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Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 1 1 - CALAGEM 1.1 – Introdução Abertura de mercado – calcário - lugar privilegiado → baixo custo e grande necessidade, pois os solos na maioria são ácidos no Brasil. Uso no Brasil: relação – Calcário : Adubo 1 : 1 Relação baixa ou ideal? R: Observando-se apenas a unidade utilizada (calcário em t/ha e adubo em kg/ha) é possível verificar que a relação 1:1 não é ideal. Portanto o relação adequada deveria ser: Calcário : Adubo 3 – 4 : 1 Atualmente no Brasil há +- 500 moinhos de calcário e 50 % destes encontram-se ociosos 1.2 – Efeitos gerais da calagem a) pH: atividade de microrganismos (Ex: fungos, bactérias...). Com esse aumento há consequentemente: Mineralização da matéria orgânica (avaliado pelo consumo de O2 e liberação de CO2) Nitrificação (N amon. N nítrico) NH4 + O2 NO2 - NO2 - + O2 NO3 - Fixação simbiótica de N Fórmula do calcário: CaCO3.2MgCO3 b) fornecimento de Ca e Mg c) neutralização do Al e Mn tóxicos d) disponibilidade: P e Mo Observações: Para adubação utilizar o termo dose e não dosagem Diferença entre pH em água e CaCl2: pH em CaCl2 é menor 0,6 unidade em relação ao pH em água. Inoculação – em solos muito ácidos as bactérias podem não sobreviver e inoculação tornar-se ineficiente. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 2 Mo é o nutriente exigido em menor quantidade pelas plantas. Apenas com a correção com calcário a quantidade de Mo disponível torna-se suficiente para utilização pelas plantas e bactérias. e) disponibilidade: Cu, Fe, Mn e Zn (solos brasileiros são muito deficientes em Zn) Calagem x Textura: Influencia apenas na dose: Solo argiloso: > CTC > poder tampão e consequentemente > dose de calcário Solo arenoso: < CTC < poder tampão e consequentemente < dose de calcário Há duas formas de determinar a CTC: 1º através da CTC calculada (K + Ca + Mg + (H+Al) – A CTC calculada é influenciada pela calagem, ou seja, com a calagem ocorre um aumento da CTC, pois disponibiliza Ca e Mg. 2º CTC determinada em laboratório – Calagem altera pouco a CTC determinada em laboratório. 1.3 – Legislação e classificação dos corretivos Calcário calcinado: Calcário calcinado CaCO3.2MgCO3 CaCO3 MgO finamente moído +- 500ºC CaO base fraca Vantagem do calcário calcinado: reage mais rápido, pois tem bases fortes (OH-) No calcário a maneira de expressar as quantidades de Ca e Mg é por meio de CaO e MgO. Segundo a legislação atual o calcário deve ter no mínimo 38% ( %CaO + MgO), pois abaixo desta quantidade a qualidade do calcário é muito baixa. Observações: Porque expressar o gráfico em produção relativa? R: Para diminuir a dispersão dos dados, obtendo um melhor ajuste, pois as produções geralmente se diferenciam de um ano para outro. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 3 Classificação: é classificado de acordo com sua concentração de MgO: - calcítico < 5% MgO - dolomítico > 5% MgO 1.4 – Neutralização da acidez O importante na correção da acidez é sempre o ânion, pois ele vai combinar com o H+. Dessa forma, somente os ânions carbonato, silicato e OH- são responsáveis pela correção da acidez. a) Superfosfatos: SS – Ca(H2PO4)2.2CaSO4 Não corrigem a acidez somente porque possuem o Ca como o calcário, ST - Ca(H2PO4)2 pois não possuem änion carbonato, silicato ou OH-. b) Termofosfato: O termofosfato eleva o pH do solo, pois possui o silicato na composição. Mas deve-se ressaltar que essa elevação do pH ocorre significativamente somente em doses muito elevadas de termofosfato, o que o torna antieconômico se for utilizado para esta finalidade. Dados experimentais têm demonstrado que até a dose de 200 kg/ha de P2O5 o termofosfato não eleva o pH do solo. c) Escória de siderurgia O processo de correção de acidez pela escória ocorre da seguinte forma: CaSiO3 + H2O → Ca2+ + HSiO3- + OH- HSiO3 - + H(solução) → H2O + SiO2 OH- + H(solução) → H2O Se comparado ao calcário, a escória de siderurgia possui menor eficiência na correção da acidez. Este fato está associado a granulometria e também a maior capacidade em retirar H+ da solução, pelo calcário. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 4 d) Calcário A utilização de calcário é a forma mais barata e eficiente para a correção da acidez nos solos. Essa correção ocorre conforme ilustrado abaixo: CaCO3 + H2O → Ca2+ + HCO3- + OH- HCO3 - + H (solução) → CO2 + H2O OH- + H (solução) → H2O Com a retirada de cátions da fase líquida (retirada de H+), há tendência de equilíbrio entre as duas fases. Portanto a fase sólida cede H+ (cátions) para a solução do solo, que e novamente irá ocorrer uma ligação do H+ com a s bases. Dessa forma os espaços vazios na fase sólida, antes ocupados por H+ vão ser ocupados por Ca, conforme a figura abaixo. Assim ocorre o processo de neutralização da acidez do solo. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 5 Alumínio tóxico: O Al+3 ou Al tóxico é uma conseqüência da acidez do solo, ou seja, ele só existe se o solo for ácido. As formas de Al no solo vão depender do pH e dentre todas a s forma de Al somente a forma de Al+3 causa toxicidade às plantas. A neutralização do alumínio, com aplicação de calcário, ocorre de acordo com as equações abaixo: [Al(H2O)6] 3+ ↑ pH [AlOH (H2O)5] 2+ + H+ [AlOH (H2O)5] 2+ ↑ pH [Al(OH)2 (H2O)4]+ + H+ Esses H+ vão ser neutralizados [Al(OH)2 (H2O)4]+ ↑ pH [Al(OH)3 (H2O)3]0 + H+ pelas bases do calcário. Insolúvel – não é lixiviado, pois apesar de possuir carga zero ele forma um polímero com os outros Al no solo (“rede”). 1.5 – Avaliação da qualidade do calcário a) Poder neutralizante (características químicas) Pode ser calculado ou determinado. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 6 a.1 – calculado Pressupõe-se que todo material que contenha Ca e Mg seja neutralizante da acidez. PN = [ (CaO x 1,79) + (MgO x 2,48) ] Peso molecular CaCO3 = 1,79 Peso molecular CaCO3 = 2,48 Peso molecular CaO Peso molecular MgO Interpretação: Ex: PN = 90% Equivalente CaCO3 (significa que 100 kg do produto faria o mesmo efeito de 90 kg de calcário puro) a.2 – determinado Solução HCl 0,5 mol L-1, a quente Hoje pela legislação o PN tem que ser determinado e não calculado, pois naprática se for adicionado gesso ao calcário, o PN determinado desse calcário misturado será maior que o determinado, pois no gesso há Ca. Portanto este PN estará incorreto, pois o Ca (fornecido pelo gesso) não irá corrigir a acidez. b) reatividade (granulometria) RE = (x . 0) + (y . 0,2) + (w . 0,6) + (z . 1,0) Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 7 x = quantidade retida na peneira 10 y = quantidade retida na peneira 20 w = quantidade retida na peneira 50 z = quantidade retida no coletor Interpretação: A fração de calcário que ficou retida na peneira nº 10, zero% do calcário irá reagir no solo em um período de 3 meses. A fração de calcário que ficou retida na peneira nº 20, 20 % do calcário irá reagir no solo em um período de 3 meses. A fração de calcário que ficou retida na peneira nº 50, 60 % do calcário irá reagir no solo em um período de 3 meses. Coletor – 100% desse calcário reagirá no solo em um período de 3 meses. c) PRNT (Poder relativo de neutralização total) PRNT é a quantidade do PN que reage em 3 meses no solo. 100 (%) PNxRE PRNT Exemplo: Calcular o PRNT e interpretar: PN = 95%E CaCO3 Retido peneira 10 = 1% Retido peneira 20 = 13% Retido peneira 50 = 30% Passante = 56% RE = (1x0) + (13x0,2) + (30x0,6) + (56x1,0) RE = 76,6 PRNT = 72,8% Interpretação: 72,8% do PN irá reagir no solo em um período de 3 meses. Após 3 meses (95-72,8 = 22,2), restarão 22,2% do calcário. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 8 1.6 – Cálculo da necessidade de calcário a) método da incubação Umedecer com 80 a 90% da máxima capacidade de retenção do solo X= dose do calcário a ser utilizada. Verificar qual a melhor dose. Lembrar que a dose será em função do cálculo considerando 100 a 300 g de solo. Calcular para 1 Ha. - Depois de incubar fazer análises Ex: Necessidade de V2= 70% Verificar em qual dos vasos foi alcançado V=70% e observar a dose colocada. Se não foi atingido exatamente 70% fazer uma regressão conforme o gráfico abaixo: Cálculo de dose para 1 ha Ex: Se dose for 1 g 1 g de calcário ------ 300 ml de solo X ----------- 2.109 ml (1Ha) b) método de Catani & Gallo (1955) Método tem como base a correlação entre pH e V%. Determinado-se o valor de pH e H+Al encontra-se a dose de calcário a ser aplicada em 1 há, por meio de valores tabelados. