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AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA Dr. Kleyton Carneiro Caetano Evolução Histórica Prisão em Flagrante se eternizava. Art. 310, CPP. Alterado pela Lei 12.403/2011. - De 1940 até 2011: Juiz recebia o flagrante e só concedia liberdade provisória se, de imediato, verificasse que o agente praticou o fato em: I- caso de necessidade; II- em legítima defesa ou III- em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de um direito (art. 19, CP original). - O juiz também deveria conceder a liberdade provisória caso não estivessem presentes os requisitos do art. 311 e 312 (prisão provisória), mas na prática isso nunca ocorria. Previsão Normativa Duas convenções internacionais das quais o Brasil é signatário. Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de São José da Costa Rica - CELEBRADO EM 1969 – tendo o Brasil como signatário, internalizado por meio do Decreto nº 678/92. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos – CELEBRADO EM 1966 - Brasil como signatário, internalizado por meio do Decreto nº 592/92. Convenção Americana sobre Direitos Humanos “ARTIGO 7. Direito à liberdade pessoal 5. toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condiciona a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo”. POLÊMICA 01 - sem demora POLÊMICA 02 - outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos “ARTIGO 9 3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário for, para a execução da sentença”. 23 anos depois da Carta de Ratificação... Omissão Legislativa. PL 156/2009 – Novo CPP – Traz a figura do Juiz de Garantias. PL 554/2011 – Altera o Art. 306 do CPP, instituindo o §5º: “No prazo máximo de 24 horas após a lavratura do auto de prisão em flagrante, o preso será conduzido à presença do juiz para ser ouvido...”. Vácuo de Poder? Estado de Coisas Inconstitucional – (ADPF 347) – Sistema Penitenciário. O Estado Brasileiro violava sistematicamente o artigo 7, parágrafo 5, do Pacto de São José da Costa Rica e o artigo 9, parágrafo 3, do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. Encaminhava-se cópia do Auto de Prisão em Flagrante para o juiz que analisava a legalidade e necessidade da manutenção dessa prisão cautelar (art. 306, CPP). Essa previsão legislativa mostrou-se insuficiente. Tanto para um efetivo controle judicial da legalidade e necessidade da prisão provisória quanto para verificar eventual prática de violência ou desrespeito aos direitos da pessoa presa. O contato entre o preso e o juiz ocorria meses após a prisão, apenas na audiência de instrução e julgamento. Coube ao CNJ, por meio da Resolução 213/15, e ao STF (ADPF 347, ADI 5240-SP) a implementação e normatização do tema. DEFINIÇÃO CNJ - Trata-se da apresentação do autuado preso em flagrante* delito perante um juiz, permitindo-lhes o contato pessoal, de modo a assegurar o respeito aos direitos fundamentais da pessoa submetida à prisão. Decorre da aplicação dos Tratados de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil. ROGÉRIO SANCHES – Instrumento processual que determina que todo preso em flagrante* deva ser levado à presença de autoridade judicial no menor prazo possível para que esta autoridade judicial avalie a legalidade da prisão e a necessidade de sua manutenção. POLÊMICA 03 - *Somente prisão em Flagrante? CAIO PAIVA - A audiência de custódia consiste, portanto, na condução do preso, sem demora, à presença de uma autoridade judicial, que deverá, a partir de prévio contraditório estabelecido entre o Ministério Público e a Defesa, exercer um controle imediato da legalidade e da necessidade da prisão, assim como apreciar questões relativas à pessoa do cidadão conduzido, notadamente a presença de maus tratos ou tortura. AURY LOPES JR. - A audiência de custódia, ou audiência de apresentação*, é o instituto que visa apresentar o preso em flagrante de imediato à autoridade judiciária, permitindo um contraditório prévio a ser exercido pelo Ministério Publico, pela defesa e pelo próprio custodiado, de modo que, o magistrado, em sede de cognição sumária, irá analisar a legalidade da prisão em flagrante, a necessidade da conversão em preventiva ou a aplicação das