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Aula 08
Noções de Direito Penal p/ PC-DF 2018 (Escrivão)
Renan Araujo, Time Renan Araujo
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Teoria e quest›es 
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 AULA 08: CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONçRIO PòBLICO 
CONTRA A ADMINISTRA‚ÌO EM GERAL. 
SUMçRIO 
1 CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONçRIO PòBLICO CONTRA A ADMINISTRA‚ÌO 
EM GERAL .................................................................................................................... 2 
1.1 Peculato ........................................................................................................... 4 
1.2 Inser‹o de dados falsos em sistema de informa›es e modifica‹o ou altera‹o n‹o 
autorizada de sistema de informa›es ............................................................................... 9 
1.3 Extravio, sonega‹o ou inutiliza‹o de livro ou documento .................................... 11 
1.4 Emprego irregular de verbas ou rendas pœblicas .................................................. 11 
1.5 Concuss‹o ...................................................................................................... 12 
1.6 Excesso de exa‹o .......................................................................................... 14 
1.7 Corrup‹o passiva ........................................................................................... 15 
1.8 Facilita‹o de contrabando ou descaminho .......................................................... 16 
1.9 Prevarica‹o, prevarica‹o impr—pria e condescendncia criminosa ........................ 18 
1.10 Advocacia administrativa .................................................................................. 20 
1.11 Violncia arbitr‡ria .......................................................................................... 21 
1.12 Abandono de fun‹o ........................................................................................ 22 
1.13 Exerc’cio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado ..................................... 23 
1.14 Viola‹o de sigilo profissional ............................................................................ 24 
2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 26 
3 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 29 
3.1 Sœmulas do STJ .............................................................................................. 29 
4 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ........................................................................... 29 
5 RESUMO .............................................................................................................. 31 
6 EXERCêCIOS PARA PRATICAR ............................................................................. 34 
7 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 49 
8 GABARITO .......................................................................................................... 80 
 
 
Ol‡, meus amigos! 
 
Na aula de hoje vamos iniciar o estudo dos crimes contra a administra‹o 
pœblica, analisando o primeiro grupo destes crimes, que s‹o os crimes 
praticados por funcion‡rio pœblico contra a administra‹o em geral. 
Muita aten‹o aos crimes de peculato, concuss‹o, corrup‹o passiva e 
prevarica‹o. S‹o os mais importantes! 
 
Bons estudos! 
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 1! CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONçRIO PòBLICO 
CONTRA A ADMINISTRA‚ÌO EM GERAL 
 
Os crimes praticados por funcion‡rio pœblico contra a administra‹o em geral 
s‹o espŽcies do gnero ÒCrimes contra a administra‹o pœblicaÓ, e encontram-se 
regulamentados no Cap’tulo I do T’tulo XI (Crimes contra a administra‹o 
pœblica) do CP. 
Trata-se de crimes funcionais, ou seja, devem ser praticados por 
funcion‡rio pœblico1. Os crimes funcionais dividem-se em crimes funcionais 
pr—prios (puros) ou impr—prios (impuros) (GRAVEM ISSO POIS SERç 
IMPORTANTE MAIS Ë FRENTE!). 
Nos crimes funcionais pr—prios (puros), ausente a condi‹o de 
Òfuncion‡rio pœblicoÓ ao agente, a conduta passa a ser considerada a um 
indiferente penal2 (atipicidade absoluta). Exemplo: No crime de prevarica‹o 
(art. 319 do CP), se o agente n‹o for funcion‡rio pœblico, n‹o h‡ pr‡tica de 
qualquer infra‹o penal. 
No entanto, nos crimes funcionais impr—prios (impuros), faltando a 
condi‹o de Òfuncion‡rio pœblicoÓ ao agente, a conduta n‹o ser‡ um indiferente 
penal, deixar‡ apenas de ser considerada crime funcional, sendo 
desclassificada para outro delito (atipicidade relativa). Imaginem o crime de 
peculato-furto (art. 312, ¤ 1¡ do CP). Nesse crime, o agente deve ser funcion‡rio 
pœblico. No entanto, se lhe faltar esta condi‹o, sua conduta n‹o ser‡ at’pica, 
deixar‡ apenas de ser considerada peculato-furto, passando a ser classificada 
como furto (art. 155 do CP). 
O conceito de funcion‡rio pœblico para fins penais est‡ no art. 327 do CP: 
Art. 327 - Considera-se funcion‡rio pœblico, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remunera‹o, exerce cargo, emprego ou fun‹o pœblica. 
¤ 1¼ - Equipara-se a funcion‡rio pœblico quem exerce cargo, emprego ou fun‹o em 
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servio contratada 
ou conveniada para a execu‹o de atividade t’pica da Administra‹o Pœblica. (Inclu’do 
pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
¤ 2¼ - A pena ser‡ aumentada da tera parte quando os autores dos crimes previstos 
neste Cap’tulo forem ocupantes de cargos em comiss‹o ou de fun‹o de dire‹o ou 
assessoramento de —rg‹o da administra‹o direta, sociedade de economia mista, 
empresa pœblica ou funda‹o institu’da pelo poder pœblico. (Inclu’do pela Lei n¼ 6.799, 
de 1980) 
 
Assim, podemos perceber que o conceito de funcion‡rio pœblico utilizado pelo 
CP Ž bem diferente do conceito que se tem no Direito Administrativo. L‡, 
funcion‡rios pœblicos s‹o apenas aqueles detentores de cargo pœblico efetivo. 
 
1 DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos 
Tribunais, 2012, p. 470 
2 CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi‹o. Ed. Juspodivm. 
Salvador, 2015, p. 708 
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 Aqui, o conceito abrange, ainda, os empregados pœblicos, estagi‡rios, mes‡rios 
da Justia Eleitoral, Jurados, etc. 
Entretanto, n‹o confundam Òfun‹o pœblicaÓ com mœnus pœblico. A Doutrina 
entende que aqueles que exercem um mœnus pœblico n‹o s‹o considerados 
funcion‡rios pœblicos. Assim, os tutores, os curadores dativos, os inventariantes 
judiciais NÌO SÌO CONSIDERADOS FUNCIONçRIOS PòBLICOS pela maioria 
esmagadora da Doutrina.3 
O ¤ 1¡ estabelece que se considera funcion‡rio pœblico por equipara‹o que 
exerce cargo, emprego ou fun‹o em entidade paraestatal4 ou empresa 
contratada para execu‹o de atividade t’pica da administra‹o pœblica.5 
Tal equipara‹o n‹o abrange os funcion‡rios de empresas contratadas para 
exercer atividades at’picas da administra‹o pœblica (empresa contratada 
eventualmente para realiza‹o de um coquetel para recep‹o de uma autoridade 
estrangeira, por exemplo6).O ¤ 2¡ prev uma majorante (causa de aumento de pena), caso o funcion‡rio 
pœblico seja ocupante de cargo em comiss‹o ou Fun‹o de Dire‹o e 
Assessoramento na administra‹o pœbica. Contudo, o legislador n‹o incluiu as 
autarquias no ¤2¼ do art. 327, de forma que tal majorante n‹o se aplica 
aos funcion‡rios destas entidades.7 
A maioria da Doutrina, bem como o STF8, entende que esta majorante 
tambŽm se aplica aos agentes pol’ticos, detentores de cargo eletivo (prefeitos, 
governadores, etc.), por entender que se trata de uma interpreta‹o l—gica do 
artigo. Uma minoria, no entanto, defende n‹o ser extens’vel a majorante aos 
detentores de cargos pol’ticos.9 
 
 
3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte especial. Volume 5. Ed. Saraiva, 
9¼ edi‹o. S‹o Paulo, 2015, p. 189 
4 O conceito de "paraestatal" para fins penais Ž tortuoso. Alguns doutrinadores se limitam a utilizar 
a express‹o como sin™nimo de administra‹o indireta, como RogŽrio Greco e JosŽ Paulo Baltazar 
Jœnior, por exemplo. Outros, como CŽzar Roberto Bitencourt, s‹o mais espec’ficos (e corretos), 
entendendo que esta express‹o corresponde ˆs entidades que n‹o fazem parte da administra‹o 
pœblica (da’ porque s‹o PARAestatais), mas que desempenham servios de utilidade pœblica, 
como o Òsistema SÓ (SESI, SESC, SENAI, etc.). 
O STJ, ao que parece, vem se filiando ˆ segunda corrente. H‡ decis›es entendendo que atŽ 
mesmo as OSCIPs s‹o entidades paraestatais para fins penais (Ver, por todos, REsp 
1519662/DF). 
5 EXEMPLO: Os mŽdicos de Hospital particular conveniado ao SUS, quando est‹o atendendo 
pacientes pelo SUS. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 189/190 
6 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 711 
7 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 191 
8 Inq. 1769-PA 
9 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 711 
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 1.1!Peculato 
O peculato pode ser praticado de diversas maneiras: a) peculato-
apropria‹o e peculato-desvio (art. 312 do CP); b) peculato-furto (art. 312, 
¤ 1¡ do CP); c) peculato culposo (art. 312, ¤ 2¡ do CP); d) peculato mediante 
erro de outrem (art. 313 do CP); 
O peculato-apropria‹o e o peculato-desvio s‹o faces do crime de 
peculato comum, estabelecido no art. 312 do CP: 
Art. 312 - Apropriar-se o funcion‡rio pœblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem 
m—vel, pœblico ou particular, de que tem a posse em raz‹o do cargo, ou desvi‡-lo, em 
proveito pr—prio ou alheio: 
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa. 
 
