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RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA SP 2.2 – LOGO AGORA?! – ARBOVIROSES INFECÇÃO E FEBRE 1. DIFERENCIAR AS ARBOVIROES EXANTEMÁTICAS (FEBRE AMARELA, ZIKA, CHIKUNGUNYA E DENGUE). A) FEBRE AMARELA Causa: arbovírus gênero Flavivirus, da família Flaviviridae. Considerada a doença prototípica das febres hemorrágicas virais, com as quais compartilha vários aspectos em comum, mas caracterizada por comprometimento hepático mais significativo. A doença apesenta dois ciclos epidemiológicos de transmissão: 1. Silvestre, transmitido pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes; 2. Urbano, transmitido pelo Aedes aegypti. QUADRO CLÍNICO A febre amarela apresenta-se com amplo espectro de manifestações clínicas, desde as formas oligossintomáticas ou assintomáticas até as graves, ictéricas, com manifestações de coagulação intravascular disseminada, choque e oligúria, que podem levar ao óbito. Após período de incubação de 3 a 6 dias, que pode eventualmente se estender para até 10 dias, surge a primeira fase da doença, denominada fase de infecção ou virêmica, caracterizada por: • febre alta, de início súbito, com cefaleia, mal- estar geral, tonturas, prostração e mialgia, principalmente lombossacral. • Após algumas horas, podem aparecer náuseas, vômitos e hiperemia conjuntival com taquipneia, porém com frequência cardíaca baixa, caracterizando sinal de Faget (FEBRE ALTA COM PULSO LENTO), ou seja, a dissociação pulso-temperatura. Após 2 a 3 dias, ocorre regressão espontânea dos sintomas, e aproximadamente 70 a 80% dos casos evoluem para recuperação e cura, caracterizando as formas leves ou benignas da doença. As alterações laboratoriais também são inespecíficas, com leucopenia, neutropenia, aumento de transaminases, proteinúria e viremia positiva (técnicas moleculares ou de isolamento viral positivas). Nas FORMAS GRAVES, após período de 2 a 48 h de remissão ou melhora parcial do quadro inicial, ocorre recrudescimento dos sintomas, rapidamente progressivo, com retorno da febre ainda mais elevada, toxemia, cefaleia e prostração intensas, acompanhadas por icterícia e vômitos, em geral, incoercíveis. Trata-se da fase denominada de intoxicação, toxemia ou de localização, em que não se detecta o vírus amarílico no sangue periférico, embora o mesmo ainda possa ser detectado no fígado, baço, coração, nos rins e linfonodos, principalmente. (SÍTIOS PROVÁVEIS DE REPLICAÇÃO DO VÍRUS AMARÍLICO) A seguir, ocorre oligúria-anúria, com insuficiência pré- renal e manifestações hemorrágicas, principalmente do trato gastrintestinal, como hematêmese e melena, que denotam o aparecimento de coagulação intravascular disseminada. Choque, rebaixamento do nível de consciência, com evolução para coma profundo, advém a seguir em até 50 a 70% dos casos que evoluem para essas formas graves da doença O óbito ocorre entre o sétimo e o oitavo dia, por hemorragias incontroláveis seguidas de colapso circulatório e choque. Nos casos não letais, a convalescença é demorada, sendo frequentes as infecções bacterianas secundárias. DIAGNÓSTICO CLÍNICO O diagnóstico clínico deve ser sempre suspeitado quando os quadros descritos anteriormente RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA envolverem paciente que esteve em área endêmica ou com sinais de circulação ativa do vírus amarílico. Para fins de vigilância epidemiológica, o Ministério da Saúde adota as seguintes definições de casos de febre amarela: Caso humano suspeito: “Indivíduo com quadro febril agudo (até 7 dias), de início súbito, acompanhado de icterícia e/ou manifestações hemorrágicas, residente ou procedente de área de risco para febre amarela ou de locais com ocorrência de epizootias em primatas não humanos ou isolamento de vírus em vetores nos últimos 15 dias, não vacinado ou com estado vacinal ignorado para febre amarela” Caso humano provável: “Indivíduo com critério de caso suspeito e com exame laboratorial preliminar reagente, aguardando conclusão da investigação e contraprova laboratorial.” DIAGNÓSTICO LABORATORIAL INESPECÍFICO O hemograma apresenta leucopenia com neutropenia, eosinopenia e linfocitose. Nas formas graves, no período de intoxicação observam-se leucocitose, trombocitopenia, aumento de transaminases, da ureia e creatinina plasmáticas, hiperbilirrubinemia, hipoglicemia e acidose. A trombocitopenia ocorre principalmente após alguns dias, com aumento do tempo de protrombina e diminuição do fibrinogênio sérico, que sugerem coagulação intravascular disseminada. Pode haver alteração dos fatores séricos de coagulação, sendo os mais alterados os fatores II, V, VII, VIII, IX e X. As alterações nos fatores séricos da coagulação podem explicar casos de sangramento intenso sem trombocitopenia importante. O exame de urina