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1 2 3 Reitor Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola Gestão da Educação a Distância Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza Design Instrucional e Diagramação Diógenes Caxin Victor Rocha Coord. do Núcleo Pedagógico Prof.ª Ms. Terezinha Nunes Gomes Garcia Prof.ª Dr.ª Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza Revisão ortográfica / gramatical Erika de Paula Sousa 4 Autor Alessandro Ferreira Alves Doutor em Matemática Aplicada pela Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP) no departamento de Telemática. Mestre em Matemática Pura pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação (IMECC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP). Possui Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG). Atua como professor titular no Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS-MG), desde o ano de 2001, como professor em diversos Cursos de Graduação, bem como cursos de Pós- graduação, nas Modalidades Presencial (GEP) e a Distância (GEaD). Além disso, é Coordenador do Curso de Licenciatura Plena em Matemática na Modalidade a Distância desde o segundo semestre de 2007, bem como, já atuou como coordenador dos cursos de Pós-graduação do UNIS-MG, tais como: MBA em Finanças Corporativas (GEDUP – 2007 e 2008), MBA em Gestão Empresarial (GeaD – 2008), Pós-graduação em Matemática Empresarial (GEP – 2004, 2005 e 2006) e Lato Sensu em Matemática e Ensino (GEDUP – 2002 e 2003). Atualmente, atua como professor titular de disciplinas em vários cursos de 5 nossa instituição, como por exemplo, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção, Engenharia Civil, Matemática, Física, Comércio Exterior, Sistemas de Informação e Ciência da Computação, relacionadas à Matemática, Estatística e Computação, bem como, como professor em diversos cursos da GEPOS, tais como, MBA em Finanças Corporativas e Gestão Bancária, MBA em Gestão Estratégica e Inteligência em Negócios, MBA em Gestão Empresarial, MBA em Logística Empresarial e Lato Sensu em Ensino de Matemática e Física. O professor Alessandro Ferreira Alves também é membro do CONSELHO UNIVERSITÁRIO – CONSUN do Centro Universitário do Sul de Minas Gerais desde o ano de 2008, atuando como representante do quadro de coordenadores da instituição. De outra forma, atua com projetos de consultoria na área de Finanças, Estatística Aplicada a Mercado e Controle Estatístico de Processos. 6 ALVES, Alessandro Ferreira Guia de Estudo – Cálculo Diferencial Integral I – Alessandro Ferreira Alves. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2010. 262p. 1.Introdução ao cálculo diferencial e integral, limites e continuidade de funções de uma variável real. 7 INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL, LIMITES E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL REAL .......... 15 1- ASPECTOS INTRODUTÓRIOS: QUAL A VERDADEIRA NECESSIDADE PARA O ESTUDO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL? ........................................ 18 1.1 Aspectos Históricos Envolvendo o Cálculo Diferencial e Integral 23 1.2 O Cálculo Infinitesimal no Século XVII ........................................ 29 1.3 Aplicações a Serem Desenvolvidas ao Longo da Disciplina ....... 32 1.3.1 O Conjunto dos Números Reais ............................................. 49 1.3.2 O Conjunto dos Números Reias é um Corpo .............................. 49 1.3.3 O Conjunto dos Números Reias é um Corpo Ordenado ............. 53 5. Funções Elementares .................................................................. 57 5.1 A Função Afim (ou A Função Polinomial do 1 0 Grau) .................. 57 5.1.1 A Função Quadrática (ou A Função Polinomial do 2 0 Grau) ....... 63 1.4 A Função Exponencial ................................................................. 73 1.5 Nomenclatura Acerca dos Logaritmos ............................................. 96 1.6 Propriedades dos Logaritmos .......................................................... 97 1.7 A Função Modular .......................................................................... 106 1.8 A Noção Intuitiva do Conceito de Limite ........................................ 120 19 A Definição Formal do Conceito de Limite ...................................... 132 1.1 Propriedades Operatórias dos Limites ...................................... 136 Limites Laterais .................................................................................... 142 1.10 Cálculo de Limites: Como podemos fugir das Indeterminações? 152 1.1 Limites no Infinito....................................................................... 159 1.11 LIMITES INFINITOS ........................................................................... 168 1.12 Propriedades dos Limites Infinitos ............................................. 173 1.13 Infinitamente Pequeno ............................................................... 176 1.13 Propriedades Envolvendo Infinitamente Pequeno ..................... 177 1.14 O que são Assíntotas? .............................................................. 177 1.15 Limites Fundamentais ............................................................... 190 1.15.1 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS PARA FIXAÇÃO ......................... 204 1.16 Continuidade: O que são funções contínuas? ........................... 221 Aritmética das Funções Contínuas ...................................................... 249 8 1.17 Resumo da Unidade .................................................................. 260 1.18 Diretrizes para a Próxima Unidade ............................................ 261 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 263 9 10 OBJETIVOS GERAIS Apresentar os conceitos, resultados e médodos do cálculo diferencial e integral de uma variável real, bem como aplicar tais conceitos e resultados na resolução de problemas simulados voltados para a matemática e para física. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Apresentar os conceitos do cálculo diferencial e integral de uma variável; Compreender a importãncia do estudo de funções de uma variável para a resolução de diversas situações dentro da matemática e da física; Interpretar e aplicar a noção de limite na resolução de problemas simulados; 11 Estar plenamente familiarizado com os principais conceitos e resultados envonvendo limites e continuidade; Compreender e aplicar a noção de derivada na resolução de problemas simulados nas áreas de matemática, física e gestão; Estar plenamente familiarizado com os principais conceitos e resultados envonvendo derivadas e taxas de variação; Estar plenamente familiarizado com problemas envolvendo máximos e mínimos; Estar plenamente familiarizado com os principais conceitos e resultados envonvendo a teoria da integração, indefinida e definida; Compreender e aplicar a integração na resolução de problemas simulados; Compreender, relacionar e aplicar os principias resultados do cálculo diferencial e integral de uma variável em situações do dia-a-dia; 12 EMENTA Limites. Continuidade. Derivadas. Estudo da Variação das Funções. Máximos e Mínimos. A Integral Indefinida. A Integral Definida. Técnicas de Integração. 13Caro (a) aluno (a) Uma das grandes caracteríscas atuais no mundo dos negócios é a enorme permeabilidade a mudança. As revoluções acontecem em ondas sucessivas e a garantia de sucesso em um forte mercado, altamente competitivo, esta na capacidade de reagir rapidamente e seguramente a esses acontecimentos. Para Druker(1999), as mudanças mais importantes são aquelas que acontecem sem que ninguém as prevejaa. Não se podeo tomar decisões para o futuro. Decisões são compromissos com 14 ações e estas se dão no presente. Porém, as ações no presente são a única maneira de fazer o futuro. 