, pode ser comercializado. Dessa maneira, a fisiocracia não se posiciona contra o comércio, mas o entende como atividade acessória para o desenvolvimento agrário.
Os Excedentes
A ideia de excedente é apropriada por aquela que ficaria conhecida como Escola Clássica de economia, da qual Adam Smith é um dos principais nomes. Smith defende a não intervenção do Estado em uma teoria que ficaria conhecida como liberalismo. Para Smith, a economia se autorregularia tendo como principal ferramenta a fixação de preços. Ele defendia que os negociantes, comerciantes e prestadores de serviço, ao ambicionarem seu próprio lucro, acabariam, ainda que não propositalmente, cobrando um preço justo. Se cobrassem caro demais, não conseguiriam vender suas mercadorias; se muito barato, não teriam lucro. 
Dessa forma, ao encontrarem o preço médio ― com o qual é possível vender de forma acessível sem ter prejuízo ―, a economia encontraria seu próprio processo de regulação. Adam Smith (5 de junho de 1723 — Edimburgo, 17 de julho de 1790) foi um filósofo e economista escocês. Teve como cenário para a sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. É o pai da economia moderna, e é considerado o mais importante teórico (Autor de "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", a sua obra mais conhecida, e que continua sendo usada como referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos inclusive pelo seu próprio interesse, promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica.) do liberalismo econômico. Acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental. A competição livre entre os diversos fornecedores levaria não só à queda do preço das mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de produção e vencer os competidores.
Ele analisou a divisão do trabalho como um fator evolucionário poderoso a propulsionar a economia. Uma frase de Adam Smith se tornou famosa: "Assim, o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade." Como resultado da atuação dessa "mão invisível", o preço das mercadorias deveria descer e os salários deveriam subir. As doutrinas de Adam Smith exerceram uma rápida e intensa influência na burguesia (Comerciantes, industriais e financistas), pois queriam acabar com os direitos feudais e com o mercantilismo.
As Teorias Liberais
As teorias liberais iam diretamente ao encontro dos interesses burgueses, que viam na liberdade de comércio e na livre concorrência o futuro do mercado. Além de Smith, a chamada Escola Clássica de economia tem dois outros nomes importantes: David Ricardo e Thomas Malthus.  Das teorias clássicas,podemos inferir que o capitalismo é sustentado pelo seguinte tripé:
Lucro
Propriedade Privada
Trabalho Assalariado
David Ricardo ( Se Adam Smith desenvolve suas teorias pensando no funcionamento da economia interna, David Ricardo expande essas teorias aplicando-as sobretudo ao mercado externo. Propõe assim a teoria das vantagens comparativas, na qual a relação econômica entre dois países, ainda que não seja igualitária, trará benefícios para ambas as partes.
Thomas Malthus ( Thomas Malthus, foi um economista inglês considerado o pai da demografia. Malthus estudou a relação entre demografia e capitalismo preocupando-se, especialmente, com a escassez de recursos decorrente do crescimento demográfico. Suas teorias serviram como base para as mais diversas áreas de pensamento, como a biologia. Além disso, a ideia de que se deveria produzir a partir de uma demanda inspiraram outros teóricos do capitalismo.
O Capitalismo e a Escravidão
Dos princípios apresentados surgiu uma importante discussão para a historiografia. Nas sociedades escravistas, como a brasileira no período entre a Colônia e o Império, a existência do capitalismo é possível? Eric Williams, um dos estudiosos sobre o tema, em sua obra Capitalismo e escravidão, recorre a Smith para pontuar a questão do trabalho escravo: O trabalho feito por escravos, embora pareça custar apenas o sustento deles, no final é o mais caro de todos. Uma pessoa que não pode adquirir bens não terá outro interesse senão comer o máximo e trabalhar o mínimo possível (Williams, 2012, p. 32).
Se considerarmos o caso brasileiro, a riqueza gerada pelo comércio escravo foi maior do que a gerada pelo trabalho produzido por esses mesmos escravos. O escravo não recebia salário; não era, portanto, consumidor. Logo, não demandava mercadorias, impedindo o pleno desenvolvimento do comércio.