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 9 Elevar o pH em água a 6,5. Ex: pH= 5,0 valor na tabela = 0,61 H+Al = 6 meq/100 ml terra Dose de calcário = 0,61 x 6 = 3,66 t/ha Restrição do método: Determinação de H+Al era feita por titulação, e como a titulação não é muito precisa, ou seja, depende do operador, os valores de doses de calcário também poderiam ser diferentes. c) método do Al trocável Al+3 x 1,0 = t/ha calcário Esse método era utilizado na Carolina do Norte (E.U.A.) e foi trazido para o Brasil. No início percebeu-se que o valor absoluto da concentração de Al era baixo e as quantidades de calcário a serem aplicadas também, portanto o fator de multiplicação passou a ser 1,5 e mais tarde foi mudado novamente para 2,0. Esses valores eram empíricos, ou seja, sem embasamento teórico. d) método do Ca+Mg De acordo com o método o ideal de Ca+Mg seria uma quantidade de 2 meq/100 ml terra ou 2 cmol.dm-3 ou 20 mmolc.dm -3. Foi observado que o valor 2 era baixo e passou-se a utilizar 3 meq/100 ml terra. Esses valores são empíricos, ou seja, sem embasamento teórico. Após calcular a necessidade de calcário era feito um ajuste de acordo com a experiência de cada profissional, sem padronização. Antigamente no estado de S.P. se fazia os dois métodos e a maior dose encontrada era utilizada. e) método Al+ (Ca+Mg) hatMgCaAl /)(22 3 Calcário (PRNT= 100%) Método empírico, sem embasamento teórico Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 10 f) tampão SMP O princípio do método era misturar a amostra de solo juntamente com o tampão (pH determinado) e em seguida agitar e medir o pH, que tornava-se menor que o pH do tampão. Portanto essa redução do pH era relacionada com a dose de calcário e elaborada uma tabela ( tabela depende da cultura a ser cultivada). Esse método é muito utilizado na região Sul. g) método da saturação por bases (V%) – (Quaggio, 1983) Semelhante ao método de Catani & Gallo (1955), porém o H+Al não era determinado por titulação e sim pelo tampão SMP. PRNT VVCTC NC .10 )( 12 (t/ha de calcário) V2 = saturação por bases desejada V1= saturação por bases existente no solo CTC ou T = capacidade de troca catiônica PRNT = relacionado à qualidade do calcário Essa fórmula é valida quando se utiliza K, Ca, Mg, H+Al, CTC em mmolc dm- 3 (S.I.). Esse método leva em consideração fatores importantes que podem interferir na calagem como: - cultura (V2) - poder tampão do solo (CTC) Observações: Transformar: cmolc dm-3 x 10 = mmolc dm-3. Poder tampão do solo é a resistência que o solo oferece à mudança de pH. Está relacionado com a CTC do solo. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 11 Será que realmente é importante o poder tampão do solo? R: Sim, veja o exemplo abaixo: Solo arenoso solo argiloso V1 = 35% V1 = 35% V2 = 70% V2 = 70% PRNT= 80% PRNT= 80% CTC = 51 mmolc dm -3 CTC = 90 mmolc dm -3 NC = 2,2 t/ha NC = 3,94 t/ha Solo arenoso é menos resistente à mudança de pH em relação ao solo argiloso. Portanto: Solo com > poder tampão: > dose de calcário Solo com < poder tampão: < dose de calcário O método de saturação por bases foi desenvolvido utilizando-se amostra de solo mineral, portanto se o solo analisado for orgânico (> 5% M.Org.) a CTC vai ser alta e a dose de calcário será muito elevada. Assim o cálculo vai estar incorreto, pois em solos orgânicos grande parte do Al e Mn vão estar complexados à matéria orgânica e não vai ser necessário uma alta dose de calcário, sendo menor do que a dose em solo mineral. Dessa forma há uma necessidade de pesquisa para solos orgânicos, pois o método não foi desenvolvido para este tipo de solo. Atualmente há pesquisas com milho, para solo orgânico. Muitas vezes é aplicado o calcário no solo para elevar V2 = 70% e depois de aplicado o calcário observa-se que a saturação por bases não atingiu 70%, Porque? R: Isso ocorre devido à qualidade do calcário, ou seja, os valores de reatividade estão superestimados, pois estão sendo utilizados com base em apenas 1 trabalho publicado o qual considera apenas 1 tipo de solo.Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 12 1.7 – Uso e manejo 1.7.1 – Cor, origem geológica A cor do calcário não interfere na correção da acidez do solo e pela cor também não possível classificar o calcário em dolomítico ou calcítico. O calcário pode ser de origem ígnea ou sedimentar. A origem geológica não interfere na correção da acidez do solo 1.7.2 – Incorporação do calcário O calcário deve ser incorporado a maior profundidade possível, pois ele irá corrigir a acidez até a camada de incorporação. a) Cultura anual a.1) Plantio Convencional (PC) Incorporação com grade → é pior para calcário, pois a incorporação torna-se muito superficial. Para melhor distribuição e incorporação é recomendado aplicar ½ dose fazer a aração e em seguida aplicar a outra metade e gradear. Na prática essa recomendação não é seguida, pois a aplicação de calcário é feita geralmente no período seco (junho/julho). Com isso após a aração formam-se muitos “torrões” que irão impedir uma boa distribuição de dose de calcário quando for aplicada a outra metade. Essa operação tem sido recomendada quando houver necessidade de aplicar doses de calcário acima de 4 t/ha. Para doses abaixo de 4 t/ha a recomendação é a seguinte: Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 13 Aplicação de calcário em dose cheia em área total e em seguida gradagem, aração e gradagem novamente. a.2) Plantio Direto (PD) Em plantio direto, implantação (início) é recomendado utilizar calcário com PRNT~ 65%, pois como o calcário não é incorporado (aplicação deve ser superficial) esse valor de PRNT proporciona maior quantidade de partículas grosseira e maior será o efeito residual. É recomendado também acrescentar 10 unidades a mais no valor de V%. Ex: Se V2=70%, fazer o cálculo de NC para 80%. Depois de entrar no sistema de plantio direto deve-se fazer o monitoramento anual da saturação por bases, por meio da análise de solo. Depois da cultura implantada, se houver necessidade de aplicação de calcário deve-se dar preferência à calcários mais finos, pois são mais reativos. É recomendado fazer a amostragem de solo na camada de 0-10 cm (proporciona melhores resultados, pois não há revolvimento do solo). Se a cultura já está no sistema de PD e não foi feito monitoramento da saturação por bases e esta encontra-se baixa, qual a recomendação? R: Não aplicar dose cheia na camada superficial, pois o cálculo é para incorporação a 20 cm e no PD não há incorporação. Um outro problema que pode ocorrer com a aplicação de dose cheia é indução de deficiência de micronutrientes. Portanto, segundo Lopes (1999) deve-se aplicar: - Se amostragem 0-10 cm → ½ dose calculada - Se amostragem 0-20 cm → ⅓ dose calculada Em PD as culturas suportam um V% um pouco mais baixo que o recomendado em relação ao plantio convencional, qual seriam as causas? R: Há duas causas: 1º - Isso ocorre devido à decomposição da palhada que libera ácidos orgânicos que podem complexar Al e Mn tóxicos. Com isso o comprimento das raízes pode ser maior em PD e relação aos PC e por isso suportam mais um V% um pouco mais baixo que o recomendado. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 14 2º - Com o tempo, no PD, poderá haver um aumento da matéria orgânicano solo, a qual poderá complexar o Al tóxico. b) Cultura perene b.1) Plantio Idem cultura anual b.2) Em formação b.3) Em produção - sistema radicular cruza entrelinhas - não é possível fazer incorporação de calcário e uma boa correção da acidez - fazer monitoramento do V% anualmente, não deixando abaixar muito. - depois de aplicar o calcário passar uma grade leve para promover apenas uma leve escarificação na superfície do solo e não incorporar. Essa operação não danifica o sistema radicular. - Em citros a operação de gradear 1 vez a cada 2 anos na entrelinha não causará aumento na incidência de ácaros. c) pastagem c.1) plantio Idem a cultura anual Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 15 c.2) em formação A primeira operação a der feita é rebaixar a pastagem (pode ser por meio mecânico ou aumentando-se a lotação do pasto). Importante observar o manejo da altura de corte da forrageira para não rebaixar muito e destruir as gemas basais. Após rebaixar, fazer a aplicação de calcário em área total e depois passar uma grade leve, para promover apenas uma leve escarificação. Dependendo da forrageira não é possível passar a grade. 