15 Introdução ao Cálculo Diferencial e Integral, Limites e Continuidade de Funções de Uma Variável Real 16 META Nesta primeira Unidade é de nosso interesse apresentar a noção de continuidade e limites de funções de uma variável, bem como apresentar os principais resultados relacionados, a fim de aplicar na resolução de problemas simulados. Em verdade, o conceito de limite será de fundamental importância para definirmos e aplicarmos a teoria de derivadas que estudaremos na segunda unidade. OBJETIVOS Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta unidade, você seja capaz de: Apresentar os conceitos do cálculo diferencial e integral de uma variável; Compreender a importãncia do estudo de funções de uma variável para a resolução de diversas situações dentro da matemática e da física; Interpretar e aplicar a noção de limite na resolução de problemas simulados; 17 Estar plenamente familiarizado com os principais conceitos e resultados envonvendo limites e continuidade; Resolver diversas aplicações dentro da matemática e física envolvendo os aspectos teóricos discutidos na unidade. PRÉ-REQUISITOS Em verdade, para se ter um bom aproveitamento desta unidade, é importante você relembrar alguns tópicos discutidos na parte de Matemática Elementar (Fundamentos de Matemática). 18 1- Aspectos Introdutórios: Qual a verdadeira necessidade para o estudo de Cálculo Diferencial e Integral? Eu, professor na área de Matemática já alguns anos, já vivenciei em vários momentos a experiência de ser questionado por meus alunos de graduação, sobre a importância da Matemática e sua utilidade, principalmente no dia-a-dia ou na respectiva área de atuação. Eles costumam fazer indagações, tais como: Professor, para que serve toda essa Matemática que estamos estudando? Professor, realmente tenho que saber derivadas? Regra da Cadeia? Professor qual a necessidade real de aprender tais fórmulas, regras e/ou expressões complicadas? Professor, qual a necessidade de realmente estar familiarizado com todos estes métodos de resolução de equações diferenciais ordinárias? Professor eu realmente tenho que saber isso? 19 Professor, nós podemos utilizar a Matemática para resolvermos problemas empresariais, ou seja, problemas de gestão? Professor, para saber Física eu necessito dominar as definições e métodos da Matemática? Por que a gente tem de aprender todas essas coisas sobre Funções, Triângulos, Matrizes, Probabilidade, Limites, Derivadas, Sistemas de Amortização, Séries Numéricas, Transformadas de Laplace, Equações Diferenciais, etc. Figura 01: A Importância da Matemática. Por quê a Matemática? A Matemática está presente em nossas vidas. 20 Afinal, de que vai me adiantar tudo isso na vida? Na verdade, perguntas desse tipo nem sempre têm respostas diretas, fáceis ou breves. Então, como podemos justificar tais indagações? As razões mais freqüentemente mencionadas para justificarmos o ensino da Matemática são as seguintes: A Matemática é necessária em atividades práticas que envolvem aspectos quantitativos da realidade. A Matemática é importante porque desenvolve o raciocínio lógico. A Matemática é importante porque está presente diretamente e indiretamente na vida das pessoas no corre-corre do dia-a-dia e, diretamente ou indiretamente na vida cotidiana das empresas de forma geral. A Física não caminha sem a Matemática, ou seja, a Matemática é o alicerce para a compreensão dos fenômenos físicos. A Matemática é importante na área da gestão, pois permite que o gestor tome decisão de forma confiável, isto é, conclusões tiradas sobre dados. Sabemos que a Matemática é produto da cultura humana e faz parte do nosso cotidiano. Por isso, deve ser trabalhada de forma a ser aprendida por todos. É uma ciência exata, cuja 21 produção envolve o pensar crítico e criativo. Ela atualmente esta presente em todas as áreas do conhecimento, participando de forma significativa para o desenvolvimento de novas teorias, resolvendo diversas situações. Desta maneira, neste módulo, ao invés de atuar como um transmissor de regras e modelos do fazer simplesmente, sendo assim, tentarei ser um organizador de aprendizagens, um consultor que oferece as informações e um estimulador da aprendizagem. Com relação especificamente ao Cálculo Diferencial e Integral, por que você, um cientista (Matemático, Físico, Químico, Biólogo, Economista, Administrador, etc.) ou Engenheiro (Produção, Civil, Mecânica, Elétrico, Aeronáutico, etc.), dentre outros, necessita estudar este assunto? A resposta é bem simples, o Cálculo Diferencial e Integral é o suporte matemático para muitas áreas da Ciência, da Engenharia e, atualmente de problemas diversos de gestão, especificamente falando, suas técnicas são utilizadas numa diversidade grande de problemas envolvendo tais áreas. Por isso, examinamos, ainda que brevemente, como o Cálculo Diferencial e Integral surge a partir da tentativa de formularmos, ou descrevermos, certos sistemas físicos em termos matemáticos. Além disso, com relação à gestão, o cenário cada vez mais competitivo que permeia o ambiente onde se inserem as organizações acaba 22 por exigir pessoas mais flexíveis, com visão multidisciplinar e, atentas para estar no comando, por exemplo, para a criação de modelos de previsão em Economia, séries temporais, etc., necessitamos diretamente de conceitos e métodos do Cálculo Diferencial e Integral. De forma não rara, o desafio que se coloca é: como desenvolver competências e habilidades para um “pensar” matematicamente para a tomada de decisões em tempos de mudanças? Figura 02: Aplicabilidade do Cálculo Diferencial e Integral. Sabendo das dificuldades enfrentadas por muitas pessoas em relação à Matemática e, conseqüentemente do Cálculo Diferencial e Integral, buscarei uma linguagem bastante Cálculo Diferencial e Integral Problemas de Gestão Modelagem Matemática Situações Diversas do Nosso dia-a-dia 23 simples como forma de propiciar um bom entendimento com relação aos diversos conteúdos e aplicações abordadas no nosso guia de estudos. Saliento que temos uma série de exemplos e aplicações resolvidas ao longo do guia de estudos retratando a aplicação das diversas definições e métodos desenvolvidos nos aspectos teóricos. 1.1 Aspectos Históricos Envolvendo o Cálculo Diferencial e Integral As idéias referentes ao Cálculo Integral já faziam parte dos estudos de Arquimedes (287-212 a.C.) sobre áreas e volumes. Todavia, o Cálculo não se desenvolveu na antiguidade, ficou esperando mais de dezoito séculos para desabrochar por inteiro, o que só aconteceu nos tempos modernos. Foi se desenvolvendoaos poucos durante todo o século XVII e, foi só no final daquele século que o Teorema Fundamental do Cálculo foi claramente reconhecido como elemento importante de ligação entre a derivada e a integral. 24 Figura 03: A caminhada do Cálculo Diferencial e Integral no século XVII. Uma das razões por que o Cálculo não se desenvolveu com Arquimedes ou seus sucessores imediatos, foi com relação a insistência exagerada dos matemáticos gregos no rigor das demonstrações e na preocupação em evitar o infinito a todo custo. Arquimedes lidou com situações que sugeriam claramente passagem ao limite com um parâmetro n tendendo a infinito; mas recusava-se a fazer essa passagem. Contornava a Arquimedes (Áreas e Volumes) Identificação da relevância do Teorema Fundamental do Cálculo Tempos Modernos Ligação entre a Derivada e a Integral Cálculo no Século XVII 25 situação com o complicado método de “dupla redução ao absurdo”, graças ao qual conseguia provar seus resultados. Mas como descobria esses resultados? Muito provavelmente ele se valia de passagens ao limite. Em outras oportunidades recorria a raciocínios físicos, que eram seguidos de demonstrações rigorosas. Figura 04: Arquimedes e o medo do “infinito”. Arquimedes Infinito? 26 Matemática Grega Rigor nas Demonstrações A característica mais significativa da Matemática grega era precisamente essa insistência no rigor e no cuidado em não utilizar o conceito do infinito, pelas contradições que podia acarretar. Como vários abalizados historiadores da ciência já observaram, esse traço do pensamento grego foi à causa principal que levou a Matemática da época a uma completa estagnação. De fato, a descoberta dos incomensuráveis no século V a.C. marcou a primeira crise de fundamentos, pois foi interpretada como significado morte certa do ideal pitagórico de tudo explicar no mundo dos fenômenos em termos do número. Figura 05: A Matemática da Grécia. 