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SUELY DE CARVALHO
PROPOSTAS CURRICULARES NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ESCOLA E. PRESIDENTE ARTHUR DA COSTA E SILVA
POUSO ALEGRE
2017
SUELY DE CARVALHO
PROPOSTAS CURRICULARES NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Trabalho apresentado ao curso normal em nível médio do professor de educação infantil da escola estadual presidente Arthur da costa e silva, como requisito parcial para obtenção de nota bimestral à professora Eliane Carvalho, na disciplina Didática e Prática Pedagógica na Educação Infantil.
ESCOLA ESTADUAL PRESIDENTE ARTHUR DA COSTA E SILVA
POUSO ALEGRE
2017
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As instituições de educação infantil nasceram na França, no século XVIIII, em resposta à situação de pobreza, abandono e maus tratos de crianças pequenas, cujos pais trabalham em fábricas, fundição e minas criadas pela Revolução Industrial. Todavia os objetivos e formas de tratar as crianças dos extratos sociais mais pobres da sociedade não eram consensuais. Setores da elite defendiam a ideia do que não seria bom para a sociedade como um todo que se educassem as crianças pobres; era proposta a educação da ocupação e da piedade.
Durante muito tempo, as instituições infantis, incluindo as brasileiras organizavam seu espaço e sua rotina diária em função de ideias de assistência, de custódia e de higiene da criança. A década de 1980 passou por um momento de ampliação do debate a respeito das funções das instituições infantis para a sociedade moderna, que teve início com os movimentos populares dos anos de 1970 (WAJSKOP, 1995).
A partir desse período, as instituições passaram a ser passadas e reivindicadas como lugar de educação e cuidados coletivos das crianças de zero a seis anos de idade.
A abertura política permitia o reconhecimento social desses direitos manifestados pelos movimentos populares e por grupos organizados da sociedade civil. A Constituição de 1988 (art.208, e inciso IV), pela primeira vez na história do Brasil, definiu como direito das crianças de zero a seis anos de idade é dever do Estado o atendimento à infância.
Muitos fatos ocorreram de forma a influenciar estas mudanças: o desenvolvimento urbano, as reivindicações populares, o trabalho da mulher, a transformação das funções familiares, as ideias de infância e as condições socioculturais para o desenvolvimento das crianças.
Ao constituir-se em um equipamento só para pobres, principalmente no caso das instituições de educação infantil, financiadas ou mantidas pelo poder público, significou, em muitas situações, atuar de forma compensatória para sanar as supostas faltas e carências das crianças e de seus familiares. A tônica do trabalho institucional foi pautada por uma visão que precisando ser ajudadas e orientadas a construir hábitos e atitudes corretas, bem como estimuladas na fala e no aprimoramento de seu vocabulário.
O bom relacionamento entre pais, educadores e crianças, é fundamental durante o processo de inserção da criança na vida escolar, além de representar a ação conjunta rumo à consolidação de uma pedagogia voltada para a infância estigmatizava a população de baixa renda. A concepção educacional era marcada por características assistencialista, sem considerar as questões de cidadania ligadas aos ideais de liberdade e igualdade.
Modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão além dos aspectos legais. Envolve principalmente, assumir as especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, à responsabilidade da sociedade e o papel do Estado em relação às crianças pequenas.
Embora haja um consenso sobre a necessidade de que a educação, para as crianças pequenas deva promover a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança, considerando que esta é um ser completo e indivisível, as divergências e estão exatamente no que se entende sobre o que seja trabalhar com cada um desses aspectos.
Polêmicas sobre cuidar e educar, sobre o papel do afeto na relação pedagógica e sobre educar para o desenvolvimento ou para o conhecimento tem-se constituído no pano de fundo sobre o qual se constroem as propostas em educação infantil.
Devem-se considerar os conhecimentos que a criança já possui e suas várias experiências culturais para efetuar a ação pedagógica compartilhando, auxiliando a enfrentar novas perspectivas, mas do modo como à criança vê, apenas orientando e praticando até encontrar o fortalecimento nas relações pessoais, sociais e de conhecimento geral.
Propor para as crianças um mundo de interação contribuirá para um desenvolvimento emocional, social, fundamentando-as nas suas formações, e na realidade de cada um.
Dentro desta perspectiva de educação para todos constitui um grande desafio: A Educação Inclusiva que é garantida pela Constituição Federal Brasileira, art. 208, III. A declaração da Salamanca em l994 reafirmou o direito de todos à educação, independentemente de suas diferenças, enfatizando que a educação para pessoas deficientes também é parte integrante do sistema educativo, contemplando uma pedagogia voltada as necessidades específicas e adoção de estratégias que se fizerem necessárias em benefício comum. A LDB 9.394/96, artigos 58 e 59 têm também como finalidade de concretizar preceito constitucional e responder ao compromisso com a “Educação para Todos”. Assume-se assim, o compromisso de uma educação comprometida para a cidadania, considerando sua diversidade. A educação inclusiva baseia-se na educação condizente com igualdade de direitos e oportunidades em ambiente favorável. A participação na Instituição da família, criança, num esforço conjunto de aprendizagem compartilhada é de suma importância.