Como vimos, Ž necess‡rio que o agente seja funcion‡rio pœblico, mas nada 
impede que haja concurso de pessoas com um particular, desde que este 
saiba da condi‹o de funcion‡rio pœblico do agente. Trata-se, portanto, de crime 
pr—prio. 
N‹o Ž necess‡rio que o dinheiro ou outro bem m—vel apropriado ou 
desviado seja pœblico, podendo ser particular10, desde que lhe tenha sido 
entregue em raz‹o da fun‹o. ƒ o caso, por exemplo, do funcion‡rio que tem a 
guarda de um ve’culo que se encontra em um dep—sito pœblico. 
O sujeito passivo ser‡ sempre o Estado, embora possa ser tambŽm o 
particular, caso se trate de bem particular o objeto material do crime. 
 
ATEN‚ÌO! O conceito de ÒdesvioÓ Ž polmico na Doutrina. H‡ quem 
entenda que Ž necess‡rio que o bem, valor ou coisa seja desviado para o 
PATRIMïNIO de alguŽm (do agente ou de terceiros). Seria o chamado 
animus rem sibi habendi. Outra parcela doutrin‡ria entende que o termo 
ÒdesviarÓ est‡ sendo utilizado no sentido de Òdar destina‹o diversa da que 
deveriaÓ e, neste caso, o mero USO INDEVIDO do bem, valor ou coisa, j‡ 
caracterizaria o delito. 
Ex.: JosŽ utiliza um ve’culo pertencente ao —rg‹o pœblico em que 
trabalha para levar sua esposa ao cinema. 
Esta mesma situa‹o pode gerar consequncias distintas no campo penal, 
a depender da corrente doutrin‡ria adotada. 
1¼ corrente Ð N‹o h‡ peculato, pois o bem n‹o foi desviado para o 
patrim™nio de JosŽ (Para esta corrente, JosŽ deveria pretender tomar para 
si o bem, ou seja, ficar com ele). 
 
10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 44 
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 2¼ corrente Ð H‡ peculato, pois JosŽ DESVIOU o bem pœblico de sua 
finalidade (a finalidade seria a utiliza‹o em prol do servio, e n‹o para 
levar sua esposa ao cinema, finalidade meramente particular). 
JURISPRUDæNCIA Ð O STJ, atŽ o momento, adota a primeira corrente.11 
O STF j‡ decidiu adotando a primeira corrente (que Ž majorit‡ria12), ao 
argumento de que esta conduta configuraria mero Òpeculato de usoÓ (HC 
108.433). Entretanto, mais recentemente, o STF adotou entendimento 
contr‡rio, ou seja, aderiu ˆ segunda corrente. Vejamos: 
(...) O peculato desvio caracteriza-se na hip—tese em que terceiro recebe 
armas emprestadas pelo juiz, deposit‡rio fiel dos instrumentos do crime, 
acautelados ao magistrado para fins penais, enquadrando-se no conceito de 
funcion‡rio pœblico. 2. In casu, Juiz Federal detinha em seu poder duas pistolas 
apreendidas no curso de processo-crime em tramita‹o perante a Vara da qual 
era titular. Ao entregar os armamentos a policial federal desviou bem de que 
tinha posse em raz‹o da fun‹o em proveito deste, emprestando-lhe 
finalidade diversa da pretendida ao assumir a fun‹o de deposit‡rio fiel. 3. O 
artigo 312 do C—digo Penal disp›e: ÒArt. 312 - Apropriar-se o funcion‡rio 
pœblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem m—vel, pœblico ou particular, 
de que tem a posse em raz‹o do cargo, ou desvi‡-lo, em proveito pr—prio ou 
alheio: Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multaÓ. 4. ƒ cedio que Òo 
verbo nœcleo desviar tem o significado, nesse dispositivo legal, de 
alterar o destino natural do objeto material ou dar-lhe outro 
encaminhamento, ou, em outros termos no peculato-desvio o 
funcion‡rio pœblico d‡ ao objeto material aplica‹o diversa da que lhe 
foi determinada, em benef’cio pr—prio ou de outrem. Nessa figura n‹o 
h‡ o prop—sito de apropriar-se, que Ž identificado como animus rem 
sibi habendi, podendo ser caracterizado o desvio proibido pelo tipo, 
com simples uso irregular da coisa pœblica, objeto material do 
peculato.Ó (BITTENCOURT, Cezar. Tratado de direito penal. v. 5. 
Saraiva, S‹o Paulo: 2013, 7» Ed. p. 47). 3. ƒ poss’vel a atribui‹o do 
conceito de funcion‡rio pœblico contida no artigo 327 do C—digo Penal a Juiz 
Federal. ƒ que a fun‹o jurisdicional Ž fun‹o pœblica, pois consiste atividade 
privativa do Estado-Juiz, sistematizada pela Constitui‹o e normas 
processuais respectivas. Consequentemente, aquele que atua na presta‹o 
jurisdicional ou a pretexto de exerc-la Ž funcion‡rio pœblico para fins penais. 
Precedente: (RHC 110.432, Relator Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 
18/12/2012). 4. A via estreita do Habeas Corpus n‹o se preza ˆ discuss‹o 
acerca da valora‹o da prova produzida em a‹o penal. ƒ que, nos termos da 
Constitui‹o esta a‹o se destina a afastar restri‹o ˆ liberdade de locomo‹o 
por ilegalidade ou por abuso de poder. 5. Recurso desprovido. 
(RHC 103559, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 
19/08/2014, ACîRDÌO ELETRïNICO DJe-190 DIVULG 29-09-2014 PUBLIC 
30-09-2014) 
O que fazer? ƒ dif’cil dar um ÒnorteÓ infal’vel, pois o Direito n‹o Ž uma 
cincia exata, mas acredito que apesar do precedente recente, a 
jurisprudncia e a doutrina majorit‡rias ainda adotam o primeiro 
entendimento. Vamos aguardar cenas dos pr—ximoscap’tulos... 
 
11 HC 94.168/MG 
12 Ver, por todos, BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 49 
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 Importante lembrar que para que possamos falar em peculato de uso Ž 
necess‡rio que estejamos diante de bem INFUNGêVEL (que n‹o pode ser 
substitu’do por outro da mesma espŽcie, qualidade e quantidade) e NÌO 
CONSUMêVEL (cujo uso importa em destrui‹o IMEDIATA da sua pr—pria 
subst‰ncia). 
Assim, n‹o existe Òpeculato de usoÓ de dinheiro, por exemplo, por ser bem 
fung’vel. 
CUIDADO! Se o agente pœblico em quest‹o for um PREFEITO (ou quem 
esteja atuando em substitui‹o a ele), n‹o haver‡ qualquer dœvida, a 
conduta ser‡ crime! Isto porque h‡ previs‹o espec’fica no DL 201/67 (art. 
1¼, II e ¤1¼). 
 
O peculato-furto (tambŽm chamado de peculato impr—prio) caracteriza-se 
n‹o pela apropria‹o ou desvio de um bem que fora confiado ao agente em raz‹o 
do cargo, mas da subtra‹o de um bem que estava sob guarda da administra‹o. 
Nos termos do art. 312, ¤ 1¡ do CP: 
¤ 1¼ - Aplica-se a mesma pena, se o funcion‡rio pœblico, embora n‹o tendo a posse 
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtra’do, em proveito 
pr—prio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de 
funcion‡rio. 
 
Nesse crime o agente n‹o possui a guarda do bem, praticando verdadeiro 
furto, que, em raz‹o das circunst‰ncias (ser o agente funcion‡rio pœblico e valer-
se desta condi‹o para subtrair o bem), caracteriza-se como o crime de peculato-
furto. 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O patrim™nio da administra‹o pœblica ou do particular 
lesado pela subtra‹o do bem. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. No entanto, Ž plenamente poss’vel 
o concurso de pessoas, respondendo tambŽm o 
particular pelo crime, desde que este particular tenha 
conhecimento da condi‹o de funcion‡rio pœblico do 
agente. 
SUJEITO PASSIVO A administra‹o pœbica, e eventual particular 
propriet‡rio do bem subtra’do, se for bem particular. 
TIPO OBJETIVO A conduta prevista Ž a de subtrair o bem ou valor, ou 
concorrer para sua subtra‹o. Exige-se que o 
funcion‡rio pœblico se valha de alguma facilidade 
proporcionada pela sua condi‹o de funcion‡rio pœblico. 
TIPO SUBJETIVO Dolo. A forma culposa est‡ prevista no ¤ 2¡ do art. 312. 
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 CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o agente adquire 
a posse do bem mediante a subtra‹o. Admite-se 
tentativa, pois n‹o se trata de crime que se perfaz num 
œnico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð 
caminho percorrido na execu‹o). ƒ plenamente 
poss’vel, portanto, que o agente inicie a execu‹o, 
adentrando ˆ reparti‹o pœblica, por exemplo, e seja 
surpreendido pelos seguranas. Nesse caso, o crime 
ser‡ tentado. 
 
