Buscar

Roteiro - Aula 19

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
INTENSIVO I 
Renato Brasileiro 
Direito Processual Penal 
Aula 19 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Tema: Medidas cautelares de natureza pessoal III 
 
4. PRISÃO EM FLAGRANTE (continuação) 
 
4.3. Flagrante nas várias espécies de crimes. 
 
a) Crimes permanentes: crimes permanentes são aqueles cuja consumação se prolonga no tempo e, durante esse 
período, o agente detém o poder de fazer cessar a execução do delito a qualquer momento. 
Exemplos: extorsão mediante sequestro, sequestro ou cárcere privado, algumas modalidades de tráfico de drogas 
(manter em depósito, guardar etc). 
A prisão em flagrante em crimes permanentes é possível, pelo menos enquanto não cessar a permanência. 
 
CPP, art. 303: “Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.” 
 
✓ Observação: no caso do flagrante delito, é possível a violação do domicílio sem prévia autorização judicial. 
✓ De acordo com a recente jurisprudência dos tribunais superiores, para que tal violação ocorra, é preciso que haja 
uma causa provável. 
 
b) Crimes habituais 
Trata-se do crime que exige prática reiterada de determinada conduta. Eventual comportamento isolado não tem o 
condão de tipificar este crime. 
 
Exemplo: crime do art. 282, CP. 
 
 
2 
www.g7juridico.com.br 
 
CP, art. 282: “Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal 
ou excedendo-lhe os limites: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.” 
 
Questão: é possível a prisão em flagrante em crimes habituais? 
• 1ª Corrente: não é possível, pois, no crime habitual, não seria possível demonstrar uma situação de flagrante. 
• 2ª Corrente (posição do professor Renato Brasileiro): é possível, a depender do caso concreto. No momento da 
prisão em flagrante, deve ser possível demonstrar que aquela conduta pela qual o indivíduo está sendo preso em 
flagrante já vinha sendo reiterada. Exemplo: clínica de falso médico com consultas agendadas. 
 
c) Crimes de ação penal privada/ação penal pública condicionada a representação 
Questão: É possível a prisão em flagrante em crimes de ação penal privada e em crimes de ação penal pública 
condicionada à representação? Sim, é possível. 
Exemplo: art. 171, §5º, CP1 (estelionato). 
 
Obs.: É possível a prisão em flagrante nesses crimes, mas deve haver manifestação da vontade da vítima, demonstrando 
seu interesse na persecução penal. 
 
d) Crimes formais 
Crime formal é aquele de consumação antecipada. Nesse caso, o crime possui um resultado, mas este não precisa ocorrer 
para fins de consumação do delito. 
 
Exemplo: crime de concussão – art. 316, CP. 
CP, art. 316: “Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas 
em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.” 
 
 
1 CP, art. 171, §5º: “Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
 I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
 
 
3 
www.g7juridico.com.br 
Questão: É possível a prisão em flagrante em crimes formais? Sim, a prisão em flagrante é possível por ocasião da 
execução do delito, e não no momento do exaurimento. 
 
✓ Imagine o seguinte exemplo: um promotor de justiça exige vantagem indevida (R$ 100 mil) de um particular 
(crime de concussão). Uma semana depois, o particular, em horário e local combinado com o servidor, leva a mala 
de dinheiro para o promotor. Nesse caso, não é possível prender em flagrante pelo crime de concussão, pois este 
já ocorreu há uma semana. O ato de entrega do dinheiro é mero exaurimento do crime. 
✓ Entretanto, é possível, no ato da entrega do dinheiro, prender o promotor em flagrante pelo crime de corrupção 
passiva do art. 317, CP2, pois este crime possui 3 verbos núcleos de tipo (ao invés de apenas 1 verbo, como é o 
caso da concussão – “exigir”). 
 
4.4. Fases da Prisão em Flagrante. 
 
A prisão em flagrante possui algumas fases: 
a) Captura 
Em relação à captura, tem-se que: 
• Emprego de força – Nesse caso, deve-se trazer os mesmos ensinamentos relativos à legítima defesa, isto é, é 
possível utilizar a força desde que haja uma agressão injusta e desde que o agente se utilize dos meios necessários 
de maneira moderada. 
 
CPP, art. 292: “Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por 
autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se 
ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.” 
 
• Instrumentos de menor potencial ofensivo: instrumentos de menor potencial ofensivo são armas não letais 
(exemplo: cacetete, spray de pimenta etc). A Lei 13.060/2014 cuida desse assunto e afirma que tais instrumentos 
devem ser utilizados prioritariamente pelos órgãos de segurança pública. 
 
 
2 CP, art. 317: “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes 
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa 
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a 
pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art2art317
 
 
4 
www.g7juridico.com.br 
Lei n. 13.060/14, art. 4º: “Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor potencial ofensivo aqueles 
projetados especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes, conter, debilitar ou 
incapacitar temporariamente pessoas.” 
 
• Uso de algemas: é regulamentado pela Súmula Vinculante 11. 
 
Súmula vinculante 11: “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à 
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob 
pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual 
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”. 
 
Obs.: o professor destaca que, a depender do caso concreto, também é possível visualizar que a exibição do preso pode 
tipificar abuso de autoridade (art. 13, I e II da Lei 13.869/2019). 
 
Lei 13.896/2019, art. 13, I e II: “Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua 
capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - submeter-se a situaçãovexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;” 
 
CPP, art. 292: “(...) 
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios 
para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério 
imediato.” (Incluído pela Lei n. 13.434/17). 
 
b) Condução coercitiva 
O professor destaca que alguns dispositivos legais determinam que “Não se imporá prisão em flagrante (...)” 
Exemplos: Lei 9.099/95 (JECRIM), art. 28 da Lei de Drogas (porte de drogas para consumo pessoal) e crimes de trânsito 
em que o agente presta socorro à vítima (art. 301, CTB3). Nestes casos, haverá o registro da ocorrência, mas o indivíduo 
não será conduzido para a lavratura de um APF. 
 
c) Lavratura do auto de prisão em flagrante 
Concessão de fiança pelo Delegado de Polícia. 
 
d) Recolhimento à prisão; 
 
3 CTB, art. 301: “Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão 
em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.” 
 
 
5 
www.g7juridico.com.br 
CPP, art. 322: “A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de 
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas” 
 
- Comunicação da prisão ao juiz competente, ao Ministério Público e à Defensoria Pública: 
CPP, art. 306: “A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz 
competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão 
em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação 
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo 
da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas” (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Obs.: antigamente, o APF (auto de prisão em flagrante) era encaminhado por escrito. Atualmente, essa remessa se 
materializa por meio da audiência de custódia. 
 
