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Psicologia da Saúde: Perspectiva Histórica Preocupações com a saúde Esforços para curar doenças são tão antigos quanto o próprio homem Cada civilização trata e tratava a doença de formas diferentes As formas de ver a saúde e a doença também mudam ao longo da história Modelos explicativos foram criados nas diferentes civilizações, ao longo do tempo 2 Evolução histórica dos conceitos de saúde e doença Medicina pré-histórica Doença = possessão por espíritos malignos Tratamentos Rituais de feitiçaria Danças Purificação da alma através de sacrifícios e orações Exorcismo Trepanação Higiene – Egito (Rituais de limpeza) e Mesopotâmia (sabão) Relação mente/corpo: unidade indivisível 3 Trepanação Origem – 40.000 anos atrás – Sec. XVII na Europa - Rituais mágicos e religiosos - Curandeirismo - Condições médicas legítimas Atualmente – Drenar hematomas e inserir cateter cerebral 4 Medicina Grega e Romana Tentativa de superar o modelo sobrenatural, utilizando uma base racional e a observação empírica dos doentes Avanços em saúde pública e saneamento (Cloaca Maxima - Roma) 5 Conceito de Patógenos (ar contaminado e os humores do corpo) Tratamentos: Flebotomia Enemas Banhos Medicina grega - Asclépio e seus filhos Panaceia, deusa da cura de todos os males Hígia (ou Higeia), deusa da preservação da saúde Iaso, deusa dos remédios e dos modos de cura Aceso, deusa do processo de cura Égle, deusa do resplendor saudável Telésforo, deus da convalescença ou da recuperação Macaão e Podalírio, médicos lendários divinizados Asclépio ou Esculápio (Deus da Cura) Filho de Apolo e da mortal Coronis Discípulo de Quiron (centauro, filho adotivo do Deus Apolo) 6 Grécia Antiga (séc. VI e V a.C) Teoria Humoral: saúde é o equilíbrio entre os fluidos corporais: sangue, bile amarela, bile negra e fleuma Hipócrates (460-370 a.C) (“pai da medicina moderna”) base da medicina ocidental Primum non nocere Chama a atenção para o papel dos hábitos pessoais e das emoções no processo de saúde e doença Concepção holística da pessoa Importância da qualidade da relação médico-doente Propõe princípios éticos para a prática da medicina Rejeita explicação sobrenatural (espíritos malignos) Até quando foi aceita esta teoria? 7 Sangue Ar Coração Linfa Água Cérebro Bílis amarela Fogo Fígado Bílis Negra Terra Baço 8 suscetibilidade à epilepsia, angina, disenteria e artrite. Dores de cabeça, resfriados e acidentes vasculares cerebrais úlceras na boca, icterícia e distúrbios estomacais. úlceras e hepatite Juramento de Hipócrates Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade. Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos. Exercerei a minha arte com consciência e dignidade. A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação. Mesmo após a morte do doente respeitarei os segredos que me tiver confiado. Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica. Os meus Colegas serão meus irmãos. Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente. Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade. Faço estas promessas solenemente, livremente e sob a minha honra. FÓRMULA DE GENEBRA, adotado pela Associação Médica Mundial, em 1983. 9 Evolução histórica dos conceitos de saúde e doença Medicina Grega e Romana Roma Antiga (200 a.C) Os gregos migram para Roma e alteram a profissão médica, antes dominada pelo modelo sobrenatural Grandes obras de higiene pública Desenvolvimento do pensamento racional e filosófico, a partir das concepções naturalistas do mundo: novo rumo para o conhecimento científico O papel do médico é ajudar o organismo no processo natural de cura: dieta e evitar excessos Galeno (129 a 200 d.C): conceito anatômico da doença, baseado na dissecação de animais disposições falsas Doenças classificadas em: dos tecidos, dos humores e dos órgãos Elaboração de um sistema farmacológico (princípios complementares) 10 Medicina Oriental 11 Sistema de mais de 2 mil anos Baseada no princípio de