27 Certamente seria assim desde que por “número” se entendesse apenas os números naturais. Tivessem eles alargado o conceito de número, incorporando as frações e os irracionais, e tudo prosseguira muito bem, com o próprio ideal pitagórico enriquecido em sua interpretação, em vez de descartado. Mas não, dentro daquela orientação excessivamente rigorosa, os gregos encontraram uma saída para a crise na teoria das proporções de Eudoxo (séc. IV a.C.). Essa teoria, descrita no Livro V dos Elementos de Euclides, é realmente genial, mas acabou enveredando a Matemática grega para um caminho excessivamente geométrico. O fato de a Matemática grega haver se enveredado pelo lado da Geometria, com prejuízo da Matemática numérica (Aritmética e Álgebra), especialmente o simbolismo algébrico, foi sem dúvida outra razão por que o Cálculo não pôde se desenvolver na antiguidade. Essa Matemática numérica só veio a aparecer no Ocidente europeu a partir do século XIII da nossa era, importada da Índia através dos árabes. E foi só em 28 fins do século XVI que a Álgebra alcançou a maturidade necessária para o definitivo desenvolvimento do Cálculo no século seguinte. Figura 06: Surgimento da Matemática numérica. Outro fator importante, preparando o caminho para o surgimento do Cálculo Diferencial e Integral, foi à familiaridade que os matemáticos dos tempos modernos travaram com as obras clássicas antigas. É verdade que essas obras, principalmente as de Euclides (cerca de 300 a.C.) e XVI Ocidente Importada da Índia Maturidade da Álgebra Matemática Numérica 29 Arquimedes, embora estivessem disponíveis em traduções latinas havia séculos, demoraram para serem devidamente assimiladas, coisa que só começou a acontecer plenamente em fins do século XVI. E a partir de então tiveram influência decisiva nos novos desenvolvimentos. Paralelamente, há que se considerar ainda a atitude dos matemáticos da época, que não se pautavam pelos mesmos padrões de rigor dos matemáticos gregos. Eles preferiam avançar no desenvolvimento dos novos métodos e técnicas mesmo que isso custasse a falta de rigor. 1.2 O Cálculo Infinitesimal no Século XVII No século XVII, o cálculo de áreas e volumes pelos métodos infinitesimais teve início com os trabalhos de Kepler (1571 – 1630), em conexão com a descoberta de sua 2ª lei planetária, ou “lei das áreas. Nesse estudo Kepler é levado a considerar somas de infinitos termos de áreas infinitesimais, produzindo áreas finitas. Uma situação mais simples em que isso é fácil de entender é a do cálculo do volume da esfera. Kepler lembra que o procedimento usado por Arquimedes no cálculo da área do círculo equivalia a considerar o círculo como união de uma infinidade de triângulos infinitesimais, todos de vértice no centro e base na circunferência do círculo. E adota procedimento semelhante no cálculo do volume da 30 esfera. Esta é considerada como a união de uma infinidade de pirâmides de vértices no centro e base na superfície da esfera. A soma dos volumes dessa pirâmides, de altura igual ao raio da esfera, resulta no produto de 1/3 do raio pela soma das áreas das bases (que é a área 4. .r 2 da superfície da esfera), ou seja, 3 .4 3r . Kepler publicou um livro sobre o cálculo de volumes de tonéis, numa tentativa de ajudar os comerciantes de vinho, que só sabiam avaliar esses volumes de forma muito empírica. Mas é pouco provável que esses cálculos tenham tido importância prática e, é bom que se diga que eles foram de menor valor quando comparados às descobertas astronômicas de Kepler. Figura 07: As contribuições de Kepler. Cálculo de Áreas e Volumes Métodos Infinitesimais Segunda Lei Planetária Áreas Infinitesimais Kepler 31 A importância maior do trabalho de Kepler sobre o cálculo de volumes de tonéis está no método dos indivisíveis que ele desenvolveu e utilizou. Demorou um pouco, mas alguns anos depois da publicação do livro de Kepler, vários outros matemáticos seguiram no mesmo caminho. Essencialmente, o que eles faziam era imaginar a figura, cuja área ou volume se pretendia calcular, como união de uma infinidade de elementos infinitesimais, como explicamos anteriormente para o caso do círculo e para o caso da esfera. Desta forma, vemos que os matemáticos do século XVII, ao dividirem as figuras em elementos infinitesimais, imitavam o procedimento de Arquimedes, só que ficavam apenas na parte intuitiva, sem se preocuparem em demonstrar rigorosamente seus resultados, como fazia Arquimedes. Galileu, em seus “Diálogos sobre duas novas ciências”, também tratou o cálculo de áreas pelos métodos infinitesimais. Bonaventura Cavalieri (1598 – 1647), que foi seu discípulo e seguidor, depois professor em Bolonha, teve um papel importante no desenvolvimento desses métodos. Estimulado pelo próprio Galileu, ele calculava a área de uma figura plana considerando-a constituída de uma infinidade de segmentos de retas paralelas, que ele chamava “indivisíveis de área”. Similarmente, um sólido geométrico era interpretado como constituído de uma infinidade de figuras planas paralelas, de 32 espessura infinitesimal, dispostas numa pilha com as páginas de um livro. Essas figuras eram os “indivisíveis de volume”. Os matemáticos do século XVII não usavam limites: eles consideravam as figuras geométricas já decompostas numa infinidade deindivisíveis. Raciocinando dessa maneira, Cavalieri foi levado aos princípios que hoje são conhecidos por seu nome. Como esses métodos careciam de uma razoável fundamentação lógica, Cavalieri foi criticado e tentou responder aos críticos, todavia, sem sucesso, já que não dominava a teoria de limites ou a teoria de integração. A justificação dos métodos, dizia ele, deveria preocupar os filósofos, não os matemáticos. O fato é que os raciocínios com os infinitesimais, sem a devida fundamentação lógica, eram eficazes e foram largamente utilizados ate o início do século XIX. 1.3 Aplicações a Serem Desenvolvidas ao Longo da Disciplina Inicialmente, antes mesmo de começarmos a trabalhar com os aspectos teóricos, definições e teoremas diversos, 33 acerca do Cálculo Diferencial e Integral, apresentaremos nesta seção algumas aplicações nas mais variadas áreas do conhecimento, que utilizam os diversos métodos do Cálculo Diferencial e Integral para resolução. Figura 08: Modelagem matemática via EDO’s de primeira ordem. 34 (Taxa de Variação) Um ponto P(x,y) se move ao longo do gráfico da função y = 1/x. Se a abscissa varia à razão de 4 unidades por segundo, qual é a taxa de variação da ordenada quando a abscissa é x = 1/10? (Taxa de Variação) Acumula-se areia em um monte com a forma de um cone onde a altura é igual ao raio da base. Se o volume de areia cresce a uma taxa de 10 m 3 /h, a que razão aumenta a área da base quando a altura do monte é de 4 m? (Máximos e Mínimos) Uma rede de água potável ligará uma central de abastecimento situada à margem de um rio de 500 metros de largura a um conjunto habitacional situado na outra margem do rio, 2000 metros abaixo da central. O custo da obra atravé do rio é de R$640,00 por metro, enquanto, em terra, custa R$360,00. Qual é a forma mais econômica de instalar a rede de água potável? 35 (Máximos e Mínimos) Um galpão deve ser construído tendo uma área retangular de 12 100 m 2 . A prefeitura exige que exista um espaço livre de 25 m na frente, 20 m atrás e 12 m em cada lado. Encontre as dimensões do lote que tenha a área mínima na qual possa seer construído o galpão. (Capitalização Contínua) Comumente as instituições financeiras anunciam capitalização diária dos juros. Poderíamos ter capitalização a cada hora ou mesmo a cada minuto. Não existe razão para parar aí, ou seja, juros poderiam ser capitalizados a cada segundo, a cada meio segundo, a cada décimo segundo, a cada milésimo de segundo, e assim por diante. Isto quer dizer que os juros podem ser capitalizados continuamente, caracterizando o que denominamos de Capitalização Contínua. Por exemplo, consideremos a seguinte situação: A quantia de R$10.000,00 é posta a juros de 10% ao ano, sob a condição de que os juros cresçam linearmente, i.e., o regime de capitalização é o simples. Quantos anos serão necessários para que a soma atinja R$20.000,00? 