1.7.3 – Época de aplicação Devido ao calcário ser pouco solúvel é necessário algum tempo para ele reagir no solo. Portanto para se estabelecer a época de aplicação deve-se levar em consideração o PRNT do calcário. a) cultura anual: PRNT < 90% ----- 90 dias antes do plantio PRNT > 90% ----- 40 a 60 dias antes do plantio b) cultura perene b.1) plantio Idem cultura anual b.2) formação ou em produção PRNT < 90% ----- 90 dias antes da 1ª adubação PRNT > 90% ----- 40 a 60 dias antes da 1ª adubação c) pastagem c.1) estabelecimento Idem cultura anual c.2) pastagem formada Considerar 2 aspectos: - será adubada: idem cultura perene em formação/produção Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 16 - não será adubada: início das chuvas 1.7.4 – Escolha do calcário A escolha é em função do teor de Mg no solo. O calcário calcinado possui vantagem de reagir no solo mais rapidamente, porém possui desvantagens como: Custo mais elevado (ensacado) Possui menor efeito residual pois é finamente moído Não é viável aplicar em dias com vento (grandes perdas) Em PD ou em áreas hortícolas é preferível utilizar o calcário calcinado, por ser mais fino e com maior PRNT. 2 – GESSO AGRÍCOLA 2.1 – Introdução Interesse no início da década de 80 → Brasil → auto-suficiência em produção de fertilizantes fosfatados. Gesso (CaSO4 -.2H2O) → é um resíduo da produção de fertilizantes fosfatados como MAP, DAP etc. Para cada 1 t de P2O5 produzido é descartado 4,5 t de gesso e é necessária uma área de 0,2-0,5 ha para armazenar o gesso. A idéia de se utilizar o gesso na agricultura surgiu devido à presença do nutriente S em sua formulação. 2.2 – Características do gesso Possui 26-28% CaO e 15-16% de S. Geralmente chega na propriedade com 30-40% de umidade e precisa ser secado para aplicação. Solubilidade = 2,5 g L-1 ( 200 vezes mais solúvel que o calcário) Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 17 2.3 – Comportamento do gesso no solo Segundo Pavan (1986): Absorção pelas plantas .)( 2 4.)( 2 224 2. solsol SOCaOHOHCaSO Troca complexos formas troca de Catiônica iônicos precipitadasânions No processo de adsorção do sulfato (SO42-) pelos óxidos ou hidróxidos de Al e Fe há liberação de OH-. Portanto o pH se eleva, então é possível afirma que o gesso corrige a acidez do solo? R: Não, pois à medida que o pH aumenta, o hexahidrônio de Al vai sofrendo hidrólise e liberando H+ para o meio. Com isso há um balanço do pH devido à liberação de H+ pelo hexahidrônio de Al e liberação de OH- pelos óxidos e hidróxidos de Fe e Al. Portanto o gesso não altera o pH do solo. O sulfato juntamente com o H+ presente no solo não irá formar ácido sulfúrico (H2SO4) e acidificar o solo? R: Não, pois de acordo com a equação abaixo a tendência da equação não é forma ácido sulfúrico e sim o contrário, pois a constante da reação é muito pequena. 4 2 4 ).( HSOsolosolHSO (Kb = 8,3.10-13) tendência de formação Em pesquisa com aplicação de gesso no solo, se for efetuar análise de pH deve ser determinado em CaCl2, pois o pH em H2O sofre influência de sais e se for Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 18 determinado o pH em H2O ele será menor proporcionando uma falsa impressão que o gesso diminuiu o pH do solo. c) Complexos (par iônico) O sulfato na solução do solo pode formar pares iônicos como: * CaSO4 0 Possuem livre trânsito no perfil do solo, mesmo no solo com predominância\ * MgSO4 0 de cargas + ou -. Vantagem: é possível colocar em profundidade Ca, Mg e K. * K2SO4 0 Ca: importante para desenvolvimento de raízes – se o subsolo for pobre em Ca * AlSO4 + o desenvolvimento de raízes torna-se muito limitado. Alumínio nesta forma não causa toxicidade às plantas. Esse processo não pode ser considerado uma neutralização do Al, é apenas uma associação de íons, com cancelamento mútuo de cargas, pois não há redução no teor de Al total. Quando ocorre a neutralização há redução do Al total. O sulfato pode interagir com o alumínio diminuindo os teores de Al trocável. Há duas hipóteses para explicar essa diminuição: 1º) O alumínio pode interagir com o SO4 - dando origem à formas precipitadas: OHAlOHSOOHSOAl 242 2 4 3 5.6 (mineral jurbanita) OHSOOHAlOHSOAl 21042 2 4 3 5.)(154 4 (basaluminita) 24632 2 4 3 )()(62 SOOHKAlKOHSOAl (alunita) 2º) Com a aplicação de gesso poderá ocorrer maior desenvolvimento do sistema radicular e com isso ocorre uma maior absorção de NO3- em profundidade (somente se em subsuperfície tiver falta de Ca e alta saturação por Al+3) e redução do nitrato no solo em profundidade em virtude do maior crescimento e necessidade das raízes. Para manter a eletroneutralidade, as plantas ao absorverem nitrato (carga negativa) liberam para o meio (solo) carga negativa como o OH- (aumenta o pH) e assim, diminuí o Al+3. Devido à maior absorção de nitrato (NO3-) há liberação de OH- Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 19 para equilibrar o meio e, portanto, o pH aumenta diminuindo assim a quantidade de Al+3. (forma AlOH3) 2.4. – Época de aplicação do gesso a) fornecedor de S Recomendado quando o solo possuir uma quantidade de S na forma de SO4< 10 mg dm-3 em amostragem feita de 20-40 cm. A camada de 0-20 cm não avalia bem, pois o sulfato é um ânion móvel no solo e também pelo fato que o sulfato é deslocado pelo nitrato (série liotrópica) De maneira geral a aplicação de S é de 30-60 kg/ha em sulco, portanto o fornecimento for somente através do gesso a dose a ser aplicado seria ± 400 kg/ha. Dessa forma seria necessário fazer 2 operações na área (aplicação de gesso e plantio) e ficaria inviável utilizar gesso apenas como fornecedor de S. A forma mais viável de fornecer S é a aplicação de sulfato de amônio (20%N e 24%S) ou NPK+S. b) melhorador do ambiente radicular Critérios: - É necessário fazer amostragem de 20-40 cm e nesta amostra verificar a saturação por Al, saturação por Ca e teor de Ca → se apenas 1 desses critérios não for satisfeito deve-se recomendar a aplicação de gesso. 2.5 – Cálculo da dose de gesso (melhorador do ambiente radicular) a) culturas anuais (%)arg50)/( ilaxhakgDG ou ).(arg5)/( 1 kggilaxhakgDG b) culturas perenes (%)arg75)/( ilaxhakgDG ou ).(arg5,7)/( 1 kggilaxhakgDG c) forrageiras (leguminosas do grupo 1) (%)arg60)/( ilaxhakgDG ou ).(arg6)/( 1 kggilaxhakgDG Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 20 Observações: No estado de SP de utiliza pouco gesso, pois não há sérios problemas com deficiência de Ca em subsuperfície. Óxido de Fe e Al possuem em maior quantidade em solos mais intemperizados. Solos novos há menor quantidade de óxido de Fe e Al e consequentemente menor fixação de P. Esses óxidos possuem cargas dependentes de pH, ou seja, com alto pH predomina cargas negativas e com baixo pH predomina cargas positivas. 2.6 – Modo de aplicação O gesso deve ser aplicado em área total Não é necessário ser aplicado com muita antecedência, pode-se aplicar 1 semana antes do plantio --- possui alta solubilidade Não precisa ser incorporado, pois devido à sua alta solubilidade tem facilidade para percolar no solo. Pode ser efetuado até uma gradagem leve após a aplicação com o objetivo apenas de misturar o gesso com o solo, mas não há necessidade. 2.7 – Atributos físicos Atualmente há poucos estudos sobre os atributos físicos, mas alguns dados na literatura inferem que: - Com a aplicação de gesso pode haver um encrostamento na superfície, em solos argilosos e como conseqüência a planta não consegue emergir. - devido À aplicação de gesso pode haver também uma redução na infiltração de água no solo. Esta afirmação é contraditória, pois há trabalhos na literatura que cita que a aplicação de gesso melhora a infiltração de água no solo. Portanto em relação aos atributos físicos são necessários mais estudos, pois há poucos trabalhos na literatura. 