O peculato culposo, por sua vez, est‡ previsto no art. 312, ¤ 2¡ do CP: 
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano. 
 
Essa modalidade culposa se verifica quando o agente, sem ter a inten‹o de 
participar do crime funcional praticado por outro funcion‡rio, acaba, em raz‹o do 
seu descuido, colaborando para isso. 13 
EXEMPLO: JosŽ, funcion‡rio pœblico, ao final do expediente, deixa o notebook 
pertencente ao —rg‹o sobre a mesa, e n‹o tranca a porta. Paulo, outro 
funcion‡rio, que trabalha no mesmo —rg‹o, aproveita-se da facilidade encontrada 
(porta aberta) e subtrai o notebook. Neste caso, Paulo praticou o crime de 
peculato-furto, e JosŽ responder‡ pelo crime de peculato culposo. 
 
⇒!Mas, e se o funcion‡rio pœblico contribui culposamente para a 
pr‡tica de um crime praticado por um estranho, alguŽm que n‹o Ž 
funcion‡rio pœblico? Neste caso, h‡ divergncia doutrin‡ria. Parte da 
Doutrina entende que o funcion‡rio pœblico n‹o responde por peculato 
culposo (que s— se configuraria quando o agente contribu’sse culposamente 
para o peculato praticado por outro funcion‡rio). Outra parcela da Doutrina 
sustenta que mesmo neste caso haver‡ peculato culposo. 
 
EXEMPLO: JosŽ, funcion‡rio pœblico, durante seu hor‡rio de almoo, deixa o 
celular funcional (pertencente ao —rg‹o pœblico) sobre o balc‹o de atendimento, 
e sai para comer. Pedro, um particular que estava no local esperando 
atendimento, se aproveita da situa‹o e furta o celular. Neste caso, parte da 
Doutrina entende que h‡ peculato culposo por parte de JosŽ, e outra parte 
entende que n‹o, pois o crime praticado por Pedro (o particular) n‹o foi um 
peculato (e sim um simples furto). 
 
O que decidir na prova objetiva? Apesar de a doutrina levemente 
majorit‡ria entender que n‹o h‡ peculato culposo neste caso, as Bancas parecem 
 
13 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 49/50 
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 ignorar tal fato, havendo hist—rico de cobrana de quest›es nas quais se entendeu 
que, mesmo neste caso, haveria peculato culposo. 
 
O CP estabelece, ainda, que no caso do crime culposo (somente neste!), se 
o agente reparar o dano antes de proferida a sentena irrecorr’vel (ou 
seja, antes do tr‰nsito em julgado), estar‡ extinta a punibilidade. Caso 
o agente repare o dano ap—s o tr‰nsito em julgado, a pena ser‡ reduzida 
pela metade (Ž metade, e n‹o ÒatŽÓ a metade!). Nos termos do art. 312, ¤ 3¡: 
¤ 3¼ - No caso do par‡grafo anterior, a repara‹o do dano, se precede ˆ sentena 
irrecorr’vel, extingue a punibilidade; se lhe Ž posterior, reduz de metade a pena 
imposta. 
 
MUITO CUIDADO! A repara‹o do dano s— gera estes efeitos no peculato 
culposo, n‹o nas suas demais modalidades! 
 
O peculato por erro de outrem Ž uma modalidade muito assemelhada ao 
peculato-apropria‹o. No entanto, nessa modalidade, o agente recebe o bem ou 
valor em raz‹o de erro de outra pessoa. ƒ o que disp›e o art. 313 do CP: 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerc’cio do cargo, 
recebeu por erro de outrem: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa. 
 
ATEN‚ÌO! Este delito tambŽm Ž conhecido como Òpeculato-estelionatoÓ, 
pois o agente mantŽm em erro o particular. PorŽm, se tivŽssemos que traar um 
paralelo com os crimes comuns, este delito se parece mais com o do art. 169, 
caput, do CP (apropria‹o de coisa havida por erro). 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O patrim™nio e a moralidade da administra‹o pœblica. 
Se houver particular lesado pela conduta, ser‡ sujeito 
passivo secund‡rio. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. No entanto, Ž plenamente poss’vel 
o concurso de pessoas, respondendo tambŽm o 
particular pelo crime, desde que este particular tenha 
conhecimento da condi‹o de funcion‡rio pœblico do 
agente. 
SUJEITO PASSIVO A administra‹o pœbica, e eventual particular 
propriet‡rio do bem apropriado, se for bem particular. 
TIPO OBJETIVO A conduta prevista Ž a de se apropriar de bem 
recebido por erro de outrem. Exige-se que o 
funcion‡rio pœblico se valha de alguma facilidade 
proporcionada pela sua condi‹o de funcion‡rio pœblico. 
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 Essa facilidade pode ser o simples exerc’cio de sua 
atividade funcional. 
CUIDADO! A Doutrina entende que se o erro foi 
provocado dolosamente pelo funcion‡rio pœblico, com o 
intuito de enganar o particular, ele dever‡ responder 
pelo delito de estelionato.14 
TIPO SUBJETIVO Dolo. O dolo n‹o precisa existir no momento em que o 
agente recebe a coisa, mas deve existir quando, depois 
de recebida a coisa, o agente resolve se apropriar desta, 
sabendo que ela foi parar em suas m‹os em raz‹o do 
erro daquele que a entregou. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o agente altera 
seu ÒanimusÓ, passando a comportar-se como 
dono da coisa apropriada, sem inten‹o de 
devolu‹o. A Doutrina admite a tentativa, embora seja 
de dif’cil caracteriza‹o. 
 
1.2!Inser‹o de dados falsos em sistema de informa›es e 
modifica‹o ou altera‹o n‹o autorizada de sistema de 
informa›es 
Parte da Doutrina chama o delito do art. 313-A de Òpeculato eletr™nicoÓ15, 
embora esta nomenclatura n‹o seja un‰nime. 
Foram acrescentados ao CP pela Lei 9.983/00, que acrescentou os arts. 
313-A e 313-B ao CP: 
Inser‹o de dados falsos em sistema de informa›es (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 
2000) 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcion‡rio autorizado, a inser‹o de dados falsos, 
alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou 
bancos de dados da Administra‹o Pœblica com o fim de obter vantagem indevida para 
si ou para outrem ou para causar dano: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 
2000) 
Modifica‹o ou altera‹o n‹o autorizada de sistema de informa›es (Inclu’do pela Lei 
n¼ 9.983, de 2000) 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcion‡rio, sistema de informa›es ou programa 
de inform‡tica sem autoriza‹o ou solicita‹o de autoridade competente: (Inclu’do 
pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
Pena - deten‹o, de 3 (trs) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 
9.983, de 2000) 
 
14 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 63 
15 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 721 
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 Par‡grafo œnico. As penas s‹o aumentadas de um tero atŽ a metade se da 
modifica‹o ou altera‹o resulta dano para a Administra‹o Pœblica ou para o 
administrado.(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O patrim™nio da administra‹o pœblica. Se houver particular 
lesado pela conduta, ser‡ sujeito passivo secund‡rio. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. No primeiro caso, a lei exige, ainda, que 
seja o funcion‡rio pœblico autorizado a promover altera›es 
no sistema. No segundo caso, a lei prev que qualquer 
funcion‡rio possa praticar o crime, desde que n‹o seja quem 
est‡ autorizado a promover altera›es no sistema. No 
entanto, Ž plenamente poss’vel o concurso de pessoas, 
respondendo tambŽm o particular pelo crime, desde que 
este particular tenha conhecimento da condi‹o de 
funcion‡rio pœblico do agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica, e eventual particular lesado. 
TIPO OBJETIVO No primeiro caso a conduta Ž a de inserir ou facilitar a 
inser‹o de informa›es falsas, alterar ou excluir, 
indevidamente, dados corretos, com o fim de obter 
vantagem ou causar dano. Percebam que no caso de o 
funcion‡rio promover, ele pr—prio, a altera‹o indevida, o 
crime Ž monossubjetivo, ou seja, n‹o depende de duas ou 
mais pessoas para sua caracteriza‹o. No entanto, se a 
conduta for a de facilitar a altera‹o por outra pessoa 
(particular ou n‹o), o crime ser‡ necessariamente 
plurissubjetivo, pois necessariamente haver‡ de ter mais de 
um sujeito ativo. H‡, ainda, elemento normativo do tipo no 
caso de se tratar de exclus‹o de dados corretos, pois esta 
exclus‹o deve ser INDEVIDA. Assim, se o funcion‡rio 
autorizado exclui dados corretos porque era esta sua 
obriga‹o (estes dados n‹o eram considerados mais 
necess‡rios), n‹o h‡ fato t’pico. No segundo crime, a 
conduta Ž a de modificar ou alterar o sistema de 
informa›es, sem autoriza‹o. H‡, portanto, elemento 
normativo do tipo, pois se o agente estiver autorizado a isto, 
o fato Ž at’pico. 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. No caso do art. 313-A, exige-se a finalidade especial 
de agir, consistente na inten‹o de obter vantagem ou 
causar dano a outrem. No caso do art. 313-B, n‹o ser exige 
nenhum dolo espec’fico, bastando que o funcion‡rio n‹o 
autorizado promova as altera›es ou modifica›es no 
sistema. 
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 CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o agente 
efetivamente promove as altera›es ou modifica›es 
narradas pelo tipo penal. A Doutrina admite a tentativa, 
pois Ž plenamente poss’vel o fracionamento da conduta do 
agente.16 
 