harmonia interna e da energia vital (Chi), ou força da vida, que oscila com as mudanças no bem-estar mental, físico e emocional de cada pessoa Acupuntura Terapia com ervas Meditação Ayurveda – o mais antigo sistema médico conhecido no mundo (século IV a.C – Índia) Evolução histórica dos conceitos de saúde e doença Idade Média (476 – 1450) Retorno ao modelo sobrenatural e moral Forte influência da Igreja Católica O ser humano e os animais, por possuírem alma, não podiam ser objeto de investigação científica Corpo era sagrado e não podia ser dissecado Doenças = castigo por uma conduta moralmente reprovável Epidemias = ira de Deus Tratamento exorcismo, feitiçaria, demonologia, sacerdotes, tortura Poucos avanços científicos 12 Evolução histórica dos conceitos de saúde e doença Renascença (final do séc. XV) Ressurge a investigação científica e revitaliza o estudo da anatomia e da prática médica (modelo naturalista – Ex. Versalius)) Doença – resultado de causas exteriores e com um local específico no corpo Descartes conceitua o corpo humano como uma máquina Dualismo (mente-corpo) doença mal funcionamento da máquina o médico aquele que conserta Dualismo cartesiano: mente e corpo separados Esforço para romper com o misticismo Mente – religião e filosofia Corpo – medicina 13 Evolução histórica dos conceitos de saúde e doença Racionalismo da pós-Renascença Foco exclusivo nas causas biológicas das doenças Teoria anatômica: as origens de certas doenças são encontras nos órgãos internos, na musculatura e no sistema esquelético Giovanni Morgagni Ubi est morbus (onde está a doença) Evolução rápida da ciência e da medicina – termômetro (1592), microscópio(1590) e descoberta das células Doença como perturbação localizada num órgão particular médico deve identificar a lesão específica 14 Evolução histórica dos conceitos de saúde e doença Medicina no Século XIX Pasteur: inexistência da geração espontânea (1862) e a teoria dos germes (bactérias, vírus e micro-organismos) Robert Koch - Teoria da especificidade: bactérias e vírus e outros microorganismos invadem as células e fazem com que funcionem de maneira imprópria (1 germe 1 doença) Vacinas Rudolf Virchow - Teoria celular: a célula é a unidade básica da saúde, da doença e da própria vida. A doença resultaria do funcionamento incorreto ou da morte das células corporais. Também incorporou aspectos ambientais, profissionais e econômicos. 15 Evolução histórica dos conceitos de saúde e doença Medicina no Século XX e o início da nova era Explosão no saber e nas técnicas Orientação biológica e físico-química Primeira metade Utilização do raio X Desenvolvimento de vacinas Identificação dos 4 grupos sanguíneos – transfusão de sangue Desenvolvimento da farmacologia Descoberta da penicilina, da insulina, das vitaminas Descoberta dos hormônios 16 Evolução histórica dos conceitos de saúde e doença Segunda metade do séc. XX Continuidade do desenvolvimento Ênfase ainda na dimensão biológica (fisiologia e anatomia) Nasce o MODELO BIOMÉDICO Maior especialização e tecnologia Transplantes - Ressonância magnética Novas vacinas - Pílula anticoncepcional Desenvolvimento da genética - Tratamento químico das doenças mentais Desenvolvimento na bioquímica e - Técnicas de respiração, na imunologia alimentação e circulação artificiais 17 O surgimento da Psicologia da Saúde Déc. 70 Divisão 38 da APA. Objetivos: Estudar de forma científica as causas e origens psicológicas, comportamentais e sociais de determinadas doenças Promover a saúde: comportamentos saudáveis Prevenire tratar doenças – eliminar hábitos nocivos Promover políticas de saúde e o aprimoramento do sistema de saúde pública 18 Psicologia da Saúde 19 Fatores para o aumento dos psicólogos da saúde (Marks & cols., 2000) Aumento da expectativa de vida Crescimento de doenças determinadas pelo comportamento (fatores de risco) Responsabilidade do indivíduo pela própria saúde (estilo de vida) Descontentamento com o modelo biomédico (altos custos, problemas de