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6 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145110/PU 2 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 3 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU REDAÇÃO Em face do massacre contra doze crianças inocentes na escola Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, perpetrado por um jovem notoriamente insano que fora vítima de humilhações e torturas – quando adolescente – no colégio onde realizou o bárbaro ataque, emerge uma discussão social acerca da prática de bullying. A respeito desse assunto, leia atentamente os seguintes textos. Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e que são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder. O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desco- nhecem o problema, ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejo- rativos criados para humilhar os colegas. As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem tornar-se adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comporta- mento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio. Os autores das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes a famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Em contrapartida, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reagir ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si, que possuem forte sentimento de insegurança, o que as impede de solicitar ajuda. No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são mais comuns em alunos da 5 a e 6 a séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenização por parte do infrator. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que o- corram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho. Orson Camargo Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Texto adaptado, disponível em www.brasilescola.com/sociologia/bullying.htm no dia 18/4/2011 www.DrPepper.com.br 4 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU Com base na leitura desses textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema A responsabilidade das famílias e das instituições de ensino a fim de evitar a prática de bullying, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Instruções: Seu texto tem de ser escrito a tinta, na folha própria. Desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema. O texto com até 7 (sete) linhas escritas será considerado texto em branco. O texto deve ter, no máximo, 30 linhas. O Rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 5 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU RASCUNHO 01 03 04 05 06 07 09 11 13 15 17 19 16 18 20 22 26 28 30 24 27 29 25 23 21 08 10 12 14 02 6 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU LINGUAGENS E CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS ESPANHOL TEXTO I La tarjeta de crédito La tarjeta de crédito magnética ha adquirido mayor vigencia que la cédula de identidad y el pasaporte, los cuales padecen de las limitaciones de la nacionalidad, del nacionalismo o de las limitaciones de la provincia. Con ella se puede ir y venir por el mundo, cruzando territorios y fronteras, regímenes políticos y culturas, lenguas y religiones. Compra lo que se quiera y donde se quiera, siempre con la tranquila confiabilidad de alguien que demuestra confiabilidad. Así se combinan la tarjeta y el consumismo, las dos facetas más evidentes del tipo de ciudadanía característico del neoliberalismo. Por otra parte, la tarjeta constituye un símbolo de inclusión en el grupo de los que tienen poder de compra mayor y, por tanto, crédito. Sin embargo, esa visión es todavía superficial, puesto que existe un gran número de semiexcluidos que se quedan sobre el muro de las circunstancias: tiene tarjeta, pero poquísimo crédito y deudas cada vez mayores. Pero lo peor es que hay un gran número de “ciudadanos” brasileños excluidos por completo y que desconocen la tarjeta, el crédito bancario y la satisfacción de las propias necesidades básicas. (Adaptado de la Revista Fundação SEADE, São Paulo, SEADE, 1998, vol. 2. Adaptación y traducción de Henrique Romanos.) 01. Que tipo de denúncia faz o autor no texto? a) que o cartão de crédito é um instrumento que leva o cidadão à miséria. b) uma denúncia em relação ao tipo de cidadania exis- tente no neoliberalismo. c) a utilização do cartão de crédito como documento de identificação em substituição à carteira de identi- dade. d) ao uso indevido do cartão de crédito por parte do consumidor. e) a falta de segurança na utilização do cartão de cré- dito. TEXTO II Brasil lanza marca para promover turismo y comercio exterior 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 2829 30 31 32 33 34 35 36 El Gobierno brasileño presentó la “Marca Brasil”, un logotipo que identificará al país en el exterior y se usará para promocionar el turismo y los productos locales. La “Marca Brasil”, una superposición de formas sinuosas de varios colores, con el nombre del país en el centro, ha sido presentada a la prensa y a empresarios de São Paulo por los ministros de Turismo, Walfrido Mares Guía, y del Desarrollo, Industria y Comercio, Luiz Fernando Furlan. Las formas del logotipo se basan en el sinuoso “jardín acuarela”, diseñado en 1938 por el paisajista brasileño Roberto Burle Marx para el Palacio Capanema de Río de Janeiro, y reflejan tanto el patrimonio natural como la alegría del pueblo brasileño, explicó el director de Mercadotecnía, Édson Campos, de la oficial Empresa Brasileña de Turismo (Embratur). La “Marca Brasil”, escogida por medio de concurso público, reúne el color verde, que representa la selva brasileña, el amarillo (playa, luz y calor), el azul (aguas y cielo), el blanco (de las manifestaciones religiosas como las del Estado de Bahía), el rojo y el naranja (que reflejan las fiestas populares del país). “No se trata de una marca limitada al turismo, ni será de un único gobierno, sino que será una referencia nacional”, dijo el ministro Furlan, quien destacó la necesidad de mostrar en el exterior que Brasil ofrece muchas cosas más, además de “samba, café y Pelé”. El logotipo se usará en todas las campañas de promoción turística de Brasil y en los próximos días, se va a formar un grupo de trabajo que se encargará de reglamentar su uso por parte de las empresas privadas que quieran usarla en sus productos de exportación. Por su parte, el ministro de Turismo señaló que la “Marca Brasil” resalta la “alegría, la cordialidad y la hospitalidad” del pueblo brasileño. http://www.exportapymes.com/ 02. De acordo com o texto, é correto afirmar que a) “Marca Brasil” tem como finalidade promover o turismo e os produtos brasileiros no exterior. b) “Marca Brasil” reafirmará, no exterior, que o Brasil é samba, café e Pelé. c) a “Marca Brasil” foi escolhida por um grupo de políti- cos nacionalistas. d) uma crítica feita à “Marca Brasil” é que ela é de uso exclusivo do governo. e) a “Marca Brasil” ressalta os valores ideológicos do Partido dos Trabalhadores (PT). 7 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 03. No fragmento “... las empresas privadas que quieran usarla...” (Ls. 31 e 32), o termo sublinhado faz referência a) à referência nacional. b) à declaração do ministro Furlan. c) a muitas coisas além de samba, café e Pelé. d) à Marca Brasil. e) à alegria do povo brasileiro. TEXTO III 04. Observando o conteúdo da tira, é correto afirmar que a) percebemos uma ironia em relação ao fato dos apo- sentados não utilizarem seu tempo livre em algo realmente útil. b) Libertad e Mafalda enfatizam o importante papel dos aposentados na sociedade atual. c) há uma crítica violenta aos aposentados, pois eles nada fazem e recebem um salário excelente. d) a utilização dos aposentados como álibe para criticar a política social do governo. e) há um humor negro ao utilizar-se de um segmento social vilipendiado para defender uma ideologia socialista. 