do tipo I mostra proteinúria importante, que pode chegar a 40 g/ℓ em amostra isolada, hematúria e cilindrúria. ESPECÍFICO I. Isolamento do vírus: em amostras de sangue ou soro nos primeiros 3 a 5 dias de doença e nos tecidos, principalmente o hepático, em período mais dilatado (geralmente obtidas post mortem). II. Testes moleculares: a técnica de reação em cadeia da polimerase por transcrição reversa (RT-PCR) em amostras de sangue, soro ou tecido é a mais utilizada. III. Testes sorológicos: o teste padrão para a demonstração da infecção atual é o MAC- ELISA, ou reação imunoenzimática por método de captura, para anticorpos da classe IgM. IV. Histopatologia: a biopsia post mortem das vísceras ou necropsia são importantes recursos diagnósticos. ____________________________________________ B) ZIKA O Zika virus (ZIKV) é um arbovírus RNA de fita única do gênero Flavivirus, família Flaviviridae. Foi descoberto em 1947 na floresta de Zika, próxima a Entebe em Uganda. Doença viral aguda, identificada no Brasil pela primeira vez no ano de 2015, transmitida principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. A infecção pelo zika pode ser assintomática ou sintomática. Os casos costumam apresentar evolução benigna, e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. MICROCEFALIA: Entretanto, o número de infectados vem aumentando a cada ano no País, observando-se o aumento dos casos de microcefalia e de manifestações neurológicas associadas à ocorrência da doença, bem como a ocorrência de óbitos. Em 2015, a zika vírus foi declarada como uma Emergência em Saúde Pública Nacional e Internacional. Esses casos epidêmicos de microcefalia eram fortemente associados à infecção pelo vírus zika durante a gestação, evidenciando-se ainda um amplo RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA espectro de manifestações que definiriam a síndrome da zika congênita (SZC). O Nordeste foi a região com mais casos de microcefalia e outras malformações congênitas associadas ao vírus zika, tendo sido registrados mais de dois mil e quinhentos casos, representando 62,5% das ocorrências do Brasil entre 2015 e 2019. QUADRO CLÍNICO A infecção por ZIKV tem um período de incubação de 3 a 12 dias, após o qual iniciam-se as manifestações clínicas. Acredita-se que aproximadamente 80% das infecções sejam assintomáticas. Os achados clínicos principais são: • Febre baixa e de curta duração; • Erupção cutânea (exantema) maculopapular e pruriginosa; • Conjuntivite não purulenta sem prurido; • Artralgia; • Edema de pequenas articulações de pés e mãos; • Cefaleia; • Mialgia; • Linfonodomegalia; • Astenia. Sintomas menos frequentes incluem anorexia, náuseas e vômitos, dores abdominais, diarreia, vertigem e sensação de queimação nas regiões palmo-plantares. Raramente podem ocorrer dor retro-orbital, surdez transitória e zumbidos, além de sangramentosubcutâneo. Também raramente pode ocorrer hematospermia, que quando presente está positivamente associada à transmissão sexual do ZIKV. O sintoma principal é a erupção cutânea intensamente pruriginoso, de DISTRIBUIÇÃO CENTRIFUGA, originando-se em geral na face e atingindo todo o corpo em poucos dias. Sinal característico é a presença de áreas epiteliais preservadas, sem exantema, que aparecem como zonas esbranquiçadas ao exame. Os sintomas são autolimitados e em geral não perduram por mais de 4 a 7 dias. Poucos quadros graves foram descritos. Manifestações neurológicas no adulto incluem um caso descrito de meningoencefalite aguda em adulto idoso e casos da síndrome de Guillain-Barré. A última é uma condição aguda, caracterizada por polirradiculoneuropatia imunomediada, que ocorre tipicamente após infecções virais ou bacterianas brandas. A função motora é afetada, iniciando-se nas extremidades e progredindo proximalmente em até 4 semanas. Os pacientes apresentam fraqueza generalizada, arreflexia e alterações neurossensoriais e envolvimento de pares cranianos em graus variados. DIAGNÓSTICO CLÍNICO O diagnóstico clínico deve ser sempre suspeitado na presença dos quadros descritos anteriormente se o paciente esteve em área endêmica ou com evidência de circulação ativa do vírus. Para fins de vigilância epidemiológica, o Ministério da Saúde adota as seguintes definições de casos: ➢ Caso humano suspeito: pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: • Febre; • Hiperemia conjuntival sem secreção e prurido; • Poliartralgia; • Edema periarticular. ➢ Caso humano confirmado: caso suspeito com um dos seguintes testes positivos/reagentes específicos para diagnóstico de Zika: • Isolamento viral • Detecção de RNA viral por reação da transcriptase reversa (RT-PCR) • Sorologia IgM. RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA Após a confirmação de circulação autóctone, os demais casos agudos de Zika devem