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Direitos Humanos – Emerson Malheiro – aula do dia 04/05
1 – Evolução histórica dos direitos humanos
Antiguidade (4000 AC – 476 DC)
Código de hamurábi: havia três classes sociais diferentes
- Awelum: era a classe mais alta da sociedade da mesopotâmia
- Mushkenum: era a classe média
- Wardum: eram os escravos marcados, havia mutilações, penas de morte, etc.
Lei das XII tábuas (451 AC – 450 AC)
- Todos eram tratados da mesma forma.
Idade Média (476 DC – 1453)
Magna Carta (1215) pelo rei João Sem Terra;
- Surgimento do devido processo legal;
- Surgimento do Habeas Corpus;
- Submissão do rei à lei.
Idade Moderna (1453 – 1789)
Tratados de Westphalia (1648)– deram fim a guerra dos 30 anos. Se cuida da concepção do estado tal qual conhecemos hoje, ou seja, elemento objetivo (território bem definido, povo e governo soberano), e elemento subjetivo (recognição, ou seja, reconhecimento de sua existência). Teve a soberania com a renúncia a hierarquia baseada na religião. (completar depois)
Bill of rights (1689)
- Independência;
- Liberdade política e de expressão;
- tolerância religiosa (ATENÇÃO: não era liberdade)
Declaração de direitos da Virgínia (1776)
Idade contemporânea (1789 – atual)
Homem e cidadão (1789)
- Previsão de um estado laico, ou seja, sem religião, separação entre direito e religião;
- Associação política
- princípio da reserva legal
- princípio da anterioridade
- estado de inocência
Constituição Mexicana - 1917 (estavam previstos os direitos trabalhistas e os previdenciários)
Constituição Alemã (1919)
Declaração universal dos direitos humanos não é considerada pela doutrina como tratado internacional, não comporta sanções.
Pacto internacional dos direitos econômicos culturais e sociais e pacto internacional dos direitos civis e políticos de 1969, vinculam os países ao cumprimento dos diplomas.
2 – Classificação e características
Gerações: os direitos humanos são divididos pela doutrina clássica em três gerações/dimensões (o emprego da expressão dimensão é mais correta). A doutrina mais moderna classifica em quatro dimensões:
a) Liberdades públicas: cuidam dos direitos políticos básicos, surgiram com a Magna carta em 1215;
b) Direitos econômicos e sociais. São os direitos de igualdade que surgiram com a constituição mexicana e alemã;
c) Direitos de solidariedade/fraternidade: são os interesses difusos e coletivos orientados para o progresso da humanidade. Ex.: direito ambiental; direito do consumidor; direito a paz; o direito a não intervenção nos assuntos internos dos estados, etc.
d) Direitos dos povos: visam à preservação do ser humano. Ex.: biosegurança; proteção contra a globalização desenfreada; direito à democracia; inclusão digital.
Direitos e garantias fundamentais:
Direitos individuais e coletivos;
Direitos sociais;
Direitos de nacionalidade;
Direitos políticos;
Direitos dos partidos políticos.
Características dos direitos humanos:
 Proibição do regresso ou vedação do retrocesso: uma vez concedido um direito fundamental o estado não pode retroceder diminuindo sua proteção aos direitos humanos. Ex.: Sempre que há um crime com uma enorme repercussão, aparece um parlamentar comentando sobre a diminuição da maioridade penal, isso não é possível, pois é uma cláusula pétrea e jamais poderá ser modificada, a não que faça outra constituição;
Complementalidade: os direitos humanos não devem ser interpretados isoladamente, eles são sempre completados com novas regras que são somadas às anteriores;
Congenialidade: os direitos humanos são congênitos, ou seja, pertencem ao indivíduo antes mesmo do seu nascimento;
Indivisibilidade: os direitos humanos pela sua natureza não podem ser decompostos/divididos, sob pena de perda da sua configuração;
Efetividade: os direitos humanos são efetivos, ou seja, não basta o singelo reconhecimento do estado de sua existência, é necessário que ele empregue medidas efetivas para sua aplicação;
Essencialidade: os direitos humanos são essenciais na medida em que se constituem com preceitos excepcionais à sobrevivência humana;
Imprescritibilidade: os direitos humanos são imprescritíveis, ou seja, não são atingidos pelo decurso temporal;
Inalienabilidade: os direitos humanos não podem ser transferidos, qualquer manifestação de vontade nesse sentido é nula de pleno direito;
Inexauribilidade: os direitos humanos são inexauríveis, não se esgotam nunca, sendo sempre somados a novos direitos;
Interdependência: os direitos humanos são independentes, apenas cumprem seus objetivos pelo mútuo auxílio;
Inviolabilidade: os direitos humanos são invioláveis, ninguém pode empreender ofensa legítima contra eles;
Historicidade: os direitos humanos são históricos, há uma paulatina evolução dos direitos humanos de acordo com o processo histórico;
Universalidade: os direitos humanos são universais, ou seja, eles se ramificam atingindo todas as pessoas;
Irrenunciabilidade: os direitos humanos não podem ser renunciados, qualquer manifestação de vontade nesse sentido é nula de pleno direito.
