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53 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Unidade III 5 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL 5.1 Conceito e aplicação Esse método de análise permite avaliações mais precisas e interpretações mais adequadas sobre a estrutura e a tendência dos números de uma empresa. Quanto à análise vertical, por exemplo, o propósito inicial é indicar a participação relativa de cada item de uma demonstração financeira em relação a determinado referencial. Ao passo que, com a análise horizontal, é feito um exame detalhado da evolução histórica de uma série de valores (SILVA, 2008). 5.2 Análise vertical Para Assaf Neto (2007), essa análise se constitui em um processo puramente comparativo, desenvolvido dessa forma por meio de comparações relativas entre rubricas (valores) relacionáveis dentro de uma mesma demonstração contábil. São trabalhados nessa análise valores relativos, ou seja, esses valores são considerados percentualmente para as proporções existentes entre as diversas contas. Silva (2008) exemplifica que, no balanço patrimonial, é usual a determinação de quanto por cento representa cada conta (rubrica) ou grupo de contas em relação ao ativo total. Dessa forma, em cada ano, para que se calculem os percentuais da coluna da análise vertical, divide-se o valor da rubrica que se pretende analisar pelo valor-base e se multiplica por 100. Geralmente, o valor base no balanço patrimonial é o ativo total, e na demonstração de resultado do exercício é a receita líquida de vendas. Análise vertical: fornece os resultados em percentuais e assim fixa em 100% um valor que se quer tomar como referência; desta forma, o percentual de conta mostra sua real importância no conjunto. Para o balanço patrimonial, o total do ativo e do passivo será fixado em 100%, e daí se fará a relação de cada conta em relação a esse conjunto. Fórmula do cálculo na análise vertical para o caso do balanço patrimonial: Valor da conta--------------------------------------------------------------------------------------------------------------- *100 = Análise vertical % Total do ativo ou passivo 54 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Exemplo: Disponível 2008 969,30-------------------------------------------------------------------------------------- *100 ---------------------------------------- *100 = 26,82% Total do ativo 2008 3.613,70 Comentário da análise relativa à conta disponível: A conta disponibilidade representa 26% do total do ativo, enquanto em 2007 representava 19%. Em outras palavras, a cada R$ 100,00 investidos no ativo em 2008, R$ 26,00 estavam em disponível, enquanto em 2007 o valor do disponível representava R$ 19,00 dos R$ 100,00 investidos no ativo. Souza Cruz S/A CNPJ 33.009.911/0001-39 Balanço Patrimonial - 31 de dezembro - em milhões de reais Tabela 11 Ativo 2007 AV% 2008 AV% AH% Ativo circulante Disponibilidades 619,40 19,19% 969,30 26,82% 56,49% Contas a receber 486,80 15,08% 478,20 13,23% -1,17% Estoques 874,90 27,11% 833,90 23,08% -4,69% Tributos a recuperar 18,50 0,57% 23,10 0,64% 24,86% Despesas antecipadas 64,40 2,00% 71,50 1,98% 11,02% Outros 29,80 0,92% 32,60 0,90% 9,40% Total do ativo circulante 2.093,80 64,88% 2.408,60 66,65% 15,03% Ativo não circulante Contas a receber 13,80 0,43% 13,80 0,38% 0,00% Estoques 16,40 0,51% 3,30 0,09% -79,88% Tributos a recuperar 12,80 0,40% 16,20 0,45% 26,56% Imp. de renda e cont. social diferidos 184,00 5,70% 177,70 4,92% -3,42% Empréstimos a receber 20,10 0,62% 27,70 0,77% 37,81% Depósitos judiciais 70,00 2,17% 81,30 2,25% 16,14% Despesas antecipadas 49,20 1,52% 45,00 1,25% -8,54% Invest. soc. cont. coligadas 3,60 0,11% 4,20 0,12% 16,67% Imobilizado 676,10 20,95% 745,80 20,64% 10,31% Intangível 76,10 2,36% 83,50 2,31% 9,72% Outros 11,30 0,35% 6,60 0,18% -41,59% Total do ativo não circulante 1.133,40 35,12% 1.205,10 33,35% 6,33% Total do ativo 3.227,20 100% 3.613,70 100% 11,98% 1 Disponível em: <http://www.souzacruz.com.br/group/sites/sou_7uvf24.nsf/vwPagesWebLive/DO7X7MUC/$FILE/ medMD82LRZJ.pdf?openelement>. Acesso em 30/04/2009. 