ser confirmados por critério clinicoepidemiológico, exceto gestantes, manifestações neurológicas e óbitos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL INESPECÍFICO Os parâmetros bioquímicos e hematológicos são em geral normais, porém alguns pacientes podem apresentar leucopenia com neutropenia, linfocitose com atipias e monocitose transientes. ESPECÍFICO Mesmos testes que FA. O grande desafio do diagnóstico sorológico da infecção por ZIKV é a reatividade cruzada decorrente do “pecado antigênico original” dos flavivírus. Em pacientes previamente expostos a infecções por outros flavivíurs a resposta anticórpica à infecção pregressa (seja infecção natural ou vacinação) é em geral mais vigorosa que a resposta à infecção atual. Esta situação pode trazer dificuldades de interpretação mesmo quando se emprega a PRNT. Este efeito pode ser particularmente importante em áreas endêmicas para dengue e onde os vírus da dengue e Zika circulem simultaneamente, como é o caso brasileiro. ____________________________________________ C) CHIKUNGUNYA É uma arbovirose cujo agente etiológico é transmitido pela picada de fêmeas infectadas do gênero Aedes a causa uma doença febril aguda. No Brasil, até o momento, o vetor envolvido na transmissão do vírus chikungunya (CHIKV) é o Aedes aegypti. A doença é caracterizada por febre alta de início súbito, cefaleia, mialgias e dor articular intensa, podendo tornar-se crônica com a persistência dos sintomas por anos. A doença pode evoluir em três fases: febril ou aguda, pós-aguda e crônica. I. A fase aguda da doença tem duração de 5 a 14 dias. II. A fase pós-aguda tem um curso de até 3 meses. III. Se os sintomas persistirem por mais de 3 meses após o início da doença, considera-se instalada a fase crônica. Na fase crônica, a artralgia pode persistir por anos. Alguns pacientes podem apresentar casos atípicos e graves da doença, que podem evoluir para óbito com ou sem outras doenças associadas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FASE AGUDA Também conhecida como fase febril, é caracterizada principalmente por • Febre alta de início súbito (>38,5º C), febre pode ser contínua, intermitente ou bifásica, e possui curta duração; • Intensa poliartralgia; • Dorsalgia; • Exantema; • Cefaleia; • Mialgia; • Fadiga. Afeta todos os grupos etários e ambos os sexos. Essa fase pode durar de dias a algumas semanas. No entanto, a queda de temperatura não é associada à piora dos sintomas, como na dengue. Ocasionalmente, pode ser associada a uma bradicardia relativa. A poliartralgia tem sido descrita em mais de 90% dos pacientes com chikungunya na fase aguda, podendo estar acompanhada de edemas. Dor poliarticular, bilateral e simétrica, embora possa haver assimetria principalmente em relação à sua intensidade. Acomete RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA grandes e pequenas articulações e abrange, com maior frequência, as regiões mais distais. Pode haver edema, e este, quando presente, normalmente está associado à tenossinovite. Na fase aguda da poliartralgia, tem se observado dor ligamentar. A mialgia, quando presente, geralmente é de intensidade leve a moderada. A rigidez articular matinal é uma queixa frequente, assim como limitação para realizar atividades cotidianas, tais como higiene pessoal e tarefas domésticas. Em geral, o exantema é macular ou maculopapular, acomete cerca de metade dos doentes e surge do segundo ao quinto dia após o início da febre. Afeta principalmente o tronco e as extremidades (incluindo palmas das mãos e plantas dos pés), podendo atingir a face. O prurido pode estar presente e ser generalizado ou apenas localizado na região palmoplantar. Outros sinais e sintomas descritos na fase aguda de chikungunya são dor retro-ocular, calafrios, conjuntivite não purulenta, faringite, náusea, vômitos, diarreia, dor abdominal e neurite. As manifestações do trato gastrointestinal são mais presentes nas crianças. Pode haver linfadenomegalias associadas FASE PÓS-AGUDA Nessa fase normalmente a febre desaparece, mas existem relatos de recorrência. Pode haver melhora da artralgia (com ou sem recorrências) persistência ou agravamento desta, incluindo poliartrite distal, e tenossinovite hipertrófica pós-aguda nas mãos (mais frequentemente nas falanges e nos punhos) e nos tornozelos. Síndrome do túnel do carpo pode ocorrer como consequência da tenossinovite hipertrófica, sendo muito frequente nas fases pós-aguda e crônica. O comprometimento articular costuma ser acompanhado por edema de intensidade variável. Podemos ainda encontrar astenia, recorrência do prurido generalizado e exantema maculopapular, além do surgimento de lesões purpúricas. Alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica, fadiga, alopecia e sintomas depressivos. Caso os sintomas persistam por mais de