comunicação, ineficiência, baixa satisfação) Evidências da importância das dimensões psicológicas e sociais (efeito placebo e nocebo) Aumento nos custos do atendimento em saúde importância da promoção de saúde e da prevenção Definição de saúde “A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade” (OMS, 1946) Utópica, mas deve ser encarada como um ‘alvo pelo qual vale a pena lutar’ (Marks & cols., 2000) Elementos não incluídos na definição Saúde é a convivência com características físicas, culturais, psicossociais, econômicas e espirituais, não apenas a ausência de doenças (Marks & cols., 2000) 20 Inserção do Psicólogo no Hospital Geral ANOS 60 - Os primeiros psicólogos inseridos no hospital não tinham clareza sobre seu papel Reproduziram as práticas do consultório (Psicologia Clínica) CRÍTICA O modelo de psicoterapia não é suficiente no contexto de saúde Intervenção individual não supre a demanda Falta de pesquisas com dados empíricos 21 Psicologia da Saúde como campo Interdisciplinar Psicologia da Saúde Antropologia médica Sociologia médica Ética médica Política social Economia da saúde Epidemiologia Medicina Cirurgia Odontologia 22 Perspectivas em Psicologia da Saúde Perspectiva do curso da vida + Perspectiva sociocultural + Perspectiva de gênero Perspectiva biopsicossocial 23 Contribuições da Psicologia da Saúde Melhoria do bem-estar psicológico e da qualidade de vida Redução de internações hospitalares Diminuição da utilização de medicamentos Utilização mais adequada dos serviços e recursos de saúde Melhoria das relações entre os técnicos e os usuários Melhoria das relações inter-profissionais Promover a utilização mais adequada dos serviços e recursos de saúde 24 Formação do Psicólogo da Saúde Pós-graduação strictu sensu profissionais com competência para ensino e pesquisa Mestrado Doutorado Especialização, residência treinamento em serviço aspectos da prática profissional compreensão aprofundada do sistema de saúde Exposição contínua a modelos experientes CAMPO NOVO E DE CRESCIMENTO ACELERADO A área é promissora e continuará em evolução; os profissionais deverão receber formação adequada 25 Histórico, Perspectivas e Desafios Psicologia da Saúde no Brasil 26 Particularidades do Brasil Versatilidade do profissional ações de saúde que respondam a demandas sócio-sanitárias extremamente distintas Sebastiani, 2003 27 Saúde e América Latina Quadro de saúde de um país fatores sociais e econômicos América Latina mosaico multiétnico de aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais específicos Superpopulação Pobreza Baixo nível educacional Deterioração ambiental Precárias condições de saneamento básico Desnutrição e enfermidades infecto-contagiosas típicas + enfermidades crônico-degenerativas Sebastiani, 2003 28 Os primeiros cursos incluídos na graduação com cátedras optativas ou em regime de extensão universitária são implantados entre 1978 e 80, sendo estruturados os primeiros núcleos de formação em Psicologia Hospitalar com estágio supervisionado nesse período Histórico no Brasil Déc. 50 Mathilde Neder Ortopedia (1952) Reabilitação (1957) - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Déc. 60 Psicologia é reconhecida oficialmente como profissão no Brasil expansão de várias iniciativas de psicólogos em hospitais gerais Déc. 70 desenvolvimento da formação em graduação e pós-graduação, implementação de práticas, publicações científicas e fomento a encontros científicos de caráter nacional e regional Déc. 80 Residência Médica (USP), Regulamentação da Residência em Psicologia (CFP n. 015/2007) 29 Algumas referências na área Thereza Mettel João Cláudio Todorov Suely Guimarães Eliane Seidl M. Julia Kovács V. A. Angerami-Camon 30 Modelo de Saúde centrado na Instituição Hospitalar (...) modelo que prioriza as ações de saúde via atenção secundária (modelo clínico/assistencialista) e temos, por conseqüência, uma cisão das outras ações ligadas à saúde coletiva, que marginalizam, até os dias de hoje, os investimentos e trabalhos em Saúde Pública e a valorização do enfoque Epidemiológico (modelo sanitarista) (Sebastiani, 2003). 