✓ Após a lavratura do APF, deve-se entregar ao preso a “nota de culpa”. 
✓ O professor destaca que, em algumas delegacias, o nome “nota de culpa” é substituído por “Termo de ciência das 
garantias constitucionais”. 
✓ Nota de culpa é o instrumento entregue ao preso que identifica os responsáveis e os motivos de sua prisão, 
concretizando o disposto no art. 5º, LXIV, CF. 
 
CF/88. 
“Art. 5º (...) LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;” 
 
4.5. Convalidação Judicial da prisão em flagrante. 
Convalidação judicial é o procedimento a ser adotado pelo juiz ao se deparar com alguém que foi preso em flagrante. 
 
O procedimento dessa convalidação está disposto no art. 310, CPP. Tal convalidação, em tese, deverá ser feita pelo juiz 
das garantias. 
✓ Lembrando que o dispositivo que versa sobre o juiz das garantias está com a eficácia suspensa. 
✓ O aluno deve acompanhar o julgamento definitivo da ação que suspendeu a eficácia do juiz das garantias. 
 
CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19) 
 
 
6 
www.g7juridico.com.br 
“Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização 
da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou 
membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
I – relaxar a prisão ilegal; ou 
II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, 
e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou 
III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
§1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições 
constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), 
poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os 
atos processuais, sob pena de revogação. 
§2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta 
arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. 
§3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido 
no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. 
§4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização 
de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade 
competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.” 
 
Observação: o art. 310, I a III do CPP é a chamada “convalidação judicial da prisão em flagrante”. 
 
Questão de concurso: 
(TRF – 2ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO- 2017) Maria foi presa em flagrante em aeroporto ao tentar embarcar 
cocaína para outro país. No momento da lavratura do auto de prisão em flagrante, Maria afirmou não ter condições de 
constituir advogado e optou por permanecer calada. Assinale a opção correta: 
(a) Maria deve ser levada, em regra em até 24 horas, à presença do juiz federal competente para a audiência de custódia, 
com a presença defensor público. Na audiência, o juiz decidirá fundamentadamente se relaxa a prisão, se decreta a prisão 
cautelar ou outras cautelares penais em desfavor de Maria, ou se concede a liberdade provisória. Não é cabível o 
arbitramento de fiança. 
(b) Maria deve ser levada, em regra em até 24 horas, à presença do juiz federal competente para a audiência de custódia, 
com a presença do MP e de defensor público. Na audiência, o juiz analisará se relaxa a prisão e, não sendo o caso, deve 
convertê-la em prisão preventiva, já que o crime de tráfico internacional de entorpecentes não é passível de concessão 
de liberdade provisória ou de fiança. 
(c) O auto de prisão em flagrante deve ser encaminhado ao juiz federal, com cópia ao MP e à defensoria pública. 
Examinando o flagrante, o juiz deve decidir fundamentadamente se relaxa a prisão, se decreta a prisão cautelar ou outras 
medidas cautelares penais em desfavor de Maria, ou se concede a liberdade provisória. Apenas se houver necessidade 
será realizada audiência de custódia, na qual não é cabível o arbitramento de fiança. 
 
 
7 
www.g7juridico.com.br 
(d) O auto de prisão em flagrante deve ser encaminhado ao juiz federal, com cópia ao MP e à defensoria pública. O juiz 
analisará a legalidade da prisão. A Defensoria pode requerer a audiência de custódia, que será realizada 
preferencialmente em 24 horas, a contar do requerimento. O tráfico internacional não admite concessão de liberdade 
provisória ou de fiança. 
(e) Desde que haja requerimento, é imperativo que Maria seja conduzida à presença do juiz, que verificará suas condições 
de integridade física. O auto de prisão em flagrante será analisado pelo juiz federal e, ainda que seja o caso de 
relaxamento, o tipo de crime permite a decretação da prisão temporária, que terá duração 15 dias, prorrogável por igual 
período. 
Gabarito: A 
 
4.5.1. Posturas da Autoridade Judiciária Frente ao Flagrante. 
 
a) Relaxamento da prisão em flagrante ilegal 
A prisãoem flagrante ilegal deverá ser objeto de relaxamento por ordem da autoridade jurisdicional competente. 
 
CF/88, art. 5º, LXV: “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”; 
 
- Hipóteses em que deve ser reconhecida a ilegalidade da prisão em flagrante: 
a) Inexistência de situação de flagrância – Exemplo: flagrante preparado. 
b) Inobservância das formalidades constitucionais e/ou legais. 
A prisão em flagrante é feita sem ordem judicial prévia. Desse modo, todos os envolvidos estão obrigados a observar 
vários dispositivos constitucionais. Veja os dispositivos a seguir: 
 
CF/88 
“Art. 5º (...) 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à 
família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência 
da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial” 
 
Atenção: o relaxamento da prisão em flagrante ilegal não impede a decretação das medidas cautelares, desde que 
presentes seus pressupostos. 
 
Obs.: o professor destaca que o §4º do art. 310 do CPP teve a eficácia suspensa por ordem do Min. Fux na cautelar da ADI 
interposta em face do Pacote Anticrime. 
 
 
 
8 
www.g7juridico.com.br 
CPP, art. 310, §4º: “Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a 
não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada 
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.” 
 
b) Conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva 
 
O art. 310, II, CPP, diz que pode haver a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. 
 
Observações: 
1ª) Apesar da redação do art. 310, II, CPP a conversão também pode ser feita em prisão temporária. Para tal, o juiz deverá 
apontar a existência dos requisitos da Lei 7.960/1989. 
 
CPP, art. 310, II: “converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 
deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou”(Incluído pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
 
2ª) (Des) necessidade de observância do art. 313 do CPP para fins de conversão em preventiva: 
O art. 310, II, CPP, faz referência apenas à observância do art. 312 do CPP4. Nessa situação, questiona-se: no momento da 
conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, é necessário observar o art. 313 do CPP? 
1ª corrente: a primeira corrente afirma que não é preciso observar o art. 313, CPP. Trata-se de interpretação 
gramatical/literal. 
2ª corrente: na opinião do professor Renato Brasileiro, há necessidade de observar o art. 313 do CPP. 
 