Aprender a conviver e relacionar-se com pessoas que possuem habilidades e competências diferentes, expressões culturais e sociais são condições necessárias para o desenvolvimento de valores éticos, dentro dos preceitos básicos pedagógicos a estrutura curricular se apoia nos Eixos Norteadores, que orientam a base educacional que são:
MÚSICA
A música é uma organização de sons presentes em diversas culturas, compreendidas como linguagem que traduz formas sonoras expressivas de sentimentos, pensamentos e sensações. Favorece nas crianças a aquisição de conhecimentos gerais e científicos, desenvolvendo potencialidades, como: observação, percepção, imaginação e sensibilidades, contribuindo para a sustentação de valores normas sociais. É imprescindível que a música faça parte do currículo, no processo ensino aprendizagem. Escutando, cantando, tocando instrumentos e articulando movimentos. Para a aquisição da linguagem musical se concretizar, são necessárias ações que envolvam o fazer, o perceber o contextualiza. Esta linguagem contempla:
Apreciação Musical
Propriedades e qualidades do som.
Gêneros musicais, estilos musicais e elementos musicais.
LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
É de grande importância na formação da criança e nas diversas práticas sociais. É importante considerar a linguagem como um meio de comunicação, expressão, representação, interpretação e modificação da realidade. Promover experiências significativas de aprendizagem. O convívio com a linguagem oral e escrita deve ser compreendido como uma atividade da realidade, considerando que as crianças são ativas na construção de seu conhecimento. Para que ocorra um desenvolvimento gradativo é preciso que as capacidades associadas estejam ligadas as competências linguísticas básicas (falar, escutar, praticar leituras e escritas), que serão trabalhadas de forma integrada, diversificada abrangendo vários conteúdos:
Textos de diversos gêneros (narrativos, informativos e poéticos);
Compreensão e interpretação de textos;
Ampliação do vocabulário;
Produção de texto oral e escrito;
Função social da escrita;
Evolução da escrita na humanidade;
Representação gráfica com diferentes tipos de letras e alfabetos;
Diferentes funções da escrita; lazer, identificação,registro, comunicação, informação e organização do pensamento.
Nesta perspectiva, a linguagem oral e escrita deve estar presente no cotidiano e na prática das instituições de educação infantil.
Assim, a linguagem não é um elemento “estático” nem “objetivo”, mas uma construção dinâmica, onde as pessoas se comunicam para informar, expressar seus sentimentos e ideias e compartilhar uma visão de mundo.
NATUREZA E SOCIEDADE
A percepção do mundo físico é direta: elas testam o que sabem, tocando, ouvindo, observando, elaborando hipóteses e procurando respostas às suas indagações. A atitude científica merece ser estimuladas por intermédio da observação, experimentação, manipulação e enriquecidos com conversas e ilustrações. As crianças adquirem consciência do contexto em que vivem e se esforçam para entendê-lo, por meio da interação com o meio natural e social.
Conhecer o mundo implica conhecer as relações entre os seres humanos e a natureza, as formas de transformações e utilizações dos recursos naturais, a diversidade cultural. Desta forma, as crianças adquirem condições de desenvolver formas de convivências, atitudes de polidez, respeito, cultivando valores sociais, intelectuais, morais, artísticos e cívicos, O professor precisa se inteirar destes domínios e conhecimentos. O importante será a descoberta.
Natureza e Sociedade reúnem aspectos pertinentes ao mundo natural e social abordando:
GRUPOS SOCIAIS
A criança e a Família
A criança e a Escola
A criança e o Contexto social
Seres Vivos
Seres Humanos, animais e vegetais.
Recursos Naturais
Água, solo, ar, luz, astros e estrelas.
Fenômenos da Natureza
Marés, trovão, relâmpagos, enchentes, estações do ano e outros.
PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO
A matemática é uma forma de pensar e organizar experiências ela busca a ordem e o estabelecimento de padrões, que requer raciocínio e resolução de problemas. As crianças estão imersas em um universo no quais os conhecimentos matemáticos fazem parte elas vivem em um mundo que experimentam o muito o grande o pequeno e o acabou. Trazem consigo um entendimento intuitivo dos processos matemáticos e de resolver problemas. O professor deve encorajar a exploração das ideias matemáticas relativas a números, estatística, geometria e medidas, fazendo com que as crianças desenvolvam o prazer e a curiosidade pela matemática no seu processo de desenvolvimento a criança vai criando várias relações entre objetos e situações por ela vivenciadas. Estabelecem relações cada vez mais complexas que lhe permitirão desenvolver noções mais elaboradas.
A matemática abrange os seguintes conteúdo:
NÚMERO
Função social do número;
Noções de quantidade;
Sistema numérico;
Inteiros;
Noção de números fracionários.
GEOMETRIA
Plana
Bidimensional
Espacial
Tridimensional
Medidas de grandeza (padronizadas e não padronizadas)
Medidas de tempo
Medidas de massa
Medidas de comprimento
Medidas de velocidade
Medidas de capacidade
DESENVOLVIMENTO INFANTIL DE 0 A 5 ANOS
Na faixa etária de 0 a 5 anos as mudanças que ocorrem na criança são muito rápidas. Essas mudanças se dão de forma gradual, mas se processam aos saltos, havendo em cada salto momentos de ruptura, ocasionando na criança processo continuo de organização e reorganização. Tais experiências muitas vezes, são penosas, por isso a qualidade do atendimento nesse período é muito importante e tem grande influência na formação de sua personalidade.
A infância é constituída por uma sucessão de etapas. Cada uma delas prepara para a seguinte e os limites entre uma e outra não são nítidos nem precisos em relação à idade cronológica; funcionam de maneira global e indissociável.
O desenvolvimento dos sentidos, da afetividade, da linguagem, da motricidade e da inteligência integram-se e completam-se num processo continuo de interação.
