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metodologia de ensino da esducação infantil

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1 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
2 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Este material é parte integrante da disciplina “Metodologia do Ensino da Educação 
Infantil” oferecido pela UNINOVE. O acesso às atividades, as leituras interativas, os 
exercícios, chats, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser 
feitos diretamente no ambiente de aprendizagem on­line.
3 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Sumário 
AULA 01 • HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..........................................................................6 
A História da Educação Infantil brasileira no século XX...............................................................6 
A legislação brasileira..................................................................................................................7 
LDB nº 4.024, 1961 .................................................................................................................7 
LDB nº 5692, 1971 ..................................................................................................................8 
Constituição de 1988...............................................................................................................8 
LDB nº 9394, 1996 ..................................................................................................................8 
Da Educação Infantil................................................................................................................9 
Exercícios....................................................................................................................................9 
AULA 02 • CUIDAR E EDUCAR....................................................................................................11 
Exercícios..................................................................................................................................14 
AULA 03 • CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E DA AUTONOMIA................................................15 
Identidade, gênero e sexualidade..............................................................................................16 
Identidade e o grupo..................................................................................................................17 
Autonomia e independência ......................................................................................................17 
Exercícios..................................................................................................................................18 
AULA 04 • MEDIADORES DE APRENDIZAGEM..........................................................................20 
Ambiente e espaço....................................................................................................................20 
Materiais....................................................................................................................................22 
A função pedagógica dos espaços escolares ............................................................................22 
Exercícios..................................................................................................................................23 
AULA 05 • ROTINA .......................................................................................................................24 
Momentos da rotina...................................................................................................................25 
Entrada......................................................................................................................................26 
Roda de conversa .....................................................................................................................27 
Atividades..................................................................................................................................27 
Refeição ....................................................................................................................................28 
Atividades externas ...................................................................................................................28 
Higiene ......................................................................................................................................28 
Descanso ..................................................................................................................................28 
Brincadeira ................................................................................................................................29 
Saída.........................................................................................................................................29 
Momentos de transição .............................................................................................................29 
Finalizando................................................................................................................................30 
Exercícios..................................................................................................................................30 
AULA 06 • PLANEJAMENTO ........................................................................................................31 
Tipos de planejamento ..............................................................................................................33 
Por atividade:.........................................................................................................................33 
Por áreas do conhecimento ...................................................................................................33 
Planejamento baseado em temas..........................................................................................34 
Exercícios..................................................................................................................................34 
AULA 07 • PROJETO....................................................................................................................35 
Exercícios..................................................................................................................................38 
AULA 08 • CULTURA LÚDICA......................................................................................................39 
A importância do brincar............................................................................................................39 
Exercícios..................................................................................................................................44 
AULA 09 • MOVIMENTO, CORPO E DANÇA ...............................................................................46 
Exercícios..................................................................................................................................48
4 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
AULA 10 • ARTES, CORES E DESENHOS ..................................................................................50 
Um pouco de história.................................................................................................................50 
A arte como objeto de conhecimento.........................................................................................52 
Produzir e analisar em artes visuais ..........................................................................................53 
O trabalho com arte...................................................................................................................54 
Produção de arte ...................................................................................................................54 
História da arte ......................................................................................................................54 
Crítica ....................................................................................................................................54Estética..................................................................................................................................54 
Desenho e cores .......................................................................................................................55 
Exercícios..................................................................................................................................57 
AULA 11 • ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ...........................................................................58 
Exercícios..................................................................................................................................59 
AULA 12 • LEITURA E ESCRITA ..................................................................................................60 
Linguagem oral..........................................................................................................................60 
Linguagem escrita .....................................................................................................................62 
Exercícios..................................................................................................................................63 
AULA 13 • LITERATURA INFANTIL ..............................................................................................64 
Conto­de­fadas..........................................................................................................................64 
Contos maravilhosos .................................................................................................................65 
Fábulas .....................................................................................................................................65 
Lenda ........................................................................................................................................65 
Origens da Literatura Infantil......................................................................................................66 
A literatura infantil e a escola.....................................................................................................66 
Exercícios..................................................................................................................................67 
AULA 14 • MATEMÁTICA • NÚMERO E SISTEMA DE NUMERAÇÃO. ........................................69 
Exercícios..................................................................................................................................72 
AULA 15 • MATEMÁTICA: ESPAÇO E FORMA............................................................................74 
Exercício....................................................................................................................................76 
AULA 16 • MATEMÁTICA: GRANDEZAS E MEDIDAS .................................................................77 
O que são grandezas e medidas? .............................................................................................77 
Algumas definições ...................................................................................................................78 
Atividades:.................................................................................................................................79 
Exercícios..................................................................................................................................80 
AULA 17 • CONHECIMENTO DE MUNDO ­ CIÊNCIAS NATURAIS E MEIO AMBIENTE ............81 
Por que ensinar ciências? .........................................................................................................81 
O que as crianças podem aprender da ciência escolar?............................................................81 
Ciências, três acepções.............................................................................................................81 
Como ensinar ciências às crianças?..........................................................................................82 
Em resumo................................................................................................................................84 
Ciência ..................................................................................................................................84 
Aprendizagem significativa ........................................................................................................85 
Conhecimento prévio.................................................................................................................85 
Conteúdos.................................................................................................................................85 
Ser bom em ciências .................................................................................................................85 
Conteúdos da área de ciências experimentais ..........................................................................85 
Procedimentos da ciência..........................................................................................................86 
Resolver problemas...................................................................................................................87 
Projetos em ciências .................................................................................................................87 
Exercícios..................................................................................................................................87 
AULA 18 • CONHECIMENTO DE MUNDO – CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLOGIA ....................89 
Características do conhecimento social e histórico....................................................................89
5 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Exercício....................................................................................................................................92 
AULA 19 • AVALIAÇÃO – CONCEPÇÕES E COMPONENTES....................................................93 
Porque o professor e a instituição avaliam? ..............................................................................94 
Como avaliar? ...........................................................................................................................94 
Quando avaliar? ........................................................................................................................95 
Exercícios..................................................................................................................................95 
AULA 20 • AVALIAÇÃO • ORGANIZAÇÃO DO ACOMPANHAMENTO.........................................97 
Construindo registros de acompanhamento e relatórios de avaliação .......................................98 
Exercícios................................................................................................................................100 
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................101
6 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
AULA 01 • HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Iniciaremos a conversa sobre Metodologia de Ensino na Educação Infantil com um pouco 
de história. 