1.3!Extravio, sonega‹o ou inutiliza‹o de livro ou documento 
Este crime est‡ previsto no art. 314 do CP: 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em 
raz‹o do cargo; soneg‡-lo ou inutiliz‡-lo, total ou parcialmente: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, se o fato n‹o constitui crime mais grave. 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O patrim™nio da administra‹o pœblica. Se houver particular 
lesado pela conduta, ser‡ sujeito passivo secund‡rio. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. No entanto, Ž plenamente poss’vel o 
concurso de pessoas, respondendo tambŽm o particular 
pelo crime, desde que este particular tenha 
conhecimento da condi‹o de funcion‡rio pœblico do 
agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica, e eventual particular lesado. 
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de extraviar, sonegar ou inutilizar livro ou 
documento oficial, de que tenha a guarda em raz‹o do 
cargo. 
TIPO SUBJETIVO Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico, nem se admite 
o crime na forma culposa. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o agente 
efetivamente pratica as condutas descritas no tipo 
penal. A Doutrina admite a tentativa, pois Ž plenamente 
poss’vel o fracionamento da conduta do agente. 
 
1.4!Emprego irregular de verbas ou rendas pœblicas 
Trata-se de crime previsto no art. 315 do CP: 
Art. 315 - Dar ˆs verbas ou rendas pœblicas aplica‹o diversa da estabelecida em lei: 
Pena - deten‹o, de um a trs meses, ou multa. 
 
16 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 72 
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 !
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O patrim™nio da administra‹o pœblica. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico que possua a fun‹o de decidir 
a destina‹o das verbas ou rendas pœblicas. 
Entretanto, em se tratando de prefeito municipal n‹o 
se aplica este artigo, aplicando-se o Decreto-Lei 
201/6717, por ser norma de car‡ter especial. No 
entanto, Ž plenamente poss’vel o concurso de pessoas,respondendo tambŽm o particular pelo crime, desde que 
este particular tenha conhecimento da condi‹o de 
funcion‡rio pœblico do agente. 
SUJEITO PASSIVO A administra‹o pœbica 
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de dar ˆs rendas ou verbas pœblicas uma 
destina‹o que n‹o Ž a correta. 
TIPO SUBJETIVO Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade 
espec’fica da conduta), podendo ser atŽ uma finalidade 
nobre (destina‹o a outra ‡rea importante), desde que 
seja destina‹o n‹o prevista para aquela verba. N‹o se 
admite o crime na forma culposa. Aqui o agente n‹o 
desvia a verba em proveito pr—prio ou alheio, mas apenas 
d‡ ˆ verba destina‹o diversa da prevista em lei, mas 
sempre no interesse da administra‹o.18 
OBJETO MATERIAL A verba ou renda irregularmente empregada. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o agente 
efetivamente pratica a conduta de aplicar 
irregularmente a renda ou verba. A Doutrina admite 
a tentativa, pois Ž plenamente poss’vel o fracionamento 
da conduta do agente. Assim, se o agente altera a 
destina‹o da renda ou verba pœblica, mas n‹o chega a 
aplic‡-la irregularmente, o crime ser‡ tentado. 
 
1.5!Concuss‹o 
O crime de concuss‹o est‡ previsto no art. 316 do CP, que assim disp›e: 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
fun‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem indevida: 
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa. 
 
17 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 90 
18 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 91 
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BEM JURêDICO 
TUTELADO 
A moralidade na administra‹o pœblica. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico, ainda que apenas nomeado (mas n‹o 
empossado). Entretanto, em se tratando de Fiscal de 
Rendas, aplica-se o art. 3¡, II da Lei 8.137/90, por ser 
norma penal especial em rela‹o ao CP. No entanto, Ž 
plenamente poss’vel o concurso de pessoas, respondendo 
tambŽm o particular pelo crime, desde que este 
particular tenha conhecimento da condi‹o de 
funcion‡rio pœblico do agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica 
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de exigir vantagem indevida. Vejam que o 
agente n‹o pode, simplesmente, pedir ou solicitar 
vantagem indevida. A Lei determina que deve haver 
uma ÒexignciaÓ de vantagem indevida.19 Assim, deve 
o agente possuir o poder de fazer cumprir o mal que 
ameaa realizar em caso de n‹o recebimento da vantagem 
exigida. 
CUIDADO! Entende-se que a Ògrave ameaaÓ n‹o Ž 
elemento deste delito. Assim, se o agente exige R$ 
10.000,00 da v’tima, sob a ameaa de matar seu filho, 
estar‡ praticando, na verdade, o delito de extors‹o. A 
concuss‹o s— resta caracterizada quando o agente intimada 
a v’tima amparado nos poderes inerentes ao seu cargo20. 
Ex.: Policial Rodovi‡rio exige R$ 1.000,00 da v’tima, 
alegando que se n‹o receber o dinheiro ir‡ lavrar uma multa 
contra ela. 
Assim: 
CONCUSSÌO Ð Ameaa de mal amparado nos poderes do 
cargo. 
EXTORSÌO Ð Ameaa de mal (violncia ou grave ameaa) 
estranho aos poderes do cargo. 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade 
espec’fica da conduta). N‹o se admite o crime na forma 
culposa. 
 
19 A exigncia pode ser direta, quando o agente atua diretamente em rela‹o ˆ v’tima, de forma 
expressa, ou indireta, quando se vale de interposta pessoa ou, ainda, realiza a exigncia de forma 
velada, impl’cita. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 98 
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 97/98 
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 CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o agente 
efetivamente pratica a conduta de exigir a vantagem 
indevida, pouco importando se chega a receb-la.21 
Assim, trata-se de crime formal, n‹o se exigindo o 
resultado natural’stico, que Ž considerado mero 
exaurimento. A Doutrina admite a tentativa, pois Ž 
plenamente poss’vel o fracionamento da conduta do 
agente. Assim, por exemplo, se o agente envia um e-mail 
ou carta exigindo vantagem indevida, mas essa carta ou e-
mail n‹o chega ao conhecimento do destinat‡rio, h‡ 
tentativa. 
 
Este crime Ž muito confundido com o de corrup‹o passiva, mas ISSO 
NÌO PODE ACONTECER COM VOCæS! Se o agente EXIGE, teremos 
concuss‹o! Se o agente apenas solicita, recebe ou apenas aceita promessa 
de vantagem, teremos corrup‹o passiva. 
 
1.6!Excesso de exa‹o 
O crime de excesso de exa‹o, previsto no art. 316, ¤ 1¡ do CP, prev 
uma espŽcie de concuss‹o, s— que espec’fica em rela‹o ˆ exigncia de tributo 
ou contribui‹o social indevida: 
¤ 1¼ - Se o funcion‡rio exige tributo ou contribui‹o social que sabe ou deveria saber 
indevido, ou, quando devido, emprega na cobrana meio vexat—rio ou gravoso, que a 
lei n‹o autoriza: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990) 
Pena - reclus‹o, de trs a oito anos, e multa. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.137, de 
27.12.1990) 
 
O CP exige que o agente saiba que est‡ cobrando tributo ou contribui‹o 
social indevida, ou, ainda, que este ao menos deva saber que Ž indevida. 
O dispositivo estabelece como conduta pun’vel, tambŽm, a conduta de exigir 
tributo ou contribui‹o social devida, mas mediante utiliza‹o de meio de 
cobrana vexat—rio ou gravoso, n‹o autorizado por lei. Portanto, s‹o dois 
nœcleos diferentes previstos neste tipo penal. 
Parte da Doutrina entende que esta express‹o Òdeveria saberÓ indica que, 
nessa conduta, admite-se a forma culposa. No entanto, a maioria da Doutrina 
entende que esta express‹o tambŽm indica forma dolosa, s— que na modalidade 
de dolo eventual22 (art. 18, I, segunda parte, do CP). 
Admite-se a tentativa sempre que puder ser fracionada a conduta do agente 
em mais de um ato, como na exigncia indevida por escrito, por exemplo. 
 