O PERFIL DO EDUCADOR DA CRIANÇA DE 0 A 5 ANOS
A Educação Infantil de 0 a 5 anos, ao longo das três últimas décadas, estabeleceu um desenvolvimento elevado nos fazeres pedagógicos e tendências educacionais devido à conjunção de três fatores:
Um intenso aumento da demanda;
A intensificação de conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil;
Ao desenvolvimento de políticas públicas na área.
Por causa desses avanços ocorridos nos últimos anos e do alto grau de criação existente em sua prática, a educação de crianças de 0 a 5 anos exige um profissional dinâmico, polivalente. Pois de acordo com o Referencial Curricular (1998) cabe ao professor trabalhar com conteúdo específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Esse caráter polivalente demanda, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se também um aprendiz, refletindo constantemente sobre a prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve.
São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças: a observação, o registro, o planejamento e a avaliação.
É preciso ter professores que estejam comprometidos com a prática educacional, capazes de responder as demandas familiares e das crianças, assim como as questões especificas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis.
O professor deve preparar-se para ser um pesquisador capaz de avaliar as muitas formas de aprendizagens que estimula em prática cotidiana, as interações por ele construídas com as crianças e com as famílias em situações especificas.
O trabalho direto com crianças de 0 a 5 anos exige do professor o investimento emocional, conhecimento técnico pedagógico e compromisso com a promoção do desenvolvimento da criança.
A criança tem o professor como alguém qualificado para medir seu desenvolvimento, auxiliando-a a ampliar as linguagens para usar, representar e exprimir sua forma de compreender o mundo e si mesma.
Com isso o professor da Educação Infantil deve ter formação ética e competência na especificidade de sua tarefa, levando-se em conta o atual momento sócio histórico, que ocorre em um mundo complexo, contraditório, violento, consumista em constante mudança.
O importante é que os professores tenham o domínio de conceitos e habilidades necessárias para se ter uma atuação junto as crianças, atuação esta que seja promotora de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças no sentido de lhe garantir o direito à infância.
O professor deve ser capaz de construir uma relação que transmita segurança para a criança, valorizando seu potencial. Precisa ser sincero, autêntico, respeitando suas opiniões, tornando-se um parceiro dessa criança na busca do conhecimento de um mundo repleto de descobertas e interações.
Hoje em dia, há uma grande necessidade de uma formação inicial e continuada mais abrangente e unificadora para os professores. É preciso que o docente tenha a formação mínima para o exercício do magistério ou cursando a faculdade. Porque o que se esperava do professor a algumas décadas não correspondem mais ao que espera nos dias atuais.
O professor precisa reconhecer suas emoções, trabalhar certos sentimentos que lhe desperta a atuação profissional, analisar suas próprias frustrações e sua agressividade para poder estabelecer uma relação segura com a criança, em um clima carinhoso. Sem dúvida, o papel do professor é importante na formação das crianças, mas não gera conhecimento. O professor repassa informações, mas além disso é preciso que o mesmo estimule a curiosidade das crianças. O importante é que o profissional seja comprometido e identificado com o trabalho da educação infantil.
ESTRUTURA OPERACIONAL
Enturmarão
O atendimento a criança passa por processos biopsicossociais distintos no período que corresponde de 0 a 5 anos.
Assim, o agrupamento das crianças dessa faixa etária, poderá efetivar-se como berçário de 0 a 2 anos, maternal de 2 a 3 anos, jardim de 3 a 4 anos e pré-escola de 4 a 5 anos.
Porém, o trabalho pedagógico é organizado com base nos estágios de desenvolvimento, haja vista o reconhecimento de que a evoluçãomental do indivíduo interfere no ensino aprendizagem.
Atualmente o educador passa a exercer o papel de mediador, intervindo na apropriação de conhecimentos das crianças, potencializando as funções psicológicas superiores. É enquanto mediador que ele deliberadamente trabalha a parte dos conceitos cotidianos em circulação no grupo e promove suas ampliações de forma que os conhecimentos científicos sejam explorados no espaço da educação infantil.
FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL
Identidade e Autonomia
O ingresso da criança pequena na instituição de ensino (escola/creche) amplia o seu universo inicial, uma vez que o contato com outras crianças e com adultos de origens e hábitos culturais diversos proporciona chances de aprender novas brincadeiras e de adquirir conhecimentos sobre diferentes realidades.
A maneira como cada um se vê depende também do modo como é visto pelos outros. Os traços particulares de cada criança, o jeito de cada uma e como isso é recebido pelo professor e pelo grupo em que se insere, tem grande impacto na formação de sua personalidade e de sua autoestima, já que sua identidade está em construção.
As crianças vãos, gradativamente, acionando seus próprios recursos, percebendo-se e percebendo os outros como diferentes, o que representa uma condição essencial para o desenvolvimento de sua autonomia.
A construção da identidade e da autonomia é para a criança o grande salto para a independência, sendo a autonomia definida como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si própria, levando em conta regras, valores, a sua perspectiva pessoal, bem como a do outro. Educar para a autonomia significa considerar as crianças como seres com vontade própria, capazes e competentes para construir conhecimentos, interferindo no meio em que vivem.
Segundo Kamii (2002), “É decidindo que as crianças aprendem a tomar boas decisões”.
BERÇÁRIO/MATERNAL
A atenção pedagógica dispensada às crianças de zero a três anos, hoje atendidas em creches e distribuídas em berçário e maternal, é de certa forma a mesma dispensada à criança em idade pré-escolar. A grande diferença é o grau de complexidade e a maneira de se conduzir o trato didático, que deve ser buscado e ampliado à medida que a criança cresce e se desenvolve.