05. Na tira o humor reside no fato de a) Libertad e Mafalda discordarem quanto à utilização do exército. b) Libertad propor uma greve geral dos aposentados. c) Libertad representar o sonho e Mafalda a realidade. d) Libertad representar o socialismo e Mafalda o capi- talismo. e) Libertad fazer uma proposta coerente e factível. INGLÊS Rehab Amy Winehouse They tried to make me go to rehab But I said 'no, no, no' Yes, I've been black, but when I come back You'll know-know-know I ain't got the time And if my daddy thinks I'm fine He's tried to make me go to rehab But I won't go-go-go I'd rather be at home with Ray I ain't got seventy days 'Cause there's nothing There's nothing you can teach me That I can't learn from Mr. Hathaway I didn't get a lot in class But I know it don't come in a shot glass (…) 01. O trecho acima faz parte da letra da música “Rehab” da cantora britânica Amy Winehouse, que evidencia um dos maiores problemas enfrentados pelas famílias de dependentes químicos. O problema é apresentado em qual das alternativas abaixo? a) O dependente químico se recusa a admitir a sua dependência e a procurar por tratamento adequado em clínicas de reabilitação. b) O dependente químico está sempre em conflito com a família, principalmente com o pai, que para ele representa a figura do opressor dentro do seio familiar. c) O dependente químico se recusa a procurar a ajuda da família, fazendo a opção de se internar em uma clínica de recuperação para viciados em drogas. d) O dependente químico acaba por desenvolver déficit de aprendizagem na escola, o que leva a constantes conflitos com os pais. e) O dependente químico normalmente foge de casa para procurar ajuda em clínicas especializadas na recuperação de viciados em entorpecentes. 8 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 02. A página acima pertence ao hotel Bonft and Mountain Lodge, localizado na cidade canadense de mesmo nome. Após analise das informações contidas no “site”, qual dos serviços abaixo é oferecido pelo hotel? a) Café da manhã. b) Quarto para bagagens. c) Roupas de cama. d) Traslado para o aeroporto. e) Preços em dólar americano. The way we travel is changing fast. Today many people book their holidays through the Internet. Low cost airlines like Ryan Air work almost exclusively online. The Internet also offers photographs and information about any destination in the world. In the past a computer was necessary – it isn`t anymore. “Smart” mobile phones – and now iPad – are revolutionizing travel again. Speak Up – Ano XXIII – No 283 – p. 8 03. O texto acima evidencia uma tendência observada nos últimos anos no uso de novas tecnologias. Essa tendência pode ser resumida com a seguinte informação: a) Para se viajar com segurança e pontualidade, nos dias de hoje, é necessário que todos os arranjos da viagem sejam feitos pela Internet. b) A maioria das empresas de transporte aéreo do planeta usam, quase que exclusivamente, o serviço de venda e reserva de passagens pela Internet. c) A Internet é a opção mais utilizada por turistas do mundo inteiro para compra de passagens e reserva em hotéis no mundo inteiro. d) O uso de smart phones e tablets vem substituindo o computador como opção para a contratação de serviços de viagens. e) Os computadores vêm causando uma revolução na forma como as pessoas escolhem seus destinos durante as férias. 9 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU teasing leaving some body outthreats G O S S I P I N G meanwords BULLYING name-calling hittin g steali ng ki ck in g pus hin g damaging property http://www.googlecom/imgres?imgurl=htpp://lisarusse ll.org/blog/wp-content/upoads/2010/10/bullying. 04. O cartaz acima faz parte de uma campanha contra o bullying, a prática de violência física e psicológica contra crianças e adolescentes fragilizados, muito comum em escolas de todo o planeta. Dentre as ações dos agres- sores que são rechaçadas pelo cartaz estão: a) Violência sexual e invenção de boatos. b) Ameaças e danos ao patrimônio. c) Chutes e cárcere privado. d) Provocações e estupro. e) Isolamento e mutilação. Sweet dreams “Sleep has its own world,” said the poet Lord Byron. We all sleep. We all dream. We spend around a third of our lives doing it, but still we know little about this strange other world. Sleep is a natural process, following the circadian rhythm and the cycles of darkness and light. It is something that humans have in common with most living things: plants, birds and animals. However, what has gone almost unnoticed until recently is that human sleep patterns have undergone significant change. “Our society has seen a steady decline in the number of hours that people sleep,” says Professor Francesco Cappuccio, head of sleep research at the University of Warwick in England. “Our ancestors used to sleep probably nine hours a night and now we hardly sleep six or seven hours a night.” Speak Up – Ano XXIII – N o 283 – p. 37 05. A frase atribuída ao poeta Lord Byron serve como explicação a) para o fato de o ser humano dormir menos nos dias de hoje do que no tempo dos nossos ancestrais. b) para o pouco conhecimento que ainda dispomos do mundo do sono e dos sonhos. c) para as mudanças ocorridas na forma de dormirmos, verificada nas últimas décadas. d) para o fato dos nossos ancestrais dormirem muito mais do que nós. e) para o fato dos seres humanos, das plantas, dos animais e dos pássaros dormirem, em média, o mesmo tempo todas as noites. PORTUGUÊS Texto para a questão 06. Linguagem inata Se você é uma daquelas pessoas que odeiam estudar gramática, talvez se sinta mais confortável em saber que você já “nasceu sabendo”. É o que sugere um estudo de Marie Coppola e Elissa Newport, especialistas em ciências cognitivas da Universidade de Rochester, em Nova York. Um experimento com um grupo de surdos da Nicarágua indica que a língua de sinais que utilizam – aprendida em casa, sem uma educação formal – incorpora o conceito gramatical de sujeito da oração, presente em todas as línguas humanas conhecidas. Tal fato parece confirmar uma tese que o linguista americano Noam Chomsky defende desde os anos 50: a de que a gramática é inata ao homem, em vez de adquirida pelo aprendizado. Para Chomsky, a rapidez com que uma criança aprende uma língua se deve a uma disposição inata para o domínio da gramática. Superinteressante, São Paulo, mar. 2006. 06. Em um processo de comunicação, a linguagem é expressa de acordo com a função que se deseja enfa- tizar. No texto posto acima observamos que a) a ênfase é dada à função referencial, que ocorre quando o destaque na comunicação é o referente, que representa o objeto ou assunto abordado na mensagem. A intenção essencial do emissor do texto é transmitir informações sobre o referente, limitando as interferências pessoais ao mínimo. b) o destaque é dado à função poética que ocorre quando se enfatiza a mensagem ou o texto, quando é trabalhada a própria forma da linguagem. A ênfase recai sobre a construção do texto, a seleção e a disposição das palavras. c) o texto em questão enfatiza a função fática, pois o destaque é dado ao canal de comunicação ou de contato. A intenção é iniciar um contato, através de cumprimentos. d) predomina a função metalinguística que tem como fator essencial o código. O objetivo da mensagem é referir-se a própria linguagem. e) o destaque é dado à função apelativa, a ênfase recai no receptor a quem se deseja persuadir através da mensagem do texto. 10 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 07. Figuras de linguagem são recursos semânticos usados para realçar as palavras e dar a elas maior expressivi- dade, permitindo empregá-las num sentido diferente da significação convencional a que se está habituado. Observe a tira posta abaixo e marque o que estiver correto. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 nov. 2002. a) Observamos a presença de antonomásia que é a substituição de um nome próprio por uma expressão que lembra uma característica, uma qualidade ou que, de alguma outra forma, identifica a pessoa a qual ela se refere. b) A tira apresenta metáfora que é uma comparação oculta, ou o emprego de uma palavra em sentido figurado. c) Temos um caso de eufemismo que é a suavização da linguagem, para não chocar o interlocutor. d) A tira exemplifica um caso de prosopopeia, pois atribui atitudes humanas a objetos. e) Temos, na tira, um caso de pleonasmo que se caracteriza pelo uso redundante das palavras, para reforço ou realce da ideia. Texto I João Paulo e Barbieri não preocupam A final de hoje com o Guarani é a coroação de um trabalho que se iniciou em janeiro. O resultado depende do que ocorrer dentro das quatro linhas. Fizemos tudo o que tinha que ser feito. Resta esperar pela partida. Acredito no meu time apesar das entradas de João Paulo e Barbieri na equipe deles. Nós também teremos o Paulinho Carioca. Durante a semana fui sempre entrevistado sobre as modificações do Guarani. Estão dando muita importância a isso. Eles são dois bons jogadores, mas não sei se muda alguma coisa. Achei que o Tozin e o Careca foram muito bem no domingo passado e estão com mais ritmo. Vou colocar o Paulinho para jogar nas costas do Marquinhos. Sei que dará preocupação. Esta história de que o jogador do Guarani vai bater não me preocupa. Jogador não pode ter medo de ninguém. Quanto ao Neto, não pretendo colocar ninguém marcando-o. É um bom jogador e que precisa ser vigiado, mas não haverá alguém destacado especialmente para isso. Jair Pereira (técnico do Corinthians) Texto II Paulinho pode atrapalhar o Corinthians Com o empate alcançado pelo Guarani no último domingo, em pleno Morumbi lotado quase que exclusiva- mente com a torcida adversária, aumentaram em muito as responsabilidades do Corinthians para o jogo de hoje. Nesse meu primeiro contato com o Corinthians pude reforçar minha ideia de que eles não têm um plano de jogo definido. Tanto que somente pressionaram o Guarani nos primeiros minutos do segundo tempo. Para o jogo final, dois fatores poderão agravar esse aspecto: a escalação do Paulinho Carioca e a contusão de Marcelo. A obrigação de vencer por parte do Corinthians foi redobrada. Dessa forma, o que eu aguardo é um adversário mais ofensivo em relação ao último jogo. Mas só aparen- temente isso poderá ser uma vantagem. O time que joga forçando o ataque arrisca o sistema defensivo, expõe a defesa aos contra-ataques. O Guarani, certamente, vai manter o padrão de jogo apresentado durante todo o campeonato. José Luiz Carbone (técnico do Guarani) 08. Para compreender o significado dos dois textos acima, é necessário considerar as condiçõesem que foram produzidos. Eles seriam lidos pelos torcedores e talvez pelos próprios jogadores horas antes da realização do jogo decisivo. Após uma atenta leitura dos textos assi- nale o que está correto. a) Nenhum dos dois técnicos pode ser acusado de estar dizendo mentiras. Apesar disso, na perspectiva do técnico corintiano, a vantagem é do Guarani; enquanto que na opinião do técnico do Guarani a vantagem é do Corinthians. b) O técnico do Guarani ressalta que a escalação de Paulinho e a contusão de Marcelo são pontos positivos; o técnico do Corinthians interpreta a escalação de Paulinho como um problema e faz silêncio sobre a contusão de Marcelo. c) Como se pode notar, ambos os técnicos colocaram em evidência as qualidades do próprio time, escon- dendo os defeitos; e explicitaram os defeitos da e- quipe contrária, escondendo ou subestimando as qualidades. 11 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU d) Carbone faz referência ao empate do jogo anterior como vantajoso para o Corinthians, já que foi um resultado conseguido no campo adversário e sob pressão da torcida adversária; Jair Pereira prefere desprezar esses aspectos e ressaltar que o Guarani fez uma boa campanha e que o jogo será decidido dentro das quatro linhas. e) A escalação de Barbieri e de João Paulo no lugar de Tozin e Careca é valorizada pelo técnico do Corinthians. Com efeito, ao desvalorizar a atuação dos dois atletas que seriam substituídos, Jair Pereira pretende desqualificar a exagerada importância que vinham dando à entrada de Barbieri e João Paulo. Texto para a questão 09. Tente outra vez Veja Não diga que a canção está perdida Tenha fé em Deus, tenha fé na vida Tente outra vez. Beba Pois a água viva ainda está na fonte Você tem dois pés para cruzar a ponte Nada acabou, não, não Tente Levante sua mão sedenta e recomece a andar Não pense que a cabeça aguenta se você parar Não, não, não Texto para a questão 10. Há uma voz que canta Há uma voz que dança Uma voz que gira, bailando no ar Queira Basta ser sincero e desejar profundo Você será capaz de sacudir o mundo Vai Tente outra vez, tente E não diga que a vitória está perdida Se é de batalhas que se vive a vida Tente outra vez. RAUL SEIXAS; PAULO COELHO; MARCELO MOTTA. In: Raul Seixas – Minha História – 14. 09. Após a leitura do texto é correto afirmar que a) a expressão “a canção está perdida” faz referência à perda dos valores materiais e à conservação dos sonhos. b) o sentido conotativo de “a água viva ainda está na fonte” pode ser entendido como uma referência à morte dos sonhos. c) a frase “Você tem dois pés para cruzar a ponte” pode ser interpretada como um indicativo da morte como solução para os problemas. d) na letra da canção há um incentivo para que aquele que se sente vencido continue a sua luta, persistindo em busca dos sonhos. e) a mensagem da canção é de cunho pessimista evidenciando uma visão de mundo cética por parte do eu lírico. 12 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 10. O e-mail é um gênero textual usado para trocar mensagens pela Internet, comunicando a alguém um assunto pessoal ou profissional. Um grande número de pessoas hoje utiliza o e-mail para se comunicar a distância com maior rapidez e eficiência. Muitas vezes ele é usado em substituição ao telefone, à carta, ao telegrama. Suas mensagens podem ser enviadas e recebidas a qualquer instante, conforme a conveniência do remetente e do destinatário. Observando o e-mail posto na página anterior é correto afirmar: a) A linguagem empregada foi a informal, visto que os interlocutores são pessoas amigas e têm certa intimidade. b) A repetição do ponto de exclamação sugere forma- lidade por parte dos interlocutores. c) No texto do e-mail não há nenhum ponto de seme- lhança com a carta pessoal. d) O objetivo da mensagem é informar sobre a saudade sentida pelo remetente. e) O fato de ter usado uma linguagem informal com traços giriáticos torna a mensagem hermética. Texto para a questão 11. “Seja feliz! Isto é uma ordem!” Eugênio Bucci [...] Será possível que alguém seja feliz por obediência? A felicidade pode ser produzida por um comando, por uma ordem? Claro, qualquer um responderá que não. A ideia de felicidade, por mais precária que seja entre nós, supõe um grau mínimo de liberdade. A gente é feliz quando faz o que quer, mesmo que ninguém consiga saber direito o que quer e o que deseja. Feliz é quem sabe o quer e o que deseja (querer e desejar são níveis diferentes do ser) e se concilia com isso. [...] Pode até haver algum tipo de prazer em deixar-se dominar, mas não há felicidade nisso. A felicidade, pensamos, e pensamos com razão, não se impõe. Não obstante, a felicidade nos é imposta como obrigação. Digo isso a propósito da massa cada vez mais avassaladora da publicidade natalina e da programação “felicidificante” que toma conta da TV quando chegam as festas de fim de ano. As criancinhas produzidinhas multi- culturaizinhas e devidamente multiétnicas entoam em torno da árvore de Natal a velhíssima canção “hoje é um novo dia de um novo tempo” etc. A moça linda chora porque ganhou um anel. Roberto Carlos geme num acorde perfeito maior. Os astros têm dentes alvos modelados na ortodôntica indústria do entretenimento e sorriem seus sorrisos pré- fabricados. Os embrulhos de Natal e os votos de feliz Ano Novo se confundem num único e ininterrupto imperativo: “Seja feliz! Isso é uma ordem!”. É incrível como o discurso que reprime se esconde por trás do discurso que vende a felicidade como a mais preciosa das mercadorias. O discurso da TV, que é o discurso do comércio disfarçado de informação e diversão, que procura estabelecer os padrões de comportamento, obriga o telespectador a ser feliz. Como se fosse um general ou um feitor de escravos, de chicote na mão. Um coman- dante que ordena: “Goze, seja feliz, seu verme inútil e tristonho!” O inferno, quem diria?, é feito de votos de felici- dade comercial. Que não são votos, mas ordens: “Compre, embriague-se de mercadorias. E depois ache tudo ótimo, inenarrável.” [...] Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 dez. 2002. (Fragmento) 11. A crítica é um texto argumentativo cujo objetivo é informar o leitor e levá-lo a refletir. No texto, posto acima, o objetivo do autor é mostrar ao consumidor a verdadeira intenção das campanhas publicitárias, que impõem a compra de produtos, com a promessa da obtenção de felicidade. Com base na leitura do texto é correto afirmar que a) de acordo com o texto, a ideia de felicidade não está necessariamente ligada à ideia de liberdade, pois quando se tem liberdade de escolha nem sempre se escolhe o que é melhor. b) quando o autor argumenta que não há felicidade imposta ele se refere às campanhas publicitárias, ao marketing, que querem nos impor uma felicidade “pré-fabricada”, alcançável apenas pela compra de algo. c) na passagem “... as criancinhas produzidinhas multiculturaizinhas...” o diminutivo tem caráter carinhoso, pois a criança é sempre símbolo de inocência e felicidade. d) a passagem “... o inferno, quem diria?, é feito de votos de felicidade comercial. Que não são votos,mas ordens...”. Pode ser interpretada como a coerência que há entre a obtenção da felicidade e obrigação de seguir as propostas das campanhas publicitárias. e) o autor do texto ao usar a variedade padrão da língua, no registro informal com marcas regionais buscou uma maior proximidade com o leitor. Texto para a questão 12. A senhora, uma dona de casa, estava na feira, no caminhão que vende galinhas. O vendedor ofereceu a ela uma galinha. Ela olhou para a galinha, passou a mão embaixo das asas da galinha, apalpou o peito da galinha, alisou as coxas da galinha, depois tornou a colocar a galinha na banca e disse para o vendedor: –– Não presta! Aí o vendedor olhou para ela e disse: –– Também, madame, num exame assim nem a senhora passava! (Millôr Fernandes) 13 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 12. A repetição, como o próprio nome indica, corresponde à ação de voltar ao que foi dito antes pelo recurso de fazer reaparecer uma unidade que já ocorreu previa- mente. Essa unidade pode ser uma palavra, uma se- quência de palavras ou até uma frase inteira. No texto de Millôr Fernandes observamos a repetição da pala- vra “galinha”. Sobre esse fato é correto afirmar: a) Demonstra, de modo claro, a pobreza vocabular do autor. b) Torna o texto repetitivo rompendo a relação de coesão e coerência. c) Evidencia o modo de falar das classes menos favo- recidas, o que se pode perceber pelo uso da palavra galinha, quando o ideal seria frango. d) A palavra galinha foi repetida quase a exaustão, de propósito, exatamente, para provocar no leitor a mesma sensação de desagrado que o detalhamento da análise feita pela mulher causou no vendedor. e) A repetição exaustiva da palavra galinha procura mostrar o aborrecimento da mulher diante do vendedor que queria que a mesma comprasse a ave sem examiná-la. Texto para a questão 13. Interlúdio As palavras estão muito ditas e o mundo muito pensado. Fico ao teu lado. Não me digas que há futuro nem passado. Deixa o presente –– claro muro sem coisas escritas. Deixa o presente. Não fales. Não me expliques o presente, pois é tudo demasiado. Em águas de eternamente, o cometa dos meus males afunda, desarvorado. Fico ao teu lado. CECÍLIA MEIRELES. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1978. 13. Após a leitura do poema é correto afirmar que a) na duas primeiras estrofes o eu lírico apela para que haja mais debates e discussões sobre o passado e o futuro. b) pela leitura das duas últimas estrofes percebemos que o eu lírico reforça toda sua carga de dor e decide viver com a pessoa que pode fazê-lo infeliz. c) o eu lírico torna claro que teme o presente pelo fato de ser incerto e duvidoso. d) o desejo do eu lírico em ampliar os debates e as discussões sobre o presente e o futuro constitui o eixo central do poema. e) o eu lírico prefere viver o presente porque esse tempo ainda não está definido, escrito, há muito a registrar, a ser vivido com intensidade. 14. O cartum é uma espécie de anedota gráfica sobre o comportamento humano, o cartum pode usar apenas linguagem não verbal ou misturá-la com a verbal. Em geral, aborda situações atemporais e universais, isto é, que poderiam acontecer em qualquer tempo e lugar. Observe o cartum, de autoria do argentino Quino, posto abaixo e assinale o que for correto. a) O cartum, posto acima, faz uma crítica à impaciência do ser humano, isso fica claro pelo comportamento das pessoas, na fila, que não deixam o homem concluir sua ligação. b) Percebemos uma crítica à deficiência no serviço de telefonia pública, isso é demonstrado pelo número de cidadãos, na fila, disputando um único telefone público. c) O objetivo do cartunista ao criar esse cartum era criticar a maneira irreverente de certas pessoas que não sabem conviver socialmente e extrapolam seus direitos como cidadãs. d) O cartum objetiva destacar a capacidade criadora do artista plástico que consegue produzir sua tela apenas com informações recebidas pelo telefone. e) O cartum objetiva, de modo implícito, mostrar a vantagem de ter um telefone celular ao exemplifi- car visualmente o drama do cidadão ao utilizar a tele- fonia pública. 14 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 15. Enquanto a charge costuma transmitir a sua mensagem em uma única imagem, as histórias em quadrinhos podem ser definidas como arte sequencial, pois são desenhos em sequência que narram uma história. Na arte sequencial, a comunicação se faz por intermédio de imagens que o emissor e o receptor identificam. Para “ler” uma história em quadrinhos, é preciso interpretar imagens, relacionar estas com as palavras e perceber relações de causa e efeito. Os quadrinhos estão por toda a parte. Servem para divertir, mas podem veicular uma mensagem instrucional –– podem ser usados para uma campanha de economia de água, para alertar sobre riscos de doenças ou para transmitir informativos de trânsito. Com base nas informações fornecidas e na análise da história em quadrinhos posta abaixo assinale a informação correta. a) O humor, presente nos quadrinhos, se baseia no fato de o personagem Durwood ser um motorista extremamente negligente e não perceber isso, culpando os outros motoristas pelo acidente ocorrido. b) Observamos uma forte crítica às condições precárias das rodovias brasileiras, fato que gera graves acidentes provocando muitas mortes. c) A história em quadrinhos mostra o contraste que há entre a grande habilidade dos motoristas e as péssimas condições das rodovias brasileiras. d) Nos quadrinhos, percebemos uma crítica à atitude alienada e negligente dos policiais de trânsito. e) A fala do personagem Durwood ao dizer que lia um anúncio de jornal, estava com uma xícara de café na mão e também um laptop, e ainda ligou para uma loja, tudo isso enquanto dirigia mostra quão versátil é o motorista brasileiro. 15 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 16. O título sintetiza a ideia principal do texto, por isso é curto, nem sempre possui verbo. Ele é uma “moldura” do texto e delimita o tema, com uma breve referência ao que vai ser exposto. Com base nas informações apresentadas indique a opção que apresenta o título mais adequado ao texto posto abaixo. O aparelho celular é o passaporte da vida moderna e, em breve, vai reunir tudo o que você precisa na vida digital. Hoje já é um item indispensável. Em todo o mundo, há 1,5 bilhão de usuários, número três vezes maior que o de proprietários de computadores. Só no Brasil são 32 milhões de usuários ativos. A grande expectativa para os próximos dois anos é a 3G, a próxima geração de celulares. Essa tecnologia vai possibilitar o acesso simultâneo e em tempo real a serviços e aplicativos de voz, dados, áudio e imagem com qualidade de cinema. Vai permitir também que o usuário do celular se conecte a serviçosde mensagem instantânea, como ICQ e Messenger, e até organize uma videoconferência. Aparelhos celulares com diversas funções já estão se tornando lugar-comum. Superinteressante. São Paulo, mar. 2005. Edição especial: O Livro do Futuro. a) O drama do celular. b) O baixo custo da telefonia móvel. c) Ter ou não ter um celular? d) Danos à audição. e) O melhor amigo do homem moderno. JOSÉ MARIA DE MEDEIROS (1849-1925): Lindoia, 1882. Óleo sobre tela. 54,5cm x 81,5 cm Rio de Janeiro, Coleção Cultura Inglesa 17. A imagem posta acima representa a morte de Lindoia, personagem de uma famosa obra literária do Arcadismo brasileiro. Sobre essa obra, é correto afirmar que a) trata-se de “Vila Rica”, de Cláudio Manuel da Costa. Nessa obra, o autor fala da fundação de Vila Rica, hoje Ouro Preto, como, também, da descoberta das minas e da ação dos bandeirantes. b) a obra em questão é "O Uraguai", de