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CHIKUNGUNYA: Sintomas e Grupos de Risco

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CHIKUNGUNYA 
Andyane Freitas Tetila 
Médica Infectologista 
Mestre em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela UFMS 
Coordenadora de Vigilância Epidemiológica SESAU/PMCG 
 CHIKUNGUNYA 
 A Febre do Chikungunya é uma doença causada por um vírus do 
gênero Alphavirus transmitida por mosquitos do gênero Aedes, 
sendo Ae. aegypti e Ae. albopictus os principais vetores. 
 A doença tem transmissão autóctone restrita a países da África e 
Ásia, e até então com registros de casos importados nos Estados 
Unidos, Canadá, Guiana Francesa, Martinica, Guadalupe e no Brasil. 
 No final de 2013 foi registrada a transmissão autóctone da doença 
em vários países do Caribe. 
 
 CHIKUNGUNYA 
 Epidemiologia: 
 Até a SE 46 (9-15 nov): 
 Casos autóctones: notificados 2.486 casos suspeitos; 
 1303 confirmados; 
 Casos importados: 71 
 
 
O Vetor 
 Os mosquitos adquirem o vírus de um hospedeiro 
contaminado. 
 O período de incubação é em média de 10 dias, 
o mosquito é, então, capaz de transmitir o vírus a 
um hospedeiro naïve, tal como um humano. 
 Nos seres humanos picados por um mosquito 
infectado, os sintomas da doença geralmente 
ocorre após um período de incubação de três a 
sete dias (intervalo: 1-12 dias). 
 
Aedes Aegypti e Aedes albopictus 
O Vetor 
 Nem todos os indivíduos infectados com o vírus 
desenvolvem sintomas. Inquéritos sorológicos indicam 
que entre 3% e 28% das pessoas com anticorpos 
para CHIKV tem infecção assintomática mas podem 
transmitir a doença assim como os assintomáticos. 
 Infecção Silenciosa (sem sintomas) geralmente ocorrem, 
mas como isso acontece ainda é desconhecido. 
 A infecção tanto aparente como silenciosa acredita-se 
que confere imunidade ao longo da vida. 
CHIKV pode causar doença aguda, subaguda e doença crônica. 
Apresentação Clínica 
Doença Aguda 
 Frequentemente caracterizada por início súbito de 
febre alta (normalmente superiores a 39°C) e artralgia 
intensa. 
 Outros sinais e sintomas podem incluir dor de cabeça, 
dor nas costas, mialgias, náuseas, vômitos, 
poliartrite, erupções cutâneas, e conjuntivite; 
 A fase aguda da CHIK dura 3 a10 dias. 
 Período febril dura de vários dias até uma semana; 
Pode ser contínua ou intermitente; uma queda na 
temperatura não é associada a um agravamento dos 
sintomas. 
Sinais e Sintomas 
Doença Aguda 
Doença Aguda 
 Sintomas articulares são geralmente simétricos e ocorrem mais 
frequentemente nas mãos e pés, mas podem afetar as articulações 
mais proximais. 
 Edema também pode ser visto e é frequentemente associado com 
tenossinovite. 
 Os doentes são muitas vezes severamente incapacitados devido à 
dor, sensibilidade, inchaço e rigidez. Muitos pacientes não podem 
realizar atividades normais, como trabalhar, caminhar, etc., 
permanecendo na maioria do tempo acamados. 
 O Rash ocorre de 2 a 5 dias após o inicio da febre em 
aproximadamente 50% dos pacientes. É tipicamente 
maculopapular, envolvendo o tronco e os extremidades, mas 
também pode incluir palmas, plantas e face. 
 A erupção também pode se apresentar como um eritema difuso que 
empalidece com pressão. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Doença subaguda 
 Após10 primeiros dias, muitos pacientes irão sentir melhora do 
quadro geral e dor nas articulações. 
 Após este período, uma recaída dos sintomas pode ocorrer, 
com alguns pacientes queixando-se de vários sintomas 
reumáticos, incluindo poliartrite distal, exacerbação da dor 
nas articulações e ossos previamente feridos e 
tenossinovite hipertrófica subaguda em pulsos e tornozelos. 
 Alguns pacientes também podem desenvolver distúrbios 
vasculares periféricos transitórios, como a síndrome de 
Raynaud. 
 Em adição aos sintomas físicos, a maioria dos pacientes 
queixam-se de sintomas depressivos, fadiga geral, e 
fraqueza. 
 