Para  entender  como  as  escolas  de  Educação  Infantil  que  conhecemos  hoje  surgiram, 
passearemos pela história social das crianças e pelas transformações legais ocorridas em nosso 
país. 
Segundo Philippe Ariès, na sociedade medieval o sentimento da infância não existia, não 
havia uma consciência da particularidade infantil. 
A idéia de criança e infância tal como conhecemos não tem mais do que dois séculos. 
Até o século XVIII, a  infância tinha dois sentidos, um surgido no meio familiar, a partir da 
companhia das crianças: 
• Paparicação – a criança era fonte de distração, brincadeira e relaxamento dos adultos. 
E outro, exterior à família,surgido em meio aos eclesiásticos e moralistas: 
• Apego à infância – preocupação com a disciplina e racionalidade dos costumes. 
A partir do século XVIII, a criança assume um lugar central dentro da família, sua simples 
presença  e  existência  eram  dignas  de  preocupação;  nas  famílias,  encontravam­se  os  dois 
sentimentos  anteriores  associados,  mas  surgira  também  uma  preocupação  com  a  higiene  e  a 
saúde física das crianças. 
O  que  favoreceu  as  alterações  de  sentido  ou  sentimento  pelas  crianças  foram  as 
mudanças  ocorridas  na  sociedade,  como  nova  estrutura  familiar,  decréscimo  das  taxas  de 
mortalidade infantil, aumento da industrialização e urbanização. 
Aliás, o aumento da industrialização trouxe também a organização de espaços destinados 
especialmente para educar as crianças: as escolas; é o que chamamos de institucionalização da 
infância. Seu surgimento está associado a novas idéias sobre infância e seu papel na sociedade, 
mas  principalmente,  está  associado  ao  trabalho  materno  fora  do  lar  a  partir  da  Revolução 
Industrial. 
A História da Educação Infantil brasileira no século XX 
No Brasil, as primeiras instituições de cuidado e educação infantil foram: 
• a Creche da Companhia de Fiação e Tecidos Corcovado, em 1899, no Rio de Janeiro
7 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
(creche destinada aos filhos dos operários); 
• os primeiros jardins­de­infância do Colégio Menezes Vieira, em 1875, no Rio de Janeiro; 
• a Escola Americana, em 1877, em São Paulo; 
• o anexo à escola normal Caetano de Campos, em 1896, em São Paulo. 
Os Parques Infantis surgem em 1935 com uma tríplice finalidade: assistir, educar e recrear; 
suas  principais  atividades  estavam  ligadas  às  atividades  rítmicas,  jogos  dirigidos,  esportes 
coletivos ou individuais, excursões, etc. 
Ao longo dos anos, seus objetivos foram se alterando; na década de 60 sua finalidade era 
oferecer  recreação  organizada  e  saudável,  considerando  o  desenvolvimento  físico,  intelectual, 
moral, cívico e estético, realizado de forma natural, com ênfase no lúdico. 
Na  década  de  70,  os  objetivos  anteriores  são  mantidos,  mas  outras  orientações  são 
acrescentadas,  apresentando  uma  programação  seqüenciada  de  atividades,  com  unidades  de 
trabalho que abordavam quatro áreas de estudo: Criança, Família, Escola e Comunidade. Essas 
áreas de estudo compreendiam: Estudos Sociais, Linguagem, Matemática e Ciências e atividades 
de rotina, de conhecimento, de expressão, de prontidão para leitura e escrita, entre outros. 
Em 1975, os Parques Infantis transformam­se em Escolas Municipais de Educação Infantil, 
as  EMEI’s  que  conhecemos;  seus  objetivos,  nesse  momento,  voltam­se  prioritariamente  à 
prevenção da evasão e retenção no primeiro grau: prevenção de distúrbios de desenvolvimento; 
preparação para a alfabetização; aquisição de hábitos, atitudes e conhecimentos necessários ao 
escolar, buscando evitar o fracasso escolar da criança na primeira série. 
A partir daí até a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que está em vigor, a lei 
nº  9394/96,  a  educação  infantil  é  vista  como  um  espaço  para  as  crianças,  filhos  de  mães 
trabalhadoras ficar (creches – ligadas à assistência social) ou algo anterior à escola, preparatório 
para tal (pré­escola). 
A legislação brasileira 
As  mudanças  ocorridas  na  história  da  educação  infantil  em  nosso  país,  tem  estreita 
relação com as alterações  legais. Para  compreendermos, melhor esse percurso utilizaremos as 
leis da educação e a Constituição Federal de 1988. 
LDB nº 4.024, 1961 
Considerada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, traz em seu texto
8 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
o delineamento da pré­escola. Podemos comprovar isso em seu artigo 23: 
•  Art.  23  –  A  Educação  pré­primária  destina­se  aos  menores  de  sete  anos  e  será 
ministrada em escolas maternais ou jardins­de­infância. 
Já em artigo 24, verificamos que o Estado não é responsável pelo seu oferecimento. 
• Art. 24 – As empresas que tenham a seu serviço mães de menores de sete anos serão 
estimuladas  a  organizar  e  manter,  por  iniciativa  própria  ou  em  cooperação  com  os 
poderes públicos, instituições de educação pré­primária. 