Basílio da Gama. Trata-se de um poema épico que apresenta críticas aos jesuítas e já antecipa a exploração estética do índio. c) trata-se do poema épico "Caramuru", de Santa Rita Durão. Essa obra, além de valorizar o elemento in- dígena, apresenta a empresa colonizadora como forma de expansão da fé católica. d) trata-se de "Obras Poéticas", de Cláudio Manuel da Costa. Nessa obra, podemos observar a referência à mutação das coisas e das pessoas como, tam- bém, à privação amorosa. e) a obra é "O Uraguai", de Gonçalves Dias. Nessa obra, o poeta já evidencia sua tendência indianista que será fortemente explorada no Romantismo brasileiro. Leia o texto a seguir para responder a questão 18. Dadá nasce em Zurique, em 1916, (...) a partir da fundação, por parte dos seus membros, do Cabaret Voltaire, círculo literário e artístico destituído de programa, mas decidido a ironizar e desmistificar todos os valores consti- tuídos da cultura passada, presente e futura. O nome Dadá também é casual, escolhido abrindo-se um dicioná- rio ao acaso. As manifestações do grupo dadaísta são deliberadamente desordenadas, desconcertantes, escan- dalosas (...) (OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Arte Literária Brasileira. São Paulo: Moderna, 2000) 18. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o Dadaísmo, é correto afirmar: a) O movimento dadaísta propõe a destruição dos va- lores burgueses e usa o non-sense como forma de crítica feroz à sociedade. Procura desprogramar a arte de qualquer premeditação; mistura o pessimismo sarcástico de Voltaire com a ingenuidade de Rimbaud. b) O referido movimento foi uma importante influência na obra de Monteiro Lobato, pois esse escritor sem- pre foi um grande divulgador das vanguardas euro- peias, como também da arte moderna. c) A presença de letras e numerais nos trabalhos dos artistas dadaístas indica que o movimento havia si- do influenciado pela poesia concreta e tinha Augus- to de Campos como seu grande mestre. d) Trata-se de um movimento cuja pintura apresentava um caráter realista, com grande apuro técnico, sen- do, na realidade, caudatário do academicismo da ar- te neoclássica. e) Em virtude do volume adquirido em consequência da colagem, os trabalhos dadaístas transitam entre pintura e escultura, apresentando uma visão positiva da realidade. Esse fato também pode ser observado na literatura dadaísta. 16 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU Leia o fragmento abaixo para responder a questão 19. “...Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva...” (Sampa, Caetano Veloso) 19. Quando Caetano Veloso diz no fragmento acima “... da feia fumaça que sobe apagando as estrelas, / eu vejo surgir seus poetas de campos e espaços...”, refere-se a um grupo no qual se incluem Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos. Sobre esse grupo, é correto afirmar: a) Trata-se da Poesia Concreta cuja proposta é, basi- camente, usar todos os recursos de que a palavra dispõe com os termos, adquirindo validade não só pelo significado, como também pelos aspectos visuais. b) Trata-se da Poesia Práxis que valoriza o conteúdo semântico e a subjetividade das palavras, pois a ideia é mais importante que a distribuição formal. c) Trata-se do Poema Processo que promove o aban- dono, quase absoluto, do sistema linguístico, pois, na visão desse grupo, a mensagem é feita mais pa- ra ser vista do que lida. d) Trata-se da Poesia Social que faz do verso um ins- trumento de participação social, buscando uma maior comunicação com o leitor. e) Trata-se da linha introspectiva pós-moderna que faz uma sondagem psicológica dos dramas humanos sob um prisma pessoal. Texto para a questão 20. Era alta e esbelta. Tinha um desses talhes flexíveis e lançados, que são hastes de lírio para o rosto gentil; porém na mesma delicadeza do porte esculpiam-se os contornos mais graciosos com firme nitidez das linhas e uma deliciosa suavidade nos relevos. Não era alva, também não era morena. Tinha sua tez a cor das pétalas da magnólia, quando vão desfalecendo ao beijo do sol. Mimosa cor de mulher, se a aveluda a pubescência juvenil, e a luz coa pelo fino tecido, e um sangue puro a escumilha de róseo matiz. A dela era assim. Uma altivez de rainha cingia-lhe a fronte, como diadema cintilando na cabeça de um anjo. Havia em toda a sua pessoa um quer que fosse de sublime e excelso que abstraía da terra. Contemplando-a naquele instante de enlevo, dir-se-ia que ela se preparava para sua celeste ascensão. (ALENCAR, José de. Diva. Rio de Janeiro, José Olympio, 1951) 20. Pela leitura do fragmento, observamos a) que o herói romântico é, muitas vezes, marginal, desregrado, entregue ao ópio e ao álcool. Contudo esse procedimento revela não má índole, mas de- sespero, repulsa pelo mundo tal como ele o é. b) que o herói romântico é um tipo movido por propósitos elevados, solitários em seus anseios e atitudes, um incompreendido pela sociedade a qual ele pertence. c) que a idealização da mulher romântica é evidente. Ela não existe, paira; não respira, pulsa; não anda, flutua; tem a prodigiosa propriedade de irradiar luz pelos poros; é dotada de virtudes tão maravilhosas que fazem dela uma semideusa praticamente intingível. d) que os limites entre loucura e sanidade não são muito simples de delimitar. Muitas vezes, eles estão condicionados a fatores culturais, temporais, locais ou a todos ao mesmo tempo. Frequentemente, a loucura se manifesta como uma forma de rejeição da realidade e da chamada “normalidade”. e) que o imaginário romântico é riquíssimo e, muitas vezes, suplanta a noção de realidade. Do mesmo modo, o sonho, ou a capacidade de projetar os de- sejos e anseios, permeou a atitude romântica. Texto para a questão 21. O texto a seguir apresenta uma crítica feita por Monteiro Lobato, publicada em 1917, por ocasião da exposição de Anita Malfatti. “ Todas as artes são regidas por princípios imutá- veis, leis fundamentais que não dependem do tempo nem da latitude. As medidas de proporção e equilíbrio, na forma ou na cor, decorrem do que chamamos sentir. Quando as sensações do mundo externo transformam-se em impressões cerebrais, nós “sentimos”; para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é for- çoso ou que a harmonia do universo sofra completa alte- ração, ou que onosso cérebro esteja em “pane” por vir- tude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sen- sorial se fizer normalmente no homem, através da porta comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá “sentir” senão um gato, e é falsa a “interpre- tação” que do bichano fizer um “totó”, um escaravelho, um amontoado de cubos transparentes.” (LOBATO, Monteiro. Paranoia ou mistificação. Texto publicado no Estadinho, suplemento infantil do Estado de São Paulo, em 1917) 21. Com base no texto, é correto afirmar que, para Monteiro Lobato: a) a arte moderna busca valorizar o poder de abstração do artista, mostrando todo seu talento e sua capaci- dade de interpretar a realidade, portanto deve ser valorizada e estimulada. b) a arte moderna é uma imitação do mundo visível, logo representa uma estagnação artística e uma negação do próprio avanço da humanidade. c) a arte moderna é fruto da distorção cognitiva de seu criador, pois o mesmo não observa que as leis fun- damentais da arte são: proporção, equilíbrio de forma e cor. 17 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU d) a harmonia do universo ampara a arte moderna, pois as coisas não devem ser reproduzidas exata- mente como são, mas como a percepção do artista capta. e) a arte moderna marca a revolta do homem do início do século XX profundamente marcado pelo deca- dentismo simbolista que o levou para o plano da abstração da realidade, sendo, pois, uma expressão artística de grande valor. Texto para a questão 22. “A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos. O carnaval no Rio é o acontecimento reli- gioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cor- dões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá o ouro e a dança...” (REIS, Carlos. O Conhecimento da Literatura: introdução aos estudos literários. Lisboa: Almeida 2008 ) 22. O fragmento posto acima está relacionado a um movi- mento surgido após a Semana de Arte Moderna. Sobre esse movimento é correto afirmar que a) pregava uma arte genuinamente