55 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Tabela 22 Passivo 2007 AV% 2008 AV% AH% Passivo circulante Empréstimos e financiamento 205,60 6,37% 51,70 1,43% -74,85% Fornecedores 91,70 2,84% 81,50 2,26% -11,12% Imp. de renda e cont. social 71,90 2,23% 58,90 1,63% -18,08% Tributos a recolher sobre vendas 298,70 9,26% 376,60 10,42% 26,08% Remuneração dos acionistas 32,60 1,01% 36,10 1,00% 10,74% Salários e encargos sociais 137,20 4,25% 173,60 4,80% 26,53% Adiantamentos de clientes 86,10 2,67% 60,30 1,67% -29,97% Provisões para contingências 8,20 0,25% 0,30 0,01% -96,34% Provisões operacionais 73,10 2,27% 66,80 1,85% -8,62% Outras contas a pagar 96,30 2,98% 81,70 2,26% -15,16% Total do passivo circulante 1.101,40 34,13% 987,50 27,33% -10,34% Passivo não circulante Sociedade ligada Provisões para contingências 107,90 3,34% 140,90 3,90% 30,58% Provisões operacionais 47,00 1,46% 48,10 1,33% 2,34% Tributos a recolher e outras contas 25,00 0,77% 12,20 0,34% -51,20% Imp. de renda e cont. social diferidos 0,10 0,00% 0,10 0,00% 0,00% Incentivos fiscais 281,90 8,74% 296,60 8,21% 5,21% Total do passivo não circulante 461,90 14,31% 497,90 13,78% 7,79% Patrimônio líquido Capital social realizado 625,30 19,38% 625,30 17,30% 0,00% Reservas de capital 1,90 0,06% 1,90 0,05% 0,00% Reservas de lucros 341,70 10,59% 342,30 9,47% 0,18% Ajustes de avaliação patrimonial (82,90) -2,57% 56,30 1,56% -167,91% Lucros acumulados 777,90 24,10% 1.102,50 30,51% 41,73% Total do patrimônio líquido 1.663,90 51,56% 2.128,30 58,90% 27,91% Total do passivo e patrimônio líquido 3.227,20 100% 3.613,70 100% 11,98% Para a demonstração de resultado do exercício, a base de referência será a receita líquida de venda, que terá seu valor fixado em 100%, e assim cada conta será a ela relacionada. Fórmula para a demonstração de resultado do exercício: Valor da conta------------------------------------------------------------------------- *100 = Análise vertical % Receita líquida 2 Disponível em: <http://www.souzacruz.com.br/group/sites/sou_7uvf24.nsf/vwPagesWebLive/DO7X7MUC/$FILE/ medMD82LRZJ.pdf?openelement>. Acesso em 30/04/2009. 56 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Exemplo: Despesas gerais e administrativas em 2007------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- *100 = Análise vertical % Receita líquida 826,40 -------------------------------------- *100 = 17,05 % 4.846,70 Comentário da análise vertical relativa a despesas gerais e administrativas: A conta despesas gerais e administrativas da Souza Cruz, em 2007, representou 17% e diminuiu para 14% em 2008, em relação à receita líquida. Em outras palavras, a cada R$ 100,00 de vendas líquidas, em 2007, R$ 17,00 foram gastos com despesas gerais e administrativas; já em 2008, o gasto foi de R$ 14,00. Importante: o uso da análise vertical na demonstração de resultado é um grande aliado para a análise de orçamentos, por evidenciar a relação das despesas com a receita líquida obtida. Souza Cruz S/A CNPJ 33.009.911/0001-39 31 de dezembro - em milhões de reais Tabela 33 Demonstração de resultado do exercício2007 AV% 2008 AV% AH% Receita líquida das vendas 4.846,70 100% 5.300,60 100% 9,37% Custo dos produtos vendidos 2.166,60 44,70% 2.287,10 43,15% 5,56% Lucro bruto 2.680,10 55,30% 3.013,50 56,85% 12,44% Despesas (receitas) operacionais Com vendas 641,20 13,23% 722,10 13,62% 12,62% Gerais e administrativas 826,40 17,05% 770,10 14,53% -6,81% Outras receitas operacionais líquidas (96,60) -1,99% (82,20) -1,55% -14,91% Lucro operacional 1.309,10 27,01% 1.603,50 30,25% 22,49% Resultado financeiro Receitas financeiras 111,70 2,30% 84,40 1,59% -24,44% Despesas financeiras (51,70) -1,07% (40,80) -0,77% -21,08% Receitas com variações cambiais líq. 21,10 0,44% 40,50 0,76 91,94% Resultado de equivalência patrimonial 3,50 0,07% 8,60 0,16 145,71% Lucro antes do imp. de renda e da cont. social 1.393,70 28,76% 1.696,20 32,00% 21,70% Imposto de renda e cont. social Corrente 390,00 8,05% 442,50 8,35% 13,46% Diferido (29,90) -0,62% 4,10 0,08% -113,71% 3 Disponível em: <http://www.souzacruz.com.br/group/sites/sou_7uvf24.nsf/vwPagesWebLive/DO7X7MUC/$FILE/ medMD82LRZJ.pdf?openelement>. Acesso em 30/04/2009. 