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Scanned by CamScanner ,., UÇA Scanned by CamScanner O objetiVO deste livro é introduzir o le1tor ao conhecimento do Brasil - sua formação histórica, seu povo, sua socie- dade, sua cultura, sua economia. suas instituições. O caminho escolhido para isso foi apresentar. na forma de exten· sas resenhas, feitas por renomados es· pecialistas, um conjunto de dezenove obras dássicas - desde os fermões, do padre Vieira, até A rerolufio burguesa M lrlsil, de Florestan Fernandes. pas- sando, entre outras, por Os sertões. de Eudid da Cunha. úsa-jrande I sen- - de GHb rto Freire, Raízes do 8ras1~ · luarque de Htlanda. forma- ~ deCaio ,., «<nlmia do Introdução ao BraJi! UM B.\ 'QUE.TJ~ o TRÓPICO II !H(III) lld '>111.11 n I 111 Scanned by CamScanner O objetiVO deste livro é introduzir o le1tor ao conhecimento do Brasil - sua formação histórica, seu povo, sua socie- dade, sua cultura, sua economia. suas instituições. O caminho escolhido para isso foi apresentar. na forma de exten· sas resenhas, feitas por renomados es· pecialistas, um conjunto de dezenove obras dássicas - desde os fermões, do padre Vieira, até A rerolufio burguesa M lrlsil, de Florestan Fernandes. pas- sando, entre outras, por Os sertões. de Eudid da Cunha. úsa-jrande I sen- - de GHb rto Freire, Raízes do 8ras1~ · luarque de Htlanda. forma- ~ deCaio ,., «<nlmia do Introdução ao BraJi! UM B.\ 'QUE.TJ~ o TRÓPICO II !H(III) lld '>111.11 n I 111 Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner 2 15 (,JL l'J I I IRE r.a " J:rande & Jtllwla LlldeRu .Jl Ba t•J 235 257 (. I' A(J(J) (JP. F01711ajáo dr; Bra ;/ (rm!m.J,r;rtÍT/tfJ 273 c 2~3 315 Cf·l.'i<J fURTAIXJ Frmna(ãr; e{f)1rfmtica do Brasil hanci~co de Oliveira 335 RAYMUNOO fAORO Os d()llOS de poder Laura de Mello c Souza 357 A TO 10 CA :DIDO Formação da llltratura brasileira BenjaJnJn Abdala Junior 381 jost HoN6~ RODRIGUES C()nállafáD e ref()l'7fl(J no Brasil Alberto da ÜKta e Sdva 393 Fwn.HA fLa A oes A rewluçiio burgutJa no Brasrl GabneiCohn 413 Sobre os autores Nota do Editor O Brasil- instituições, economia, cultura, história -é o tema que reúne dezenove estudiosos para apresentar o trabalho de meaba que, ao pen r a nacionalidade, foram decisivos para compreen~-la. de seus primórd alé hoje. Com rimas, coincidências e discordâncias, as obras h'atadaJ que dos Sennões aos Sertõe1, de ClUa-gronde & seltZJlÚl a Formaçílo econômi do Bra.sí/, aqui se visitam, referem-se uma à outra, nsalimenram-se criand elos que iluminam DOIIOS SOO Ala. U-las é um modo de partJc.ípar da discus ão .oote esse país meatiço localizado no trópioo Sem colocar ponto final no aMUDID, pois se trata de uma · mrod este livro pretende estimular o contato direto com texU» cançado e se objetivo, a Editora Seoac Sio Paulo já eed euniiJI'Íiio papel, dilatando os horizontes de conhecimenco da DOMa real Scanned by CamScanner 2 15 (,JL l'J I I IRE r.a " J:rande & Jtllwla LlldeRu .Jl Ba t•J 235 257 (. I' A(J(J) (JP. F01711ajáo dr; Bra ;/ (rm!m.J,r;rtÍT/tfJ 273 c 2~3 315 Cf·l.'i<J fURTAIXJ Frmna(ãr; e{f)1rfmtica do Brasil hanci~co de Oliveira 335 RAYMUNOO fAORO Os d()llOS de poder Laura de Mello c Souza 357 A TO 10 CA :DIDO Formação da llltratura brasileira BenjaJnJn Abdala Junior 381 jost HoN6~ RODRIGUES C()nállafáD e ref()l'7fl(J no Brasil Alberto da ÜKta e Sdva 393 Fwn.HA fLa A oes A rewluçiio burgutJa no Brasrl GabneiCohn 413 Sobre os autores Nota do Editor O Brasil- instituições, economia, cultura, história -é o tema que reúne dezenove estudiosos para apresentar o trabalho de meaba que, ao pen r a nacionalidade, foram decisivos para compreen~-la. de seus primórd alé hoje. Com rimas, coincidências e discordâncias, as obras h'atadaJ que dos Sennões aos Sertõe1, de ClUa-gronde & seltZJlÚl a Formaçílo econômi do Bra.sí/, aqui se visitam, referem-se uma à outra, nsalimenram-se criand elos que iluminam DOIIOS SOO Ala. U-las é um modo de partJc.ípar da discus ão .oote esse país meatiço localizado no trópioo Sem colocar ponto final no aMUDID, pois se trata de uma · mrod este livro pretende estimular o contato direto com texU» cançado e se objetivo, a Editora Seoac Sio Paulo já eed euniiJI'Íiio papel, dilatando os horizontes de conhecimenco da DOMa real Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner I! e E e os que teram ua formação da laera· Scanned by CamScanner I! e E e os que teram ua formação da laera· Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner l"'liWIJlt,', ll l~r 11 1 llt"r.tlur .t, ,utt:s, polttic,t. estudos sobre nossa lormaçao - tudo pa sa p•u 111ntnt n •ttr.tlulho Jc rdlcxiio, contestaçao c revisão. Retrato do /Jra- il d 1 l';mlo Pr.tdtl, que partictpar.t ativamente da Semana, é parte desse lotoyíl M.1 o pc sinusmn desse livro, ressaltado desde o início pelos críti- co., prim:lp.ilrucnll: por ~uJ insist~ncia na tese da tristeza brasileira c na lllt cn~ttl.ldc c n.r fm ma com que a luxúria c a cobiça teriam marcado nossa 1 nnaç.1o no pcrítJdo coloni.d. faz com que ele ainda permaneça em boa 111 dida t11bnt.u1o do pas~aJo. Mesmo que Paulo Prado não tenha atribuído \JIIll ncg.1t1\0 .r mi cigcnação, como era comum nos estudiosos que o ante- ~:cdcra!ll. I· mt· mo que stw dura crítica às nossas elites, no "Post scriptum", ,timl.t m mt nhot w1 várias passagens perturbadora atualidade. Marco Auré- lto Nogucii.J com.h11 em sua resenha: MJt~ qu~ um tlt.tgnó\ttCn, tr~t~va- ~de um veredito pesado, amargo, categórico, que tolhtJ ao c~mlnr qualquer chance de c r llcxf\CI, de. c perguntar. por exemplo, se essa " trnn r rJ e pcctal" nao: n.t c alr tJÚo mJt~ i arde, adqumdooutros traços. atenua- do ua' uulêncl.t publ!caçao dl! (aw-grmule & ~cn::ala, em 1933, põe abaixo dois mtto teimosos - o., ddcrminisrnos geográfico e racial, segundo os quais, unphflcat.lann:ntc. a maim ia dl: nossos males tinha suas raízes no fato de s •nno um p.tís tropical c rm:~ttço. No caso da geografia, uma condenação in.lp~la~cl. Da nu tura de raças, isto é, da innuência "negativa" principal- mente d,t população Jtcgra, ó o ''branqueamento" poderia, quem sabe, a longuís~imo pnuo, quando se completasse, redimir o Brasil. Gilberto Freire m~1stra cntao "~·r .wtktcntífica "afirmação da superioridade ou da inferiori- dade de uma raça ob1c a outra. construindo sua reflexão sobre a anteriori- daJe c plicati\'a d.t cu ltura. Afirma que a formação social brasileira se deve ,10 africano c que tndo brasileiro é racial ou culturalmente negro", diz Elide Ru •,u B.tstos E m.11,. Freire "atribui uma função social diferente da conven- wnalm~nll' .rtrihuída ao negro na formação brasileira, a partir da qualifica- Ç.tt t.lck conw coluni;:ador. isto é, dando ênfase ao papel civilizador por ele ' l' ·nta il1". Ou seja, não apenas somos racial ou culturalmente negros t:omo es ·,1 lont.liçüo nada tem de inferior. Casa-grande representa "uma \' rdadcii .1 revolução nos estudos sociais no país" não só por isso como pelo ' lutk> que faz da influência da família patriarcal na formação brasileira e pür .\;i rio nutro aspectos apontados por E lide Rugai Bastos. Nem os que lç.J ltam I ,HJtrov rtiJa tese da democracia racial, deduzida dessa e de ou- tr" obra 'l .tutor, negam o caráter revolucionário de Casa-grQI'Ide. Gil· 16 1-(liJRENÇO OI\ TI\S MOTA bcrto Freire supera as contorções e vacilações de Euclides da Cunhae po - sibilita ao bra~1h!1ro d i. ar de se lamentar por ser como é e reconcth r-se consigo mesmo. Com seu livro, o Brasil se liberta da pesada herança a que se refere Walnice Nogueira Galvão, a do "racismo aceito e aprovado pr ci- samcnte por aqueles que ele discrimina". Brasílio Sal! um Jr., logo no início de sua resenha de Raizes do Brasrl, d Sérgio Buarque de Holanda- o segundo livro da trilogia lembrada por Francts- co de Oliveira-, adverte que esse não é um livro de história, mas que "u a a matéria legada pela história para identificar as amarras que bloqueiam no pre- sente o nascimento de um futuro melhor". E tratando de um dos capítulos mais famosos e discutidos de Rafzes, o do "homem cordial", mostra que para Sérgio Buarque o indivíduo formado em um ambiente dominado pelo patriarcali mo, como é o caso do brasileiro, "dificilmente conseguirá distinguir entre o domínio privado e o domínio público". Para ele, diz Sal! um, aqui quase sempre predominou, tanto na admimstraçlo pdbhca como em outras áreas, o modelo de relações gerado na vida domésuca- a esfera dos laço a~ uvos e de parentesco. Vale sublinhar que essa concepção de patrimonialismo dtz respctto a uma forma de domlnio polftico em que agrupamentos enra1zado em grupos panrculan~tas da sociedade- a famnia e seus desdobramentos- produzem um viés na esfera púhlt ca. submelem o Estado. e o interesse geral, ao seu parllculansmo. Esse é apenas um exemplo de amarra que dificulta a transformação da sociedade. Quanto à cordialidade do brasileiro, que ainda se presta a muitas interpretações apressadas, ela é, lembra Sallum, tentattva de recon truçlo fora do ambiente famrliar, no plano societário, do mesmo Upo de sociabtlidadc da famflta patrian:al, de um Upo de soctabllidldc dependente de laços comumtários. Seriam exemplos disso algumas formas de IIDJuaacm. de xpre - slo religiosa, c: até o horror às hierarquias e a busca de inumldldc no tratamento di pcn ado à autoridade. Scanned by CamScanner l"'liWIJlt,', ll l~r 11 1 llt"r.tlur .t, ,utt:s, polttic,t. estudos sobre nossa lormaçao - tudo pa sa p•u 111ntnt n •ttr.tlulho Jc rdlcxiio, contestaçao c revisão. Retrato do /Jra- il d 1 l';mlo Pr.tdtl, que partictpar.t ativamente da Semana, é