nacional, de tom ufanista, com a valorização do elemento indígena e sem fazer quaisquer concessões aos estrangeirismos. b) apresentava franco caráter direitista, com enuncia- ções fascistas e forte teor nacionalista. c) pregava a devoração da cultura e das técnicas importadas e sua reformulação com autonomia, transformando o produto importado em exportável. d) propunha uma arte brasileira de exportação, de raiz, telúrica e primitiva. e) propunha que o escritor se voltasse para a sua região, a fim de retratar os dramas nordestinos e preservar os valores culturais. Leia o texto abaixo para responder a questão 23. “Nesta época de grande luta pela nova arte nós bri- gamos como “selvagens” não organizados contra um anti- go poder organizado. A luta parece desigual; mas em as- suntos espirituais não vence o número, e sim a força das ideias. As armas temidas dos selvagens são as ideias novas; elas matam melhor que aço e quebram o que era considerado inquebrável.” (Franz Marc) 23. O início do século XX certamente era um mundo sem precedentes, que gravava sem reservas suas marcas profundas na retina da História. Nesse contexto, surge o Expressionismo. Sobre essa vanguarda europeia, podemos afirmar que a) a pintura expressionista trabalha com partes de uma mesma imagem, recompondo-as e utilizando-as ao mesmo tempo, a fim de criar várias perspectivas e dar a impressão de que um objeto pode ser visto ao mesmo tempo sob todos os ângulos. b) pintando diretamente sobre a tela branca, utilizando somente cores puras justapostas em vez de misturá-las previamente na paleta, os pintores expressionistas buscavam obter a vibração da luz, pesquisavam os cambiantes efeitos da luz na atmosfera e nos objetos a fim de fixá-los na tela. c) a proposta do Expressionismo é de que a arte flua livremente a partir do inconsciente, da livre associa- ção, com a incorporação de elementos ilógicos do sonho, da fantasia, sem se submeter a qualquer teoria vigente e a nenhuma lógica. d) o expressionista é inclinado a deformar a realidade de modo cruel, caricatural, muitas vezes hilário; o exagero, a distorção e a dramaticidade das formas, linhas e cores revelam uma atitude emocional do artista. e) o movimento expressionista propõe a construção de valores burgueses, utilizando-se do lirismo para afirmar conceitos da sociedade; suas manifestações são intencionalmente ordenadas e objetivam con- quistar a crítica. Texto para a questão 24. A Semana de Arte Moderna foi possível graças à arrecadação de fundos promovida pelo jornalista René Thiollier, que conseguiu 847 mil réis junto aos fazendeiros e exportadores de café. O primeiro a subscrever a lista foi Pedro Paulo Prado. O acontecimento teve também o apoio do presidente do Estado e do prefeito. O Teatro Municipal de São Paulo, fundado em 1913, com projeto de Domizia- no Rossi e construção de Ramos de Azevedo, foi alugado para a ocasião. A Semana concentrou-se em três sessões, nos dias 13, 15, e 17 de fevereiro de 1922. Em cada um desses dias houve a predominância de um tema. (MOISÉS, Massaud. A Literatura brasileira através dos tex- tos. São Paulo: Cultrix, 2007) 24. A Semana de Arte Moderna de 1922 tinha como principal objetivo: a) A convicção estética e política de modernizar a arte brasileira, livrando-a da influência europeia e bus- cando criar uma cultura nacional pura. b) Celebrar a cultura nacional como base ideológica e romper com as correntes artísticas europeias que dominavam a arte brasileira, assimilando e reelabo- rando alguns de seus aspectos. c) Retomar a arte acadêmica como forma de oposição ao Barroco, celebrado até então como verdadeira arte nacional. d) Usar o nacionalismo romântico com sua busca por uma “cor local” como principal referência para se criar uma arte nacional. e) Romper com a influência das culturas primitivas dos trópicos (ameríndias e africanas), buscando aliar a nossa arte à vanguarda europeia. 18 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 25. A pintura abstrata caracteriza-se pela ausência de relação imediata entre as formas e cores representadas e as formas e as cores reais. Assim, uma tela abstrata não representa a realidade que nos cerca, nem narra com imagens uma cena histórica, literária, religiosa ou mitológica. Considera-se que a moderna arte abstrata tenha sido iniciada pelo pintor Wassily Kandinsky (1866-1944). Com base nas informações apresentadas, assinale a opção que apresenta a obra de arte que exemplifica a moderna arte abstrata. a) b) c) d) e) 26. A escultura posta abaixo foi idealizada em 1913, mas foi fundida em bronze apenas em 1931. Observe como a obra, com mais de um metro de altura e feita com material pesado, transmite a ideia de um movimento vigoroso. Essa obra pertence ao Futurismo, vanguarda europeia que valorizava a velocidade, elemento que passava a fazer parte do cotidiano da época. Com base nas informações e na observação da obra abaixo, assinale a obra que também pertence ao Futurismo. a) b)19 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU c) d) e) 27. No fim da Idade Média e no Renascimento, predomina uma interpretação científica do mundo. Sobretudo na pintura, isso se traduz nos estudos da perspectiva segundo os princípios da matemática e da geometria. O uso da perspectiva conduz a outra tendência do período: o uso do claro-escuro, que consiste em pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra. Esse jogo de contraste dá aos corpos uma aparência de volume. A combinação da perspectiva e do claro- escuro contribui para dar maior realismo às pinturas, isto é, torna-as mais próximas da realidade. Com base nos comentários feitos sobre a pintura do Renascimento assinale a opção cuja imagem exempli- fica esse tipo de pintura. a) b) c) d) e) 20 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 28. Com base no texto e na figura postos a seguir assinale a opção que apresenta a informação correta. Texto Há a propensão para uma forma que se abre em indeterminação de limites e imprecisão de contornos, apelando para os recursos da impressão sensorial, que não quer apenas conter a informação estética, mas sobretudo, comunicá-la sob um alto grau de tensão que transporte o receptor, o espectador, da simples esfera da plenitude intelectual e contemplativa para uma estesia mais franca e envolvente, mais do que isso, para o êxtase dos sentidos sugestionadamente acesos e livres. (ÁVILA, A. O lúdico e as projeções do Barroco. São Paulo: Perspectiva,1980. p. 20) (ATAÍDE, M. C. Pintura do forro da nave da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto) a) O texto apresenta as principais características da pintura romântica e a figura refere-se à pintura barroca, principal movimento artístico do período colonial brasileiro. b) Enquanto a figura representa a arte colonial brasileira, o texto discorre sobre a projeção do Barroco na arte concreta e sua busca por um envolvimento mais efetivo e completo do espectador com a obra. c) Não é possível afirmar que o texto e a imagem estejam relacionados ao mesmo assunto, pois a figura é do Barroco mineiro, mas o texto trata do Barroco baiano. d) Tanto o texto como a imagem tratam da arte neo- clássica no momento máximo de sua penetração na cultura brasileira como um todo e não sobre algo específico. e) O texto explicita as principais características da pintura barroca tal qual foi praticada em Minas Gerais no século XVlll, muitas delas presentes na obra de Manoel da Costa Ataíde. Imagem para a questão 29. 