36 (Interpretação Geométrica do Conceito de Derivada) Determinar a curva cujo coeficiente angular num ponto de abscissa x é 5.x 4 . Sabe-se que a curva passa no ponto (1,3). (Problema na Área da Física) Um projétil é lançado verticalmente para cima com velocidade de 10 m/s. Supondo a aceleração da gravidade g = – 9,8 m/s 2 , encontrar a altura atingida 2 segundos após o lançamento. (Problema na Área da Física) A aceleração de uma partícula é dada por k.t 2 . No instante inicial, sua velocidade é de 2 m/s. Sabendo-se que a partícula parte da origem, determine o valor de k, se para t = 1 segundo, ela se encontra a 4 metros da origem. Quando os juros são capitalizados continuamente, a taxa de crescimento é proporcional ao capital S, isto é, (I) dt dS = r.S em que r é a taxa anual de juros. 37 (Problema na Área da Física) Devido ao atrito, um móvel tem aceleração dada pela metade da raiz quadrada da velocidade no início do movimento. Quanto tempo leva o móvel até parar, se a sua velocidade inicial é de 16 m/s? (Crescimento e Decrescimento) O problema de valor inicial Em que k é uma constante de proporcionalidade, aparece em muitas teorias fisicas envolvendo crescimento e decrescimento. Por exemplo, na área biológica, muitas vezes (1) dt dx = k.x, x(t 0 ) = x 0 38 observamos que a taxa de crescimento de algumas bactérias é proporcional ao número de bactérias presentes no dado instante. Durante um certo intervalo de tempo, a população de pequenos animais, tais como roedores, pode ser prevista com alto grau de precisão pela solução de (1). Na Física, um P.V.I. como (1) proporciona um modelo para o cálculo aproximado da quantidade remanescente de uma substância que está sendo desintegrada através de radioatividade. A equação diferencial em (1) pode ainda determinar a temperatura de um corpo em resfriamento. Na área da Química, a quantidade remanescente de uma substância durante certas reações pode ser descrita por (1). Salientamos ainda, que a constante de proporcionalidade k que aparece em (1) é positiva ou negativa e pode ser encontrada pela solução para o problema usando um valor subseqüente de x em um instante t 1 > t 0 . (Problema de Crescimento) Consideremos a seguinte situação: suponhamos que em uma cultura, existam inicialmente N 0 bactérias. 39 Uma hora depois, t = 1, o número de bactérias passa a ser 2 3 N 0 . Se a taxa de crescimento é proporcional ao número de bactérias presentes, pede-se determinar o tempo necessário para que o número de bactérias triplique. (Meia-vida) Da Física, sabemos que a meia-vida é uma medida de estabilidade de uma substância radioativa. A meia-vida em verdade, é simplesmente o tempo gasto para metade dos átomos de uma quantidade inicial A 0 se desintegrar ou se transmutar em átomos de outro elemento. Salientamos ainda, que quanto maior a meia-vida de uma substância, mais estável ela é. Por exemplo, a meia-vida do ultra-radioativo rádi0, Ra-226, é cerca de 1700 anos. Em 1700 anos, metade de uma dada quantidade de Ra-226 é transmutada em radônio, Rn-222. O isótopo de urânio mais comum, U-328, tem uma meia-vida de aproximadamente 4.500.000.000 de anos. Nesse tempo, metade e uma quantidade de U-328 é transmutada em chumbo, Pb-206. (Crescimento) Um reator converte urânio 238 em isótopo de plutônio 239. Após 15 anos, foi detectado que 0,043% da quantidade inicial A 0 de plutônio se desintegrou. Encontre a 40 meia-vida desse isótopo, se a taxa de desintegração é proporcional à quantidade remanescente. (Circuitos em Série) De acordo com a segunda Lei de Kirchhoff, a diferença de potencial E(t) em um circuito fechado é igual à soma das voltagens no circuito. A corrente em circuito, após a chave ser fechada, é denotada por i(t); a carga em um capacitor no instante t é denotada por q(t). As letras L, C e R são constantes conhecidas como indutância, capacitância e resistência, respectivamente. Por exemplo, se considerarmos o circuito simples, em série, contendo um indutor, um resistor e um capacitor como mostramos na Figura 26 abaixo, temos que uma equação diferencial de segunda ordem para a carga q(t) em um capacitor pode ser obtida somando as voltagens (quedas de tensão): 41 Indutor = L. dt di = L. 2 2 dt qd Resistor = i.R = R. dt dq Capacitor = C 1.q E igualando a soma à diferença de potencial E(t), obtemos a seguinte equação diferencial de segunda ordem: (2) L. 2 2 dt qd + R. dt dq + C 1 .q = E(t) 42 Figura 09: A representação co circuito em série do sistema acima. Além disso, a diferença de potencial ou voltagem E(t) é denominada de força eletromotriz (ou fem). Uma fem, bem como a carga em um capacitor, causa a corrente no circuito. O Quadro 01 abaixo nos mostra as unidades básicas de medida usadas na análise de circuito. Quadro 01: Unidades básicas de medida usadas na análise do circuito acima. 43 Grandeza Unidade Diferença de potencial ou fem Volt (V) Indutância L Henry (H) Capacitância C Farad (F) Resistência R Ohm ( ) Carga q Coulomb (C) Corrente i Ampère (A) (Drenagem Através de um Orifício) Em hidrodinâmica, o Teorema de Torricelli nos diz que a velocidade de efluxo de água através de um pequeno orifício no fundo de um tanque cheio até uma altura h é igual à velocidade que um corpo (neste caso, uma gota d’água) adquire em queda livre de uma altura h: = hg..2 44 Onde g é a aceleração da gravidade. A expressão acima é obtida, quando igualamos a energia cinética 2.. 2 1 vm à energia potencial m.g.h e explicitando a velocidade . Por exemplo, consideremos um tanque cheio de água que é drenado através de um orifício sobre a influência da gravidade. Gostaríamos de calcular a altura h da água no tanque em qualquer instante de tempo t. Seja o tanque mostrado na Figura 10 abaixo. Figura 10: O tanque do sistema acima. 45 Se a área do orifício é A 0 (em m 2 ) e a velocidade da água saindo do tanque é = hg..2 (em m/s), então o volume de água que sai do tanque por segundo é A 0 . hg..2 (em m 3 /s). Logo, se V(t) denota o volume de água no tanque no instante t, temos que: dt dV = – A 0 . hg..2 Em que o sinal negativo indica que V decresce com o tempo. Note que estamos ignorando qualquer possibilidade de atrito no orifício, o que reduziria a taxa de vazão na água. Agora, suponhamos que o volume da água no tanque no instante t possa ser escrito como V(t) = A w .h, em que A w (em m2 ) é a área da superfície da água como podemos visualizar na Figura 27 acima, que não depende da altura h. Daí, dt dV = A w .( dt dh ). (3) dt dV = – A 0 . hg..2 46 Substituindo essa última expressão em (8), obtemos a equação diferencial para a altura h da água em função do tempo t: É interessante salientarmos que (4) permanece válida mesmo quando A w não é constante. Neste caso, devemos expressar a área da superfície da água como uma função de h: A w = A(h). (Deflexão de Vigas) Em engenharia, um problema importante é determinar a deflexão elástica de uma viga elástica causada por seu peso ou por uma carga externa. Supomos que a viga é homogênea e tem seções transversais uniformes ao longo de seu comprimento. Seja L o comprimento da viga. Na ausência de carga na viga (incluindo seu peso), a curva ligando os centróides de todas as seções transversais é uma linha reta denominada eixo de simetria, como é mostrado na Figura 11 abaixo. (4) dt dh = – wA A0 . hg..2 47 Figura 11: O eixo de simetria em uma viga. Se uma carga for aplicada à viga em um plano vertical contendo o eixo de simetria, então, como podemos visualizar na Figura 12 abaixo, a viga sofre uma distorção e a curva ligando os centróides de todas as seções transversais é denominada de curva de deflexão ou curva elástica. 48 Figura 12: A curva de deflexão ou curva elástica em uma viga. Utilizando princípios de elasticidade e um conceito do Cálculo Diferencial e Integral (curvatura) podemos deduzir que a equação diferencial da curva de deflexão pode ser escrita como: (5) E.I. 4 4 dx yd = w(x) 49 Onde E e I são constantes, sendo E o módulo de elasticidade de Young racionado com o material da viga, e I é o momento de inércia de uma seção transversal da viga (em relação a um eixo conhecido como eixo neutro ou linha neutra). O produto E.I é denominado de rigidez defletora da viga. A deflexão é representada por y(x) e w(x) representa a carga por unidade de comprimento. 