parte desse lotoyíl M.1 o pc sinusmn desse livro, ressaltado desde o início pelos críti- co., prim:lp.ilrucnll: por ~uJ insist~ncia na tese da tristeza brasileira c na lllt cn~ttl.ldc c n.r fm ma com que a luxúria c a cobiça teriam marcado nossa 1 nnaç.1o no pcrítJdo coloni.d. faz com que ele ainda permaneça em boa 111 dida t11bnt.u1o do pas~aJo. Mesmo que Paulo Prado não tenha atribuído \JIIll ncg.1t1\0 .r mi cigcnação, como era comum nos estudiosos que o ante- ~:cdcra!ll. I· mt· mo que stw dura crítica às nossas elites, no "Post scriptum", ,timl.t m mt nhot w1 várias passagens perturbadora atualidade. Marco Auré- lto Nogucii.J com.h11 em sua resenha: MJt~ qu~ um tlt.tgnó\ttCn, tr~t~va- ~de um veredito pesado, amargo, categórico, que tolhtJ ao c~mlnr qualquer chance de c r llcxf\CI, de. c perguntar. por exemplo, se essa " trnn r rJ e pcctal" nao: n.t c alr tJÚo mJt~ i arde, adqumdooutros traços. atenua- do ua' uulêncl.t publ!caçao dl! (aw-grmule & ~cn::ala, em 1933, põe abaixo dois mtto teimosos - o., ddcrminisrnos geográfico e racial, segundo os quais, unphflcat.lann:ntc. a maim ia dl: nossos males tinha suas raízes no fato de s •nno um p.tís tropical c rm:~ttço. No caso da geografia, uma condenação in.lp~la~cl. Da nu tura de raças, isto é, da innuência "negativa" principal- mente d,t população Jtcgra, ó o ''branqueamento" poderia, quem sabe, a longuís~imo pnuo, quando se completasse, redimir o Brasil. Gilberto Freire m~1stra cntao "~·r .wtktcntífica "afirmação da superioridade ou da inferiori- dade de uma raça ob1c a outra. construindo sua reflexão sobre a anteriori- daJe c plicati\'a d.t cu ltura. Afirma que a formação social brasileira se deve ,10 africano c que tndo brasileiro é racial ou culturalmente negro", diz Elide Ru •,u B.tstos E m.11,. Freire "atribui uma função social diferente da conven- wnalm~nll' .rtrihuída ao negro na formação brasileira, a partir da qualifica- Ç.tt t.lck conw coluni;:ador. isto é, dando ênfase ao papel civilizador por ele ' l' ·nta il1". Ou seja, não apenas somos racial ou culturalmente negros t:omo es ·,1 lont.liçüo nada tem de inferior. Casa-grande representa "uma \' rdadcii .1 revolução nos estudos sociais no país" não só por isso como pelo ' lutk> que faz da influência da família patriarcal na formação brasileira e pür .\;i rio nutro aspectos apontados por E lide Rugai Bastos. Nem os que lç.J ltam I ,HJtrov rtiJa tese da democracia racial, deduzida dessa e de ou- tr" obra 'l .tutor, negam o caráter revolucionário de Casa-grQI'Ide. Gil· 16 1-(liJRENÇO OI\ TI\S MOTA bcrto Freire supera as contorções e vacilações de Euclides da Cunha e po - sibilita ao bra~1h!1ro d i. ar de se lamentar por ser como é e reconcth r-se consigo mesmo. Com seu livro, o Brasil se liberta da pesada herança a que se refere Walnice Nogueira Galvão, a do "racismo aceito e aprovado pr ci- samcnte por aqueles que ele discrimina". Brasílio Sal! um Jr., logo no início de sua resenha de Raizes do Brasrl, d Sérgio Buarque de Holanda- o segundo livro da trilogia lembrada por Francts- co de Oliveira-, adverte que esse não é um livro de história, mas que "u a a matéria legada pela história para identificar as amarras que bloqueiam no pre- sente o nascimento de um futuro melhor". E tratando de um dos capítulos mais famosos e discutidos de Rafzes, o do "homem cordial", mostra que para Sérgio Buarque o indivíduo formado em um ambiente dominado pelo patriarcali mo, como é o caso do brasileiro, "dificilmente conseguirá distinguir entre o domínio privado e o domínio público". Para ele, diz Sal! um, aqui quase sempre predominou, tanto na admimstraçlo pdbhca como em outras áreas, o modelo de relações gerado na vida domésuca- a esfera dos laço a~ uvos e de parentesco. Vale sublinhar que essa concepção de patrimonialismo dtz respctto a uma forma de domlnio polftico em que agrupamentos enra1zado em grupos panrculan~tas da sociedade- a famnia e seus desdobramentos- produzem um viés na esfera púhlt ca. submelem o Estado. e o interesse geral, ao seu parllculansmo. Esse é apenas um exemplo de amarra que dificulta a transformação da sociedade. Quanto à cordialidade do brasileiro, que ainda se presta a muitas interpretações apressadas, ela é, lembra Sallum, tentattva de recon truçlo fora do ambiente famrliar, no plano societário, do mesmo Upo de sociabtlidadc da famflta patrian:al, de um Upo de soctabllidldc dependente de laços comumtários. Seriam exemplos disso algumas formas de IIDJuaacm. de xpre - slo religiosa, c: até o horror às hierarquias e a busca de inumldldc no tratamento di pcn ado à autoridade. 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UJe ttJr·\e .tqu~ l.t, constituem as duas vigasem que se funda- m nt.t ,, 1 1 d.tth.:. I m C< lllll< liww, , n\1/c/a ,. l 'oto, ao estudar um dos fenômenos mais 1111pnrt.1nt d.t pt,lill .llt .t iletr.t,Vítor Nunes Leal contraria a idéia então do- flllll.IIH • (ltm d 1 d..:~. tLI.1 de -tO) d.: qu.: o coroneli mo decorreria da pujança ' , 1.tl d l.ttt fu mho, que e sohn:pona ao próprio poder político. T!Pii\.u I .1mount.:r em ua resenha-. I OURF. ÇO DANTAS MOT 0 drsafw ~ ntral c forma políll'a no Brasil é de enhar tn•lltu capal c d n ulralttar, ou pelo mcno~ rcduztr por meto de um 1 l ma d t·ontrape m. a mOuêncta adversa do e pínto de clã Cnar um amh te h. t1 poltuca pm all\ta. pcrsonall\la c patnmomallsta do clã é ondtç 1 pr llbcrd Je, democracia c progresso Para ter ê:(I!O, a reforma polfuc • m enfraquecer u complexo de clã. não pode '1olentar a cultura e num nto mas a, raJão pela qual de\ c ser gradativa c moderada Não hâ de ~on 1 r hhcral: preu~a recorrer a uma certa coação Em 1958 c 1959 são publicados outros três livros que trazem no o importantes elementos para a compreensão do Brasil. O primeiro, de 1958. é Os donos do poder, no qual Raymundo Faoro aprofunda a análi e do patrimoniahsmo português e brasileiro c inova com a aplicação a no a r 11- dade htstôrica.: política do conceito de cstamento de Max Wcber. dtferente do de class.: - "os estamentos governam, as classes negociam". E plica Laura de Mello c Souza. expondo o pensamento do autor, que "o e lamento é uptco das sociedades em que a economia não é totalmente dominada pelo merc do, como a feudal e, no caso português, a patrimonial. Contudo. encontra- e t m- bém, de forma residual, nas sociedades capitalistas. Representa um freio n- servador, voltado para si mesmo e preocupado em assegurar a ba e do pod r" Daí a conclusão: De D Joll.o I a Getdho Vargas, numa &agem de sets cuJos uma e trutu soc1al r ~1stm a todas as transfonnações fundamentais aos des.:lio ma1 pr travcs"a do oceano largo Durante todo esse tempo, o patnmon ah mo mdllle\ . os olhos voltados para a especulaçilo, o lucro, a a entura pnnc p t rí ltca do Estado patnmomal fot a predonunlncia do quadro adnum t 1 loco upcnor d pod r: o estamento evolu1u de an toclitico para b dando- !>C às mudanças sem alterar as estruturas. O patnmon1 1 pó!' sando de pe soai para e tatal, amoldando- u transformaç mudanças sa compauhJluladc entre capital mo mode1110equadro trlll(liCIIOil:al c un•o~ das chaves para a compre nslo do fen&neno bislórico pcc r Scanned by CamScanner r L TRODl (AO , 01101 wnam 1110 4u,·, nmfcrc wltHliJ, de cumpm o papel de ~1mples f orne- ' dor.l de rnodulll' 1 rop 1 1 ~ 1' para o mcrc .ulos europeus, va1 a seu \er tran~cender a In t~nlla pohuc.l do 1 ~!ad• • , h'nlullsla português para idenllflcar-sc com a própna 11J, da ,1 •nl.ldc wlom.d c l'lllulnlinUidaJc da soucdade nac•onal, o que exphcana a '"' ,1 d 110 11, 1 m nw d poiS de promu' 1Ja a independência em 1822, permane- c 11011 1 \llllll IJillhl tO!nmal, que nm lllil'fl!lllla c nos Wll\lrange nas lentaliVas de rompm1 nlu 11ua ·<tU f.ll.llm lll' lblinada~ ao fra.:asso pela própna Óliea que o )u.mto 1 oc1 d.tdc org.mizad.t, diz Amaral Lapa, "o autor privilegia o r.llld.: Jnnmuo, on !c'.: c ·ntr.to ela d.t família patriarcal. Esse tipo de família. , 0111 o · 1 ah1 111 ntc pt,dcr,..: m.tis a Igreja em patamar menos proeminente, pot · t.1 puJc . UJe ttJr·\e .tqu~ l.t, constituem as duas vigas em que se funda- m nt.t ,, 1 1 d.tth.:. I m C< lllll< liww, , n\1/c/a ,. l 'oto, ao estudar um dos fenômenos mais 1111pnrt.1nt d.t pt,lill .llt .t iletr.t,Vítor Nunes Leal contraria a idéia então do- flllll.IIH • (ltm d 1 d..:~. tLI.1 de -tO) d.: qu.: o coroneli mo decorreria da pujança ' , 1.tl d l.ttt fu mho, que e sohn:pona ao próprio poder político. T!Pii\.u I .1mount.:r em ua resenha-. I OURF. ÇO DANTAS MOT 0 drsafw ~ ntral c forma políll'a no Brasil é de enhar tn•lltu capal c d n ulralttar, ou pelo mcno~ rcduztr por meto de um 1 l ma d t·ontrape m. a mOuêncta adversa do e pínto de clã Cnar um amh te h. t1 poltuca pm all\ta. pcrsonall\la c patnmomallsta do clã é ondtç 1 pr llbcrd Je, democracia c progresso Para ter ê:(I!O, a reforma polfuc • m enfraquecer u complexo de clã. não pode '1olentar a cultura e num nto mas a, raJão pela qual de\ c ser gradativa c moderada Não hâ de ~on 1 r hhcral: preu~a recorrer a uma certa coação Em 1958 c 1959 são publicados outros três livros que trazem no o importantes elementos para a compreensão do Brasil. O primeiro, de 1958. é Os donos do poder, no qual Raymundo Faoro aprofunda a análi e do patrimoniahsmo português e brasileiro c inova com a aplicação a no a r 11- dade htstôrica.: política do conceito de cstamento de Max Wcber. dtferente do de class.: - "os estamentos governam, as classes negociam". E plica Laura de Mello c Souza. expondo o pensamento do autor, que "o e lamento é uptco das sociedades em que a economia não é totalmente dominada pelo merc do, como a feudal e, no caso português, a patrimonial. Contudo. encontra- e t m- bém, de forma residual, nas sociedades capitalistas. Representa um freio n- servador, voltado para si mesmo e preocupado em assegurar a ba e do pod r" Daí a conclusão: De D Joll.o I a Getdho Vargas, numa &agem de sets cuJos uma e trutu soc1al r ~1stm a todas as transfonnações fundamentais aos des.:lio ma1 pr travcs"a do oceano largo Durante todo esse tempo, o patnmon ah mo mdllle\ . os olhos voltados para a especulaçilo, o lucro, a a entura pnnc p t rí ltca do Estado patnmomal fot a predonunlncia do quadro adnum t 1 loco upcnor d pod r: o estamento evolu1u de an toclitico para b dando- !