21 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 105. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 732 
22 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 734 
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 O ¤ 2¡, por fim, estabelece uma qualificadora, no caso do agente que, 
alŽm de exigir indevidamente o tributo ou contribui‹o social, desvi‡-lo 
dos cofres da administra‹o pœblica, em proveito pr—prio ou de terceiros: 
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio desvia, em proveito pr—prio ou de outrem, o que recebeu 
indevidamente para recolher aos cofres pœblicos: 
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa. 
 
1.7!Corrup‹o passiva 
A corrup‹o passiva est‡ tipificada no art. 317 do CP: 
Corrup‹o passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda 
que fora da fun‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem indevida, ou 
aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 
10.763, de 12.11.2003) 
¤ 1¼ - A pena Ž aumentada de um tero, se, em conseqŸncia da vantagem ou 
promessa, o funcion‡rio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de of’cio ou o pratica 
infringindo dever funcional. 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
A moralidade na administra‹o pœblica.SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico, ainda que apenas nomeado (mas n‹o 
empossado). No entanto, Ž plenamente poss’vel o concurso 
de pessoas, respondendo tambŽm o particular pelo crime, 
desde que este particular tenha conhecimento da 
condi‹o de funcion‡rio pœblico do agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica 
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de solicitar, receber vantagem ou aceitar 
promessa do recebimento de vantagem futura. Parte 
da Doutrina entende o mero recebimento de vantagens ou 
d‡divas por quest›es de gratid‹o ou amizade n‹o 
configuram corrup‹o, por n‹o lesarem a moralidade 
administrativa. Assim, por exemplo, o atendente do INSS 
que no final do ano recebe uma cesta de natal de um dos 
aposentados, como gratid‹o pelo excelente atendimento, 
n‹o estaria cometendo crime para esta corrente23. Outra 
parte da Doutrina entende que a Lei n‹o distinguiu as 
condutas, sendo ambas (com finalidade espœria ou sem ela) 
consideradas corrup‹o passiva. A corrup‹o passiva pode 
 
23 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 116 
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 ser impr—pria, quando o ato a ser praticado pelo funcion‡rio 
pœblico em troca da vantagem for leg’timo (o funcion‡rio 
recebe a vantagem, por exemplo, para agilizar o andamento 
de uma certid‹o). Por outro lado, considera-se como 
corrup‹o pr—pria aquela na qual o agente recebe a 
vantagem ou aceita a promessa de vantagem para praticar 
ato il’cito (o agente, por exemplo, recebe vantagem para 
deixar de aplicar uma multa, por exemplo). 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade 
espec’fica da conduta). N‹o se admite o crime na forma 
culposa. 
CONSUMA‚ÌO 
E TENTATIVA 
Na modalidade de aceitar e solicitar promessa de 
vantagem, trata-se de crime formal, n‹o se exigindo o 
efetivo recebimento da vantagem. Na modalidade de 
receber vantagem il’cita, o crime Ž material, exigindo-se o 
efetivo recebimento da vantagem.24 Em todos esses casos 
n‹o se exige que o funcion‡rio pœblico efetivamente 
pratique ou deixe de praticar o ato em raz‹o da vantagem 
ou promessa de vantagem recebida. PorŽm, se tal ocorrer, 
incidir‡ a causa de aumento de pena prevista no ¤ 1¡ do 
art. 317, aumentando-se a pena em 1/3. 
 
O ¤ 2¡, por fim, estabelece uma forma ÒprivilegiadaÓ do crime. ƒ a 
hip—tese do ÒfavorÓ, aquela conduta do funcion‡rio que cede a pedidos de amigos, 
conhecidos ou mesmo de estranhos, para que faa ou deixe de fazer algo ao qual 
estava obrigado, sem que vise ao recebimento de qualquer vantagem ou ˆ 
satisfa‹o de interesse pr—prio: 
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio pratica, deixa de praticar ou retarda ato de of’cio, com infra‹o 
de dever funcional, cedendo a pedido ou influncia de outrem: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, ou multa. 
 
Percebam que a pena prevista para esta modalidade do delito Ž bem 
menor que a prevista para as outras hip—teses de corrup‹o. Aqui temos um 
crime material.25 
 
1.8!Facilita‹o de contrabando ou descaminho 
Est‡ previsto no art. 318 do CP: 
 
24 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 317. BITENCOURT sustenta que o crime Ž formal apenas 
na modalidade de solicitar, sendo crime material nas modalidades de ÒaceitarÓ e ÒreceberÓ. 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 125 
25 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 739 
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 Art. 318 - Facilitar, com infra‹o de dever funcional, a pr‡tica de contrabando ou 
descaminho (art. 334): 
Pena - reclus‹o, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.137, 
de 27.12.1990) 
 
Aqui se pune a conduta do agente que deveria evitar a pr‡tica do 
contrabando ou descaminho, mas n‹o o faz, facilitando-a. 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
A moralidade e o patrim™nio da administra‹o pœblica. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico, exigindo-se, ainda, que seja o 
funcion‡rio pœblico que tinha o dever funcional de 
evitar a pr‡tica do contrabando ou descaminho. Aqui 
h‡ uma exce‹o ˆ teoria monista do concurso de pessoas, 
prevista no art. 29 do CP, pois o funcion‡rio pœblico 
responde por este crime, enquanto o particular responde 
pelo crime de contrabando ou pelo descaminho (a depender 
da conduta). Se, porŽm, o funcion‡rio pœblico que 
facilitar a pr‡tica do contrabando ou descaminho n‹o 
tiver a obriga‹o de evit‡-la, responder‡ como 
part’cipe do crime praticado pelo particular, e n‹o 
pelo crime do art. 318 do CP26. MUITO CUIDADO COM 
ISSO! ƒ plenamente poss’vel o concurso de pessoas, 
respondendo tambŽm o particular (ou funcion‡rio pœblico 
que n‹o tenha o dever de evitar o crime) pelo crime do art. 
318, desde que este particular tenha conhecimento 
da condi‹o de funcion‡rio pœblico do agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica. 
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de facilitar a pr‡tica de qualquer dos dois 
crimes (contrabando ou descaminho), seja por a‹o ou 
omiss‹o. 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade 
espec’fica da conduta). N‹o se admite o crime na forma 
culposa. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se com a efetiva facilita‹o para o crime, ainda 
que este œltimo (contrabando ou descaminho) n‹o 
venha a se consumar.27 Admite-se a tentativa quando a 
 
26 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 129 
27 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 131 
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 conduta do agente na facilita‹o for ativa (a‹o), pois se 
pode fracionar a execu‹o do crime em v‡rios atos. 
 
CUIDADO! A reda‹o do tipo penal fala em Òart. 334Ó porque anteriormente os 
delitos de contrabando e descaminho faziam parte do mesmo tipo penal (art. 
334). Atualmente o contrabando foi deslocado para o art. 334-A. 
Contudo, n‹o me parece que o funcion‡rio que facilite a pr‡tica do contrabando 
v‡ ficar impune, ele ir‡ continuar respondendo pelo crime do art. 318, eis que 
o tipo penal fala claramente em Òcontrabando ou descaminhoÓ. Apenas a 
referncia ao art. 334 Ž que passou a estar incompleta. 
 
1.9!Prevarica‹o, prevarica‹o impr—pria e condescendncia 
criminosa 
O crime de prevarica‹o Ž tipificado no art. 319 do CP, que diz: 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de of’cio, ou pratic‡-lo 
contra disposi‹o expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, e multa. 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
A moralidade na administra‹o pœblica. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. ƒ plenamente poss’vel o concurso de 
pessoas, desde que este particular tenha 
conhecimento da condi‹o de funcion‡rio pœblico 
do agente. 
SUJEITO PASSIVO A administra‹o pœbica 
TIPO OBJETIVO A conduta Ž retardar ou deixar de praticar ato de of’cio, 
ou, ainda, pratic‡-lo contra disposi‹o expressa da lei. 
TIPO SUBJETIVO Dolo. Exige-se que o agente pratique o crime para 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal (dolo 
espec’fico). N‹o se admite o crime naforma culposa. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se com a efetiva realiza‹o da conduta. 
Admite-se a tentativa quando a conduta do agente puder 
ser fracionada, como na hip—tese de pratic‡-lo contra 
disposi‹o expressa da lei. Na hip—tese, por exemplo, 
de deixar de praticar, por n‹o poder se fracionar a 
conduta, n‹o cabe a tentativa.28 
 
28 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 743. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 140 
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Este crime n‹o deve ser confundido com a corrup‹o passiva privilegiada, 
na qual o agente deixa de praticar ato de of’cio ou pratica ato indevido atendendo 
a pedido de terceiros. Aqui, o agente faz por conta pr—prio, para satisfazer 
interesse pr—prio. 
LEMBREM-SE: 
FAVORZINHO GRATUITO = CORRUP‚ÌO PASSIVA PRIVILEGIADA 
SATISFA‚ÌO DE INTERESSE PRîPRIO = PREVARICA‚ÌO 
Existe, ainda, uma modalidade espec’fica de prevarica‹o, que Ž a prevista 
no art. 319-A, inserido recentemente pela Lei 11.466/07: 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenci‡ria e/ou agente pœblico, de cumprir seu dever 
de vedar ao preso o acesso a aparelho telef™nico, de r‡dio ou similar, que permita a 
comunica‹o com outros presos ou com o ambiente externo: (Inclu’do pela Lei n¼ 
11.466, de 2007). 
Pena: deten‹o, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano. 
 