LDB nº 5692, 1971 
Lei que alterou a anterior e  considerou a  responsabilidade dos  sistemas de ensino pelo 
oferecimento da educação às crianças com idade inferior a sete anos. 
• Art. 19 – Para ingresso no Ensino do 1º grau, deverá o aluno ter a idade mínima de sete 
anos. 
1º As normas de cada sistema disporão sobre a possibilidade de  ingresso no Ensino do 
primeiro grau de alunos com menos de sete anos de idade. 
2º  Os  sistemas  de  ensino  velarão  para  que  as  crianças  de  idade  inferior  a  sete  anos 
recebam  conveniente  educação  em  escolas  maternais,  jardins­de­infância  e  instituições 
equivalentes. 
Constituição de 1988 
A Constituição,  lei maior  de  nosso  país,  reafirma  em  seu  texto o  direito  à educação  de 
todas as crianças e o dever do Estado em oferecer esse atendimento. 
•  Art.  7.º  São  direitos  dos  trabalhadores  urbanos  e  rurais,  além  de  outros  que  visem  à 
melhoria de sua condição social: 
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até os seis anos 
de idade em creches e pré­escolas. 
• Art. 280. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: 
IV­ atendimento em creche e pré­escola às crianças de zero a seis anos de idade. 
LDB nº 9394, 1996 
Na  atual  LDB,  a  educação  infantil  não  só  é  direito  de  todos  e  dever  do  Estado,  como
9 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
também passou a ser considerada como parte da educação básica. 
• Art. 21 – A educação escolar compõe­se de: 
Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; 
Educação Superior 
No seu texto podemos encontrar também sua finalidade, local de atendimento e forma de 
avaliação. 
Da Educação Infantil 
• Art. 29 – A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o 
desenvolvimento  integral  da  criança  até  seis  anos  de  idade,  em  seus  aspectos  físico, 
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. 
• Art. 30 – A educação infantil será oferecida em: 
I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; 
II – pré­escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. 
• Art. 31 – Na Educação Infantil, a avaliação far­se­á mediante acompanhamento e registro 
do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino 
Fundamental. 
Podemos  reconhecer  três aspectos  que podem ser  considerados  avanços na  legislação 
atual: 
1) Define creches e pré­escolas como instituições educativas integrantes dos sistemas de 
ensino. 
2)  Considera  o  atendimento  em  creches  e  pré­escolas  como  tarefa  pública  a  ser 
compartilhada com a família. 
3) Prevê o atendimento aos direitos da criança. 
Ao menos no plano da Lei, a responsabilidade pela socialização e educação de crianças 
nessa faixa etária não é exclusiva da família; o Estado também tem essa responsabilidade. 
Exercícios 
1. .Ao longo da história são considerados sentidos/ sentimentos ligados à infância, exceto: 
a) A criança como fonte de distração dos adultos. 
b) A consciência da particularidade infantil da sociedade medieval. 
c) Preocupação com a disciplina e racionalidade dos costumes. 
d) Preocupação com a higiene e com a saúde física.
10 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
2. A institucionalização da infância ocorreu, entre outros fatores, porque: 
a) era uma forma de melhorar os índices de mortalidade infantil. 
b) Como a estrutura familiar não sofria alterações era uma maneira de conserva­la. 
c) Era necessáriomudar as idéias sobre a infância e o seu papel na sociedade 
d) A partir da revolução industrial, surgi o trabalho materno fora do lar. 
Resposta dos Exercícios 
1. Ao longo da história são considerados sentidos/ sentimentos ligados à infância, exceto: 
RESPOSTA CORRETA B 
2. A institucionalização da infância ocorreu, entre outros fatores, porque: 
RESPOSTA CORRETA D
11 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
AULA 02 • CUIDAR E EDUCAR 
Na  aula  anterior  você  pôde  constatar  que  nem  sempre  o  direito  à  educação  para  as 
crianças até 6 anos de idade foi reconhecido pelo poder público.Também não era reconhecida a 
importância da educação nesse momento da vida. 
Cuidar  e  educar  crianças,  como  dimensões  intercomplementares  e  indissociáveis  da 
Educação Infantil, é o atual posicionamento da política educacional brasileira. 
Para chegar até ele, vamos relembrar as funções históricas da educação infantil: 
• Guardar as crianças. As transformações sociais, econômicas e políticas fizeram surgir a 
necessidade de um lugar para “guardar” as crianças; aparecem as creches com a função 
de guardar crianças órfãs e filhos de trabalhadores. 
• Compensar as carências  infantis. Em linhas gerais, essa foi a concepção de pré­escola 
que chegou ao Brasil na década de 70. 
• Promover o desenvolvimento global e harmônico das crianças. A educação pré­escolar 
teria objetivos próprios e adequados às necessidades do meio físico, social, econômico e 
cultural. 
•  Instrumentalizar  as  crianças.  A  ênfase  era  colocada  na  necessidade  de  um  trabalho 
sistemático  e  intencional,  com  a  preocupação  de  não  antecipar,  de  forma  drástica,  a 
escolaridade  da  criança;  eram  apontadas  alternativas  para  imprimir  mais  qualidade 
pedagógica à educação pré­escolar. 
•  Favorecer  o  processo  de  alfabetização.  A  pré­escola  vista  por  esse  prisma  estava 
comprometida  tanto  com  a  criança  e  suas  formas  de  expressão  e  interações  que 
estabelece  com  a  sua  realidade,  quanto  com  o  desenvolvimento  posterior  da  sua 
escolaridade, principalmente favorecendo o processo de alfabetização. 
O  cuidar  e  o  educar  são  elementos  indissociáveis  e  essa  concepção  fica  explícita  no 
Referencial  Curricular  Nacional  para  a  Educação  Infantil  –  RCNEI.  Nele  podemos  encontrar  o 
significado de educar e cuidar:
12 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Quanto ao cuidar, o Referencial traz: 
Para  algumas  instituições  ou  profissionais  de  Educação  Infantil,  as  tarefas  do  cuidado 
seriam as atividades como a higiene, a alimentação, o descanso e outras, enquanto as atividades 
de  pintar,  desenhar,  fazer  experiências  em  ciências  ou  elaborar  um  texto  coletivo  seriam  as 
tarefas do educar. 