>C às mudanças sem alterar as estruturas. O patnmon1 1 pó!' sando de pe soai para e tatal, amoldando- u transformaç mudanças sa compauhJluladc entre capital mo mode1110equadro trlll(liCIIOil:al c un•o~ das chaves para a compre nslo do fen&neno bislórico pcc r Scanned by CamScanner . Vll como " conomia 11.1 h1ti1IUI,tl,• ·" o tn cno h fll, fotiii<~Çcio ela lacratura brasilt'ira - Momelltos deci- '" t''• d,·, nl• nitll'.mdithl,ltllllou- c logo um clás ico. elemento indi pensável .1 , t>lllpr,· n ;1•, 1lo k nonwno que ·studa. Ele "não con titui a pena um livro ,,hr ·o~ lll<ltm·ntn luntl.lmcnl .lisda f,mna ãode no a literatura, noarcadismo ·no m111.11111smo". \r.·gundo lk•njamin Abdala Junior. "É obretudo uma fixa- ~ml, ,111 •1\l\ d.1 li h.! I .ttura . do. tr.tço~ marcantes de como nos imaginávamos no monwnl•, de no"·' Jfmnaçao como nação politicamente independente." A inl\'11\·1" h1 .wtnr, ~~· ·undo de mesmo diz. é "c tudar a formação da literatura bt.tsik 11.1 Ullllll sint '\c r.k l l' tHl ~ nc tas uni ver alistas c particularistas", procu- t.mdotnnsll ,11 "o jn{!o de sas forç.1 .uni-.crsal c nacional, técnica e emocional, JUl' ,1 pla ~m.u;~mcnmn p 'J mancntc mi stur.t d.1 tradição européia e das desco- lx·n.t. d11 Br.tsll". E\plic.t Benjamin Abdala Junior que J.lf·'·' ••mpt~•n ,\lHk sal<>ttnaç~o~nccc âno,!>Cgundooautor,dlstinguirmanifts- r,,1 c' /ao ,,11 d•llfr'tntwtpr<•priJmcnlc dua I .. ) AntomoCandidonloconsidera lan 111trr1. 111.1 mrtlll}t llriÇril'l lu, r.u w1, produ\Oes anteriore . Faltana a elas esse l".\1 lrr 1 t•nmn tlllfrltt'l,l'.ll rl<'rllandoJC\tSI netadeumavidahtcliria;pdbl/cos, p rmu1nlln u,, ,, .. ·la\ ao, c rrud,~,w. r 1t.1 dar lOnllnutdade ao repenóno litelirio. ,\ """"/1 ''''li'< 1 /Hrl<lll•l.l fl11oll<'ll1 us produçt c do século XVI at~ meados do \ ' lll ~lu 'llllu.llH.t~ llt'll.t w cnnt1gura na sc:~unda metade do ~cuJo XVIII. ga· IX , quando o ~islema se consolida. propictando um t.lllltd.td • hl<'ra• 1.1 r,· •ul;u Complct.un o quadro dois li\'ros- Conciliaçtio e refonna no Brasil, de Jo ~ l hllll'tlll Rtldrigu~~. c A n• t·oluçcio burgtusa no Bra i/, de Florestan r 111.111 l l 11) • U.l h:~.:nha. lbcrto da Costa c Silva observa:J ~ H nôno R•>Jnp1 ., rc unuu nos escnto que compõem Conc:lliaçcfo t rtforma r /)ra' 't' qtk tT\lu:>.c dc ·ua~ c~a1ações no passado e procurou re elar-nos-edaf n n"aJ ·,t l11ro -n~··gredod ·orno fi z mosccontinuamosafazcranossa ,h 1 c p.tr.to:nt ·nJ~r· no - screve ele -é ac:onclliaçio. Mas biconciliaçlo 20 I OI RE ÇO D NTAS MOTA Papel d • i h o po itivo foi o das "m iori s qu indtgcnas. o negro ali\o"o mesti osdetod as ores'. ção efetuada no s iodo po o d vemos o ter o Brasil. d d do dei ado de er 'uma caricatura de Portugal' no. trópico , e pos uir um sub trato novo". Já no seio da elites a concilinçlio mvcnlivn c fecunda cria rara em no a hi lóna.\. I A oonc•haçikl pela mércia scmpr~ empumnt para o futuro o grandes prohlem nacional~ S o~ enfren tamos. temerosos c prudenles. quando nllo hâ mais jCito de ev11 ·lo C001 llTande atra~o. portanto, c. em geral, com soluções e remt!dto quej4perderam a lic ll8 o se huscn a concórdia pelo rc peito à d1verstdnde das id~ias e pela a ellaç o de que governe um partido e de que os outros del discordem. O que se procura é d1lutr ou, se possfvcl, anular o disscnso. Em A revolução burguesa 110 Brasil - livro comple o, mai que todos os demais aqui apresentados, preso ao rigor da linguagem acadêmica , Flore tan Fernandes sustenta, como explica Gabriel Cohn, que numa sociedade capitalista dependente como a brasileira verifi n·se "uma forte dissociação pmgmdlica entre desenvolvimento capitalista e democracia, ou uma forte associação racional entre desenvolvimento cnpitali ta au1ocrac1a". Em uma. o regime compalfvel com a natureza peculiar da revoluçllo burgue a no Bra 11 tru o timbre de uma classe dommante que, nllo obstanl e tar in cnla hi toncamenle num rroces o de transfonnaçllo da sociedade, não supona a polarizaçlo (e portanto tam bém o conflito de classes) e, sob presslo, recua para a acomodaçlo econômica e stX.tal e para o despotismo polftlco. E conclui mais udiant Gabriel Cohn: O que Florestan nos d1z é que, deixada a burauesla numa SOCiedade como a bm ·tletra Mlha c à sua própria orte, ua revoluçlo, aquela que lava a confonnar a sociedade l'l Ull Imagem e semelhança. nlo tem como ser de~ a mu sempre estarli sob o encanto da oluçlio autocrática. Portanto, n1o revoluçlo bWJueaa e mu1to meno revoluçlo democr4tux>-burguesa, mu revolu;lo lllltOCdlic:o-bw'&uesa. Enio avanço autônomo e progressivo das clasaea btJrauaw.. mu ace1tt*Çio num a rçwto fechado. qu.e ex1ge outras forças históricas para 10 lbJk, Bste conjunto de obma mostra coartlltll vjiiMi·.e história. Levanta as graadeapeqifli!• .f!- l• · que lhes demo& - SQl.a o.-;••-'~•l• ~killo o& obstfoulos que ••ltt Qlll4\'j_.l,táj·~·-~ Scanned by CamScanner . Vll como " conomia 11.1 h1ti1IUI,tl,• ·" o tn cno h fll, fotiii<~Çcio ela lacratura brasilt'ira - Momelltos deci- '" t''• d,·, nl• nitll'.mdithl,ltllllou- c logo um clás ico. elemento indi pensável .1 , t>lllpr,· n ;1•, 1lo k nonwno que ·studa. Ele "não con titui a pena um livro ,,hr ·o~ lll<ltm·ntn luntl.lmcnl .lisda f,mna ãode no a literatura, noarcadismo ·no m111.11111smo". \r.·gundo lk•njamin Abdala Junior. "É obretudo uma fixa- ~ml, ,111 •1\l\ d.1 li h.! I .ttura . do. tr.tço~ marcantes de como nos imaginávamos no monwnl•, de no"·' Jfmnaçao como nação politicamente independente." A inl\'11\·1" h1 .wtnr, ~~· ·undo de mesmo diz. é "c tudar a formação da literatura bt.tsik 11.1 Ullllll sint '\c r.k l l' tHl ~ nc tas uni ver alistas c particularistas", procu- t.mdotnnsll ,11 "o jn{!o de sas forç.1 .uni-.crsal c nacional, técnica e emocional, JUl' ,1 pla ~m.u;~mcnmn p 'J mancntc mi stur.t d.1 tradição européia e das desco- lx·n.t. d11 Br.tsll". E\plic.t Benjamin Abdala Junior que J.lf·'·' ••mpt~•n ,\lHk sal<>ttnaç~o~nccc âno,!>Cgundooautor,dlstinguirmanifts- r,,1 c' /ao ,,11 d•llfr'tntwtpr<•priJmcnlc dua I .. ) AntomoCandidonloconsidera lan 111trr1. 111.1 mrtlll}t llriÇril'l lu, r.u w1, produ\Oes anteriore . Faltana a elas esse l".\1 lrr 1 t•nmn tlllfrltt'l,l'.ll rl<'rllandoJC\tSI netadeumavidahtcliria;pdbl/cos, p rmu1nlln u,, ,, .. ·la\ ao, c rrud,~,w. r 1t.1 dar lOnllnutdade ao repenóno litelirio. ,\ """"/1 ''''li'< 1 /Hrl<lll•l.l fl11oll<'ll1 us produçt c do século XVI at~ meados do \ ' lll ~lu 'llllu.llH.t~ llt'll.t w cnnt1gura na sc:~unda metade do ~cuJo XVIII. ga· IX , quando o ~islema se consolida. propictando um t.lllltd.td • hl<'ra• 1.1 r,· •ul;u Complct.un o quadro dois li\'ros- Conciliaçtio e refonna no Brasil, de Jo ~ l hllll'tlll Rtldrigu~~. c A n• t·oluçcio burgtusa no Bra i/, de Florestan r 111.111 l l 11) • U.l h:~.:nha. lbcrto da Costa c Silva observa: J ~ H nôno R•>Jnp1 ., rc unuu nos escnto que compõem Conc:lliaçcfo t rtforma r /)ra' 't' qtk tT\lu:>.c dc ·ua~ c~a1ações no passado e procurou re elar-nos-edaf n n"aJ ·,t l11ro -n~··gredod ·orno fi z mosccontinuamosafazcranossa ,h 1 c p.tr.to:nt ·nJ~r· no - screve ele -é ac:onclliaçio. Mas biconciliaçlo 20 I OI RE ÇO D NTAS MOTA Papel d • i h o po itivo foi o das "m iori s qu indtgcnas. o negro ali\o"o mesti osdetod as ores'. ção efetuada no s iodo po o d vemos o ter o Brasil. d d do dei ado de er 'uma caricatura de Portugal' no. trópico , e pos uir um sub trato novo". Já no seio da elites a concilinçlio mvcnlivn c fecunda cria rara em no a hi lóna.\. I A oonc•haçikl pela mércia scmpr~ empumnt para o futuro o grandes prohlem nacional~ S o~ enfren tamos. temerosos c prudenles. quando nllo hâ mais jCito de ev11 ·lo C001 llTande atra~o. portanto, c. em geral, com soluções e remt!dto quej4perderam a lic ll8 o se huscn a concórdia pelo rc peito à d1verstdnde das id~ias e pela a ellaç o de que governe um partido e de que os outros del discordem. O que se procura é d1lutr ou, se possfvcl, anular o disscnso. Em A revolução burguesa 110 Brasil - livro comple o, mai que todos os demais aqui apresentados, preso ao rigor da linguagem acadêmica , Flore tan Fernandes sustenta, como explica Gabriel Cohn, que numa sociedade capitalista dependente como a brasileira verifi n·se "uma forte dissociação pmgmdlica entre desenvolvimento capitalista e democracia, ou uma forte associação racional entre desenvolvimento cnpitali ta au1ocrac1a". Em uma. o regime compalfvel com a natureza peculiar da revoluçllo burgue a no Bra 11 tru o timbre de uma classe dommante que, nllo obstanl e tar in cnla hi toncamenle num rroces o de transfonnaçllo da sociedade, não supona a polarizaçlo (e portanto tam bém o conflito de classes) e, sob presslo, recua para a acomodaçlo econômica e stX.tal e para o despotismo polftlco. E conclui mais udiant Gabriel Cohn: O que Florestan nos d1z é que, deixada a burauesla numa SOCiedade como a bm ·tletra Mlha c à sua própria orte, ua revoluçlo, aquela que lava a confonnar a sociedade l'l Ull Imagem e semelhança. nlo tem como ser de~ a mu sempre estarli sob o encanto da oluçlio autocrática. Portanto, n1o revoluçlo bWJueaa e mu1to meno revoluçlo democr4tux>-burguesa, mu revolu;lo lllltOCdlic:o-bw'&uesa. Enio avanço autônomo e progressivo das clasaea btJrauaw.. mu ace1tt*Çio num a rçwto fechado. qu.e ex1ge outras forças históricas para 10 lbJk, Bste conjunto de obma mostra coartlltll vjiiMi·.e história. Levanta as graadeapeqifli!