57 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Lucro líquido do exercício 1.033,60 21,33% 1.249,60 23,57% 20,90% Silva (2008) destaca que essa simples identificação da representatividade percentual de um item do ativo ou do passivo, ou ainda da demonstração de resultado do exercício em relação a um determinado referencial, muitas vezes não é suficiente para possibilitar ao analista tirar alguma conclusão sobre a situação da empresa. Lembrete A análise vertical contribui para uma verificação mais apurada do desempenho econômico-financeiro de uma empresa. Assim, observar a tendência da representatividade de um determinado item ao longo de dois ou mais exercícios é um processo que auxilia o analista a perceber possíveis mudanças realizadas na estrutura do balanço patrimonial ou da demonstração de resultado do exercício. Neste sentido, a análise horizontal é a ferramenta que complementa as possíveis conclusões auferidas na análise vertical. 5.3 Análise horizontal Tradicionalmente, na análise horizontal, por se tratar de uma comparação entre períodos distintos de tempo, o primeiro exercício (ano) da série é tomado como base 100, o que permite observar, dessa forma, a evolução dos demais exercícios comparando-os a essa base inicial (SILVA, 2008). Essa análise permite que se avalie a evolução dos vários itens de cada demonstração financeira em intervalos sequenciais de tempo. Por exemplo, as evoluções de vendas e dos lucros brutos de uma empresa, verificadas nos últimos três anos, são facilmente avaliadas e interpretadas mediante o estudo da análise horizontal aplicada às demonstrações de resultados referentes aos períodos considerados (ASSAF NETO, 2007, p. 111). Análise horizontal ou de evolução também é conhecida como análise de tendência. Esse tipo de análise mostra a variação (crescimento ou decréscimo) dos itens dos demonstrativos contábeis de um período para outro, objetivando caracterizar tendências. Sua sistematização de cálculo é bastante simples, tanto para o balanço patrimonial quanto para a demonstração de resultado: consiste em fixar o período contábil mais antigo em 100% e dividir os itens do período subsequente por ele, utilizando-se as informações a seguir para encontrar a evolução de cada conta. 58 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 O índice do ano-base é 100, e os anos subsequentes são expressos em relação ao ano-base. Exemplo: Quadro 8 X0 X1 X2 Duplicatas a receber R$ 120 R$ 130 R$ 140 Por meio da regra de três simples, encontramos a evolução, com base em 100, para X1 e X2: Quadro 9 X1 120 – 100 130 – xxx X2 120 – 100 140 – xxx X1 = (130 x 100) / 120 = 108,33 X2 = (140 x 100) / 120 = 116,66 Então, teremos: Quadro 10 X0 X1 X2 Duplicatas a receber R$ 120 R$ 130 R$ 140 Evolução 100 108 116 A evolução da conta disponibilidades: Quadro 11 Ativo 2007 AV% 2008 AV% AH% Disponibilidades 619,40 19,19% 969,30 26,82% 56,49% No exemplo da Souza Cruz, temos: Quadro 12 2007 2008 619,19 – 969,30 100 – x X = 56,49% Esse mesmo cálculo vale para a demonstração do resultado do exercício. Cada um dos índices obtidos com a análise horizontal fornece a ideia de sua própria evolução em determinado espaço de tempo, o que pode indicar a sua medida de crescimento. 59 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Porém, Silva (2008) alerta para a necessidade de se compreender o cenário econômico em que se encontra a empresa analisada; uma vez que a análise horizontal demonstra uma evolução histórica, tais conclusões a seu respeito somente seriam válidas em um ambiente econômico de estabilidade no decorrer do período avaliado. Lembrete O tempo é um indicador importante para a construção da análise horizontal. Baseando-se em períodos de tempo comparados, é possível verificar a evolução ou não de uma empresa, sob a ótica financeira. 