três meses após o início da doença, estará instalada a fase crônica. FASE CRÔNICA Caracterizada pela persistência ou recorrência dos sinais e dos sintomas, principalmente dor articular, musculo-esquelética e neuropática, sendo esta última muito frequente nessa fase. A prevalência da fase crônica é bastante variável, podendo atingir mais de 50% pacientes. Os principais fatores de risco para a cronificação descritos até esse momento são: • idade acima de 45 anos • artropatia preexistente • maior intensidade do quadro na fase aguda. O acometimento articular se dá, frequentemente, nas mesmas articulações atingidas durante a fase aguda, caracterizando-se por dor com ou sem edema, limitação de movimento e rigidez articular matinal, podendo levar à deformidade ao longo dos anos. O acometimento é poliarticular e simétrico,embora possa ser assimétrico e monoarticular. Também há relatos de dores nas regiões sacroilíaca, lombossacra e cervical. Ocasionalmente, articulações incomuns, como temporo mandibulares e esterno claviculares, são afetadas. Outras manifestações descritas são: fadiga, cefaleia, prurido, alopecia, exantema, bursite, tenossinovite, RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA disestesias, parestesias, fenômeno de Raynaud, alterações cerebelares, distúrbios do sono, alterações da memória, deficit de atenção, alterações do humor, turvação visual e depressão. Alguns descrevem o tempo de duração dessa por mais de seis anos, sendo que, no Brasil, existem pacientes em acompanhamento por chikungunya crônica há mais de quatro anos. ____________________________________________ D) DENGUE Os vírus dengue (DENV) são transmitidos por mosquitos do gênero Aedes (principalmente o Aedes aegypti e o Aedes albopictus), sorologicamente classificados em quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Os sorotipos são antigenicamente distintos, mas apresentam a mesma epidemiologia e causam doenças similares, não havendo imunidade protetora cruzada permanente entre eles, ainda que evidências indiquem que, imediatamente após a infecção por um dos sorotipos, o indivíduo estará imune à infecção pelos outros sorotipos por período variável (3 a 6 meses). Esse vírus pode afetar pessoas de todas as idades e causa um amplo espectro clínico que vai desde a forma clássica da dengue até as formas mais graves, caracterizadas pelo surgimento dos sinais de alarme e gravidade. E, embora a maioria dos pacientes se recupere depois de um curso clínico benigno e resolução espontânea, uma pequena proporção de casos evolui para a forma grave da doença, caracterizada principalmente por aumento de permeabilidade vascular, acompanhada ou não de fenômenos hemorrágicos. Após um período de incubação variável de 4 a 8 dias, a infecção por qualquer um dos sorotipos dos vírus dengue resulta em amplo espectro de doença, com parcela considerável de infecções assintomáticas. A maioria dos pacientes se recupera depois de uma doença autolimitada, enquanto alguns evoluem para doença grave, cuja característica fisiopatológica predominante é o extravasamento de líquido para o interstício. À parte das infecções assintomáticas, as manifestações clínicas da dengue são muito variáveis, podendo se manifestar principalmente como quadros de febre indiferenciada (síndrome viral) ou das manifestações clássicas da dengue (DC). Quadros mais graves como a FHD e a síndrome de choque da dengue (SCD), e manifestações clínicas menos usuais, como o acometimento hepático, cardíaco e do sistema nervoso central (SNC) são menos frequentes, mas associados a maior mortalidade. Portanto, devem ser aventados sempre que um paciente apresentar quadro compatível com dengue. Com base nessas apresentações clínicas, em 2009, após estudo multicêntrico em vários países do mundo, incluindo o Brasil, a OMS recomendou mudança na classificação das formas clínicas da dengue. Com a nova classificação, a forma hemorrágica da dengue ainda mantém sua importância, mas outras manifestações clínicas devem ser lembradas no diagnóstico diferencial, pois também estão associadas a consideráveis morbidade e mortalidade. Importante lembrar que a fase mais grave da doença ocorre em torno do quarto dia, quando o aumento na permeabilidade capilar, mensurada pelo aumento do hematócrito, pode resultar em choque hipovolêmico e consequente falência de múltiplos órgãos, acidose metabólica, coagulação intravascular disseminada e hemorragias de grande porte. QUADRO CLÍNICO A doença causada pelos vírus do dengue, na grande maioria dos casos, costuma ser benigna, com manifestações variadas quanto ao tipo e à intensidade dos sintomas. • Início abrupto; • Temperaturas de 39 a 40°C; • Cefaleia intensa; • Dor retro-ocular; • Mialgias; RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA • Artralgias; • Manifestações