• .f!- l• · que lhes demo& - SQl.a o.-;••-'~•l• ~killo o& obstfoulos que ••ltt Qlll4\'j_.l,táj·~·-~ Scanned by CamScanner l~TRODU~· \0 ('onjunt(· que não se pretende completo. que tem, como foi dito acima, os ddeitos inevitáveis de qualquer seleção. Insistir em evi tá-los só redundaria em dcbatcs infind{ivl.!is 1.! tornaria inviável o projeto. A solução encontrada foi dei- xar para um segundo volume o preenchimento das lacunas do primeiro. Nunca é dt:rnai5 in ·istir que este livro é apenas aquilo que diz seu título- uma introdu- ção. para ~rvir de estímulo ao contato com os textosoriginais. Ele não pode t.:r c não tem nenhuma outra ambição além dessa. Leitores que porventura p ·nsarcrn o contrário cometerão um grave erro. Nada pode substituir, para a plena compr..:cnsão desses livros. o contato íntimo com o desenvolvimento e a trama da Jrgumentação de seus autores, sua complexidade e riqueza de su- gestão, que ~ão insuscetíveis de resumo. Isso é ainda mais verdadeiro no caso de li\ 10~ como Serm6es, Casa-grande & senzala c Os sertões - para citar apenas três e)(emplos -,que são obras-primas literárias. Atente-se para o que dzl Amaral Lapa a certa altura de seu trabalho sobre Fomzação do Brasil ('(J/1/cmporfmt'o .. Sente-se aí o caráter seminal deste livro, cujas colocações muitas vezes breves. ponteadas como resultado conclusivo, só possível depois de longa pcsqui a e reflexão e de extraordinária capacidade de leitura, provo- caram te es comprobatórias , extensas e intensas, de repercussão, cuja nas- culle ját 11111/lll.\ re:::e1 um ou dois parágrafos redigidos por Caio Prado Júnior"( grifo meu). Um ou dois parágrafos que não constam de resenhas e, se constas em. perderiam seu poder de sugestão fora do contexto. Resenhas são um onviLe e uma útil introdução à leitura, não são a leitura. 22 pADRE ANTóNIO VIEIRA Sermões João Adolfo Hansen Scanned by CamScanner l~TRODU~· \0 ('onjunt(· que não se pretende completo. que tem, como foi dito acima, os ddeitos inevitáveis de qualquer seleção. Insistir em evi tá-los só redundaria em dcbatcs infind{ivl.!is 1.! tornaria inviável o projeto. A solução encontrada foi dei- xar para um segundo volume o preenchimento das lacunas do primeiro. Nunca é dt:rnai5 in ·istir que este livro é apenas aquilo que diz seu título- uma introdu- ção. para ~rvir de estímulo ao contato com os textos originais. Ele não pode t.:r c não tem nenhuma outra ambição além dessa. Leitores que porventura p ·nsarcrn o contrário cometerão um grave erro. Nada pode substituir, para a plena compr..:cnsão desses livros. o contato íntimo com o desenvolvimento e a trama da Jrgumentação de seus autores, sua complexidade e riqueza de su- gestão, que ~ão insuscetíveis de resumo. Isso é ainda mais verdadeiro no caso de li\ 10~ como Serm6es, Casa-grande & senzala c Os sertões - para citar apenas três e)(emplos -,que são obras-primas literárias. Atente-se para o que dzl Amaral Lapa a certa altura de seu trabalho sobre Fomzação do Brasil ('(J/1/cmporfmt'o .. Sente-se aí o caráter seminal deste livro, cujas colocações muitas vezes breves. ponteadas como resultado conclusivo, só possível depois de longa pcsqui a e reflexão e de extraordinária capacidade de leitura, provo- caram te es comprobatórias , extensas e intensas, de repercussão, cuja nas- culle ját 11111/lll.\ re:::e1 um ou dois parágrafos redigidos por Caio Prado Júnior"( grifo meu). Um ou dois parágrafos que não constam de resenhas e, se constas em. perderiam seu poder de sugestão fora do contexto. Resenhas são um onviLe e uma útil introdução à leitura, não são a leitura. 22 pADRE ANTóNIO VIEIRA Sermões João Adolfo Hansen Scanned by CamScanner Entre 1624, quando escreveu a Carta !mUil em que relata a im.aÇo holandesa da Bahia. e 1697, quando morreu em Salvador. deixando i na h do o manuscrito de um texto profético. Clavis prophetarum. o jesuíta Antômo Vieira produziu a obra espantosa que faz dele um dos autores maiores do século XVII. A finalidade de toda ela é promover a integração harmoniosa do indivíduos. estamentos e ordens do império português, desde os prfncipe da casa real e cortesãos aristocratas até os mais humildes escra\OS e índios bra- vos do mato, visando a sua redenção coletiva como um "corpo místíco" unifi- cado. Ao sacramentar Portugal como nação eleita para estabelecer o Império de Deus na Terra, o retorno do Messias, Vieira sacraliza a dinastia dos Bragança, estabelecendo ponderações agudas e misteriosas entre o ritual ca- tólico e a monarquia absoluta definida como instrumento da divindade. Em seu projeto salvífico, o papel do Novo Mundo é essencial. Para tratar de representações dele em sua obra, primeiramente é preciso lembrar que, em seu tempo, "Brasil" nomeava o Estado do Brasil, um terrítóno correspondente à Bahia e às capitanias sob a jurisdição do governador-geral sediado em Salvador. O Estado do Brasil formava então o domínio colonial português na América, juntamente com o Estado do Maranhão e Grão-Pará. Este último, criado por um decreto real em 13 de junho de 1621, correspondia aproximadamente ao território dos atuais estados do Ceará, Piauí. Maranhão. Pará e partes de Tocantins e Amazonas. Ambos os estados. Brasil e Maranhão e Grão-Pará. transcendem os limites político-administrativos regionais e me- tropolitanos, pois são regiões por assim dizer "espirituais", concebidas por Victra como o espaço-tempo de uma práxis sociaP fundamentada na metafísica c ris· Em segundo I ugar, como é necessário falar da sua biografia, pois a concep- %iO jesuítica de ação não dissocia "vida" e "obra", é preciso dizer que, no caso, o "eu" de Vieira não é uma categoria psk:ológica, ma uma posição l:bit~rárqui,ca ("jesuíta", "chefe de missão", "réu da Inquisição", "diplomata", ~)llSielhc:iro do rei", "orador da Capela Real", etc.) preenchida por repre en- que são partes do todo social objetivo. Por isso. em &ercciro lugar, é especificar a natureza e J t\u1çio da a obra ap seu tempo. Ele seus sermões do "cho~" wmparava aos "palácios" Scanned by CamScanner Entre 1624, quando escreveu a Carta !mUil em que relata a im.aÇo holandesa da Bahia. e 1697, quando morreu em Salvador. deixando i na h do o manuscrito de um texto profético. Clavis prophetarum. o jesuíta Antômo Vieira produziu a obra espantosa que faz dele um dos autores maiores do século XVII. A finalidade de toda ela é promover a integração harmoniosa do indivíduos. estamentos e ordens do império português, desde os prfncipe da casa real e cortesãos aristocratas até os mais humildes escra\OS e índios bra- vos do mato, visando a sua redenção coletiva como um "corpo místíco" unifi- cado. Ao sacramentar Portugal como nação eleita para estabelecer o Império de Deus na Terra, o retorno do Messias, Vieira sacraliza a dinastia dos Bragança, estabelecendo ponderações agudas e misteriosas entre o ritual ca- tólico e a monarquia absoluta definida como instrumento da divindade. Em seu projeto salvífico, o papel do Novo Mundo é essencial. Para tratar de representações dele em sua obra, primeiramente é preciso lembrar que, em seu tempo, "Brasil" nomeava o Estado do Brasil, um terrítóno correspondente à Bahia e às capitanias sob a jurisdição do governador-geral sediado em Salvador. O Estado do Brasil formava então o domínio colonial português na América, juntamente com o Estado do Maranhão e Grão-Pará. Este último, criado por um decreto real em 13 de junho de 1621, correspondia aproximadamente ao território dos atuais estados do Ceará, Piauí. Maranhão. Pará e partes de Tocantins e Amazonas. Ambos os estados. Brasil e Maranhão e Grão-Pará. transcendem os limites político-administrativos regionais e me- tropolitanos, pois são regiões por assim dizer "espirituais", concebidas por Victra como o espaço-tempo de uma práxis sociaP fundamentada na metafísica c ris· Em segundo I ugar, como é necessário falar da sua biografia, pois a concep- %iO jesuítica de ação não dissocia "vida" e "obra", é preciso dizer que, no caso, o "eu" de Vieira não é uma categoria psk:ológica, ma uma posição l:bit~rárqui,ca ("jesuíta", "chefe de missão", "réu da Inquisição", "diplomata", ~)llSielhc:iro do rei", "orador da Capela Real", etc.) preenchida por repre en- que são partes do todo social objetivo. Por isso. em &ercciro lugar, é especificar a natureza e J t\u1çio da a obra ap seu tempo. Ele seus sermões do "cho~" wmparava aos "palácios"Scanned by CamScanner de suas obras proféticas. I Ioje. estas são praticamente ilegíveis e valorizamos o~ sermões, ainda que por rnões quase sempre apenas estéticas, de modo ba~tantc diverso do seu, po1s os entendia C>lmo instrumentos salvíficos imedia- tamente praticos. No prólogo da edição dos Sermões. de 1677, escreveu que, ~em a voz que os tinha animado no púlpito, ainda ressuscitados eram cadáve- res. IJoje, só os conhecemos "ressuscitados" como textos escritos. Na leitura, não mais ex1stc a acuo ou a dramatização deles pela voz e pelo corpo do padrc. Mas é essa primitiva natureza oral que especifica historicamente a prá- tica de Vieira como "solução" católica para a questão do contato do fiel com Deus I m 1517. em uma das teses de Wittenbcrg, Martinho Lutero afirmou que ba.