Essa visão deve ser superada para que haja realmente a integração entre corpo e mente, 
e  educar  e  cuidar  sejam  realmente  elementos  indissociáveis,  ou  seja,  devemos  agir  como 
educadores que educam ao cuidar e cuidam ao educar, em todos os momentos da rotina diária da 
educação infantil e em todas as atividades propostas. 
Hoje,  a  compreensão  do  que  significa  o  cuidado  é  diferente.  Com  base  nos  estudos  e 
pesquisas atuais, é considerada equivocada e  reducionista a compreensão do cuidado, apenas, 
sob o prisma da assistência. Contudo, mesmo que o cuidado significasse apenas assistência, esta 
não poderia  ser  considerada uma atividade menor,  sem  importância. Prestar  assistência a uma 
criança – banhando, alimentando, aconchegando­a, carregando­a nos braços – é tão  importante 
quanto qualquer outra atividade desenvolvida com ela na Educação Infantil. 
Segundo  Campos  (1994:  35),  todas  as  atividades  envolvendo  o  cuidar,  tais  como 
alimentar, lavar, trocar, curar, proteger, consolar, animar, são importantes, pois têm a finalidade de 
Educar  significa,  portanto,  propiciar  situações  de  cuidados,  brincadeiras  e 
aprendizagens  orientadas  de  forma  integrada,  que  possam  contribuir  para  o 
desenvolvimento das capacidades  infantis de relação  interpessoal, de ser e estar com 
os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas 
crianças,  aos  conhecimentos  mais  amplos  da  realidade  social  e  cultural.  Neste 
processo,  a  educação  poderá  auxiliar  o  desenvolvimento  das  capacidades  de 
apropriação  e  conhecimento  das  potencialidades  corporais,  afetivas,  emocionais, 
estéticas  e  éticas,  na  perspectiva  de  contribuir  para a  formação  de  crianças  felizes  e 
saudáveis. (BRASIL, RCNEI, vol. 1, 2001, p.23). 
Contemplar  o  cuidado  na  esfera  da  instituição  da  Educação  Infantil  significa 
compreendê­lo  como  parte  integrante  da  educação,  embora  possa  exigir 
conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica. Ou 
seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários 
campos  de  conhecimentos  e  a  cooperação  de  profissionais  de  diferentes  áreas. 
(BRASIL, RCNEI, vol. 1, 2001. p. 24).
13 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
proteger e atender às necessidades cotidianas de qualquer criança. 
Portanto,  o  cuidado,  atualmente,  tem  uma  dimensão  filosófica.  A  atenção,  a  ternura,  o 
carinho, a gentileza, a generosidade, a simpatia são dimensões do cuidado que precisam estar 
presentes nas  relações entre as pessoas,  tanto na Educação  Infantil  como em  todas as outras 
atividades educativas. 
O cuidado é envolvido de especificidades tais como ações de afetividade, de carinho, de 
aconchego,  de  zelo,  enfim,  ações  em  que  o  adulto  cuida  da  criança  possibilitando  o 
desenvolvimento  dessa  criança  e  fazendo  com  que  ela  avance  em  suas  aquisições  e 
conhecimentos. 
Quando  tratamos  de  Educação  Infantil,  estamos  falando  dos  cuidados  necessários  ao 
desenvolvimento integral de bebês e crianças, com necessidades diferenciadas e que devem ser 
considerados seres únicos com necessidades educativas diversificadas. 
Considerando  essa  gama diversificada  de necessidades é que o  cotidiano  na educação 
infantil  não  pode  seguir  padrões  ou  estereótipos;  não  existe  uma  maneira  certa  ou  errada  na 
realização  do  trabalho  na Educação  Infantil,  mas  sim  concepções mais  atuais  sobre  criança  e 
infância que irão construir os princípios norteadores que sustentarão esse trabalho. 
Para a realização do trabalho na Educação Infantil, é necessário conhecermos o processo 
de desenvolvimento das  crianças de 0 a  6 anos,  saber  como aprendem,  interagem,  brincam e 
porque essa ação é tão importante; como aproximar de maneira significativa os saberes históricos 
e culturalmente produzidos, sem desconsiderar a trajetória de vida das crianças. 
Para educarmos crianças de 0 a 6 anos, precisamos  ter atenção específica a cada faixa 
etária, considerando as necessidades e os cuidados específicos de cada indivíduo e também do 
coletivo, para que assim o professor/ educador possa organizar sua rotina de trabalho, de modo a 
favorecer o aprendizado, a autonomia, a cidadania e a construção de valores éticos, bem como 
garantir a integridade física, psíquica, moral e intelectual das crianças de 0 a 6 anos. 
A  construção  da  rotina  de  trabalho  na  Educação  Infantil  é  um  fator  importante  a  ser 
considerado;  é  a  rotina que demonstrará qual  é  a  concepção  que  está norteando as ações da 
instituição. Este assunto será retomado mais à frente.