CPP, art. 313: “Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I 
do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
 
4 CPP, art. 312: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por 
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime 
e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas 
por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência 
concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art282.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 
9 
www.g7juridico.com.br 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa 
com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
§1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta 
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a 
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. 
§2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou 
como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Redação dada 
pela Lei n. 13.964/19)” 
 
Questão de concurso: 
(TRF – 5ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO- 2017) Antônio foi preso em flagrante pelo crime de descaminho, cuja 
pena é de um a quatro anos de reclusão. Ele possui diversas passagens na Vara da Infância e Juventude, sem, contudo, 
ter qualquer condenação criminal por ato praticado depois de alcançada a maioridade penal. Considerando essa situação 
hipotética, na audiência de custódia o juiz poderá: 
a) Relaxar a prisão de Antônio em razão da falta dos requisitos para a decretação da prisão preventiva. 
b) Decretar a prisão preventiva de Antônio em razão das diversas passagens na Vara da Infância e Juventude e do processo 
atual. 
c) Conceder liberdade provisória a Antônio, já que é ilegal a conversão da prisão em flagrante em preventiva com base 
em registros infracionais praticados antes de o indivíduo ter alcançado a maioridade. 
d) Decretar prisão temporária de Antônio, caso haja pedido do Ministério Público. 
e) Conceder a Antônio liberdade provisória com medida cautelar diversa da prisão, haja vista o não cabimento da prisão 
preventiva. 
Gabarito: E 
 
3ª) (Im) possibilidade de conversão em preventiva de ofício pelo juiz: 
Questão: a conversão da prisão em flagrante em preventiva pode ser feita de ofício pelo juiz? 
Desde 2011 (Lei 12.403), boa parte da doutrina afirma que tal conversão não pode ser feita de ofício pelo juiz. Segundo 
esse entendimento, como a conversão ocorre na fase investigatória, o juiz não poderia agir de ofício sob pena de violação 
ao sistema acusatório e à garantia da imparcialidade. 
A despeito do entendimento doutrinário, os tribunais superiores desde 2011 admitiam que a conversão fosse feita de 
ofício pelo juiz. Prova disso é o julgado a seguir exibido: 
 
 
 
STJ: “(...) Não é nula a decisão do Juízo singular que, de ofício, converte a prisão em flagrante em preventiva, quando 
presentes os requisitos e fundamentos para a medida extrema, mesmo sem prévia provocação/manifestação do 
 
 
10 
www.g7juridico.com.br 
Ministério Público ou da autoridade policial. Exegese do art. 310, II, do CPP. Precedentes deste STJ. Habeas corpus não 
conhecido”. (STJ, 5ª Turma, HC 281.756/PA, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 15/05/2014, Dje 22/05/2014). 
 
Nesse ponto, de acordo com o professor, o Pacote Anticrime não deve promover grandes mudanças. Isso porque a Lei 
13.964/2019 proibiu a atuação de ofício do juiz durante a fase processual. Assim sendo, é bem provável que a posição 
dos tribunaissuperiores sobre o tema seja mantida. 
 
CPP, art. 311: “Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo 
juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por 
representação da autoridade policial.” (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
STJ: “(...) ROUBO QUALIFICADO. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. 
FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. REPRESENTAÇÃO DA AUTORIDADE 
POLICIAL OU DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DESNECESSIDADE. (...) Independentemente de representação do Ministério 
Publico ou da Autoridade Policial, sempre que presentes os requisitos constantes do art. 312 do Código Penal, ao receber 
o auto de prisão em flagrante, o Juiz deverá converter a custódia em prisão preventiva. Ausência de ilegalidade flagrante 
apta a ensejar a eventual concessão da ordem de ofício. Habeas corpus não conhecido. (STJ, 5ª Turma, HC 280.980/MG, 
Rel. Min. Laurita Vaz, Dje 07/03/2014). 
 
c) Concessão de liberdade provisória com ou sem fiança 
A liberdade provisória é medida de contracautela, substituindo uma anterior prisão em flagrante. 
 
✓ A liberdade provisória pode ser concedida com ou sem fiança. Além disso, pode ser cumulada ou não com as 
cautelares diversas da prisão. 
 
Atenção: há casos de liberdade provisória proibida (exemplos: art. 44 da Lei 11.343/065 e art. 310, §2º, CPP6). 
 
5 Lei 11.343/06, art. 44: “Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis 
de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de 
dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específica” 
6 CPP, art. 310, §2º: “Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, 
ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas 
cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 
11 
www.g7juridico.com.br 
✓ O juiz não pode simplesmente vedar a liberdade provisória citando o dispositivo legal, sob pena de carência de 
fundamentação, à luz do art. 315, §2º7 c/c art. 564, V do CPP8. 
 
STF: “(...) Paciente preso em flagrante por infração ao art. 33, caput, c/c 40, III, da Lei 11.343/2006. Liberdade provisória. 
Vedação expressa (Lei n. 11.343/2006, art. 44). Constrição cautelar mantida somente com base na proibição legal. 
Necessidade de análise dos requisitos do art. 312 do CPP. Fundamentação inidônea. Ordem concedida, parcialmente, nos 
termos da liminar anteriormente deferida”. (STF, Pleno, HC 104.339/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 10/05/2012). 
 
Questão: Se a liberdade provisória proibida não é compatível com a presunção de inocência, qual é a liberdade provisória 
que o juiz poderá conceder em se tratando de crimes hediondos ou equiparados? 
Nos crimes hediondos ou equiparados, o juiz pode conceder liberdade provisória sem fiança cumulada com as cautelares 
diversas da prisão. Isso ocorre para não dar ao autor de crimes hediondos e/ou equiparados um tratamento mais benéfico 
do que aquele dado a um autor de crime afiançável, pois isso violaria o princípio da isonomia. 
 
➢ Natureza Jurídica da Prisão em Flagrante. 
Doutrina minoritária: a prisão em flagrante é espécie de prisão cautelar. 
Obs.: o professor relembra que, atualmente, a prisão não é mais efeito automárico da pronúncia ou da sentença. Assim 
sendo, se o juiz quiser decretá-la, deverá ser prisão preventiva, fundamentada nos arts. 312 e 313 do CPP. 
 
Doutrina majoritária: a prisão em flagrante é prisão pré-cautelar. 
 
7 CPP, art. 315, §2º: “Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou 
acórdão, que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão 
decidida; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo 
julgador; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem 
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência 
de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)” 
8 CPP, art. 564, V: “A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: (...) V - em decorrência de decisão carente de 
fundamentação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 
12 
www.g7juridico.com.br 
Quando alguém é preso em flagrante legal (não passível de relaxamento), tal prisão dará ensejo a uma de duas 
possibilidades: 
• Conversão em prisão preventiva (prisão cautelar) 
• Liberdade provisória com ou sem fiança, cumulada ou não com as cautelares diversas da prisão. 
Assim, a prisão em flagrante legal antecede duas possíveis medidas cautelares. É por esse motivo que alguns 
doutrinadores afirmam que a prisão em flagrante é medida pré-cautelar, pois ela, em tese, coloca o indivíduo flagranteado 
à disposição do juiz para que uma de duas possíveis medidas cautelares seja adotada contra ele. 
 
5. Audiência de custódia 
Audiência de custódia também é chamada de audiência de apresentação. 
 
5.1. Conceito e finalidade: 
Na sistemática adotada pelo Pacote Anticrime, consiste na realização de uma audiência sem demora após a prisão em 
flagrante, preventiva ou temporária, permitindo o contato imediato do custodiado com o juiz, com um Defensor (público, 
dativo ou constituído) e com o Ministério Público. 
 