~la ao fiel ter uma Bíblia c lê-la individualmente, em silêncio, para pôr-se em contato com Deus. A tese lutcrana da sola scriprura, "apenas a Escritura", pressupoc <l possl: da Ríhlirt e a alfabetização dos fiéis. Ela toma evidentemente desm·cess.iria a mediação do clero c dos ritos visíveis da Igreja. Na sessão de 8 dt ahnf de I 5 J(, do ( "onc ílio de Trcnto. n:unido para combater a Reforma protes- tante, teólogos Jesuítas c dominicanos declararam a tese da sola scriptura heré- tica, ddin1ndo c delimitando a traditio, a ''tradição" (ritos, cerimônias, magistério, nini\t(llo t' poverno) c o~ textos canúnicos da Igreja. Logo depois, em 17 de r• nho, determinaram il ohri~ra toricdadc de pregar a verdade revelada a toda cria- turt~, 'vi .mdo "tudo que é necessário para a salvação". Nos países católicos, a p<K c pa1 tit•llar da !Jíhltr1 c a sua leitura individual foram proibidas. A Igreja rcconfmnou a nt:cessidadc do~ ritos vbívcis c da cspctacularização dos sacra- l!ltlllo . unpondo" audlç<m coletiva d:t pregação. Contra Lutero, o interior dos tciiiJllm tornou •,c tllil c\pa~o tiL' luxo c pompa, envolvendo os sentidos dos fiéis ~.:om ,1 p10fus.m d~: 1111 ~t·ns, mthicas, perfumes, pregações. O púlpito passou a ocupar urna po~içao elevada, significando a autoridade do pregador sobre a audiéntla Rl.'novou ~c o calendário Jittí1gico c novas festa5 e novos santos pus- aram a· er u~khradlls. J·m Portugal c no Brasil, a Companhia de Jesus, recém- lundíllfa cn1 J 'i 10, le\IXlllsahi li;ou··Sc pelo l'nsino da cloqtlência sacra em seus rolé)'ill~ adotando to mo d11u trina c exemplo as ohras retóricas de Aristóteles. 1 )ulnttli.lflo, < 'ícL 1 o, Sên<'La e mais autmes latinos c medievais. Na dcwJtio mo- d, 111o c,u • dt·\oç.to n1~)duna" da Companhia, a pregação foi definida como llll r\ 11~.1<, t fct1va na vida pdtica dos ti~is. Como o termo latino \t'llllfl indica, o sem1ãoé uma fala; noca o jesuítico, um.~ t.d.t lh.tm.lll;ad.t pdo p1"l'gador para a audição e a visão de um público qu do v~ ~l·r per .uadido da v ·rdadc c v;~Jidadc universal da doutrina I> modo .ti, o ~~.:1m~o . acro jc!>uítico tem &eis part s -exórdio, J0..\0 ADOLFO HANSE."i ção, divisiio. confinnaçüo, peroração c epflogo - cuja teoria não é po. sí- vel fazer aqui. Os de Vieira repartem-se pelos três grandes gêneros omtórios da retórica aristotélica: deliberativos, propõem a decisão sobre algo futuro; judiciais, julgam personagens ou eventos passados; epidítiws. celebram (ou atacam) personagens e ações no presente. Em todos os gêneros. Vil:ira sem- pre transmite um conteúdo doutrinário dogmático, letrado, culto c erudito, para ouvintes muitas vezes iletrados e incultos, como colonos, índios, negros. mamelucos e mulatos do Brasil e do Maranhão c Grão-Pará. Ele torna o con- teúdo dogmático não só compreensível, adaptando-o ao auditório, mas princi- palmente eficaz, traduzindo os dogmas em uma argumentação capaz de ensinar. agradar e comover os ouvintes. Seu sermão é simultaneamente didático. teoló- gico c político. Segue a lição de Marciano Capela, estabelecendo relações entre o tema, o assunto dogmático ou canônico interno ao discurso. e o consilium. a intenção exterior dele. Como lembrou Margarida Vieira Mendes, na oratória sagrada do século X VIl o tema era totalmente imposto pelo calendário litúrgico e pela obrigação de tratar textos bíblicos prévios, com conteúdos religiosos específicos.2 Quase invariavelmente, Vieira conduz os temas para as questões políticas e econômicas que mais lhe interessam, conforme o ccmsiliwn. Evi- dentemente, tem de tratar dos assuntos circunstanciais subordinando-o~ aos discursos dogmáticos impostos como tema. O que faz por meio de conceitos predicáveis e concordâncias. O conceito predicável é um texto- palavra ou sentença -extraído do Velho ou do Novo testamemo comentado pelo orador. No século XVH, era costume usar caderninhos para colecionar conceitos predicáveis específicos das várias datas litúrgicas e adaptá-los com sentido profético às circuu tância~ da pregação. A adaptação, chamada de concordância, consistia em dcmons trar semelhanças proféticas entre o sentido da vida de homens c acontccnneu- tos da Bfblia c o sentido da vida de homens e eventos do presente. A semelhança era interpretada como presença providencial de Deu orientando uns e outros no passado e no presente. Por exemplo, no "Sermão pelo hc m . uc~ ~o da armas de Portugal contra as de Holanda", pregado em maio ou junho d l 640, ~ f)tlacrva-:se a semelhança entre Moiaés. guiando os hebreus em fuga do Egrto. próprio Vieira, pregando aos católicos da Bahia. Ou entr Vieira pedmdo a que auxilie os portugu~ o o Jti O.v.i. nnplorando a Jeová que •enha $OCorro dos hebreus. A 6 .saH!ocida por uma proporção Scanned by CamScanner de suas obras proféticas. I Ioje. estas são praticamente ilegíveis e valorizamos o~ sermões, ainda que por rnões quase sempre apenas estéticas, de modo ba~tantc diverso do seu, po1s os entendia C>lmo instrumentos salvíficos imedia- tamente praticos. No prólogo da edição dos Sermões. de 1677, escreveu que, ~em a voz que os tinha animado no púlpito, ainda ressuscitados eram cadáve- res. IJoje, só os conhecemos "ressuscitados" como textos escritos. Na leitura, não mais ex1stc a acuo ou a dramatização deles pela voz e pelo corpo do padrc. Mas é essa primitiva natureza oral que especifica historicamente a prá- tica de Vieira como "solução" católica para a questão do contato do fiel com Deus I m 1517. em uma das teses de Wittenbcrg, Martinho Lutero afirmou que ba.~la ao fiel ter uma Bíblia c lê-la individualmente, em silêncio, para pôr-se em contato com Deus. A tese lutcrana da sola scriprura, "apenas a Escritura", pressupoc <l possl: da Ríhlirt e a alfabetização dos fiéis. Ela toma evidentemente desm·cess.iria a mediação do clero c dos ritos visíveis da Igreja. Na sessão de 8 dt ahnf de I 5 J(, do ( "onc ílio de Trcnto. n:unido para combater a Reforma protes- tante, teólogos Jesuítas c dominicanos declararam a tese da sola scriptura heré- tica, ddin1ndo c delimitando a traditio, a ''tradição" (ritos, cerimônias, magistério, nini\t(llo t' poverno) c o~ textos canúnicos da Igreja. Logo depois, em 17 de r• nho, determinaram il ohri~ra toricdadc de pregar a verdade revelada a toda cria- turt~, 'vi .mdo "tudo que é necessário para a salvação". Nos países católicos, a p<K c pa1 tit•llar da !Jíhltr1 c a sua leitura individual foram proibidas. A Igreja rcconfmnou a nt:cessidadc do~ ritos vbívcis c da cspctacularização dos sacra- l!ltlllo . unpondo" audlç<m coletiva d:t pregação. Contra Lutero, o interior dos tciiiJllm tornou •,c tllil c\pa~o tiL' luxo c pompa, envolvendo os sentidos dos fiéis ~.:om ,1 p10fus.m d~: 1111 ~t·ns, mthicas, perfumes, pregações. O púlpito passou a ocupar urna po~içao elevada, significando a autoridade do pregador sobre a audiéntla Rl.'novou ~c o calendário Jittí1gico c novas festa5 e novos santos pus- aram a· er u~khradlls. J·m Portugal c no Brasil, a Companhia de Jesus, recém- lundíllfa cn1 J 'i 10, le\IXlllsahi li;ou··Sc pelol'nsino da cloqtlência sacra em seus rolé)'ill~ adotando to mo d11u trina c exemplo as ohras retóricas de Aristóteles. 1 )ulnttli.lflo, < 'ícL 1 o, Sên<'La e mais autmes latinos c medievais. Na dcwJtio mo- d, 111o c,u • dt·\oç.to n1~)duna" da Companhia, a pregação foi definida como llll r\ 11~.1<, t fct1va na vida pdtica dos ti~is. Como o termo latino \t'llllfl indica, o sem1ãoé uma fala; noca o jesuítico, um.~ t.d.t lh.tm.lll;ad.t pdo p1"l'gador para a audição e a visão de um público qu do v~ ~l·r per .uadido da v ·rdadc c v;~Jidadc universal da doutrina I> modo .ti, o ~~.:1m~o . acro jc!>uítico tem &eis part s -exórdio, J0..\0 ADOLFO HANSE."i ção, divisiio. confinnaçüo, peroração c epflogo - cuja teoria não é po. sí- vel fazer aqui. Os de Vieira repartem-se pelos três grandes gêneros omtórios da retórica aristotélica: deliberativos, propõem a decisão sobre algo futuro; judiciais, julgam personagens ou eventos passados; epidítiws. celebram (ou atacam) personagens e ações no presente. Em todos os gêneros. Vil:ira sem- pre transmite um conteúdo doutrinário dogmático, letrado, culto c erudito, para ouvintes muitas vezes iletrados e incultos, como colonos, índios, negros. mamelucos e mulatos do Brasil e do Maranhão c Grão-Pará. Ele torna o con- teúdo dogmático não só compreensível, adaptando-o ao auditório, mas princi- palmente eficaz, traduzindo os dogmas em uma argumentação capaz de ensinar. agradar e comover os ouvintes. Seu sermão é simultaneamente didático. teoló- gico c político. Segue a lição de Marciano Capela, estabelecendo relações entre o tema, o assunto dogmático ou canônico interno ao discurso. e o consilium. a intenção exterior dele. Como lembrou Margarida Vieira Mendes, na oratória sagrada do século X VIl o tema era totalmente imposto pelo calendário litúrgico e pela obrigação de tratar textos bíblicos prévios, com conteúdos religiosos específicos.2 Quase invariavelmente, Vieira conduz os temas para as questões políticas e econômicas que mais lhe interessam, conforme o ccmsiliwn. Evi- dentemente, tem de tratar dos assuntos circunstanciais subordinando-o~ aos discursos dogmáticos impostos como tema. O que faz por meio de conceitos predicáveis e concordâncias. O conceito predicável é um texto- palavra ou sentença -extraído do Velho ou do Novo testamemo comentado pelo orador. No século XVH, era costume usar caderninhos para colecionar conceitos predicáveis específicos das várias datas litúrgicas e adaptá-los com sentido profético às circuu tância~ da pregação. A adaptação, chamada de concordância, consistia em dcmons trar semelhanças proféticas entre o sentido da vida de homens c acontccnneu- tos da Bfblia c o sentido da vida de homens e eventos do presente. A semelhança era interpretada como presença providencial de Deu orientando uns e outros no passado e no presente. Por exemplo, no "Sermão pelo hc m . uc~ ~o da armas de Portugal contra as de Holanda", pregado em maio ou junho d l 640, ~ f)tlacrva-:se a semelhança entre Moiaés. guiando os hebreus em fuga do Egrto. próprio Vieira, pregando aos católicos da Bahia. Ou entr Vieira pedmdo a que auxilie os portugu~ o o Jti O.v.i. nnplorando a Jeová que •enha $OCorro dos hebreus. A 6 .saH!ocida por uma proporção Scanned by CamScanner po 111 \ a lo1s \ CD.tviJ. Vieira:· hcbreus: portugueses. Ou negativa-Fa6 ((inlia ). ;-.J .t ,au :egípciOs (ti listcus): holandeses. No "Senn!o pelo bomsu- cc u. ", ú•ngindo c a lku~ com muita veemência, ooradorexigequeaiJXille. 