medidas cautelares alternativas da prisão, além de aferir e resguardar a integridade física e psíquica do preso. FUNÇÕES A Audiência de Custódia imprime-se como instrumento zelador das GARANTIAS Constitucionais e Internacionais assumidas pela República Federativa do Brasil. A audiência de custódia é entendida como obrigatória pela CIDH. Prevenção de Tortura e violência física e psicológica praticada em desfavor do preso. Combate ao encarceramento em massa. Posição Hierárquica TIDH Hierarquia definida pelo STF - HC 95967/MS, RE 349.403/RS, entre outros. DIREITO PROCESSUAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL. PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA. ALTERAÇÃO DE ORIENTAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF. CONCESSÃO DA ORDEM. 1. A matéria em julgamento neste habeas corpus envolve a temática da (in)admissibilidade da prisão civil do depositário infiel no ordenamento jurídico brasileiro no período posterior ao ingresso do Pacto de São José da Costa Rica no direito nacional. 2. Há o caráter especial do Pacto Internacional dos Direitos Civis Políticos (art. 11) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7°, 7), ratificados, sem reserva, pelo Brasil, no ano de 1992. A esses diplomas internacionais sobre direitos humanos é reservado o lugar específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna. O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil, torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de ratificação. (HC95967/MS, Rel:Min.ELLEN GRACIE, 2ªT, j:11/11/2008, DJe-227). AS PREVISÕES DESTES TRATADOS INTERNACIONAIS SÃO DE APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA? SIM. Neste sentido, prescinde de previsão legal específica em lei ordinária sobre audiência de custódia, para que o preso seja obrigatoriamente levado, sem demora, à autoridade judicial. Ainda que existisse previsão legal em contrário, tal previsão não estaria acima da Convenção Internacional. Porém, dispositivos destes Tratados não seriam aplicados se contrariassem a Constituição Federal. A AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA ESTÁ EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO? SIM - CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART. 5º: III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. (perfeita consonância, eis que uma das finalidades da audiência de custódia é a prevenção da tortura) XXXV – a lei não excluirá da apreciação doPoder Judiciário lesão ou ameaça a direito. (direito de liberdade foi cerceado pelo flagrante, portanto o dever de apresentar o preso ao Juiz, sem demora, está de acordo com a Constituição Federal, levando à apreciação do Poder Judiciário a efetiva lesão ao direito de ir e vir do preso imposta pela prisão) XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. (se a audiência de custódia tem a função de prevenir tortura, coação psicológica, agressão física, ela está adequada ao dispositivo citado) LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (a comunicação é feita pelo Auto de Prisão em Flagrante e também pela apresentação do preso ao juiz, e o contato direto do preso com o juiz dá efetividade plena à garantia de comunicação com a autoridade judicial) LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e do advogado*. (assim é obrigatória a presença do advogado ou defensor público no momento da audiência de custódia) POLÊMICA 04 - interrogatório em delegacia sem a presença do advogado – Art. 7º XXI Lei 8.906/94. LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. (nada mais correto do que apresentar o preso diante do juiz, pois proporciona os melhores meios para aferir sobre a legalidade da prisão e se considerada ilegal, cumpre o preceito constitucional possibilitando à autoridade judiciária relaxar imediatamente a prisão) LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória com ou sem fiança. (conforme o próprio CNJ, dentre os resultados possíveis da audiência de custódia está justamente a concessão de liberdade provisória com ou sem fiança, demonstrando mais uma vez que o instituto tem plena conformidade com o texto constitucional) Resolução 213/2015 - CNJ Art. 