Há alguns anos, quando alguém era preso, ele era apresentado ao juiz por meio de um papel (auto de prisão em flagrante). 
Atualmente, o juiz continua recebendo o APF, mas agora ele também tem que realizar a audiência de custódia. 
 
Há duas finalidades básicas: 
• Verificar eventuais maus-tratos e violação aos direitos e garantias fundamentais; 
• Permitir uma melhor avaliação do preso para fins de convalidação judicial. Essa segunda finalidade fica restrita à 
prisão em flagrante. 
 
5.2. Previsão normativa. 
O professor destaca que se costuma dizer que a primeira audiência de custódia teria sido realizada em São Paulo. 
Entretanto, na pesquisa feita pelo professor, o mérito seria do estado do Maranhão. 
No dia 20 de novembro de 2014, a Corregedoria do Estado do Maranhão estipulou a audiência de custódia na CapitalSão 
Luís (Provimento n. 21/2014 da CGMA). 
 
Na sequência, a questão chega a São Paulo por meio de provimento. 
✓ Quando se estuda o tema, é possível perceber que a audiência de custódia surge no país por meio de resoluções 
e provimentos dos tribunais, com base em incentivo dado pelo STF. 
 
Provimento conjunto n. 03/2015 
Presidência do TJ/SP e Corregedoria Geral da Justiça 
 
 
13 
www.g7juridico.com.br 
“Art. 1º. Determinar, em cumprimento ao disposto no art. 7º, item 5, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
(Pacto de San José da Costa Rica), a apresentação de pessoa detida em flagrante delito, até 24 horas após a sua prisão, 
para participar de audiência de custódia.” 
 
- Resolução n. 213 do Conselho Nacional de Justiça, de 15 de dezembro de 2015: dispõe sobre a apresentação de toda 
pessoa presa à autoridade judicial no prazo de 24 horas. 
 
✓ Na visão dos tribunais, as resoluções e provimentos tinham fundamento extraído da CADH e do CPP. Veja os 
dispositivos abaixo. 
 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
(Dec. 678/92) 
“Art. 7º (...) 
§5º Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada 
pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, 
sem prejuízo de que prossiga o processo.” 
 
CPP, art. 656: “Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que 
este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar. 
(...)” 
 
Obs. 1: Legalidade dos Provimentos e Resoluções acerca da audiência de Custódia. 
A discussão sobre a legalidade dos provimentos e resoluções chegou ao STF por meio de julgamento de uma ADI e de 
uma ADPF. 
✓ O STF entendeu que a audiência de custódia é legal. Tal audiência seria autoaplicável por conta da previsão do 
art. 7º da CADH, não sendo necessária lei para regulamentar tal disposição. 
✓ No julgamento dessas ações, o STF não apenas reconheceu a legalidade da audiência de custódia, mas determinou 
que, a partir de 90 dias após o julgamento, todos os tribunais deveriam realizar audiência de custódia, inclusive 
no âmbito da justiça militar e da justiça eleitoral. 
 
STF: ADI 5.240/SP (20/08/2015): “O Supremo julgou improcedente pedido formulado em Ação direta ajuizada pela 
Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (ADEPOL) em face do Provimento Conjunto n. 03/2015 do TJ/SP. Para o 
Supremo, os princípios da legalidade (CF, art. 5º, II) e da reserva de lei federal em matéria processual penal (CF, art. 22, I) 
teriam sido observados pelo ato normativo impugnado, que não extrapolou aquilo que já consta do Pacto de São José da 
Costa Rica, dotado de status normativo supralegal, e do próprio CPP, numa interpretação teleológica dos seus dispositivos 
(ex.: art. 656).” 
 
 
 
14 
www.g7juridico.com.br 
STF: ADPF 347 (09/09/2015) 
“O Supremo concedeu parcialmente cautelar solicitada em ADPF ajuizada pelo PSOL, que pede providências para a crise 
prisional do país, a fim de determinar aos juízes e tribunais que passassem a realizar audiências de custódia, no prazo 
máximo de 90 dias, de modo a viabilizar o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária em até 24 horas 
contadas do momento da prisão.” 
 
Obs. 2: Introdução da audiência de custódia no âmbito do CPP pelo Pacote Anticrime. 
A audiência de custódia foi introduzida no CPP pelo Pacote Anticrime. 
 
CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização 
da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou 
membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
(...)” 
 
CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será 
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia.” 
 
5.3. Âmbito de aplicação. 
 
Questão: quais prisões demandam a realização da audiência de custódia? 
O professor destaca que o aluno se equivoca ao acreditar que a audiência de custódia somente ocorre na prisão em 
flagrante. Entretanto, é necessário verificar as diferenças que ocorreram a partir do Pacote Anticrime. 
 
O professor destaca que a Res. 213 do CNJ (anterior ao Pacote Anticrime) afirmava que a audiência de custódia deveria 
ser feita no caso de flagrante delito. Além disso, o art. 13 dessa resolução afirmava que a apresentação do preso também 
deveria ocorrer com pessoas presas em decorrência de cumprimento de mandados de prisão temporária, preventiva ou 
definitiva. 
✓ Entretanto, em vários tribunais do Brasil, os provimentos restringiam a audiência de custódia apenas para os casos 
de prisão em flagrante. 
✓ O tema foi parar no STF e o Min. Edson Fachin, em seu voto, opinou pela interpretação de que, em nenhum 
momento, o STF estendeu seus dizeres para outras prisões além da prisão em flagrante. O julgamento dessa ação 
ainda não foi concluído. Veja o excerto do voto abaixo: 
 
Obs. 1: o Plenário do Supremo Tribunal Federal iniciou julgamento de agravo regimental em reclamação (STF, Rcl 29.303 
AgR/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, j. 12/12/2019) no qual se aponta ofensa à autoridade da decisão proferida pelo STF na 
 
 
15 
www.g7juridico.com.br 
ADPF 347 MC, que determinou a realização de audiência de custódia no prazo máximo de 24 horas, contado a partir do 
momento da prisão. No caso concreto, a reclamante sustenta que o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) 
não observou o pronunciamento do STF, com eficácia erga omnes, ao restringir, por meio da Resolução 29/2015, a 
audiência de custódia às hipóteses de presos em flagrante delito. Alega que, independente do título prisional, o preso 
deve ser apresentado, no prazo de 24 horas, à autoridade judicial. Requer a procedência da reclamação a fim de que seja 
determinada, ao TJRJ, a realização da audiência de custódia para as demais hipóteses de prisão. Na decisão agravada, o 
ministro Edson Fachin (relator) negou seguimento à reclamação, por compreender não configurada a imprescindível 
aderência estrita entre o ato reclamado e o paradigma invocado. Ponderou que o STF, ao julgar a ADPF 347 MC, fixou a 
obrigatoriedade da audiência de custódia apenas para os casos de prisão em flagrante. Além disso, embora o Colegiado 
tenha determinado “aos juízes e tribunais que, observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da 
Convenção Interamericana de Direitos Humanos, realizem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando o 
comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contados do momento da 
prisão”, não afirmou a necessidade dessa providência nos casos de prisão preventiva, temporária ou definitiva decretada 
por juízes ou tribunais. Após a leitura do relatório e a realização das sustentações orais, o julgamento foi suspenso. 
 
