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Resenha Crítica O Caso dos Exploradores de Cavernas

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RESENHA CRÍTICA
1. INFORMAÇÕES BIBLIOGRAFICAS
FULLER, Lon Luvois. O Caso dos Exploradores de Cavernas. 1. ed. São Paulo: Russell, 2013.
2. DADOS SOBRE O AUTOR
Lon Luvois Fuller, nascido em 1902 e falecido em 1978, é amplamente reconhecido como um dos principais filósofos do direito do Ocidente e um proeminente jurista americano. Graduado em Economia e Direito pela Universidade de Stanford, ele se destacou como professor de Teoria do Direito em várias instituições, incluindo as Faculdades de Direito do Oregon, Illinois e Duke. A partir de 1940, Fuller lecionou na Faculdade de Direito de Harvard até 1972, período durante o qual produziu uma extensa obra em direito civil, filosofia e teoria do direito. Ele obteve reconhecimento internacional por seu ensaio "O Caso dos Exploradores de Cavernas", publicado em 1949, que se tornou uma leitura obrigatória em cursos de direito em todo o mundo e foi traduzido para vários idiomas. 
Sua obra mais conhecida, "The Morality of Law", de 1964, aborda a relação entre legislação e moral, apresentando uma visão moderada do jusnaturalismo procedimental. Fuller também é reconhecido por suas contribuições à legislação sobre contratos e ao debate entre positivismo e jusnaturalismo. 
3. DADOS SOBRE A OBRA
"O Caso dos Exploradores de Cavernas" é uma obra jurídica fictícia escrita por Lon L. Fuller, que explora questões éticas e filosóficas por meio de um caso hipotético envolvendo quatro homens acusados de homicídio após ficarem presos em uma caverna. A narrativa é apresentada na forma de opiniões divergentes de juízes fictícios, cada um representando uma perspectiva legal diferente.
A obra emergiu como um sucesso editorial desde sua publicação original em 1949, transformando-se rapidamente em um clássico da filosofia do direito e alcançando vendas expressivas em todo o mundo. Sua influência excedeu fronteiras linguísticas, sendo traduzido para uma variedade de idiomas, incluindo português, espanhol, francês, alemão, italiano, japonês e chinês, consolidando sua presença global. No Brasil, diversas editoras contribuíram para a disseminação da obra, com edições notáveis, como a tradução de Alfredo Carlos Alvarenga pela Editora WMF Martins Fontes em 2008, a versão de Guilherme Veiga pela Editora Malheiros Editores em 2012 e a tradução de Ari Marcelo Solon pela Editora Edipro em 2015.
4. ANÁLISE CRÍTICA E DESCRITIVA
O enredo gira em torno de cinco membros de uma sociedade espeleológica, que ficam presos em uma caverna devido a deslizamentos de terra. Diante da dificuldade do resgate e da escassez de suprimentos, eles ponderam sobre a possibilidade de sobreviverem alimentando-se da carne de um dos membros. Após tentativas frustradas de buscar decisões de autoridades, Roger Whetmore propõe um sorteio com dados para determinar quem seria sacrificado. Seus colegas concordam, mas quando Whetmore sugere esperar mais uma semana, eles se recusam, realizam o sorteio, e Whetmore é morto e consumido. 
Após o resgate, são indiciados por homicídio, condenados à morte em primeira instância, e pedem a comutação da pena para seis meses de prisão, gerando um debate jurídico sobre ética, legalidade e a sobrevivência em situações extremas.
O livro explora as complexidades éticas e legais desse caso hipotético, colocando em foco diferentes perspectivas dos juízes fictícios que compõem o Tribunal Superior chamado a julgar o caso. 
O presidente do Tribunal, Truepenny, defende a manutenção da condenação dos exploradores, argumentando que a justiça deve seguir as leis positivas existentes, mesmo em circunstâncias extraordinárias. Foster, por outro lado, apela para a Lei Natural, sugerindo que, dentro da caverna, os exploradores estavam sujeitos a uma ordem moral diferente da legalista. Tatting critica a comparação entre leis e questiona a aplicação de legítima defesa, enquanto Keen, como positivista, insiste na aplicação estrita da lei escrita. Handy, por sua vez, enfatiza a importância de compreender os sentimentos e opiniões do povo, decidindo pela absolvição dos réus. 
