Buscar

CASO CONCRETO 04 E 08 - PROC. CIVIL IV

Prévia do material em texto

CASOS CONCRETOS AV1 – PROCESSO CIVIL IV 
SEMANA 04 
Para determinar a medida processual cabível contra a decisão de 
procedência da impugnação oferecida pelo executado, é necessário estabelecer 
se a natureza da mencionada é de decisão interlocutória ou de sentença. 
Como é cediço, o parágrafo único do art. 1.015, do CPC, determina que 
contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou 
de cumprimento de sentença, o recurso cabível é o agravo de instrumento. 
 
Nesse sentido: 
"EMENTA: AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL - DECISÃO 
PROLATADA EM SEDE DE IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE 
SENTENÇA – RECURSO CABÍVEL – AGRAVO DE INSTRUMENTO – 
ART.1.015,§ ÚNICO, DO NOVO CPC. O agravo de instrumento é o 
recurso cabível contra a decisão proferida em sede de cumprimento de 
sentença. (AGRAVO INTERNO CV Nº 1.0024.11.166819-0/007 - 
COMARCA DE BELO HORIZONTE, 14ª Câmara Cível, rel. Des. Marco 
Aurélio Ferenzini, negaram provimento ao recurso, v. u., j. 02.02.2017, 
DJe 10/10/2017)" 
 
 Contudo, na hipótese, a decisão reconheceu a nulidade de citação 
durante a fase de conhecimento arguida pelo executado impõe a extinção do 
cumprimento de sentença, ante a anulação de todos os atos praticados após a 
citação cuja nulidade restou reconhecida. 
Sendo assim, a r. decisão está consubstanciada no previsto pelo art. 203, 
§1º, do CPC, que determina que a “sentença é o pronunciamento por meio do 
qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do 
procedimento comum, bem como extingue a execução. 
 Tratando-se de sentença, o recurso cabível é a apelação, na forma do 
artigo 1.009, do CPC. Aliás, decidiu o STJ no RECURSO ESPECIAL Nº 
1.698.344 - MG (2017/0231166-2), conforme trecho da Ementa ora trancrito: “6. 
No sistema regido pelo NCPC, o recurso cabível da decisão que acolhe 
impugnação ao cumprimento de sentença e extingue a execução é a apelação. 
As decisões que acolherem parcialmente a impugnação ou a ela negarem 
provimento, por não acarretarem a extinção da fase executiva em andamento, 
tem natureza jurídica de decisão interlocutória, sendo o agravo de instrumento o 
recurso adequado ao seu enfrentamento” 
 
SEMANA 08 
 Inicialmente, cumpre reforçar a natureza das astreintes como medida 
coercitiva a disposição do MM. Juízo cuja finalidade e de compelir o executado 
ao cumprimento do comando judicial. O código de processo civil prevê a 
possibilidade de revisão da multa fixada, ou de sua periodicidade, cumpridos os 
requisitos previstos no art. 537, §1º, contudo, somente em relação àquelas 
prestes a vencer. 
 Noutro sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no 
particular, ao julgar o Recurso Especial 1.474.665/RS, determinou: 
 
“(...)5. A eventual exorbitância na fixação do valor das 
astreintes aciona mecanismo de proteção ao devedor: como a 
cominação de multa para o cumprimento de obrigação de fazer ou 
de não fazer tão somente constitui método de coerção, obviamente 
não faz coisa julgada material, e pode, a requerimento da parte 
ou ex officio pelo magistrado, ser reduzida ou até mesmo 
suprimida, nesta última hipótese, caso a sua imposição não se 
mostrar mais necessária. Precedentes: AgRg no AgRg no AREsp 
596.562/RJ, Relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, DJe 
24/8/2015; e AgRg no REsp 1.491.088/SP, Relator Ministro Ricardo 
Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, DJe 12/5/2015(...)” (STJ - 
REsp: 1474665 RS 2014/0207479-7, Relator: Ministro BENEDITO 
GONÇALVES, Data de Julgamento: 26/04/2017, S1 - PRIMEIRA 
SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 22/06/2017) 
 
O entendimento compreende que cumprida a função precípua da 
astreintes, a saber, a concretização da tutela buscada importaria a 
desnecessidade da execução do valor arbitrado, vez que o interesse do 
exequente foi satisfeito, sem prejuízo da coisa julgada, vez que não aplicável às 
astreintes vencidas. 
A despeito da relevância do raciocínio apresentado, é imperioso o 
reconhecimento da vedação a contrario sensu exprimida no art. 537, §1º. Se está 
expressa a possibilidade de revisão, ou mesmo exclusão, das astreintes no que 
tange as parcelas vincendas, significa dizer que àquelas vencidas não devem 
ser tocadas, restando clara a intenção do legislador de limitar a atuação do 
magistrado nesse sentido. 
De certo que se a multa atingiu valores considerados exorbitantes, isso 
se deu devido a inércia do devedor em cumprir o provimento jurisdicional, não 
sendo razoável a imputação de qualquer responsabilidade ao credor, como por 
exemplo, argumentar que a exorbitância da multa causaria enriquecimento sem 
causa do mesmo. 
Pelo exposto, compreendo – a despeito da jurisprudência colacionada – 
pela impossibilidade de revisão ou supressão da multa diária cominada em razão 
da mora no cumprimento da decisão judicial com efeitos retroativos, restando a 
atuação do magistrado limitada ao previsto no art. 537, §1º - sob pena de 
incentivar a morosidade do devedor no cumprimento da decisão judicial, em 
detrimento do objetivo principal da execução que é a satisfação do título 
executivo do credor.

Continue navegando