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Livro Eletrônico Aula 08 Noções de Direito Penal p/ PC-DF 2018 (Escrivão) Renan Araujo, Time Renan Araujo 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo AULA 08: CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONçRIO PòBLICO CONTRA A ADMINISTRAÌO EM GERAL. SUMçRIO 1 CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONçRIO PòBLICO CONTRA A ADMINISTRAÌO EM GERAL .................................................................................................................... 2 1.1 Peculato ........................................................................................................... 4 1.2 Insero de dados falsos em sistema de informaes e modificao ou alterao no autorizada de sistema de informaes ............................................................................... 9 1.3 Extravio, sonegao ou inutilizao de livro ou documento .................................... 11 1.4 Emprego irregular de verbas ou rendas pblicas .................................................. 11 1.5 Concusso ...................................................................................................... 12 1.6 Excesso de exao .......................................................................................... 14 1.7 Corrupo passiva ........................................................................................... 15 1.8 Facilitao de contrabando ou descaminho .......................................................... 16 1.9 Prevaricao, prevaricao imprpria e condescendncia criminosa ........................ 18 1.10 Advocacia administrativa .................................................................................. 20 1.11 Violncia arbitrria .......................................................................................... 21 1.12 Abandono de funo ........................................................................................ 22 1.13 Exerccio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado ..................................... 23 1.14 Violao de sigilo profissional ............................................................................ 24 2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 26 3 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 29 3.1 Smulas do STJ .............................................................................................. 29 4 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ........................................................................... 29 5 RESUMO .............................................................................................................. 31 6 EXERCêCIOS PARA PRATICAR ............................................................................. 34 7 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 49 8 GABARITO .......................................................................................................... 80 Ol, meus amigos! Na aula de hoje vamos iniciar o estudo dos crimes contra a administrao pblica, analisando o primeiro grupo destes crimes, que so os crimes praticados por funcionrio pblico contra a administrao em geral. Muita ateno aos crimes de peculato, concusso, corrupo passiva e prevaricao. So os mais importantes! Bons estudos! Prof. Renan Araujo 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo 1! CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONçRIO PòBLICO CONTRA A ADMINISTRAÌO EM GERAL Os crimes praticados por funcionrio pblico contra a administrao em geral so espcies do gnero ÒCrimes contra a administrao pblicaÓ, e encontram-se regulamentados no Captulo I do Ttulo XI (Crimes contra a administrao pblica) do CP. Trata-se de crimes funcionais, ou seja, devem ser praticados por funcionrio pblico1. Os crimes funcionais dividem-se em crimes funcionais prprios (puros) ou imprprios (impuros) (GRAVEM ISSO POIS SERç IMPORTANTE MAIS Ë FRENTE!). Nos crimes funcionais prprios (puros), ausente a condio de Òfuncionrio pblicoÓ ao agente, a conduta passa a ser considerada a um indiferente penal2 (atipicidade absoluta). Exemplo: No crime de prevaricao (art. 319 do CP), se o agente no for funcionrio pblico, no h prtica de qualquer infrao penal. No entanto, nos crimes funcionais imprprios (impuros), faltando a condio de Òfuncionrio pblicoÓ ao agente, a conduta no ser um indiferente penal, deixar apenas de ser considerada crime funcional, sendo desclassificada para outro delito (atipicidade relativa). Imaginem o crime de peculato-furto (art. 312, ¤ 1¡ do CP). Nesse crime, o agente deve ser funcionrio pblico. No entanto, se lhe faltar esta condio, sua conduta no ser atpica, deixar apenas de ser considerada peculato-furto, passando a ser classificada como furto (art. 155 do CP). O conceito de funcionrio pblico para fins penais est no art. 327 do CP: Art. 327 - Considera-se funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica. ¤ 1¼ - Equipara-se a funcionrio pblico quem exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servio contratada ou conveniada para a execuo de atividade tpica da Administrao Pblica. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) ¤ 2¼ - A pena ser aumentada da tera parte quando os autores dos crimes previstos neste Captulo forem ocupantes de cargos em comisso ou de funo de direo ou assessoramento de rgo da administrao direta, sociedade de economia mista, empresa pblica ou fundao instituda pelo poder pblico. (Includo pela Lei n¼ 6.799, de 1980) Assim, podemos perceber que o conceito de funcionrio pblico utilizado pelo CP bem diferente do conceito que se tem no Direito Administrativo. L, funcionrios pblicos so apenas aqueles detentores de cargo pblico efetivo. 1 DOTTI, Ren Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. So Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012, p. 470 2 CUNHA, Rogrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edio. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 708 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Aqui, o conceito abrange, ainda, os empregados pblicos, estagirios, mesrios da Justia Eleitoral, Jurados, etc. Entretanto, no confundam Òfuno pblicaÓ com mnus pblico. A Doutrina entende que aqueles que exercem um mnus pblico no so considerados funcionrios pblicos. Assim, os tutores, os curadores dativos, os inventariantes judiciais NÌO SÌO CONSIDERADOS FUNCIONçRIOS PòBLICOS pela maioria esmagadora da Doutrina.3 O ¤ 1¡ estabelece que se considera funcionrio pblico por equiparao que exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal4 ou empresa contratada para execuo de atividade tpica da administrao pblica.5 Tal equiparao no abrange os funcionrios de empresas contratadas para exercer atividades atpicas da administrao pblica (empresa contratada eventualmente para realizao de um coquetel para recepo de uma autoridade estrangeira, por exemplo6).O ¤ 2¡ prev uma majorante (causa de aumento de pena), caso o funcionrio pblico seja ocupante de cargo em comisso ou Funo de Direo e Assessoramento na administrao pbica. Contudo, o legislador no incluiu as autarquias no ¤2¼ do art. 327, de forma que tal majorante no se aplica aos funcionrios destas entidades.7 A maioria da Doutrina, bem como o STF8, entende que esta majorante tambm se aplica aos agentes polticos, detentores de cargo eletivo (prefeitos, governadores, etc.), por entender que se trata de uma interpretao lgica do artigo. Uma minoria, no entanto, defende no ser extensvel a majorante aos detentores de cargos polticos.9 3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte especial. Volume 5. Ed. Saraiva, 9¼ edio. So Paulo, 2015, p. 189 4 O conceito de "paraestatal" para fins penais tortuoso. Alguns doutrinadores se limitam a utilizar a expresso como sinnimo de administrao indireta, como Rogrio Greco e Jos Paulo Baltazar Jnior, por exemplo. Outros, como Czar Roberto Bitencourt, so mais especficos (e corretos), entendendo que esta expresso corresponde s entidades que no fazem parte da administrao pblica (da porque so PARAestatais), mas que desempenham servios de utilidade pblica, como o Òsistema SÓ (SESI, SESC, SENAI, etc.). O STJ, ao que parece, vem se filiando segunda corrente. H decises entendendo que at mesmo as OSCIPs so entidades paraestatais para fins penais (Ver, por todos, REsp 1519662/DF). 