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Caderno 1ª prova | Arte e Direito (Daniel Nicory)

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MARÍLIA DE MATTOS IVO JUNQUEIRA | ANOTAÇÕES DE ARTE E DIREITO 2018.2 
 
 
 
 
 
 
 
ARTE E DIREITO 
DOCENTE: DANIEL NICORY 
EMAIL: DANIELNICORY@GMAIL.COM 
 
 
 
 
 
 
 
DIR136 
 
Marília de Mattos Ivo Junqueira 
maridmij@gmail.com 
 
2
 
2018.2 
Arte e Direito 
Docente: Daniel Nicory 
Email: danielnicory@gmail.com 
 
 
 Arte como representação na Antiguidade; 
 Arte como expressão na Modernidade; 
 Arte como jogo na contemporaneidade; 
 
Tanto a arte quanto o Direito necessitam de interpretação para ganhar sentido. 
É a incerteza que conjuga a arte e o direito, mas a diferença é que no Direito as 
situações ao mais concretas e necessitam de uma resposta definitiva. 
 
Direito da Arte 
O Direito é forma de expressão cultural e forma de expressão do controle 
social e da busca da justiça que estabelece meios para a Arte; 
Como exemplo do Direito da Arte, temos a Lei de Direitos Autorais que 
defende a integridade, a autoria de uma obra, a possibilidade de exploração 
comercial dessa obra. Entretanto, essa não é a única forma que a Arte se encontra 
no Direito, há também a liberdade de expressão, a liberdade do artista, dentre 
outros. Ou seja, o Direito por muitas vezes tem o papel de regulação da arte; 
É o conjunto de normas jurídicas que tratam da relação do artista com o 
público e da relação do artista com a sua obra (relação pessoa/coisa); 
 
Direito na Arte 
Converte a relação acima citada. Por exemplo, as obras de arte com temas 
jurídicos. Portanto, é o conjunto de obras de arte que tem o Direito como tema. 
Assim como o Direito regula a arte, a arte representa a sua visão sobre o Direito. É 
um estudo que ocorre desde a Grécia Antiga; 
 
Direito como Arte 
Existem alguns problemas filosóficos que estão na base dos dois (direito e 
arte), e que podem ser enfrentados em conjunto. O primeiro desses problemas é o 
problema da interpretação. Dependem os dois para a construção do sentido, do 
significado. Esse fato tem muito a ver com os limites da liberdade. Tanto o Direito 
como a Arte têm a possiblidade de produzir mais de um sentido, e se aproximam no 
campo da retórica. 
Diante de uma obra, há apenas uma interpretação? Se não, qualquer 
interpretação é válida? Esses são problemas encontrados a todo o tempo no Direito 
e na Arte. 
A narrativa também passa a ser um problema para o Direito e para a Arte. 
Isso porque ambos tratam sobre a vida, que é algo que está em constante 
movimento. A forma de sucessão desse movimento é pelo contar das histórias. 
 
 
Marília de Mattos Ivo Junqueira 
maridmij@gmail.com 
 
3
 
2018.2 
 
Poética Aristotélica 
Nessa obra, Aristóteles se propôs a estudar, principalmente, a Tragédia. 
Aristóteles baseou a sua teoria poética na ideia de representação como elemento 
central, uma ideia de imitação da vida. Aristóteles traz que o conceito de arte é o de 
imitação da vida. 
Como conceitos fundamentais da poética, temos a Mimeses e Mythos, que 
representam que é e como se produz a representação da vida. Temos também a 
Katharsis, que é por quê e para que se produz a representação da vida. 
 