3 – FERTILIZANTES NITROGENADOS 3.1 – Introdução De uma maneira geral o nitrogênio é o nutriente mais exigido pelas plantas e também é o nutriente mais caro devido aos processos de obtenção. Fertilizantes nitrogenados requerem muita energia para serem produzidos. Além disso, para produção dos fertilizantes nitrogenados há necessidade de um intermediário a amônia (NH3). Para produção de amônia obtêm-se o N do ar atmosférico e o H3 é obtido como Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 21 derivado do petróleo (gás natural, GLP, nafta etc) tornando o custo mais elevado dos fertilizantes nitrogenado. Atualmente o Brasil possui tecnologia para retirar H3 do álcool, mas é inviável, pois o custo ainda é muito alto. Dos adubos nitrogenados existentes o kg de N da uréia é o mais barato. O nitrogênio é um dos nutrientes mais difíceis de manejar, não há informação quantitativa, somente qualitativa. Por que não é feita a determinação do nitrogênio na análise química do solo? R: O N não está presente na análise química do solo porque não há uma forma exata para estimar sua concentração.Das possíveis formas a quantidade de N total não estima, pois do N total 98% está na forma orgânica, ou seja, não disponível para as plantas. As formas de NO3- e NH4+ também não estimam corretamente, pois as concentrações de nitrato e amônio sofrem muita influência das condições climáticas. Nitrocálcio → nitrato de amônio revestido por uma fina película de calcário diferentemente do nitrato de cálcio. O objetivo da película de calcário é diminuir a higroscopicidade do nitrato de amônio. O consumo anual de nitrogênio é ± 1.800.000 t de N na seguinte ordem: Ureia>Nitrato de amônio>Nitrato de cálcio>Sulfato de amônio 3.2 – Características químicas e físicas Produtos com alta solubilidade em água → importante para informar se a aplicação pode ser feita via água de irrigação ou via foliar. Ponto higroscópico → é a tendência que o adubo apresenta em retirar ou absorver água do meio atmosférico. Ex: Uréia 72: significa que quando a umidade relativa (UR) do ar estiver 72%, somente a partir deste valor que a uréia começa a absorver água do meio atmosférico. Na prática adubos com baixo ponto higroscópico empedram com facilidade e torna-se difícil a aplicação e controle da dose. Uma outra implicação do ponto higroscópico é que se for mistura adubos, verificar o ponto higroscópico da mistura, pois ele pode ser menor na mistura resultante. Índice salino – tendência que um sal/adubo apresenta em aumentar a pressão osmótica do solo. Com relação a este índice deve-se atentar a localização do adubo no plantio, pois não deve ser colocado adubos nitrogenados muito perto das sementes ou mudas devido ao alto índice salino que poderá provocar a saída da água da semente ou planta para o solo. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 22 Todo adubo que possui N na forma amoniacal ou que induzem a formação de N na forma amoniacal acidificam o solo, pois na passagem de NH4+ para NO3- há liberação de 4H+. (Ver item 3.3 a) 3.3 – Comportamento no solo a) sulfato de amônio 4 2 42 24)4( 2 NHSOSONH OH - pode ser absorvido pelas plantas - pode ser adsorvido no complexo coloidal (pouca quantidade, pois o amônio é facilmente deslocado-série liotrópica) - nitrificação → destino principal em ambiente aerado HOHNOONH 4232 2224 acidifica o solo principalmente em área de frutíferas e outras perenes. Em cultura anual possui menor efeito 322 22 NOONO acidificante (diluição, mistura com solo, aração, Gradagem, linha de plantio diferente todo ano) - Pode ser absorvido pelas plantas (forma predominante) - adsorvido (pode ser adsorvido nas cargas do óxido de Fe e Al) – pouco adsorvido - lixiviado (destino principal) b) nitrato de amônio (NH4NO3) 3434 2 NONHNONH OH Nitrocálcio – possui ½ na forma de NO3- e ½ na forma de NH4+. Apesar do nitrocálcio ser revestido por uma fina película de calcário, ele também acidifica o solo, porém menos que o nitrato de amônio. A quantidade de calcário no produto é muito pequena e não suficiente para neutralizar todo H+ liberado. Solos alagados → perda de N por desnitrificação e volatilização se for empregado N na forma nítrica. As bactérias anaeróbicas vão promover a transformação de NO3 em NO2 (volatiliza) e N2 (volatiliza). Se for empregado na forma de sulfato de amônio, o sulfato pode funcionar como receptor de hidrogênio e Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 23 formar H2S que é inibidor da absorção de nutrientes (solos geralmente pobres em Fe). Mas se o solo possuir teores normais de Fe vai se formar FeS (pirita) que não ocasiona problema para as plantas. Assim o problema da aplicação de sulfato de amônio é analisar a quantidade de Fe nestes solos, pois há uma dúvida se deve ser analisada a amostra seca ou úmida. Portanto em solos alagados deve-se dar preferência à utilização de uréia. c) Uréia A uréia é um adubo orgânico (orgânico sintético) e não mineral. 32222 )4(2)( CONHOHNHCO urease OHCOOHNHOHCONH 224232 2)( 4 OHNHOHNHOHNH 2344 pH<7,0 pH>7,0 Quando se aplica uréia o pH do solo aumenta no início devido ao OH- liberado pela a dissociação do NH4OH (solos na maioria são ácidos e pH<7,0). Com isso, mesmo em solo ácido pode haver temporariamente um pH>7,0 e perdas de N por volatilização*. Mas após a hidrólise da uréia o pH começa a diminuir e ocorre a acidificação do solo. No solo o NH4 + sofre nitrificação resultando 4H+ acidificando o solo, conforme a equação abaixo: HOHNOONH 4232 2224 322 22 NOONO * Fatores que influenciam na perda de N por volatilização: Dose de uréia: quanto > dose > será a perda Solos arenosos: > perda Local de aplicação, superfície ou incorporada? Presença de coberturas vegetais pH do solo → pH inicial Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 24 Observações: pH alcalino: NH4 passa para NH3+ e ocorre perda por volatilização. 3.4 – Uso e manejo 3.4.1 – Uréia O modo de aplicação da uréia (superfície ou incorporada) altera a produtividade, pois se for incorporada terá menos perdas por volatilização de N. Além disso a chuva após a aplicação também pode alterar, pois se ocorrer chuva há também uma minimização de perdas de N (volatilização) devido à incorporação da uréia pela água. Contradizendo o parágrafo acima há relatos na literatura que citam que o modo de aplicação da uréia no solo não altera a produtividade, como explicar? R: Esses trabalhos publicados na literatura possuem erro metodológico, pois os coletores utilizados para medição da volatilização de N estavam vedados na parte superior impedindo que o solo sob o coletor não sofresse a ação da chuva. Dessa forma não ocorreu uma incorporação da uréia pela chuva no solo do coletor mas ocorreu na área toda. Isso possibilitou uma falsa interpretação que ocorreu pouca volatilização do N (da uréia aplicada na superfície da área toda), associado à própria característica da uréia e não da chuva, por isso a produtividade não foi alterada. De modo geral após a aplicação da uréia se ocorrer chuva há uma minimização das perdas de uréia devido à incorporação de uréia pela água. Mistura de uréia com KCl tende a diminuir as perdas por volatilização? R: Sim, porque uma parte de uréia forma hidróxido de amônio e outra parte cloreto de amônio, que não aumenta o pH. Em relação à temperatura, o aumento da temperatura proporciona aumento na atividade da urease e consequentemente maior perda por volatilização. Ocorre também uma diminuição na solubilidade do NaOH tendendo à formação de NH4+ e OH (↓ volatilização). 3.4.2 – Parcelamento da adubação Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 25 a) cultura anual - Da dose total uma pequena parcela é aplicada na semeadura - O restante é aplicado em cobertura, geralmenteem 1 ou 2 coberturas. Sendo a primeira cobertura feita normalmente alguns dias antes do pico de maior exigência de N. A maior dose tem que ser colocada na primeira cobertura. - Não se deve aplicar mais que 80 kg ha-1 (Boletim 100). Se for necessário aplicar doses mais elevadas, deve-se parcelar em 2 coberturas. - A época de cobertura é variável de cultura para cultura, sendo a marcha de absorção uma ferramenta necessária para definir qual a melhor época. b) cultura perene - Parcelamento melhora o aproveitamento do nutriente - De uma maneira geral o parcelamento é feito de 3 a 4 vezes, sendo que este parcelamento depende da época de maior exigência pela cultura. Geralmente compreende o início do florescimento até o desenvolvimento do fruto. d) Pastagem - Parcelamento em 2 vezes (½ em novembro e outra ½ em março), com intuito de aumentar o volume de massa para época da seca. - Se for utilizado o sistema de pastagem intensiva a adubação deve ser feita após cada pastejo. 