6 INDICADORES FINANCEIROS 6.1 Conceito e aplicação A técnica mais usual utilizada na análise financeira é aquela concentrada na apuração de índices financeiros (ou índices econômico-financeiros). Esses índices são extraídos, por sua vez, basicamente, das duas principais demonstrações: balanço patrimonial e demonstração de resultado do exercício. Com o intuito de facilitar a compreensão dos significados dos indicadores e para estabelecer uma metodologia adequada de avaliação dos diversos aspectos de desempenho que uma empresa pode apresentar, os índices são, geralmente, divididos em grupos homogêneos de análise. Nesta seção, serão tratados os índices de lucratividade, estrutura e liquidez. Observação Os índices financeiros enriquecem a análise dos demonstrativos contábeis, ao permitir uma observação específica a determinadas dimensões da empresa. Índices, ou quocientes, como alguns autores preferem denominar, indicam relações entre contas, ou grupos de contas com outras contas ou grupo de contas. Índice é, pois, o resultado da operação de divisão entre contas ou grupos de contas, resultado este que pode ser informado na forma de índice ou de percentual. Após a obtenção de um índice, não podemos afirmar de imediato se ele é ruim, regular ou bom. O índice obtido não é a análise em si. Esta se dará a partir da obtenção de um conjunto de índices suficientes para se fazer juízo da demonstração analisada. É necessário, portanto, quando tratarmos com índice: • compará-lo com índices do setor de atividade da empresa (padrão); • verificar se ele foi apurado de forma consistente; • examinar uma série histórica (vários exercícios). 60 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Em análise de balanço, os índices podem ser divididos em dois grandes grupos: Índices financeiros, compreendendo os seguintes grupos: • índices de liquidez; • índices de endividamento; • índices de atividades. Índices econômicos, compreendendo o seguinte grupo: • índice de rentabilidade. Para que possamos ter uma visão adequada da sistemática de cálculo dos índices e da informação que eles contêm, calcularemos os índices aqui demonstrados com base nos balanços patrimoniais e nas demonstrações dos resultados dos exercícios dos anos de 2007 e 2008 da empresa Souza Cruz S/A. 6.2 Índices de liquidez Idealmente, uma empresa deve possuir uma boa capacidade de pagamento de suas obrigações, em outras palavras,deve possuir habilidade em cumprir corretamente seus compromissos assumidos. Dessa forma, quando a empresa possui tal habilidade ou capacidade, o termo usado frequentemente na literatura é de que a empresa possui liquidez. Assim, os indicadores de liquidez procuram demonstrar se a empresa avaliada possui essa habilidade. Os índices de liquidez têm como objetivo demonstrar a capacidade da empresa de saldar suas obrigações com terceiros em geral, ou seja, pagar seus passivos. Trabalharemos para a obtenção desses índices com os ativos circulantes e não circulantes (contas do realizável em longo prazo) e passivos circulantes e não circulantes (contas do exigível em longo prazo). Para o grupo de índices de liquidez, são necessárias as seguintes contas do ativo: Souza Cruz S.A CNPJ 33.009.911/0001-39 Balanço patrimonial - 31 de dezembro - em milhões de reais Quadro 13 Ativo 2007 2008 Ativo circulante 2.093,80 2.408,60 Ativo não circulante 366,30 365,00 61 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Quadro 14 Passivo 2007 2008 Passivo circulante 1.101,40 987,50 Passivo não circulante 461,90 497,90 6.2.1 Liquidez geral Quadro 15 Índice de liquidez geral 2007 2008 At. circ. + RLP ---------------------------------------------------------------------- = ILG Pas. circ. + ELP 2.460,10 ---------------------------------------------- = 1,57 1.563,30 2.773,60 ----------------------------------------------- = 1,87 1.485,40 Indica quanto a empresa possui de ativo circulante mais o realizável em longo prazo para cada unidade monetária de dívida geral (passivo circulante mais o exigível em longo prazo). Interpretação: quanto maior, melhor. 