Mimeses 
É a capacidade de mimética, a representação da realidade. A poesia se 
difere da história para Aristóteles porque, enquanto o historiador narra aquilo que 
aconteceu, o poeta conta aquilo que aconteceu ou que poderia ter acontecido. A 
história, então, é o campo do real e a poesia é o campo do possível (ideia de 
verossimilhança). Essa mesma ideia do possível e da imitação é utilizada para 
diferenciar as duas principais formas do teatro da sua época: a tragédia e a 
comédia; a tragédia imita as pessoas de uma forma melhor do que elas são na 
sociedade e a comédia imita as pessoas de uma forma pior do que elas são na 
sociedade; 
A hubris, também chamada de desmedida seria uma espécie de soberba ou 
de arrogância, ou seja, como o herói pode muito, ele passa a acreditar que sabe 
tudo. Por mais que se possa fazer muito, ninguém pode fazer tudo. E ao se achar 
capaz de fazer tudo, faz-se mais do que deve e isso tem consequências; 
 
Mythos 
O mito é uma história que dá sentido à um mistério. O sentido de mito em 
Aristóteles é uma ideia de organização dos fatos: toda história é uma sucessão de 
fatos ao longo de um determinado tempo, que pode ser mais longo ou pode ser 
mais curto. Vale ressaltar que não só se sucedem cronologicamente, mas também 
causalmente (nexo causal); 
O Mythos é a organização dos fatos; 
A verossimilhança para Aristóteles é a sucessão dos fatos segundo o 
necessário ou o provável; 
 
Katharsis 
A katharsis é a purificação espiritual do público pela experiência da arte. O 
efeito da arte é produzir esse efeito sobre quem está assistindo-a, como ocorre na 
tragédia. O público deve sentir o que os personagens da arte estão sentindo, 
devem aprender com as experiências dos personagens, dessa forma não 
precisarão passar pelas mesmas experiências para aprender o que eles 
aprenderam. Embora Aristóteles não diga isso, a katharsis tem uma função 
pedagógica sob o público. Essa ideia é fundamental para entendermos o modo 
como a arte cativa, simpatiza ou aterroriza o público; 
 
 
Marília de Mattos Ivo Junqueira 
maridmij@gmail.com 
 
4
 
2018.2 
Peripécia: também chamado de reviravolta; mudança da sorte da 
personagem, da fortuna para o infortúnio. É mudança da sorte para o azar. 
Descoberta: também chamado de reconhecimento. É a revelação de uma 
realidade oculta ou de uma qualidade desconhecida da personagem; 
Patético: é o sofrimento ou padecer propriamente dito; 
 
 
 
 
 
Modos ficcionais em Northrop Frye 
Northrop Frye foi um crítico que resgatou a ideia de Aristóteles, trazendo 
uma ideia de representação e interpretação. 
O que diferencia a tragédia da comedia não é o maior ou o menor poder de 
ação, é a relação do indivíduo com a sociedade. Na tragédia, o que se conta é a 
relação do isolamento do indivíduo com a sociedade. Na comédia, é exatamente o 
contrário, o que se conta é a história da integração do indivíduo com a sociedade. 
Tanto na tragédia quanto na comédia, expressam-se os cinco modos a seguir, onde 
podem encaixar-se todas as narrativas; 
 
Modo mítico 
Nesse modo, as personagens têm poderes superiores em natureza e em 
grau às pessoas comuns e aos seus ambientes. Seria o modo das narrativas sobre 
os deuses, a mitologia; 
Exemplos: Mulher-maravilha, Thor, etc; 
 
Modo maravilhoso 
Os protagonistas têm um poder de ação superior em grau aos homens, mas 
não tem um poder absoluto de manipulação do próprio ambiente. Podem até 
manipular as leis naturais, mas não tem uma manipulação completa como os 
Deuses tem. É o sobrenatural; 
 
Modo fantástico 
É um nível intermediário entre o modo maravilhoso e o modo mimético alto. 
É diferente do maravilhoso porque tem um fato que parece natural, mas que ao 
longo da história traz uma dúvida sobre o que é realmente a explicação sobre o 
fato, se é realista ou se é sobrenatural; 
 