1.3.1 O Conjunto dos Números Reais O Conjunto dos Números Reais que será o nosso conjunto universo de estudo ao longo da disciplina, será denotado por . A grosso modo, já estamos perfeitamente familiarizados com o mesmo, quando tratamos da bijeção entre e uma reta, fazendo assim, a identificação da reta real. 1.3.2 O Conjunto dos Números Reias é um Corpo Em verdade, isto significa que estão definidas em duas operações, chamadas adição e multiplicação, que cumprem 50 certas condições, que especificaremos logo abaixo. São as operações usuais que trabalhamos sempre em sala de aula e no nosso dia-a-dia. A adição faz corresponder a cada par de elementos x, y , sua soma x + y enquanto a multiplicação associa a esses elementos o seu produto x.y . Os axiomas a que essas operações obedecem são os seguintes: Associatividade: para quaisquer x, y, z temos que (x + y) + z = x + (y + z) e (x.y).z = x.(y.z). Comutatividade: para quaisquer x, y temos que x + y = y + x e x.y = y.x. Elementos Neutros: existem em dois elementos distintos, que denotaremos por 0 e 1 tais que x + 0 = x e x.1 = 1 para qualquer x . 51 Inversos: todo elemento x possui um inverso aditivo, que denotaremos por –x tal que x + (–x) = 0 e, se x 0, existe também um inverso multiplicativo x 1 tal que x. x 1 = 1. Distributividade: para x, y, z quaisquer, temos que x.(y + z) = x.y + x.z. Dos axiomas acima resultam todas as regras familiares de manipulação com os números reais, que já conhecemos. A título de exemplo, estabeleceremos algumas delas. Da comutatividade resulta que 0 + x = x e –x + x = 0 para todo x . Analogamente 1.x = x e x 1 . x = 1 quando x 0. A soma x + (– y) será indicada por x – y e é denominada diferença entre x e y. Se y 0, o produto x. y 1 será representado também por y x e denominado quociente de x por y. As operações (x,y) x – y e (x,y) y x chamam-se, respectivamente, subtração e divisão. Evidentemente, a divisão 52 de x por y só faz sentido quando y 0, pois o número 0 como já sabemos não possui inverso multiplicativo. Da distributividade segue-se que, para todo x , vale a seguinte propriedade: x.0 + x = x.0 + x.1 = x.(0 + 1) = x.1 = x. Desta forma, se somarmos – x a ambos os membros da igualdade x.0 + x = x, concluímos que x.0 = 0. Por outro lado, de x.y = 0 podemos concluir que x = 0 ou y = 0. Com efeito, se for y 0 então podemos multiplicar ambos os membros desta igualdade por y 1 e obtemos x.y. y 1 = 0. y 1 , donde segue que x = 0. Da distributividade resultam também as conhecidas "Regras dos Sinais": x.( –y) = (–x).y = – (x.y) e (–x).( –y) = x.y. De fato, x.( –y) + x.y = x.( –y + y) = x.0 = 0. Somando – (x.y) a ambosos membros da igualdade x.( –y) + x.y = 0 vem x.( –y) = – (x.y). Similarmente, (–x).y = – (x.y). Logo (–x).( –y) = – [x.( –y)] = – [– (x.y)] = x.y. Em particular, (–1).( –1) = 1. 53 Observação: A igualdade – (–z) = z, acima empregada, resulta de somarmos z a ambos os membros da igualdade –(–z) + (–z) = 0. Se dois números reais x, y têm quadrados iguais, então x = ±y. Com efeito, de x2 = y2 decorre que 0 = x2 – y2 = (x + y).(x – y) e, como sabemos, o produto de dois números reais só é zero quando pelo menos um dos fatores é zero. 1.3.3 O Conjunto dos Números Reias é um Corpo Ordenado Em outras palavras, isto significa que existe um subconjunto , chamado o Conjunto dos Números Reais Positivos, que cumpre as seguintes condições: P1. A soma e o produto de números reais positivos são positivos. Ou seja, x, y x + y e x.y . P2. Dado x , exatamente uma das três alternativas seguintes ocorre: ou x = 0, ou x e ou –x e . 54 Se indicarmos com o conjunto dos números –x onde x , a condição (P2) nos diz que = {0} e os conjuntos , e {0} são dois a dois disjuntos. Os números y são denominados negativos. Todo número real x 0 tem quadrado positivo. De fato, se x então x 2 = x.x por (P1). Se x então (como x 0) –x , logo, ainda por causa da propriedade (P1), temos que x 2 = (–x).(–x) . Em particular, 1 é um número positivo porque 1 = 1 2 . Definição: Dizemos se que x é menor do que y quando y – x , isto é, y = x + z onde z é positivo. Escrevemos x < y. Neste caso, escrevemos também y > x e dizemos que y é maior do que x. Em particular, x > 0 significa que x , isto é, que x é positivo, enquanto x < 0 quer dizer que x é negativo, ou seja, que –x . São válidas as seguintes propriedades da relação de ordem x < y em : 55 O1. Transitividade: se x < y e y < z então x < z. O2. Tricotomia: dados x,y , ocorre exatamente uma das alternativas x = y, x < y ou y < x. O3. Monotonicidade da adição: se x < y então, para todo z , tem-se x + z < y + z. O4. Monotonicidade da multiplicação: se x < y então, para todo z > 0 tem-se x.z < y.z. Se, porém, z < 0 então x < y implica y.z < x.z. Demonstração: O1. x < y e y < z significam y – x e z – y . Por (P1) segue que (y – x) + (z – y) , isto é, z – x , ou seja, x < z. O2. Dados x,y , ou y – x , ou y – x = 0 ou –y – x (isto é, x – y ). No primeiro caso tem-se x < y, no segundo x = y e no terceiro y < x. Estas alternativas se excluem mutuamente, por (P2). 56 O3.Se x < y então y – x , donde (y + z) – (x + z) = y – x , isto é, x + z < y + z. O4. Se x < y e z > 0 então y – x e z , logo (y – x).z , ou seja, y.z – x.z , o que significa x.z < y.z. Se x < y e z < 0 então y – x e –z , donde x.z – y.z = (y – x).( –z) , o que significa y.z < x.z. Mais geralmente, x < y e x' < y' implicam x + x' < y + y’. Com efeito (y + y´) – (x + x') = (y – x) + (y' – x') . Analogamente, 0 < x < y e 0 < x' < y' implicam x.x' < y.y' pois y.y´ - x.x´ = yy´ – y.x´ + y.x´ = y.(y´ – x´ ) + (y – x ).x´ > 0. Se 0 < x < y então y -1 < x -1. Para provar, notamos primeiro que x > 0 x -1 = x.(x -1)2 > 0. Em seguida, multiplicando ambos os membros da desigualdade x < y por x -1. y -1 vem que y -1 < x -1. Como 1 é positivo, segue-se que 1 < 1 + 1 < 1 + 1 + 1 <... Podemos então considerar N . Segue-se que Z R pois 0 e n –n . Além disso, se m,n Z com n 0 então n m = 57 m.n-1 , o que nos permite concluir que Q R. Assim, N Z Q . Desta maneira temos a seguinte disposição, dada pela Figura 13 abaixo: Figura 13: A relação de inclusão entre os principais conjuntos numéricos. 5. Funções Elementares Vejamos agora algumas funções elementares estudadas anteriormente num curso introdutório de Matemática Fundamental. 5.1 A Função Afim (ou A Função Polinomial do 1 0 Grau) A Função Afim ou Função Polinomial do Primeiro Grau, são funções do tipo: 58 Onde a e b são constantes reais com a 0 . Funções deste tipo quando definidas de em , têm como gráfico uma reta. A função f(x) = 3x definida em , tem como gráfico a reta apresentada na Figura 14 abaixo. f(x) = a.x + b A curva característica do gráfico de uma função afim é uma reta. 59 Figura 14: O gráfico da função f(x) = 3.x. A função f(x) = – x definida em , tem como gráfico a reta apresentada na Figura 15 abaixo. Figura 15: O gráfico da função f(x) = – x. A função f(x) = 2.x + 1 definida em , tem como gráfico a reta apresentada na Figura 16 abaixo. 60 Figura 16: O gráfico da função f(x) = 2.x + 1. Vejamos algumas considerações relacionadas às funções polinomiais do primeiro grau, que são importantes para a resolução e interpretação de problemas simulados envolvendo tais funções. Repare que em todos os casos a reta que representa a função f(x) = ax + b (a 0 ) intercepta o eixo y das ordenadas no ponto (0; b), o qual denominamos de intercepto. 61 Podemos mostrar que a tangente do ângulo (veja Figura 17 abaixo) é igual à constante a, ou seja, a = tg . Figura 17: A igualdade a = tg (a > 0). Observemos, que na Figura 17 acima, temos que neste caso, a > 0 então a reta é crescente. Logo, concluímos que: Figura 18: A função afim é crescente quando a > 0. a > 0 Reta Crescente 62 Contrariamente, quando a < 0, como mostrado na Figura 19 abaixo, temos que a função afim será decrescente. Figura 19: A igualdade a = tg (a < 0). Aqui, a < 0, então a reta é decrescente. Figura 20: A função afim é decrescente quando a < 0. A reta intercepta o eixo x das abscissas no ponto (x 0 ; 0) onde x a b 0 é denominado zero (ou raiz) da função. 63 5.1.1 A Função Quadrática (ou A Função Polinomial do 2 0 Grau) Chamamos de função polinomial do segundo grau ou simplesmente de função quadrática àquela redutível à forma: Onde a, b e c são constantes reais, com a 0 . Vejamos alguns exemplos de gráficos de funções polinomiais do segundo grau. A curva característica do gráfico de uma função quadrática é uma parábola. f(x) = ax 2 + b.x + c 64 A função f: tal que f(x) = x 2 . Figura 21: O gráfico da função f(x) = x 2 . A função f: tal que f(x) = – x 2 . 