6.2.2 Liquidez corrente Quadro 16 Índice de liquidez corrente 2007 2008 Ativo circulante --------------------------------------------------------------------------------- = ILC Passivo circulante 2.093,80 --------------------------------------------- = 1,90 1.101,40 2.408,60 --------------------------------------------- = 2,44 987,50 Indica quanto a empresa possui de ativo circulante para cada unidade monetária de passivo circulante. No exemplo, temos para o ano 2007: para cada R$ 1,00 de passivo circulante, a empresa tem R$ 1,90 de ativo circulante; em 2008, para cada R$ 1,00 do passivo circulante, tem-se R$ 2,44 de ativo circulante. Interpretação: quanto maior a capacidade de pagamento, melhor para a empresa, ou seja, quanto maior o índice, melhor. 6.2.3 Liquidez imediata Quadro 17 Índice de liquidez imediata 2007 2008 Disponibilidade --------------------------------------------------------------------------------- = ILI Passivo circulante 619,40 ------------------------------------------- = 0,56 1.101,40 969,30 -------------------------------------- = 0,98 987,50 Indica o quanto a empresa possui de disponibilidade imediata para cada unidade monetária de passivo circulante. 62 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Interpretação: depende, pois, apesar de ser um índice financeiro, a liquidez imediata não se enquadra na regra quanto maior, melhor, por ser um índice sem muita expressão, pois compara dinheiro com valores que vencerão em datas variadas, embora em curto prazo. Índices de liquidez imediata altos em época de inflação significam, certamente, que a empresa estará perdendo dinheiro. No caso da Souza Cruz, temos que, em 2007, para cada R$ 1,00 de dívida, havia R$ 0,56 de disponível, enquanto em 2008 houve melhora para R$ 0,98. 6.2.4 Liquidez seca Quadro 18 Índice de liquidez seca 2007 2008 Ativo circ. - estoques --------------------------------------------------------------------------------------------------- = ILS Passivo circulante 1.218,90 ------------------------------------------- = 1,11 1.101,40 1.574,70 -------------------------------------- = 0,98 987,50 Indica o quanto a empresa possui de ativo circulante líquido para cada unidade monetária de passivo circulante. A exclusão da conta estoque da fórmula é necessária, uma vez que há incerteza sobre quando os estoques serão vendidos – pode levar dias, meses ou anos. Demonstra que a Souza Cruz, no ano de 2007, tinha, para R$ 1,00 de dívida, R$ 1,11; em 2008, sua capacidade de pagamento aumentou para R$ 1,59. Quadro 19 – Resumo: índices de liquidez da Souza Cruz dos anos de 2007 e 2008 Índices de liquidez - resumo 2007 2008 Liquidez geral 1,57 1,87 Liquidez corrente 1,90 2,44 Liquidez imediata 1,11 1,59 Liquidez seca 0,56 0,98 Saiba mais Sobre o assunto, recomendamos a leitura do livro Contabilidade empresarial, de José Carlos Marion (Atlas, São Paulo, 2001). Nesse livro, além das demais informações ali contidas, é possível encontrar as demais denominações e serventia para o Doar. 63 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 6.3 Índices de endividamento Segundo Silva (2008), são considerados como índices de estrutura aqueles que relacionam a composição de capitais (próprios e de terceiros), que mensuram os níveis de imobilização de recursos e evidenciam as relações na estrutura da dívida da empresa. Nessa análise, são verificadas as decisões financeiras de financiamento e investimento. Índices de endividamento ou índices de estrutura de capital mostram a composição e a aplicação dos recursos da empresa. Já aprendemos que o ativo (aplicação de recursos) é financiado por capitais de terceiros (passivo circulante e não circulante) e por capitais próprios (patrimônio líquido), sendo, portanto, os capitais de terceiros e os capitais próprios as origens de recursos. As contas necessárias à determinação dos índices de endividamento são as seguintes: Quadro 20 Contas 2007 2008 Total do passivo circulante 1.101,40 987,50 Total do passivo não circulante 461,90 497,90 Total do patrimônio líquido 1.663,90 2.128,30 6.3.1 Participação de capitais de terceiros Quadro 21 Participação de capital de terceiros 2007 2008 Pas. circ. + Pas. ELP ------------------------------------------------------------------------------------------------------- = PCT Patrimônio líquido 1.563,30 ------------------------------------------- = 0,94 1.663,90 1.485,40 ------------------------------------------ = 0,70 2.128,30 Indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada unidade monetária de capital próprio. Interpretação: quanto menor, melhor. Em 2007, a Souza Cruz teve, de capital de terceiros, R$ 0,94 para cada R$ 1,00 de capital próprio, diminuindo para R$ 0,70 em 2008. A relação indica quanto a empresa possui, percentualmente, de recursos de terceiros (de curto e longo prazos) para cada unidade monetária investida com capital próprio. De modo geral, resultados superiores a 100% indicam maior dependência da empresa avaliada por capitais de terceiros (ASSAF NETO, 2007). 