3 – Posicionamento hierárquico dos tratados:
De direitos humanos: art. 5º, §2, CF. Não perdem sua eficácia por lei ordinária nem mesmo por emenda constitucional, são cláusulas pétreas. Art. 5º, §3, CF (equivalência às emendas constitucionais). Os tratados que obedecem ao §2 do artigo 5º, têm valor supra legal e detém o quórum de lei ordinária; os tratados que obedecem ao §3º do artigo 5º, têm valor de EC e o quórum de EC.
Aula do dia 01/06
3ª dimensão – direito a solidariedade/fraternidade: direitos difusos e coletivos orientados para a evolução da humanidade (tutela ao direito ambiental, direito a paz, direito a proteção contra uma globalização desenfreada, direito ao consumidor).
4ª dimensão – direitos dos povos: se preocupa com a proteção do ser humano no que é pertinente à sua preservação (biosegurança, biodireito, direito a democracia, inclusão digital).
Direitos e garantias fundamentais:
Direitos individuais e coletivos: estão no art. 5º da CF e em normas infraconstitucionais e tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Direitos sociais: estão basicamente no art. 6º, CF, condições materiais mínimas para o exercício dos direitos humanos.
Direitos a nacionalidade: é o intrínseco vínculo político-jurídico que conecta uma pessoa ao território do estado capacitando-a a exercer os seus direitos e a cumprir os deveres inerentes ao nacional.
Direitos políticos: observam a participação popular na vida pública do estado.
Direitos dos partidos políticos: é a previsão do direito de associação.
Nacionalidade:
Elemento objetivo: território bem definido, povo e governo soberano
Elemento subjetivo: recognição
Critérios de atribuição:
Originária: 
“ius solis” é o local de nascimento da pessoa
“ius sanguinis” é a atribuição da nacionalidade pela filiação
Derivada:
“ius domicili” é o direito ao domicílio. Adquire a nacionalidade brasileira quando o estrangeiro tem domicílio no Brasil por mais de 15 anos ininterruptos, tem que ser idôneo. Aqueles que são nacionais dos países de língua portuguesa tem que ter domicílio no Brasil por 1 ano ininterrupto.
“ius labori” é a atribuição da nacionalidade por prestação de serviços em determinado território por dado lapso temporal (não é aplicado no Brasil).
“ius communicatio” é o direito de comunicação. É a atribuição de nacionalidade pelo casamento.
Saída compulsória de estrangeiros
Por iniciativa alienígena: é a iniciativa estrangeira, ou seja, por outro estado.
Extradição: entrega de criminoso, refugiado ou acusado a pedido de outro estado ou lá cumprido pena.
Por iniciativa do estado
Deportação: entrega coativa de estrangeiro ao território de origem ou outro que o receba em face da prática em face da prática que revela o ingresso e/ou permanência irregular em território nacional;
Expulsão: entrega coercitiva deestrangeiro ao território de origem ou outro que o receba em face da prática de conduta tentatória aos interesses nacionais.
Tutela constitucional dos direitos humanos: há um regime ordinário dos direitos fundamentais e um regime extraordinário dos direitos fundamentais.
Regime ordinário dos direitos fundamentais: emprega um sistema repressivo na tutela dos direitos humanos que é munificiente (mínimo de eficiência) e que opera para sancionar doestos.
Regime extraordinário: consiste em uma suspensão ou mesmo supressão temporária de alguns direitos fundamentais. Tem o estado de defesa e o estado de sítio. No estado de defesa primeiro há o decreto presidencial e em 24h deve estar no congresso nacional e pode ser prorrogado apenas uma vez e o estado de sítio pode ser prorrogado quantas vezes tantas forem necessárias.
Remédios constitucionais (pro regime ordinário):
“Habeas corpus”
Mandado de segurança
Mandado de segurança coletivo
“habeas data”
Mandado de injunção
Ação popular
Declaração universal dos direitos humanos (1948): é uma consolidação do direito consuetudinário vigente na proteção dos direitos humanos. Não é considerado tecnicamente um tratado internacional de direitos humanos, mas sim uma recomendação (resolução da ONU), não trazendo uma sanção no caso de violação, muito pelo contrário.
Pacto internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais (1966)
Tratados internacionais sobre direitos humanos:
- Racismo: se configura pelo impedimento do exercício de direitos inerentes à pessoa em virtude de suas características de raça, cor, etnia, religião e outras do mesmo gênero.
- Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher (1979) – serviu de base para a criação da lei Maria da Penha.
- Convenção internacional contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis desumanos ou degradantes (1984) – deu origem a lei de tortura no Brasil (9455/97)
- Convenção internacional sobre direitos das pessoas com deficiência (2007) – é o único diploma que possui o valor de emenda constitucional que foi aprovado pelo artigo 5º, §3º, CF. Todos os demais tratados de direitos humanos detêm o valor de norma supralegal.