3.5 – Umidade do solo Sem a umidade do solo não ocorre absorção pelas plantas pois o N é absorvido por fluxo de massa. Portanto a adubação nitrogenada deve ser efetuada com umidade no solo. 3.6 – Potencial de produção das culturas Informações para fazer ajuste na dose de N: Dependendo do cultivar alta dose de N pode diminuir a produção, pois pode ocorrer um desenvolvimento intensivo da parte vegetativa afetando a produtividade de grãos. Portanto para um melhor ajuste deve-se considerar a cultivar (ex: milho há Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 26 cultivares de alta, média e baixa tecnologia), o espaçamento (< esp. > quantidade de N requerida) e o histórico da gleba (ex: uso anterior de adubo orgânico). 3.7 – Uso anterior do solo; uso de adubo orgânico Dependendo do uso anterior do solo pode ser reduzida a quantidade a ser recomendada de N. (Ex: soja e milho – na adubação do milho pode-se reduzir a dose de N). É possível recomendar o N pelo teor de M Org. no solo? Pois um solo com maior teor de M Org. poderia fornecer mais N do que um solo com < teor. R: Para isso seria necessário fracionar a matéria orgânica para avaliar a qualidade desta. Ex: Em São Paulo a fração de matéria orgânica determinada não “consegue” fornecer N mineral, pois há experimento demonstrando não haver correlação entre teor de M Org. e N. Já em SC e RS predomina outras frações da matéria orgânica e é possível correlacionar MO e N. 3.8 – Recomendação da adubação nitrogenada Deve-se levar em consideração: Cultura anual produtividade esperada classe de resposta do solo Cultura perene produtividade esperada diagnose foliar 4 – FERTILIZANTES FOSFATADOS 4.1 – Introdução A exigência de fósforo pelas culturas é relativamente baixa. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 27 Consumo: +- 2.800.000 t P2O5 (60 a 65% é produção nacional) - em ordem decrescente: SS>MAP=~ST>DAP>termofosfato>>> FPA). Obs: FPA: fosfato parcialmente acidulado O termofosfato é o único fertilizante fosfatado que não depende direta ou indiretamente do enxofre (S). O enxofre no Brasil é todo importado. * Rocha fosfatada ou fosfato natural: Pode ser originada da apatita ou fosforita: Apatita - de origem ígnea e as principais são: cloroapatita, hidroxiapatita e fluorapatita. As reservas de apatita estão localizadas em MG (Araxá, Patos de Minas, Tapira, Abaeté), GO (Catalão) e SP (Jacupiranga, Ipanema). A concentração de P2O5 na apatita é de 24 a 38%. As jazidas brasileiras são pobres em P2O5 , portanto torna-se necessário fazer a concentração para eliminar impurezas e chegar ao teor de 24 a 38% de P2O5 na apatita. Se for fazer aplicação direta é necessário concentrar a apatita até 24% de P2O5. Se for fabricar: - Termofosfato concentrar até 28% - H3PO4, MAP, DAP concentrar a 35-38% P2O5 * Fosforita (Fosfatos Reativos) – de origem sedimentar, sendo as maiores reservas do mundo de fosforita. A fosforita é melhor para a aplicação via solo do que a apatita, pois na fosforita há uma substituição isomórfica do fosfato pelo carbonato na rede cristalina que confere uma característica de solubilização mais rápida e qualidade superior à apatita. As maiores reservas do mundo estão no norte da África em Gafsa (“hiperfosfato”), Israel (“Arad”), Marrocos (“Daouí”) e também nos EUA (Flórida, Carolina do Norte e Tenesse). 4.2 – Características dos fertilizantes fosfatados Com relação aos fertilizantes fosfatados não basta conhecer apenas as quantidades de P2O5 mas também a quantidade de P2O5 disponível para as plantas. Os fertilizantes fosfatados são classificados em: Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 28 a) solúvel em água e citrato neutro de amônio → SS, ST, MAP e DAP (fósforo está na forma de H2PO4-) – fósforo imediatamente disponível para as plantas. b) insolúvel em água, mas bastante solúvel em ácido cítrico a 2% (1:100) → termofosfato magnesiano (fósforo não está na forma de H2PO4-, ainda não está definido qual forma o P está. Mas colocando esse adubo no solo, em pouco tempo esse fósforo fica disponível para as plantas. c) insolúvel em água e pouco solúvel em ácido cítrico → fosfato natural (P na forma de PO43-) – para passar para a forma de H2PO4- esse fósforo precisa ser solubilizado, ou seja, necessita ser “atacado” pelos exsudatos liberados pelas raízes. Esse processo ocorre muito lentamente. Se o adubo fosfato for insolúvel em água a liberação do fósforo é lenta? R: Nem sempre, pois é necessário associar a solubilidade em água e ácido cítrico para saber se a liberação é lenta. Se for insolúvel em água, mas solúvel em ácido cítrico a liberação de P é rápida e se for solúvel em água e pouco solúvel em ácido cítrico a liberação é lenta. Fosfato parcialmente acidulado → utiliza 50% do ácido sulfúrico ou fosfórico para “atacar” a rocha fosfatada. ½ do fósforo está na forma prontamente disponível e outra ½ na rocha fosfatada → liberação lenta. O custo deste produto deveria ser mais baixo, mas é mais elevado que o S.S., devido a produção pequena e pouco divulgação. Quanto maior a solubilidade em água, citrato de amônio ou ácido cítrico melhor será a eficiência do produto. 4.3 – Comportamento no solo a) solúvel em água e citrato neutro de amônio Grânulo ou partícula em pó em contato com o solo: 1º ocorre a penetração de água Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 29 2º etapa: próximo ao núcleo do grânulo se forma uma solução saturada em fosfato monocálcico e dicálcico (pH muito baixo ± 1,5) → devido a esse pH muito baixo em volta, ocorre a dissolução das partículas de óxido de Fe e Al. Portanto começam a predominar cargas positivas nesses óxidos e o fosfato vai ser adsorvido aos óxidos de Fe e Al formando fosfato de Fe e Al. Uma outra parte ainda do fósforo permanece como fosfato dicálcico e monocálcico. [Ca(H2PO4 -)2] → pode ser absorvido pelas plantas ou fixado pelos óxidos de Fe e Al. Com o tempo o fosfato dicálcico se tornará fosfato monocálcico. A aplicação de SS ou ST diminui o pH do solo significativamente devido à formação do pH baixo? R: Não, pois quando o H2PO4 - é adsorvido nos óxidos ou hidróxidos de Al há uma liberação de OH-, que irá neutralizar os hidrogênio da solução pH (1,5). Portanto superfosfatos não alteram o pH da solução. M - é o íon Fe e Al da superfície das argilas ou sequióxidos (sítios de adsorção). E o MAP ou DAP, alteram o pH do solo? R: Sim, devido ao processo de nitrificação do amônio A forma do DAP é: (NH4).HPO4 - → quando colocado no solo rapidamente o fósforo passa à formação de H2PO4 - (solos ácidos). b) insolúvel em água, mas bastante solúvel em ácido cítrico a 2% (1:100) → termofosfato magnesiano (não é conhecida sua fórmula e, portanto, seu comportamento no solo). → semelhante aos termofosfato há a escória de Thomas que possui o seguinte comportamento: (Collings, 1955) 2232422225 )(4)(682)( SiOHCOCaPOHCaOHCOSiOOPCaO Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 30 Pode sofrer todos os Pode combinar com Processos comentados anteriores H+ do solo resultando Em CO2+H2O ↑pH. c) insolúvel em água e pouco solúvel em ácido cítrico → fosfato natural (Raij, 1974) 42 2 64210 621012)( POHFCaHPOFCa tempoOH Esse processo demora anos (lento). Exsudatos liberados pelas raízes e ácidos orgânicos para ocorrer a solubilização. 4.4 – Uso e manejo 4.4.1 – Efeito da calagem a) solúvel em água e citrato neutro de amônio. 1º - A calagem aumenta o aproveitamento de P no solo proveniente dos fertilizantes MAP, DAP, SS e ST. Isto ocorre porque com o aumento do pH, nos óxidos de Fe e Al ocorre a predominância de cargas negativas e o H2PO4 - não vai ser adsorvidos por esses óxidos. Portanto uma boa parte do H2PO4 - vai ficar na solução do solo. Dessa forma a calagem diminui a fixação do P. 2º - Uma segunda explicação seria que a calagem neutraliza o Al+3 tóxico e com isso ocorre um maior desenvolvimento das raízes que irão explorar um volume de solo maior, absorvendo mais fósforo. 