Atenção: o voto do Min. Fachin é anterior à redação do Pacote Anticrime. 
 
Resolução n. 213 do CNJ 
Art. 1º. Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente da motivação ou natureza do ato, 
seja obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da comunicação do flagrante, à autoridade judicial competente, e 
ouvida sobre as circunstâncias em que se realizou sua prisão ou apreensão. 
(...) 
Art. 13. A apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 horas também será assegurada às pessoas presas em 
decorrência de cumprimento de mandados de prisão cautelar ou definitiva, aplicando-se, no que couber, os 
procedimentos previstos nesta Resolução. 
 
Depois do Pacote Anticrime, a audiência de custódia foi positivadaem dois dispositivos do CPP. Assim sendo, a resposta 
para a questão feita anteriormente deve ser retirada do CPP. 
 
CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização 
da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou 
membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
I – relaxar a prisão ilegal; ou 
II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, 
e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou 
III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. 
 
 
16 
www.g7juridico.com.br 
§1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições 
constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), 
poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os 
atos processuais, sob pena de revogação. 
§2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta 
arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. 
§3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido 
no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. 
§4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização 
de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade 
competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.” 
 
✓ Pela redação do art. 310 do CPP, a audiência de custódia será realizada por ocasião da prisão em flagrante. 
✓ O professor destaca que, como a audiência de custódia também foi positivada no art. 287 do CPP, é necessário 
que o aluno se atente para duas questões: 
1ª) O art. 287 do CPP está inserido no título que trata das medidas cautelares. Desse modo, o mandado de prisão 
citado neste dispositivo é prisão cautelar, portanto, abrange a prisão preventiva e temporária. Com base nisso, é 
possível concluir que, com a entrada em vigou do Pacote Anticrime, a audiência de custódia deve ser feita nos 
casos de prisão em flagrante (art. 310 do CPP) e nos casos de prisão preventiva e temporária (art. 287, CPP). Assim 
sendo, no CPP não há dispositivo que verse sobre a audiência de custódia nos casos de prisão definitiva e nos 
casos de prisão civil. 
2ª) O art. 287 do CPP cita os casos em que a infração for inafiançável. Entretanto, desde 2011, a doutrina entende 
que a parte introdutória do dispositivo teria sido revogada pela nova redação dada ao art. 299 do CPP. Veja os 
dispositivos abaixo: 
 
CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será 
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia.” 
 
CPP, art. 299: “Se a infração for inafiançável, a captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por via 
telefônica, tomadas pela autoridade a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para averiguar a 
autenticidade desta. (Redação anterior à Lei n. 12.403/11)” 
 
CPP, art. 299: “A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas 
pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para averiguar a autenticidade desta. (Redação 
dada pela Lei n. 12.403/11) 
 
 
 
17 
www.g7juridico.com.br 
✓ O professor destaca que o ideal é entender que a audiência de custódia deve ser feita nos casos de prisão 
preventiva e temporária, pouco importando se a infração é afiançável ou inafiançável. 
 
5.4. Presidência da audiência de custódia. 
Questão: Quem preside a audiência de custódia? O professor destaca que a parte grifada em azul no art. 7º, §5º da CADH 
(abaixo) ocasionou alguns problemas de interpretação. Exemplificativamente, uma decisão do TJ/SP entendeu que, na 
realidade brasileira, a “outra autoridade” citada no CADH seria o delegado de polícia e, portanto, este poderia presidir 
audiência de custódia, mas essa orientação não é correta. 
Assim sendo, na realidade brasileira, quem tem autoridade para presidir a audiência de custódia é apenas o juiz. Essa 
informação foi acrescentada no art. 310 pelo Pacote Anticrime. 
 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
(Dec. 678/92) 
“Art. 7º (...) 
§5º Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada 
pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, 
sem prejuízo de que prossiga o processo.” 
 
CPP- (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização 
da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou 
membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: 
I – relaxar a prisão ilegal; ou 
II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, 
e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou 
III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.” 
 
Em tese, como a audiência de custódia é geralmente realizada na fase investigatória, ela deve ser presidida pelo juiz das 
garantias, à luz do art. 3º-B (no momento, com eficácia suspensa por ordem do Min. Fux): 
 
CPP, art. 3º-B: “O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela 
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, 
competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) 
I – receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; 
II – receber o auto de prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste 
Código; 
 
 
18 
www.g7juridico.com.br 
III – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer 
tempo; 
(...)” 
 
5.5. Prazo para a realização da audiência de custódia. 
No Maranhão, onde surgiu tal audiência, o prazo para a sua realização era de 72 horas. 
 
O STF entendeu que prazo para a realização da audiência de custódia deveria ser de 24h. 
 
STF: ADPF 347 (09/09/2015) 
“O Supremo concedeu parcialmente cautelar solicitada em ADPF ajuizada pelo PSOL, que pede providências para a crise 
prisional do país, a fim de determinar aos juízes e tribunais que passem a realizar audiências de custódia, no prazo máximo 
de 90 dias, de modo a viabilizar o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária em até 24 horas contadas do 
momento da prisão.” 
 
Com o Pacote Anticrime, o prazo de 24h foi positivado no art. 310 do CPP: 
 
CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização 
da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou 
membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:I – relaxar a prisão ilegal; ou 
II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, 
e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou 
III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.” 
 
5.6. (Im) possibilidade de realização da audiência de custódia por videoconferência. 
O STJ tem um julgado (informativo do ano de 2020) dizendo que a audiência de custódia não pode ser feita por 
videoconferência. O grande problema, segundo o professor, é que esse julgado tem sido divulgado sem que seja 
informado que a prisão que o originou foi efetuada em 18/09/2019. Esse dado é crucial para o aluno entender que se 
trata de realidade anterior ao Pacote Anticrime. 
 
