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ARTIGO . FAMÍLIAS Conceito, Configuração e Serviço Social

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1 
 
FAMÍLIAS: Conceito, Configuração e Serviço Social 
 
 
DIAS, André Cosme Oliveira
1
 
Faculdade Governador Ozanam Coelho - FAGOC 
Pós-Graduação em Políticas Social e Serviço Social 
Abril de 2018 
 
PEREZ, Adriana Medalha
2
 - ORIENTADORA 
 
 
RESUMO: 
Diante das transformações societárias e da evolução das relações sociais, temos a família 
como objeto de estudo de diversas disciplinas, principalmente do Serviço Social. A busca 
pela compreensão desta trama nos impele um estudo aprofundado. Assim, procuramos o 
apontamento dos conceitos de família, com base em textos e entendimentos de autores que 
abordam este assunto, amplamente discutido na academia. Também trazemos a reflexão 
sobre questões inerentes a ação profissional do Serviço social junto as famílias. O presente 
trabalho tem como intuito proporcionar ao leitor uma reflexão sobre as diversas 
configurações de família, bem como seus conceitos e a relação com a atuação do Assistente 
Social. 
 
Palavras-chave: Família, Núcleo, Trabalho, Assistente Social 
 
1 – INTRODUÇÃO 
 
“Família êh! Família ah!3 
Família!... 
Família! Família! 
Papai, mamãe, titia... 
Família! Família! 
Vovô, vovó, sobrinha... 
Família! Família! 
Cachorro, gato, galinha 
Família! Família!” 
(Família - Titãs) 
 
 
O que é Família? O que são famílias? Quem é família? Quem são as famílias? Diversas são as 
indagações a respeito do tema. Diversas são as conceituações do termo família, bem como o 
 
1
Bacharel em Serviço Social. Especialista em Serviço Social e trabalho com famílias – UNISUAM. Assistente 
Social no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla – Rio de Janeiro/RJ – Assistente Social no Hospital Municipal de 
Belford Roxo. aaacosme@hotmail.com 
 
2
 Bacharel em Serviço Social. Mestre em Política Social pela Universidade Federal Fluminense- UFF. 
Doutoranda em Serviço Social na Pontifícia Universidade Católica -PUC/Rio. Professora substituta da 
Universidade Federal Fluminense - UFF Niterói. adrianamedalha@hotmail.com 
 
3
 Disponível em http://www.vagalume.com.br/titas/familia.html Acesso em 15/04/2018 
 
2 
 
entendimento de sua estrutura, os quais se mostram bastante amplos e se adequam a diversas 
ópticas e finalidades. Mas que núcleo é esse no qual todos nós vivemos e do qual viemos? 
Seria um grupo de relações consanguíneas? Será que o grupo família pode ser definido pelas 
relações de afinidades? Será que a família se define pelo sentimento de pertencimento? Que 
família é essa que se torna objeto de trabalho do Serviço Social? Outrossim, de que forma o 
Serviço Social deve se inserir neste universo chamado família, bem como a ação deve ser 
promovida de forma a dispensar um atendimento de qualidade e ético. Por meio da pesquisa 
bibliográfica, nos debruçamos em diversos autores para de forma expositiva propor uma 
apreciação sobre o tema elencado. Nossa proposta não é responder de forma objetiva tais 
perguntas, mas levantar indagações e levar o leitor a reflexão a cerca do assunto. Por meio da 
literatura acerca da temática, vamos apresentar e conhecer as configurações ou as novas 
configurações de família. 
 
2 - Família e famílias 
 
A família na contemporaneidade se apresenta diversificada e permeada por 
transformações ao longo da história. Segundo Mioto, ”observa-se a existência de um consenso 
sobre diversidade de arranjos familiares, sobre o caráter temporário dos vínculos conjugais e 
sobre outras questões ligadas à área da reprodução humana e da liberalização dos costumes”. 
(2009: 53) 
Nesta discussão nos ateremos em elencar as atuais definições de família sob a égide de 
alguns entendimentos quanto ao seu significado. Assim, veremos a família como o núcleo 
socializador, como um paradoxo, como grupo de pessoas com diversas características 
específicas. 
De início, recorreremos a dois dicionários de Língua Portuguesa: dicionário conhecido 
como Aurélio, escrito por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (2001), bastante popular e 
que inclusive é adotado pela Secretária de Educação do Estado do Rio de Janeiro, como 
dicionário básico, distribuído aos alunos e o dicionário de Antônio Houaiss (2001), de acervo 
próprio. 
Em sua contribuição genérica, o dicionário Aurélio, nos mostra que família pode ser 
entendida de diversas formas. São elas: 
1- “Pessoas apresentadas que vivem geralmente na mesma casa, particularmente 
o pai, a mãe e os filhos; 
3 
 