64 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 6.3.2 Composição do endividamento Quadro 22 Composição do endividamento 2007 2008 Passivo circulante ------------------------------------------------------------------------------------------------------- = CE Patrimônio líquido 1.101,40 ------------------------------------------- = 0,70 1.563,30 987,50 ------------------------------------------ = 0,66 1.485,40 Indica quanto as dívidas de curto prazo representam para cadaunidade monetária do total da dívida com terceiros. Interpretação: quanto menor, melhor. Para cada R$ 1,00 de divida total no ano de 2008, tem-se R$ 0,66 de dívida de curto prazo, e, no ano de 2007, R$ 0,70 na Souza Cruz. 6.3.3 Garantia do capital próprio Quadro 23 Garantia de capital próprio 2007 2008 Patrimônio líquido -------------------------------------------------------------------------------------- = GCT Pas. circ. + ELP 1.663,90 ------------------------------------------- = 1,06 1.563,30 2.128,30 ------------------------------------------ = 1,43 1.485,40 Indica quanto a empresa tem de capital próprio para cada unidade monetária de capitais de terceiros. Interpretação: quanto maior, melhor. Na Souza Cruz, em 2008, para cada R$ 1,00 de capital de terceiros, a empresa tem R$ 1,43; em 2007, R$ 1,06. Quadro 24 – Resumo: índices de endividamento da Souza Cruz dos anos de 2007 e 2008 Índices de endividamento - resumo 2007 2008 Participação de capital de terceiros 0,94 0,70 Composição do endividamento 0,70 0,66 Garantia de capital próprio 1,06 1,43 6.4 Índices de atividade Nesse grupo, estudaremos quantos dias a empresa demora, em média, para receber suas vendas, pagar suas compras e renovar seus estoques. Para Assaf Neto (2007), os indicadores de atividade mensuram as diversas durações das possíveis etapas presentes no ciclo operacional da empresa. Esse ciclo envolve todas as fases operacionais típicas de uma empresa, podendo apresentar variações consequentes à natureza específica da empresa (industrial, comercial e prestadora de serviços). Essas 65 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS fases, por sua vez, vão desde a aquisição de insumos básicos ou compra de mercadorias até o efetivo recebimento das vendas realizadas. Observação Nas fórmulas dos índices de atividades, serão sempre usados valores médios (duplicatas a receber, estoques, fornecedores). Co m pr a (P ed id o) Ar m az en ag em (R ec eb im en to ) Ve nd a Re ce bi m en to Espera PME (15 dias) PMC (25 dias) Ciclo operacional total (40 dias) PMP (20 dias) Ciclo de caixa ou financeiro (20 dias) Figura 3 – O ciclo operacional Prazo Médio de Recebimento (PMR) Prazo Médio de Estoque (PME) Prazo Médio de Pagamento (PMP) Ciclo financeiro = PMR + PME – PMP Souza Cruz S/A CNPJ 33.009.911/0001 -39 Tabela 4 Contas 2007 2008 Duplicatas a receber 486,80 478,20 Estoques 874,90 833,90 Fornecedores 91,70 81,50 Receitas 4.846,70 5.300,60 Custos das vendas 2.166,60 2.287,10 Compras 1.078,60 1.027,10 66 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Nota: não será possível calcular os prazos médios de 2007, por não termos os dados de 2006. Saiba mais Para maior aprofundamento nas técnicas e na análise financeira de empresas, recomendamos a consulta ao livro de Rodney Wernke, Gestão financeira: ênfase em aplicações e casos nacionais (ed. Saraiva, São Paulo, 2008), e à obra Análise financeira de balanços (6. ed., ed. Atlas, São Paulo, 2008), de Dante C. Matarazzo. 