14 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Exercícios 
1.  Podemos  dizer  que  a  educação  infantil  sofreu  mudança  ao  longo  de  sua  história.  Essas 
mudanças  dizem  respeito aos  seus objetivos e  finalidades.  Caracterizaram  suas  finalidades, 
exceto: 
a) Guardar as crianças 
b) Compensar as carências infantis 
c) Antecipar a escolaridade da criança e o processo de alfabetizaçãod) Promover o desenvolvimento global e harmônico 
2. O cuidado das crianças da Educação Infantil discutido no texto pode ser explicado, exceto: 
a)  Como  cuidados  necessários  ao  desenvolvimento  integral  de  bebês  e  crianças,  com 
necessidades diferenciadas e que devem ser considerados seres únicos com necessidades 
educativas diversificadas. 
b) Como as tarefas de higiene, alimentação e descanso exclusivamente, pois o que envolve o 
cognitivo está relacionado com o educar. 
c) A atenção, a ternura, o carinho, a gentileza, a generosidade, a simpatia, como dimensões do 
cuidado  que  precisam estar  presentes nas  relações  entre  as  pessoas,  tanto na Educação 
Infantil como em todas as outras atividades educativas. 
d)  Como  ações  em  que  o  adulto  cuida  da  criança  possibilitando  o  desenvolvimento  dessa 
criança e fazendo com que ela avance em suas aquisições e conhecimentos. 
Respostas dos Exercícios 
1. Podemos dizer que a educação infantil sofreu mudança ao longo de sua história. Essas mudanças dizem respeito aos seus objetivos 
e finalidades. Caracterizaram suas finalidades, exceto: 
RESPOSTA CORRETA: C 
2 O cuidado das crianças da Educação Infantil discutido no texto pode ser explicado, exceto: 
RESPOSTA CORRETA: B
15 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
AULA 03 • CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E DA AUTONOMIA 
Na aula anterior você se aproximou um pouco mais da educação  infantil, pôde constatar 
que,  dependendo  da  concepção  que  se  tem  sobre  cuidar  e  educar,  teremos  organizações 
diferenciadas  de  trabalho  na  Educação  Infantil.  A  decisão  sobre  a  melhor  forma  de  cuidar  e 
educar  depende  dos  objetivos  e  do  contexto  sociocultural.  As  atitudes  e  procedimentos  de 
cuidados  são  influenciados  por  crenças  e  valores  em  torno  da  saúde,  da  educação  e  do 
desenvolvimento infantil. 
Nesta  aula  abordaremos  a  construção  da  identidade  e  da  autonomia  da  criança,  que 
também estão relacionadas com as concepções que se têm de criança. 
Conhecer  a  si  mesmo  e  ao  outro  são  processos  interligados  e  nesta  relação  são 
potencializados os recursos afetivos, cognitivos e sociais, necessários ao desenvolvimento pleno 
e integral da pessoa humana. 
Tornar­se pessoa é um processo que vai se construindo através das/ nas interações com o 
outro e o mundo. A formação da identidade não é um processo contínuo e linear. Pelo contrário, é 
cheio de obstáculos que ao ser superados possibilitam avanços de desenvolvimento a partir da 
reorganização que a criança faz para continuar seu caminho. 
Conhecer  a  si  mesmo  é  ir  construindo  gradativamente  sua  identidade,  ou  seja,  é  ir 
construindo uma distinção, uma marca de diferença entre as pessoas, começando pelo seu nome, 
depois  seguido  das  características  físicas,  dos modos  de  agir  e  pensar,  da  história  de  vida  e 
contexto  social  em  que  está  inserido.  A  construção  da  identidade  para  a  criança  implica, 
necessariamente,  estabelecer  a  distinção  entre  “eu”  e  o  “outro”.  Essa  diferenciação  acontece 
geralmente entre 2 e 3 anos de idade, momento em que a criança começar a se auto denominar 
como “eu”, quando antes o fazia utilizando seu próprio nome (referindo­se a si mesma na terceira 
pessoa). A  identidade é a  resultante, pois, do mecanismo de  fusão e diferenciação da criança 
com os outros.
16 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
A  fonte  original  da  identidade  da  criança  está  usualmente  na  família,  ou  no  grupo  de 
pessoas com quem interage. A interpretação e o tratamento recebido dos adultos pelas crianças 
dessa  faixa  etária,  bem  como  as  experiências  a  que  são  submetidas,  se  constituirão  em 
elementos fundantes do conceito sobre si mesma e dos instrumentos necessários para atuar de 
acordo com suas possibilidades e limitações. 
Identidade, gênero e sexualidade 
Tratando de elementos fundantes sobre si mesma, temos como uma das primeiras marcas 
de  sua  identidade  o  sexo.  Mesmo  antes  do  nascimento,  os  adultos  buscam  saber  o  sexo  das 
crianças. E ser deste ou daquele gênero implicará em uma construção social que varia conforme a 
cultura e o momento histórico, mas também se define pelas  interações que se estabelecem nas 
famílias. 
A  identidade  de  gênero  vai  sendo  construída  a  partir  das  interações  com  os  outros, 
Processos de fusão e diferenciação. 
Ao  nascer,  o  bebê  encontra­se  em estado  que  pode  ser  denominado  como  de  fusão 
com a mãe, não diferenciando o seu próprio corpo e os limites de seus desejos. Pode 
ficar frustrado e raivoso quando a mãe, ou o adulto que dele cuida não age conforme 
seus desejos – por exemplo, não lhe dando de mamar na hora em que está com fome. 
Essas  experiências  de  frustração,  quando  inseridas  num  clima  de  afeto  e  atenção, 
podem  constituir­se  em  fatores  importantes  de  desenvolvimento  pessoal,  já  que 
explicitam divergências e desencontros, momentos favoráveis à diferenciação entre eu 
e outro. 
Aos poucos, o bebê  adquire consciência dos  limites de seu  próprio corpo, bem como 
das conseqüências de seus movimentos. Essas conquistas podem ser exemplificadas 
pelo encantamento em que fica quando descobre que pode comandar os movimentos 
de sua mão, ou pela surpresa com que  reage quando morde o próprio braço e sente 
dor. A exploração de seu corpo e movimentos, assim como o contado com o corpo do 
outro, são fundamentais para um primeiro nível de diferenciação do eu. 
É  por meios  dos  primeiros  cuidados  que  a  criança  percebe  seu  próprio  corpo  como 
separado  do  corpo  do  outro,  organiza  suas  emoções  e  amplia  seus  conhecimentos 
sobre  o  mundo.  O  outro  é  assim  elemento  fundamental  para  o  conhecimento  de  si. 