2- Pessoas do mesmo sangue; 
3- Origem, ascendência; 
4- Família elementar ou família nuclear = a que é constituída pelo casal e seus 
filhos. 
5- Família extensa = a que é a que constituída pela associação de duas ou mais 
famílias.” (FERREIRA, 2001: 312) 
Já Houaiss nos trás o entendimento de família, como: 
1-“Grupo de pessoas formado especialmente por pai mãe e filho(s), que vivem sobre 
o mesmo teto. 
2-Grupo de pessoas ligadas entre si pelo casamento ou qualquer parentesco. 
3-Grupo de pessoas unidas por crença, interesses ou origem comum (uma família 
espiritual inteira). 
4- Grupo de seres ou coisas com características comuns. 
5- Na classificação dos seres vivos, categoria que agrupam um ou mais gêneros ou 
tribos relacionados segundo a história da evolução e distinto dos outros por 
características marcantes. 
6- Clã familiar.” (HOUAISS, 2001: 215) 
Em ambos os dicionários podemos perceber a visão da família nuclear; aquela 
composta por pai, mães e filhos. Verificamos também a definição de família a partir da 
relação de parentesco e/ou consanguíneas. Porém, Ferreira (2001), nos assinala uma 
ramificação conceitual da família que é o agrupamento de dois ou mais núcleos familiares que 
quando unidos se tornam uma só: a família extensa. 
Por outro lado, Houaiss (2001) entende que o agrupamento no âmbito familiar pode 
estar relacionado aos gêneros, tribos ou características em comum. 
Mas será que para a ciência família é isso? Elencamos, então, duas definições 
interessantes, destacadas da obra A Família Contemporânea em Debate
4
. 
A primeira visão é o entendimento de Szymanski (2003), que ressalta importância de 
se observar a família desde seu nascimento, tanto em relação à sua estrutura, quanto ao 
nascimento dos filhos. 
 Com ênfase nas relações interpessoais, sua subjetividade e suas peculiaridades, a 
autora percebe a família como um núcleo passível de polarização, quando vê a família como 
“o lócus potencialmente produtor de pessoas saudáveis, emocionalmente estáveis, felizes e 
equilibradas, ou como o núcleo gerador de inseguranças, desequilíbrios e toda sorte de 
desvios de comportamento”. (SZYMANSKI, 2003: 23) 
 
4
 Conjunto de textos de diversos autores que versam sobre o tema família, organizado pela doutora em Serviço 
Social Maria do Carmo Brant de Carvalho. 
4 
 
Já Vitale (2003), aborda a influência da socialização proporcionada pela família e 
mostram-na como mediadora entre o homem, ser social, e a sociedade. Assim, transcreve-a 
como parte do fomento da sociabilidade, unidade básica e primária de socialização e ainda 
reflete sobre a questão intergeracional, destacando que para se compreender a família é 
preciso penetrar no seu tear, expressando que família é o 
“ canal pelo qual se pode tratar a questão da socialização, âmbito privilegiado, uma 
vez que este tende a ser o primeiro grupo responsável pela tarefa socializadora, 
constituindo uma das mediações entre o homem e a sociedade. “ ( VITALE, 2003: 
90) 
 
Torna-se pertinente refletir a questão da família e suas implicações na dinâmica da 
sociedade. Neder chama a atenção para a representaçãoda família em quanto pilar da 
organização da sociedade brasileira, pois classifica a família como “lócus de reprodução 
social básica para qualquer criança, tendo em vista a formação de uma cidadania ativa”. Tal 
definição sinaliza a importância da família para a sociedade, em específico para as crianças. 
(NEDER, 2002:44) 
No rol da literatura do Serviço Social, destacamos novamente Szymanski (2002), na 
revista Serviço Social e Sociedade, que citando Kaslow (2001), nos dá uma visão objetiva e 
abrangente dos diversos tipos de composição de família, ressaltando o deslocamento do 
modelo, antes, hegemônico nuclear para o modelo heterogêneo, o qual se apresenta a família 
na atualidade. 
Tais modelos são: 
1)” Família nuclear, incluindo duas gerações, com filhos biológicos; 
2) Famílias extensas, incluindo três ou quatro gerações; 
3) Famílias adotivas temporárias; 
4) Famílias adotivas, que podem ser bi-raciais ou multiculturais; 
5) Casais; 
6) Famílias monoparentais, chefiadas por pai ou mãe; 
7) Casais homossexuais com ou sem crianças; 
8) Famílias reconstituídas depois do divorcio; 
9) Várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso 
mútuo.” (KASLOW, 2001: 37 apud SZYMANSKI, 2002: 10) 
 