gastrintestinais: como vômito e anorexia; • Pode surgir exantema intenso no terceiro ou quarto dia de doença, no qual se salientam pequenas áreas de pele sã (para alguns autores, “ilhas brancas em um mar vermelho”). • Acompanhado de prurido; • Podem apresentar fenômenos hemorrágicos discretos (epistaxe, petéquias, gengivorragias), que não caracterizam caso de dengue hemorrágico. A febre costuma ceder em até 6 dias, iniciando-se a convalescença, que pode durar semanas, com astenia e depressão. Quanto ao exame hematológico, observa-se leucopenia com neutropenia após o segundo dia de doença. O número de plaquetas é normal ou, em alguns casos, diminuído. Há elevação discreta nos teores séricos de aminotransferases, geralmente em torno de duas a cinco vezes o limite superior da normalidade. Os sinais de alerta/alarme mais frequentemente observados na dengue são: dor abdominal, vômitos persistentes, evidência clínica de acúmulo de fluidos (p. ex., derrame pleural), letargia/irritabilidade, sangramento de mucosas, hepatomegalia maior do que 2 cm e aumento do hematócrito associado a trombocitopenia. Dengue hemorrágica O quadro costuma iniciar-se abruptamente, similar à forma clássica da dengue, com febre alta, náuseas e vômitos, mialgias e artralgias. Fenômenos hemorrágicos surgem próximo ao período de defervescência da doença, por volta do quarto ou quinto dia, com petéquias na face, véu palatino, axilas e extremidades. Se inadequadamente tratado, o quadro pode evoluir para o aparecimento de púrpuras e grandes equimoses na pele, epistaxes, gengivorragias, metrorragias e hemorragias digestivas moderadas. Ao exame físico, observa-se fígado palpável e doloroso, 2 a 4 cm abaixo do rebordo costal, e, em alguns casos, esplenomegalia. Hepatomegalia, hematêmese e dor abdominal indicam mau prognóstico, com provável evolução para choque. A SCD costuma surgir entre o quinto e o sétimo dia de doença, quando a plaquetopenia também tende a ser mais acentuada, mantendo-se este estado crítico por 12 a 24 h. Os pacientes se mostram agitados e em alguns casos referem dor abdominal. Posteriormente, tornam-se letárgicos, afebris e com sinais de insuficiência circulatória: pele fria e pegajosa, cianose perioral, pulso rápido e sudorese fria. A pressão arterial se mostra convergente, baixa ou imensurável. Instalam-se acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada (CIVD). Com ausência de tratamento, o óbito costuma ocorrer em 4 a 6 h. Entretanto, após recuperação, o paciente geralmente não apresenta sequelas. 2. DIFERENCIAR AS FEBRES HEMORRÁGICAS BACTERIANAS (LEPTOSPIROSE E MENINGOCOCCEMIA) E VIRAIS (ARBOVIRORES E HANTAVÍRUS). A) LEPTOSPIROSE - BACTÉRIA A leptospirose possui como agente etiológico a bactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória GRAM NEGATIVA do gênero Leptospira. L. interrogans é considerada a espécie patogênica mais importante. A unidade taxonômica básica é o sorovar (sorotipo). Mais de 300 sorovares já foram identificados, cada um com o(s) seu(s) hospedeiro(s) preferencial(ais), ainda que uma espécie animal possa albergar um ou mais sorovares. Qualquer sorovar pode determinar as diversas formas de apresentação clínica no homem. RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA No Brasil, os sorovares Icterohaemorrhagiae e Copenhageni estão relacionados aos casos mais graves. ` A doença possui os animais sinantrópicos (SILVESTRE, QUE CONSEGUEM VIVER JUNTO AO HOMEM), domésticos e selvagens como reservatórios naturais. Os principais são os roedores das espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato-preto) e Mus musculus (camundongo ou catita).O R. norvegicus é o principal portador do sorovar Icterohaemorraghiae, um dos mais patogênicos para o homem. Esses animais não desenvolvem a doença quando infectados e albergam a leptospira nos rins, eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos. MODO DE TRANSMISSÃO A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta a urina de animais infectados. A penetração do microrganismo ocorre através da pele com presença de lesões, pele integra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de outras modalidades de transmissão possíveis, porém, com rara frequência, são: • Contato com sangue, tecidos e órgãos de animais infectados; • Transmissão acidental em laboratórios; • Ingestão de água ou alimentos contaminados. • A transmissão pessoa a pessoa é rara, mas pode ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreções e tecidos de pessoas infectadas. ` PERÍODO DE INCUBAÇÃO Varia de 1 a 30 dias (média de 5 e 14 dias). PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE Os animais infectados podem eliminar a leptospira através da urina durante meses, anos ou por toda a vida, segundo a espécie animal e o sorovar