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STJ Ag no AI 1303241 dobro por serviço não prestado (2011)

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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.303.241 - RJ (2010/0078045-0)
 
RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES
AGRAVANTE : COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS CEDAE 
ADVOGADO : SERGIO BERMUDES E OUTRO(S)
AGRAVADO : CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO LES JARDINS DE CAP FERRAT 
ADVOGADO : CLEYDWA SOARES ALVES DOS SANTOS E OUTRO(S)
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. REPETIÇÃO DE VALORES. SERVIÇOS DE FORNECIMENTO 
DE ÁGUA E ESGOTO. AUSÊNCIA DE REDE PARA O DESPEJO. ILICITUDE DA 
TARIFA COBRADA. RESTITUIÇÃO EM DOBRO. CABIMENTO. ARTIGO 42, 
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC. PRECEDENTES. APLICAÇÃO DO PRAZO 
PRESCRICIONAL PREVISTO NO ARTIGO 205 DO CÓDIGO CIVIL. 
PRECEDENTES. 
1. A Primeira Seção, no julgamento do REsp n. 1.113.403/RJ, da relatoria do Ministro Teori 
Albino Zavascki, DJe 15/9/2009, submetido ao regime dos recursos repetitivos do artigo 
543-C do CPC e da Resolução/STJ n. 8/2008, firmou entendimento de que a ação de 
repetição de indébito de tarifas de água e esgoto se sujeita ao prazo prescricional estabelecido 
no Código Civil, podendo ser vintenário, na forma estabelecida no artigo 177 do Código Civil 
de 1916, ou decenal, de acordo com o previsto no artigo 205 do Código Civil de 2002.
2. O Superior Tribunal de Justiça possui firme jurisprudência no sentido de não configurar 
erro justificável a cobrança de tarifa de água e esgoto por serviço que não foi prestado pela 
concessionária de serviço público, razão pela qual os valores indevidamente cobrados do 
usuário devem ser restituídos em dobro, conforme determina o artigo 42, parágrafo único, do 
Código de Defesa do Consumidor. Precedentes: AgRg no REsp 1119647/RJ, Rel. Min. 
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 04/03/2010; AgRg no REsp 1117014/SP, Rel. Min. 
Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19/02/2010; REsp 821.634/RJ, Rel. Min. Teori 
Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 23/04/2008; REsp 817.733/RJ, Rel. Min. Castro 
Meira, D.J. 25.05.2007. 
3. Agravo regimental não provido. 
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os 
Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao 
agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Hamilton Carvalhido, 
Teori Albino Zavascki e Arnaldo Esteves Lima votaram com o Sr. Ministro Relator. 
Brasília (DF), 17 de março de 2011(Data do Julgamento)
MINISTRO BENEDITO GONÇALVES 
Relator
Documento: 1045802 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 22/03/2011 Página 1 de 9
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.303.241 - RJ (2010/0078045-0)
 
RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES
AGRAVANTE : COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS CEDAE 
ADVOGADO : SERGIO BERMUDES E OUTRO(S)
AGRAVADO : CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO LES JARDINS DE CAP FERRAT 
ADVOGADO : CLEYDWA SOARES ALVES DOS SANTOS E OUTRO(S)
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): Trata-se de agravo 
regimental interposto pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos - Cedae contra decisão 
proferida em agravo de instrumento, assim ementada (fls. 362):
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
RESTITUIÇÃO DE VALORES. ESGOTO SANITÁRIO. AUSÊNCIA DE REDE 
PARA O DESPEJO. ILICITUDE DA COBRANÇA DA TARIFA DE ESGOTO. 
RESTITUIÇÃO EM DOBRO. ARTIGO 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC. 
PRECEDENTES. APLICAÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL DO CÓDIGO 
CIVIL. RESP 1.113.403/RJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.
Em suas razões, insurge a agravante em relação à aplicação do artigo 205 no Código 
Civil no que diz respeito à prescrição. Para tanto, aduz que o julgado citado pela decisão 
agravada (REsp 1.113.403/RJ) não pacificou o entendimento o Superior Tribunal de Justiça 
acerca do tema, porquanto nada foi decidido sobre a incidência dos artigos do novo Código Civil 
ao caso, tratando-se a acórdão do assunto apenas de maneira obter dictum , não tendo efeito 
vinculante como precedente.