65 Figura 22: O gráfico da função f(x) = – x 2 . A função f: tal que f(x) = x 2 – 1. 66 Figura 23: O gráfico da função f(x) = x 2 – 1. A função f: tal que f(x) = – x 2 + 1. 67Figura 24: O gráfico da função f(x) = – x 2 + 1. A função f: tal que f(x) = 2x 2 – 2x + 2. 68 Figura 25: O gráfico da função f(x) = 2x 2 – 2x + 2. Vejamos algumas considerações relacionadas às funções polinomiais do segundo grau (funções quadráticas), que são importantes para a resolução e interpretação de problemas simulados envolvendo tais funções. Com relação a parábola que representa a função f(x) = ax 2 + bx + c tem a concavidade para cima caso a > 0 e a concavidade para baixo caso a < 0. 69 Figura 26: A parábola tem concavidade voltada para cima: a > 0. Contrariamente: Figura 27: A parábola tem concavidade voltada para baixo: a < 0. 70 Em todos os casos o vértice da parábola é o ponto V ( a b 2 ; a4 ) onde acb 42 . Em outras palavras, a abscissa do vértice da parábola tem coordenada a b 2 , enquanto que a ordenada do vértice da parábola tem coordenada a4 . Figura 28: Interpretação geométrica do vértice de uma parábola. Quando o discriminante = b 2 – 4ac for positivo, a parábola intercepta o eixo x das abscissas em dois pontos distintos (x’; 0) e 71 (x’’; 0) onde x’ e x’’ são dados pela fórmula a b 2 . Em outras palavras, x’ e x’’ são as duas raízes reais distintas da equação do segundo grau em questão. Figura 29: Interpretação geométrica das raízes quando > 0. Quando o discriminante = b 2 – 4ac for igual a zero, então a parábola é tangente ao eixo x das abscissas no ponto x V = a b 2 . Ou 72 ainda, neste caso a função quadrática possui duas raízes reais e iguais. Figura 30: Interpretação geométrica das raízes quando = 0. Quando o discriminante = b 2 – 4ac for negativo, significa que a função quadrática do segundo grau não admite raízes reais, geometricamente isto significa que a parábola não toca o eixo x das abscissas. 73 Figura 31: Interpretação geométrica das raízes quando < 0. 1.4 A Função Exponencial Agora estaremos interessados em apresentar a função exponencial e suas principais propriedades. Definição (Função Exponencial) Sendo b um número real positivo e diferente da unidade (b ≠ 1) chamamos de função exponencial a função definida por: 74 f: * x f(x) = b x Vejamos alguns exemplos ilustrativos. A função f: * definida por f(x) = 2 x . Figura 32: O gráfico da função exponencial f(x) = 2 x . 75 A função f: * definida por f(x) = x 2 1 . Figura 33: O gráfico da função exponencial f(x) = x 2 1 . A função f: * definida por f(x) = 3 x . 76 Figura 34: O gráfico da função exponencial f(x) = 3 x . A função f: * definida por f(x) = 5 x . 77 Figura 35: O gráfico da função exponencial f(x) = 5 x . A função f: * definida por f(x) = x 3 1 . 78 Figura 36: O gráfico da função exponencial f(x) = x 3 1 . Vejamos algumas considerações relacionadas à função exponencial, que são importantes para a resolução e interpretação de problemas simulados envolvendo tais funções. Para os dois primeiros exemplos anteriores, envolvendo a função exponencial, temos que o conjunto imagem é * , já que para todo x real, 2 x > 0 e x 2 1 > 0. Portanto, concluímos que o conjunto 79 imagem da função exponencial f(x) = b x , com b > 0 e b ≠ 1, é * , ou seja, qualquer que seja o número real x teremos b x > 0. Se x 1 > x 2 , então 21 22 xx , isto é, a função f(x) = 2 x é crescente. Generalizando, concluímos que sendo b > 1, x 1 > x 2 então 21 xx bb , isto é, a função exponencial f(x) = b x é crescente. Se x 1 > x 2 , então 1 2 1 x < 2 2 1 x , isto é, a função f(x) = x 2 1 é decrescente. Generalizando, concluímos que sendo 0 < b < 1, x 1 > x 2 então 21 xx bb , isto é, a função exponencial f(x) = b x é decrescente. 80 Figura 37: Propriedades Fundamentais da Função Exponencial. Desta maneira, em símbolos podemos resumir as principais propriedades da função exponencial de base b, no Quadro 02 abaixo. Quadro 02: Propriedades da função exponencial b x . Propriedade Descrição I O conjunto imagem da função exponencial f(x) = b x , com 0 < b 1 , é * , isto é, qualquer que seja o número real x teremos b x > 0. Domínio: IR Conjunto Imagem: IR+ b > 1: Função Crescente 0 < b < 1: Função Decrescente Função Exponencial 81 II Sendo b >1, então se x 1 > x 2 21 xx bb , isto é, a função exponencial f(x) = b x é crescente. III Sendo 0 < b < 1, então x 1 > x 2 21 xx bb , isto é, a função exponencial f(x) = b x é decrescente. Geometricamente, temos a seguinte disposição mostrada na Figura 38 abaixo. 82 Figura 38: Gráficos da função exponencial mostrando crescimento e decrescimento da mesma. Vejamos mais alguns exemplos resolvidos envolvendo a função exponencial. Qual o conjunto imagem da função f: * definida por f(x) = 2 x + 1? Solução: Neste caso, temos que: x 2 x > 0 2 x + 1 > 0 + 1 = 1 f(x) > 1 Logo, o conjunto imagem de f(x) = 2 x + 1 é o conjunto: Imf = {y / y > 1} Surge a seguinte argumentação na disciplina de Matemática: Professor qual dois números é maior: (0,01) 2 ou (0,01) ? Qual foi a resposta do professor com a definida justificativa? 83 Solução: Neste caso, vamos desenhar no programa Winplot o gráfico da função y = (0,01) x . Tal gráfico é mostrado na Figura 39 abaixo. Figura 39: O gráfico da função y = (0,01) x . Desta forma, como o número é maior do que 2 , concluímos que (0,01) é menor do que (0,01) 2 . 84 Resolver a seguinte inequação: 7 x + 5 x + 1 > 0. Solução: Vimos que a interpretação geométrica do gráfico de y = 7 x , nos mostra que 7 x > 0, para todo x real, como mostramos na Figura 40 abaixo. Figura 40: O gráfico da função y = 7 x . 85 Analogamente, para y = 5 x , temos que 5 x > 0 para todo x real. Como 1 > 0, concluímos que 7 x + 5 x + 1 > 0 para todo x real. Ou ainda, o conjunto solução de tal inequação é S = IR. Qual o conjunto imagem da função f(x) = 2 xx 22 ? Solução: Vamos fazer a mudança de variável t = x 2 – 2 x, logo o valor mínimo que t pode assumir é – 1. Isto é, para todo x real, temos que t ≥ – 1, portanto: 2 t ≥ 2 1 , ou ainda, 2 xx 22 ≥ ½. 86 Figura 41: O gráfico de t = x 2 – 2 x. Consideremos a função f(x) = a x (a > 0), então podemos afirmar que: a) f(x) só é definida para x > 0.b) f(x) é crescente para x > 0. c) O gráfico de f(x) situa-se acima do eixo dos x. d) O gráfico de f(x) tem concavidade para baixo, se a > 1. e) O gráfico de f(x) situa-se à direita do eixo dos y. 87 Solução: Neste caso, a partir da discussão que realizamos acerca da função exponencial concluímos que a alternativa correta é a letra (C). A Função Logarítmica Agora, estaremos interessados em discutir as principais propriedades da função inversa da exponencial bx . Para tal, incialmente devemos apresentar a noção de logaritmo, bem como as suas principais propriedades. Figura 42: A noção de logaritmo é fundamental para a definição da função logarítmica. 88 Ou seja, a grosso modo temos que a noção de função acrescida da definição de logaritmo nos leva de forma natural a definição da função logarítmica. Figura 43: O surgimento da função logarítmica. Função Logaritmo Função Logarítmica 89 A origem dos logaritmos remonta ao século XVII e, ao que consta na literatura, eles tinham como função específica facilitar os cálculos aritméticos complicados que freqüentemente apareciam nas operações comerciais, como por exemplo: A fim de definirmos a noção de logaritmo, pensemos primeiramente na seguinte indagação: Para que valores de a e b a equação exponencial b x = a apresenta sempre uma única solução? A resposta para tal indagação nos leva ao conhecimento ou definição de logaritmo. Vejamos algumas situações numéricas: 2,9.(1,03) 14,91 90 2 x = 8 apresenta uma única solução que é x = 3, já que 2 x = 8 = 2 3 . 16 1 2 1 x apresenta uma única solução que é x = 4, já que 4 2 1 16 1 2 1 x . 3 x = 9 apresenta uma única solução x = 2. 1 x = 4 não apresenta solução. 0 x = 4 não apresenta solução. (-1) x = 2 não apresenta solução. 