Estende-se, o enredo, à medida que os juízes debatem as interpretações do caso, ressaltando os conflitos éticos e legais. O autor utiliza o cenário extremo da situação para examinar princípios fundamentais do direito, como a defesa própria, a legalidade e a justiça. Fuller explora temas como a inexigibilidade de conduta diversa, a legítima defesa, a moralidade e a responsabilidade individual, proporcionando uma reflexão sobre as complexidades do direito e da moral. A variedade de opiniões entre os juízes espelha as diversas correntes filosóficas e éticas que moldam o pensamento jurídico.
Diante da argumentação complexa e das diferentes visões de mundo, a Suprema Corte se divide. A decisão final, pela condenação dos exploradores à forca, esclarece a necessidade em conciliar princípios éticos e legalidade em situações extremas.
5. POSICIONAMENTO CRÍTICO
A obra de Fuller nos convida a refletir sobre a natureza do Direito e seus limites. As leis positivadas, com sua rigidez e formalidade, podem ser suficientes para lidar com situações complexas e moralmente ambíguas? A Lei Natural, com sua flexibilidade e foco na justiça intrínseca, oferece uma alternativa mais adequada?
O "Estado de Necessidade", previsto no Código Penal, é um princípio que permite que um indivíduo pratique um crime para evitar um mal maior, desde que não haja outro meio de escapar da situação. No caso dos exploradores, a questão central é se a situação extrema dentro da caverna configurava um "estado de necessidade" que justificaria o ato de tirar a vida.
A análise do "Estado de Necessidade" leva em consideração diversos fatores, como a gravidade do perigo, a iminência da ameaça, a inexistência de outras alternativas e a proporcionalidade entre o mal causado e o evitado. No caso dos exploradores, cada um desses fatores deve ser cuidadosamente ponderado para determinar se a ação de sacrificar um membro do grupo foi justificável.
A discussão sobre o "Estado de Necessidade" é complexa e não há uma resposta definitiva. No entanto, a análise desse princípio é indispensável para a compreensão do caso e para a reflexão sobre os limites da legítima defesa em situações extremas.
Essa ação, embora motivada pela necessidade extrema, coloca em xeque os princípios éticos e legais da sociedade. Do ponto de vista legal, a ação dos exploradores pode ser interpretada como assassinato, mesmo que tenha sido realizada em legítima defesa e com o consentimento da vítima. A lei, em sua rigidez formal, pune o ato de tirar a vida, independentemente das circunstâncias que o motivaram.
No entanto, do ponto de vista moral, a questão é mais complexa. Até que ponto a necessidade de preservar a vida própria justifica a tomada de uma vida alheia? A obra não oferece uma resposta definitiva para esse dilema, mas nos convida a refletir sobre as diferentes perspectivas e argumentos envolvidos.
A argumentação de Foster, baseada na Lei Natural, é fundamental para o desenvolvimento da história por dois motivos principais:
Primeiro, ela oferece uma alternativa à visão legalista que domina o debate inicial. Ao defender a ideia de que os exploradores estavam sujeitos a um código moral diferente dentro da caverna, Foster abre espaço para a discussão sobre a relatividade das leis e a importância da contextualização. A Lei Natural, em sua flexibilidade, busca adaptar-se às particularidades de cada caso, reconhecendo que situações extremas exigem soluções excepcionais. Segundo, a argumentação de Foster contribui para humanizar os exploradores e despertar a compaixão do leitor. Ao mostrar que eles agiram por necessidade e não por maldade, Foster nos leva a questionar se a condenação seria realmente justa.
A lição despertada pela obra "O Caso dos Exploradores de Cavernas", é que as decisões jurídicas não podem se basear apenas na letra da lei, é necessário refletir sobre os limites e a natureza do Direito, considerar as nuances de cada caso. A variedade de perspectivas apresentadas pelos juízes fictíciossalienta as diversidades do sistema jurídico, enfatizando a importância de ponderar os valores em jogo e as consequências das decisões tomadas. 
A obra é mais do que uma narrativa jurídica fictícia, é um convite à reflexão crítica sobre o papel do Direito na sociedade, mais do que um mero conjunto de regras, o Direito deve ser um instrumento que busca a justiça e a proteção da vida, mesmo em face de situações extremas e dilemas moralmente contestadores. O Direito deve ser aplicado com sensibilidade e ponderação, buscando sempre a justiça e a coerência com os princípios éticos que fundamentam nossa sociedade.