Sob esse contexto, afirma que a presente ação foi proposta em 02.06.2005, ou seja, já 
sob a regência do Novo Código Civil, razão pela qual há se ser aplicada às prestações vencidas a 
regra estabelecida na atual legislação, especificamente o artigo 206, §3º, IV e V, no lugar da 
regra genérica do artigo 205 do NCC ou do artigo 177 do Código Civil anterior, mormente 
porque "a pretensão de restituição dos valores pagos à agravante nada mais é do que pretensão 
de reparação de enriquecimento sem causa" (fls. 376) e para tal hipótese há previsão específica 
para a prescrição.
No mais, alega que este Tribunal já decidiu, reiteradas vezes, que a repetição de 
indébito só se dará da forma dobrada quando comprovada a má-fé da cobrança, sendo certo que 
"a Cedae tinha fundamentos suficientes para acreditar que a cobrança era legal, tendo em vista, 
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inclusive, a existência de normas específicas que regulavam a matéria e autorizavam a referida 
cobrança" (fls. 379). Defende, assim, que ao caso dos autos se aplica a hipótese de engano 
justificável, prevista no parágrafo único do artigo 42.
Ao final, pleiteia a reconsideração da decisão agravada e, se mantida, seja o agravo 
levado a julgamento na Primeira Turma. 
É o relatório.
 
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.303.241 - RJ (2010/0078045-0)
 
 
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. REPETIÇÃO DE VALORES. SERVIÇOS DE 
FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO. AUSÊNCIA DE REDE PARA O 
DESPEJO. ILICITUDE DA TARIFA COBRADA. RESTITUIÇÃO EM 
DOBRO. CABIMENTO. ARTIGO 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC. 
PRECEDENTES. APLICAÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL PREVISTO 
NO ARTIGO 205 DO CÓDIGO CIVIL. PRECEDENTES. 
1. A Primeira Seção, no julgamento do REsp n. 1.113.403/RJ, da relatoria do 
Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 15/9/2009, submetido ao regime dos recursos 
repetitivos do artigo 543-C do CPC e da Resolução/STJ n. 8/2008, firmou 
entendimento de que a ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto se 
sujeita ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil, podendo ser vintenário, 
na forma estabelecida no artigo 177 do Código Civil de 1916, ou decenal, de acordo 
com o previsto no artigo 205 do Código Civil de 2002.
2. O Superior Tribunal de Justiça possui firme jurisprudência no sentido de não 
configurar erro justificável a cobrança de tarifa de água e esgoto por serviço que não 
foi prestado pela concessionária de serviço público, razão pela qual os valores 
indevidamente cobrados do usuário devem ser restituídos em dobro, conforme 
determina o artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor. 
Precedentes: AgRg no REsp 1119647/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda 
Turma, DJe 04/03/2010; AgRg no REsp 1117014/SP, Rel. Min. Humberto Martins, 
Segunda Turma, DJe 19/02/2010; REsp 821.634/RJ, Rel. Min. Teori Albino 
Zavascki, Primeira Turma, DJe 23/04/2008; REsp 817.733/RJ, Rel. Min. Castro 
Meira, D.J. 25.05.2007. 
3. Agravo regimental não provido. 
VOTO
O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): A irresignação não 
merece prosperar. 
De início, observa-se que a controvérsia relativa à prescrição da ação, nos moldes em 
que trazida na insurgência recursal, não foi debatida no Tribunal a quo, ressentindo-se do 
indispensável requisito do prequestionamento. 
Vale ressaltar que a matéria sequer foi apresentada no recurso de embargos de 
declaração opostos na instância a quo, que se limitou a argumentar que o Tribunal de origem não 
teria se manifestado expressamente sobre o artigo 42, §2º, doCPC. 
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Incide, portanto, a Súmula 282 do STF, que assim dispõe: É inadmissível o recurso 
extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.
Ainda que assim não fosse, é ressabido que o Superior Tribunal de Justiça, 
acompanhando o entendimento sedimentado no Supremo Tribunal Federal, firmou posição no 
sentido de que a contraprestação cobrada por concessionárias de serviço público de água e 
esgoto detém natureza jurídica de tarifa ou preço público, devendo, por isso, ser regulada pelas 
normas do Código Civil.