5 EXEMPLO: Os mdicos de Hospital particular conveniado ao SUS, quando esto atendendo pacientes pelo SUS. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 189/190 6 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 711 7 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 191 8 Inq. 1769-PA 9 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 711 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo 1.1!Peculato O peculato pode ser praticado de diversas maneiras: a) peculato- apropriao e peculato-desvio (art. 312 do CP); b) peculato-furto (art. 312, ¤ 1¡ do CP); c) peculato culposo (art. 312, ¤ 2¡ do CP); d) peculato mediante erro de outrem (art. 313 do CP); O peculato-apropriao e o peculato-desvio so faces do crime de peculato comum, estabelecido no art. 312 do CP: Art. 312 - Apropriar-se o funcionrio pblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo, ou desvi-lo, em proveito prprio ou alheio: Pena - recluso, de dois a doze anos, e multa. Como vimos, necessrio que o agente seja funcionrio pblico, mas nada impede que haja concurso de pessoas com um particular, desde que este saiba da condio de funcionrio pblico do agente. Trata-se, portanto, de crime prprio. No necessrio que o dinheiro ou outro bem mvel apropriado ou desviado seja pblico, podendo ser particular10, desde que lhe tenha sido entregue em razo da funo. o caso, por exemplo, do funcionrio que tem a guarda de um veculo que se encontra em um depsito pblico. O sujeito passivo ser sempre o Estado, embora possa ser tambm o particular, caso se trate de bem particular o objeto material do crime. ATENÌO! O conceito de ÒdesvioÓ polmico na Doutrina. H quem entenda que necessrio que o bem, valor ou coisa seja desviado para o PATRIMïNIO de algum (do agente ou de terceiros). Seria o chamado animus rem sibi habendi. Outra parcela doutrinria entende que o termo ÒdesviarÓ est sendo utilizado no sentido de Òdar destinao diversa da que deveriaÓ e, neste caso, o mero USO INDEVIDO do bem, valor ou coisa, j caracterizaria o delito. Ex.: Jos utiliza um veculo pertencente ao rgo pblico em que trabalha para levar sua esposa ao cinema. Esta mesma situao pode gerar consequncias distintas no campo penal, a depender da corrente doutrinria adotada. 1¼ corrente Ð No h peculato, pois o bem no foi desviado para o patrimnio de Jos (Para esta corrente, Jos deveria pretender tomar para si o bem, ou seja, ficar com ele). 10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 44 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo 2¼ corrente Ð H peculato, pois Jos DESVIOU o bem pblico de sua finalidade (a finalidade seria a utilizao em prol do servio, e no para levar sua esposa ao cinema, finalidade meramente particular). JURISPRUDæNCIA Ð O STJ, at o momento, adota a primeira corrente.11 O STF j decidiu adotando a primeira corrente (que majoritria12), ao argumento de que esta conduta configuraria mero Òpeculato de usoÓ (HC 108.433). Entretanto, mais recentemente, o STF adotou entendimento contrrio, ou seja, aderiu segunda corrente. Vejamos: (...) O peculato desvio caracteriza-se na hiptese em que terceiro recebe armas emprestadas pelo juiz, depositrio fiel dos instrumentos do crime, acautelados ao magistrado para fins penais, enquadrando-se no conceito de funcionrio pblico. 2. In casu, Juiz Federal detinha em seu poder duas pistolas apreendidas no curso de processo-crime em tramitao perante a Vara da qual era titular. Ao entregar os armamentos a policial federal desviou bem de que tinha posse em razo da funo em proveito deste, emprestando-lhe finalidade diversa da pretendida ao assumir a funo de depositrio fiel. 3. O artigo 312 do Cdigo Penal dispe: ÒArt. 312 - Apropriar-se o funcionrio pblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo, ou desvi-lo, em proveito prprio ou alheio: Pena - recluso, de dois a doze anos, e multaÓ. 4. cedio que Òo verbo ncleo desviar tem o significado, nesse dispositivo legal, de alterar o destino natural do objeto material ou dar-lhe outro encaminhamento, ou, em outros termos no peculato-desvio o funcionrio pblico d ao objeto material aplicao diversa da que lhe foi determinada, em benefcio prprio ou de outrem. Nessa figura no h o propsito de apropriar-se, que identificado como animus rem sibi habendi, podendo ser caracterizado o desvio proibido pelo tipo, com simples uso irregular da coisa pblica, objeto material do peculato.Ó (BITTENCOURT, Cezar. Tratado de direito penal. v. 5. Saraiva, So Paulo: 2013, 7» Ed. p. 47). 3. possvel a atribuio do conceito de funcionrio pblico contida no artigo 327 do Cdigo Penal a Juiz Federal. que a funo jurisdicional funo pblica, pois consiste atividade privativa do Estado-Juiz, sistematizada pela Constituio e normas processuais respectivas. Consequentemente, aquele que atua na prestao jurisdicional ou a pretexto de exerc-la funcionrio pblico para fins penais. Precedente: (RHC 110.432, Relator Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18/12/2012). 4. A via estreita do Habeas Corpus no se preza discusso acerca da valorao da prova produzida em ao penal. que, nos termos da Constituio esta ao se destina a afastar restrio liberdade de locomoo por ilegalidade ou por abuso de poder. 5. Recurso desprovido. (RHC 103559, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 19/08/2014, ACîRDÌO ELETRïNICO DJe-190 DIVULG 29-09-2014 PUBLIC 30-09-2014) O que fazer? difcil dar um ÒnorteÓ infalvel, pois o Direito no uma cincia exata, mas acredito que apesar do precedente recente, a jurisprudncia e a doutrina majoritrias ainda adotam o primeiro entendimento. Vamos aguardar cenas dos prximoscaptulos... 11 HC 94.168/MG 12 Ver, por todos, BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 49 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Importante lembrar que para que possamos falar em peculato de uso necessrio que estejamos diante de bem INFUNGêVEL (que no pode ser substitudo por outro da mesma espcie, qualidade e quantidade) e NÌO CONSUMêVEL (cujo uso importa em destruio IMEDIATA da sua prpria substncia). Assim, no existe Òpeculato de usoÓ de dinheiro, por exemplo, por ser bem fungvel. CUIDADO! Se o agente pblico em questo for um PREFEITO (ou quem esteja atuando em substituio a ele), no haver qualquer dvida, a conduta ser crime! Isto porque h previso especfica no DL 201/67 (art. 1¼, II e ¤1¼). O peculato-furto (tambm chamado de peculato imprprio) caracteriza-se no pela apropriao ou desvio de um bem que fora confiado ao agente em razo do cargo, mas da subtrao de um bem que estava sob guarda da administrao. Nos termos do art. 312, ¤ 1¡ do CP: ¤ 1¼ - Aplica-se a mesma pena, se o funcionrio pblico, embora no tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtrado, em proveito prprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionrio. Nesse crime o agente no possui a guarda do bem, praticando verdadeiro furto, que, em razo das circunstncias (ser o agente funcionrio pblico e valer- se desta condio para subtrair o bem), caracteriza-se como o crime de peculato- furto. BEM JURêDICO TUTELADO O patrimnio da administrao pblica ou do particular lesado pela subtrao do bem. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. No entanto, plenamente possvel o concurso de pessoas, respondendo tambm o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica, e eventual particular proprietrio do bem subtrado, se for bem particular. TIPO OBJETIVO A conduta prevista a de subtrair o bem ou valor, ou concorrer para sua subtrao. Exige-se que o funcionrio pblico se valha de alguma facilidade proporcionada pela sua condio de funcionrio pblico. TIPO SUBJETIVO Dolo. A forma culposa est prevista no ¤ 2¡ do art. 312. 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente adquire a posse do bem mediante a subtrao. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). plenamente possvel, portanto, que o agente inicie a execuo, adentrando repartio pblica, por exemplo, e seja surpreendido pelos seguranas. Nesse caso, o crime ser tentado. O peculato culposo, por sua vez, est previsto no art. 312, ¤ 2¡ do CP: ¤ 2¼ - Se o funcionrio concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - deteno, de trs meses a um ano. Essa modalidade culposa se verifica quando o agente, sem ter a inteno de participar do crime funcional praticado por outro funcionrio, acaba, em razo do seu descuido, colaborando para isso. 13 EXEMPLO: Jos, funcionrio pblico, ao final do expediente, deixa o notebook pertencente ao rgo sobre a mesa, e no tranca a porta. Paulo, outro funcionrio, que trabalha no mesmo rgo, aproveita-se da facilidade encontrada (porta aberta) e subtrai o notebook. Neste caso, Paulo praticou o crime de peculato-furto, e Jos responder pelo crime de peculato culposo. ⇒!Mas, e se o funcionrio pblico contribui culposamente para a prtica de um crime praticado por um estranho, algum que no funcionrio pblico? Neste caso, h divergncia doutrinria. Parte da Doutrina entende que o funcionrio pblico no responde por peculato culposo (que s se configuraria quando o agente contribusse culposamente para o peculato praticado por outro funcionrio). Outra parcela da Doutrina sustenta que mesmo neste caso haver peculato culposo. EXEMPLO: Jos, funcionrio pblico, durante seu horrio de almoo, deixa o celular funcional (pertencente ao rgo pblico) sobre o balco de atendimento, e sai para comer. Pedro, um particular que estava no local esperando atendimento, se aproveita da situao e furta o celular. Neste caso, parte da Doutrina entende que h peculato culposo por parte de Jos, e outra parte entende que no, pois o crime praticado por Pedro (o particular) no foi um peculato (e sim um simples furto). O que decidir na prova objetiva? Apesar de a doutrina levemente majoritria entender que no h peculato culposo neste caso, as Bancas parecem 13 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 49/50 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo ignorar tal fato, havendo histrico de cobrana de questes nas quais se entendeu que, mesmo neste caso, haveria peculato culposo. O CP estabelece, ainda, que no caso do crime culposo (somente neste!), se o agente reparar o dano antes de proferida a sentena irrecorrvel (ou seja, antes do trnsito em julgado), estar extinta a punibilidade. Caso o agente repare o dano aps o trnsito em julgado, a pena ser reduzida pela metade ( metade, e no ÒatÓ a metade!). Nos termos do art. 312, ¤ 3¡: ¤ 3¼ - No caso do pargrafo anterior, a reparao do dano, se precede sentena irrecorrvel, extingue a punibilidade; se lhe posterior, reduz de metade a pena imposta. MUITO CUIDADO! A reparao do dano s gera estes efeitos no peculato culposo, no nas suas demais modalidades! O peculato por erro de outrem uma modalidade muito assemelhada ao peculato-apropriao. No entanto, nessa modalidade, o agente recebe o bem ou valor em razo de erro de outra pessoa. o que dispe o art. 313 do CP: Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerccio do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa. ATENÌO! Este delito tambm conhecido como Òpeculato-estelionatoÓ, pois o agente mantm em erro o particular. Porm, se tivssemos que traar um paralelo com os crimes comuns, este delito se parece mais com o do art. 169, caput, do CP (apropriao de coisa havida por erro). BEM JURêDICO TUTELADO O patrimnio e a moralidade da administrao pblica. Se houver particular lesado pela conduta, ser sujeito passivo secundrio. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. No entanto, plenamente possvel o concurso de pessoas, respondendo tambm o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica, e eventual particular proprietrio do bem apropriado, se for bem particular. TIPO OBJETIVO A conduta prevista a de se apropriar de bem recebido por erro de outrem. Exige-se que o funcionrio pblico se valha de alguma facilidade proporcionada pela sua condio de funcionrio pblico. 61316884600 - Flavio Santos Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Essa facilidade pode ser o simples exerccio de sua atividade funcional. CUIDADO! A Doutrina entende que se o erro foi provocado dolosamente pelo funcionrio pblico, com o intuito de enganar o particular, ele dever responder pelo delito de estelionato.14 TIPO SUBJETIVO Dolo. O dolo no precisa existir no momento em que o agente recebe a coisa, mas deve existir quando, depois de recebida a coisa, o agente resolve se apropriar desta, sabendo que ela foi parar em suas mos em razo do erro daquele que a entregou. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente altera seu ÒanimusÓ, passando a comportar-se como dono da coisa apropriada, sem inteno de devoluo. A Doutrina admite a tentativa, embora seja de difcil caracterizao. 1.2!Insero de dados falsos em sistema de informaes e modificao ou alterao no autorizada de sistema de informaes Parte da Doutrina chama o delito do art. 313-A de Òpeculato eletrnicoÓ15, embora esta nomenclatura no seja unnime. Foram acrescentados ao CP pela Lei 9.983/00, que acrescentou os arts. 313-A e 313-B ao CP: Insero de dados falsos em sistema de informaes (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionrio autorizado, a insero de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administrao Pblica com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Pena - recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Modificao ou alterao no autorizada de sistema de informaes (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionrio, sistema de informaes ou programa de informtica sem autorizao ou solicitao de autoridade competente: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Pena - deteno, de 3 (trs) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 14 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 63 15 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 721 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Pargrafo nico. As penas so aumentadas de um tero at a metade se da modificao ou alterao resulta dano para a Administrao Pblica ou para o administrado.(Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) BEM JURêDICO TUTELADO O patrimnio da administrao pblica. Se houver particular lesado pela conduta, ser sujeito passivo secundrio. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. No primeiro caso, a lei exige, ainda, que seja o funcionrio pblico autorizado a promover alteraes no sistema. No segundo caso, a lei prev que qualquer funcionrio possa praticar o crime, desde que no seja quem est autorizado a promover alteraes no sistema. No entanto, plenamente possvel o concurso de pessoas, respondendo tambm o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica, e eventual particular lesado. TIPO OBJETIVO No primeiro caso a conduta a de inserir ou facilitar a insero de informaes falsas, alterar ou excluir, indevidamente, dados corretos, com o fim de obter vantagem ou causar dano. Percebam que no caso de o funcionrio promover, ele prprio, a alterao indevida, o crime monossubjetivo, ou seja, no depende de duas ou mais pessoas para sua caracterizao. No entanto, se a conduta for a de facilitar a alterao por outra pessoa (particular ou no), o crime ser necessariamente plurissubjetivo, pois necessariamente haver de ter mais de um sujeito ativo. H, ainda, elemento normativo do tipo no caso de se tratar de excluso de dados corretos, pois esta excluso deve ser INDEVIDA. Assim, se o funcionrio autorizado exclui dados corretos porque era esta sua obrigao (estes dados no eram considerados mais necessrios), no h fato tpico. No segundo crime, a conduta a de modificar ou alterar o sistema de informaes, sem autorizao. H, portanto, elemento normativo do tipo, pois se o agente estiver autorizado a isto, o fato atpico. TIPO SUBJETIVO Dolo. No caso do art. 313-A, exige-se a finalidade especial de agir, consistente na inteno de obter vantagem ou causar dano a outrem. No caso do art. 313-B, no ser exige nenhum dolo especfico, bastando que o funcionrio no autorizado promova as alteraes ou modificaes no sistema. 