3º - terceira explicação é que a calagem promove um aumento na atividade de microrganismos e > mineralização da matéria orgânica. Com isso durante o processo de “quebra” da matéria orgânica, muitos ânions orgânicos são produzidos e estes podem revestir parcialmente os óxidos de Fe e Al, diminuindo o número de cargas positivas que poderiam adsorver o H2PO4 -. b) insolúvel em água, mas bastante solúvel em ácido cítrico a 2% (1:100) Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 31 termofosfato – P não está na forma de H2PO4-, ele necessita ser transformado. Portanto como não é conhecido como ocorre a passagem para esta forma, especula-se que o termofosfato seja “atacado” por ácidos orgânicos que fazem a solubilização. Sendo assim, a calagem prejudica um pouco a ação do termofosfato. OBS: se for fazer calagem utilizar o mesmo procedimento para MAP, DAP, SS e ST. Fazer calagem e depois aplicar. c) insolúvel em água e pouco solúvel em ácido cítrico A calagem prejudica a ação do fosfato natural. Enquanto há efeito da calagem ocorre uma diminuição da quantidade de ácidos orgânicos no solo e a solubilização do fosfato natural vai ser diminuída. Como a solubilização do fosfato natural é muito lenta não adianta aplicar o fosfato natural e depois de 3 meses fazer a calagem, pois uma quantidade pouco significante do fósforo vai estar disponível. 4.4.2 – Granulometria a) solúvel em água e citrato neutro de amônio Devem ser recomendados na forma de grânulo, devido à fixação pelo solo. Quanto mais íntimo for o contato entre as partículas do fertilizante fosfatado com as partículas do solo, maior será a fixação do fósforo. b) insolúvel em água, mas bastante solúvel em ácido cítrico a 2% (1:100) Termofosfato – aplicar de preferência na forma de pó, pois sua eficiência é maior. Como a solubilização do termofosfato é feita pelos ácidos orgânicos torna-se importante ocorrer um íntimo contato do termofosfato com o solo para haver uma > solubilização. Atualmente a empresa Mytsui produz o termofosfato na forma granulada, mas é apenas compactado. Quando colocado no solo ele se desintegra a pó. c) insolúvel em água e pouco solúvel em ácido cítrico Forma preferencial – pó, devido ao termofosfato natural ser solubilizado pelos ácidos orgânicos e exsudatos de raízes. Portanto quanto mais íntimo for o contato com o solo, maior será a solubilização. Atualmente os fosfatos reativos são comercializados na forma farelada e possuem uma eficiência igual ao produto na forma de pó. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 32 4.4.3 – Efeito do modo de aplicação Aplicar à lanço ou em sulco? a) solúvel em água e citrato neutro de amônio Curto prazo – respostas dependem da dose de P. Condições sub-ótimas fósforo é melhor no sulco. - Respostas também dependem da concentração de P no solo: Se o teor de P no solo for baixo é recomendado aplicar P no sulco, mas se o teor for adequado não há diferença entre a aplicação à lanço ou no sulco. Longo prazo – indiferente, pois a aplicação à lanço ou no sulco é compensada ao longo dos anos b) insolúvel em água, mas bastante solúvel em ácido cítrico a 2% (1:100) Termofosfato – não há trabalhos que comprovem, mas na prática a aplicação à lanço ou no sulco parece indiferente. c) insolúvel em água e pouco solúvel em ácido cítrico Sempre deve ser feita a aplicação à lanço (precisa ser solubilizado). 4.4.4 – Eficiência agronômica das fontes → Culturas anuais Experimentação demonstra que mesmo ao longo de 10 anos o fosfato natural brasileiro (Araxá) é pior que o SS. Eficiência: term.magn>SS, ST, MAP, DAP>fosfatos reativos>parcialm. solub.> fosf. natural brasileiro. Em relação à eficiência das fontes checar sempre a metodologia utilizada no trabalho, pois dependendo do interesse os resultados podem ser diferentes. Para saber metodologia consultar Franco e Coutinho (2004), Revista Científica. Por que a eficiência do termofosfato é maior que os outros? Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 33 R: Porque os solos brasileiros são ácidos e o termofosfato diminuem um pouco a acidez. Além disso quando os solos são ácidos, de maneira geral, há pouco Mg nos solos e o termofosfato possui Mg. Um outra observação é que o Mg é transportador de P, auxiliando na absorção. Qual é mais eficiente, adubo fosfatado líquido ou sólido? R: Em termos de eficiência agronômica não há diferença, pois tanto na forma sólida ou líquida o fósforo vai estar na forma de H2PO4 -. 4.4.5 – Recomendação da adubação fosfatada a) manutenção Consiste na adubação com base na análise química do solo e é realizada com aplicação no sulco de semeadura. As doses são estabelecidas com base na experimentação. (Calibração – é necessário fazer experimentação emdiferentes regiões por vários anos). Para S.P. o nível crítico de P no solo é de 15 mg dm-3, sendo que acima deste valor as culturas não respondem, pois, as quantidades se tornam suficientes. Quando utilizar o extrator Melich não levar em consideração somente o fósforo no solo, mas também a textura. Por que o estado de S.P. utiliza o extrator resina e os outro o Melich? R: Isto ocorreu porque em S.P. o extrator Melich não apresentava bons resultados e houve uma necessidade de desenvolver um extrator mais adequado, que é a resina. Como todos os solos coletados no estado estavam guardados não houve a necessidade de fazer todos os experimentos no estado novamente, fez apenas a análise e a calibração. Outros estados não possuíam os solos coletados guardados e para não começarem todos os experimentos novamente continuaram utilizando o Melich e para minimizar problemas desenvolveram o método do fósforo remanescente. b) adubação fosfatada corretiva (fosfatagem) Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 34 Visa construir a fertilidade do solo em termos de P → investimento. Aplicação à lanço utilizando fertilizante fosfatado solúvel em água, citrato neutro de amônio ou ácido cítrico. Segundo a recomendação de Lopes & Abreu (1987): Solos arenosos com até 5 mg dm-3 de P (M-1)* ou barrentos e argilosos com até 3 mg dm-3 de P (M-1)* - doses de 3 a 10 kg de P2O5/ % argila * extrator Melich-1 Se o extrator utilizado for resina o teor de P no solo tem que ser < 6 mg dm-3. Ex: 30% argila 30% x 10 = 300 kg ha-1 (dose máxima – constrói a fertilidade em 2 anos) 30% x 4 = 120 kg ha-1 (dose para construir a fertilidade em 4 anos) 30% x 2 = 60 kg ha-1 (dose para construir a fertilidade em 6 anos) Independente da dose a aplicação deve ser feita apenas 1 vez e manutenção todo ano. Se não houver capital para fazer em toda área → não diluir, fazer em pequenas áreas. 5 – FERTILIZANTES POTÁSSICOS 5.1 – Introdução → 1841 (Alemanha) – Na procura por NaCl foram encontradas jazidas com extensas quantidades de KCl → viabilizou-se a extração. → Os alemães tiveram até a 2ª guerra mundial o monopólio da extração e comercialização de KCl. Após este período as jazidas foram divididas entre os aliados. → Brasil (1941) – 10,8% produção nacional e 89,2% era importado. Atualmente os maiores produtores de KCl são: 1° Canadá e EUA 2° Leste Europeu 3° Oeste Europeu 4° Oriente Médio, América Latina e Ásia. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 35 À nível mundial 95% do consumo de K é na forma de KCl, e no Brasil 99% é na forma de KCl → fonte mais barata de K. A extração do minério K é simples. São retirados a 400-500 m de profundidade e depois são eliminadas as impurezas. Não há processos químicos envolvidos. 5.2 – Características dos fertilizantes potássicos Os fertilizantes potássicos são: KCl, K2SO4, K2SO4.2MgSO4, KNO3. Em relação às características químicas, não é o K que possui alto índice salino e sim o adubo KCl → possui um dos maiores índices salino. 5.3 – Uso e manejo 5.3.1 – Lixiviação O potássio é absorvido por difusão (78%) e por fluxo de massa (20%). Portanto o potássio pode ser lixiviado, mas não é tão drástico. Esta lixiviação é mais acentuada em solos com textura grosseira (arenosos), pois possuem baixa CTC → necessidade de parcelamento da adubação potássica. O parcelamento é feito quando a dose de K for > 50-60 kg de K2O e é feita por 2 motivos: 1° lixiviação 2° índice salino do KCl Há dois fatores que influenciam a lixiviação: calagem e gessagem. A calagem diminui a lixiviação em solos intemperizados, pois nestes solos a calagem proporciona um aumento da quantidade de cargas negativas nos óxidos de Fe e Al que irão adsorver mais K reduzindo a lixiviação. Já em solos menos intemperizados (arenosos), a calagem pode aumentar a lixiviação de K, pois quando colocado no solo Ca2+ e Mg2+ estes deslocam o K+ (monovalente) que fica na solução do solo aumentando a probabilidade de sofrer lixiviação. 