31 Diferenças – prática clínica* 1. INSTITUIÇÃO PERMEANDO A ATUAÇÃO 2. PSICOLOGIA É AINDA POUCO PREVISTA NO HOSPITAL GERAL 3. OBRIGATORIAMENTE MULTIPROFISSIONAL 4. DINÂMICA DE TRABALHO COM MULTIPLICIDADE DE SOLICITAÇÕES 5. AMBIENTE DE AÇÃO ABERTO E VARIÁVEL 6. TEMPO IMPONDO LIMITES 7. SOBREPOSIÇÃO DO SOFRIMENTO ORGANO-PSÍQUICO 8. ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO OPÇÃO 9. FOCAL E EMERGENCIAL 10. PREDOMINANTEMENTE EGÓICA 11. MORTE E O MORRER ROTINA DE TRABALHO 12. VISÃO MULTIFATORIAL 13. ABRANGÊNCIA MAIOR DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 14. POSSIBILIDADES MÚLTIPLAS DE INTERVENÇÃO: PACIENTE - FAMÍLIA - EQUIPE - INSTITUIÇÃO (* Adaptado de Sebastiani, 2003) 32 Perspectivas Futuras (Gorayeb, 2010) Disciplinas na graduação Programas de Formação em Pós-Graduação Desenvolvimento de instrumentos de avaliação Papel das sociedades científicas (SBP, SBPO, SBPH) Proximidade dos Conselhos Crescimento de publicações científicas 33 Fontes interessantes 34 American Psychological Association - www.apa.org.br – Divisão 38 - https://societyforhealthpsychology.org/ Portal do Conselho Federal de Psicologia - http://site.cfp.org.br/ Sociedade Brasileira de Psico-oncologia - http://www.sbpo.com.br/ e revista (Revista da SBPH ) Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde – http://www.sp-ps.com/ Sociedade Brasileira de Psicologia hospitalar - http://www.sbph.org.br Revistas Brasileiras 35 Psicologia e saúde - http://www.gpec.ucdb.br/pssa/index.php/pssa/index Mudanças – Programa de pós-graduação em Psicologia da Saúde - https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/MUD Psicologia Hospitalar - 24 números Revista do hospital das clínicas - http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0041-8781&lng=pt&nrm=iso Otras Cadernos Brasileiros de Saúde Mental - 1 número SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas - 34 números Salud & Sociedad: investigaciones en psicologia de la salud y psicologia social - 7 números Saúde & Transformação Social - 4 números Outras revistas 36 Outras: Cadernos Saúde Coletiva - 20 números Cadernos de Saúde Pública - 284 números Ciência & Saúde Coletiva - 150 números História, Ciências, Saúde-Manguinhos - 103 números Interface - Comunicação, Saúde, Educação - 69 números Physis: Revista de Saúde Coletiva - 72 números Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil - 72 números Revista Brasileira de Saúde Ocupacional - 30 números Revista de Saúde Pública - 284 números Saúde e Sociedade - 79 números Saúde em Debate - 28 números Alguns exemplos de pesquisas atuais 37 Depressão na Gestação e no Pós-Parto e a Responsividade Materna Nesse Contexto Estratégias de Enfrentamento e Otimismo de Crianças com Câncer e Crianças Sem Câncer Processos Terapêuticos no Tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar: Revisão Integrativa Mães em contexto de cárcere: ambiente, práticas de cuidado e conhecimentos sobre desenvolvimento Perfil e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças beneficiárias e não beneficiárias do Programa Bolsa FamíliaEfeito de uma intervenção multidisciplinar educacional em grupo no estresse de pacientes hipertensos As reações psicológicas dos pais frente à hospitalização do bebê prematuro na UTI neonatal Prática e inserção do psicólogo em instituições hospitalares no Brasil: revisão da literatura Revistas Internacionais 38 Journal of health psychology - http://hpq.sagepub.com/ American Journal of Community Psychology - http://www.springer.com/psychology/community+psychology/journal/10464 British Journal of Health Psychology – http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)2044-8287 Health Psychology – APA - http://www.apa.org/pubs/journals/hea/index.aspx European Health Psychology Society - http://www.ehps.net/
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