6.4.1 Prazo Médio de Recebimento (PMR) Indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas vendas. Assim, o volume de duplicatas a receber é consequente de dois fatores essenciais: (i) montante de vendas a prazo e (ii) prazo concedido aos clientes para pagamento (SILVA, 2008). As vendas a prazo seguem uma política de crédito adotada pela empresa, que seja adequada ao seu tipo de atividade. Há diferenças fundamentais nos padrões para concessão de utilizados por empresas diferentes, especialmente quando atuantes em ramos de atividades diferentes. Para empresas de atividades semelhantes, os padrões de crédito tendem a ser parecidos [...] (SILVA, 2008, p. 202). Quadro 25 Prazo médio de recebimento 2008 Duplicatas a receber média -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- * 360 = PMR Vendas brutas 482,50 ------------------------------------------- = 32,77 5.300,60 Duplicatas a receber médias = (486,80 + 478,20) / 2 = 482,50 Indica quantos dias, em média, a empresa espera para receber suas vendas. Interpretação: quanto menor, melhor. Em 2008, a Souza Cruz aguardava, em média, 32 dias para receber suas vendas. A análise de risco, neste caso, indica que, quanto maior for o prazo de recebimento das vendas, pior será a sua avaliação. Silva (2008) ressalta que as mesmas considerações sobre sazonalidades aplicadas ao PMRE devem ser aplicadas ao PMRV. Assaf Neto (2007) também destaca que a empresa deve abreviar sempre que possível o prazo médio de cobrança. 67 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 6.4.2 Prazo Médio de Pagamento (PMP) Quadro 26 Prazo médio de pagamento 2008 Fornecedores médios ------------------------------------------------------------------------------------------------- * 360 = PMP Compras 86,60 ------------------------------------------- = 32,77 1.027,10 Fornecedores médios = (91,70 + 87,50) / 2 = 86,60 Indica quantos dias, em média, a empresa espera para pagar suas compras. Interpretação: quanto maior, melhor. No ano de 2008, a Souza Cruz levou, em média, 30 dias para efetuar seus pagamentos. 6.4.3 Prazo Médio de Estoques (PME) Segundo Assaf Neto (2007), indica o tempo médio necessário para a completa renovação dos estoques da empresa. Silva (2008) argumenta que, do ponto de vista da análise de risco, esse é um índice do tipo quanto maior, pior, porém uma análise conjunta envolvendo os prazos de recebimentos das vendas e pagamento das compras é bastante conveniente nesse caso. Quadro 27 Prazo médio de estoques 2008 Estoques médios ------------------------------------------------------------------------------------- * 360 = PME Custos das vendas 854,40 ------------------------------------------- = 134,49 2.287,10 Estoques médios = (874,90 + 833,90) / 2 = 854,40 Indica quantos dias, em média, a empresa leva para vender seus estoques. Interpretação: quanto menor, melhor. O giro dos estoques da Souza Cruz leva 134 dias, demonstrando ser inadequado no ano de 2008. Cabe lembrar que, em razão de trabalharmos na fórmula de cálculo do PMRE com os estoques das datas encerramento dos balanços, caso a empresa tenha algum tipo de sazonalidade em suas atividades, o resultado obtido poderá carregar alguma distorção. O ideal seria que tivéssemos o valor dos estoques mensais para cálculo da média (SILVA, 2008, p. 201). Assaf Neto (2007) explica que, ao se fazer a divisão de 360 pelo prazo de estocagem, tem-se o giro (rotação) dos estoques, o que sugere o número de vezes que os estoques se renovam no período avaliado. 68 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 6.4.4 Resumo dos índices de atividade Quadro 28 Índice de endividamento - resumo 2008 Prazo médio de recebimento (PMR) 32 Prazo médio de pagamento (PMP) 30 Prazo médio de estoque (PME) 134 Ciclo financeiro (PMR + PME – PMP) 136 Verificamos que a Souza Cruz tem um ciclo financeiro de 136 dias, ou seja, o número de dias que leva entre comprar (pagar) seus estoques, renová-los por vendas e receber esse montante. Lembrete Alguns dos índices, como os de atividade, medem a capacidade operacional daempresa e seu tempo de resposta em relação às demandas de mercado. Resumo Ampliando a análise feita pelos gestores financeiros, trouxemos