“Em recente julgado (CC 168.522/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 11/12/2019, DJe 17/12/2019), a 3ª Seção do STJ concluiu 
que não se admite, por ausência de previsão legal, a realização da audiência de custódia por meio de videoconferência, 
ainda que pelo juízo que decretou a custódia cautelar. Concluiu, ademais, que, no caso de mandado de prisão preventiva 
cumprido fora do âmbito territorial da jurisdição do juízo que a determinou, a referida audiência deve ser efetivada por 
meio da condução do preso à autoridade judicial competente na localidade em que ocorreu a prisão. Importante ressaltar, 
 
 
19 
www.g7juridico.com.br 
todavia, que o precedente em questão refere-se à audiência de custódia realizada sob a égide do regramento normativo 
anterior ao Pacote Anticrime – no caso concreto, o mandado de prisão preventiva foi cumprido no dia 18 de setembro de 
2019 –, do que se conclui que não levou em consideração a nova sistemática introduzida pela Lei n. 13.964/19, nem 
tampouco o veto presidencial ao art. 3º-B, §1º, do CPP.” 
 
✓ Na opinião do professor, com o advento do Pacote Anticrime, em regra, a audiência de custódia deverá ser 
presencial. Excepcionalmente, será cabível a videoconferência, desde que presentes uma daquelas hipóteses do 
interrogatório por videoconferência do art. 185, §2º do CPP9. 
 
CPP, art. 3º-B: “(...) 
§1º O preso em flagrante ou por força de mandado de prisão provisória será encaminhado à presença do juiz de garantias 
no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, momento em que se realizará audiência com a presença do Ministério Público e da 
Defensoria Pública ou de advogado constituído, vedado o emprego de videoconferência” (VETADO).” 
 
Razões do veto do art. 3º-B, §1º, do CPP: “A propositura legislativa, ao suprimir a possibilidade da realização da audiência 
por videoconferência, gera insegurança jurídica ao ser incongruente com outros dispositivos do mesmo código, a exemplo 
do art. 185 e 222 do Código de Processo Penal, os quais permitem a adoção do sistema de videoconferência em atos 
processuais de procedimentos e ações penais, além de dificultar a celeridade dos atos processuais e do regular 
funcionamento da justiça, em ofensa à garantia da razoável duração do processo, nos termos da jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça (RHC 77.580/RN, 5ª Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 10/02/2017). Ademais, 
o dispositivo pode acarretar aumento de despesa, notadamente nos casos de juiz em vara única, com apenas um 
magistrado, seja pela necessidade de pagamento de diárias e passagens a outros magistrados para a realização de uma 
única audiência, seja pela necessidade premente de realização de concurso para a contratação de novos magistrados, 
violando a regra do art. 113 do ADCT, bem como dos arts. 16 e 17 LRF e ainda do art. 114 da Lei de Diretrizes Orçamentárias 
para 2019 (Lei n. 13.707, de 2018)”. 
 
9 CPP, art. 185, §2º: “Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá 
realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de 
sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes 
finalidades: (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009) 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou 
de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento 
em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento 
destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11900.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11900.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11900.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art217.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11900.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11900.htm#art1
 
 
20 
www.g7juridico.com.br 
 
Na opinião do professor, se o veto do art. 3º-B, §1º do CPP for mantido pelo Congresso Nacional, isso significará que será 
cabível a audiência de custódia por videoconferência. 
 
Enunciado n. 32 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e 
do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Em razão do veto presidencial ao §1º do 
art. 3º-B (que proibia a realização do ato por videoconferência), nos casos em que se faça inviável a realização presencial 
do ato (devidamente fundamentada) faculta-se o uso de meios tecnológicos”. 
 
O professor cita a Recomendação 62 do CNJ, a qual versa sobre a audiência de custódia diante da pandemia de Covid-19. 
 
Recomendação n. 62 do CNJ, de 17 de março de 2020: recomenda aos Tribunais e Magistrados a adoção de medidas 
preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus – Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e 
socioeducativo. 
“Art. 8º. Recomendar aos Tribunais e aos magistrados, em caráter excepcional e exclusivamente durante o período de 
restrição sanitária, como forma de reduzir os riscos epidemiológicos e em observância ao contexto local de disseminação 
do vírus, considerar a pandemia de Covid-19 como motivação idônea, na forma prevista pelo art. 310, parágrafos 3o e 4o, 
do Código de Processo Penal, para a não realização de audiências de custódia. 
§ 1o Nos casos previstos no caput, recomenda-se que: 
I – o controle da prisão seja realizado por meio da análise do auto de prisão em flagrante, proferindo-se decisão para: 
a) relaxar a prisão ilegal; 
b) conceder liberdade provisória, com ou sem fiança, considerando como fundamento extrínseco, inclusive, a necessidade 
de controle dos fatores de propagação da pandemia e proteção à saúde de pessoas que integrem o grupo de risco; ou 
c) excepcionalmente, converter a prisão em flagrante em preventiva, em se tratando de crime cometido com o emprego 
de violência ou grave ameaça contra a pessoa, desde que presentes, no caso concreto, os requisitos constantes do art. 
312 do Código de Processo Penal e que as circunstâncias do fato indiquem a inadequação ou insuficiência das medidas 
cautelares diversas da prisão, observado o protocolo das autoridades sanitárias. 
II – o exame de corpo de delito seja realizado na data da prisão pelos profissionais de saúde no local em que a pessoa 
presa estiver, complementado por registro fotográfico do rosto e corpo inteiro, a fim de documentar eventuaisindícios 
de tortura ou maus tratos. 
§ 2o Nos casos em que o magistrado, após análise do auto de prisão em flagrante e do exame de corpo de delito, 
vislumbrar indícios de ocorrência de tortura ou maus tratos ou entender necessário entrevistar a pessoa presa, poderá 
fazê-lo, excepcionalmente, por meios telemáticos. 
(...)” 
 
5.7. (Im) possibilidade de conversão da audiência de custódia em audiência una de instrução e julgamento. 
Questão: é possível a conversão da audiência de custódia em audiência una de instrução e julgamento? 
 
 
21 
www.g7juridico.com.br 
1ª corrente: entende que é possível. Veja o Enunciado 29 do FONAJUC. 
 
Enunciado n. 29 do Fórum Nacional de Juízes Criminais (Fonajuc): “A audiência de custódia poderá concentrar os atos de 
oferecimento e recebimento da denúncia, citação, resposta à acusação, suspensão condicional do processo e instrução e 
julgamento”. 
 
2ª corrente: entende que não é possível a conversão da audiência de custódia em audiência una de instrução e 
julgamento, pois o CPP não autoriza esse procedimento. Além disso, a hiperceleridade não é respeito à garantia da 
razoável duração do processo. Isso viola a ampla defesa e o contraditório. Ademais, a CADH assegura a todos os acusados 
o tempo razoável para o preparo da defesa. 
 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
Art. 8. Garantias Judiciais 
1. (...) 
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua 
culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: 
(...) 
c. Concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa. 
(...) 
 
5.8. Liberdade provisória proibida. 
 
CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 310. (...) 
§2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta 
arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.” 
 