Como visto acima, falar de família não constitui tarefa fácil devido a seus diversos 
arranjos ou estruturas atuais. Este tema é em demasiado, um campo complexo de se definir, 
não sendo simples seu entendimento. 
5 
 
Por isso, elencamos as classificações abordadas por Cardoso (2007), que nos trás um 
panorama prático das classificações existentes acerca da instituição família. A autora organiza 
as definições da seguinte forma: 
1 - Conforme o número de gerações: 
 
 “Família Extensa: possui mais de duas gerações. Ex: Avós, pais e filhos; 
 Família Nuclear: possui duas gerações. Ex: Pais e filhos. 
 
2 - Conforme o exercício de poder na família: 
 
 Patriarcais: o homem detém o poder; 
 Matriarcais: a mulher detém o poder 
 Democráticas: o poder é compartilhado. 
 
3 - Considerando a presença dos genitores 
 
 Famílias Completas: Há a presença do pai e da mãe; 
 Famílias Incompletas, Mononucleares ou Monoparentais. Apenas um dos genitores 
reside com os filhos. 
Obs: a) Alguns autores trazem o conceito de Família Natural para designar a família 
composta por mãe e filhos. 
b) Atualmente convivemos com famílias extensas cujas avós exercem sozinhas a 
responsabilidade por seus netos e filhos, devido à ausência dos pais. Podemos 
classifica-las também como Família Monoparentais, considerando o número de 
parentes adultos responsáveis ou Extensas Incompletas, considerando o número de 
gerações e a ausência de um dos genitores. 
 
4 - Considerando os objetivos da união 
 
 Família de reprodução. Tem também o objetivo da procriação e da criação dos 
filhos; 
 Famílias conjugais. O objetivo principal é o relacionamento afetivo. 
 Famílias alternativas. O objetivo é buscar novas formas de convivência, 
compartilhando as despesas, o consumo etc. Exemplo: comunidades hippies, 
repúblicas. 
 
5 - Considerando o gênero e a relação afetiva entre os adultos responsáveis 
 
 Famílias homossexuais ou homoafetivas. Compostas por parceiros do mesmo 
gênero; 
 Famílias heterossexuais. Compostas por parceiros de gêneros diferentes; 
 Chamaria de Famílias Fraternais aquelas em que não há relacionamento sexual entre 
os adultos.” (CARDOSO, 2007: Slide nº 17) 
 
Sierra, em sua obra “Família, teorias e debates”, nos aponta a família como um espaço 
propício onde se expressa a “dinâmica da vida social”, por se composta por membros que 
levam e trazem elementos, num movimento de compartilhamento de informações e de cultura. 
Assim, características do núcleo familiar são compartilhadas socialmente e absorvidas, 
configurando a sociabilidade. “Nesse sentido, a família é o grupo social doméstico que torna a 
vida possível pela sua capacidade de reproduzir a cultura.” (SIERRA, 2011: 32) 
6 
 
Ainda sobre a autora, temos a destacar a função de gênese de toda a dinâmica e 
identidade social. “A família é a unidade nuclear responsável por uma série de funções. As 
obrigações em família fazem da constituição da sua identidade e do significado que seus 
membros lhe atribuem.” (SIERRA, 2011: 32) 
As definições dadas acima nos apontam a complexidade de se conceituar família e 
possibilita uma melhor aproximação às novas configurações da família na 
contemporaneidade. 
 
3 - Famílias e o Assistente Social 
 
O conjunto das políticas sociais criadas pelo Estado visa favorecer e garantir, as 
famílias o acesso aos bem e serviços de forma a terem assegurados seus direitos sociais. 
A Constituição Federal de 1988 no seu artigo 6º elenca que os direitos sociais são o 
acesso “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados”. (BRASIL, 1988) 
Em sua maioria, as políticas sociais são insuficientes para a efetivação da cidadania 
dos indivíduos e suas famílias. Tal fato ocasiona um processo de marginalização e 
desproteção social. Assim, podemos observar que 
"A família enquanto forma específica de agregação, tem uma dinâmica de vida 
própria, afetada pelo processo de desenvolvimento socioeconômico e pelo impacto 
da ação do Estado através de suas políticas econômicas e sociais. Por esta razão, ela 
demanda políticas e programas próprios, que deem conta de suas especificidades, 
quais sejam, a divisão sexual do trabalho, o trabalho produtivo, improdutivo e 
reprodutivo, a família enquanto unidade de renda e consumo e forma de prestação de 
serviço em seu espaço peculiar que é o doméstico.” (KALOUSTIAN, 2011: 12). 
 