É importante que, por meio da interação harmoniosa com o adulto, com seus pares e com o ambiente, priorize-se a construção da autonomia, o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático, o desenvolvimento das diferentes linguagens, a interação com o meio social e cultural etc.
Toda proposta de trabalho destinada tanto para o berçário quanto para o maternal deve levar em consideração a fragilidade e a particularidade de seres ao mesmo tempo tão pequenos e tão ávidos de conhecimentos e descobertas. Daí a importância do estabelecimento de vínculos afetivos adulto/criança e criança/criança, do brincar livremente e com segurança, para a estruturação de uma personalidade sadia e feliz.
Os objetivos traçados para o berçário e maternal partem do princípio de que a criança é um sujeito ativo na construção do seu conhecimento, na estruturação de sua inteligência, que aprende por meio de suas experiências, ações e reflexões, na interação com o adulto, com outras crianças e o ambiente, devendo ser respeitado como cidadão que tem o direito de viver o seu próprio tempo.
Os momentos iniciais na creche exigem sempre um esforço de adaptação da criança, da família e daqueles que assumem seus cuidados.
A época de adaptação é muito especial. Todos desejam que ela caminhe da melhor forma. Mas, para cada criança e cada família, esse processo ocorre de uma maneira ligeiramente diferente e, em parte, imprevisível.
Esse período de adaptação pode ser cuidadosamente planejado para promover a confiança e o conhecimento mútuos, favorecendo o estabelecimento de vínculos afetivos entre as crianças, as famílias e os educadores.
Dá-se, assim, oportunidade para a criança ter experiências sociais diferentes da experiência familiar, fazendo contatos com outras crianças em um ambiente estimulante, seguro e acolhedor. Vale lembrar que o fato de ter uma pessoa familiar junto à criança, na creche, nesse período inicial, possibilita à família conhecer melhor o local e o educador com quem a criança vai ficar. Geralmente, isso faz com que todos adquiram maior segurança.
Essa fase inicial, em que criança, família e educador estão se conhecendo, pode durar dias, meses ou melhor, eles sempre estarão se conhecendo. Por isso se diz que a adaptação, de certa forma, nunca termina. Digamos que há uma fase em que o desafio é maior.
É importante, nessa fase, que todos, pais e educadores, compreendam e respeitem o momento da criança de conhecer o novo ambiente e de estabelecer novas relações.
Se esse período de adaptação for bem conduzido, possibilitará que pais e educadores, por meio de sua convivência, estabeleçam uma relação produtiva, de confiança e respeito mútuo.
Estimulação
Os bebês aprendem a conhecer o mundo e se desenvolvem na interação que estabelecem com o meio. Por isso, a relação entre a criança e o adulto que dela cuida deve ser rica em estímulos para que esse desenvolvimento ocorra de forma eficiente.
A lida cotidiana com esses bebês deve ocorrer em um ambiente acolhedor e estimulante. É importante que os procedimentos iniciados junto à criança (rolamentos, trabalhos com as articulações, toques das extremidades etc.) sejam finalizados, mesmo sem a sua colaboração. O melhor executar as atividades por poucos minutos e várias vezes ao dia para que sejam respeitados seus momentos de concentração, que nesta faixa etária são muito curtos. Não esquecer que é normal que o bebê leve à boca todo objeto que consegue segurar. É seu jeito de conhecer as coisas; cabe ao educador tomar cuidados com objetos muito pequenos, sujos e cortantes.
PLANEJAMENTO ANUAL
A importância de um planejamento anual flexível, que contemple o desenvolvimento dessa clientela, justifica-se pela importância da ação educativa que se deseja desenvolver.
Além de flexível, deve ser adequado à realidade local, às possibilidades da instituição, ao momento histórico e à dinâmica das relações ali estabelecidas.
Para que contemple todas essas dimensões e se adapte aos eixos norteadores propostos no referencial curricular, é preciso que se deixe de lado a listagem de conteúdos fragmentados e sem significado. É preciso que se contemple a pluralidade de espaços e tempos socioculturais do qual participam os alunos e professores.
É possível determinar e quantificar atividades para crianças pequenas, de maneira que estas crianças possam crescer em ambiente estimulador, seguro, educativo e muito feliz, onde o lúdico e o prazeroso sejam determinantes no fazer pedagógico.
Planejar pressupõe conhecimentos anteriores, principalmente planejar atividades para crianças tão pequenas e que passam até duas mil horas dentro do CEI. É preciso que se planeje pensando “para” e “com” essas crianças, suas competências e suas diferentes necessidades conforme a faixa etária. Apesar de o planejamento anual ser feito para cada faixa etária, cada professor o fará para a sua turma, com características próprias. Ressalte-se que atividades e rotinas, onde os diferentes grupos se encontrem em atividades interessantes e variadas, no decorrer do ano, propiciarão melhor crescimento cognitivo e emocional das crianças, pela interação entre as diferentes idades.
Esse trabalho precisa estar sempre sendo avaliado, pois a cada ano vêm outras crianças com novos hábitos e costumes, exigindo que práticas e posturas sejam revistas.
Rotina
Tanto os profissionais como as crianças quando chegam na instituição encontram uma rotina diária que é comum em todos os grupos de crianças. Por exemplo: hora de entrar, de dormir, da higiene, de comer e assim sucessivamente até o final do dia.