0 t.H<'•Iico contra os calvinistas. Com palavras de Davi, interpela Deus " !·1utt•c <JIIIIIt' ubdormi.\, Domine?"l ("Acorda, por qu donncs, Senhor?''), dnmando que, se não awrdar a tempo de int rvir em favor dos católicos, 11 •ara ,, prcípt ia Pro\ idência, que rege a história, e o mundo dirá "Deus está hollllult;\·• ou \eja. "Deus está calvini ta". A interpelação~ certam nte &U• d ll iO'J , ma\ també m ortodoxa. O próprio Vieira adverte que seu modelo é o • Salmo ~r. úc Davi. O tc rn.t d,, pregação sacra empre "Pele a Palavra de Deus no h:xto L.UIÚnJco~; por isso, o sermão aparece para o pregador puhl11.:o W lllll Ulll ÚÍ\Uif O csscncJaJ. 0 jeSUÍtaS dO século XVH de:finlhUill ~~ ~m. to cmnn tlll'alnm• 1acrum, ''teatro sacro", concebendoaparen6tióa. ri pr • •Jr, como úr.un.ltitaçuo das verdade sagradas. Aqui, o eadlode cnconlt .t ~ ua ra7ao d~.: c r: hnjc ele é conhectdo como .. conceptlsta .. c " mas, em ~cu tempo, quando ainda não havia sido inventad&O COlllCedfO:I ' h.mow", era um c til o a •udo, engenhoso, florido. esqui ito, CCJIIlC~It'ti~'O~ .1 ,,111 o Apro xun.t wrll:t:Ho~ distantes e os funde em image011 lplll'êilfem&!IUI 1.mt.1 tic.1 e inrongtuenh.: • mas sempre fundamentadasnamaisod04i;Jlt~IIJ lo •t.t 11.1 rn.t is strll.t ltígll.t. O poder espiritual e o poder temporal flat,1dr n~k <.:orno um<tllllldade de teologia e de polftica tecn'bcada}IICW"iilidl bn Ul111 c,lft.J de 1(, 1J para n re i D. Afonso VI, afirma que: "[,-J·.Qilpr!~DI c m,uoiL'S in \ lrumcnto\ da con~crvação e aumento desta IDilmt~-rttlié'~ 1111111\fl()•, d.i PIL'gaçao c rrnpagação da Fé, para que Deu a tn tnu no mundo", f 11.1 'D ·lesa do li\ro int itulado 'Quinto Impéno"',de l8D~UifCID,tJDI! que n JMpa t' os pregadores evangé licm, "varões llpoltdtic••.alo-'lf~IJJUIISI tn> tml'Jtato\" d.1 co111 crs.to do mundo, JUntamente COI!n1lltn'11•11111•t4JJBJ Scanned by CamScanner po 111 \ a lo1s \ CD.tviJ. Vieira:· hcbreus: portugueses. Ou negativa-Fa6 ((inlia ). ;-.J .t ,au :egípciOs (ti listcus): holandeses. No "Senn!o pelo bomsu- cc u. ", ú•ngindo c a lku~ com muita veemência, ooradorexigequeaiJXille. 0 t.H<'•Iico contra os calvinistas. Com palavras de Davi, interpela Deus " !·1utt•c <JIIIIIt' ubdormi.\, Domine?"l ("Acorda, por qu donncs, Senhor?''), dnmando que, se não awrdar a tempo de int rvir em favor dos católicos, 11 •ara ,, prcípt ia Pro\ idência, que rege a história, e o mundo dirá "Deus está hollllult;\·• ou \eja. "Deus está calvini ta". A interpelação~ certam nte &U• d ll iO'J , ma\ també m ortodoxa. O próprio Vieira adverte que seu modelo é o • Salmo ~r. úc Davi. O tc rn.t d,, pregação sacra empre "Pele a Palavra de Deus no h:xto L.UIÚnJco~; por isso, o sermão aparece para o pregador puhl11.:o W lllll Ulll ÚÍ\Uif O csscncJaJ. 0 jeSUÍtaS dO século XVH de:finlhUill ~~ ~m. to cmnn tlll'alnm• 1acrum, ''teatro sacro", concebendoaparen6tióa. ri pr • •Jr, como úr.un.ltitaçuo das verdade sagradas. Aqui, o eadlode cnconlt .t ~ ua ra7ao d~.: c r: hnjc ele é conhectdo como .. conceptlsta .. c " mas, em ~cu tempo, quando ainda não havia sido inventad&O COlllCedfO:I ' h.mow", era um c til o a •udo, engenhoso, florido. esqui ito, CCJIIlC~It'ti~'O~ .1 ,,111 o Apro xun.t wrll:t:Ho~ distantes e os funde em image011 lplll'êilfem&!IUI 1.mt.1 tic.1 e inrongtuenh.: • mas sempre fundamentadasnamaisod04i;Jlt~IIJ lo •t.t 11.1 rn.t is strll.t ltígll.t. O poder espiritual e o poder temporal flat,1dr n~k <.:orno um<tllllldade de teologia e de polftica tecn'bcada}IICW"iilidl bn Ul111 c,lft.J de 1(, 1J para n re i D. Afonso VI, afirma que: "[,-J·.Qilpr!~DI c m,uoiL'S in \ lrumcnto\ da con~crvação e aumento desta IDilmt~-rttlié'~ 1111111\fl()•, d.i PIL'gaçao c rrnpagação da Fé, para que Deu a tn tnu no mundo", f 11.1 'D ·lesa do li\ro int itulado 'Quinto Impéno"',de l8D~UifCID,tJDI! que n JMpa t' os pregadores evangé licm, "varões llpoltdtic••.alo-'lf~IJJUIISI tn> tml'Jtato\" d.1 co111 crs.to do mundo, JUntamente COI!n1lltn'11•11111•t4JJBJ Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner p ·~ em_-; de dezembro de 1633 · e d s Homen Pretos de um engenho !:Lu ·a de "liberdade''. É a mesma que bre .:7ra' idão dos índios pregado em e Lt' a entre 16"2 1662. É ana ronismo confundir essa ~ " r id 1 democrático. datado da segunda metade do século fi: ''hberdd .. como autodeterminação fundada na igualdade 1 1reit humano . . ·o ca o. nenhum fundamento divino é necessá- no p.1ro J de 1 raç:io dos direito democráticos que fazem todos os homens ltHe • , ai . Bem di•ersa é a concepção de Vieira: para ele, desde que o índt u o n~.:gro foram escravizados e receberam o batismo, entraram para o m1o r.IJ hurrumtdade cristã. pas ando por isso mesmo a ter deveres para com o EstJJo Alcir Pécora define a tuncepção neo-esco1ástica de "liberda- d .. com e atidão: "( . . ) J liberdade cristã é [ ... ].acima de tudo, pelo conheci- mento tio bem. impossibilidade de pecar: o pecado. e não o cativeiro temporal, aractenza es enci .. tlrnente a escravidão".9 Como diz Vieira no "Sermão da Epifania", pregado em 1662 na Capela Jktl de L1 boa. não é sua intenção que não haja escravos, mas demonstrar que o l!fcatos dos cativeiros ilícitos de índios são pecados. No caso dos escra- '' negros. também s.to pecados ou crimes contra naturam os excessos dos senhores 4ue ferem a lei natural : Se o senhor mandasse ao c\cravo, ou quase5~C da escrava, cousa que ofenda gravemen· te a alma, c a conscacncaa; assam como ele o nào pode querer, nem mandar, assim o c cravo é obngado a não obedecer. Dtzei constantemente, que não haveis de ofender a Deu~ . c s~ por as~o vos ameaçarem c castigarem, ~ofre a ammosa e cristll.mente, ainda que \C )a por toda a vada, que es es casugos são manfnos.'0 A danação das almas de escravos que morreram pagãos e que fazetll companhm no inferno às almas dos senhores que não se preocuparam eJll ári " b:ttuá-los e o pior efeito da escravidão. Assim, no "Sermão XIV do Ros O ScrnMt X VIl do Ro,áno", em Samões, v XII, cit, p. 331. ' < f AI r '<cou "\'tctra, o índio e o corpo mú;tico", em Adauto Novaes (org.), Tt mpo t l~Jn I' I Scctc t~ria \lunicipal de ( ultura 1 Companhia das Letras, 1992), p. 432. nnl '11 d•> ~o,ário ", em Strmtlts. v. XII, ctl., p. 341. O Lf'O H E Vieira afirma à · ud'ên ia africana que n ngenho d a ú. ar o scra certamente sofre ma1 q J•su Cri to, ma que d e r pa l'nte e \er na servidão um "nulag "ou signo da Providência diVIna. P·l dência liHou alma do inferno para onde cenamenl iria e permanece se livre e gentio na sua terra de origem: Oh! s a gente preta, urada das brenhas da sua Etiópia. e pa~ a.b o Br ai. onhecera bem quanto de; e a Deus c a sua Santíssima Mãe por c te ue pod par~ r d tcrro. catl\·ciro e de graça, e não~ senão malagre, e grande mtlagre? Dtl et-mc o. os pats que nasceram nas trevas da gcntilidade, c nela va~ m acabam a ; d m lume da f nem conhectmcnto de Deus, aonde vão depois da monc' Todo . mo crede e confessais, vão ao inferno, e lá e~tão ardendo e arderão por toda ct muladc. " Muitos anos depois, em 1691 , quando foi consultado pela Juntadas Mi - -.sões acerca das medidas a serem tomadas quanto a Palmares, a nação dos quilombolas chefiados por Zumbi que atacava as fazendas c os engenhos de 'Pernambuco, Vieira apresentou cinco razões para a destruição do quilombo c oextenníniodos seus habitantes. Depois de ponderar, na primeira. que talvez; ja possível enviar padres naturais de Angola como embaixadores ao palmarinos, afirma, na segunda, que provavelmente serão tidos por t! ptõcs do governo ponuguês, concluindo, na terceira, que por isso serão monos "por peçonha". Assim, na quana razão, afmna que, embora possam cessar o~ a • saltos contra os colonos, os negros de Palmares nunca deixarão de asilares- cravos fugitivos. Na quinta razão, a mais forte de todas, declara que "( ... I sendo rebelados e cativos, estão e perseveram em pecado contínuo e atual, de que não podem ser absoltos, nem receber a graça de Deus. sem se restituírem ao serviço e obediência de seus senhores, o que de nenhum modo hão de fazer".' 2 Provavelmente, hoje essas afirmações decepcionam c escandalizam o -~1·~;tt,r Como foi dito, Vieira não é um iluminista. Jesuíta contra-reformado. não -.ec>nc•ebe doutrina dissociada das coisas práticas, considerando que estas tam- são atravessadas pela sacralidade da presença de Deus, por isso. a es- o batismo dos escravos e a salvação das alma cativas n o !