1º Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito*, independentemente da motivação ou natureza do ato, seja obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da comunicação do flagrante*, à autoridade judicial competente, e ouvida sobre as circunstâncias em que se realizou sua prisão ou apreensão. POLÊMICA 01 - sem demora = 24 HORAS (48 horas na verdade). O Delegado tem 24 horas para comunicar a prisão em Flagrante - Art. 306, § 1º, CPP. Depois, mais 24 horas para a realização da audiência de Custódia. X PL 554/2011 – lavratura. X ADPF 347 – Prisão. STF - ADI 5240 – SP Julgou improcedente o pedido, mantendo o provimento 3/2015 TJSP, que determina a apresentação de pessoa detida, até 24 horas após a sua prisão, ao juiz competente, para participar de audiência de custódia no âmbito daquele tribunal. Apresentação ao juiz no referido prazo estaria intimamente ligada à ideia da garantia fundamental da liberdade, qual seja, o “habeas corpus”. A essência deste remédio constitucional, portanto, estaria justamente no contado direito do juiz com o preso, para que o julgador pudesse, assim, saber do próprio detido a razão pela qual fora preso e em que condições e encontra encarcerado. Instrumento com previsão legal art. 656 CPP. Esta em consonância com a convenção internacional e Interpretação teleológica do CPP. STF – ADPF 347 No dia 10 de setembro de 2015, os Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) determinaram a implantação do “Projeto Audiências de Custódia” no prazo máximo de noventa dias em todo o território nacional, como uma das medidas necessárias para acabar com o Estado de Coisas Inconstitucional em que se encontra o sistema penitenciário brasileiro. Estado de Coisas Inconstitucional relativamente ao sistema penitenciário brasileiro, indicando a audiência de custódia como uma das medidas a serem tomadas para sanar as violações a preceitos fundamentais sofridas pelos presos em decorrência de ações e omissões dos poderes da União, Estados e DF. E determinou o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas contados do momento da prisão. Nesta decisão, o STF constatou a crise do sistema carcerário nacional e adotou uma nova tese importada do direito comparado, o Estado de Coisas Inconstitucional. O sistema prisional caótico brasileiro foi considerado inconstitucional pelas constantes violações aos direitos e garantias dos presos, devendo ser adotadas várias medidas para remediar esses transtornos, entre elas, a instituição das audiências de custódia/apresentação nas unidades da federação e a motivação das decisões encarceradoras, justificando-se a não aplicação das medidas alternativas do cárcere, não se limitando a fundamentações genéricas. Entra em cena a audiência de custódia, não como política pública ou como solução para todos os problemas do encarceramento, mas como instituto jurídico garantidor dos direitos fundamentais e capaz de frear as prisões em massa. STF - ADPF 347 MC / DF - DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NA ADPF CUSTODIADO – INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL – SISTEMA PENITENCIÁRIO – ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADEQUAÇÃO. Cabível é a arguição de descumprimento de preceito fundamental considerada a situação degradante das penitenciárias no Brasil. SISTEMA PENITENCIÁRIO NACIONAL – SUPERLOTAÇÃO CARCERÁRIA – CONDIÇÕES DESUMANAS DE CUSTÓDIA – VIOLAÇÃO MASSIVA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS – FALHAS ESTRUTURAIS – ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL – CONFIGURAÇÃO. Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais, decorrente de falhas estruturais e falência de políticas públicas e cuja modificação depende de medidas abrangentes de natureza normativa, administrativa e orçamentária, deve o sistema penitenciário nacional ser caraterizado como “estado de coisas inconstitucional”. FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL – VERBAS – CONTINGENCIAMENTO. Ante a situação precária das penitenciárias, o interesse público direciona à liberação das verbas do Fundo Penitenciário Nacional. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA – OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Estão obrigados juízes e tribunais, observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, a realizarem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado do momento da prisão. (ADPF 347 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/09/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-031 DIVULG 18-02-2016 PUBLIC 19-02-2016). POLÊMICA 02 - outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais. O DELEGADO DE POLÍCIA não é autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais. O preso (em geral pela Polícia Militar - polícia ostensiva) deve ser imediatamente apresentado ao Delegado de Polícia (polícia judiciária). O delegado: - classifica o caso (tipificação); - analisa se cabe ou não o flagrante (art. 302, CPP); - caso não entenda pelo flagrante: relaxamento (art. 304, CPP). - caso entenda pelo flagrante: pode arbitrar fiança. Se paga, liberta-se o preso(art. 322, CPP). No Brasil, a atividade de polícia judiciária é função policial, não função jurisdicional. Delegado de Polícia é Autoridade Policial, NÃO É AUTORIDADE JURISDICIONAL e não pode realizar audiência de custódia. Na prática, muitas violações ao livre exercício da advocacia são praticadas nas Delegacias de Polícia. Exemplos: - Acesso aos autos (7º XIII);- Entrevista com o cliente (7º III); - Acompanhamento de produção de provas (7º, VI, ‘c’); - Ingressar livremente (7º, VI, ‘b’). Somente o Juiz de Direito pode atuar em Audiência de Custódia, posição extraída da interpretação do Pacto de São José da Costa Rica, Artigo 8, e da CF, art. 5º, LXII, bem como do próprio CPP. Destaca-se que algumas associações representativas de Delegados de Polícia buscaram, sem sucesso, o cancelamento da implementação das Audiências de Custódia. POLÊMICA: 03 – Somente prisão em Flagrante? NÃO. O próprio art. 13 da Resolução 213/15 prevê expressamente sua realização nos demais casos de prisão. Art. 13. A apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 horas também será assegurada às pessoas presas em decorrência de cumprimento de mandados de prisão cautelar ou definitiva, aplicando- se, no que couber, os procedimentos previstos nesta Resolução. Parágrafo único. Todos os mandados de prisão deverão conter, expressamente, a determinação para que, no momento de seu cumprimento, a pessoa presa seja imediatamente apresentada à autoridade judicial que determinou a expedição da ordem de custódia ou, nos casos em que forem cumpridos fora da jurisdição do juiz processante, à autoridade judicial competente, conforme lei de organização judiciária local. Estatísticas Brasil – 2016 Total de audiências de custódia realizadas: 81.439 (83.634 autuados) Casos que resultaram em liberdade: 39.709 (47,48%) Casos que resultaram em prisão preventiva: 43.925 (52,52%) Casos em que houve alegação de violência no ato da prisão: 4.646 (5,56%) Casos em que houve encaminhamento social/assistencial: 9.272 (11,09%) Fonte: CNJ - 2017 Ano 1990 90 mil presos – 140 milhões de habitantes 2013 – 581 mil presos / 2014 – 622 mil presos Ano 2017 726 mil presos para 386 mil vagas / 40% provisórios e 64% negros Ano 2018 * 800 mil presos * 215 milhões de habitantes De 1990 até 2018 a população carcerária aumentou 900% enquanto a população total sequer dobrou. Com mais gente presa, a sensação de segurança aumentou? Com penas cada vez maiores, o cometimento de crime diminuiu? DE 1940 ATÉ 2015 MAIS DE 150 NOVAS LEIS PENAIS “E quanto mais o povo acredita na magia da lei penal mais severa, mais ele é vitimizado pelos políticos e governantes demagogos, aproveitadores e aduladores da vontade popular” (Luiz Flavio Gomes). Estado de Goiás 1ª Audiência de Custódia foi realizada em 10/08/2015 Audiência de Custódia em Goiás Implantação: RESOLUÇÃO Nº 35, DE 22 DE JULHO DE 2015 – Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Modifica parcialmente a competência da Sétima Vara Criminal da Comarca de Goiânia e institui o Projeto Audiência de Custódia no âmbito da mesma Comarca. TÍTULO I DO PROJETO AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA Art. 1°. Fica instituído na comarca de Goiânia, o Projeto Audiência de Custódia, em virtude do qual toda pessoa presa em flagrante deverá ser apresentada, sem demora*, ao juiz competente. * Em 