Modo mimético alto 
É o modo dos heróis trágicos. Os personagens têm poderes superiores às 
pessoas comuns apenas em grau e não mais em natureza. Possuem qualidades 
humanas exacerbadamente intensas. Como exemplo, temos o Batman, que não 
tem nenhum poder sobrenatural, apenas tem muitos bens materiais e amplifica os 
seus recursos ao máximo; 
 
Marília de Mattos Ivo Junqueira 
maridmij@gmail.com 
 
5
 
2018.2 
Modo mimético baixo 
Os personagens que têm defeitos e qualidades como as nossas, então 
provocam no público um reconhecimento com aversão. São personagens com o 
nível dos homens comuns; 
Exemplo: Homer(The Simpsons); 
 
Modo irônico 
Os personagens que são covardes, atrapalhados, ou seja, aqueles que 
despertam muita pena ou muita indignação por parte da sociedade. São os maus, 
os renegados; 
 
 
 
 
Lições da literatura jurídica 
 
 “A Luta pelo Direito” – Rudolf Van Ihering 
É o Direito objetivo x Direito Subjetivo. O direito objetivo era o ordenamento 
jurídico (law) e o direito subjetivo era o direito que alguém poderia obedecer (right). 
O Direito objetivo depende do subjetivo. Há uma relação de interdependência, de 
codependência entre os direitos; 
As normas caem em desuso quando quem deveria manter a sua validade, 
deixa de lutar pelo Direito; 
No livro, Ihering apresenta a metáfora da guerra: aqueles que lutam contra o 
Direito e aqueles que lutam pelo Direito. Se o lado que luta pelo Direito perde 
soldados ou soldados desistem da guerra, esse lado fica mais fraco e todos os 
outros soldados devem trabalhar em conjunto para compensar aqueles que 
abandonaram a luta coletiva. 
 
“O Mercador de Veneza” – Shakespeare 
A obra trata do conflito entre a leitura clara e objetiva da lei para preservar o 
sistema jurídico, e a violação a alguns Direitos. 
Em síntese, Bassanio contrai uma dívida monetária, e no contrato de 
empréstimo está explícito que: na não prestação desse serviço, Shylock (o homem 
que fez o empréstimo) poderia ressarcir essa dívida retirando uma libra de carne do 
peito do devedor. Bassanio, então, leva o caso para um juiz, que afirma que a 
dívida poderia ser cobrada, entretanto não poderia retirar uma gota de sangue do 
seu corpo, tornando o contrato impossível. O juiz, ainda, traz que pelo fato de 
Shylock ter ameaçado a vida de um indivíduo da sociedade, é ele que deveria ser 
responsabilizado; 
 
“Michael Kohlhaas” – Von Kliest 
 Essa obra retrata a busca eterna por justiça de um homem que teve a sua 
mulher morta. Ele passou a vida se vingando de todos que lhe fizeram mal, e por 
consequência, foi condenado ao enforcamento. No momento da sua morte, ele diz 
Marília de Mattos Ivo Junqueira 
maridmij@gmail.com 
 
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que apenas ali ele alcançou a justiça pelos atos que praticou; não como vítima, 
mas como homicida. 
 
“Contar a Lei” – François Ost 
A lei é divina ou é negociada? 
Essa obra traz um “contrato” estabelecido por Deus quanto as obrigações a 
serem cumpridas pelos fiéis para que os seus Direitos sejam garantidos. Seria uma 
dicotomia entre o direito divino, imutável e o direito humano natural, dos homens. 
Há, então, uma discussão sobre a lei divina ser uma lei “imposta”, que é 
“aderida” pelos fiéis como um contrato, ou se é realmente uma lei divina. Para 
François, há uma lei negociada e não uma lei divina. 
 