>e do seu projeto de conquista da hegemonia polui o-econômica no Sul. A hegemonia catóüca da JfhUtica e da economia de Ponugal so ca 1920), p 372. Scanned by CamScanner p ·~ em_-; de dezembro de 1633 · e d s Homen Pretos de um engenho !:Lu ·a de "liberdade''. É a mesma que bre .:7ra' idão dos índios pregado em e Lt' a entre 16"2 1662. É ana ronismo confundir essa ~ " r id 1 democrático. datado da segunda metade do século fi: ''hberd d .. como autodeterminação fundada na igualdade 1 1reit humano . . ·o ca o. nenhum fundamento divino é necessá- no p.1ro J de 1 raç:io dos direito democráticos que fazem todos os homens ltHe • , ai . Bem di•ersa é a concepção de Vieira: para ele, desde que o índt u o n~.:gro foram escravizados e receberam o batismo, entraram para o m1o r.IJ hurrumtdade cristã. pas ando por isso mesmo a ter deveres para com o EstJJo Alcir Pécora define a tuncepção neo-esco1ástica de "liberda- d .. com e atidão: "( . . ) J liberdade cristã é [ ... ].acima de tudo, pelo conheci- mento tio bem. impossibilidade de pecar: o pecado. e não o cativeiro temporal, aractenza es enci .. tlrnente a escravidão".9 Como diz Vieira no "Sermão da Epifania", pregado em 1662 na Capela Jktl de L1 boa. não é sua intenção que não haja escravos, mas demonstrar que o l!fcatos dos cativeiros ilícitos de índios são pecados. No caso dos escra- '' negros. também s.to pecados ou crimes contra naturam os excessos dos senhores 4ue ferem a lei natural : Se o senhor mandasse ao c\cravo, ou quase5~C da escrava, cousa que ofenda gravemen· te a alma, c a conscacncaa; assam como ele o nào pode querer, nem mandar, assim o c cravo é obngado a não obedecer. Dtzei constantemente, que não haveis de ofender a Deu~ . c s~ por as~o vos ameaçarem c castigarem, ~ofre a ammosa e cristll.mente, ainda que \C )a por toda a vada, que es es casugos são manfnos.'0 A danação das almas de escravos que morreram pagãos e que fazetll companhm no inferno às almas dos senhores que não se preocuparam eJll ári " b:ttuá-los e o pior efeito da escravidão. Assim, no "Sermão XIV do Ros O ScrnMt X VIl do Ro,áno", em Samões, v XII, cit, p. 331. ' < f AI r '<cou "\'tctra, o índio e o corpo mú;tico", em Adauto Novaes (org.), Tt mpo t l~Jn I' I Scctc t~ria \lunicipal de ( ultura 1 Companhia das Letras, 1992), p. 432. nnl '11 d•> ~o,ário ", em Strmtlts. v. XII, ctl., p. 341. O Lf'O H E Vieira afirma à · ud'ên ia africana que n ngenho d a ú. ar o scra certamente sofre ma1 q J•su Cri to, ma que d e r pa l'nte e \er na servidão um "nulag "ou signo da Providência diVIna. P·l dência liHou alma do inferno para onde cenamenl iria e permanece se livre e gentio na sua terra de origem: Oh! s a gente preta, urada das brenhas da sua Etiópia. e pa~ a.b o Br ai. onhecera bem quanto de; e a Deus c a sua Santíssima Mãe por c te ue pod par~ r d tcrro. catl\·ciro e de graça, e não~ senão malagre, e grande mtlagre? Dtl et-mc o. os pats que nasceram nas trevas da gcntilidade, c nela va~ m acabam a ; d m lume da f nem conhectmcnto de Deus, aonde vão depois da monc' Todo . mo crede e confessais, vão ao inferno, e lá e~tão ardendo e arderão por toda ct muladc. " Muitos anos depois, em 1691 , quando foi consultado pela Juntadas Mi - -.sões acerca das medidas a serem tomadas quanto a Palmares, a nação dos quilombolas chefiados por Zumbi que atacava as fazendas c os engenhos de 'Pernambuco, Vieira apresentou cinco razões para a destruição do quilombo c oextenníniodos seus habitantes. Depois de ponderar, na primeira. que talvez; ja possível enviar padres naturais de Angola como embaixadores ao palmarinos, afirma, na segunda, que provavelmente serão tidos por t! ptõcs dogoverno ponuguês, concluindo, na terceira, que por isso serão monos "por peçonha". Assim, na quana razão, afmna que, embora possam cessar o~ a • saltos contra os colonos, os negros de Palmares nunca deixarão de asilares- cravos fugitivos. Na quinta razão, a mais forte de todas, declara que "( ... I sendo rebelados e cativos, estão e perseveram em pecado contínuo e atual, de que não podem ser absoltos, nem receber a graça de Deus. sem se restituírem ao serviço e obediência de seus senhores, o que de nenhum modo hão de fazer".' 2 Provavelmente, hoje essas afirmações decepcionam c escandalizam o -~1·~;tt,r Como foi dito, Vieira não é um iluminista. Jesuíta contra-reformado. não -.ec>nc•ebe doutrina dissociada das coisas práticas, considerando que estas tam- são atravessadas pela sacralidade da presença de Deus, por isso. a es- o batismo dos escravos e a salvação das alma cativas n o !>e do seu projeto de conquista da hegemonia polui o-econômica no Sul. A hegemonia catóüca da JfhUtica e da economia de Ponugal so ca 1920), p 372. Scanned by CamScanner fN\f<) J I' . .,. 111 1J 1 !'t·l~' uwnop,,lio ponugu ·s do tráfico negreiro e da mão-de-• \ tl.l ~1 l .. , ' , 11 ,1 .llth~~111 , 1 t ~~,. qu.mdl' .1tinna o dl·ver de obédiência dos escravos ao ,.,111 , • 11 , til' UlX' • mtl-rnt' it'S t'n~enhos de · ·úcar. Vieira pressupõe que a . ,·r.1, td.1, · u p1 ., t~t.l r-:t.1 l r wid2nda para ua rátria. Dizia, por exemplo, qu. ,, lkt~iltmh.l'' .:.'rP'' 11.1 Anwrka 'a alma na Africa. Ou que sem Angola ll.ll h,l\ IJ l't.l~tl p '. :.1 pim·ir f.l~ • qu • c''inddc com as guerras holandesas. também ,· J,·, · 1 •mht .1r l' t •nu da mis <il h L tórica do portugueses no mundo, que \ 1 ·ira 1 • .,,. ·m :ua )l:>ra prof'tica, e o da rc ponsabilidade divina na guerra • •1t .• 1 Ht l.wd.l. comi.'' se I\ no" cnnão de Santo Antônio", de 13 de junho J.r~u ·<:o l n:. e nu~ ·r:h L que e tácadadia mendigandocomosuorde F.·, r. uc ~ · :><·rd ·u ,, B 1':1 tl. c1 porque se perde o mundo. e os castigos rx1r dt.ml • ' ] Jbets ror que nos dá Deus as vitórias de mãos lavadas? = toJ ~ que ne·tes dtas ttvemo ; porque matando sempre tantos h •l.mJ, • .. Ja no ~a pm' entn: todos. apenas. se contam quatro ou cinco • :. 1 rqu e 1o'[ .]porqucsclavaramasmãos;porquehálimpezade uc ~ n1."1 tm!!em a,. mjos no angue do povo, por isso as vemos ensan-~ 'orw,amcnt~ no ~angue dos inrm1gos: por isso tudo luz; por isso tudo r 1 ,,, tudo' por diant . c como por falta di to se perdeu o Brasil. assim h d • rc:uperar [ ... ] RESTALRAÇÀO, 1641-1651 ,;unJa "fa e" da obras de Vieira pode ser datada de 1641 a 1651 t:p Hc fundamentalmente do temas da Restauração. No que se BrJ ti, .cu mamr objeti\ o é a restauração de Pernambuco, Clo,minat;u: · holande~es do Sradtlrolder Maurício de Nassau. Nesse tempo, em S.r ~' ,. 11 . ,·ic, pp. 97-98 JOAO ADOLFO HANSEN famosíssimo e poderosíssimo. como pregador da Capela Real. conselheiro e confessor do rei D. João IV e da rainha D. Luísa de Gusmão. fazendo jus ao anexim inventado por D. Francisco Manuel de Melo, "mandar lançar tapete de madrugada em São Roque para ouvir o padre Vieira". A função do pregador da Capela Real era interpretar religiosamente even- tos, como vitórias em guerras, pestes, fomes, aparições de cometa, e ocasiões festivas e fúnebres da família real e da nobreza. Provavelmente, seu primeiro sermão dessa fase foi o "Sermão dos bons anos", pregado em 1° de janeiro de 1642. Como em sermões e cartas anteriores, aqui o Novo Mundo é referido como parte essencial do projeto divino para Portugal. Na peroração, quando comenta o versículo do Pai Nosso, adveniat Regnum Tuum, "venha o Teu Reino", profetiza que o rei vivo e presente, D. João IV. dá continuidade ao rei e ausente, D. Sebastião, cumprindo a promessa feita por Deus a D. Henriques na batalha de Ourique. No momento em que prega. diz. já o Reino que Portugal já foi, mas ainda está para chegar o Reino que há de ser, o Quinto Império. 14 (Os impérios anteriores foram o assírio, o grego e o romano.) Para o advento do Quinto Império. o Brasil e o 1!118Jranlllão são essenciais, pois a catequese dos povos selvagens realizada pela IJWiiSãC> Je:sun:tca está prevista por Deus como aumento e redenção universal da ll'l"illtarldaele. Logo, era necessário começar por libertar o Bra il dos hereges calvinistas. Como a Companhia Ocidental holandesa pedisse três milhões de cruzados pela restituição de Pernambuco aos portugueses. Vieira pretendia levantar o dinheiro junto aos comerciantes judeus de Flandres e França. Viajou em 1646 a Paris; nada conseguindo, foi para a Holanda, em abri I de 1646. onde visitou Haia, em traje civil de escarlata e espadim. Em março de 164 7. de volta em Lisboa, redigiu um documento pelo qual D. João IV se comprometia a os três milhões, em prestações anuais de seiscentos mil. recebendo em Pernambuco e outros territórios ocupados pelos holandeses no Nordeste Brasil, e na África, em Angola e São Tomé. Data desse tempo sua ~flelisiSinl8 e perigosíssima proposta de abrandamento dos "estilos" usado Inquisição contra os cristãos-no os e judeus em troca dos emprésllmos de capitais. Em agosto de 1647, foi de novo à França, avi tando-se com o Mazarino. Seu plano era contratar .Q casamento de D. Tecxiósio. filho de D. Joio Iv, com ~k de Montpensier, filha d duque de Se desse certo D. Joio-lV a~ 'tinha para o Bras ti, enquanto da noiva seria .regane de P~ menoridade do Príncipe. O Scanned by CamScanner fN\f<) J I' . .,. 111 1J 1 !'t·l~' uwnop,,lio ponugu ·s do tráfico negreiro e da mão-de-• \ tl.l ~1 l .. , ' , 11 ,1 .llth~~111 , 1 t ~~,. qu.mdl' .1tinna o dl·ver de obédiência dos escravos ao ,.,111 , • 11 , til' UlX' • mtl-rnt' it'S t'n~enhos de · ·úcar. Vieira pressupõe que a . ,·r.1, td.1, · u p1 ., t~t.l r-:t.1 l r wid2nda para ua rátria. Dizia, por exemplo, qu. ,, lkt~iltmh.l'' .:.'rP'' 11.1 Anwrka 'a alma na Africa. Ou que sem Angola ll.ll h,l\ IJ l't.l~tl p '. :.1 pim·ir f.l~ • qu • c''inddc com as guerras holandesas. também ,· J,·, · 1 •mht .1r l' t •nu da mis <il h L tórica do portugueses no mundo, que \ 1 ·ira 1 • .,,. ·m :ua )l:>ra prof'tica, e o da rc ponsabilidade divina na guerra • •1t .