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Fichamento Cap.9

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Sarah Elizabeth Andrade – Direito diurno, 1ª fase, 2014.2 
BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. 10. ed. UnB. 
 
Capítulo 7 – Bodin 
 
 Depois de “A Política” de Aristóteles, “De La Republique”é a obra mais ampla e 
sistemática sobre teoria política, divido em 6 partes. Bobbio até chama atenção para a 
semelhança estrutural entre as duas obras, porém com idéias substancialmente 
distintas. 
 Jean Bodin é considerado o teórico da soberania, que significa “poder 
supremo”. Quando há um poder que não está subordinado a nenhum outro (apenas 
outros subordinados à ele), este é o poder supremo e pode-se dizer que aí há 
verdadeiramente um Estado. Nas palavras do próprio pensador, no livro I, capítulo VIII: 
“Por soberania se entende o poder absoluto e perpétuo que é próprio do Estado”, de 
onde tiramos duas características da soberania: o caráter absoluto e a perpetuidade. 
Este “caráter absoluto” significa não precisar obedecer as leis, que são impostas aos 
súditos, sejam elas criadas por antecessores ou por ele mesmo. Entretanto, está 
sujeito às leis naturais e divinas (diferente das positivas, criadas pelos homens); às leis 
fundamentais do Estado (leis constitucionais) e ao que tange o direito à propriedade, 
não podendo tomar a propriedade alheia sem que haja um motivo justo. 
 As formas de Estado para Bodin ainda são as 3 formas clássicas, porém ele 
afirma que não faz sentido dividi-las em boas e más, já que se criariam assim 
incontáveis formas, impossíveis de serem todas enumeradas. Ele irá, entretanto, se 
contradizer mais tarde, distinguindo o bom e o mau governo. O teórico critica até 
mesmo a 7ª forma e o governo misto, afirmando que a junção dos poderes real (da 
realeza), aristocrático e popular, só poderia resultar na democracia. Não haveria como 
juntar as 3 formas, visto que a monarquia, com um poder soberano, não poderia 
submeter-se à nenhum outro poder, pois perderia sua característica fundamental. A 
soberania é indivisível. Se todos puderem fazer leis e todos tiverem que ser 
submetidos a ela, temos então uma Democracia, nunca um governo misto. 
 Aqui, podemos ver a grande diferença entre o pensamento de Bodin e dos 
outros teóricos que vimos até agora. Enquanto os outros defendiam que o governo 
misto traria estabilidade, Bodin afirma que quando o Estado perde sua unidade (com a 
divisão do poder, passando ora pelo monarca, ora pelo povo) perde também sua 
estabilidade. Quanto aos Estados que diziam ser mistos, ele discorda. Diz que na 
verdade, se a constituição for bem analisada, veremos que o poder sempre tende para 
um dos lados, sendo Veneza aristocrática e Roma, democrática. 
 Bobbio cita um trecho no qual Bodin menciona o governo misto, fazendo 
distinção entre Estado e governo, e como cada “mistura” seria formada. No fim, 
conclui-se uma tipologia muito mais rica, formada por 6 formas de governo: monarquia 
aristocrática, monarquia democrática, aristocracia aristocrática, aristocracia 
democrática, democracia aristocrática e democracia democrática. Porém, pode chegar 
a 9 tipos, se considerarmos monarquia monárquica, aristocracia monárquica e 
democracia monárquica. 
 Essa distinção entre Estado e governo permite compreender as formas 
degeneradas, que representam o exercício da soberania. Cada uma das 3 formas 
poderia assumir outras 3 distintas: a monarquia pode ser real, despótica e tirânica. A 
aristocracia pode ser legítima, despótica e facciosa. A democracia pode ser legítima, 
despótica e tirânica. Mas é importante ressaltar que mudam apenas a forma de 
exercer o governo, e não o regime em si. A corrupção não afeta o Estado, mas o 
governo, o modo de governar. Por exemplo, a diferença entre o rei e o tirano, é que 
um respeita as leis da natureza e o outro as viola, não reconhece Deus nem fé.

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