5.3.2 – Qualidade do produto colhido (KCl) K é o nutriente que possui maior influencia na qualidade do produto colhido. Exemplos: Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 36 ↑ tamanho do capulho de algodão ↑ resistência de fibras ↑ teor de açúcar na cana ↑ teor de carboidrato em batata, mandioca Todos esses efeitos citados acima têm sido observados em tratamentos com e sem K. Somente aumentar a dose de K não melhora a qualidade do produto colhido. Algumas culturas possuem alta sensibilidade ao KCl e o excesso de ânion Cl- reduz a produção física. Mas para a maioria das culturas a presença de ânion Cl- não reduz a produção e sim a qualidade do produto colhido. Ex: - Cafeeiro reduz a qualidade da bebida e frutos podem cair precocemente. - Em fumo o Cl- reduz a combustão do cigarro - Em batata Cl- aumenta o número de tubérculos e bulbos - Em abacaxi o Cl- aumenta a parte central do abacaxi e aumenta a acidez. 5.3.3 – Resistência à pragas e doenças Ver tabela 9 xerox 5.3.4 – Métodos de aplicação de K Lanço ou sulco? R: depende da textura. Para solos arenosos o melhor é aplicação à lanço, pois em sulco o volume de solo é muito pequeno e diminui a possibilidade do K ficar retido no solo (>lixiviação). Para solos argilosos não há diferença entre aplicação à lanço ou no sulco de semeadura. Em condição de solo com teor baixo de K doses empregadas de 50-60 kg no plantio e 100 kg de K2O em cobertura, podem não funcionar devido à descida do K no perfil do solo ser lenta. Isto ocorre porque em solos argilosos o K fica adsorvido no solo e com isso no momento que ele chegar as raízes pode já ter passado o momento de maior exigência da cultura. Para evitar essa situação deve-se fazer a aplicação de K em pré-semeadura com leve incorporada em área total. Neste caso é recomendado aumentar 20% da dose recomendada de K quando aplicado em pré-semeadura. 5.3.5 – Interação entre K e outros íons Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 37 a) N e K Essa interação expressa a lei do mínimo. A adubação nitrogenada proporciona um aumento de produção e as plantas passam a requerer mais nutrientes e um desses nutriente é o K, pois quanto maior a dose de N maior será o requerimento em K. b) K x Ca x Mg Relações variam de cultura para cultura entre os tipos de solo. As relações variam ainda em uma mesma cultura e dentro de uma mesma espécie. As culturas requerem os nutrientes em distintas fases, ou seja, as relações mudam com o desenvolvimento das culturas. (Tabela 15) ~ Questionamento: Não existe competição entre K, Ca e Mg, pois o K é monovalente e os outros são divalente. Mas por que com aumento de K há deficiência de Ca e Mg? R: Com aumento de K há maior crescimento das plantas e o Ca e Mg ficam diluídos, mas a absorção é a mesma – Efeito diluição. A medida que se aumenta a relação (Ca, Mg e K) começa a aparecer sintomas de deficiência de K, por quê? R: Essa questão é questionável, pois será o que surgimento da deficiência foi causado pelo aumento das relações ou porque o nível de K no solo estava baixo? Portanto o problema não é da relação e sim da falta deK no solo. 5.3.6 – Recomendação da adubação potássica A recomendação da adubação potássica é feita apenas com base no teor absoluto no solo, assim como o fósforo. É feito experimentação no estado todo e com diferentes tipos de solo – calibração Para culturas anuais no estado de São Paulo o nível crítico é de 1,5 mmolc/dm 3 com extrator resina. Em estado que utilizam Melich-1 o nível crítico é de 1,6 mmolc dm-3. Para o K os resultados da resina e Melich-1 são muito próximos. Recomendação anual – até 50-60 kg ha-1 no sulco de semeadura. Acima disso parcelar a adubação → Manutenção Potassagem: Adubação de K corretiva em área total. É uma técnica pouco utilizada, pois o K é lixiviado e perde-se muito com aplicação em área total. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 38 K (solo) +- 3% da CTC (elevar K a 3% da CTC) e considerar a eficiência +- 70% (cada 100 kg de K, somente 70% é aproveitado). 6 – FERTILIZANTES COM MICRONUTRIENTES 6.1 - Introdução Micronutrientes são todo os elementos químicos exigido pelas plantas em pequenas quantidades para que ela complete seu ciclo vital Nas áreas de cerrados é comum aparecer deficiência de micros. Em áreas tradicionais também têm ocorrido deficiência de micros, devido aos solos dessas áreas terem se exauridos. 6.2 – Fornecimento de micronutriente Podem ser fornecidos através: Adubação orgânica: tem como característica teores baixo de micronutrientes e estes se encontram na forma orgânica e demoram um certo tempo para mineralizar. Além disso os teores são variáveis em função da composição da matéria orgânica, teor de umidade etc. Adubação mineral e orgânica sintética: mais comum e mais usual, dentro da categoria há: a) Compostos inorgânicos (anexo) b) Quelatos: quelato é um tipo de estrutura produzida quando um íon metálico se combina com 2 ou mais grupos de elétrons doadores para formar uma molécula anelada simples. Nessa molécula o cátion não se comporta mais como íon. Ex: agente quelante + sulfato ou cloreto de Zn. No Brasil os quelatos mais comuns são quelatos de EDTA e lignossulfonato (mais barato, pois é obtido como subproduto da indústria de polpa de madeira). Na literatura há informações que os quelatos são de 2 a 5 vezes mais eficientes que outros compostos inorgânicos, mas são de 5 a 100 vezes mais caros. No Brasil 99% é aplicado via foliar. Segundo a legislação de 2004 deve haver uma Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 39 quelatização de no mínimo 50%. Na prática os quelatos comercializados não chegam a 30% de quelatização, segundo as firmas produtoras a quelatização acima de 30% torna-se inviável. c) Silicatos complexos (FTE), elemento traço fritados ou “fritas” Obtenção: Sílica + 1 ou mais micronutrientes (normalmente na forma metálica) → material sai do forno é rapidamente resfriado em água fria, depois é seco e moído. - São completamente insolúveis em água - A velocidade de liberação do micronutriente vai depender do grau de moagem. Partículas finas → liberação mais rápida. - Devem ser aplicados em área total e incorporados ao solo para facilitar a solubilização. - Cuidado com a utilização freqüente de formulações com todos os micronutrientes (Ex: FTEBR-10), pois pode causar toxicidade daquele micronutriente que está na quantidade ideal. Utilize apenas um produto específico para o nutriente em deficiência. Atualmente as fritas são comercializadas na forma granulada para facilitar sua incorporação na fórmula de adubos. Ex: NPK + micronutrientes (fritas). Algumas firmas para a fabricação de fertilizantes com micros, em vez de pegarem os óxidos de Zn utilizam o Zn-metálico para granularem com isso irá formar água + Zn metálico. (Demora muito tempo para ser disponibilizado). O correto seria utilizar ZnO para formar água + ZnO. Apesar de não ser uma atitude correta de algumas indústrias, elas estão cumprindo a lei, pois segundo a legislação o Zn é mencionado como teor total e não quantidade disponível para as plantas. d) NPK+micro A aplicação isolada do micronutriente aumenta muito os custos, além da distribuição no campo não ser fácil. Ex: recomendação 2 kg/ha de Zn = +- 10 kg/ha de ZnSO4 → essa quantidade a ser aplicada é muito pequena e não há máquinas para aplicar quantidades tão pequenas no solo. Portanto uma das maneiras para viabilizar a aplicação de micronutriente foi incorpora-lo às formulações. Ex: 4-20-20+B 0,1%; 4- 30-16+ Zn0,5%; 4-20-20+B0,1%+Zn0,5%. NPK + micro podem ser: Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 40 - Mistura de grânulos: os nutrientes estão separados, um em cada grânulo → problema de segregação. - Mistura granulada: os nutrientes estão em um único grão. A mistura granulada possui menor probabilidade de segregação, porém é +- 10% mais caro que a mistura de grânulos. Exemplos de mistura granulada: SS+B; SS+Zn; SS+Mn + NPK 6.3 – Método de aplicação a) Foliar b) Solo: lanço ou sulco? Boro → quanto a fonte de B for solúvel não há diferença, mas quando a fonte for pouco solúvel a aplicação via lanço é melhor. Cobre → é extremamente raro a deficiência de Cu. Geralmente ocorre em solos com alto teor de matéria orgânica. Segundo dados da literatura internacional a recomendação é: Cu sulco: 1 a 4 kg/ha Cu lanço: 4 a 20 kg/ha a cada 5 anos > interação entre Cu e M.Org. e portanto > necessidade de doses de Cu Ferro → Rara deficiência de Fe no Brasil. Geralmente ocorre em solo alcalino. A deficiência de Fe pode ser induzida por outro problema Manganês → Sempre foi um problema no Brasil, no início, devido aos solos ácidos, o problema era de toxicidade. Nos últimos anos têm aparecidos problemas devido à má incorporação do calcário, principalmente em solos de textura arenosa ou média. Também tem aparecido problemas em solos em plantio direto, aumento do pH em uma pequena superfície → def. de Mn. Há necessidade de mais estudos da eficiência via foliar ou solo. No solo a recomendação é a seguinte: (literatura internacional): sulco: 3 a 15 kg/ha Lanço: 15 a 120 kg/ha Zinco: há várias pesquisas no Brasil demonstrando que não há diferença da aplicação à lanço ou no sulco, isso quando se utiliza uma fonte solúvel. Para fontes pouco solúveis os melhores resultados são obtidos através da aplicação à lanço. Zn sulco ou à lanço → 0,8 a 5 kg/ha de Zn Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 41 c) Sementes Mo: requerido em menores quantidades. Devido a isso torna-se possível colocá-lo na semente sem prejudicar a germinação. Pode-se utilizar sacarose ou açúcar para facilitar a aderência à semente. 