Assim, nessa hip—tese, o crime n‹o Ž o de prevarica‹o comum, mas sim a 
espŽcie pr—pria de prevarica‹o prevista no art. 319-A do CP, chamada pela 
Doutrina de prevarica‹o impr—pria. 
Nessa hip—tese, diferentemente da prevarica‹o comum (ou pr—pria), 
n‹o se exige dolo espec’fico (finalidade especial de agir).29 Cuidado com 
isso! A Doutrina n‹o admite, ainda, a tentativa nesta hip—tese, pois a lei prev 
apenas uma conduta omissiva pr—pria, n‹o havendo possibilidade de 
fracionamento da conduta. 
TambŽm n‹o se deve confundir o crime de prevarica‹o com o crime de 
condescendncia criminosa. Nesse crime, o agente tambŽm deixa de fazer 
algo a que estava obrigado em raz‹o da fun‹o, mas o faz por indulgncia 
(sentimento de pena, de comisera‹o). Nos termos do art. 320 do CP: 
Art. 320 - Deixar o funcion‡rio, por indulgncia, de responsabilizar subordinado que 
cometeu infra‹o no exerc’cio do cargo ou, quando lhe falte competncia, n‹o levar o 
fato ao conhecimento da autoridade competente: 
Pena - deten‹o, de quinze dias a um ms, ou multa. 
 
Se o chefe deixa de responsabilizar o subordinado por outro motivo que n‹o 
seja a indulgncia (medo, frouxid‹o, negligncia, pouco caso, etc.), o crime pode 
ser o de prevarica‹o ou o de corrup‹o passiva privilegiada, a depender do caso. 
Cuidado com isso, povo! 
CUIDADO! O tipo penal exige que o agente seja hierarquicamente superior ao 
outro funcion‡rio30, aquele que cometeu a falta funcional. Existe certa 
divergncia doutrin‡ria quanto a isso, mas a posi‹o predominante Ž de que, 
de fato, o agente deve ser hierarquicamente superior. Assim, se um funcion‡rio 
 
29 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 146 
30 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 148. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 746 
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 pœblico toma conhecimento de que seu colega praticou uma infra‹o funcional 
e nada faz a respeito, NÌO PRATICA ESTE CRIME. 
 
ƒ imposs’vel a tentativa no crime de condescendncia criminosa, pois se 
trata de crime omissivo puro. 
 
1.10!Advocacia administrativa 
Est‡ previsto no art. 321 do CP: 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a 
administra‹o pœblica, valendo-se da qualidade de funcion‡rio: 
Pena - deten‹o, de um a trs meses, ou multa. 
!
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
A moralidade na administra‹o pœblica. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. ƒ plenamente poss’vel o concurso de 
pessoas, desde que este particular tenha 
conhecimento da condi‹o de funcion‡rio pœblico do 
agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica 
TIPO OBJETIVO A conduta Ž patrocinar interesse privado perante a 
administra‹o pœblica. O agente deve se valer das 
facilidades que a sua condi‹o de funcion‡rio pœblico lhe 
proporciona31. Entende-se, ainda, que o agente deve 
praticar a conduta em prol de um terceiro. 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o 
crime na forma culposa. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se com a efetiva realiza‹o da conduta. Admite-
se a tentativa quando a conduta do agente puder ser 
fracionada, como na hip—tese pr‡tica da conduta 
mediante correspondncia ou outro ato escrito que n‹o 
tenha chegado ao conhecimento do destinat‡rio. No 
entanto, alguns entendem que nesse caso o crime foi 
consumado. 
 
 
31 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 155 
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 A lei prev, ainda, uma espŽcie de qualificadora, ao estabelecer que, se 
o interesse patrocinado n‹o Ž leg’timo, a pena ser‡ mais grave. Nos termos 
do ¤ œnico do CP: 
Par‡grafo œnico - Se o interesse Ž ileg’timo: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, alŽm da multa. 
 
Assim: 
Interesse leg’timo Ð Crime de advocacia administrativa na forma simples 
Interesse ileg’timo Ð Crime de advocacia administrativa na forma 
qualificada. 
 
1.11! Violncia arbitr‡ria 
ƒ o delito tipificado no art. 322 do CP: 
Art. 322 - Praticar violncia, no exerc’cio de fun‹o ou a pretexto de exerc-la: 
Pena - deten‹o, de seis meses a trs anos, alŽm da pena correspondente ˆ violncia. 
 
Parte da Doutrina e da Jurisprudncia entendem ter sido este artigo 
revogado pela Lei 4.898/65.32 No entanto, existem decis›es no ‰mbito do STJ 
e do STF reconhecendo a plena vigncia deste artigo.33 
BEM 
JURêDICO 
TUTELADO 
O regular desenvolvimento das atividades da administra‹o 
pœblica e a integridade f’sica de eventual particular lesado 
pela conduta. 
SUJEITO 
ATIVO 
Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. ƒ plenamente poss’vel o concurso de 
pessoas, desde que este particular tenha conhecimento 
da condi‹o de funcion‡rio pœblico do agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica, e, secundariamente, o particular. 
TIPO 
OBJETIVO 
A conduta Ž praticar violncia no exerc’cio da fun‹o, ou em 
raz‹o dela. Logo, n‹o se exige que o agente esteja em hor‡rio 
de trabalho, ou dentro da reparti‹o, desde que a violncia 
ocorra em raz‹o da fun‹o do agente. 
 
32 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 160 
33 (...) 1. O crime de violncia arbitr‡ria n‹o foi revogado pelo disposto no artigo 3¼, al’nea "i", 
da Lei de Abuso de Autoridade. Precedentes da Suprema Corte. 
2. Ordem denegada. 
(HC 48.083/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 20/11/2007, DJe 
07/04/2008) 
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 TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o seexige especial fim de agir. Parte da Doutrina, no 
entanto, entende que deve haver a finalidade especial de 
pretender abusar de sua autoridade (entendimento 
minorit‡rio). N‹o se admite o crime na forma culposa. 
CONSUMA‚ÌO 
E TENTATIVA 
Consuma-se com a efetiva realiza‹o da conduta. A tentativa 
Ž plenamente poss’vel. 
 
Atente-se para o fato de que, alŽm da pena aplicada em raz‹o deste crime, 
o agente responde tambŽm pelas penas decorrentes das les›es corporais que 
causar, ou atŽ mesmo pela morte da v’tima. 
 
1.12!Abandono de fun‹o 
Assim disp›e o art. 323 do CP: 
Art. 323 - Abandonar cargo pœblico, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena - deten‹o, de quinze dias a um ms, ou multa. 
¤ 1¼ - Se do fato resulta preju’zo pœblico: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, e multa. 
¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena - deten‹o, de um a trs anos, e multa. 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O regular desenvolvimento das atividades da administra‹o 
pœblica. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. Aqui a Doutrina entende que o conceito 
de funcion‡rio pœblico Ž restrito34, s— podendo ser 
praticado este crime pelo ocupante de cargo pœblico. 
ƒ plenamente poss’vel o concurso de pessoas, desde que 
este particular tenha conhecimento da condi‹o de 
funcion‡rio pœblico do agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica. 
TIPO OBJETIVO A conduta Ž abandonar o cargo. A defini‹o do que seria 
abandono do cargo (por quantos dias, em que situa›es, 
etc.), dever‡ ser extra’da do estatuto ao qual o servidor 
esteja vinculado. No entanto, a Doutrina entende que o 
exerc’cio do direito de Greve n‹o pode ensejar este 
crime. Parte da Doutrina entende, ainda, que pode 
 
34 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 168/169. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 754 
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 ocorrer o abandono se o servidor, ainda que 
comparea ˆ reparti‹o, se recuse a trabalhar.35 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o 
crime na forma culposa. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se com a efetiva realiza‹o da conduta. A 
Doutrina n‹o admite a tentativa. 
 
O CP estabeleceu, ainda, duas qualificadoras, previstas nos ¤¤ 1¡ e 2¡, 
quando do fato resultar algum preju’zo ˆ administra‹o pœblica e quando 
o fato ocorrer em faixa de fronteira: 
¤ 1¼ - Se do fato resulta preju’zo pœblico: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, e multa. 
¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena - deten‹o, de um a trs anos, e multa. 
 
Entende-se por faixa de fronteira a extens‹o de 150 km de largura ao longo 
das fronteiras terrestres, nos termos do art. 20, ¤ 2¡ da Constitui‹o). 
 
