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A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA � É próprio à língua mudar, evoluir... � Mudança, um processo natural. � Para compreender o constante movimento da língua é preciso pensar que o uso leva a variações e estas produzem as mudanças. Os motivos que levam à variação linguística são 2: � Usuário; � Uso que ele faz da língua. Fatores relacionados ao falante... � que determinam ou influenciam a fala de um indivíduo: - idade, sexo, profissão, posição social, grau de escolaridade, local em que reside na comunidade etc. � quanto à situação de comunicação, os fatores são: - ambiente, tema, estado emocional do falante, grau de intimidade entre os falantes. � No Brasil, não há uma “língua padrão” em moldes rígidos, (...) o que existe é um padrão ideal de linguagem, a que todos almejam alcançar, que tem como parâmetro a norma culta. � Os dialetos e registros são avaliados a partir do seguinte critério: - se mais distantes dessa norma, menor prestígio, se mais próximos, maior prestígio. “ ... Quando ouvimos um carioca típico, podemos entender tudo o que ele fala. É verdade que pode haver problemas quando estamos conversando com pessoas de regiões de cultura muito diferente da nossa, principalmente no que diz respeito ao léxico, ou o vocabulário que as pessoas de uma dada região usam. Pode ser que o falante não saiba que “jerimum”, palavra muito usada na Bahia, corresponde a “abóbora”, termo muito mais comum nos estados do Sul e Sudeste de nosso país. É contudo inegável que, ainda que haja tais diferenças lexicais nas diversas regiões do país, falamos a mesma língua. Falamos uma mesma língua, em São Paulo e na Bahia com diferenças detectáveis entre o que se considera mais comum num e noutro lugar.” (BELINE, Ronald. A variação linguística. In: Introdução à linguística. I. Objetos teóricos. São Paulo: Contexto, p. 121-122, 2007) � “O que acabamos de ver, ou rever, é um exemplo de variação no léxico do português: “jerimum” e “abóbora” são palavras do português falado no Brasil.” As línguas variam e o português segue a regra. � Numa mesma língua, um mesmo vocábulo pode ser pronunciado de formas diferentes, seja: �Conforme o lugar → variação diatópica �Conforme a situação (formal/informal) em que está falando → variação diafásica �Conforme o nível socioeconômico do falante → variação diastrática. Variação diatópica no nível fonético... � O modo como falantes paulistanos e cariocas tendem a pronunciar o –r em final de sílaba. � Os paulistanos tendem a pronunciar tal –r como uma vibrante simples, enquanto que os cariocas são conhecidos por aspirar o mesmo –r. � Ex: Puxar. � “O que acabamos de ver foi um exemplo de variação diatópica no nível fonético do português falado no Brasil (PB). Usando símbolos gráficos internacionalmente arbitrados para a representação gráfica dos sons das línguas, podemos dizer, em termos correntes da Sociolinguística Variacionista, que o /r/ (o flap paulistano) e o /h/ (o aspirado carioca) são variantes linguísticas. Ambos constituem uma variável (a pronúncia do –r final de sílaba no PB). A variável linguística é, portanto, um conjunto de duas ou mais variantes. Estas, por sua vez, são diferentes formas linguísticas que veiculam um mesmo sentido.” � (BELINE, p.122, 2007) � Vejamos um tipo especial de –r, o que encontramos no final dos verbos em sua forma infinitiva, pois esse –r é, na verdade, um morfema flexional – um signo linguístico que tem como significado não um referente externo à língua (como “jerimum”), um elemento no mundo, mas sim uma categoria linguística. Nesse caso o significado é justamente “verbo no infinitivo”. Sabemos que “andar” significa “uma forma verbal no infinitivo”, diferente de “anda” (presente do indicativo) por causa do próprio –r. Desse modo as variantes seriam: � “presença do –r final” e “ausência do –r final” � Em outros termos, temos dois morfemas – as variantes – para expressar a noção gramatical de “infinitivo”: o morfema {-r} e o morfema Ø (vazio, decorrente do apagamento do –r ). � Assim, temos um exemplo de variável morfológica. Resumindo... � Há variação no nível fonético, morfológico, sintático e no léxico. � Como dissemos no início: “O uso leva a variações e estas produzem as mudanças”. � EX: andá, fazê, saí etc. � Ex: Vossancé? → Vossancê? → Vossê? → Vossa mercê? → Vossemecê → Vosmecê → Você → Cê→ VC
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