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente efetivamente promove as alteraes ou modificaes narradas pelo tipo penal. A Doutrina admite a tentativa, pois plenamente possvel o fracionamento da conduta do agente.16 1.3!Extravio, sonegao ou inutilizao de livro ou documento Este crime est previsto no art. 314 do CP: Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razo do cargo; soneg-lo ou inutiliz-lo, total ou parcialmente: Pena - recluso, de um a quatro anos, se o fato no constitui crime mais grave. BEM JURêDICO TUTELADO O patrimnio da administrao pblica. Se houver particular lesado pela conduta, ser sujeito passivo secundrio. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. No entanto, plenamente possvel o concurso de pessoas, respondendo tambm o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica, e eventual particular lesado. TIPO OBJETIVO A conduta a de extraviar, sonegar ou inutilizar livro ou documento oficial, de que tenha a guarda em razo do cargo. TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige qualquer dolo especfico, nem se admite o crime na forma culposa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente efetivamente pratica as condutas descritas no tipo penal. A Doutrina admite a tentativa, pois plenamente possvel o fracionamento da conduta do agente. 1.4!Emprego irregular de verbas ou rendas pblicas Trata-se de crime previsto no art. 315 do CP: Art. 315 - Dar s verbas ou rendas pblicas aplicao diversa da estabelecida em lei: Pena - deteno, de um a trs meses, ou multa. 16 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 72 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo ! BEM JURêDICO TUTELADO O patrimnio da administrao pblica. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico que possua a funo de decidir a destinao das verbas ou rendas pblicas. Entretanto, em se tratando de prefeito municipal no se aplica este artigo, aplicando-se o Decreto-Lei 201/6717, por ser norma de carter especial. No entanto, plenamente possvel o concurso de pessoas,respondendo tambm o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica TIPO OBJETIVO A conduta a de dar s rendas ou verbas pblicas uma destinao que no a correta. TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige qualquer dolo especfico (finalidade especfica da conduta), podendo ser at uma finalidade nobre (destinao a outra rea importante), desde que seja destinao no prevista para aquela verba. No se admite o crime na forma culposa. Aqui o agente no desvia a verba em proveito prprio ou alheio, mas apenas d verba destinao diversa da prevista em lei, mas sempre no interesse da administrao.18 OBJETO MATERIAL A verba ou renda irregularmente empregada. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente efetivamente pratica a conduta de aplicar irregularmente a renda ou verba. A Doutrina admite a tentativa, pois plenamente possvel o fracionamento da conduta do agente. Assim, se o agente altera a destinao da renda ou verba pblica, mas no chega a aplic-la irregularmente, o crime ser tentado. 1.5!Concusso O crime de concusso est previsto no art. 316 do CP, que assim dispe: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida: Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa. 17 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 90 18 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 91 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo BEM JURêDICO TUTELADO A moralidade na administrao pblica. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico, ainda que apenas nomeado (mas no empossado). Entretanto, em se tratando de Fiscal de Rendas, aplica-se o art. 3¡, II da Lei 8.137/90, por ser norma penal especial em relao ao CP. No entanto, plenamente possvel o concurso de pessoas, respondendo tambm o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica TIPO OBJETIVO A conduta a de exigir vantagem indevida. Vejam que o agente no pode, simplesmente, pedir ou solicitar vantagem indevida. A Lei determina que deve haver uma ÒexignciaÓ de vantagem indevida.19 Assim, deve o agente possuir o poder de fazer cumprir o mal que ameaa realizar em caso de no recebimento da vantagem exigida. CUIDADO! Entende-se que a Ògrave ameaaÓ no elemento deste delito. Assim, se o agente exige R$ 10.000,00 da vtima, sob a ameaa de matar seu filho, estar praticando, na verdade, o delito de extorso. A concusso s resta caracterizada quando o agente intimada a vtima amparado nos poderes inerentes ao seu cargo20. Ex.: Policial Rodovirio exige R$ 1.000,00 da vtima, alegando que se no receber o dinheiro ir lavrar uma multa contra ela. Assim: CONCUSSÌO Ð Ameaa de mal amparado nos poderes do cargo. EXTORSÌO Ð Ameaa de mal (violncia ou grave ameaa) estranho aos poderes do cargo. TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige qualquer dolo especfico (finalidade especfica da conduta). No se admite o crime na forma culposa. 19 A exigncia pode ser direta, quando o agente atua diretamente em relao vtima, de forma expressa, ou indireta, quando se vale de interposta pessoa ou, ainda, realiza a exigncia de forma velada, implcita. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 98 20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 97/98 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente efetivamente pratica a conduta de exigir a vantagem indevida, pouco importando se chega a receb-la.21 Assim, trata-se de crime formal, no se exigindo o resultado naturalstico, que considerado mero exaurimento. A Doutrina admite a tentativa, pois plenamente possvel o fracionamento da conduta do agente. Assim, por exemplo, se o agente envia um e-mail ou carta exigindo vantagem indevida, mas essa carta ou e- mail no chega ao conhecimento do destinatrio, h tentativa. Este crime muito confundido com o de corrupo passiva, mas ISSO NÌO PODE ACONTECER COM VOCæS! Se o agente EXIGE, teremos concusso! Se o agente apenas solicita, recebe ou apenas aceita promessa de vantagem, teremos corrupo passiva. 1.6!Excesso de exao O crime de excesso de exao, previsto no art. 316, ¤ 1¡ do CP, prev uma espcie de concusso, s que especfica em relao exigncia de tributo ou contribuio social indevida: ¤ 1¼ - Se o funcionrio exige tributo ou contribuio social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrana meio vexatrio ou gravoso, que a lei no autoriza: (Redao dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990) Pena - recluso, de trs a oito anos, e multa. (Redao dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990) O CP exige que o agente saiba que est cobrando tributo ou contribuio social indevida, ou, ainda, que este ao menos deva saber que indevida. O dispositivo estabelece como conduta punvel, tambm, a conduta de exigir tributo ou contribuio social devida, mas mediante utilizao de meio de cobrana vexatrio ou gravoso, no autorizado por lei. Portanto, so dois ncleos diferentes previstos neste tipo penal. Parte da Doutrina entende que esta expresso Òdeveria saberÓ indica que, nessa conduta, admite-se a forma culposa. No entanto, a maioria da Doutrina entende que esta expresso tambm indica forma dolosa, s que na modalidade de dolo eventual22 (art. 18, I, segunda parte, do CP). Admite-se a tentativa sempre que puder ser fracionada a conduta do agente em mais de um ato, como na exigncia indevida por escrito, por exemplo. 21 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 105. CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 732 22 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 734 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo O ¤ 2¡, por fim, estabelece uma qualificadora, no caso do agente que, alm de exigir indevidamente o tributo ou contribuio social, desvi-lo dos cofres da administrao pblica, em proveito prprio ou de terceiros: ¤ 2¼ - Se o funcionrio desvia, em proveito prprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pblicos: Pena - recluso, de dois a doze anos, e multa. 