5.9. Consequências decorrentes da não realização da audiência de custódia. 
 
CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19) 
“Art. 310. (...) 
§3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido 
no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. 
§4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização 
de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade 
competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.” 
 
 
 
22 
www.g7juridico.com.br 
Se a audiência não for realizada no prazo estabelecido, tem-se a ilegalidade da prisão. Por consequência, a prisão deveria 
ser objeto de relaxamento pela autoridade competente. Isso é o que dispõe o art. 310, §4º do CPP. Entretanto, a eficácia 
do dispositivo está suspensa pela decisão do Min. Fux. 
 
- Em sede de apreciação de cautelar nos autos da ADI n. 6.305 (j. 22/01/2020), o Min. Luiz Fux concedeu a medida 
requerida para suspender sine die a eficácia, ad referendum do Plenário, da liberalização da prisão pela não realização da 
audiência de custódia no prazo de 24 (vinte e quatro) horas (CPP, art. 310, §4º, incluído pela Lei n. 13.964/19). Para o Min. 
Fux, o dispositivo impugnado fixa consequência jurídica desarrazoada para a não realização da audiência de custódia, 
consistente na ilegalidade da prisão. Esse ponto desconsidera dificuldades práticas locais de várias regiões do país, 
especialmente na região Norte, bem como dificuldades logísticas decorrentes de operações policiais de considerável 
porte, que muitas vezes incluem grande número de cidadãos residentes em diferentes estados do país. A categoria aberta 
‘motivação idônea’, que excepciona a ilegalidade da prisão, é demasiadamente abstrata e não fornece baliza 
interpretativa segura aos magistrados para a aplicação do dispositivo”. 
 
5.9.1. Tipificação de possível crime de abuso de autoridade. 
 
Questão: a não realização da audiência de custódia caracteriza abuso de autoridade? 
1ª Corrente: não, pois o art. 9º, § único da Lei 13.869/2019 não faz menção à não realização da audiência de custódia. 
 
2ª Corrente: sim. Se restaurada a eficácia do art. 310, §4º, CPP, a não realização da audiência de custódia caracteriza 
abuso de autoridade e causa a ilegalidade do ato. Diante disso, o juiz é obrigado a determinar o relaxamento da prisão. 
Se ele não determina o relaxamento da prisão, tem-se o disposto no art. 9º, § único da Lei 13.869/19: 
 
Lei n. 13.869/19 
“Art. 9º. Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de: 
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando 
manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.” 
 
5.10. Oitiva do preso durante a audiência de custódia. 
O preso é ouvido durante a audiência de custódia. 
✓ O preso não deve ser questionado quanto ao mérito da imputação. 
 
5.11. Fixação da competência por prevenção. 
 
 
23 
www.g7juridico.com.br 
A audiência de custódia não é causa de fixação de competência por prevenção. 
 
6. PRISÃO TEMPORÁRIA E PRISÃO PREVENTIVA. 
 
TEMPORÁRIA PREVENTIVA 
Prisão cautelar Prisão cautelar 
Previsão Legal: Lei 7.960/89. Surgiu com o advento da 
Medida Provisória 111/89. 
 
Previsão Legal: artigos 311 a 316 do CPP, alterados pela Lei 
12.403/11 e Lei 13.964/2019. 
 
Momento: fase investigatória. Não se admite prisão 
temporária durante a fase processual. Por fase 
investigatória podemos entender tanto o inquérito policial 
como outros procedimentos investigatórios. 
 
 
Momento: tanto na fase investigatória ou processual. 
Parte da doutrina sustenta que não se admite prisão 
preventiva na fase investigatória em relação aos delitos 
que admitem a prisão temporária. 
 
Decretação ex officio: como se trata de prisão cautelar 
passível de decretação exclusivamente durante a fase 
investigatória, a prisão temporária não pode ser decretada 
de ofício pelo juiz. Depende de provocação da autoridade 
policial ou do Ministério Público (Lei n. 7.960/89, art. 2º); 
 
Decretação ex officio: com a entrada em vigor do Pacote 
Anticrime, já não pode mais ser decretada de ofício, seja 
na fase investigatória, seja na fase processual; (CPP, art. 
311). 
 
Hipóteses de admissibilidade: art. 1º, III, da Lei 7.960/89 
(rol taxativo), conjugado com o artigo 2º, § 4º da Lei 
8.072/90 (crimes hediondos e equiparados). 
 
Hipóteses de admissibilidade: Devem ser observados os 
pressupostos alternativos dos incisos e §1º do art. 313 do 
CPP; 
 
 
Pressupostos: “fumus comissi delicti” (art. 1º, III, da Lei 
7960/89) e “periculum libertatis” (art. 1º, I ou II, da Lei 
7960/89). 
 
Pressupostos: “fumus comissi delicti” (prova da existência 
do crime + indícios de autoria) e “periculum libertatis” 
(garantia da ordem pública ou econômica, garantia da 
aplicação da lei penal ou conveniência da instrução 
criminal). 
 
Prazo: 5 dias, prorrogáveis por igual período. 
Crimes hediondos: 30 dias prorrogáveis por mais 30. 
 
Prazo: pelo menos em regra, não há prazo determinado. 
Não obstante, devem ser observados os prazos previstos 
em lei para a prática dos atos processuais, sob pena de 
excesso de prazo na formação de culpa e consequente 
 
 
24 
www.g7juridico.com.br 
relaxamento da prisão preventiva. Obs: atenção para o 
art. 22, parágrafo único, da Lei n. 12.850/13). 
 
 
Observaçõessobre o quadro: 
✓ Tanto a prisão temporária quanto a prisão preventiva são espécies de prisão cautelar. 
✓ A prisão preventiva está prevista no CPP (arts. 311 a 316). Já a prisão temporária está prevista na Lei 7.960/89. 
✓ Parte da doutrina (professor Paulo Rangel) afirma que a Lei 7.960/89 foi resultado da conversão da MP 111/1989 
e, por isso, ela seria dotada de inconstitucionalidade formal, pois não se pode admitir que Medida Provisória verse 
sobre direito processual penal. Apesar do posicionamento de Paulo Rangel, essa tese não foi encampada pelo STF 
(ADI 62). 
✓ A prisão temporária é exclusiva da fase investigatória. Em hipótese alguma se admite prisão temporária durante 
a fase processual. 
• Lembrando que a investigação não é exclusiva da autoridade policial, ou seja, não necessariamente 
precisa existir um inquérito policial para que seja determinada a prisão temporária. 
✓ Assim, iniciado o processo, caso o agente esteja preso temporariamente, há duas possibilidades: a prisão 
temporária será revogada ou deverá ser convertida em prisão preventiva. 
✓ Em tese, a prisão preventiva é cabível na fase investigatória e na fase processual. A prisão preventiva pode ser 
decretada até o trânsito em julgado da sentença condenatória. 
✓ Cuidado: Parte da doutrina sustenta que não se admite prisão preventiva na fase investigatória em relação aos 
delitos que admitem a prisão temporária (Guilherme Nucci). 
• A prisão preventiva existe no CPP desde 1942. Quando ela surgiu, ela era cabível tanto na fase 
investigatória quanto na fase processual. 
• Em 1989, surgiu a prisão temporária, a qual é cabível em relação a um rol taxativo de delitos. É cabível 
apenas na fase investigatória. 
De acordo com parte da doutrina, se a lei passou a admitir a prisão temporária (exemplo: prisão 
temporária de até 60 dias para crimes hediondos e equiparados), não haveria motivo para a decretação 
de prisão preventiva durante a fase investigatória. 
Segundo esse entendimento, a prisão preventiva continuaria sendo cabível na fase investigatória, mas 
apenas para delitos que não admitem prisão temporária. 
✓ A prisão temporária nunca pôde ser decretada de ofício pelo juiz, pois é exclusiva da fase investigatória. A prisão 
preventiva, com a entrada em vigor do Pacote Anticrime, não pode ser decretada de ofício durante a fase 
investigativa e/ou processual. 
• Obs.: Antes do Pacote Anticrime, ela podia ser decretada de ofício na fase processual. 
 