• 1 Ht l.wd.l. comi.'' se I\ no" cnnão de Santo Antônio", de 13 de junho J.r~u ·<:o l n:. e nu~ ·r:h L que e tácadadia mendigandocomosuorde F.·, r. uc ~ · :><·rd ·u ,, B 1':1 tl. c1 porque se perde o mundo. e os castigos rx1r dt.ml • ' ] Jbets ror que nos dá Deus as vitórias de mãos lavadas? = toJ ~ que ne·tes dtas ttvemo ; porque matando sempre tantos h •l.mJ, • .. Ja no ~a pm' entn: todos. apenas. se contam quatro ou cinco • :. 1 rqu e 1o'[ .]porqucsclavaramasmãos;porquehálimpezade uc ~ n1."1 tm!!em a,. mjos no angue do povo, por isso as vemos ensan-~ 'orw,amcnt~ no ~angue dos inrm1gos: por isso tudo luz; por isso tudo r 1 ,,, tudo' por diant . c como por falta di to se perdeu o Brasil. assim h d • rc:uperar [ ... ] RESTALRAÇÀO, 1641-1651 ,;unJa "fa e" da obras de Vieira pode ser datada de 1641 a 1651 t:p Hc fundamentalmente do temas da Restauração. No que se BrJ ti, .cu mamr objeti\ o é a restauração de Pernambuco, Clo,minat;u: · holande~es do Sradtlrolder Maurício de Nassau. Nesse tempo, em S.r ~' ,. 11 . ,·ic, pp. 97-98 JOAO ADOLFO HANSEN famosíssimo e poderosíssimo. como pregador da Capela Real. conselheiro e confessor do rei D. João IV e da rainha D. Luísa de Gusmão. fazendo jus ao anexim inventado por D. Francisco Manuel de Melo, "mandar lançar tapete de madrugada em São Roque para ouvir o padre Vieira". A função do pregador da Capela Real era interpretar religiosamente even- tos, como vitórias em guerras, pestes, fomes, aparições de cometa, e ocasiões festivas e fúnebres da família real e da nobreza. Provavelmente, seu primeiro sermão dessa fasefoi o "Sermão dos bons anos", pregado em 1° de janeiro de 1642. Como em sermões e cartas anteriores, aqui o Novo Mundo é referido como parte essencial do projeto divino para Portugal. Na peroração, quando comenta o versículo do Pai Nosso, adveniat Regnum Tuum, "venha o Teu Reino", profetiza que o rei vivo e presente, D. João IV. dá continuidade ao rei e ausente, D. Sebastião, cumprindo a promessa feita por Deus a D. Henriques na batalha de Ourique. No momento em que prega. diz. já o Reino que Portugal já foi, mas ainda está para chegar o Reino que há de ser, o Quinto Império. 14 (Os impérios anteriores foram o assírio, o grego e o romano.) Para o advento do Quinto Império. o Brasil e o 1!118Jranlllão são essenciais, pois a catequese dos povos selvagens realizada pela IJWiiSãC> Je:sun:tca está prevista por Deus como aumento e redenção universal da ll'l"illtarldaele. Logo, era necessário começar por libertar o Bra il dos hereges calvinistas. Como a Companhia Ocidental holandesa pedisse três milhões de cruzados pela restituição de Pernambuco aos portugueses. Vieira pretendia levantar o dinheiro junto aos comerciantes judeus de Flandres e França. Viajou em 1646 a Paris; nada conseguindo, foi para a Holanda, em abri I de 1646. onde visitou Haia, em traje civil de escarlata e espadim. Em março de 164 7. de volta em Lisboa, redigiu um documento pelo qual D. João IV se comprometia a os três milhões, em prestações anuais de seiscentos mil. recebendo em Pernambuco e outros territórios ocupados pelos holandeses no Nordeste Brasil, e na África, em Angola e São Tomé. Data desse tempo sua ~flelisiSinl8 e perigosíssima proposta de abrandamento dos "estilos" usado Inquisição contra os cristãos-no os e judeus em troca dos emprésllmos de capitais. Em agosto de 1647, foi de novo à França, avi tando-se com o Mazarino. Seu plano era contratar .Q casamento de D. Tecxiósio. filho de D. Joio Iv, com ~k de Montpensier, filha d duque de Se desse certo D. Joio-lV a~ 'tinha para o Bras ti, enquanto da noiva seria .regane de P~ menoridade do Príncipe. O Scanned by CamScanner EN\IOES plano gorou e Vieira nO\ a mente foi à Holanda. com papéis que agora o autori- ZJ\am a fazer o embaixador ponuguê em Haia. Francisco de Sousa Coutinho, trocar Pernambuco pela paz no Brasil e na Africa. Nesse tempo, mante e ·ontato com o judeu da inagoga de Amsterdam. como Manassés-ben-Is- rael. que em 1640 e creY ra um texto profético. Esperança de Israel. que em 1659 Vieira imitou em eu Esperanças de Portugal. escrito quando estava na AmJ.Z0nia. ~ C m o ami.,o jud u, discute o destino das tribos perdidas de Is- t!l. ~restituição de Judá e o advento de Cristo. temas que aparecem em suas can e obra proféticas posteriores em que trata do papel providencial a ser de empenhado pelo.· oYo ~tundo e pelos índios brasileiros antes do retomo do ).1essia_. . - H !anda. porém. as negociações da compra de Pernambuco fa- lh ram no' am nte. Em outubro de 164 . \ inte propostas de Vieira referentes ao ne.,. .. ios com a Holanda foram apreciadas e rejeitadas em várias instân- cia· da C rte. o Tribunal do Desembargo do Paço. a Mesa de Consciência e Ord ns. Crmra de Li boa. o Conselho da Guerra. o Conselho da Fazenda, JOÃO ADOLFO HA ' E simultaneamente con pi r contra a Espanha. tentando uble r o Remo e ápoles então domin do por Madri. O plano foi descobeno c emba.i~•ldor espanhol. duque do lnfantado. ameaçou Vieir-.t de mort • intimando o geral da Companhia de Jesus a fazer com que abandonas e Roma às pressas, p ra salvar a pele. Em junho de 1650. voltou para Ponugal. • meado hefe da missão do Maranhão e Grão-Pará, dei ou a barra de Li boa m :!5 de n em- bro de 1651. Em 16 de janeiro de 1652, depoi de parar em C bo \erde. he- gou a São Luís do iaranhão.1 MISSÀO ,'OMARA. HÀOEGRÃo-P RA.l65--1662 Scanned by CamScanner EN\IOES plano gorou e Vieira nO\ a mente foi à Holanda. com papéis que agora o autori- ZJ\am a fazer o embaixador ponuguê em Haia. Francisco de Sousa Coutinho, trocar Pernambuco pela paz no Brasil e na Africa. Nesse tempo, mante e ·ontato com o judeu da inagoga de Amsterdam. como Manassés-ben-Is- rael. que em 1640 e creY ra um texto profético. Esperança de Israel. que em 1659 Vieira imitou em eu Esperanças de Portugal. escrito quando estava na AmJ.Z0nia. ~ C m o ami.,o jud u, discute o destino das tribos perdidas de Is- t!l. ~restituição de Judá e o advento de Cristo. temas que aparecem em suas can e obra proféticas posteriores em que trata do papel providencial a ser de empenhado pelo.· oYo ~tundo e pelos índios brasileiros antes do retomo do ).1essia_. . - H !anda. porém. as negociações da compra de Pernambuco fa- lh ram no' am nte. Em outubro de 164 . \ inte propostas de Vieira referentes ao ne.,. .. ios com a Holanda foram apreciadas e rejeitadas em várias instân- cia· da C rte. o Tribunal do Desembargo do Paço. a Mesa de Consciência e Ord ns. Crmra de Li boa. o Conselho da Guerra. o Conselho da Fazenda, JOÃO ADOLFO HA ' E simultaneamente con pi r contra a Espanha. tentando uble r o Remo e ápoles então domin do por Madri. O plano foi descobeno c emba.i~•ldor espanhol. duque do lnfantado. ameaçou Vieir-.t de mort • intimando o geral da Companhia de Jesus a fazer com que abandonas e Roma às pressas, p ra salvar a pele. Em junho de 1650. voltou para Ponugal. • meado hefe da missão do Maranhão e Grão-Pará, dei ou a barra de Li boa m :!5 de n em- bro de 1651. Em 16 de janeiro de 1652, depoi de parar em C bo \erde. he- gou a São Luís do iaranhão.1 MISSÀO ,'OMARA. HÀOEGRÃo-P RA.l65--1662 Scanned by CamScanner , 1 HI!ÔI ~ liv 1 0~ h 1 hli~os de [);nm:l c baJ.JS. as Tml'rls do sapateiro de Trancoso, Gonçalo Ane:, B.mdo.~ rra, o texltl Ut· pmCtllflllda. do jesuíta peruano José de Aco ta, c11 tre ou11 LJS. fornecem matéria a Vieira para interpretar profeticamente o sen- tido tran cemknte da rcvelaç:io da palavra divina para os índios brasileiros rco.~l11ada pelm jesuítas de~de o século XVI. Segundo sua interpretação, a mis- ·•n c ,, ratrqucsc ~;1o um mistério da Providi!ncia divina, que faz a Igreja avan~.u e'-pirllualmcnl~.: ,, redenção humana quando inclui o Novo Mundo no grê111io cn'-lac• (~ JU stamente porqu~.: é ~clvagcm ou "boçal" que o fndio deve cr amurn~.tllJl! n t L' conduzido a superar s~.:u estado de barbárie; quando os colono• o esc1.1viza rn, também são culpados pela descr~.:nça. E a não-conver- s.to 1mp!Jca a perda das almas para Satanás. Nesse sentido, a Coroa portugue- '·'..: ant d Kada pm ~eu papel apo~tólico de patrocinadora da missão jesuítica, que rea liza no tempo o projeto sobrenatural. dando testemunho da Graça. A\ COJ\Js nao cram tão espirituais em São Luí do Maranhão quando Vt.:ira aí che)!ou Uma ordem r~gi.t que libertava os índios escravizados causa- v,, cnt .to talt umultn l ntrc os colono · que ele e os padres recém-desembarca- diJs qiiJ\L' l'orn m •·xpulsns. O· coloniais argumentavam, com total razão, que •t,un pobre~ d~ nJaÍ\ p.1ra compmr escravos africanos c que a economia do Mat,llth.tu (h' p\:nd ia diretamente U<l brJço indígena, Também alegavam queoa 1ndio cl.tlll b,irhaJo' c que loua scrvitlão era legitima. Fundamentavam-se em 11111.1 JLk ,,, tl.t l'flhtrm ari stot~ lica, então corrente. que afirma ser próprio do mknor. uhnnl 111ar : l ' ao superior. No" sermões dessa fase, como o "Sermio d.t pnmcir 1 domin l.!a da QuarL·srna", pr~:gado em São Luís em 16 dejaneirode I ()'i'· conhecido como "'\crmão das tl·ntaçÕl!s", Vieira parece querer intimidar os colonos com o nll'do da pcrdiçao da alma. fazendo uma perfeita demonstra· ~·ao silog•~tJca dot•rrn em que vivem. 'h'Uil o hnm~m. que dele ~<'li 1\'0. nu ltbc1dadc .tlhcta. l' pt1Liendo-a rcMlluir. nllo tc,llllll, t' n ttu <JUl' se rondcn.t todos, ou qua ,. todos os homens do Maranhlo
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