É essencial o estabelecimento de uma rotina, porque estabelece organização das atividades no tempo, no qual possibilita ao educador uma direção para o trabalho que se propõe a fazer e as criançassegurança e compreensão de que estamos em um mundo organizado e que as coisas acontecem em uma determinada ordem de secessão: antes, durante e depois. Essa sequência de acontecimentos é de grande ajuda para a organização de todo o trabalho. A rotina é essencial, mas não apenas está de alimentação, higiene, sono, como também uma rotina de atividades intencionalmente planejadas que atendam as reais necessidades e expectativas de cada faixa etária. Dentre as possíveis atividades, estão as situações diversificadas, que envolvem as brincadeiras, movimentos, cantigas e etc. em um ambiente amplo e acolhedor organizado para a construção e o desenvolvimento da identidade, da autonomia e da oralidade.
O educador, então, deve planejar o dia-a-dia da criança na instituição como um contexto de garante o direito de toda criança a um ambiente acolhedor e desafiador, ao organizar tempo e espaço para a realização de diferentes atividades que promovam o aprendizado do cuidado pessoal, o envolvimento das crianças em brincadeiras e o estimulo à realização por elas de projetos de investigação que atendam a seus interesses e necessidades, tudo isso em um programa de parceria com as famílias.
Pedagogia de Projetos
A prática pedagógica na educação infantil deve estar aberta à vivencia e experimentação; ao concreto; ao ensino globalizado; a participação ativa da criança; à magia, à ludicidade, ao movimento, ao afeto – processos que levam as crianças a exercitarem a criatividade.
Segundo Faria (2000), é necessário garantir alguns quesitos imprescindíveis para educar e cuidar das crianças pequenas em espaços coletivos, tais como: não antecipar a escolarização do Ensino Fundamental; organizar um ambiente em que as crianças possam expressar as suas cem linguagens; conviver com todas as diferenças; exercitar todos os comportamentos e valores necessários para o convívio social, concomitante com a construção da sua identidade e autonomia.
Essas aprendizagens essenciais deverão nortear as práticas pedagógicas a partir da educação dos pequenos. Portanto, que proposta concretiza essa dimensão de atendimento à criança pequena? Ela impõe que se propicie que a criança seja, hoje, alguém com muita criatividade para, quando adulta, ser capaz de construir uma sociedade mais solidária, constituir-se em um cidadão consciente de seus direitos e deveres.
A Pedagogia de Projetos coloca-se como umas das expressões da concepção globalizante do conhecimento escolar, pois permite aos alunos analisarem os problemas, as situações e os acontecimentos dentro de um contexto e em sua globalidade, utilizando, para isso, os conhecimentos presentes nas disciplinas escolares e a sua experiência sociocultural.
Para Machado (2000), a capacidade de elaborar projetos pode ser identificada como a característica mais verdadeiramente humana; somente o homem é capaz não só de projetar como também, e primordialmente, de viver sua própria vida como um projeto.
A prática de projetos tem suas raízes históricas no final do século XIX com o movimento da chamada “Escola Nova”. Este movimento contrapôs-se severamente aos princípios e métodos da escola tradicional. Um conceito essencial do movimento educativo aparece na filosofia de Dewey, onde o autor explicita que as escolas deveriam deixar de ser meros locais de transmissão de conhecimento e tornarem-se pequenas comunidades (DEWEY, 1968).
Historicamente, a prática de projetos surgiu para inovar a escola, romper com as práticas tradicionais de ensino para torná-lo mais interessante e significativo ao aluno.
Uma de suas vantagens principais é a de que os projetos procuram estimular uma variedade de inteligências (apud GARDNER, 1995) e usar diversos recursos para desenvolver habilidades de linguagem, numérica, geométrica, noções de ciência, estudos sociais e artes.
Também SMOLE (1996) caracteriza que as atividades desenvolvidas por projetos, levam: ao encorajamento à mobilização de múltiplas inteligências (GARDNER, 1995); à utilização de diferentes formas de representações: comunicação (linguagem oral e escrita), desenhos, linguagem corporal e linguagem matemática; à interdisciplinaridade.
Na execução dos projetos, diferentes áreas do conhecimento devem estar relacionadas para atingir os objetivos traçados e resolver os problemas que surgem. A interação entre elas (naturalmente, será uma necessidade real).
Atualmente, o trabalho com projeto está sendo resinificado. O “método”, assim denominado no início e reconhecido em diferentes períodos deste século, passa, agora, a ser visto como uma postura pedagógica. Os projetos refletem uma determinada postura pedagógica e significam, de fato, uma forma de repensar a prática pedagógica e as teorias que lhe dão sustentação. Enfim, uma nova concepção de educação, ensino e aprendizagem é mais do que uma sequência de passos a serem seguidos. Isso faz com que os projetos não sejam considerados como uma mera técnica de ensino, porque não existe uma sequência única e estável para abordar todos os problemas; isto é, para cada problema é necessário estabelecer uma dinâmica diferente e contribuir para repensar a função social da escola. Por que motivo, eles pretendem favorecer mudanças nas concepções e no modo de atuar dos professores junto às crianças.
A Pedagogia de Projetos é uma possibilidade interessante para organização pedagógica da instituição de educação infantil, pois viabiliza ricas relações entre o ensino e aprendizagem, dirigindo o trabalho educativo para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pela criança.
Essas proposições vislumbram um aprender diferente; propiciam a noção de educação para a compreensão. Enfim, traduzem uma determinada concepção de conhecimento. Essa educação organiza-se a partir de dois eixos que se relacionam:
a) aquilo que os alunos aprendem;
b) a vinculação que esse processo de aprendizagem e a experiência da escola tem com suas vidas.