09/09/2015 foi julgada a Medida Cautelar na ADPF 347 – 24 horas. Art. 2°. O segundo juiz de direito da Sétima Vara Criminal da comarca de Goiânia passa a ter competência exclusiva para: I – realizar as audiências de custódia e nelas deliberar acerca das medidas previstas nos artigos 310, 318 e 319 do CPP (...) exercer o controle da sua legalidade e salvaguardar os direitos individuais (...). II – exercer o controle de legalidade dos demais APF, nos quais a pessoa não seja mantida presa pela autoridade policial; III – apreciar e decidir todos os procedimentos penais constitucionais, cautelares e contracautelares protocolizados antes da distribuição do inquérito policial, procedimento de investigação criminal ou peças de informação (...) criminais da comarca de Goiânia. §1º (...) não prejudica a apreciação de pedidos cautelares e contracautelares pelos juízes que estiverem em plantão judiciário. Depois de realizada a Audiência de Custódia, os autos eram distribuídos eletronicamente. Art. 2º, §2º - NÃO serão realizadas audiências de custódia durante os plantões judiciais ordinários e de fins de semana. Até Julho de 2017 não eram realizadas audiências de custódia aos finais de semana, até que a Dra. Maria Socorro, diretora do foro da Comarca de Goiânia, baixou portaria determinando a realização de audiência de custódia durante os finais de semana. PORTARIA N° 404, 05 de junho de 2017. Até Dezembro de 2017 não eram realizadas audiências de custódia durante o Plantão do Recesso Forense, até que a Dra. Maria Socorro, diretora do foro da Comarca de Goiânia, baixou portaria determinando a realização de audiência de custódia durante o Recesso Forense. PORTARIA N°844/2017. Consequências de um Projeto Estruturado Reincidência no Brasil 70% são presos novamente (criminógena). 24,4% são condenados novamente em menos de 5 anos (legal). Fonte CNJ/IPEA 2015. Reincidência Lei Maria da Penha período Dr. Oscar 360 presos passaram pelos cursos na CAP (Grupo Reflexivo para Autores de Violência Doméstica) e desses somente 01 foi preso novamente. 0,27% de reincidência! Até que.... Muitos Juízes do TJGO são declaradamente contra as Audiências de Custódia. Aparentemente, a visibilidade e competência direcionada para o 2º Juiz da 7ª Vara Criminal de Goiânia causou desconforto. Será que é interessante aos Agentes do Sistema a resolução dos problemas de Segurança Pública? Comissão de DH da OAB-GO 2010. Resolução nº 86, de 25 de abril de 2018 PROAD 201611000021617 Corte Especial do TJGO - Altera a Resolução nº 35/2015 e dá outras providências. Fere diversos princípios e direitos do Magistrado, em especial a inamovibilidade. Art.4º As comunicações de flagrantes serão distribuídas entre os juízes com competência criminal da Comarca de Goiânia e os processos terão curso na respectiva unidade, inclusive para realização da Audiência de Custódia em até 24 horas, contadas do momento da prisão. Art.5º O segundo juiz de direito da 7ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia passa a ter competência exclusiva para: I – a execução das penas dos presos recolhidos nas unidades estaduais de Formosa e Planaltina, na forma da Lei Estadual nº 19.962/2018, em cumprimento de pena no regime fechado; II – a execução das penas no regime semiaberto e aberto, concorrente e equitativamente com a competência jurisdicional da 2ª Vara de Execução Penal de Goiânia. Parágrafo único. A metade do acervo de processos referentes aos presos em regime aberto e semiaberto, bem como os seus incidentes, em curso na 2ª Vara de Execução Penal, será redistribuída para o segundo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia, por sorteio. Violência Policial A Audiência de Custódia possibilita a diminuição dos casos de Tortura e violência policial. Sabendo que toda pessoa presa será apresentada a um juiz rapidamente, a Audiência de Custódia funciona como impeditivo de eventuais condutas de violência ou tortura de policiais. Casos Concretos: Função do Advogado na Audiência de Custódia 1º Função do Advogado: Conhecer o Juiz que realizará a Audiência de Custódia 2º Função do Advogado: Relaxar o Flagrante. Art. 310, I, CPP Provar que não estava em situação flagrancial – Art. 302 CPP. Não estava