29. Com base nos conhecimentos sobre o período da obra, de autoria de Tarsila do Amaral, e os movimentos sociais e artísticos da época, é correto afirmar que a obra se refere a) à clara indicação do distanciamento da artista da realidade brasileira, principalmente, dos dramas vividos pelas classes menos favorecidas. b) às preocupações da artista em usar as pessoas de segunda classe no seu trabalho para reforçar sua ligação com o movimento romântico na pintura brasileira. c) às preocupações da artista com as diferenças sociais, reveladas pela imagem em que tematiza a pobreza, por meio da representação de pessoas descalças e franzinas, diante de um vagão de trem da segunda classe. d) à tentativa, por parte da artista, de comover o público ao mostrar uma família pobre lutando pela sobrevi- vência na zona urbana. e) a um tema comum aos artistas expressionistas modernos, que gostavam de mostrar em seus trabalhos pessoas maltrapilhas e pobres, a fim de sensibilizar os apreciadores e vender mais trabalhos. Texto para a questão 30. Ferreira Gullar, referindo-se à obra “Bicho”, de Lygia Clark, diz: É que, com eles, a relação entre o espectador e a obra se modifica. O espectador, que já então não é apenas o espectador imóvel, é chamado a participar ativamente da obra, que não se esgota, que não se entrega totalmente, no mero ato contemplativo: a obra precisa dele para se revelar em toda a sua extensão. Mas aquela estrutura móvel possui uma ordem interna, exigências, e por isso não bastará o simples movimento mecânico para revelá-la. Ela exige do espectador uma participação integral, uma vontade de conhecimento e apreensão. (GULLAR, F. Etapas da Arte Contemporânea. São Paulo: Nobel, 1985, p. 253.) 21 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 30. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que Ferreira Gullar se refere à figura presente na opção a) b) c) d) e) Lição sobre a água Este líquido é água. Quando pura é inodora, insípida e incolor. Reduzida a vapor, sob tensão e a alta temperatura, move os êmbolos das máquinas que, por isso, se denominam máquinas de vapor. É um bom dissolvente. Embora com exceções, mas de um modo geral, dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais. Congela a zero graus centesimais e ferve a 100, quando à pressão normal. Foi neste líquido que numa noite cálida de verão, sob um luar gomoso e branco de camélia, apareceu a boiar o cadáver de Ofélia com um nenúfar na mão. (António Gedeão) 31. Certos traços linguísticos, tais como vocabulário, descrições, estrutura sintática, ajudam a marcar o tipo a que pertence um texto (isto é, ajudam a dizer se ele é científico, ou se ele é literário). O texto em estudo enquadra-se em um gênero literário, lírico (poesia), por apresentar, dentre outras características a(s): a) Linguagem objetiva, sistemática, impessoal. b) Linguagem monossêmica. c) Uso de versos e rimas e desfecho inesperado para reações peculiares de cada leitor. d) Uma linguagem que transmite uma leitura objetiva do mundo. e) Linguagem sem ambiguidades. Confessional Eu fui um menino por trás de uma vidraça – um menino de aquário. Via o mundo passar como numa tela cinematográfica, mas que repetia sempre as mesmas cenas, as mesmas personagens. Tudo tão chato que o desenrolar da rua acabava me parecendo apenas em preto e branco, como nos filmes daquele tempo. O colorido todo se refugiava, então, nas ilustrações dos meus livros de história, com seus reis hieráticos e belos como os das cartas de jogar. E suas filhas nas torres altas – inacessíveis princesas. Com seus cavalos – uns verdadeiros príncipes na elegância e na riqueza dos jaezes. Seus bravos pajens (eu queria ser um deles...) Porém, sobrevivi... E aqui, do lado de fora, neste mundo em que vivo, como tudo é diferente! Tudo, ó menino do aquário, é muito diferente do teu sonho... (Só os cavalos conservam a natural nobreza). (Mário Quintana) 22 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 32. Para você lidar melhor com a literatura, além de distinguir denotaçãode conotação, você precisa saber a forma em que o texto se apresenta. Ao longo da história de nossa literatura, você encontrará alguns literatos que fazem prosa em verso e outros, verso em prosa. Somam, em sua criação, as riquezas das duas formas literárias. O essencial é que essas duas formas se revistam de poesia. Assinale a opção que faz que o texto de Mário Quintana seja considerado uma produção poética: a) A divisão do texto em parágrafos. b) A temática do texto. c) A disposição gráfica. d) Frases curtas, ritmadas e uso expressivo de compa- rações. e) Utilização de rimas. Dom Casmurro (Fragmento) Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele inter- rompesse a leitura e metesse os versos no bolso. –– Continue, disse eu acordando. –– Já acabei, murmurou ele. –– São muito bonitos. Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto, estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. (Machado de Assis) 33. Ao compararmos textos literários, notamos que as mesmas características aparecem em vários deles. Pelo fato de apresentarem claras afinidades entre si, nós os agrupamos em blocos. Cada um desses grandes grupos de textos constitui o que se convencionou chamar de gênero literário. O texto apresenta-se, fundamentalmente, como um texto a) expositivo, orientado para trazer informações acerca de um tema. b) narrativo, centrado em uma sequência de episódios, com uma linguagem disciplinada e objetiva. c) lírico, centrado na emoção. d) dramático, pois não termina no texto escrito. e) expressivo, centrado nas impressões interiores do autor e dos personagens. O moleque (Fragmento) A cozinha é feita fora, sob um telheiro tosco, um puxado no telhado da edificação, para aproveitar o abrigo de uma das paredes da barraca; e tudo cercado do mais desolador abandono. Se o morador cria galinhas, elas vivem soltas, dormem nas árvores, misturam-se com as dos vizinhos e, por isso, provocam rixas violentas entre as mulheres e maridos, quando disputam a posse dos ovos. (Lima Barreto) 34. Além de inferir e de resumir, existe um recurso especial, que identifica os fins para os quais a linguagem está sendo utilizada no texto que estamos lendo. Esses fins têm nome de função de linguagem. Os textos se servem da linguagem: eles a encarregam de representar papéis diferenciados e cumprir funções diversificadas. Leia o texto acima e assinale a opção em que as ca- racterísticas estão associadas ao trecho em estudo. a) Função referencial por expressar uma realidade, um fato externo. b) Função apelativa por expressar conselhos, mudança de comportamentos. c) Função emotiva por expressar atitudes e emoções. d) Função poética por expressar por meio da forma um contexto expressivo singular. e) Função metalinguística por explicar o significado da própria mensagem. Texto para as questões 35 e 36. Esqueceu o projeto do sinete; mas a fórmula viveu no espírito de Rubião, por alguns dias – Ao vencedor, as batatas! Não a compreenderia antes do testamento; ao contrário, vimos que a achou obscura e sem explicação. Tão certo que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote ter-lhe o cabo na mão.” 35. Assinale a resposta correta a respeito da passagem “Não a compreenderia antes do testamento; ao contrário, vimos que a achou obscura e sem explicação.” a) “sem explicação” refere-se ao verbo, atribuindo-lhe uma circunstância. b) “vimos que a achou obscura e sem explicação”, as orações aí existentes trazem a mesma classificação quanto ao predicado. c) “Não a compreenderia”, o pronome sublinhado poderia ser substituído por “lhe” sem que houvesse falha de natureza gramatical. d) Se a frase “Não a compreenderia antes do testa- mento” for transposta para a voz passiva, o termo a passaria a exercer a função de sujeito com adaptação. e) A palavra “que” inicia uma oração com valor adjetivo e não exerce função sintática. 23 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU 36. Analise a seguinte passagem: “... e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão”. O termo destacado exerce a mesma função sintática que o termo grifado na frase: a) “... mas a fórmula viveu no espírito de Rubião.” b) “que a achou obscura e sem explicação.” c) “a paisagem depende do ponto de vista.” d) “esqueceu o projeto do sinete.” e) “mas a fórmula viveu no espírito de Rubião. 