Por ser bastante amplo, o trabalho com projetos pode nortear todo o âmbito da Educação Infantil. É por meio dele que se pode ensinar melhor, pois a criança aprende de forma significativa, globalizada e contextualizada.
Sobre essa questão, também o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil explicita:
As crianças podem estabelecer relações entre novos conteúdos e os conhecimentos prévios (conhecimentos que já possuem), usando para isso os recursos de que dispõem. Esse processo possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios, matizá-los ou diferenciá-los em função de novas informações, capacitando-as a realizar novas aprendizagens, tornando-as significativas.
A Educação Infantil precisa constituir-se como um espaço de vida significativa. As crianças em idade pré-escolar estão conhecendo, sentindo, identificando-se e envolvendo-se cada vez mais com o meio em que vivem. É preciso despertar-lhe a curiosidade e buscar o envolvimento com temas do contexto, que vivenciam de forma significativa.
Tornar possível uma aprendizagem significativa, isto é, que conecte e parta do que as crianças já sabem, de seus esquemas de conhecimento precedentes, de suas hipóteses ante à temática que vai ser abordada e dar funcionalidade ao que vai ser aprendido são alguns dos pressupostos que fundamentam a prática com Projetos.
Nessa perspectiva, as situações propostas nos projetos induzem as crianças a aproximarem-se de um contexto de aprendizagem em que elas aprendam a “fazer fazendo”, errando, acertando, problematizando, levantando hipóteses, investigando, refletindo, pesquisando, construindo, discutindo e intervindo.
O trabalho com projetos na educação infantil oferece amplos pretextos e contextos de conversas genuínas entre adultos e crianças e entre crianças e crianças. Principalmente, porque há conteúdo significativo para ser discutido, as crianças evocam o que estão aprendendo, planejando, pensando, sobre as ideias que estão sendo desenvolvidas.
Bruner enfatiza que para a criança deve haver situações de desafio que a levem a resolver problemas, descobrindo suas soluções.
Além disso,o conhecimento adquirido é mais útil para alguém que está aprendendo quando ele é “descoberto” por meio dos esforços cognitivos do próprio indivíduo que está aprendendo, pois dessa forma, ele é relacionado ao que se conhecia antes e utilizado em referência a isto. (2001, p. 9).
Os projetos devem ser desenvolvidos a partir do mundo real em que as crianças vivem; constituem-se em um estudo em profundidade das situações do cotidiano; enfim, através do desenvolvimento de um projeto as crianças aprendem mais sobre o tópico selecionado.
A Pedagogia de Projetos visa a ressignificação das práticas escolares, transformando-as em uma forma de organização dos conteúdos escolares, mediante eixos de interações, aberta ao real e às suas múltiplas dimensões bem como, permeando a ação educativa como uma postura pedagógica.
Há várias formas de desenvolver um projeto, isto significa que um mesmo projeto nunca se repetirá, pois depende do percurso que o grupo trilhará. O importante é que essa trilha seja em parceria com os alunos, num processo constante de negociação.
Sabemos que com as crianças de três a seis anos, o trabalho com projetos traz grandes contribuições, pois, os objetivos do projeto são partilhados com as crianças, bem como a temática dos mesmos podem surgir do interesse infantil revelado em suas conversas e brincadeiras.
Mas, e com os bebês? É possível trabalhar com projetos com os bebês?
Nas palavras de Barbosa & Horn (2001), “os projetos com bebês têm seus temas derivados basicamente da observação do educador da leitura que realiza de seu grupo de crianças, dos elementos adquiridos na sua formação e que auxiliam a discernir sobre atividades que podem ser importantes ao desenvolvimento da criança”. Projetos envolvendo temáticas como, movimento, linguagem oral, artes e música são viáveis na educação dos bebês.
No entanto, é preciso considerar as especificidades do trabalho pedagógico junto às crianças de zero a um ano, isto é, a proposta pedagógica para esta faixa etária prevê em sua essência as ações integradas entre o cuidar e o educar, bem como as atividades de estimulação.
O sucesso das atividades de estimulação depende da organização do espaço, isto é, cabe ao educador organizar os objetos – almofadas, brinquedos, móbiles – de modo que os mesmos desafiem os bebês a vencer os obstáculos por eles propostos, como, por exemplo, engatinhar de uma extremidade a outra, desvencilhando dos objetos que naquele momento dificultam a sua passagem. As atividades de estimulação somadas ao banho, a troca de fraldas, a alimentação, o sono, cumprem com o objetivo de auxiliar os bebês na aquisição de novas competências, como por exemplo: rolar, engatinhar, arrastar, andar, brincar, sorrir, comunicar-se, descobrir novas texturas, novos sons, novos objetos, novas cores, viver.
Quanto às ações integradas entre o cuidar e o educar, merece atenção especial, o desenvolvimento da autonomia, como por exemplo, a educação do controle do xixi e do cocô, o uso de talheres, o uso do copo, o cuidado com o próprio corpo etc. As atividades de estimulação deverão ser pensadas e planejadas a partir dos Eixos de Trabalho, de modo que os objetivos de cada área sejam alcançados e consequentemente os conteúdos previstos para esta faixa etária desenvolvidos.
Os princípios expostos acima valem também para as crianças de um a dois anos, no entanto, é preciso considerar o desenvolvimento infantil desta faixa etária. Isto é, a partir do momento em que as crianças já possuem condições motoras de manipular diferentes materiais (lápis e pincéis de diferentes texturas e espessuras, brochas, carvão, carimbo, livros, revistas etc.), meios (tintas, água, areia, terra, argila etc.) e variados suportes gráficos (jornal, papel, papelão, parede, chão, caixas, madeiras etc.), os mesmos deverão ser propostos a elas.