envolvido. ` SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE A suscetibilidade é geral. A imunidade adquirida pós-infecção é sorovar- específica, podendo um mesmo indivíduo apresentar a doença mais de uma vez se o agente etiológico de cada episódio pertencer a um sorovar diferente do(s) anterior(es). QUADRO CLÍNICO As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros clínicos graves, associados a manifestações fulminantes. As apresentações clínicas da leptospirose são divididas em duas fases: 1. fase precoce (fase leptospirêmica); 2. fase tardia (fase imunogênica ou lepstopirúrica). FASE PRECOCE Caracteriza-se pela instalação abrupta de febre, comumente acompanhada de cefaleia, mialgia (REGIÃO LOMBAR E NAS PANTURRILHAS), anorexia, náuseas e vômitos, e pode não ser diferenciada de outras causas de doenças febris agudas. Corresponde de 85% a 90% das formas clínicas. Podem ocorrer diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse. Exantema ocorre em 10% a 20% dos pacientes e apresenta componentes de eritema macular, papular, urticariforme ou purpúrico, distribuídos no tronco ou região pré-tibial. Em menos de 20% dos casos de leptospirose também podem ocorrer hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia. A fase precoce da leptospirose tende a ser autolimitada e regride entre três e sete dias sem deixar sequelas. Costuma ser diagnosticada como uma “síndrome RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA gripal”, “virose” ou outras doenças que ocorrem na mesma época, como dengue ou influenza. É importante notar a existência de alguns sinais e sintomas que podem ajudar a diferenciar a fase precoce da leptospirose de outras causas de doenças febris agudas. Sufusão conjuntival é um achado característico da leptospirose e é observada em cerca de 30% dos pacientes. Esse sinal aparece no final da fase precoce e caracteriza-se por hiperemia e edema da conjuntiva ao longo das fissuras palpebrais. Com a progressão da doença, os pacientes também podem desenvolver petéquias e hemorragias conjuntivais. Entretanto, nenhum desses sinais clínicos da fase precoce é suficientemente sensível ou específico para diferenciá-la de outras causas de febre aguda FASE TARDIA: Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que se iniciam após a primeira semana da doença, mas podem aparecer antes, especialmente em pacientes com apresentações fulminantes. A manifestação clássica da leptospirose grave é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. A icterícia é considerada um sinal característico e apresenta uma tonalidade alaranjada muito intensa (icterícia rubínica). Geralmente, a icterícia aparece entre o terceiro e o sétimo dia da doença e sua presença costuma ser usada para auxiliar no diagnóstico da leptospirose, sendo um preditor de pior prognóstico devido à sua associação com essa síndrome. Entretanto, essas manifestações podem se apresentar concomitantemente ou isoladamente, na fase tardia da doença. A síndrome de hemorragia pulmonar, caracterizada por lesão pulmonar aguda e sangramento pulmonar maciço, vem sendo cada vez mais reconhecida no Brasil como manifestação distinta e importante da leptospirose na fase tardia. No entanto, é importante observar que manifestações graves da leptospirose, como hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem ocorrer em pacientes anictéricos. Portanto, os médicos não devem se basear apenas na presença de icterícia para identificar pacientes com leptospirose ou com risco de complicações graves da doença. Enquanto a letalidade geral nos casos de leptospirose notificados no Brasil é de 9%, nos pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior que 50%. O comprometimento pulmonar da leptospirose apresenta-se com tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca indica extrema gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando à insuficiência respiratória (síndrome da hemorragia pulmonar aguda e síndrome da angústia respiratória aguda – SARA) e ao óbito. Na maioria dos pacientes, porém, a hemorragia pulmonar maciça não é identificada até que uma radiografia de tórax seja realizada ou que o paciente seja submetido à orotraqueal. Assim, deve-se manter uma suspeição para a forma pulmonar grave da leptospirose em pacientes que apresentem febre e sinais de insuficiência respiratória, independentemente da presença de hemoptise. Além disso, a leptospirose pode causar SARA na ausência de sangramento pulmonar. Outros tipos de diátese hemorrágica, frequentemente em associação com trombocitopenia, também podem ocorrer, além de sangramento nos pulmões, fenômenos hemorrágicos na pele (petéquias, equimoses e sangramento nos locais de venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas ou órgãos internos, inclusive no sistema nervoso central. RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA Os casos com comprometimento pulmonar podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, hemorragia maciça ou síndrome de angústia respiratória do adulto e, muitas vezes, esse quadro precede o quadro de icterícia e insuficiência renal. Nesses casos, pode ocorrer óbito nas primeiras 24 horas de internação. ____________________________________________ B) MENINGOCOCCEMIA – BACTÉRIA A infecção pela bactéria Neisseria meningitidis leva a quadros de meningite, meningococcemia ou ambos. A doença meningocócica, por definição de caso, compreende: infecção de orofaringe; meningite; meningococcemia (sepse meningocócica); e, excepcionalmente, infecção em outros órgãos. Trata-se de diplococo Gram-negativo com pelo menos 13 sorogrupos identificados pela cápsula. Com a descoberta da etiologia, tornou-se possível reconhecer a forma endêmica da doença meningocócica, do mesmo modo que se identificou a sua apresentação septicêmica, denominada meningococcemia, na qual o comprometimento do sistema nervoso central (SNC) pode estar ausente. A transmissão da bactéria ocorre por meio de secreções respiratórias, sendo o período de incubação de 1 a 10 dias. Podem ocorrer surtos em comunidades e instituições, havendo uma proporção importante de indivíduos que permanecem assintomáticos, apesar de apresentarem o diplococo em nasofaringe. QUADRO CLÍNICO Esta infecção merece ser mencionada entre as causas de síndrome exantemática pelo fato de o exantema maculopapular e petequialser indistinguível de outras causas de infecção viral. Esta característica, aliada à rápida instalação do quadro – que pode ser de horas do seu início até o desenvolvimento de choque e coma –, determina que se levante a hipótese diagnóstica de infecção meningocócica em situações de exantema de instalação abrupta e com piora rápida do estado geral. Podem variar desde formas benignas, caracterizadas por febre e bacteremia, até quadros muito graves, que levam à morte em poucas horas. As várias formas clínicas são: Meningococcemia, às vezes sem meningite: evolui, em poucas horas, para estado de choque. O paciente apresenta-se septicêmico, toxemiado, com febre alta, leucocitose, exantema maculopapular do tipo petequial ou sob forma de verdadeiras sufusões hemorrágicas, com mal-estar geral, cefaleia, fraqueza, hipotensão, coagulopatia de consumo com sangramentos, hiperpneia decorrente da acidose metabólica, hipovolemia em razão da retenção de líquidos na microcirculação, miocardite e comprometimento sistêmico geral. É a forma mais grave e letal. Na meningococcemia, o estado de choque domina o quadro, com vasoconstrição periférica fisiológica em resposta à vasodilatação e à hipovolemia que se instalam, de início, em decorrência de vasculite produzida por uma endotoxina bacteriana. A partir daí, estabelecem-se fenômenos intermediários de doença, como: intensa acidose metabólica; coagulação intravascular disseminada; choque tóxico e, às vezes, também cardiogênico decorrente de miocardite. Esses fenômenos estabelecem um círculo vicioso, um piorando o outro. Então, começam a surgir fortes sangramentos, cianose, baixa perfusão nas extremidades e hiperpneia, em virtude da acidose metabólica, e hipóxia tecidual envolvendo múltiplos órgãos. O paciente apresenta forte ansiedade e sensação de morte iminente. As petéquias continuam aumentando em número e tamanho e surgem sufusões hemorrágicas. RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA Sinal clínico de valor preditivo positivo constitui a parada do surgimento de novas petéquias. A sorte do paciente se decide em 24 horas. A ausência de resposta terapêutica antibiótica e de resposta à reposição da volemia são indicadores preditivos de morte. Inicia-se, então falência funcional de múltiplos órgãos, sangramentos incontroláveis e óbito. Se o doente alcançar superação dessa fase inicial, o quadro clínico regride rapidamente e evolui para a cura em 5 a 7 dias. Pacientes que evoluíram para a cura, mas sofreram sufusões hemorrágicas profundas, podem apresentar sequelas importantes, como necroses teciduais com perda de substância e, às vezes, mumificação de tecidos, necessitando amputação de algumas extremidades ou até mesmo de membros. Com frequência, desenvolvem infecções secundárias de alta gravidade. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito pelo isolamento da bactéria em sangue e liquor, bem como de lesões de pele, fluido sinovial ou de outros sítios habitualmente estéreis. TRATAMENTO O tratamento deve ser instituído prontamente, devendo-se utilizar uma cefalosporina de espectro ampliado, tal como ceftriaxona ou cefotaxima. Uma vez realizado o diagnóstico microbiológico, a medicação pode ter seu espectro de ação reduzido pela troca para penicilina G, devendo ser completados cinco a sete dias de tratamento. Nos casos que cursam com choque, o tratamento precoce com infusão rápida de líquidos, uso de substâncias inotrópicas e suporte ventilatório pode reduzir a mortalidade. O isolamento do paciente deve ser realizado com precauções com gotículas, sendo recomendado até 24 h após o início de terapia antimicrobiana efetivas. ____________________________________________ C) HANTAVÍRUS Hantaviroses são antropozoonoses emergentes causadas por várias espécies de hantavírus e transmitidas principalmente por roedores silvestres, que causam doenças em humanos sob variadas formas clínicas. A hantavirose se apresenta sob duas síndromes distintas: febre hemorrágica com síndrome renal (SHRH), endêmica na Europa e Ásia; e síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH), restrita às Américas. No Brasil, os primeiros casos foram descritos em 1993 e se espalham por todo o país, prevalecendo em três dos seis grandes biomas brasileiros – Cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica – e em áreas de transição entre estes biomas. O gênero Hantavirus agrupa mais de 80 vírus RNA pertencentes à família Bunyaviridae. Letalidade de 46,5%. São transmitidos ao homem pelo contato com excretas de animais infectados ou por aerossóis em locais onde o vírus é eliminado por saliva, fezes e urina dos animais infectados. QUADRO CLÍNICO SÍNDROME CARDIOPULMONAR POR HANTAVÍRUS (SCPH) NAS AMÉRICAS Duas fases: prodrômica e cardiopulmonar • Na fase PRODRÔMICA, ocorrem sintomas inespecíficos como: Febre (100%); Mialgia (100%); Sintomas cardiopulmonares (75%); Cefaleia intensa, às vezes retro-orbitária (70%); Prostração (50%); Sintomas gastrointestinais (40%). RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA Os sintomas menos frequentes são: lombalgia; dor abdominal; vertigem; e adormecimento nas extremidades. Os sinais físicos incluem: → Taquipneia (100%); → Taquicardia (95%); → Hipotensão (50%). Pode ocorrer edema pulmonar, hipotensão e choque. Os pródromos se prolongam por cerca de 1 a 6 dias, mas às vezes se estendem por até 15 dias. O hemograma revela leucocitose, plaquetopenia, elevação do hematócrito, aumento dos tempos de protrombina e parcial de tromboplastina, elevação da concentração de desidrogenase láctica e proteinúria. Constituem sinais de alarme preditivos de gravidade: leucocitúria; elevação do hematócrito; tempo parcial de tromboplastina; desidrogenase láctica; hemorragias. Alguns pacientes têm regressão do quadro ao final da fase prodrômica; outros evoluem para a segunda fase, a CARDIOPULMONAR, quando surgem: • Tosse não produtiva; • Taquidispneia; • Taquicardia; • Hipoxemia. O quadro pode, então, evoluir para alterações hemodinâmicas, edema pulmonar de origem não cardíaca, derrame pleural, hipotensão arterial e rápida evolução ao choque e ao óbito nos primeiros 4 a 6 dias. A radiografia de tórax mostra infiltrado intersticial difuso bilateral e, eventualmente, edema alveolar nos hilos e nas bases pulmonares; a área cardíaca é normal. Os achados laboratoriais encontrados nesta fase são: leucocitose; neutrofilia com desvio à esquerda; linfopenia relativa; hematócrito elevado; plaquetopenia; redução da atividade protrombínica e aumento no tempo parcial de tromboplastina; elevação nos níveis séricos de TGO, TGP DHL; hipoproteinúria; queda da concentração de albumina sérica; proteinúria; hipoxemia grave, em mais de 90% dos doentes; e moderada acidose metabólica. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ESPECÍFICO Isolamento do vírus de sangue ou soro, coletado entre o 3º e o 5º dia de doença, na identificação de anticorpos IgM específicos e na elevação significativa no título de anticorpos específicos em amostras pareadas de soro coletadas durante a doença, com intervalo médio de 10 dias entre elas. TRATAMENTO Baseia-se em medidas de manutenção do estado geral e atento acompanhamento dos doentes, preferencialmente em unidades de terapia intensiva. O conhecimento da fisiopatologia da SHRH e da SCPH é essencial para orientar a manutenção da adequada oxigenação e o monitoramento da função hemodinâmica. Na SCPH, devem ser evitadas a hipóxia grave e a super-hidratação. Utilizam-se vasopressores e cardiotônicos para manter a perfusão sem administração excessiva do fluido. O uso de terapia intravenosa com ribavirina em pacientes com SHRH reduziu a mortalidade quando a droga foi dada precocemente, masos resultados não foram reproduzidos em outros estudos. 3. ESTUDAR A FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO E MANEJO INICIAL DA DENGUE GRAVE. (FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO, CLASSIFICAÇÃO) (manuscrito) 4. A IMPORTÂNCIA DA EPIDEMIOLOGIA PARA O DIAGNÓSTICO DOS QUADROS FEBRIS COM HEMORRAGIA, EXANTEMA E MIALGIA
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