1.7!Corrupo passiva A corrupo passiva est tipificada no art. 317 do CP: Corrupo passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redao dada pela Lei n¼ 10.763, de 12.11.2003) ¤ 1¼ - A pena aumentada de um tero, se, em conseqncia da vantagem ou promessa, o funcionrio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofcio ou o pratica infringindo dever funcional. BEM JURêDICO TUTELADO A moralidade na administrao pblica.SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico, ainda que apenas nomeado (mas no empossado). No entanto, plenamente possvel o concurso de pessoas, respondendo tambm o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica TIPO OBJETIVO A conduta a de solicitar, receber vantagem ou aceitar promessa do recebimento de vantagem futura. Parte da Doutrina entende o mero recebimento de vantagens ou ddivas por questes de gratido ou amizade no configuram corrupo, por no lesarem a moralidade administrativa. Assim, por exemplo, o atendente do INSS que no final do ano recebe uma cesta de natal de um dos aposentados, como gratido pelo excelente atendimento, no estaria cometendo crime para esta corrente23. Outra parte da Doutrina entende que a Lei no distinguiu as condutas, sendo ambas (com finalidade espria ou sem ela) consideradas corrupo passiva. A corrupo passiva pode 23 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 116 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo ser imprpria, quando o ato a ser praticado pelo funcionrio pblico em troca da vantagem for legtimo (o funcionrio recebe a vantagem, por exemplo, para agilizar o andamento de uma certido). Por outro lado, considera-se como corrupo prpria aquela na qual o agente recebe a vantagem ou aceita a promessa de vantagem para praticar ato ilcito (o agente, por exemplo, recebe vantagem para deixar de aplicar uma multa, por exemplo). TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige qualquer dolo especfico (finalidade especfica da conduta). No se admite o crime na forma culposa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Na modalidade de aceitar e solicitar promessa de vantagem, trata-se de crime formal, no se exigindo o efetivo recebimento da vantagem. Na modalidade de receber vantagem ilcita, o crime material, exigindo-se o efetivo recebimento da vantagem.24 Em todos esses casos no se exige que o funcionrio pblico efetivamente pratique ou deixe de praticar o ato em razo da vantagem ou promessa de vantagem recebida. Porm, se tal ocorrer, incidir a causa de aumento de pena prevista no ¤ 1¡ do art. 317, aumentando-se a pena em 1/3. O ¤ 2¡, por fim, estabelece uma forma ÒprivilegiadaÓ do crime. a hiptese do ÒfavorÓ, aquela conduta do funcionrio que cede a pedidos de amigos, conhecidos ou mesmo de estranhos, para que faa ou deixe de fazer algo ao qual estava obrigado, sem que vise ao recebimento de qualquer vantagem ou satisfao de interesse prprio: ¤ 2¼ - Se o funcionrio pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofcio, com infrao de dever funcional, cedendo a pedido ou influncia de outrem: Pena - deteno, de trs meses a um ano, ou multa. Percebam que a pena prevista para esta modalidade do delito bem menor que a prevista para as outras hipteses de corrupo. Aqui temos um crime material.25 1.8!Facilitao de contrabando ou descaminho Est previsto no art. 318 do CP: 24 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 317. BITENCOURT sustenta que o crime formal apenas na modalidade de solicitar, sendo crime material nas modalidades de ÒaceitarÓ e ÒreceberÓ. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 125 25 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 739 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Art. 318 - Facilitar, com infrao de dever funcional, a prtica de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa. (Redao dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990) Aqui se pune a conduta do agente que deveria evitar a prtica do contrabando ou descaminho, mas no o faz, facilitando-a. BEM JURêDICO TUTELADO A moralidade e o patrimnio da administrao pblica. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico, exigindo-se, ainda, que seja o funcionrio pblico que tinha o dever funcional de evitar a prtica do contrabando ou descaminho. Aqui h uma exceo teoria monista do concurso de pessoas, prevista no art. 29 do CP, pois o funcionrio pblico responde por este crime, enquanto o particular responde pelo crime de contrabando ou pelo descaminho (a depender da conduta). Se, porm, o funcionrio pblico que facilitar a prtica do contrabando ou descaminho no tiver a obrigao de evit-la, responder como partcipe do crime praticado pelo particular, e no pelo crime do art. 318 do CP26. MUITO CUIDADO COM ISSO! plenamente possvel o concurso de pessoas, respondendo tambm o particular (ou funcionrio pblico que no tenha o dever de evitar o crime) pelo crime do art. 318, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica. TIPO OBJETIVO A conduta a de facilitar a prtica de qualquer dos dois crimes (contrabando ou descaminho), seja por ao ou omisso. TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige qualquer dolo especfico (finalidade especfica da conduta). No se admite o crime na forma culposa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se com a efetiva facilitao para o crime, ainda que este ltimo (contrabando ou descaminho) no venha a se consumar.27 Admite-se a tentativa quando a 26 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 129 27 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 131 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo conduta do agente na facilitao for ativa (ao), pois se pode fracionar a execuo do crime em vrios atos. CUIDADO! A redao do tipo penal fala em Òart. 334Ó porque anteriormente os delitos de contrabando e descaminho faziam parte do mesmo tipo penal (art. 334). Atualmente o contrabando foi deslocado para o art. 334-A. Contudo, no me parece que o funcionrio que facilite a prtica do contrabando v ficar impune, ele ir continuar respondendo pelo crime do art. 318, eis que o tipo penal fala claramente em Òcontrabando ou descaminhoÓ. Apenas a referncia ao art. 334 que passou a estar incompleta. 1.9!Prevaricao, prevaricao imprpria e condescendncia criminosa O crime de prevaricao tipificado no art. 319 do CP, que diz: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio, ou pratic-lo contra disposio expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa. BEM JURêDICO TUTELADO A moralidade na administrao pblica. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. plenamente possvel o concurso de pessoas, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica TIPO OBJETIVO A conduta retardar ou deixar de praticar ato de ofcio, ou, ainda, pratic-lo contra disposio expressa da lei. TIPO SUBJETIVO Dolo. Exige-se que o agente pratique o crime para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (dolo especfico). No se admite o crime naforma culposa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se com a efetiva realizao da conduta. Admite-se a tentativa quando a conduta do agente puder ser fracionada, como na hiptese de pratic-lo contra disposio expressa da lei. Na hiptese, por exemplo, de deixar de praticar, por no poder se fracionar a conduta, no cabe a tentativa.28 28 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 743. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 140 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Este crime no deve ser confundido com a corrupo passiva privilegiada, na qual o agente deixa de praticar ato de ofcio ou pratica ato indevido atendendo a pedido de terceiros. Aqui, o agente faz por conta prprio, para satisfazer interesse prprio. LEMBREM-SE: FAVORZINHO GRATUITO = CORRUPÌO PASSIVA PRIVILEGIADA SATISFAÌO DE INTERESSE PRîPRIO = PREVARICAÌO Existe, ainda, uma modalidade especfica de prevaricao, que a prevista no art. 319-A, inserido recentemente pela Lei 11.466/07: Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciria e/ou agente pblico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefnico, de rdio ou similar, que permita a comunicao com outros presos ou com o ambiente externo: (Includo pela Lei n¼ 11.466, de 2007). Pena: deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano. Assim, nessa hiptese, o crime no o de prevaricao comum, mas sim a espcie prpria de prevaricao prevista no art. 319-A do CP, chamada pela Doutrina de prevaricao imprpria. Nessa hiptese, diferentemente da prevaricao comum (ou prpria), no se exige dolo especfico (finalidade especial de agir).29 Cuidado com isso! A Doutrina no admite, ainda, a tentativa nesta hiptese, pois a lei prev apenas uma conduta omissiva prpria, no havendo possibilidade de fracionamento da conduta. Tambm no se deve confundir o crime de prevaricao com o crime de condescendncia criminosa. Nesse crime, o agente tambm deixa de fazer algo a que estava obrigado em razo da funo, mas o faz por indulgncia (sentimento de pena, de comiserao). Nos termos do art. 320 do CP: Art. 320 - Deixar o funcionrio, por indulgncia, de responsabilizar subordinado que cometeu infrao no exerccio do cargo ou, quando lhe falte competncia, no levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa. Se o chefe deixa de responsabilizar o subordinado por outro motivo que no seja a indulgncia (medo, frouxido, negligncia, pouco caso, etc.), o crime pode ser o de prevaricao ou o de corrupo passiva privilegiada, a depender do caso. Cuidado com isso, povo! CUIDADO! O tipo penal exige que o agente seja hierarquicamente superior ao outro funcionrio30, aquele que cometeu a falta funcional. Existe certa divergncia doutrinria quanto a isso, mas a posio predominante de que, de fato, o agente deve ser hierarquicamente superior. Assim, se um funcionrio 29 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 146 30 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 148. CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 746 61316884600 - Flavio Santos 1 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo pblico toma conhecimento de que seu colega praticou uma infrao funcional e nada faz a respeito, NÌO PRATICA ESTE CRIME. impossvel a tentativa no crime de condescendncia criminosa, pois se trata de crime omissivo puro. 1.10!Advocacia administrativa Est previsto no art. 321 do CP: Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administrao pblica, valendo-se da qualidade de funcionrio: Pena - deteno, de um a trs meses, ou multa. ! BEM JURêDICO TUTELADO A moralidade na administrao pblica. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. plenamente possvel o concurso de pessoas, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica TIPO OBJETIVO A conduta patrocinar interesse privado perante a administrao pblica. O agente deve se valer das facilidades que a sua condio de funcionrio pblico lhe proporciona31. Entende-se, ainda, que o agente deve praticar a conduta em prol de um terceiro. TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige especial fim de agir. No se admite o crime na forma culposa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se com a efetiva realizao da conduta. Admite- se a tentativa quando a conduta do agente puder ser fracionada, como na hiptese prtica da conduta mediante correspondncia ou outro ato escrito que no tenha chegado ao conhecimento do destinatrio. No entanto, alguns entendem que nesse caso o crime foi consumado. 31 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 155 61316884600 - Flavio Santos 0 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo A lei prev, ainda, uma espcie de qualificadora, ao estabelecer que, se o interesse patrocinado no legtimo, a pena ser mais grave. Nos termos do ¤ nico do CP: Pargrafo nico - Se o interesse ilegtimo: Pena - deteno, de trs meses a um ano, alm da multa. Assim: Interesse legtimo Ð Crime de advocacia administrativa na forma simples Interesse ilegtimo Ð Crime de advocacia administrativa na forma qualificada. 1.11! Violncia arbitrria o delito tipificado no art. 322 do CP: Art. 322 - Praticar violncia, no exerccio de funo ou a pretexto de exerc-la: Pena - deteno, de seis meses a trs anos, alm da pena correspondente violncia. Parte da Doutrina e da Jurisprudncia entendem ter sido este artigo revogado pela Lei 4.898/65.32 No entanto, existem decises no mbito do STJ e do STF reconhecendo a plena vigncia deste artigo.33 BEM JURêDICO TUTELADO O regular desenvolvimento das atividades da administrao pblica e a integridade fsica de eventual particular lesado pela conduta. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. plenamente possvel o concurso de pessoas, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica, e, secundariamente, o particular. TIPO OBJETIVO A conduta praticar violncia no exerccio da funo, ou em razo dela. Logo, no se exige que o agente esteja em horrio de trabalho, ou dentro da repartio, desde que a violncia ocorra em razo da funo do agente. 32 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 160 33 (...) 1. O crime de violncia arbitrria no foi revogado pelo disposto no artigo 3¼, alnea "i", da Lei de Abuso de Autoridade. Precedentes da Suprema Corte. 2. Ordem denegada. (HC 48.083/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 20/11/2007, DJe 07/04/2008) 61316884600 - Flavio Santos 5 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo TIPO SUBJETIVO Dolo. No seexige especial fim de agir. Parte da Doutrina, no entanto, entende que deve haver a finalidade especial de pretender abusar de sua autoridade (entendimento minoritrio). No se admite o crime na forma culposa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se com a efetiva realizao da conduta. A tentativa plenamente possvel. Atente-se para o fato de que, alm da pena aplicada em razo deste crime, o agente responde tambm pelas penas decorrentes das leses corporais que causar, ou at mesmo pela morte da vtima. 1.12!Abandono de funo Assim dispe o art. 323 do CP: Art. 323 - Abandonar cargo pblico, fora dos casos permitidos em lei: Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa. ¤ 1¼ - Se do fato resulta prejuzo pblico: Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa. ¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - deteno, de um a trs anos, e multa. BEM JURêDICO TUTELADO O regular desenvolvimento das atividades da administrao pblica. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. Aqui a Doutrina entende que o conceito de funcionrio pblico restrito34, s podendo ser praticado este crime pelo ocupante de cargo pblico. plenamente possvel o concurso de pessoas, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica. TIPO OBJETIVO A conduta abandonar o cargo. A definio do que seria abandono do cargo (por quantos dias, em que situaes, etc.), dever ser extrada do estatuto ao qual o servidor esteja vinculado. No entanto, a Doutrina entende que o exerccio do direito de Greve no pode ensejar este crime. Parte da Doutrina entende, ainda, que pode 34 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 168/169. CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 754 61316884600 - Flavio Santos a Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo ocorrer o abandono se o servidor, ainda que comparea repartio, se recuse a trabalhar.35 TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige especial fim de agir. No se admite o crime na forma culposa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se com a efetiva realizao da conduta. A Doutrina no admite a tentativa. O CP estabeleceu, ainda, duas qualificadoras, previstas nos ¤¤ 1¡ e 2¡, quando do fato resultar algum prejuzo administrao pblica e quando o fato ocorrer em faixa de fronteira: ¤ 1¼ - Se do fato resulta prejuzo pblico: Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa. ¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - deteno, de um a trs anos, e multa. Entende-se por faixa de fronteira a extenso de 150 km de largura ao longo das fronteiras terrestres, nos termos do art. 20, ¤ 2¡ da Constituio). 