1.13!Exerc’cio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
Aqui, trata-se de hip—tese na qual o agente est‡ para se tornar servidor 
pœblico, ou j‡ deixou de s-lo, e mesmo assim exerce as fun›es ˆs quais est‡ 
impedido de exercer, seja porque ainda n‹o tomou posse, seja porque j‡ foi 
desligado do servio pœblico. Nos termos do art. 324 do CP: 
Art. 324 - Entrar no exerc’cio de fun‹o pœblica antes de satisfeitas as exigncias 
legais, ou continuar a exerc-la, sem autoriza‹o, depois de saber oficialmente que 
foi exonerado, removido, substitu’do ou suspenso: 
Pena - deten‹o, de quinze dias a um ms, ou multa. 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O regular desenvolvimento das atividades da administra‹o 
pœblica. 
SUJEITO 
ATIVO 
Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico. Contudo, Ž bom frisar que na 
modalidade de exerc’cio ilegalmente antecipado antes da 
posse (mas depois da nomea‹o) e na modalidade de 
exerc’cio prolongado ap—s exonera‹o (ou demiss‹o), o 
sujeito n‹o Ž mais funcion‡rio pœblico, embora esteja direta 
 
35 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 169. Bitencourt sustenta a tese de que o cargo dever‡ 
ficar acŽfalo, ou seja, desocupado. Se h‡ algum substituto para ocupar o cargo, o delito n‹o 
estaria caracterizado (posi‹o do prof. BITENCOURT). A doutrina majorit‡ria n‹o defende esta 
tese. 
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 ou indiretamente ligado ˆ administra‹o.36 Se o agente n‹o 
possui qualquer v’nculo, comete o crime de usurpa‹o 
de fun‹o pœblica, previsto no art. 328 do CP37. ƒ 
plenamente poss’vel o concurso de pessoas, desde que 
este particular tenha conhecimento da condi‹o de 
funcion‡rio pœblico do agente. 
SUJEITO 
PASSIVO 
A administra‹o pœbica. 
TIPO 
OBJETIVO 
A conduta Ž exercer a fun‹o pœblica, sem autoriza‹o 
(elemento normativo do tipo), antes de satisfeitas as 
exigncias ou ap—s ter sido desligado da fun‹o (por 
remo‹o, substitui‹o, exonera‹o, etc.). Exige-se, ainda, 
que o agente saiba que est‡ agindo nesta condi‹o. 
TIPO 
SUBJETIVO 
Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o 
crime na forma culposa. 
CONSUMA‚ÌO 
E TENTATIVA 
Consuma-se com a efetiva realiza‹o da conduta de exercer 
a atividade indevidamente. A tentativa Ž admiss’vel.38 
 
1.14!Viola‹o de sigilo profissional 
Est‡ previsto no art. 325 do CP: 
Art. 325 - Revelar fato de que tem cincia em raz‹o do cargo e que deva permanecer 
em segredo, ou facilitar-lhe a revela‹o: 
Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato n‹o constitui crime 
mais grave. 
 
BEM JURêDICO 
TUTELADO 
O sigilo das informa›es relativas ˆ administra‹o 
pœblica. 
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo 
funcion‡rio pœblico que possua o dever de manter a 
informa‹o em sigilo. ƒ plenamente poss’vel o concurso 
de pessoas, desde que este particular tenha 
conhecimento da condi‹o de funcion‡rio pœblico 
do agente. 
SUJEITO PASSIVO A administra‹o pœbica. 
 
36 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 175 
37 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 756 
38 Como exemplo, imagine-se o caso do agente que se apresente para trabalhar, mas seja 
impedido pelo chefe da reparti‹o. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 757 
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 TIPO OBJETIVO A conduta Ž revelar ou facilitar a revela‹o de fato 
sigiloso que o agente tenha tomado conhecimento em 
raz‹o do cargo. ƒ indiferente se o fato Ž revelado a um 
particular ou a outro servidor pœblico. ƒ imprescind’vel, 
porŽm, que o fato tenha sido levado ao conhecimento do 
agente em raz‹o da sua fun‹o pœblica. Se a revela‹o 
do segredo se der em rela‹o ˆ opera‹o ou servio 
prestado por institui‹o financeira, estaremos diante de 
crime contra o sistema financeiro nacional, previsto no 
art. 18 da Lei 7.492/8639. 
TIPO SUBJETIVO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o 
crime na forma culposa, pois se exige que o agente tenha 
cincia de que o fato Ž sigiloso. 
CONSUMA‚ÌO E 
TENTATIVA 
Consuma-se com a efetiva realiza‹o da conduta de 
revelar o segredo ou facilitar sua revela‹o. A Doutrina 
admite a tentativa, nas hip—teses em que se puder 
fracionar a conduta do agente,como na hip—tese de o 
agente enviar carta a um terceiro revelando-lhe o 
segredo40, e ser a carta interceptada por outra pessoa, 
n‹o chegando ao conhecimento do destinat‡rio. 
 
O CP prev, ainda, uma forma equiparada do delito e outra forma, 
qualificada. Nos termos dos ¤¤ 1¡ e 2¡ do art. 325 do CP: 
¤ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 
2000) 
I - permite ou facilita, mediante atribui‹o, fornecimento e emprŽstimo de senha ou 
qualquer outra forma, o acesso de pessoas n‹o autorizadas a sistemas de informa›es 
ou banco de dados da Administra‹o Pœblica; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
¤ 2o Se da a‹o ou omiss‹o resulta dano ˆ Administra‹o Pœblica ou a outrem: 
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 
2000) 
 
O art. 326 estabelece um crime aut™nomo, uma modalidade especial de 
viola‹o de segredo funcional. ƒ a viola‹o de sigilo de proposta 
licitat—ria. Nos termos do art. 326: 
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrncia pœblica, ou proporcionar a 
terceiro o ensejo de devass‡-lo: 
Pena - Deten‹o, de trs meses a um ano, e multa. 
 
 
39 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 759 
40 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 185 
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 Entretanto, este artigo foi revogado tacitamente pelo art. 94 da Lei 
8.666/93, que tipifica a mesma conduta, entretanto, estabelece pena 
mais grave (dois a trs anos de deten‹o, e multa).41 
 
2! DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES 
CîDIGO PENAL 
Ä Arts. 312 a 327 do CP Ð Tipificam os crimes praticados por funcion‡rio pœblico 
contra a administra‹o em geral, bem como trazem o conceito de funcion‡rio 
pœblico para fins penais (art. 327 do CP): 
 Peculato 
 Art. 312 - Apropriar-se o funcion‡rio pœblico de dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem m—vel, pœblico ou particular, de que tem a posse em raz‹o do cargo, ou desvi‡-
lo, em proveito pr—prio ou alheio: 
 Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa. 
 ¤ 1¼ - Aplica-se a mesma pena, se o funcion‡rio pœblico, embora n‹o tendo a 
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtra’do, em 
proveito pr—prio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade 
de funcion‡rio. 
 Peculato culposo 
 ¤ 2¼ - Se o funcion‡rio concorre culposamente para o crime de outrem: 
 Pena - deten‹o, de trs meses a um ano. 
 ¤ 3¼ - No caso do par‡grafo anterior, a repara‹o do dano, se precede ˆ sentena 
irrecorr’vel, extingue a punibilidade; se lhe Ž posterior, reduz de metade a pena 
imposta. 
 Peculato mediante erro de outrem 
 Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerc’cio do 
cargo, recebeu por erro de outrem: 
 Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa. 
 Inser‹o de dados falsos em sistema de informa›es (Inclu’do pela Lei n¼ 
9.983, de 2000) 
 Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcion‡rio autorizado, a inser‹o de dados 
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados 
ou bancos de dados da Administra‹o Pœblica com o fim de obter vantagem indevida 
para si ou para outrem ou para causar dano: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)) 
 Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 
9.983, de 2000) 
 Modifica‹o ou altera‹o n‹o autorizada de sistema de 
informa›es (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
 Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcion‡rio, sistema de informa›es ou 
programa de inform‡tica sem autoriza‹o ou solicita‹o de autoridade 
competente: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
 Pena Ð deten‹o, de 3 (trs) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei 
n¼ 9.983, de 2000) 
 