 
 
 
 
Conceitos de ação e verdade 
 
 Conceitos sociológicos de ação 
 Ação e verdade são conceitos que são muito utilizados. A verdade 
normalmente é a ideia de correspondência com a realidade, e a ação é um 
comportamento humano voluntário. 
Ação estratégica 
Na ação estratégica, a verdade é aquilo que está em consonância no mundo 
real e particular, buscando a satisfação dos próprios interesses. É a 
correspondência do mundo objetivo. Um mundo objetivo e uma verdade com ideia 
de correspondência. Nessa ação, sabemos como o mundo é. 
Ação normativa 
A verdade é correção do mundo intersubjetivo. A ação normativa seria 
utilizar os meios lícitos para alcançar também a ideia de verdade e correção, pois 
há um ideal de consciência moral. Nessa ação, sabemos como o mundo deve ser. 
Ação dramatúrgica 
Na ação dramatúrgica, temos uma representação real do indivíduo. O 
autoconhecimento é o conhecimento sobre as suas preferencias e as suas 
aptidões. Quando há esse autoconhecimento, é que se pode definir a atuação do 
individual a partir da ação dramatúrgica. Nessa ação, a verdade é a credibilidade, a 
sinceridade. É onde sabemos como nós somos. 
Quando se expressa a sua “verdade”, temos como exemplo as 
apresentações artísticas que são elogiadas com a expressão: “consigo ver verdade 
na atuação de fulano”. Equivale a credibilidade, à sinceridade do autor. 
Marília de Mattos Ivo Junqueira 
maridmij@gmail.com 
 
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Ação comunicativa 
Nessa ação, a verdade é consenso, representa o mundo da vida. Na ação 
comunicativa, os outros três conceitos de ação são integrados, numa ideia e 
integração e consenso. 
 
 
 
 
Tripla Mimesis 
 A Tripla Mimesis é o processo que passa da ação para a compreensão. São 
três etapas criadas por Riccuer. É também chamada de representação da ação, 
onde há uma pretensão de veracidade e de credibilidade. 
Pré figuração 
 O autor prefigura a ação, a sua intenção. Existem “pré-conceitos” formados 
pelo autor, pois a narrativa tem uma pretensão de veracidade que o autor possui 
sobre aquilo que está escrevendo. Portanto, o autor passa a totalidade de 
informação que ele conhece, a mensagem que o autor quer passar. É o que 
chamamos também de vontade da lei. 
Configuração 
 O texto é a vontade do autor, expressa a sua vontade. Os sentidos desse 
mesmo texto são agregados posteriormente, por aqueles que o interpretam dentro 
do contexto em que se encontram. É o que chamamos também de vontade do 
legislador. 
Refiguração 
 O texto completa o seu efeito de sentido de acordo com o leitor. Não há uma 
interpretação correta, mas é possível excluir diversas possibilidades de 
interpretação que não são admitidas pelo texto. É o que chamamos também de 
vontade do juiz. 
 
 
 
Direito e Narrativa 
 
 Conformação da situação do fato (Larenz) 
No livro de Larenz, temos um exemplo que serve de parâmetro para a obra. 
Imaginem que uma pessoa entra na justiça contra seu vizinho reclamando que o 
seu cão mordeu a sua mão, e pede uma indenização contra o dono do cachorro. O 
vizinho mordido conta o que aconteceu na sua história. Nessa história, importa a 
raça do cachorro? Sim, pois é fundamental para medir o dano causado, pois 
poderia ser um dano de um cachorro de raça minúscula e inofensivo, que não 
Marília de Mattos Ivo Junqueira 
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justificasse um processo judicial. A pelagem importa na descrição do fato? Sim, 
pois pode ser útil para discernir se o cachorro realmente é do vizinho processado 
(por exemplo, se o cachorro que o mordeu for bege, mas o cachorro do vizinho for 
preto, podemos concluir que não foi o mesmo cachorro que o mordeu). O pedigree, 
por sua vez, é um dado irrelevante para a relação vizinho/vizinho que está sendo 
discutida. 
Nenhum elemento do fato é relevante ou irrelevante por si só. Todos os 
fatos são relativos em função do que está sendo discutido no processo. 
O fato bruto é o relato originário, ou seja, o primeiro relato que chega para o 
juiz, chamado de fato bruto porque já foi, por si só, a primeira interpretação do fato. 
O que chega para o juiz é uma narrativa que foi construída por alguém já tendo em 
vista o processo de conformação prévia. 
O juiz não decide sob os fatos, mas sim sobre estórias (narrativas desses 
fatos que chegam até ele de várias fontes e de vários lugares diferentes, trazendo 
diferentes visões sobre o fato). Se o juiz tiver vivido o fato, ele não pode decidir 
sobre eles e será afastado do processo por ser testemunha ou por possuir um 
envolvimento emocional com este. Ao fim do processo, o juiz constrói a sua própria 
narrativa do fato, que é a confirmação jurídica; 
 