(RCNEI,1998: 15­16)
17 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
percebendo­se como pertencente a este ou aquele sexo/ gênero. 
Todo esse processo faz parte da constituição da sexualidade que é construída ao longo de 
toda a vida e marcada pelas experiências vividas. 
A  partir  dessas  experiências  a  criança  começa  a  se  perceber  menino  ou  menina, 
construindo assim sua identidade de gênero. 
O  trabalho a  ser desenvolvido na Educação  Infantil,  na esfera da  identidade de gênero, 
refere­se  principalmente  aos  valores  de  igualdade  e  respeito  entre  as  pessoas  de  sexos 
diferentes. 
Identidade e o grupo 
As  instituições  de  educação  infantil  são  espaços  privilegiados  para  a  percepção  da 
diversidade; nelas as crianças encontrarão pessoas de origens, costumes e hábitos diferentes dos 
estabelecidos por sua família, e esse contato possibilitará a ampliação do universo de exploração 
da  criança.  Em  alguns momentos  as diferenças  representarão  conflitos  a  ser  superados,  e em 
outros, representarão um sentimento de pertinência a um grupo social. 
Esse sentido de pertinência significa ser aceito por um grupo com o qual se identifica, ter 
nele um lugar legítimo; essa legitimidade deve ser conquistada e assegurada o tempo todo. 
Como  não  existe  indivíduo  isolado,  a  identidade  se  concretiza  na  atividade  social,  nos 
grupos,  na  relação  de  fusão  e  diferenciação  com  os  outros,  que  implica  em  cada  um  assumir 
diferentes papéis nas interações que estabelece. 
Autonomia e independência 
Autonomia e  identidade, às vezes, são utilizadas com o mesmo significado, mas faremos 
aqui uma distinção entre os termos: 
• Autonomia  refere­se à capacidade de escolher e gerenciar suas ações a partir de sua 
própria capacidade de pensar e julgar, escolhendo o que para si é o melhor. 
• Independência refere­se à capacidade de agir sem auxílio do outro. 
Uma  pessoa  pode  ser  independente,  isto  é,  ser  capaz  de  fazer  uma  série  de  coisas 
sozinha,  mas  não  ser  autônoma,  isto  é,  necessitar  ainda  de  subordinar  seus  pensamentos,18 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
julgamentos etc. a uma referência externa vinda de alguém a quem se atribui valor. 
Um  dos  objetivos  da  educação  Infantil  é  possibilitar  o  desenvolvimento  de  indivíduos 
autônomos,.  Para  que  isso  aconteça  será  necessário  que  se  organizem  várias  experiências 
cotidianas  que  envolvam  a  tomada  de  decisão  por  parte  das  crianças.  Ninguém  é  autônomo 
primeiro para aprender a decidir depois. 
As  crianças  precisam  ser  desafiadas  a  decidir  e  estimuladas  a  arcar  com  as 
conseqüências de suas decisões; para  isso é necessário que os adultos possibilitem a  reflexão 
sobre essas escolhas anteriormente, para que, assim, as crianças tomem decisões conscientes. 
O  desenvolvimento  da  autonomia  é  um  longo  processo  no  qual  a  criança  aprende 
gradualmente  que  seu  ponto  de  vista  é  apenas  um  entre  outros.  Conceber  uma  educação  em 
direção  à  autonomia  significa  considerar  a  criança  como  um  ser  capaz  e  competente  para 
construir conhecimentos e, dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que vive. 
A  educação  para  a  autonomia  envolve  tanto  aspectos  práticos,  organizacionais, 
conhecimento e observação cuidadosa do desenvolvimento das  capacidades e motivações das 
crianças, como questões morais e emocionais ligadas ao auto­respeito, respeito mútuo e ética. 
Não existe um momento diário na  rotina especialmente destinado para se  trabalhar com 
identidade,  autonomia;  as  crianças  aprendem  a  ser  autônomas,  aos  poucos,  num  movimento 
contínuo  de  avanços  e  retrocessos  em  sua  independência  física,  motora,  comunicativa,  social, 
cognitiva e moral. 
Quando  todas as  crianças  são  tratadas  com  igual atenção e  respeito,  isto é,  quando os 
educadores respeitam as diversas origens culturais das crianças e tratam meninos e meninas sem 
preconceitos,  estarão  propiciando  a  vivência  de  atitudes  de  respeito,  dignidade,  justiça  e 
igualdade de direitos que são a base para uma formação ética consistente. 
Exercícios 
1. Assinale a afirmação correta quanto à identidade: 
a)  A  formação  da  identidade  é  um  processo  cheio  de  obstáculos,  que  ao  ser  superados 
possibilitam avanços de desenvolvimento. 
b) A formação da identidade é um processo contínuo e linear. 
c) Construir  a  identidade é  ir  se aproximando,  cada vez mais, das  características  físicas dos 
pais. 
d) A identidade é a resultante dos mecanismos de aproximação e semelhança da criança com 
os outros.
19 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
2. Assinale a afirmação correta quanto à autonomia. 
a) Autonomia  refere­se à não capacidade de escolher e gerenciar suas ações a partir de sua 
própria capacidade de pensar e julgar, escolhendo o que para si é o melhor. 
b) Autonomia refere­se à capacidade de agir sem auxílio do outro 
c)  Autonomia  refere­se  à  necessidade  de  subordinar  seus  pensamentos,  julgamentos,  etc.  a 
uma referência externa vinda de alguém a quem se atribui valor. 
d) A autonomia é um longo processo pelo qual a criança aprende gradualmente que seu ponto 
de vista é apenas um entre outros. 