37. Os níveis de linguagem do ponto de vista sociolinguís- tico enquadram-se em três níveis: nível culto, nível co- loquial e nível popular. Leia-o com atenção. A borboleta preta No dia seguinte, como eu estivesse a preparar-me para descer, entrou no meu quarto uma borboleta, tão negra como a outra, e muito maior do que ela. Lembrou-me o caso da véspera, e ri-me; entrei logo a pensar na filha de D. Eusébia, no susto que tivera, e na dignidade que, apesar dele, soube conservar. A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pousou-me na testa. Sacudi-a, ela foi pousar na vidraça; e, porque eu a sacudisse de novo, saiu dali e veio parar em cima de um velho retrato de meu pai. Era negra como a noite. O gesto brando com que, uma vez posta, começou a mover as asas, tinha um certo ar escarninho, que me aborreceu muito. Dei de ombros, saí do quarto; mas tornando lá, minutos depois, e achando-a ainda no mesmo lugar, senti um repelão dos nervos, lancei mão de uma toalha, bati-lhe e ela caiu. Machado de Assis No trecho acima, predomina uma linguagem de a) nível culto, por apresentar uma linguagem precisa, utilizando vocabulário específico, monossêmico, científico. b) nível culto, por apresentar linguagem obediente aos padrões linguísticos, supressão da gíria, exploração da conotação, uso de vocabulário variado, criação de um texto capaz de despertar emoções. c) nível culto, por apresentar uma linguagem despida de criatividade (quer vocabular, quer sintática). d) nível coloquial, por apresentar uma linguagem que foge às formalidades e aos requintes gramaticais. e) nível popular, por apresentar uma linguagem que se distancia das normas gramaticais. 38. A comunicação verbal baseia-se na interação dos seguintes fatores: emissor, destinatário, contexto, mensagem, contato e código. Ainda que isoladamente, esses fatores dão origem a uma função. No entanto, uma delas predomina sobre as outras. Assim sendo a estrutura verbal de uma mensagem depende primaria- mente da função que nela é predominante. Assinale a alternativa em que haja somente caracterís- ticas e recursos da função emotiva: a) Mostrar a realidade transfigurada, valorizar a linguagem como o meio de expressão, utilizando frases conota- tivas, linguagem figurada e vocabulário sonoro. b) Transmitir informações, utilizando frases diretas, obje- tivas e denotativas. c) Tem em vista, principalmente, exteriorizar emoções, apresentando sua atitude em relação ao objeto, quepoderá ser bom, ruim, belo, feio, agradável, desa- gradável, utilizando pronomes e verbos na primeira pessoa, emprego reiterados de adjetivos, superlativos, interjeições. d) Persuadir, influenciar comportamento, utilizando frases imperativas, ideias indutivas, súplicas, vocativos. e) Centrada no contato físico ou psicológico, utilizando frases de manutenção, breves exclamações. 39. A dinâmica da linguagem, a criatividade dos falantes, a necessidade de obter diferentes níveis de expressivi- dade, tudo isso faz que, às palavras, se possam a- crescentar valores significativos diferentes daqueles que normalmente apresentam. Assinale a opção em que há uma adjetivação do subs- tantivo. a) “Ele é o homem Eu sou apenas uma mulher.” (Caetano Veloso) b) Juliana estava triste, triste, triste... c) O português foi o carrasco do índio, no processo da colonização. d) “Menina veneno O mundo é pequeno Para nós dois.” (Ritchie) e) Ele saiu fazendo aquele barulho. 40. No trecho “Esses gerais são sem tamanho. Enfim cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães é questão de opiniões... O sertão está em toda a parte.” Guimarães Rosa Assinale a afirmação verdadeira sobre o fragmento acima: a) Em “Enfim cada um o que quer aprova”, o termo sublinhado poderá ser classificado como palavra expletiva. b) Em “que quer”, a oração em destaque é substantiva. c) Nesse trecho, há formas típicas de regionalismo. d) A presença de um interlocutor (“o senhor sabe...”) lembra o estilo de uma narrativa jornalística. e) Há uma manipulação linguística para produzir um texto de linguagem burocrática. 41. São elementos relevantes numa narração o local (onde) e o tempo (quando). O ambiente é o local em que se passa a ação, onde vivem as personagens. Há autores preocupados em provar a influência do ambiente sobre as pessoas, como os escritores realistas e naturalistas, e há muitos que utilizam o local apenas como palco das ações das personagens. “Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinaria- 24 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU mente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, a- través dos galhos pelados da caatinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú da folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumi- ram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.” (Graciliano Ramos) Leia o trecho acima, e, em seguida, assinale a opção em que há fragmentos que identificam respectivamente a inclemência do clima e o espaço arredio à vida. a) “Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes” / “Ordinariamente andavam pouco.” b) “Arrastaram-se para lá...” / “Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto.” c) “Na planície avermelhada...” / areia do rio seco – Fazia horas que procuravam uma sombra – galhos pelados – caatinga rala. d) “Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se” / “a cachorra Baleia ia atrás.” e) “Na planície avermelhada...” / “O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.” 42. Marque a única das substituições propostas que man- tém a correção gramatical do texto abaixo transcrito. Todo o aprendizado – raciocínio, memória, pen- samento, ação e imaginação – depende de um órgão do corpo humano que pesa mais ou menos 1,3 quilo- grama e é formado por cem bilhões de neurônios, que têm a capacidade de se multiplicarem mais de 250 mil vezes por minuto nos dois primeiros meses de gestação e cujos prolongamentos parecem um emaranhado de fios: o cérebro. Ciência – Amélia Gentil Substitui Por a) o duplo travessão: –– ... –– parênteses: (...) b) que pesa mais ou menos 1,3 quilograma. que pesa mais ou menos 1,3 quilogramas. c) 1,3 quilograma. um quilo e trezentas gramas. d) que têm a capacidade que possui a capaci- dade e) e cujos prolongamentos e seus prolongamentos 43. Os textos jornalísticos são, com frequência, expositivos, ou seja, apresentam fatos e suas circunstâncias, com análises de causas e efeitos, de forma aparentemente neutra ou não. Em geral, as redações jornalísticas recomendam que as ideias sejam apresentadas de forma clara e objetiva. Leia o texto abaixo e indique a que tipo de texto jorna- lístico tal fragmento pertence: “Andrea Guglieri é a prefeita da cidade italiana de Diano Marina, na região de Gênova, e desde a segunda-feira, 14, ela tornou-se o centro de uma polêmica. Motivo: Guglieri proibiu as mulheres feias (feias na opinião dela, é claro) de andar de biquíni pelas ruas da cidade (nas praias, é liberado.) Isto É, São Paulo: Edição 1371. a) Reportagem. d) Artigo. b) Nota. e) Crônica. c) Editorial. 44. Em E mereço esperar mais do que os outros, eu? Tu não me enganas, mundo, não te engano a ti Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu, A vagar, taciturno, entre o talvez e o se. Carlos Drummond de Andrade Assinale a afirmação verdadeira sobre o trecho acima. a) A primeira frase do fragmento em estudo é composta apenas por uma oração. b) Em “... não te engano a ti”, os termos sublinhados complementam o verbo, exercendo a função sintática de objeto indireto. c) Em “entre o talvez e o se”, estabelece uma relação locativa, tendo como termo regente o verbo “vagar”. d) Em “não os cativa”, o pronome sublinhado poderia ser substituído por “lhes”. e) O pronome “os” (não os cativa) tem como termo refe- rente “os outros”. 45. Analise a seguinte passagem: ‘Estas propostas são semelhantes às que tivemos antes.” Assinale a afirmação verdadeira sobre o trecho em estudo: a) Há uma oração completiva nominal. b) As formas verbais “são e tivemos” são respectiva- mente de ligação e intransitivo. c) Há uma oração adjetiva de valor restritivo. d) O vocábulo “que” é exclusivamente conectivo. e) Uma das orações possui predicado verbo nominal. 25 LINGUAGENS E CÓDIGOS/MATEMÁTICA 145121/PU MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS O enunciado refere-se às questões 46 e 47. A figura abaixo representa o marcador de combustível de um carro com tanque de capacidade 48 litros (dividido em partes iguais). Em um posto de combustível, o tanque do carro (inicialmente vazio) foi abastecido com álcool até o ponteiro do marcador ficar alinhado com uma das mar- cas, como indicado abaixo. Esse combustível foi suficiente para percorrer 135 km, sendo de R$ 1,95 o preço de um litro de álcool. 46. Qual o rendimento do carro, ou seja, quantos quilômetros por litro de álcool o carro percorreu? a) 7,5 km/L. b) 8,0 km/L. c) 8,5 km/L. d) 9,0 km/L. e) 9,5 km/L. 47. Quanto o motorista pagou para abastecer o carro? a) R$ 25,10. b) R$ 28,10. c) R$ 39,10. d) R$ 32,10. e) R$ 35,10. 48. Leia o texto abaixo: O pagamento “antecipado” ao FMI
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