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Resenha - O Caso dos Exploradores de Cavernas

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RESUMO: O Caso dos Exploradores de Caverna – Lon L. Fuller 
 
 
Resumo por Rodrigo Machado Merli - Disciplina TGD – Direito Uninove Página 1 
 
A obra apresenta uma cena fictícia, datada do ano de 4300, onde é apresentado o caso 
de quatro homens sentenciados à morte (forca) pelo homicídio de Roger Whetmore, segundo 
a lei “Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a morte”. 
N.C.S.A. (n.s.) Parágrafo 12 –A. A cena se trata de um recurso à Suprema Corte de Newgarth 
após sentença promulgada pelo Tribunal do Condado de Stowfield . Inicialmente o tribunal 
apresenta uma sugestão de apelo ao Exectivo para abrandar a pena em sentença de 6 meses 
de detenção, mas até aquele momento não havia manifestação. 
A história destes 5 homens (os quatro acusados e o morto) trata de uma expedição em 
uma caverna que teve sua entrada (único acesso) obstruída por deslizamento. Após 
comunicado, começaram as escavações para o resgate. Fez-se necessário ampliar recursos e 
chamar cada vez mais especialistas. Por novos deslizamentos, que adiavam a busca, acabou 
causando inclusive a morte de dez operários da operação de resgate. 
Após terem conseguido contato por rádio comunicador, os homens dentro da caverna 
ficaram sabendo que o tempo não seria suficiente, dado seus recursos escassos. Um deles, 
Whetmore, lançou a ideia de um deles morrer para servir de alimento aos demais. A escolha 
seria feita através de um lance de dados. Perguntaram aos homens que estava do lado de fora 
sobre o acordo deles e, não havendo resposta de nenhum órgão oficial e acabando o contato 
pelo rádio, deram sequencia ao acordo. Momentos antes o próprio proponente voltou atrás, 
mas foi acusado pelo grupo de traição ao acordo. Lançaram os dados e logo este foi escolhido 
para a morte. 
A Suprema Corte passa então através de seus quatro juízes a proferir sua decisão. 
O primeiro (Juiz Foster) aborda em dois pontos a sentença de absolvição: 
Direito Natural: que os mesmos estariam em uma situação em que o poder do Estado 
não seria predominante, colocando o predomínio da “lei da natureza”. A partir do momento 
que tais homens estivessem distantes, em um sentido físico (sua prisão subterrânea) estariam 
fora da justiça do direito positivado. 
Aponta também que, no caso de manutenção da vida, mediante contrato por eles 
mesmos firmados, estariam livres da acusação de homicídio. 
Direito positivo: que os mesmos estariam em uma situação em que a lei deveria ser 
interpretada de modo racional. Neste caso discorre com a exemplificação de um caso em que 
seria proibido estacionar em certo período do dia, mas que devido um ato político imprevisto 
o proprietário do carro não poderia ser penalizado e foi assim finalizado o caso. 
 O juiz votou pela absolvição. 
O segundo juiz (Tatting) se coloca em contraposição a todo momento, levando em sua 
persistente análise o papel de aplicar as leis e o seu lado emocional que não entendia-os como 
culpados. Desqualificou o argumento anterior em que não poderiam se considerar legisladores 
de um estado de natureza. Também refutou a tese de que um contrato não pode se sobrepor 
ao homicídio. Mas também não consegue atribuir culpa a homens que lutaram pela vida. O juiz 
RESUMO: O Caso dos Exploradores de Caverna – Lon L. Fuller 
 
 
Resumo por Rodrigo Machado Merli - Disciplina TGD – Direito Uninove Página 2 
 
não defende nenhum argumento mais consistente fora o de se fundamentar como incapaz de 
julgar. 
 
Este preferiu não participar, abdicando de posição. 
O terceiro juiz (Juiz Keen) levou em consideração que os homens já sofreram o 
suficiente e, de acordo com sua condição privada, não o condenariam. Mas enfatizou seu 
papel enquanto juiz e a obrigação da aplicação na norma jurídica, ou seja, as leis. 
Independente de um acordo que teriam praticado, os homens cometeram o homicídio. 
Discordou também da sugestão pela corte de encaminharem sugestivamente o caso ao 
executivo, não sendo este o papel. Enfatiza que um Juiz não pode legislar em consonância aos 
seus desejos pessoais. Votou pela condenação. 
O último Juiz (Handy) discorre sobre a natureza do cargo de juiz. Que este legisla não 
sobre as regras, teorias abstratas, mas sim de acordo com a realidade humana. Prioriza a 
atuação baseada aquele que adapta os métodos e princípios os casos concretos. 
Descaracteriza as falas dos juízes anteriores, uma pela ausência total das leis e outra 
pelo uso exclusivo e estático da mesma. 
Enfatiza sua longa experiência e faz menção à opinião pública. De um lado a grande 
maioria (90%) que considera os 4 homens inocentes. A minoria (10%) estava diante de fontes 
distorcidas do caso. Mas assegura que nenhum dos grupos (maioria ou minoria) apontava que 
a melhor decisão seria dos juízes condenarem para então o caso ser tramitado ao executivo. 
Ressalta 4 modos pelos quais os sentenciados poderiam ter escapado da condenação: 
1) decisão do juiz, de acordo com a lei, que não houve crime; 2) não fosse solicitada 
instauração do processo pelo Ministério Público; 3) absolvição pelo júri; 4) indulto ou 
comutação de pena pelo poder executivo. 
Ressalta que os juízes não tinham que levar em consideração a absolvição ou 
comutação de pena pelo executivo dado seu perfil rígido pela lei e muitas vezes contrário ao 
apelo público. 
Relembra um caso anterior de sacerdotismo. Que um deles teria contrariado a norma 
vigente e depois agredido, porém que este teria suscitado todo aquele movimento. Que por 
não haver provas suficientes sugere ter encerrado o caso. 
Confusamente (grifo meu) absolve os réus e na sequencia se abstém do julgamento. 
Encerradas as falas dos juízes foi constatado o empate (uma absolvição e uma 
condenação; duas abstenções) e a sentença foi confirmada para execução às 6 horas da manhã 
de sexta-feira, dia 2 de abril de 4300.

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