Doença Crônica 
 Definida em pacientes que apresentam os sintomas por mais de 3 
meses. 
 Estudos da África do Sul, referem que 12% a 18% dos pacientes terão 
sintomas persistentes por 18 meses até 2 a 3 anos. Estudos mais recentes 
na Índia, a proporção de pacientes com sintomas persistentes por 10 meses 
foi de 49 %. 
 O sintoma mais comum que persiste é o da artralgia nas mesmas 
articulações afetadas na doença aguda. 
 Normalmente não ocorre alterações nos exames laboratoriais e raios-x das 
áreas afetadas. 
 Algumas pessoas vão desenvolver artropatia destrutiva / artrite 
semelhante a artrite reumatóide psoriática. Outros sintomas que podem 
ocorrer nesta fase é a depressão. 
 Fatores de risco para a não recuperação são: idade avançada (> 45 
anos), pré-existência de distúrbios da articulação, e doença aguda mais 
grave. 
 
Grupos de Risco 
 CHIKV pode afetar homens e mulheres de todas 
as idades. 
 Apresentação clínica pode variar com a idade, no 
entanto, com os neonatos e idoso o risco de 
doença grave é maior. 
 Adultos mais velhos são mais propensos a sofrer de 
doença atípica grave e morte. 
 Indivíduos >65 anos apresentaram elevada taxa de 
mortalidade quando comparados com os adultos mais 
jovens (<45 anos). 
Gestação 
 A maioria das infecções CHIKV que ocorrem durante a gravidez não vai resultar 
em transmissão para o feto. 
 Foram notificados casos raros de abortos espontâneos após a infecção CHIKV. 
 O maior risco de transmissão parece ser quando as mulheres estão infectadas 
durante o parto, com uma taxa de transmissão vertical de 49%; 
 As crianças são geralmente assintomáticas ao nascimento e, em seguida, 
desenvolvem febre, dor, prurido e edema periférico. 
 Os infectados durante o período intraparto também podem desenvolver doenças 
neurológicas (meningoencefalite, lesões de substância branca, edema cerebral e 
hemorragia intracraniana), sintomas hemorrágicos e miocardite, alterações 
laboratoriais como: aumento de testes de função hepática, redução das plaquetas 
e contagem de linfócitos, e diminuição dos níveis de protrombina. 
 Os recém-nascidos que sofrem da doença neurológica, muitas vezes desenvolvem a longo 
prazo deficiência. 
 Não há nenhuma evidência de que o vírus é transmitido através do leite materno 
Manifestações Sistema Nervoso 
 O vírus não é neurotrópico, mas pode produzir 
encefalopatias, paralisa aguda flácida e síndrome 
de Guyllain-Barrê. 
 25% dos pacientes podem ter manifestação 
atípica, com comprometimento do Sistema Nervoso 
Central. 
 Nas crianças, pode haver convulsão febril, 
encefalite e encefalopatias. 
 
Crianças 
 Tem risco de manifestação grave da doença. 
 Pode haver transmissão materno-fetal. 
 Nesses casos, o comprometimento do Sistema Nervoso 
Central é grave e frequente. 
 
Manifestações Hemorrágicas 
 
 São raras; 
Cerca de 8%; 
Gengivorragia, epistaxe, hematêmese e 
hemorragia digestiva. 
 
Outras manifestações 
 
 Linfadenopatias; 
Hiperemia conjuntival; 
 Edema palpebral; 
 Faringite; 
Diarréia aquosa. 
 