41 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 187 
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 Par‡grafo œnico. As penas s‹o aumentadas de um tero atŽ a metade se da 
modifica‹o ou altera‹o resulta dano para a Administra‹o Pœblica ou para o 
administrado.(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
 Extravio, sonega‹o ou inutiliza‹o de livro ou documento 
 Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda 
em raz‹o do cargo; soneg‡-lo ou inutiliz‡-lo, total ou parcialmente: 
 Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, se o fato n‹o constitui crime mais grave. 
 Emprego irregular de verbas ou rendas pœblicas 
 Art. 315 - Dar ˆs verbas ou rendas pœblicas aplica‹o diversa da estabelecida 
em lei: 
 Pena - deten‹o, de um a trs meses, ou multa. 
 Concuss‹o 
 Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora 
da fun‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem indevida: 
 Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa. 
 Excesso de exa‹o 
 ¤ 1¼ - Se o funcion‡rio exige tributo ou contribui‹o social que sabe ou deveria 
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrana meio vexat—rio ou gravoso, 
que a lei n‹o autoriza: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990) 
 Pena - reclus‹o, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 
8.137, de 27.12.1990) 
 ¤ 2¼ - Se o funcion‡rio desvia, em proveito pr—prio ou de outrem, o que recebeu 
indevidamente para recolher aos cofres pœblicos: 
 Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa. 
 Corrup‹o passiva 
 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da fun‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem 
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
 Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda‹o dada pela Lei 
n¼ 10.763, de 12.11.2003) 
 ¤ 1¼ - A pena Ž aumentada de um tero, se, em conseqŸncia da vantagem ou 
promessa, o funcion‡rio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de of’cio ou o pratica 
infringindo dever funcional. 
 ¤ 2¼ - Se o funcion‡rio pratica, deixa de praticar ou retarda ato de of’cio, com 
infra‹o de dever funcional, cedendo a pedido ou influncia de outrem: 
 Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, ou multa. 
 Facilita‹o de contrabando ou descaminho 
 Art. 318 - Facilitar, com infra‹o de dever funcional, a pr‡tica de contrabando 
ou descaminho (art. 334): 
 Pena - reclus‹o, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 
8.137, de 27.12.1990) 
 Prevarica‹o 
 Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de of’cio, ou pratic‡-
lo contra disposi‹o expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
 Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, e multa. 
 Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenci‡ria e/ou agente pœblico, de cumprir 
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telef™nico, de r‡dio ou similar, que 
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 permita a comunica‹o com outros presos ou com o ambiente externo: (Inclu’do pela 
Lei n¼ 11.466, de 2007). 
 Pena: deten‹o, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano. 
 Condescendncia criminosa 
 Art. 320 - Deixar o funcion‡rio, por indulgncia, de responsabilizar subordinado 
que cometeu infra‹o no exerc’cio do cargo ou, quando lhe falte competncia, n‹o 
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: 
 Pena - deten‹o, de quinze dias a um ms, ou multa. 
 Advocacia administrativa 
 Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a 
administra‹o pœblica, valendo-se da qualidade de funcion‡rio: 
 Pena - deten‹o, de um a trs meses, ou multa. 
 Par‡grafo œnico - Se o interesse Ž ileg’timo: 
 Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, alŽm da multa. 
 Violncia arbitr‡ria 
 Art. 322 - Praticar violncia, no exerc’cio de fun‹o ou a pretexto de exerc-la: 
 Pena - deten‹o, de seis meses a trs anos, alŽm da pena correspondente ˆ 
violncia. 
 Abandono de fun‹o 
 Art. 323 - Abandonar cargo pœblico, fora dos casos permitidos em lei: 
 Pena - deten‹o, de quinze dias a um ms, ou multa. 
 ¤ 1¼ - Se do fato resulta preju’zo pœblico: 
 Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, e multa. 
 ¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
 Pena - deten‹o, de um a trs anos, e multa. 
 Exerc’cio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
 Art. 324 - Entrar no exerc’cio de fun‹o pœblica antes de satisfeitas as exigncias 
legais, ou continuar a exerc-la, sem autoriza‹o, depois de saber oficialmente que 
foi exonerado, removido, substitu’do ou suspenso: 
 Pena - deten‹o, de quinze dias a um ms, ou multa. 
 Viola‹o de sigilo funcional 
 Art. 325 - Revelar fato de que tem cincia em raz‹o do cargo e que deva 
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revela‹o: 
 Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato n‹o constitui 
crime mais grave. 
 ¤ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, 
de 2000) 
 I Ð permite ou facilita, mediante atribui‹o, fornecimento e emprŽstimo de senha 
ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas n‹o autorizadas a sistemas de 
informa›es ou banco de dados da Administra‹o Pœblica;(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, 
de 2000) 
 II Ð se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 
2000) 
 ¤ 2o Se da a‹o ou omiss‹o resulta dano ˆ Administra‹o Pœblica ou a 
outrem: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
 Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, 
de 2000) 
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 Viola‹o do sigilo de proposta de concorrncia 
 Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrncia pœblica, ou proporcionar 
a terceiro o ensejo de devass‡-lo: 
 Pena - Deten‹o, de trs meses a um ano, e multa. 
 Funcion‡rio pœblico 
 Art. 327 - Considera-se funcion‡rio pœblico, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remunera‹o, exerce cargo, emprego ou fun‹o pœblica. 
 ¤ 1¼ - Equipara-se a funcion‡rio pœblico quem exerce cargo, emprego ou fun‹o 
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servio 
contratada ou conveniada para a execu‹o de atividade t’pica da Administra‹o 
Pœblica. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000) 
 ¤ 2¼ - A pena ser‡ aumentada da tera parte quando os autores dos crimes 
previstos neste Cap’tulo forem ocupantes de cargos em comiss‹o ou de fun‹o de 
dire‹o ou assessoramento de —rg‹o da administra‹o direta, sociedade de economia 
mista, empresa pœblica ou funda‹o institu’da pelo poder pœblico. (Inclu’do pela Lei 
n¼ 6.799, de 1980) 
 
Ä Art. 92, I ÒaÓ e seu ¤ œnico, do CP Ð Tal dispositivo estabelece a perda do 
cargo, emprego ou fun‹o quando for aplicada pena privativa de liberdade por 
tempo igual ou superior a um ano em rela‹o aos crimes funcionais: 
Art. 92 - S‹o tambŽm efeitos da condena‹o:(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 
11.7.1984) 
I - a perda de cargo, fun‹o pœblica ou mandato eletivo: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 
9.268, de 1¼.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, 
nos crimes praticados com abuso de poder ou viola‹o de dever para com a 
Administra‹o Pœblica; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) 
(...) 
Par‡grafo œnico - Os efeitos de que trata este artigo n‹o s‹o autom‡ticos, 
devendo ser motivadamente declarados na sentena. (Reda‹o dada pela Lei 
n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
3! SòMULAS PERTINENTES 
3.1!Sœmulas do STJ 
Ä Sœmula 599 do STJ Ð O STJ sumulou entendimento no sentido de que o 
princ’pio da insignific‰ncia Ž inaplic‡vel aos crimes contra a administra‹o 
pœblica, solidificando o entendimento que j‡ era adotado na Corte h‡ muitos anos: 
Sœmula 599 do STJ 
O princ’pio da insignific‰ncia Ž inaplic‡vel aos crimes contra a administra‹o pœblica. 
 
4! JURISPRUDæNCIA CORRELATA 
 
Ä STF - RHC 117488 AGR Ð O STF considerou que a condi‹o de Òfuncion‡rio 
pœblicoÓ seria elementar do tipo de concuss‹o e, portanto, considerar tal condi‹o 
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 para fixar a pena base acima do m’nimo legal seria invi‡vel (bis in idem). 
Contudo, a condi‹o de policial seria uma condi‹o especial de agente que 
tem a obriga‹o de velar pela segurana do cidad‹o, o que imporia maior 
dever de obedincia ˆ norma, de maneira que sua conduta seria ainda mais 
reprov‡vel que a de um Òatendente de protocoloÓ, por exemplo, de forma que 
seria poss’vel aumentar a pena com base nesta circunst‰ncia. Vejamos: 
Ò(...) 4.a. A inser‹o do servidor pœblico no quadro estrutural do Estado deve 
e pode ser considerada no ju’zo de culpabilidade. Na aferi‹o da culpabilidade 
deve-se tambŽm considerar o maior ou menor grau de dever de obedincia ˆ norma. 
N‹o ocorrncia de bis in idem. 4.b. V’cio de fundamenta‹o na valora‹o da 
circunst‰ncia judicial do motivo do crime. 5. Recurso provido parcialmente e concess‹o 
parcial da ordem para determinar ao Ju’zo sentenciante, mantidas a condena‹o e 
seus efeitos, a corre‹o do v’cio na individualiza‹o da pena, mormente para afastar 
a elementar do tipo por ocasi‹o da valora‹o dos motivos do crime. 
(RHC 117488 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 
01/10/2013, PROCESSO ELETRïNICO DJe-205 DIVULG 15-10-2013 PUBLIC 16-10-
2013) 
 
Ä STJ - RESP 1.251.621-AM - CORRUP‚ÌO PASSIVA Ð CRIME PRATICADO 
POR PROMOTOR DE JUSTI‚A Ð CIRCUNSTåNCIA PASSêVEL DE SER 
CONSIDERADA EM PREJUêZO DO RƒU Ð O STJ decidiu que o Juiz pode 
considerar como circunst‰ncia judicial desfavor‡vel, na pena-base, o fato de o 
agente ser Promotor de Justia, pois o cargo que o agente ocupa Ž distinto dos 
servidores pœblicos em geral, posto que se trata de cargo destinado a reprimir 
este tipo de conduta, o que evidencia uma maior reprovabilidade quando este 
agente pratica o crime. Vejamos: 
(...) O fato de o crime de corrup‹o passiva ter sido praticado por Promotor 
de Justia no exerc’cio de suas atribui›es institucionais pode configurar 
circunst‰ncia judicial desfavor‡vel

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