 Desta forma, as famílias e suas diversas configurações, assoladas pelas expressões da 
questão social, tornam-se objeto de intervenção do Serviço Social. 
Dentre os muitos desafios apresentados no cotidiano profissional dos Assistentes 
Sociais, encontra-se a atuação direcionada ao trabalho com as famílias. Como destacam 
Chistiano e Nunes (2016), “a família é a principal fonte de intervenção profissional do 
Assistente Social”. 
7 
 
O profissional tem como campo de atuação todas as configurações e refrações da 
família, perpassando pelas questões de gênero, raça, idade, aspectos socioculturais, classe 
social, entre outros. Diferente a outras categorias que geralmente tem sua atuação focalizada 
em determinados pontos ou atores da dinâmica familiar ou simplesmente os ignoram. 
No cotidiano profissional do assistente social, seja no âmbito da política de seguridade 
social (saúde, assistência e previdência) ou nos diversos outros espaços de ação profissional 
(terceiro setor, empresas, sociojurídico, educação) sempre estará presente à família. Seja qual 
for à intervenção e viabilização do direito, sempre haverá um indivíduo pertencente a uma 
família ou toda ela. 
Observar e compreender os contextos desta metamorfose chamada família, em vistas a 
não agir de forma equivocada em sua intervenção profissional, se faz imprescindível aos 
assistentes sociais, pois todos os desafios postos demandam empenho e qualificação 
profissional. Com isso estaremos em consonância com o Código de Ética Profissional, que 
nos seus princípios fundamentais nos adverte sobre o “compromisso com a qualidade dos 
serviços prestados à população e com o compromisso intelectual, na perspectiva da 
competência profissional”. (CFESS, 1993) 
O Código de Ética deve ser base estruturante para a atuação profissional. Ele fomenta 
uma ação ética e sedimentada pela pluralidade e imparcialidade no agir diante das diversaspossibilidades de arranjos familiares existentes. Neste sentido é importante se distanciar de 
interpretações objetivas e focalizadas a respeito das cenas familiares, ou melhor, permitir que 
o próprio usuário dos serviços nos conduza ao entendimento de sua especificidade familiar. 
Buscando a viabilização dos direitos sociais e individuais, o Assistente Social deve, 
também, pautar sua ação na articulação das redes de atendimentos do território e das 
demandas específicas das famílias, respeitando as particularidades e individualidades 
apresentadas, bem como perceber os limites e possibilidades institucionais. 
Como nos esclarece Carneiro e Costa (2011) 
“[...] o termo rede, em sua multiplicidade de significados, expressa um sentido 
instrumental, assim como, uma proposta de ação. Reflete um modo de 
funcionamento do social, em que as partes que a compõem se encadeiam, 
contribuindo da sua forma, a partir de suas atribuições e da sua capacidade de se 
conectar, construindo vínculos. Essas conexões dizem respeito a uma cultura de 
funcionamento, repartições de papeis, troca de informações, influências, 
conhecimento e disponibilidade.” (CARNEIRO,COSTA: 2011) 
 