 
 
25 
www.g7juridico.com.br 
CPP, art. 311: “Em qualquer fase da investigação ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. 
(Redação dada pela Lei n. 13.964/19)” 
 
✓ Para saber se a infração penal admite ou não a prisão preventiva, é necessário analisar os pressupostos 
alternativos dos incisos e parágrafo único do art. 313 do CPP. Veja o dispositivo a seguir: 
 
CPP, art. 313: “Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I 
do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa 
com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta 
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a 
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou 
como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019)” 
 
O professor pede que o aluno tenha atenção às pegadinhas feitas nas provas de concursos. O examinador, por vezes, 
troca algumas palavras do dispositivos legais. Assim sendo, é necessário ter atenção aos termos destacados no art. 313 
do CPP. 
 
Observações sobre o art. 313, CPP: 
 
Art. 313, I do CPP: 
• O partamar de 4 anos (art. 313, I do CPP) foi fixado tendo por base as penas restritivas de direito. Não haveria 
lógica decretar uma prisão preventiva para o agente que, ao final do processo, não ficaria privado de sua 
liberdade. Ver art. 44, CP10. 
 
10 CP, art. 44: “ As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação 
dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art312...
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art64i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art64i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art64i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44.
 
 
26 
www.g7juridico.com.br 
• O partamar de 4 anos sempre levará em consideração a pena máxima cominada ao delito. Assim, se se trata de 
causa de aumento, aumenta-se a pena no máximo possível. De outro lado, se se trata de causa de diminuição, a 
pena será diminuída no mínimo possível. 
 
Art. 313, II do CPP 
• A ressalva feita no art. 313, II do CPP (art. 64, I do CP11) refere-se ao lapso temporal de 5 anos da reincidência. 
• O indivíduo citado no art. 313, II do CPP é o reincidente específico em outro crime doloso. 
• A prova de reincidência específica pode ser atestada pela folha de antecedentes. 
 
Súmula 636, STJ: “A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a 
reincidência.” 
 
• No caso do art. 313, II do CPP, pouco importa o quantum de pena. 
• Na visão do STF, a reincidência é plenamente constitucional. 
 
Art. 313, III do CPP 
• O art. 313, III do CPP não abrange as contravenções. 
• O art. 313, III do CPP abrange apenas crime doloso, a despeito de o dispositivo não citar isso expressamente. 
Entretanto, o professor explica que a violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, 
enfermo ou pessoa com deficiência somente pode ser de natureza dolosa. 
• No caso do art. 313, III do CPP, pouco importa o quantum de pena. 
 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as 
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) (...)” 
11 CP, art. 64, I: “não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração 
posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computadoo período de prova da suspensão ou do 
livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9714.htm#art44.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art64
 
 
27 
www.g7juridico.com.br 
• O conceito de violência doméstica e familiar é extraído da Lei 11.340/2016 (art. 5º12 e art. 7º13). 
 
Questão: o descumprimento das medidas protetivas autoriza, por si só, a prisão preventiva? 
Segundo os tribunais superiores, além do descumprimento, é necessário demonstrar uma das hipóteses do periculum 
libertatis do art. 312 do CPP. 
 
Art. 313, §1º do CPP 
• O professor pede que o aluno tenha cuidado, pois o art. 313, §1º do CPP cita “prisão preventiva”, entretanto, 
tecnicamente falando, tratar-se-ia de mandado de condução coercitiva. 
• Obs.: o STF declarou a inconstitucionalidade da condução coercitiva para fins de interrogatório ou de outros atos 
protegidos pelo nemo tenetur se detegere. Entretanto, é possível a condução coercitiva para fins de identificação 
do indivíduo. 
 
12 Lei 11.340/06, art. 5º: “Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação 
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com 
ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a 
comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou 
por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem 
de orientação sexual.” 
13 Lei 11.340/06, art. 7º: “São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a violência física, 
entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida 
como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o 
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante 
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, 
chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro 
meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018) 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de 
relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a 
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao 
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite 
ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta 
que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos 
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a 
violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.” 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13772.htm#art2
 
 
28 
www.g7juridico.com.br 
• O mandado de condução coercitiva para fins de identificação do indivíduo é cabível em relação a crimes dolosos 
e culposos, bem como em relação a contravenções penais. 
 
✓ Os crimes que admitem prisão temporária são os previstos no art. 1º, III, da Lei 7.960/89 (rol taxativo), conjugado 
com o artigo 2º, § 4º da Lei 8.072/90 (crimes hediondos e equiparados). 
 
Lei 7.960/89, art. 1º, III: “quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, 
de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: 
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); 
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); 
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); 
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); 
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); 
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 
1940) 
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); 
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); 
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); 
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, 
combinado com art. 285); 
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; 
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas; 
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); 
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986). 
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016)” 
 
Questão: é cabível a prisão temporária no crime de furto qualificado pelo emprego de explosivo? 
Não se pode esquecer que a prisão temporária também é cabível para crimes hediondos e equiparados. Assim sendo, 
como o crime de furto qualificado pelo emprego de explosivo foi considerado hediondo pela Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime), é cabível a prisão temporária. 
 
Lei 8.072/1990, art. 2º, §4º: “A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos 
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e 
comprovada necessidade”. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art148
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art157
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art158
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art213.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art214
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art267%C2%A71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art288
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6368.htm#art12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13260.htm#art18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7960.htm
 
 
29 
www.g7juridico.com.br 
Lei 8.072/1990, art. 1º: “São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide 
Lei nº 7.210, de 1984) 
I - homicídio

Mais conteúdos dessa disciplina