Nesse sentido, observem os seguintes precedentes:
TRIBUTÁRIO – EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA – CONTRAPRESTAÇÃO 
COBRADA PELO SERVIÇO PÚBLICO DE ÁGUA E ESGOTO – NATUREZA 
JURÍDICA DE TARIFA – PRECEDENTES DO STJ E DO STF. 
1. Este Tribunal Superior, encampando entendimento sedimentado no Pretório 
Excelso, firmou posição no sentido de que a contraprestação cobrada por 
concessionárias de serviço público de água e esgoto detém natureza jurídica de tarifa 
ou preço público. 
2. Definida a natureza jurídica da contraprestação, também definiu-se pela aplicação 
das normas do Código Civil. 
3. A prescrição é vintenária, porque regida pelas normas do Direito Civil. 
4. Embargos de divergência providos (EREsp 690609/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, 
Primeira Seção, DJe 07/04/2008).
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. REPETIÇÃO DE 
INDÉBITO. SERVIÇO DE ESGOTO. CEDAE. PRESCRIÇÃO. MATÉRIA 
SUBMETIDA AO RITO DO ARTIGO 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 
ENUNCIADO Nº 412 DA SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 
AGRAVO IMPROVIDO.
1. A Primeira Seção, no julgamento do REsp nº 1.113.403/RJ, da relatoria do 
Ministro Teori Albino Zavascki (in DJe 15/9/2009), submetido ao regime dos 
recursos repetitivos do artigo 543-C do Código de Processo Civil e da Resolução/STJ 
nº 8/2008, firmou entendimento de que a ação de repetição de indébito de tarifas de 
água e esgoto se sujeita ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil.
2. "A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo 
prescricional estabelecido no Código Civil." (Súmula do STJ, Enunciado nº 412).
3. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp 1137927/RJ, Rel. Min. Hamilton 
Carvalhido, Primeira Turma, DJe 02/12/2010).
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. SERVIÇOS DE ÁGUA E 
ESGOTO. PRAZO PRESCRICIONAL.
1. A Primeira Seção, ao analisar a prescrição relativa à contraprestação pelos serviços 
de água e esgoto, fixou o entendimento de que 'é irrelevante a condição autárquica do 
concessionário do serviço público. O tratamento isonômico atribuído aos 
concessionários (pessoas de direito público ou de direito privado) tem por suporte, em 
tais casos, a idêntica natureza da exação de que são credores. Não há razão, portanto, 
para aplicar ao caso o art. 1º do Decreto 20.910/32, norma que fixa prescrição em 
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relação às dívidas das pessoas de direito público, não aos seus créditos' (REsp 
928.267/RS, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, j. 12/8/2009, 
DJe 21/8/2009).
2. Embargos de Divergência providos (EREsp 989762/RS, Rel. Min. Herman 
Benjamin, Primeira Seção, DJe 18/09/2009).
Por conseguinte, sedimentou-se nesta Corte que o prazo prescricional nas ações de 
repetição de indébito de tarifas de água e esgoto deve ser vintenário, na forma estabelecida no 
artigo 177 do Código Civil de 1916, ou decenal, de acordo com o previsto no artigo 205 do 
Código Civil de 2002, não merecendo acolhida a tese recursal da agravante, consoante os 
seguintes precedentes:
RECURSO ESPECIAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TARIFA DE ESGOTO 
SANITÁRIO. PREQUESTIONAMENTO. OMISSÃO INEXISTENTE.
1. Controvérsia decidida com base no artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor, 
sem prequestionar dispositivo do Código Civil.
2. Tendo o Tribunal enfrentado e decidido a matéria concernente à prescrição, com 
fundamentação suficiente, não há ofensa ao artigo 535 do Código de Processo Civil.
3. A restituição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo 
prescricional de 10 (dez) anos previsto no artigo 205 do Código Civil. (Precedente da 
Primeira Seção) 
4. Recurso especial desprovido (REsp 1128054/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, 
Segunda Turma, DJe 08/02/2010).