Respostas dos Exercícios 
1. Assinale a afirmação correta quanto à identidade: 
RESPOSTA CORRETA: A 
2. Assinale a afirmação correta quanto à autonomia. 
RESPOSTA CORRETA: D
20 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
AULA 04 • MEDIADORES DE APRENDIZAGEM 
Na aula anterior estudamos a importância da construção da identidade e da autonomia da 
criança.  Nesta  aula  trataremos  do  ambiente,  do  espaço  e  dos  materiais  como  mediadores  da 
aprendizagem;  este  tema  é  um  tema  importante,  pois  esses  elementos  podem  também 
representar  a  facilitação  ou  a  dificuldade  da  construção  dessa  identidade  e  autonomia  ou  do 
próprio desenvolvimento infantil. 
Ambiente e espaço 
Para  ser  um  parceiro  pedagógico  promotor  de  desenvolvimento  e  aprendizagens,  a 
organização  do  espaço  deve,  em  primeiro  lugar,  atender  às  necessidades  das  crianças  (as 
afetivas, as relacionadas à construção da autonomia, de socialização e também as fisiológicas) e 
constituir­se em um espaço de desafios, descobertas e possibilidades de a  criança estabelecer 
muitas e variadas relações. 
Apesar da pouca importância dada a organização de espaços e materiais adequados, na 
Educação Infantil, se retomarmos a história dos ícones da educação mundial, principalmente no 
que diz respeito à educação infantil, vamos encontrar autores que se preocupavam sim com esses 
elementos. 
Fröebel (Alemanha, 1837) e Montessori (Itália, 1907) preocuparam­se com a organização 
do  espaço  e  o  tornaram,  na  realidade,  parte  integrante  da  ação  pedagógica.  O  que  houve  de 
inovador  neste  aspecto  foi  o  fato  de  adequá­lo  às  necessidades  de  crianças  pequenas, 
distanciando­se dos modelos escolares vigentes na época. Fazendo uma verdadeira revolução no 
que  diz  respeito  aos  espaços  e  ambientes  destinados  à  Educação  Infantil,  foram  os  grandes 
precursores  da  importância  dos  arranjos  espaciais  na  metodologia  do  trabalho  com  crianças 
pequenas.
21 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
O  espaço  aqui  é  entendido  a  partir  das  dimensões  físicas,  funcionais,  temporais  e 
relacionais,  legitimando­se  como  um elemento  integrador do  currículo,  ou  seja,  não  neutro.  Ele 
poderá  ser  estimulante  ou  limitador  para  as  aprendizagens,  dependendo  da  organização  e  da 
disposição dos objetos no espaço. 
A  discussão acerca  da  importância  do meio  no desenvolvimento  infantil  tem  em Wallon 
(1989) e Vygotsky (1984) seus legítimos representantes. A partir da perspectiva sócio­histórica de 
desenvolvimento,  esses  teóricos  relacionam  afetividade,  linguagem e  cognição  com  as  práticas 
sociais,  quando  discutem  a  psicologia  humana  a  partir  do  desenvolvimento  psicológico  das 
crianças.  Ou  seja,  na  perspectiva  de  ambos,  o  meio  social  é  fator  preponderante  para  o 
crescimento dos indivíduos. Pode­se dizer que o espaço é uma construção social que tem estreita 
relação com as atividades desempenhadas por pessoas nas instituições. 
Para  Wallon,  o  grupo  social  é  indispensável  à  criança,  não  somente  para  sua 
aprendizagem  social,  mas  também  para  o  desenvolvimento  da  tomada  de  consciência  de  sua 
própria personalidade. A  confrontação com os  companheiros permite à  criança constatar que é 
uma entre outras crianças e que, ao mesmo tempo, é igual e diferente delas. 
Quanto mais  desafiador  forem o  espaço  e  o ambiente, mais  interações  serão  possíveis 
entre as crianças, construindo­se neste processo aprendizagens significativas. 
Assim, ao planejar a vivência no espaço, o educador deverá prever atividades que sejam 
Os autores espanhóis Zabalza e Forneiro (1998) fazem uma interessante distinção entre 
espaço e ambiente, apesar de ter a clareza de que são conceitos diretamente ligados. 
O  termo  espaço  refere­se  aos  locais  onde  as  atividades  são  realizadas  e  se 
caracterizam pelos objetos, móveis, materiais didáticos, decoração. O termo ambiente 
diz respeito ao conjunto desse espaço físico e às relações que se 
estabelecem no mesmo, as quais envolvem os afetos e as relações  interpessoais das 
pessoas envolvidas no processo, adultos e crianças, ou seja, por parte do espaço temos 
as coisas postas em termos mais objetivos, por parte do ambiente, as mais subjetivas. 
Desse  modo,  não  se  considera  somente  o  meio  físico  ou  material,  mas  também  as 
interações que se produzem nesse meio. É um todo  indissociável de objetos, odores, 
formas,  cores,  sons e  pessoas que habitam e se  relacionam dentro de uma estrutura 
física  determinada  que  contém  tudo  e  que,  ao  mesmo  tempo,  é  contida  por  esses 
elementos  que  pulsam  dentro  delacomo  se  tivessem  vida.  Por  isso,  dizemos  que  o 
ambiente  “fala”,  transmite  sensações,  evoca  recordações,  passa  segurança  ou 
inquietação, mas nunca nos deixa indiferentes. (FORNEIRO, 1998: 233)
22 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
fundamentais para cada faixa etária, pensando na adequação e colocação dos móveis e objetos 
de modo que contribuam para o pleno desenvolvimento das crianças. 
Materiais 
Uma das maneiras de se organizar o currículo na educação infantil é estruturá­lo a partir 
de  diferentes  áreas,  como,  por  exemplo,  o  desenvolvimento  da  identidade  e  da  autonomia  da 
criança,  da  descoberta  do  ambiente  natural  e  social  e  da  representação  e  comunicação  das 
diferentes linguagens infantis. 