cometendo a infração; ou acabado de cometê-la; ou perseguido logo após; oucom instrumentos, armas ou objetos que presumam ser o autor da infração. Fato é atípico. Negativa de autoria 3º Função do Advogado: Prisões Especiais Filhos: Mulher: Provar gravidez / filho menor de 12 anos / filho deficiente. Para homem, provar que é o único responsável pelo filho. Art. 304, §4º, CPP – Art. 318, IV, V, VI, CPP – Lei 13.257/16 (Estatuto da Primeira Infância) PODERÁ X DEVERÁ – vide STF - Habeas Corpus (coletivo) nº 143.641/SP. A 2ª Turma do STF concedeu a ordem para determinar a substituição da prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas, em todo o território nacional, que sejam gestantes ou mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência. Doença mental. Prerrogativas do custodiado – Cela Especial e Estado Maior – Constar*. 4º Função do Advogado: Liberdade Provisória e Cautelares Comprovante de Residência Fixa. Comprovante de Emprego Lícito. Comprovante de vida social, filhos que dependem do custodiado. Não estão presentes os requisitos da Prisão Preventiva – Art. 312 CPP. Concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança - Art. 310, III, CPP. Aplicação das Medidas Cautelares do Art. 319 do CPP. Demonstrar a desproporcionalidade da prisão preventiva: regime equivalente ao fechado, comparar com a provável pena em caso de condenação, pois a prisão cautelar não pode ser a punição mais gravosa, haveria ilegal antecipação de pena. Crime cometido com violência, em especial os patrimoniais: decreto de prisão não fundamentado: revogação em HC 5º Função do Advogado: Prerrogativas e Regras de Mandela Exigir Entrevista pessoal e reservada (art. 7º, III). Constar no termo o uso de algemas (Súmula Vinculante nº 11 STF). Nulidade do ato: interrogatório no APF sem advogado. Art. 7, XXI Lei 8.906/94, com fulcro na teoria da prova ilícita por derivação – constar em ata. Juiz não pode adentrar no mérito do crime – Usar da expressão “Pela Ordem” e fazer constar em Ata – gravar ARt. 367, §5º, CPC. - Audiência de Custódia não faz prova para o mérito. - Não pode haver interrogatório judicial nessa audiência. - Não pode haver a juntada deste depoimento aos autos principais: seria prova ilícita. RECURSOS POSSÍVEIS – HABEAS CORPUS* Audiência de Custódia não realizada em 24 horas - Habeas Corpus para determinar a realização, em sede liminar - Prisão Ilegal: requer relaxamento de imediato. - Cabe Reclamação junto ao STF, em desfavor do juízo* que não promoveu a Audiência de Custódia. Prisão Preventiva decretada sem Audiência de Custódia - Jurisprudência pacífica: Não cabe Habeas Corpus alegando a nulidade da prisão preventiva decretada - O Título é outro, que está superado, que a realização da Audiência de Custódia não está no art. 312 do CPP como requisito da cautelar. FUNDAMENTO PARA HABEAS CORPUS Obrigação do Poder Judiciário na implementação total do instituto: Não estando a realização dentro da discricionariedade do Magistrado. ADPF 347 - AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA – OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA do comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas. Ausência de oportunidade de produção de provas que infirmem a necessidade da preventiva, gerando prejuízo ao custodiado. Os requisitos de validade para a homologação do Auto de Prisão em Flagrante incluem a prévia realização da Audiência de Custódia, por força da resolução 213/15 do CNJ, sendo absolutamente nulo o APF homologado sem que seja realizada tal audiência, contaminando todos os atos posteriormente produzidos, em especial, o decreto de prisão preventiva, com fulcro na teoria da prova ilícita por derivação (frutos da árvore envenenada), de plena aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. Dr. Kleyton Carneiro Caetano OAB-GO 26.073 Advogado Criminalista Especialista em Direito Penal Especialista em Direito Processual Penal Especialista em Criminologia Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO Secretário da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-GO Fone: (62) 9 9227-9751 Instagram: kleytoncaetano Email: kleyton.advogado@gmail.com
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