A ficção jurídica (Larenz) 
A ficção jurídica é definir aquilo que eu sei que não é, como se fosse. É dar 
um tratamento jurídico a algo que eu sei que não é aquilo, mas que eu trato como 
se fosse aquilo. 
Larenz diz que a ficção servepara vencer resistências políticas que seriam muito 
grandes se tratasse as coisas assim como elas são; 
 1º exemplo: a Faculdade Baiana de Direito não é uma pessoa no mesmo 
sentido que cada um de nós é uma pessoa, mas que em várias circunstancias 
vai ser tratada como se fosse uma pessoa no sentido de ente individual, de 
centro de imputação para determinados propósitos práticos; 
 2º exemplo: o Direito Penal trata a energia elétrica como um bem 
material/palpável para que essa possa ser, também, encaixada no crime de 
furto; 
 
Diferença entre ficção e presunção 
Enquanto na ficção sabe-se que aquilo não é real mas trata-se como se 
fosse real, na presunção não se sabe se aquilo é real ou não, mas trata como se 
fosse real. Por exemplo, na presunção de inocência trata-se o indivíduo como se 
fosse inocente, mas não se sabe se ele é inocente ou não, confirmando a tese no 
momento do julgamento; 
A narrativa judicial é uma narrativa ficcional, ainda que baseada em fatos 
reais. É uma ficção da história do fato como se o juiz tivesse esgotado todos os 
elementos da estória, quando na verdade ele não pode, nem pode ter tido. O 
grande problema da narrativa judicial é o seu efeito prático: o que o juiz decide 
altera o mundo real. Mesmo imperfeita, essa representação é essencial. 
A dificuldade de chegar na verdade não afasta a possibilidade de decisão, 
mas resguarda um grau de responsabilidade que o processo traz. 
 
 
Marília de Mattos Ivo Junqueira 
maridmij@gmail.com 
 
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As estruturas narrativas (Umberto Eco) 
Agente Secreto 007 – James Bond 
Foi um personagem criado na Guerra Fria e encenado por diversos atores. 
Umberto Eco estuda a maneira como James Bond viveu várias histórias em vários 
universos diferentes, com enredos e antagônicos diferentes, mas continua a 
apresentar regularidades na história. Representava o maniqueísmo da Guerra Fria 
por ser branco e loiro, combatendo o inimigo no maniqueísmo da Guerra Fria; 
 
Todas as histórias de James Bond trabalham com três constantes 
estruturais: relação com o oponente/antagonista, relação com o comando e a 
relação com o par romântico; 
 
 Relação com o oponente/antagonista: como Bond era o cara que defendia a 
pátria, ele passou a ser o representante na época da Guerra Fria. O seu 
oponente, na maioria das vezes, eram os indivíduos de outra etnia, como os 
judeus, responsáveis pelo “mal comunista”. Eco afirma ainda que a 
demarcação do bem e do mal é uma demarcação étnica, sendo chamada por 
ele de maniqueísmo racista; 
 
 Relação com o comando: por vezes seguia as regras do comando e por vezes as 
contrariava, mas sempre “servindo à pátria”. Bond é um exemplo da literatura 
policial; 
 
 Relação com o par romântico: Bond traz um perfil machista e de desprezo em 
relação às mulheres após uma relação que falhou;

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