Letalidade 
A morte pode acometer 1 em cada 1000 
pacientes. 
 
Geralmente ocorre em neonatos, idosos e 
adultos com comorbidades. 
 
Causas da morte 
 Falência cardíaca, falência múltipla dos 
órgãos, hepatite, encefalite. 
 
Na maioria dos casos, uma relação 
causal direta entre o vírus e a morte não 
consegue ser demonstrada. 
 
Manifestações articulares crônicas 
Manifestações articulares crônicas 
Diagnóstico 
 O diagnóstico da infecção pelo Chykungunya é 
baseado naclínica, epidemiologia e critérios 
laboratoriais. 
 Uma doença que tem início com febre de início súbito, 
artralgia ou artrite grave, que não seja explicada por 
outra condição médica é um caso possível de 
Chykungunya. 
 Esse caso torna-se provável se o paciente mora ou 
visitou uma área epidêmica. 
 A confirmação laboratorial é crucial para diferenciar 
da dengue outras alphavirores, malária e doenças 
artríticas. 
 
Diagnóstico 
 Os resultados dos seguintes testes laboratoriais confirmam uma 
infecção recente com CHIKV: 
 Pesquisa de vírus (isolamento do CHIKV); 
 Pesquisa de genoma de vírus (detecção de RNA de CHIKV por 
RT-PCR em tempo real ou RT-PCR clássico/convencional); 
 Pesquisa de anticorpos IgM por testes sorológicos (ELISA); 
 Teste de neutralização por redução em placas (PRNT); 
 Demonstração de soroconversão (negativo → positivo ou 
aumento de quatro vezes) nos títulos de IgG por testes 
sorológicos (ELISA ou teste de Inibição da Hemaglutinação-IH) 
entre as amostras nas fases aguda (preferencialmente primeiros 
oito dias de doença) e convalescente, preferencialmente de 15 a 
45 dias após o início dos sintomas, ou 10-14 dias após a coleta 
da amostra na fase aguda. 
Tratamento 
 O tratamento é baseado no uso de drogas anti-
inflamatórias não esteroidais. 
 A Ribavirina tem pouca ação, embora possa aliviar 
a artralgia e o edema articular. 
 Deve-se utilizar Paracetamol e/ou Dipirona. 
 Para os casos crônicos, pode-se utilizar anti-
inflamatórios esteroidais. 
 
Classificação de Risco e Manejo 
Caso Suspeito 
 Paciente com febre de início súbito maior que 
38,5°C e artralgia ou 
 artrite intensa de início agudo, não explicado por 
outras condições; 
 Residente ou tendo visitado áreas endêmicas ou 
epidêmicas até duas semanas antes do início dos 
sintomas ou 
 que tenha vínculo epidemiológico com caso confirmado. 
Caso Confirmado 
 Todo caso suspeito com qualquer um dos 
seguintes exames laboratoriais: isolamento viral, 
PCR, presença de IgM (coletado durante a fase 
aguda ou de convalescença) ou aumento de quatro 
vezes o título de anticorpos (intervalo mínimo de 
duas a três semanas); 
 Durante o surgimento dos primeiros casos, todos os 
esforços devem ser realizados com o intuito de 
alcançar o diagnóstico laboratorial. 
Ações de Vigilância 
 Todo caso suspeito de febre de Chikungunya deve ser 
notificado imediatamente ao serviço de vigilância 
epidemiológica conforme fluxo estabelecido em cada 
município. 
 Por se tratar de um evento potencialmente epidêmico, uma vez 
identificado a circulação do vírus em uma determinada 
localidade, não há necessidade de coletar amostras de todos 
os casos suspeitos. 
 Deve ser priorizado o diagnóstico laboratorial das formas 
graves e atípicas da doença,s eguindo as recomendações 
do serviço de vigilância. 
Site Ministério da Saúde 
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1483
1&catid=197&Itemid=250

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