5 x = – 1 não apresenta solução. Desta maneira, observamos que a equação b x = a admite sempre uma única solução se b > 0, b ≠ 1 e a > 0. Logo, temos naturalmente a seguinte definição de logaritmo. Definição (Logaritmo): Dados dois números reais a e b, ambos positivos com b ≠ 1 , existe sempre um único número real x tal que b x = a. Este expoente x, que deve ser colocado na 91 base b para que o resultado seja a, recebe o nome de logaritmo de a na base b. Em símbolos: Além disso, temos que o número a é chamado de logaritmando e b é a base. Alguns logaritmos são fáceis de ser encontrados. Outros são achados nas tabelas. Vejamos, agora, como encontrar alguns logaritmos em exemplos ilustrativos. Vamos encontrar os seguintes logaritmos: a) 16log 4 b) 5log 25 c) 1log3 x = ablog b x = a 92 d) 27log9 e) 2 1 log8 f) 1,0log10 g) 3 2 2log h) 3 125 25log Solução: a) 16log 4 = x, então 4 x = 16 = 4 2 , donde concluímos que x = 2, ou seja, 16log 4 = 2. b) 5log 25 = x, então 25 x = 5, ou seja, (5 2 ) x = 5, donde concluímos que 2x = 1, ou seja, x = ½ e, portanto concluímos que 5log 25 = ½ . c) 1log3 = x, então 3 x = 1 = 3 0 , donde concluímos que x = 0, ou seja, 1log3 = 0. Observação: De forma geral, para um número b qualquer, positivo e diferente de 1, temos que: 1logb = 0 93 d) 27log9 = x, então 27 x = 9, ou seja, (3 3 ) x = 3 2 , donde concluímos que 3x = 2, ou seja, x = 3/2 e, portanto concluímos que 27log9 = 3/2. e) 2 1 log8 = x, então 8 x = 2 1 , ou seja, (2 3 ) x = 2 1 = 2 1 , donde concluímos que 3x = – 1, ou seja, x = 3 1 e, portanto concluímos que 2 1 log8 = 3 1 . f) 1,0log10 = x, então 10 x = 0,1, ou seja, (10) x = 10 1 , donde concluímos que x = – 1, ou seja, 1,0log10 = – 1. g) 3 2 2log = x, então 2 x = 3 2 , ou seja, 2 x = 3 2 = 2 31 , donde concluímos que x = 3 1 , ou seja, 3 2 2log = 3 1 . h) 3 125 25log = x, então 125 x = 3 25 , ou seja, (5 3 ) x = 3 25 = 5 32 , donde concluímos que 3x = 3 2 , ou ainda, x = 9 2 e, portanto concluímos que 3 125 25log = 9 2 . 94 O logaritmo de 243 numa certa base é 5. Qual é essa base? Solução: Se 243log x = 5, então pela definição de logaritmo podemos escrever: x 5 = 243 = 35 Ou seja, x 5 = 35 Donde concluímos que: x = 3 Portanto, a base é igual a 3. Qual é o logaritmo de – 9 na base 3? 95 Solução: Se )9(log3 = x, então pela definição de logaritmo podemos escrever: 3 x = – 9 Donde, concluímos que não existe um número x que satisfaça essas condições. Lembremos de que em ablog , o número a deve ser positivo, isto é, a > 0. Encontrar um número x tal que 36log x = 2. Solução: De 36log x = 2, Segue que x 2 = 36, Ou seja, x = ± 36 Ou ainda x = ± 6 96 Como não existe sentido em falarmos 36log 6 , já que a base deve ser um número positivo, ficaremos somente com x = 6 e, portanto x = 6. Desta maneira, a partir dos exemplos discutidos anteriormente enumeramos no Quadro 03 abaixo, algumas conseqüências imediatas da definição de logaritmo, ou seja, se b – {1} e a , surgem naturalmente tais considerações. Quadro 03: Conseqüências imediatas da definição de logaritmo. Conseqüência Descrição I 1logb = x b x = 1 b x = b0 x = 0 1logb = 0 II bblog = x b x = b b x = b1 x = 1 bblog = 1 III k b blog = x b x = bk x = k k b blog = k IV ablog = c b c = a b ablog = a 1.5 Nomenclatura Acerca dos Logaritmos Vimos que na expressão ablog , a é o logaritmando e b é a base do logaritmo. 97 Se x > 0, então x10log chama-se logaritmo decimal de x. (Convencionaremos omitir o número 10 na notação do logaritmo decimal.) Se x > 0, então xelog chama-se logaritmo neperiano de x. O número e é um número irracional cujas primeiras casas decimais são 2,71828.... (O logaritmo neperiano de x costuma ser chamado de logaritmo natural de x, sendo indicado por ln x.) 1.6 Propriedades dos Logaritmos Por outro lado, quatro propriedades são de fundamental importância nos cálculos envolvendo os logaritmos a fim de simplificação e melhor entendimento dos mesmos. Desta forma, considerando b – {1} e a , temos as seguintes propriedades operatórias dos logaritmos enumeradas no Quadro 04 abaixo. 98 Quadro 04: Propriedades dos Logaritmos. Propriedade Descrição P1 ).(log 21 aab = 1log ab + 2log ab (Logaritmo do Produto) P2 2 1log a a b = 1log ab – 2log ab (Logaritmo do Quociente) P3 ablog = . ablog (Logaritmo da Potência) P4 ablog = b a c c log log , com 0 < b ≠ 1 (Mudança de Base) Definição (Função Logarítmica): Sendo b um número realpositivo e diferente da unidade (0 < b ≠ 1), chamamos função logarítmica a função: g: * x g(x) = xblog Note que como vimos anteriormente, o logaritmo só é definido para números positivos, por isso o domínio da função logarítmica é o conjunto * . Além disso, vimos que se a base 99 for um número entre 0 e 1, o logaritmo será um número negativo. Abaixo na Figura 44 apresentamos geometricamente a função logarítmica: g: * dada por g(x) = x3log . Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função g do exemplo. Figura 44: O gráfico da função x3log . 100 Abaixo na Figura 45 apresentamos geometricamente a função logarítmica: g: * dada por g(x) = x 2 1log . Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função g do exemplo. Figura 45: O gráfico da função x 2 1log . 101 Abaixo na Figura 46 apresentamos geometricamente a função logarítmica: g: * dada por g(x) = x 3 1log . Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função g do exemplo. Figura 46: O gráfico da função x 3 1log . 102 Notemos que, da definição de logaritmo, temos que se 11log yxb e 22log yxb , então 1 1 y bx e 2 2 y bx , onde {x 1 , x 2 } . Considerando x 1 > x 2 , temos que: 10,loglog,, 1,loglog,, 2121 2121 bsexxéistoyy bsexxéistoyy bb bb Ou seja, resumindo temos que: b > 1 a função g(x) = xblog é crescente; Figura 47: O gráfico da função f(x) = x2log – função crescente. De outra forma, 0 < b < 1 a função g(x) = xblog é decrescente. 103 Figura 48: O gráfico da função f(x) = x 2 1log – função decrescente. Reparemos que f: * , f(x) = b x e g: * , g(x) = xblog são funções bijetoras (b > 0 e b 1), ou seja, são sobrejetoras e injetoras. Desta forma podemos pensar nas inversas de cada uma delas; em verdade, uma é a função inversa da outra. Para tal, observemos que: Informação Importantíssima! 104 f(g(x)) = b )(xg = b xblog = x, para todo x, x , E g(f(x)) = log b b x = x, para todo x real. Portanto, com base nisto, podemos afirmar que g(x) = xblog é a função inversa de f(x) = b x e, vice-versa. Além disso, geometricamente isto significa que os gráficos de g e f são curvas simétricas com relação à reta y = x, i.e., bissetriz dos quadrantes ímpares como discutido na parte de inversão de funções. Geometricamente tal simetria é apresentada na Figura 49 abaixo. A função logarítmica g(x) = xblog é a função inversa da função exponencial f(x) = b x e, vice-versa. 105 Figura 49: A simetria entre os gráficos das funções f(x) = 2 x (vermelho) e a função g(x) = x2log (azul). Em linhas gerais para os valores de b, temos a representação da simetria entre os gráficos mostrados na Figura 50 abaixo. x2 x2log 106 Figura 50: A simetria entre os gráficos das funções logarítmica e exponencial. 1.7 A Função Modular A função modular é definida a partir do que já conhecemos como sendo o valor absoluto ou o módulo de x, que como vimos é definido pela função de dupla sentença: | x | = 0, 0, xsex xsex Sendo assim, temos que: 107 | 0 | = 0 | 1 | = 1 | – 2| = – (– 2 ) = 2 | 4 | = 4 | 8 | = 8 | – 9| = – (– 9 ) = 9 | – 0,8| = – (– 0,8 ) = 0,8 | – 1,3| = – (– 1,3 ) = 1,3 | – 90| = – (– 90 ) = 90 108 Desta maneira, surge naturalmente a função módulo de x, bem como, as funções que levam em sua lei de formação o valor absoluto, sendo denominadas de funções modulares. Vejamos alguns exemplos ilustrativos. Vamos representar geometricamente a função módulo de x, a qual denotamos por f(x) = | x |. Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. 109 Figura 51: O gráfico da função f(x) = | x |. Vamos representar geometricamente a função módulo de x, a qual denotamos por f(x) = | x + 2 |. Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. 110 Figura 52: O gráfico da função f(x) = | x + 2 |. Vamos representar geometricamente a função módulo de x, a qual denotamos por f(x) = | x – 2 |. Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. 