Outrossim, a questão foi apreciada pela egrégia Primeira Seção no julgamento do REsp 
1.113.403/RJ, da relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 9/9/2009 (DJe 
15/9/2009), submetido ao regime dos recursos repetitivos do artigo 543-C do Código de 
Processo Civil e da Resolução/STJ nº 08/2008, em acórdão assim ementado: 
ADMINISTRATIVO. SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA. COBRANÇA 
DE TARIFA PROGRESSIVA. LEGITIMIDADE. REPETIÇÃO DE INDÉBITO DE 
TARIFAS. APLICAÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL DO CÓDIGO CIVIL. 
PRECEDENTES.
1. É legítima a cobrança de tarifa de água fixada por sistema progressivo.
2. A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo 
prescricional estabelecido no Código Civil.
3. Recurso especial da concessionária parcialmente conhecido e, nessa parte, 
provido. Recurso especial da autora provido. Recursos sujeitos ao regime do art. 
543-C do CPC (REsp 1.113.403/RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira 
Seção, DJe 15/09/2009).
Disso deriva que, de acordo com a regra de transição estabelecida pelo artigo 2.028, os 
débitos ocorridos antes da vigência do Código Civil de 2002, os quais não tenham atingido mais 
da metade do prazo vintenário previsto no Código Civil anterior, submetem-se ao novo prazo 
prescricional de dez anos, contados da data em que a nova legislação entrou em vigor, em 11 de 
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janeiro de 2003. É o que ocorre no caso dos autos em que as cobranças indevidas se deram a 
partir de março de 2002.
No que diz respeito à segunda insurgência recursal, tem-se que este Superior Tribunal 
de Justiça possui firme jurisprudência no sentido de não configurar erro justificável a cobrança 
de tarifa de água e esgoto por serviço que não foi prestado pela concessionária de serviço 
público, razão pela qual os valores indevidamente cobrados do usuário devem ser restituídos em 
dobro, conforme determina o artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor.
Nesse sentido, confiram-se os seguintes precedentes jurisprudenciais prolatados em 
casos análogos:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO DE ESGOTO. 
RELAÇÃO DE CONSUMO. ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC. 
DEVOLUÇÃO EM DOBRO DA TARIFA COBRADA, DE FORMA INDEVIDA, 
PELA CONCESSIONÁRIA. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO 
PRESCRICIONAL. CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA APRECIADA SOB O RITO DO 
ART. 543-C DO CPC.
1. Incabível falar em engano justificável na hipótese em que a agravante, mesmo 
sabendo que o condomínio não usufruía serviço público de esgoto, cobrou a tarifa na 
fatura de água.
2. Caracterizada a cobrança abusiva, é devida a repetição de indébito em dobro ao 
consumidor (art. 42, parágrafo único, do CDC). Precedentes do STJ.
3. A Ação de Repetição de Indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo 
prescricional do Código Civil.
4. Orientação reafirmada pela Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.113.403/RJ, 
submetido ao rito do art. 543-C do CPC.
5. Agravo Regimental não provido (AgRg no REsp 1119647/RJ, Rel. Min. Herman 
Benjamin, Segunda Turma, DJe 04/03/2010).
TRIBUTÁRIO – PROCESSUAL CIVIL – TARIFA DE ÁGUA – COBRANÇA 
INDEVIDA – RESTITUIÇÃO EM DOBRO – ERRO JUSTIFICÁVEL NÃO 
CARACTERIZADO – APLICAÇÃO DO ART.42 DO CDC.
1. Os valores cobrados indevidamente devem ser devolvidos em dobro ao usuário, nos 
termos do art. 42 do Código de Defesa do Consumidor, salvo na hipótese de engano 
justificável.
2. Nos termos da jurisprudência da Segunda Turma, não se considera erro justificável 
a hipótese de "dificuldade de interpretação e/ou dissídio jurisprudencial". 
Precedentes: REsp 817.733/RJ, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 
15.5.2007, DJ 25.5.2007; AgRg no REsp 1.014.562/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, 
Segunda Turma, julgado em 18.12.2008, DJe 24.3.2009.
3. Nesse sentido, a doutrina abalizada de Herman Benjamim: "No Código Civil, só a 
má-fé permite a aplicação da sanção. Na legislação especial, tanto a má-fé como a 
culpa (imprudência, negligência e imperícia) dão ensejo à punição do fornecedor do 
produto em restituição em dobro". (In Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: 
Comentado pelos Autores do Anteprojeto. 8 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 
2004, págs. 396-397).