Entretanto, se olharmos com mais cuidado, veremos que a sociedade brasileira desse momento, embora pautada no trabalho escravo, também se utilizava do trabalho assalariado e, após a vinda da família real, em 1808, desenvolveu a manufatura. Dessa forma, não há um consenso acerca dessa questão de o Brasil, antes da abolição da escravatura, poder ser considerado uma economia capitalista.
Capital
Como podemos definir capital? Dinheiro, riqueza e capital não são sinônimos. “O capital é a parte da riqueza de um país empregada na produção e consiste em alimentos, roupas, ferramentas, matérias-primas, maquinaria etc., necessários à realização do trabalho” (Ricardo, 1996, p. 68). Logo, capital é aquilo que pode ser investido para gerar riqueza e lucro. Pode se referir tanto ao dinheiro em si quanto a maquinário, trabalho, ferramentas, entre outros meios.
Também seguindo a definição de Ricardo, podemos dividir o capital em fixo e circulante: Dependendo da rapidez com que pereça e a frequência com que precise ser reproduzido, ou segundo a lentidão com que se consome, o capital é classificado como capital fixo ou circulante. Um fabricante de cerveja, cujas edificações e maquinaria têm grande valor e são duráveis, emprega uma grande parcela de capital fixo.
Ao contrário, um sapateiro, cujo capital é principalmente empregado no pagamento de salários, que são gastos em alimentos e em roupas, mercadorias mais perecíveis que edifícios e maquinaria, utiliza uma grande proporção de seu capital como capital circulante (Ricardo, 1996, p. 36). Nesse caso, o sapateiro necessitará de mais investimentos para que seu negócio gere lucro ― por isso, capital circulante ―, ao passo que a cervejaria possui um valor intrínseco, ditado por sua estrutura ― edifícios e maquinário.
Capitalismo
O capitalismo é fruto das transformações políticas e sociais que ocorreram ao longo da Era Moderna. Seus teóricos se dedicaram a entendê-lo e aperfeiçoá-lo. É bem diferente das teorias socialistas, que se basearam na construção de um modelo ideal de modo de produção. Como sistema, o capitalismo está sujeito a crises cíclicas que podem ter causas diversas: escassez de matéria-prima, de energia, de mão de obra, superprodução, guerra, processo inflacionário, especulação.
Além disso, a partir do momento em que determinamos que o capitalismo necessita do trabalho assalariado, estamos vinculando-o a uma sociedade de classes: há os que trabalham e os que são donos dos meios de produção. Essa configuração social provocaria a desigualdade entre as classes sociais e, à medida que o capitalismo se desenvolvia, em especial no início da industrialização, o abismo entre pobres e ricos só aumentava.
Socialismo
Observar o inchaço das cidades, a miséria do operariado e o enriquecimento da burguesia, com o apoio do Estado, motivou o surgimento de novas teorias, que se oporiam ao capitalismo, as teorias socialistas. Embora Karl Marx (Karl Heinrich Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, Geografia, História, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, CiênciaPolítica,Antropologia, Biologia, Psicologia, Economia, Teologia, Comunicação, Administração, Turismo, Design, Arquitetura, entre outras. Em uma pesquisa realizada pela Radio 4, da BBC, em 2005, foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.) seja o mais famoso de seus teóricos, ele não foi o único, tampouco o primeiro. 
Desde o século XVIII, essas teorias socialistas têm sido gestadas, no que foi chamado por Marx e por seus contemporâneos de socialismo utópico. Logo, devemos dividir as teorias socialistas em duas correntes:
Socialismo Utópico
Socialismo Cientifico
Os Representantes do Socialismo Utópico
Como representantes do socialismo utópico destacam-se Robert Owen, Saint-Simon, Louis Blanc, Charles Fourier e Pierre-Joseph Proudhon. Suas teorias foram produzidas entre os séculos XVIII e XIX e criticavam, de modo geral, as condições de vida às quais era submetida a classe trabalhadora, além da desigualdade social provocada pelo capitalismo. 
De modo geral, podemos dizer que os socialistas utópicos têm como ponto em comum, além da crítica ao capitalismo, a valorização da racionalidade e o repúdio à religião, que viam como um mecanismo de controle social da população. Suas teorias são baseadas em uma nova visão do papel do Estado, atuante e coletivo, e, portanto, oposto ao liberalismo.