111 Figura 53: O gráfico da função f(x) = | x – 2 |. Vamos representar geometricamente a função módulo de x, a qual denotamos por f(x) = | x – 3 |. Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. 112 Figura 54: O gráfico da função f(x) = | x – 3 |. Vamos representar geometricamente a função módulo de x, a qual denotamos por f(x) = | x + ½ |. Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. 113 Figura 55: O gráfico da função f(x) = | x + ½ |. Vamos representar num mesmo plano cartesiano os gráficos de f(x) = | x | e g(x) = – | x |. Solução: Através do programa Winplot, geramos os gráficos da funções f(x) e g(x) como mostramos na Figura 56 abaixo. 114 Figura 56: A representação geométrica de f\(x) e g(x) num mesmo plano. Esboçar o gráfico da função f(x) = | x 2 – 1| – 1. Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. | x | – | x | 115 Figura 57: O gráfico da função f(x) = | x 2 – 1| – 1. Esboçar o gráfico da função f(x) = | x 2 – 1| + 1. Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. 116 Figura 58: O gráfico da função f(x) = | x 2 – 1| +1. Qual o domínio da função f(x) = ||log 2 x ? Solução: Como sabemos o logaritmo de um número e conseqüentemente a função logarítmica só esta definida para valores positivos, ou seja, para a existência de xblog devemos ter 117 x > 0 e, sendo assim, para a função do nosso exemplo devemos ter como condição de existência que | x | > 0, isto é, x ≠ 0. Portanto, o domínio da função f(x) = ||log 2 x é o conjunto D = {x / ≠ 0}. Na Figura 59 abaixo representamos geometricamente o conjunto D. Figura 59: Representação do domínio da função do exemplo. 118 Esboçar o gráfico da função f(x) = | x 2 – | x||. Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. Figura 60: O gráfico da função f(x) = | x 2 – | x||. 119 Esboçar o gráfico da função f(x) = x + || x x . Solução: Através do programa Winplot, geramos o gráfico da função f(x) do exemplo. Figura 61: O gráfico da função f(x) = x + || x x .120 1.8 A Noção Intuitiva do Conceito de Limite Antes de definirmos nas entrelinhas a noção de limite, vamos realizar algumas considerações iniciais pertinentes para um bom entendimento acerca do assunto. Sabemos, que no conjunto dos números reais , podemos sempre escolher um conjunto de números segundo qualquer regra pré-estabelecida. Por exemplo, vamos considerar algumas sucessões numéricas abaixo: (1) 1, 2, 3, 4, 5, ... (2) ½, 2/3, ¾, 4/5, 5/6, ... (3) 1, 0, -1, -2, -3, ... (4) 1, 3/2, 3, 5/4, 5, 7/6, 7, ... Notemos que na sucessão numérica (1), os termos tornam-se cada vez maiores sem atingir um LIMITE. Sendo assim, podemos pensar que dado 121 um número real qualquer, por maior que o mesmo seja, podemos sempre encontrar na sucessão, um termo maior. Ou seja, neste caso, dizemos então que os termos dessa sucessão numérica tendem para o infinito ou que o limite da sucessão é infinito. Denotamos, tal fato por x . De outra forma, na sucessão numérica (2) os termos crescem mas não de forma ilimitada, ou seja, ilimitadamente. Os números aproximam-se cada vez mais do valor 1, sem nunca obviamente atingirem o mesmo. Sendo assim, aqui dizemos que a sucessão tende a 1 e escrevemos x 1. Similarmente, com relação a terceira sucessão exemplificada que a mesma tende a menos infinito, ou seja, x . Com relação a sucessão (4) podemos notar que a mesma oscila sem tender a nenhum valor limite. É de nosso interesse então, ampliar o conceito de LIMITE apresentado anteriormente com relação as sucessões numéricas citadas para as diversas situações envolvendo Limites de Funções Reais. Para tal, vamos considerar as seguintes funções: Consideremos a função y = f(x) = 1 – x 1 , cujo gráfico é apresentado na Figura 62 abaixo. 122 Figura 62: O gráfico da função f(x) = 1 – x 1 : gerado no programa Winplot. Vamos descrever nos dois quadros abaixo, os valores de f(x) para alguns valores particulares de x, tentando averiguar o comportamento da função em questão. 123 Quadro 05: Valores tabulados de f(x) para valores positivos de x. x 1 2 3 4 5 6 ... 500 ... 1000 ... f(x) 0 1/2 2/3 3/4 4/5 5/6 ... 499/500 ... 999/1000 ... Quadro 06: Valores tabulados de f(x) para valores negativos de x. x -1 -2 -3 -4 -5 ... -100 ... -500 ... f(x) 2 3/2 4/3 5/4 6/5 ... 101/100 ... 501/500 ... Desta forma, podemos averiguar que a função f(x) = 1 – x 1 tende para 1 quando x tende para o infinito. Basta observarmos os quadros anteriores e o gráfico apresentado na Figura 62 para caracterizarmos que: O qual denotamos por: y 1 quando x xx 1 1lim = 1 124 A função polinomial y = x 2 + 3x – 2 (polinômio de grau 2) tende para quando x tende x . Sendo assim, neste caso a notação que utilizamos é: De forma intuitiva, basta analisarmos os Quadros 07 e 08 abaixo, bem como o gráfico da função apresentado na Figura 63 abaixo. Quadro 07: Valores tabulados de y para valores positivos de x. x 1 2 3 4 5 6 ... 100 ... 1000 ... y 2 8 16 26 38 52 ... 10298 ... 1002998 ... Quadro 08: Valores tabulados de y para valores negativos de x. x -1 -2 -3 -4 -5 -6 ... -100 ... -500 ... y -4 -4 -2 2 8 16 ... 9698 ... 248498 ... )23(lim 2 xx x = + 125 Figura 63: O gráfico da função y = x 2 + 3x – 2: gerado no programa Winplot. A função y= 1 12 x x tende para 2 quando x , e escrevemos: 126 Figura 64: O gráfico da função y= 1 12 x x : gerado no programa Winplot. 1 12 lim x x x = 2 127 Além disso, podemos tabular os valores de y a partir de valores específicos de x, como mostrados nos Quadros 09 e 10 abaixo. Quadro 09: Valores tabulados de y para alguns valores positivos de x. x 3 2 1,5 1,25 1,1 1,01 1,001 1,0001 ... y 3,5 5 8 14 32 302 3002 30002 ... Quadro 10: Valores tabulados de y para valores de x. x -1 0 0,9 0,99 0,999 0,9999 ... y 0,5 -1 -28 -298 -2998 -29998 ... Observando o gráfico da função na Figura 64 acima, bem como os Quadros 09 e 10, ainda podemos dizer que y quando x 1 através de valores maiores do que 1, e que y quando x 1 através de valores menores do que 1. Neste caso, estamos nos referindo aos limites laterais (que discutiremos de forma detalhada mais a frente) denotados por: Limite lateral à direita: 1 12 lim 1 x x x = Limite lateral à esquerda: 1 12 lim 1 x x x = 128 A função y = 2)1( 1 x tende para o infinito quando x -1, e escrevemos: Ou ainda, neste caso, podemos escrever: Ou seja, aqui temos a igualdade dos limites laterais a direita e a esquerda da função y = 2)1( 1 x . A Figura 65 abaixo nos mostra o gráfico da função em questão. 21 )1( 1 lim xx = 2 1 )1( 1 lim xx = 2 1 )1( 1 lim xx = 129 Figura 65: O gráfico da função y= 2)1( 1 x : gerado no programa Winplot. A função y = 2)2( 1 x tende para menos infinito quando x 2, e escrevemos: 130 A figura 66 abaixo nos mostra o gráfico da função y = 2)2( 1 x . Figura 66: O gráfico da função y= 2)1( 1 x : gerado no programa Winplot. 22 )2( 1 lim xx = 131 A função y = cos( x 1 ) . A Figura 67 abaixo nos mostra a representação geométrica do gráfico da mesma. Figura 67: O gráfico da função cos( x 1 ) : gerado no programa Winplot. 132 Observando a Figura 67 e o Quadro 11 abaixo, podemos afirmar que o gráfico desta função oscila numa vizinhança de zero, sem tender para nenhum limite. Quadro 11: Valores tabulados de y = cos( x 1 ) para valores de x. x 1 0,318309 2 1 0,159154 3 1 0,106103 4 1 0,0795774 y – 1 1 – 1 1 A partir do momento que apresentamos alguns exemplos introdutórios, trabalhando de forma intuitiva com a noção de limite, agora é de nosso interesse apresentar a definição formal de limite como segue na seção subseqüente. 19 A Definição Formal do Conceito de Limite Agora, vamos definir em termos formais a noção de limite de uma função real de uma variável y = f(x). Para tal, vamos considerar uma função f(x) definida em um intervalo aberto I, contendo o ponto a, exceto possivelmente no próprio ponto a. 133 Definição (Limite de uma Função): Dizemos que o limite de f(x) quando x apreoxima-se de a é o número L, e escrevemos Se para todo > 0, existe um > 0, tal que | f(x) – L | < sempre que tivermos 0 < | x – a | < . Vejamos alguns exemplos ilustrativos com relação a definição formal de limite de uma função y = f(x). Vamos mostrar através da definição formal de limite que )13(lim 1 x x = 2. Solução: Inicialmente, notemos que de acordo com a definição formal
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