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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO INFANTICÍDIO ABORTO ⚠️ Atenção: - Consumação e tentativa: resultado morte ou lesão corporal grave (crime material). Não se pune a tentativa. * natureza jurídica do resultado (morte ou lesão corporal grave): 1ª) O resultado é elementar do tipo, logo, sem este, o fato é atípico (majoritária) 2ª) O resultado é condição de punibilidade, não deixando de ser fato típico a ausência do resultado. Classificação doutrinária crime bipróprio crime doloso crime unissubjetivo crime material crime instantâneo de efeitos permanentes ⚠️ Atenção: Art. 123 X Art. 133, §2º (Abandono de incapaz com resultado morte) Mãe abandona recém-nascido em banheiro e bebê morre em Rio Preto Uma moradora de rua de 36 anos foi presa em São José do Rio Preto (SP), depois de dar à luz e abandonar o recém-nascido dentro de um banheiro da UBS (Unidade Básica de Saúde) central. O bebê morreu. Segundo informações da Guarda Municipal, funcionários da UBS estranharam ao ver a mulher entrar no banheiro masculino. Depois que ela saiu, eles foram até o local e encontraram o bebê abandonado, já sem vida. As pessoas tentaram reanimar o bebê, mas não conseguiram. A Guarda Municipal foi acionada e conseguiu identificar a mulher por meio das imagens da câmera de segurança da unidade de saúde. Ela foi encontrada próxima à UBS e levada para o plantão policial. De acordo com a polícia, a mulher apresentava sinais de embriaguez e confessou que tinha dado à luz e deixado o bebê no banheiro. Ela vai responder por abandono de incapaz com consequência de morte e pode pegar de quatro a 12 anos de prisão. - Elemento subjetivo: dolo (interromper a gravidez) OBS: Atleta grávida continua jogando e perde o bebê - Espécies de aborto: Auto aborto ou aborto provocado com o consentimento da gestante (Art. 124) - crime da gestante * Crime de mão própria 2. Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (Art. 125) – crime de terceiro 3. Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante (Art. 126) – crime de terceiro Art. 126, § único: É como se não tivesse havido consentimento. Concurso de crimes (ex: aborto de gêmeos): 1ª situação: sabia da existência dos dois, aplica-se o art. 70, in fine (concurso formal impróprio – cúmulo material – soma das penas – dois abortos) 2ª situação: só sabia de um, responderá apenas por um aborto (não há concurso de crimes) Competência? Tribunal do Júri Aborto eugênico: ADPF nº54 (julgada em 12/04/2012) - fetos anencéfalos . ausência de vida viável em formação (Não há que se falar em vida, em sentido jurídico, quando não há atividade cerebral - Art. 3º, Lei 9.434/97) . dignidade humana da gestante . inexigibilidade de conduta diversa (excludente de culpabilidade) Atenção: Descriminalização do aborto? HC 124306 (29/11/2016) “[...] é preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos próprios arts. 124 a 126 do Código Penal - que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade. A criminalização é incompatível com os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação indesejada; a autonomia da mulher, que deve conservar o direito de fazer suas escolhas existenciais; a integridade física e psíquica da gestante, que é quem sofre no seu corpo e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez; e igualdade da mulher, já que homens não engravidam e, portanto, a equiparação plena de gênero depende de se respeitar a vontade da mulher nessa matéria. A tudo isto se acrescenta o impacto da criminalização sobre as mulheres pobres. É que o tratamento como crime, dado pela lei penal brasileira, impede que estas mulheres, que não têm acesso a médicos e clínicas privadas, recorram ao sistema público de saúde para se submeterem aos procedimentos cabíveis. Como consequência, multiplicam-se os casos de automutilação, lesões graves e óbitos. A tipificação penal viola, também, o princípio da proporcionalidade por motivos que se cumulam: (i) ela constitui medida de duvidosa adequação para proteger o bem jurídico que pretende tutelar (vida do nascituro), por não produzir impacto relevante sobre o número de abortos praticados no país, apenas impedindo que sejam feitos de modo seguro; (ii) é possível que o Estado evite a ocorrência de abortos por meios mais eficazes e menos lesivos do que a criminalização, tais como educação sexual, distribuição de contraceptivos e amparo à mulher que deseja ter o filho, mas se encontra em condições adversas; (iii) a medida é desproporcional em sentido estrito, por gerar custos sociais (problemas de saúde pública e mortes) superiores aos seus benefícios. Anote-se, por derradeiro, que praticamente nenhum país democrático e desenvolvido do mundo trata a interrupção da gestação durante o primeiro trimestre como crime, aí incluídos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Espanha, Portugal, Holanda e Austrália.” (Relator: Min. Luís Roberto Barroso) ADPF 442 (março/2017) - Não recepção parcial Arts. 124 a 126 . aborto permitido até a 12ª semana de gestação . direitos de liberdade, planejamento familiar, saúde, integridade física e psíquica, direitos sexuais e reprodutivos, ... - garantia de autodeterminação feminina . “Em democracias constitucionais laicas, isto é, naquelas em que o ordenamento jurídico neutro garante a liberdade de consciência e crença no marco do pluralismo razoável e nas quais não se professa nenhuma doutrina religiosa como oficial, como é o caso do Brasil, enfrentar a constitucionalidade do aborto significa fazer um questionamento legítimo sobre o justo” . A criminalização do aborto “é um caso de uso do poder coercitivo do Estado para impedir o pluralismo razoável” OBS: Judiciário x Legislativo Pesquisa Nacional de Aborto (Instituto Anis – Bioética) “[...] aos 40 anos, quase uma em cada cinco das mulheres brasileiras fez um aborto; no ano de 2015 ocorreram cerca de meio milhão de abortos. Considerando que grande parte dos abortos é ilegal e, portanto, feito fora das condições plenas de atenção à saúde, essas magnitudes colocam, indiscutivelmente, o aborto com um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil. O Estado, porém, é negligente a respeito, sequer enuncia a questão em seus desenhos de política e não toma medidas claras para o enfrentamento do problema.” - “A frequência de abortos é alta e, a julgar pelos dados de diferentes grupos etários de mulheres, permanece assim há muitos anos. Entre a PNA2010 e a PNA 2016, por exemplo, a proporção de mulheres que realizaram ao menos um aborto não se alterou de forma relevante. Ou seja, o problema de saúde pública chama a atenção não só por sua magnitude, mas também por sua persistência.” - “A julgar pela persistência da alta magnitude, e pelo fato do aborto ser comum em mulheres de todos os grupos sociais, a resposta fundamentada na criminalização e repressão tem se mostrado não apenas inefetiva, mas nociva. Não reduz nem cuida: por um lado, não é capazde diminuir o número de abortos e, por outro, impede que mulheres busquem o acompanhamento e a informação de saúde necessários para que seja realizado de forma segura ou para planejar sua vida reprodutiva a fim de evitar um segundo evento desse tipo.”
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