Robert Owen ( Robert Owen, inglês, preocupava-se, sobretudo, com as condições do trabalho operário. Owen gerenciou uma tecelagem e procurou, durante sua gerência, melhorar as condições de vida dos trabalhadores que chefiava. Defendia a existência de pequenas comunidades nas quais a desigualdade social fosse mínima ou inexistente. Além disso, defendia a educação e a racionalidade, repudiando a religião como forma de controle social do homem inculto.
Saint-Simon ( Ao contrário de Owen, um trabalhador, Saint-Simon pertencia à nobreza e portava o título de conde. Embora de família aristocrática, defendia que o Estado deveria interferir na economia e distribuir recursos de acordo com a capacidade dos indivíduos, permitindo que cada um desenvolvesse suas potencialidades em harmonia. Foi um dos precursores do socialismo, acreditando que a sociedade deveria ser baseada na racionalidade e no progresso científico.
Charles Fourier ( Charles Fourier viveu na França no final do século XVIII, foi um dos mais ferrenhos críticos do capitalismo como sistema e das teorias liberais. Elaborou a teoria das comunidades-modelo, formada por pequenas unidades produtivas e cooperativas, sendo por isso conhecido como um dos pais do cooperativismo.
Louis Blanc ( Seguindo a mesma linha de pensamento de Fourier, o francês Louis Blanc, que tomaria parte nas manifestações de 1848, desenvolveu a ideia de que o Estado deveria incentivar as associações profissionais, semelhantes às corporações de ofício, em que os lucros seriam divididos igualmente entre Estado e trabalhadores que fizessem partedessa associação.
Pierre-Joseph Proudhon ( Pierre-Joseph Proudhon  foi um filósofo político e econômico francês, foi membro do Parlamento Francês. É considerado um dos mais influentes teóricos e escritores do anarquismo, sendo também o primeiro a se auto-proclamar anarquista, até então um termo considerado pejorativo entre os revolucionários. Foi ainda em vida chamado de socialista utópico porMarx e seus seguidores, rótulo sobre o qual jamais se reconheceu. Após a revolução de 1848 passou a se denominar federalista.
Pierre-Joseph Proudhon e as Teorias Anarquistas
Pierre-Joseph Proudhon recusava o título de socialista utópico e entendia suas teorias como anarquistas, tendo sido um dos primeiros a usar essa expressão. Ao contrário dos demais socialistas utópicos, que acreditavam na necessidade de um Estado que conduzisse a política e a economia, Proudhon defendia a sociedade sem Estado, uma das bases ideológicas do anarquismo. Contemporâneo de Marx e de Engels, Proudhon criticava as relações de trabalho capitalista e defendia, a exemplo de seus antecessores, o corporativismo e as associações coletivas. Em sua obra Sistema das contradições econômicas ou filosofia da miséria, discorre sobre essa questão.
Enquanto que, pelo progresso da indústria coletiva, cada jornada de trabalho individual obtém um produto cada vez maior, e consequentemente necessário, e enquanto o trabalhador com o mesmo salário deveria tornar-se a cada dia mais rico, existem na sociedade estados que aproveitam e outros que se enfraquecem; existem trabalhadores com salário duplo, triplo ou cêntuplo e outros em déficit; por toda a parte, enfim, há pessoas que gozam e outras que sofrem e, por uma divisão monstruosa das faculdades industriais, há ainda indivíduos que consomem e que nada produzem (2003, p. 169).
Proudhon foi fortemente criticado por Marx, assim como os demais socialistas utópicos. Tal expressão, utilizada para definir essa corrente do socialismo, foi cunhada por Marx, que dizia que, embora esses teóricos apontassem os problemas sociais, não propunham meios efetivos de combater o que acreditavam serem mazelas do sistema. Como resposta à filosofia da miséria, Marx escreveu a Miséria da filosofia, cujo título já é, por si só, uma provocação à obra de Proudhon, a quem acusava de apontar problemas para os quais faltavam os fundamentos básicos para elaborar uma solução.
Socialismo Científico
Apesar da crítica de Marx, não restam dúvidas acerca da contribuição dos chamados utópicos, pois foram os precursores da crítica ao capitalismo. Tanto Marx quanto Engels, que elaboram suas teorias também no século XIX, passam a ser conhecidos como socialismo científico, já que suas teses propõem, de fato, uma modificação do Estado e a abolição de princípios capitalistas, em especial, da propriedade privada. O alemão Karl Marx foi, antes de tudo, um estudioso do sistema capitalista. Foi com base na compreensão do funcionamento desse modelo produtivo que elaborou suas críticas e, mais tarde, o modelo econômico que ficaria conhecido como socialismo.