6.4 – Fontes de micronutrientes B: para granular o produto é necessário ácido sulfúrico. Portanto mesmo quando utilizado fontes de B pouco solúveis, na adubação a eficiência é a mesma de fontes solúveis. Isso ocorre porque no processo de granulação uma parte do B passa para a forma de H3BO3 devido ao ácido sulfúrico (H2SO4). Mn: Sulfato é mais eficiente que o óxido de Mn. Outros micros – ver anexos 6.5 – Alguns fatores que podem interagir com os micronutrientesa) Calagem Calagem afeta a disponibilidade de B? Não há trabalhos que citam que a disponibilidade de B é aumentada. No Brasil há livros que citam que o aumento do pH, aumenta a mineralização da MO e aumenta a disponibilidade de B. O argumento que sustenta essa afirmação é o seguinte: em solo com déficit hídrico há deficiência de B devido a menor mineralização da MO. Portanto pode-se lançar um contra-argumento: Será que em qualquer tipo de MO que o aumento do pH aumenta a mineralização e a disponibilidade de B? Será que a calagem diminui a disponibilidade de B? R: Há dados que mostram que a disponibilidade de B diminui quando se atinge pH= 8,0 a 9,0. Em relação ao Mo, com o aumento do pH, a quantidade de Mo absorvida pelas plantas aumentou (Coutinho et al., 1996). Portanto com o aumento do pH há um aumento da disponibilidade do ânion molibdato (MoO4 -). De uma maneira geral não tem sido necessário aplicar Mo, basta apenas fazer a calagem para aumentar a disponibilidade de Mo. Em tese se o solo estiver com uma boa saturação por bases não há necessidade de aplicar molibdênio. Porém em trabalho Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 42 realizado por Sfredo et al. (1997) houve diferença significativa na produtividade mesmo em solo com boa saturação por bases (70%). Com relação ao Mn e Zn o aumento do pH diminui a disponibilidade de Mn e Zn. As plantas absorvem Mn e Zn da fração trocável e uma parte da MO. De acordo com a figura abaixo, com o aumento do pH o Zn e Mn das frações trocável e MO se deslocam para OFe e OAl amorfos e cristalinos, tornando-se indisponíveis às plantas. b) interação P e Zn Será que o P induz deficiência de Zn? Segundo a literatura a interação entre P e Zn não tem nenhum interesse na agricultura. Essa interação é resultado de artifícios experimentais em solução nutritiva. Na prática tem pouco significado essa interação COMO EXPLICAR? R: Efeito concentração ou diluição Coutinho et al. (2003) – Com altas doses de P2O5 houve maior quantidade absorvida de Zn. Isso ocorreu devido ao maior crescimento das plantas, maior sistema radicular e maior necessidade e absorção de Zn. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 43 6.6 – Recomendação de adubação com micronutrientes Filosofias: a) preventiva ou segurança Colocaria 1 ou mais micros para corrigir uma possível deficiência em função das necessidades especiais de uma cultura ou da ocorrência freqüente da deficiência na região ou em certas classes de solo. Não se baseia em nada técnico. Ex1: em milho é comum aparecer deficiência de Zn, então colocar Zn junto com a adubação. Ex2: Solo de textura média e com baixa quantidade de Zn e vai plantar milho, então colocar Zn na adubação. Solo argiloso não necessita. b) Prescritiva ou de correção Usa-se a análise química do solo ou da planta (cultura anual e cultura perene) An. Solo dar importância ao extrator utilizado para micronutrientes. Sem informar qual o extrator utilizado não tem como fazer a interpretação, pois os valores são muito diferentes. Obs.: Sempre os valores com Melich1 ou extratores ácidos vão ser maiores que os valores extraídos em DTPA. DTPA – Extrator que mais se aproxima das plantas para micronutrientes --- mais eficiente. Em milho dentro da mesma espécie pode haver diferença entre nível crítico para o Zn. Ainda não há experimentação suficiente para determinar os níveis (baixo, médio e alto) dos micronutrientes no solo. O boletim 100 traz valores, mas é apenas sugestão e não retirados de experimentação. Para interpretar a análise química do solo para micronutrientes deve-se levar em consideração a cultura. Se a cultura for responsiva utilizar a tabela do boletim 100, se ela não for a interpretação será falha. Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 44 Ex: teor baixo de Zn 0 – 0,5 ---- soja não é responsiva à adubação com Zn, portanto se utilizar 0 ou 6 t/ha de Zn (Coutinho et al., 1992) não irá alterar a produtividade da soja. 7 – ADUBAÇÃO FOLIAR 7.1 – Introdução Desde o século 19 já era conhecido que quando se aplicava solução com sal nas plantas alguns sintomas desapareciam. Estudos com adubação foliar foram bastante intensificados na década de 50 --- possibilidade de utilização de radioisótopos. Brasil: 1978: havia 100 empresas produzindo 400 produtos em média. Nessa época 1% do adubo foi aplicação via foliar. 1981: havia 20 empresas produzindo 100 produtos em média. Dessa forma em apenas 3 anos a utilização da adubação foliar diminuiu significativamente. A comercialização de produtos foliares está ligada às especulações teóricas sem experimentação científica. Há uma política de venda muito forte. Com o passar do tempo a experimentação desvenda as especulações da fisiologia da planta que é utilizada na comercialização. Argumento de venda de produtos 7.2 – Estrutura da lâmina foliar, absorção A primeira barreira a vencer pelo nutriente é a cutícula que está presente em toda superfície da folha, inclusive nos estômatos. Na cutícula há cargas que são negativas. Absorção passiva: entrada do nutriente atravessando a cutícula, parede celular chegando até o plasmalema (sem gasto energia). Para um nutriente ser considerado absorvido ele precisa atravessar o plasmalema e chegar ao citoplasma (simplasma foliar) Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 45 Absorção ativa: entrada do nutriente no citoplasma atravessando a membrana lipoprotéica (plasmalema) com gasto de energia metabólico. Difusão facilitada: é característica de uma molécula (uréia). A uréia sem gasto de energia metabólico, atravessa a cutícula, a parede celular e entra no citoplasma (absorção bastante rápida). 7.3 – Fatores que influenciam no resultado da adubação foliar 7.3.1 – Inerentes à folha Idade da folha: Influencia na velocidade de absorção e quantidade absorvida Folha jovem absorve o nutriente mais rápido e em maior quantidade que folhas velhas, pois ela possui uma cutícula mais fina e maior atividade metabólica. Adubação foliar deve ser feita quando a planta tiver uma boa quantidade de folha jovem. Face da folha: Na página inferior da folha a absorção é maior. Além da maior quantidade de estômatos a superfície inferior possui uma cutícula mais delgada (mais fina). Fertilizantes e Corretivos – Pós Graduação 46 7.3.2- Fatores externos a) nutriente Velocidade de absorção: A velocidade de absorção por via foliar pode ser um fator decisivo para o sucesso ou não da adubação foliar. Medição da velocidade absorção: aplica-se uma quantidade conhecida de nutriente sobre a folha e mede o tempo necessário para que 50% seja absorvido pelas folhas. A probabilidade de absorção dos nutrientes que demoram
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