Nessa perspectiva, o papel do educador é o de ser mediador de cultura; aquele que coloca os alunos em contato com o conhecimento, através de intervenções planejadas que favorecem ações sobre os objetos de conhecimento.
A competência que um professor precisa desenvolver para realizar seu trabalho em sala, passa, necessariamente, pela sua disposição para estudar.
Estudar para se desenvolver como mediador de conhecimentos; para conhecer e de forma atualizada organizar as situações de aprendizagem; para conhecer melhor seus alunos como aprendizes e para conhecer as melhores formas de ser professor.
Nossa análise, sobre a importância de trabalhar com projetos como eixo articulador de experiências está no fato de que a prática de Projetos pretende favorecer mudanças nas concepções e no modo de atuar dos professores. Ele é justificado pela necessidade de formar crianças para serem capazes de fazer relações, de fazer reflexões, de criar a partir do conhecimento aprendido na escola e na vida, passando da condição de reprodutora de ações, à planejadora e participante ativa da aprendizagem. É um processo de aprendizagem da autonomia e responsabilidade. Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração do conhecimento e, sim deve ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar.
A instituição revendo o seu fazer pedagógico, está refletindo sobre como tornar o plano mais fidedigno a essa prática, como articular os conteúdos, e outras indagações sobre sua realidade. Por isso, o investimento na formação continuada (em serviço) do professor, é prioridade para ela, a fim de ampliar o conhecimento do professor sobre a sua prática e desenvolver a sua capacidade de reflexão.
BRINCADEIRA É COISA SÉRIA
A função do brincar na infância é tão importante e indispensável quanto comer, dormir, falar etc. É por meio dessa atividade que a criança alimenta seu sistema emocional, psíquico e cognitivo.
Ela elabora e reelabora toda sua existência por meio da linguagem do brincar, do lúdico e das interações com seus pares.
A brincadeira permeia a própria existência humana, porém, durante os seis primeiros anos, a criança utiliza-se dessa linguagem para se expressar e para compreender o mundo e as pessoas. Ela desenvolve, gradativamente, competências para compreender e/ou atuar sobre o mundo.
O brincar é para a criança uma possibilidade de se ter um espaço onde a ação ali praticada é de seu domínio, isto é, ela é seu próprio guia, ela age em função de sua própria iniciativa.
Esse é sem dúvida um elemento importante: a criança toma a decisão para si – vai ou não brincar; isto lhe dá a chance de experimentar sua autonomia perante o mundo.
Forma de comunicação integrada, a brincadeira marcada pelo faz-de-conta e pela magia é uma atividade que contribui para uma passagem harmoniosa da criança pelo mundo das atividades reais da vida cotidiana, com outros significados.
Ao brincar a criança entra definitivamente no mundo das aprendizagens concretas. Ela elabora hipóteses e as coloca em prática, constrói objetos, monta e desmonta “geringonças”, enfim, ela manipula todas as possibilidades dos objetos de seu universo de acesso.
No faz-de-conta ela realmente tem a chance de construir sua própria realidade, ela utiliza-se de elementos concretos, da sua realidade cotidiana e lhes atribui outro sentido. Na esfera do faz de conta, uma pedra vira um chocolate, a boneca vira um nenê de verdade, com o qual se conversa. A criança sabe que não é um nenê de verdade, mas faz-de-conta.
Segundo Gardner (1993) tratar um objeto como se fosse um outro (jogo simbólico) é uma forma de “metarrepresentação”, já que a criança conhece o objeto, mas atribui-lhe outras propriedades para obter os efeitos desejados; pode pensar mais além do mundo da experiência direta, sendo capaz de imaginar, ao mesmo tempo que põe em prova seus conhecimentos.
Ao mesmo tempo em que o brincar permite que a criança construa e domine cada vez melhor sua comunicação, faz com que ela entre em um mundo de comunicações complexas, que mais tarde serão utilizadas na educação formal.
Brincando a criança toma decisões, desenvolve sua capacidade de liderança e trabalha de forma lúdica seus conflitos.Ela decide se está na hora do nenê/boneca dormir, acordar, comer etc. No jogo da brincadeira a criança toma suas próprias decisões,
Na Educação Infantil a criança se percebe como sujeito de direitos e de deveres; ele está num grupo, tem que conviver e negociar com ele o tempo todo e as brincadeiras e as interações, dirigidas ou não, se misturam num eterno novo fazer todos os dias.
É importante que o adulto saiba e compreenda que a criança tem necessidade de brincar, de jogar por jogar, pelo simples prazer, não por obrigação, com hora marcada ou para conseguir objetivos alheios.
É essa liberdade, essa ausência de exigências externas que faz com que se aflore e estimule a iniciativa, a criatividade e a invenção.
A brincadeira e/ou o jogo proporciona benefícios indiscutíveis no desenvolvimento e no crescimento da criança. Por seu intermédio, ela explora o meio, as pessoas e os objetos que a rodeiam, aprende a coordenar variáveis para conseguir um objetivo, aprende e aproxima os objetivos com intenções diversas e com fantasia.
Segundo Vygotsky, o jogo cria uma zona de desenvolvimento própria na criança, de maneira que, durante o período em que joga ela está sempre além da sua idade real. O jogo constitui-se, assim, uma fonte muito importante de desenvolvimento.
O brincar proporciona esse desenvolvimento, por se tratar de uma atividade que possibilita espaço para ensaiar, provar, explorar, experimentar e, ao final, interagir com as pessoas e com os objetos que estão ao seu redor.