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Igor
Destacar
 
 
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4. Descaracterizado o erro justificável, devem ser restituídos em dobro os valores 
pagos indevidamente.
Agravo regimental improvido (AgRg no REsp 1117014/SP, Rel. Min. Humberto 
Martins, Segunda Turma, DJe 19/02/2010).
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. DEFICIÊNCIA NA 
FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. TARIFA DE ESGOTO. RESTITUIÇÃO 
DE QUANTIAS PAGAS ANTES DA PROPOSITURA DA AÇÃO. ART. 173 DO 
CTN. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. ART. 42 DO CDC.
1. A ausência de debate, na instância recorrida, sobre os dispositivos legais cuja 
violação se alega no recurso especial atrai, por analogia, a incidência da Súmula 282 
do STF.
2. Não pode ser conhecido o recurso especial se o dispositivo apontado como violado 
não contém comando capaz de infirmar o juízo formulado no acórdão recorrido. 
Incidência, por analogia, a orientação posta na Súmula 284/STF.
3. No que toca à apontada ofensa ao art. 42, parágrafo único, do CDC, esta Corte 
já apreciou casos análogos, nos quais restou assentada a obrigatoriedade de a 
CEDAE restituir, em dobro, o valor indevidamente cobrado, uma vez que não 
configura engano justificável a cobrança de taxa de esgoto em local onde o 
serviço não é prestado.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, no ponto, provido (REsp 821.634/RJ, 
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 23/04/2008).
ADMINISTRATIVO. TAXA DE ESGOTO. TARIFA COBRADA 
INDEVIDAMENTE. INEXISTÊNCIA DE REDE COLETORA. DEVOLUÇÃO EM 
DOBRO. ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC. PRECEDENTES. 
1. A norma do parágrafo único do art. 42 do CDC tem o nítido objetivo de 
conferir à devolução em dobro função pedagógica e inibidora de condutas lesivas 
ao consumidor. 
2. Constatada, por perícia, a inexistência de rede de esgotamento sanitário, a 
repetição em dobro dos pagamentos efetuados a título de tarifa de esgoto é 
medida que se impõe. 
3. Nem a cobrança indevida resultou de fato alheio à esfera de controle do fornecedor 
nem se verifica boa-fé quando, a despeito da constatação do expert, a empresa insiste 
em defender a cobrança, sem prejuízo de não haver-se desincumbido do ônus de 
comprovar a inexistência de má-fé ou de culpa. 
4. Precedentes: REsp 263.229/SP, Rel. Min. José Delgado, DJU de 09.04.01, REsp 
650.791/RJ, DJU de 20.04.06, AgRg no Ag 507.312/RJ, Rel. Min. Humberto Martins, 
DJU de 11.09.06 e Ag 777.344/RJ, Rel. Min. Denise Arruda, DJU de 16.02.07. 
5. Recurso especial provido (REsp 817.733/RJ, Rel. Min. Castro Meira, D.J. 
25.05.2007). 
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto. 
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA
 
AgRg no
Número Registro: 2010/0078045-0 PROCESSO ELETRÔNICO Ag 1.303.241 / RJ
Números Origem: 20050010659983 200800108958 201013701465
EM MESA JULGADO: 17/03/2011
Relator
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS
Secretária
Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS CEDAE
ADVOGADO : MARCELO GONÇALVES E OUTRO(S)
AGRAVADO : CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO LES JARDINS DE CAP FERRAT
ADVOGADO : CLEYDWA SOARES ALVES DOS SANTOS E OUTRO(S)
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Serviços - 
Concessão / Permissão / Autorização - Água e/ou Esgoto
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : COMPANHIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS CEDAE
ADVOGADO : SERGIO BERMUDES E OUTRO(S)
AGRAVADO : CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO LES JARDINS DE CAP FERRAT
ADVOGADO : CLEYDWA SOARES ALVES DOS SANTOS E OUTRO(S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto 
do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Hamilton Carvalhido, Teori Albino Zavascki e Arnaldo Esteves Lima 
votaram com o Sr. Ministro Relator.
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