aqui a discussão sobre análise horizontal e vertical. A primeira avalia a evolução de uma conta no tempo, enquanto a segunda mensura o peso de uma conta em relação a um total. É importante que se observem os detalhes de realização das análises no DRE, pois a base de referência é o faturamento ou as vendas. Discute-se ainda a utilização de indicadores de liquidez, de atividades e endividamento, que, quando bem utilizados, têm papel importantíssimo nas tomadas de decisões empresariais. Exercícios Questão 1. (Adaptada CRC-Exame de Suficiência, 2011 – Questão 9). Em relação às notas explicativas e às demonstrações contábeis, assinale a opção incorreta. A) A entidade deve divulgar nas notas explicativas as fontes principais da incerteza das estimativas à data do balanço que tenham risco significativo de provocar modificação material nos valores contábeis de ativos e passivos durante o próximo. B) A entidade deve divulgar no resumo de políticas contábeis significativas as bases de mensuração utilizadas na elaboração das demonstrações contábeis e outras políticas 69 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS contábeis utilizadas que sejam relevantes para a compreensão das demonstrações contábeis. C) Informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas que seja relevante para sua compreensão, deve ser apresentada nas notas explicativas. D) Políticas contábeis inadequadas podem ser retificadas por meio da divulgação das políticas contábeis utilizadas ou por notas ou qualquer outra divulgação explicativa. E) Informação relevante que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas considerada necessária, deve ser apresentada nas notas explicativas. Resposta incorreta: alternativa D. A) Alternativa correta. Justificativa: as alternativas A e B estão corretas, pois demonstram que as políticas contábeis devem ser mencionadas quando relevantes para a tomada de decisão. B) Alternativa correta. Justificativa: as alternativas A e B estão corretas, pois demonstram que as políticas contábeis devem ser mencionadas quando relevantes para a tomada de decisão. C) Alternativa correta. Justificativa: as alternativas C e E enfatizam que não podemos subestimar informações não mencionadas, e as notas explicativas completam a nossa análise. D) Alternativa incorreta. Justificativa: as políticas contábeis não são retificadas pelas notas explicativas, mas sim pelas normas; por esse motivo, não podemos aceitar a alternativa D. E) Alternativa correta. Justificativa: as alternativas C e E enfatizam que não podemos subestimar informações não mencionadas, e as notas explicativas completam a nossa análise. Questão 2. (Enade Ano 2009, Ciências Contábeis – Questão 32). Nos trabalhos realizados por um auditor independente, identificaram-se vários procedimentos adotados pela Cia. Calada. No decorrer dos trabalhos, os seguintes fatos foram encontrados: I. A provisão para crédito de liquidação duvidosa foi constituída tendo como base o índice de inadimplência apresentado nos últimos cinco anos. 70 Unidade III Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 II. O registro das receitas foi realizado pelo regime de caixa. III. As taxas de depreciação foram calculadas pelo método da soma dos dígitos, diferentemente do último exercício, em que foi adotado o método das cotas constantes, sem evidenciar em notas explicativas. IV. Os estoques estavam avaliados acima do valor de mercado, sem a provisão correspondente. V. As despesas pagas antecipadamente foram registradas como ativo circulante. Diante dos fatos encontrados na Cia. Calada, sob o ponto de vista da condução do trabalho de auditoria, a conduta correta do auditor independente responsável será: A) Considerar como não relevantes todos os fatos encontrados. B) Oferecer serviço de consultoria para corrigir os fatos encontrados. C) Solicitar da empresa correções para os fatos I, II e V. D) Solicitar da empresa correções para os fatos II, III e IV. E) Solicitar da empresa correções para todos os fatos encontrados. Resolução desta questão na Plataforma.
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