Os jogos vão se estruturando conforme o estágio evolutivo da criança. No começo, predominam os jogos sensório-motores, de caráter manipulativo e exploratório; com o passar do tempo, mudam-se os jogos, seus objetivos e seus fins (jogo de construção, de simulação e de ficção). Mais adiante ainda, a criança será capaz de participar de jogos que envolvem regras, onde poderão coordenar suas próprias ações com a dos companheiros de jogo (jogos esportivos, de cooperação, de competição etc.).
Os jogos sociais favorecem e incrementam novos repertórios, novas aprendizagens. Assim a criança passa pela infância, chega na vida adulta, dando e imprimindo sua própria marca e significado à vida.
ÉTICA, VALORES E ATITUDES
A criança ser social, está em constante relação com o mundo e nele ela nasce, cresce, descobre, aprende, ensina, recria, convive e multiplica.
Nestes primeiros anos de vida os sentimentos e a personalidade assentam suas bases e se solidificam.
A instituição de Educação Infantil tem então o importante papel de inserir a criança em um contexto de mundo que é diversificado em valores, culturas, religiões e ideias; o desafio e oferecer condições para que a criança aprenda a conviver com sua própria cultura, valorizando e respeitando as demais, bem como desenvolvendo sua consciência crítica acerca da formação da cidadania, da dignidade, moralidade, formação de hábitos, valores e atitudes.
Partindo sempre da realidade concreta da criança, questões como: valores, atitudes, ética, religião devem ser abordados com naturalidade.
Por meio do diálogo, do jogo, da brincadeira, do canto vão se estabelecendo relações de amizades, respeito ao próximo, limites, solidariedade, democracia, cidadania, participação, etc.
É nesta fase da Educação Infantil, das primeiras relações escolares, que ocorrem à socialização, o encantamento, a admiração e o desabrochar da espiritualidade. Por meio da reflexão, da investigação e da experimentação a criança descobre o caminho para conviver na liberdade, com autonomia e responsabilidade.
Assim a proposta de se trabalhar em uma perspectiva de transcendência e espiritualidade visa à possibilidade a abertura e o acolhimento a VIDA em suas incontáveis manifestações, perceber a relação humano-divina respeitando diferenças e vivências, a construção de uma cultura de justiça, esperança, ternura e solidariedade.
Na Educação Infantil, para que se desenvolvam esses princípios, existem vários momentos que podem ser explorados e trabalhados tais como:
•	Higiene pessoal-conhecimento e valorização de seu corpo, autoestima.
•	Brincadeiras e jogos coletivos ou individuais (respeito ao outro), conhecimento de limites e regras, socialização, diversidade cultural etc.
•	Hora do lanche – fraternidade, agradecimentos pelos alimentos, pela vida, repartir, ser solidário etc.
•	Observação dos fenômenos naturais – a beleza de um dia de sol, o aconchego, a vida que traz a chuva etc.
•	Passeios para observar a natureza e a paisagem – criação de Deus, beleza da criança, proteção e preservação da natureza e da vida etc.
•	Eventos festivos e comemorações – integração das famílias, valorização da comunidade e sua cultura etc.
Devemos desde cedo salientar que as crianças podem aprender questões morais, tais como respeito pela propriedade, orientações para não machucar os outros e para ajudar vítimas de agressões. O objetivo e que as crianças se tornem envolvidas com questões morais de suas classes. Deseja-se que elas reconheçam a injustiça quando a veem, que prefiram o justo ao injusto e se sintam compelidos a falar contra a injustiça.
O êxito neste trabalho será medido pelo que trará de contribuição à pessoa em suas convicções e posturas frente à vida; no entender-se como ser humano, não aceitar os outros como semelhantes e parceiros de vida, na construção da justiça, da solidariedade e de cidadania.
INTRODUÇÃO
Ao iniciar sua trajetória de vida, as crianças têm direito a saúde, amor, aceitação e segurança, que constituem um forte alicerce para suportar as fases posteriores de desenvolvimento.
Assim sendo, surge uma nova concepção de creche-ambiente de educação e cuidados — que sinaliza para a fundamental importância de que a este espaço, anteriormente direcionado somente aos cuidados para com a criança, atribua-se um papel educativo complementar junto às famílias.
As famílias, as instituições e a sociedade como um todo são responsáveis pela infância e realizam ações que se complementam. Em momento algum uma substituirá a outra, pois são de grande importância para a Educação Infantil.
O Currículo da Educação Infantil — 0 a 5 anos — é centrado nos eixos Formação Pessoal e Social e Conhecimento do Mundo e deverá contribuir para prática e vivência pedagógicas plenas de êxito e alegria, culminando com aprendizagem satisfatória e significativa das crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral do projeto é desenvolver uma prática eco pedagógica, assim como, levantar aspectos relevantes pertinentes ao contexto que envolve o processo de construção de conhecimentos, consequentemente da preservação e conservação ambiental para que desta forma toda venham superar visões reduzidas, ampliando-as para efetivas ações que beneficiem a si próprios, aos outros e ao planeta como um todo
As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo:
•	A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano;
•	Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns, portfólio, ficha de avaliação etc.);
•	A continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental);
•	Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;
REFERÊNCIA
https://pedagogiaaopedaletra.com/proposta-curricular-para-educacao-infantil/ 01/04/18
https://www.zemoleza.com.br/trabalho-academico/sociais-aplicadas/pedagogia/proposta-curricular-para-educacao-infantil-de-0-a-5-anos/31/03/18