1.13!Exerccio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Aqui, trata-se de hiptese na qual o agente est para se tornar servidor pblico, ou j deixou de s-lo, e mesmo assim exerce as funes s quais est impedido de exercer, seja porque ainda no tomou posse, seja porque j foi desligado do servio pblico. Nos termos do art. 324 do CP: Art. 324 - Entrar no exerccio de funo pblica antes de satisfeitas as exigncias legais, ou continuar a exerc-la, sem autorizao, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substitudo ou suspenso: Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa. BEM JURêDICO TUTELADO O regular desenvolvimento das atividades da administrao pblica. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico. Contudo, bom frisar que na modalidade de exerccio ilegalmente antecipado antes da posse (mas depois da nomeao) e na modalidade de exerccio prolongado aps exonerao (ou demisso), o sujeito no mais funcionrio pblico, embora esteja direta 35 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 169. Bitencourt sustenta a tese de que o cargo dever ficar acfalo, ou seja, desocupado. Se h algum substituto para ocupar o cargo, o delito no estaria caracterizado (posio do prof. BITENCOURT). A doutrina majoritria no defende esta tese. 61316884600 - Flavio Santos d Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo ou indiretamente ligado administrao.36 Se o agente no possui qualquer vnculo, comete o crime de usurpao de funo pblica, previsto no art. 328 do CP37. plenamente possvel o concurso de pessoas, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica. TIPO OBJETIVO A conduta exercer a funo pblica, sem autorizao (elemento normativo do tipo), antes de satisfeitas as exigncias ou aps ter sido desligado da funo (por remoo, substituio, exonerao, etc.). Exige-se, ainda, que o agente saiba que est agindo nesta condio. TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige especial fim de agir. No se admite o crime na forma culposa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se com a efetiva realizao da conduta de exercer a atividade indevidamente. A tentativa admissvel.38 1.14!Violao de sigilo profissional Est previsto no art. 325 do CP: Art. 325 - Revelar fato de que tem cincia em razo do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelao: Pena - deteno, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato no constitui crime mais grave. BEM JURêDICO TUTELADO O sigilo das informaes relativas administrao pblica. SUJEITO ATIVO Trata-se de crime prprio, s podendo ser praticado pelo funcionrio pblico que possua o dever de manter a informao em sigilo. plenamente possvel o concurso de pessoas, desde que este particular tenha conhecimento da condio de funcionrio pblico do agente. SUJEITO PASSIVO A administrao pbica. 36 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 175 37 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 756 38 Como exemplo, imagine-se o caso do agente que se apresente para trabalhar, mas seja impedido pelo chefe da repartio. CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 757 61316884600 - Flavio Santos 3 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo TIPO OBJETIVO A conduta revelar ou facilitar a revelao de fato sigiloso que o agente tenha tomado conhecimento em razo do cargo. indiferente se o fato revelado a um particular ou a outro servidor pblico. imprescindvel, porm, que o fato tenha sido levado ao conhecimento do agente em razo da sua funo pblica. Se a revelao do segredo se der em relao operao ou servio prestado por instituio financeira, estaremos diante de crime contra o sistema financeiro nacional, previsto no art. 18 da Lei 7.492/8639. TIPO SUBJETIVO Dolo. No se exige especial fim de agir. No se admite o crime na forma culposa, pois se exige que o agente tenha cincia de que o fato sigiloso. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se com a efetiva realizao da conduta de revelar o segredo ou facilitar sua revelao. A Doutrina admite a tentativa, nas hipteses em que se puder fracionar a conduta do agente,como na hiptese de o agente enviar carta a um terceiro revelando-lhe o segredo40, e ser a carta interceptada por outra pessoa, no chegando ao conhecimento do destinatrio. O CP prev, ainda, uma forma equiparada do delito e outra forma, qualificada. Nos termos dos ¤¤ 1¡ e 2¡ do art. 325 do CP: ¤ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) I - permite ou facilita, mediante atribuio, fornecimento e emprstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas no autorizadas a sistemas de informaes ou banco de dados da Administrao Pblica; (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) ¤ 2o Se da ao ou omisso resulta dano Administrao Pblica ou a outrem: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Pena - recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) O art. 326 estabelece um crime autnomo, uma modalidade especial de violao de segredo funcional. a violao de sigilo de proposta licitatria. Nos termos do art. 326: Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrncia pblica, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devass-lo: Pena - Deteno, de trs meses a um ano, e multa. 39 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 759 40 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 185 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Entretanto, este artigo foi revogado tacitamente pelo art. 94 da Lei 8.666/93, que tipifica a mesma conduta, entretanto, estabelece pena mais grave (dois a trs anos de deteno, e multa).41 2! DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CîDIGO PENAL Ä Arts. 312 a 327 do CP Ð Tipificam os crimes praticados por funcionrio pblico contra a administrao em geral, bem como trazem o conceito de funcionrio pblico para fins penais (art. 327 do CP): Peculato Art. 312 - Apropriar-se o funcionrio pblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo, ou desvi- lo, em proveito prprio ou alheio: Pena - recluso, de dois a doze anos, e multa. ¤ 1¼ - Aplica-se a mesma pena, se o funcionrio pblico, embora no tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtrado, em proveito prprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionrio. Peculato culposo ¤ 2¼ - Se o funcionrio concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - deteno, de trs meses a um ano. ¤ 3¼ - No caso do pargrafo anterior, a reparao do dano, se precede sentena irrecorrvel, extingue a punibilidade; se lhe posterior, reduz de metade a pena imposta. Peculato mediante erro de outrem Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerccio do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa. Insero de dados falsos em sistema de informaes (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionrio autorizado, a insero de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administrao Pblica com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000)) Pena Ð recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Modificao ou alterao no autorizada de sistema de informaes (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionrio, sistema de informaes ou programa de informtica sem autorizao ou solicitao de autoridade competente: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Pena Ð deteno, de 3 (trs) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 41 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 187 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Pargrafo nico. As penas so aumentadas de um tero at a metade se da modificao ou alterao resulta dano para a Administrao Pblica ou para o administrado.(Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Extravio, sonegao ou inutilizao de livro ou documento Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razo do cargo; soneg-lo ou inutiliz-lo, total ou parcialmente: Pena - recluso, de um a quatro anos, se o fato no constitui crime mais grave. Emprego irregular de verbas ou rendas pblicas Art. 315 - Dar s verbas ou rendas pblicas aplicao diversa da estabelecida em lei: Pena - deteno, de um a trs meses, ou multa. Concusso Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida: Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa. Excesso de exao ¤ 1¼ - Se o funcionrio exige tributo ou contribuio social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrana meio vexatrio ou gravoso, que a lei no autoriza: (Redao dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990) Pena - recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa. (Redao dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990) ¤ 2¼ - Se o funcionrio desvia, em proveito prprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pblicos: Pena - recluso, de dois a doze anos, e multa. Corrupo passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena Ð recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redao dada pela Lei n¼ 10.763, de 12.11.2003) ¤ 1¼ - A pena aumentada de um tero, se, em conseqncia da vantagem ou promessa, o funcionrio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofcio ou o pratica infringindo dever funcional. ¤ 2¼ - Se o funcionrio pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofcio, com infrao de dever funcional, cedendo a pedido ou influncia de outrem: Pena - deteno, de trs meses a um ano, ou multa. Facilitao de contrabando ou descaminho Art. 318 - Facilitar, com infrao de dever funcional, a prtica de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa. (Redao dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990) Prevaricao Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio, ou pratic- lo contra disposio expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa. Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciria e/ou agente pblico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefnico, de rdio ou similar, que 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoriae questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo permita a comunicao com outros presos ou com o ambiente externo: (Includo pela Lei n¼ 11.466, de 2007). Pena: deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano. Condescendncia criminosa Art. 320 - Deixar o funcionrio, por indulgncia, de responsabilizar subordinado que cometeu infrao no exerccio do cargo ou, quando lhe falte competncia, no levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa. Advocacia administrativa Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administrao pblica, valendo-se da qualidade de funcionrio: Pena - deteno, de um a trs meses, ou multa. Pargrafo nico - Se o interesse ilegtimo: Pena - deteno, de trs meses a um ano, alm da multa. Violncia arbitrria Art. 322 - Praticar violncia, no exerccio de funo ou a pretexto de exerc-la: Pena - deteno, de seis meses a trs anos, alm da pena correspondente violncia. Abandono de funo Art. 323 - Abandonar cargo pblico, fora dos casos permitidos em lei: Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa. ¤ 1¼ - Se do fato resulta prejuzo pblico: Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa. ¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - deteno, de um a trs anos, e multa. Exerccio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Art. 324 - Entrar no exerccio de funo pblica antes de satisfeitas as exigncias legais, ou continuar a exerc-la, sem autorizao, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substitudo ou suspenso: Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa. Violao de sigilo funcional Art. 325 - Revelar fato de que tem cincia em razo do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelao: Pena - deteno, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato no constitui crime mais grave. ¤ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) I Ð permite ou facilita, mediante atribuio, fornecimento e emprstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas no autorizadas a sistemas de informaes ou banco de dados da Administrao Pblica;(Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) II Ð se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) ¤ 2o Se da ao ou omisso resulta dano Administrao Pblica ou a outrem: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) Pena Ð recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo Violao do sigilo de proposta de concorrncia Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrncia pblica, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devass-lo: Pena - Deteno, de trs meses a um ano, e multa. Funcionrio pblico Art. 327 - Considera-se funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica. ¤ 1¼ - Equipara-se a funcionrio pblico quem exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servio contratada ou conveniada para a execuo de atividade tpica da Administrao Pblica. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) ¤ 2¼ - A pena ser aumentada da tera parte quando os autores dos crimes previstos neste Captulo forem ocupantes de cargos em comisso ou de funo de direo ou assessoramento de rgo da administrao direta, sociedade de economia mista, empresa pblica ou fundao instituda pelo poder pblico. (Includo pela Lei n¼ 6.799, de 1980) Ä Art. 92, I ÒaÓ e seu ¤ nico, do CP Ð Tal dispositivo estabelece a perda do cargo, emprego ou funo quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano em relao aos crimes funcionais: Art. 92 - So tambm efeitos da condenao:(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - a perda de cargo, funo pblica ou mandato eletivo: (Redao dada pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violao de dever para com a Administrao Pblica; (Includo pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) (...) Pargrafo nico - Os efeitos de que trata este artigo no so automticos, devendo ser motivadamente declarados na sentena. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 3! SòMULAS PERTINENTES 3.1!Smulas do STJ Ä Smula 599 do STJ Ð O STJ sumulou entendimento no sentido de que o princpio da insignificncia inaplicvel aos crimes contra a administrao pblica, solidificando o entendimento que j era adotado na Corte h muitos anos: Smula 599 do STJ O princpio da insignificncia inaplicvel aos crimes contra a administrao pblica. 4! JURISPRUDæNCIA CORRELATA Ä STF - RHC 117488 AGR Ð O STF considerou que a condio de Òfuncionrio pblicoÓ seria elementar do tipo de concusso e, portanto, considerar tal condio 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 82 DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 08 Ð Prof. Renan Araujo para fixar a pena base acima do mnimo legal seria invivel (bis in idem). Contudo, a condio de policial seria uma condio especial de agente que tem a obrigao de velar pela segurana do cidado, o que imporia maior dever de obedincia norma, de maneira que sua conduta seria ainda mais reprovvel que a de um Òatendente de protocoloÓ, por exemplo, de forma que seria possvel aumentar a pena com base nesta circunstncia. Vejamos: Ò(...) 4.a. A insero do servidor pblico no quadro estrutural do Estado deve e pode ser considerada no juzo de culpabilidade. Na aferio da culpabilidade deve-se tambm considerar o maior ou menor grau de dever de obedincia norma. No ocorrncia de bis in idem. 4.b. Vcio de fundamentao na valorao da circunstncia judicial do motivo do crime. 5. Recurso provido parcialmente e concesso parcial da ordem para determinar ao Juzo sentenciante, mantidas a condenao e seus efeitos, a correo do vcio na individualizao da pena, mormente para afastar a elementar do tipo por ocasio da valorao dos motivos do crime. (RHC 117488 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 01/10/2013, PROCESSO ELETRïNICO DJe-205 DIVULG 15-10-2013 PUBLIC 16-10- 2013) Ä STJ - RESP 1.251.621-AM - CORRUPÌO PASSIVA Ð CRIME PRATICADO POR PROMOTOR DE JUSTIA Ð CIRCUNSTåNCIA PASSêVEL DE SER CONSIDERADA EM PREJUêZO DO RU Ð O STJ decidiu que o Juiz pode considerar como circunstncia judicial desfavorvel, na pena-base, o fato de o agente ser Promotor de Justia, pois o cargo que o agente ocupa distinto dos servidores pblicos em geral, posto que se trata de cargo destinado a reprimir este tipo de conduta, o que evidencia uma maior reprovabilidade quando este agente pratica o crime. Vejamos: (...) O fato de o crime de corrupo passiva ter sido praticado por Promotor de Justia no exerccio de suas atribuies institucionais pode configurar circunstncia judicial desfavorvel