Karl Marx
A principal obra de Karl Marx é O capital, mas também podemos destacar O manifesto comunista, escrito em colaboração com Friedrich Engels. Para Marx, a história da humanidade é a história da luta de classes, e o trabalho é a atividade fundadora das sociedades. Em suas teorias, ele funda o conceito de mais-valia (Exemplo de mais-valia: Em oito horas de trabalho, um operário produz três cadeiras. Cada cadeira será vendida por R$50,00, mas o trabalhador receberá, por todo o seu dia de trabalho, apenas R$10,00. Os R$40,00 restantes são o lucro sobre o trabalho, ou seja, a mais-valia.), que seria a base do lucro do capitalista, ou burguês, que é definido como o dono dos meios de produção. Ao trabalhador resta vender sua força de trabalho, já que não possui os meios de produção.
As Teorias Marxistas
As teorias marxistas foram incorporadas por Lenin, que as aplicou na Rússia após 1917, quando uma revolução derrubou o sistema monárquico e instaurou o regime socialista. Dessa forma, o socialismo russo é conhecido como marxista-leninista. O socialismo do século XIX chegará ao século seguinte como alternativa política e econômica ao capitalismo. De sua aplicação na Rússia revolucionária surgiria a consolidação de um modelo de Estado autoritário, cujo principal representante seria Stálin.
Josef Vissarionovitch Stalin foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do Comitê Central a partir de 1922 até a sua morte em 1953, sendo assim o líder soberano da União Soviética. Sob a liderança de Stalin, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial (1939 -1945) e passou a atingir o estatuto de superpotência, após rápida industrialização e melhoras nas condições sociais do povo soviético, durante esse período, o país também expandiu seu território para um tamanho semelhante ao do antigo Império Russo. Durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, o sucessor de Stalin, Nikita Khrushchov, apresentou seu Discurso secreto oficialmente chamado "Do culto à personalidade e suas consequências", a partir do qual iniciou-se um processo de "desestalinização" da União Soviética. Ainda hoje existem diversas perspectivas ao redor de Stalin e seu governo, alguns o vendo como ditador tirano e outros como líder habilidoso.
O autoritarismo socialista se espalharia sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, quando tem início o período de Guerra Fria, uma disputa ideológica por zonas de influência liderada pela União Soviética, socialista, e pelos Estados Unidos, capitalista. Essa ordem mundial, denominada bipolaridade, seria uma das principais características da segunda metade do século XX, pondo o mundo em alerta com a possibilidade de um conflito nuclear entre as duas potências.
A Guerra Fria foi um conflito que não resultou em confronto armado, foi uma disputa ideológica entre Estados Unidos e União Soviética, que transcorreu a partir do fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e findou em 1991, com o fim da União Soviética. Esse conflito pode ser definido como uma guerra econômica, diplomática e tecnológica que tinha como objetivo a expansão das áreas de influências do capitalismo e do socialismo. O principal ponto da Guerra Fria foi a difusão dos sistemas político-econômicos existentes, de um lado o capitalismo, liderado pelos Estados Unidos; e do outro, o socialismo, liderado pela União Soviética. É importante lembrar que os dois eram as duas maiores potências mundiais que constituíam o mundo bipolar.
A principal preocupação de ambos estava relacionada à questão da predominância de uma das influências, que poderia significar a hegemonia de uma potência sobre a outra, esse temor elevou ainda mais a rivalidade entre eles. Assim, americanos e soviéticos saíram em busca de aliados para expandir suas respectivas ideologias. O clima de apreensão fez com que as potências em questão saíssem em disparada para o desenvolvimento de inovações bélicas, produzindo um gigantesco arsenal bélico, como armas, mísseis, submarinos e armamentos nucleares capazes de destruir o planeta. Durante a Guerra Fria o mundo conviveu com um constante clima de tensão entre americanos e soviéticos, uma vez que qualquer situação envolvendo os dois países poderia gerar um conflito armado sem precedentes.
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