8 
 
A pesquisa territorial e suas possibilidades de serviços devem compor o trabalho do 
Assistente Social, pois esta ação proporciona um instrumental rico para responder as 
demandas que se apresentam, rompendo as fronteiras institucionais, que em sua maioria não 
abarcam os recursos necessários para o pleno atendimento aos usuários. Construir estes 
vínculos é interessante e valoroso ao serviço prestado pelo Assistente Social. 
Nesse contexto vale destacar a ação multiprofissional
5
, que é um qualificador das 
ações em prol dos atendimentos aos usuários dos serviços, pois qualifica o exercício 
profissional por possibilitar a troca de saberes e experiências entre as categorias que compõem 
a equipe técnica. 
Neste trabalho multiprofissional, como nos refere Mioto (2004), a ação não se limita 
ao atendimento as famílias, também agrega a interlocução com as diversas categorias que 
integram os recursos humanos da instituição em que se atua na busca por romper com 
pensamentos retrógrados, preconceituosos e de cunho funcionalista. 
Em um estudo sobre a integração multiprofissional e interdisciplinar os autores 
comparam o trabalho multiprofissional com um mosaico ou caleidoscópico, na qual a junção 
dos saberes, cada qual com seu arcabouço teórico e suas experienciais profissionais, se 
interligam e refletem sobre um mesmo objeto onde, 
“[...] ambos se constituem de fragmentos, que juntos formam uma figura, mais ou 
menos clara, intensa, muitas vezes de uma beleza indescritível, como as figuras que 
se formam no caleidoscópio, surpreendentes. Assim, é o trabalho em equipe 
multiprofissional e interdisciplinar, vários fragmentos disciplinares, que se 
intercedem, emergindo subdisciplinas densas conceitualmente e especializadas em 
novos objetos, com novos métodos de investigação, novas perspectivas teóricas.” 
(Gelbcke, et. al., 2012: 32) 
 
Também é interessante destacar que no âmbito do espaço institucional, o profissional 
de Serviço Social vivencia a pressão por adequação das famílias aos modelos sociais 
hegemônicos, pré-estabelecidos e advindos das ideologias dos gestores das políticas públicas 
ou das instituições pelas quais são contratados. Contudo, ele deve estar atento ao Código de 
Ética que traz como dever do assistente social “contribuir para a alteração da correlação de 
forças institucionais, apoiando as legítimas demandas de interesse da população usuária”. 
(CFESS, 1993) 
 
5
 Relativo a muitas disciplinas e profissionais. Trabalho que deve ser desempenhado por vários profissionais. 
Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/multiprofissional/ 
9 
 
Outra questão a se observar é a burocratização do trabalho. Seja no acesso as políticas 
públicas ou nas rotinas institucionais, o trabalho burocrático permeia o cotidiano profissional 
das diversas instituições, principalmente os espaços da administração pública, maior 
empregador de Assistentes Sociais. 
Como nos diz Brandão (2009): 
“A intervenção profissional nas organizações burocráticas já nasce submetida a 
todos os trâmites da hierarquia, controle e dominação, girando em função da 
obediência e do cumprimento de regras, porquanto as circunstâncias contribuem 
para que seja mais fácil se adaptar a elas do que agir criativamente transformando a 
realidade. A intervenção profissional nas organizações burocráticas está 
condicionada, na maioria das vezes, à adaptação do profissional ao modo de controle 
social nela existente” (BRANDÃO: 2009) 
 Por vezes esta burocracia se torna um entrave para o acesso aos bens e serviço por 
parte dos usuários dos serviços sociais. Bem sabemos que questões de ordem administrativas 
são necessárias, porém, é preciso um olhar crítico e reflexivo sobre as necessidades reais dos 
trâmites administrativos para que as funcionalidades do trabalho não se tornem um obstáculo 
e sim um instrumento para a viabilização do direito. 
Por fim, devemos propor a emancipação e o empoderamento a estas famílias a fim de 
distanciá-las do estigma da responsabilização e culpabilização, reflexo do processo de 
exclusão a que são submetidas, visando sua cidadania plena. 
 
4 - Considerações Finais 
Entendemos que não nos é possível delimitar ou definir o que é família de forma prática, visto 
que essa questão não pode ser entendida como algo engessado ou linear. É preciso ir além do 
simples olhar voltado para quantidade de pessoas que compõe o núcleo familiar ou para um 
modelo clássico, outrora hegemônico. Torna-se necessário penetrar na função desempenhada 
por cada um dos componentes da família. Perceber como se dão as relações afetivas, como 
são construídas as bases que sustentam os vínculos familiares e sociais, bem como, as 
transformações sofridas ao longo da história. A compreensão dessa engrenagem possibilita ao 
Serviço Social uma inserção racionalizada no cotidiano das dinâmicas familiares visando uma 
ação que considere o significado amplo de família e o entendimento de que essa instituição 
está integralmente estabelecida no seu fazer profissional. Concluímos que a família em sua 
trajetória histórica se reinventou e se adaptou a evolução social, humana e cultural, tornando 
sua conceituação complexa, não objetiva e em constante metamorfose. Paralelo a esse 
10 
 
processo histórico temos o Serviço Social, que ao atuar na viabilização dos direitos sociais, 
contribuem para a efetivação das políticas públicas, favorecendo o desenvolvimento social 
das famílias. 
11 
 
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