Portanto, os materiais que pensamos em oferecer às crianças, se queremos desenvolver a 
identidade  e  autonomia  pessoal,  deverão  ser  materiais  que  auxiliem  no  conhecimento  e  na 
exploração  do  próprio  corpo,  como  almofadas,  colchonetes,  panos,  escorregadores,  rampas, 
bolas de diferentes texturas, aros, barras, etc. 
Se nosso objetivo é favorecer a descoberta do ambiente natural e social, devemos oferecer 
materiais que permitam à criança, através dos sentidos, observar e experimentar o mundo, como 
potes de vidro, tubos plásticos de diferentes tamanhos, corantes, pedras, etc. 
Já para  favorecer a  comunicação e a  representação das  linguagens verbal, matemática, 
plástica, musical e corporal, devemos oferecer  livros, gravuras,  jogos, materiais para classificar, 
seriar,  quantificar,  aparelhos  de  som,  instrumentos musicais  e  objetos  que  auxiliem  no  faz­de­ 
conta e nas brincadeiras simbólicas. 
O importante é que a criança esteja em um ambiente povoado de materiais e objetos que a 
desafiem a interagir com eles, ou seja, possa criar, imaginar, construir e, principalmente, seja um 
espaço de brincar especialmente pensado para ela, sendo convidativo e acolhedor. 
A função pedagógica dos espaços escolares 
O modo como organizamos o espaço das Instituições de Educação Infantil traduz o jeito de 
ensinar e o modo como as crianças aprendem. 
O  espaço  reflete  a  cultura  das  pessoas  que  nele  vivem,  hábitos,  valores,  costumes, 
tradições; se é um espaço apertado onde não se permitem, por exemplo, ações mais expansivas, 
poderíamos deduzir que a aprendizagem da criança vai no sentido da contenção, aprender a ficar 
quieto, contido.
23 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Agora  se  o  espaço  permite  a  circulação  das  crianças,  o  acesso  aos  objetos,  etc, 
poderíamos inferir que nesta instituição a criança é estimulada a agir e interagir com esse espaço, 
fazendo  escolhas  e  se  relacionando  de  forma  mais  aberta  com  o  mundo;  desenvolvendo­se 
realmente. 
Pela  importância  dada  à  organização  do  ambiente  com  vista  à  promoção  do 
desenvolvimento  e  à  aprendizagem  das  crianças,  dá  para  perceber  que  tudo  isso  é  pensado 
considerando a criança como o centro do trabalho educativo e que a ação de todos que trabalham 
na instituição está voltada para alcançar esses objetivos. 
Leia texto complementar disponível no ambiente de estudo. 
Exercícios 
1. Assinale a alternativa incorreta sobre espaço: 
a)  Para  ser  um  parceiro  pedagógico  promotor  de  desenvolvimento  e  aprendizagens,  a 
organização do espaço deve, em primeiro lugar, atender às necessidades das crianças. 
b)  O  espaço  deve  constituir­se  em  desafios,  descobertas  e  possibilidades  de  a  criança 
estabelecer muitas e variadas relações com ele e as pessoas. 
c) Apesar da importância dada a organização de espaços e materiais adequados à Educação 
Infantil, se  recorrermos a história da educação  infantil mundial, não encontraremos autores 
que se preocuparam com esses elementos. 
d)  O  espaço  reflete  a  cultura  das  pessoas  que  nele  vivem,  hábitos,  valores,  costumes, 
tradições, etc. 
2.  Quando  queremos  desenvolver  a  identidade  e  autonomia  nas  crianças,  os  objetos  que 
devemos oferecer às crianças são, exceto: 
a) almofadas 
b) colchonetes 
c) bolas de diferentes texturas 
d) livros 
Respostas dos Exercícios 
1. Assinale a alternativa incorreta sobre espaço: 
RESPOSTA CORRETA: C 
2. Quando queremos desenvolver a identidade e autonomia nas crianças, os objetos que devemos oferecer às crianças são, exceto: 
RESPOSTA CORRETA: D
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
AULA 05 • ROTINA 
Na  aula  anterior  estudamos  como  o  espaço  e  o  ambiente  dizem  muito  sobre  a 
aprendizagem das crianças. 
Nesta aula nos aproximaremos da rotina de uma instituição de educação infantil, buscando 
mostrar a importância de ações planejadas. 
Falar sobre rotina é considerar que ações planejadas e organizadas sobre tempo e espaço 
na educação infantil são componentes  importantes de uma Instituição de Educação Infantil e do 
trabalho do professor que contribuirão para a formação integral das crianças. A rotina faz parte da 
vida na escola, e segundo o RCNEI esta “pode ser facilitadora ou cerceadora dos processos de 
desenvolvimento e aprendizagem” (vol1. p. 73). 
Muitas vezes trabalhamos com as noções de rotina e cotidiano como se fossem a mesma 
coisa e não é, sendo assim importante diferenciá­las: 
•  Cotidiano  é  aquilo  que  vivemos  no  dia­a­dia,  no  presente.  É  aquilo  que  acontece  na 
dimensão concreta da vida. Ele inclui o que planejamos, mas também, o inesperado. 
• A rotina é uma estratégia de que os seres humanos se utilizam para poder organizar o 
seu cotidiano. 
A  rotina  está  muito  vinculada  ao  conceito  de  tempo,  porém  outras  variáveis  estão 
presentes nos modos como propomos as rotinas, como, por exemplo, os espaços que a instituição 
possui,  o  contexto  social  no  qual  ela  está  inserida,  o  currículo  proposto  e  as  atividades 
decorrentes, os materiais e equipamentos disponíveis, todos estes são elementos que interferem 
nas  proposições  de  rotinas.  A  rotina  é  uma  síntese  do  projeto  pedagógico  da  instituição  de 
Educação Infantil; se este tem uma dimensão social que valoriza a cultura local, a rotina pensada 
para os diferentes grupos deve ter tempo garantido para passeios, visitas e  intercâmbios. Se for 
um projeto que tem a ludicidade como eixo central, provavelmente ele irá dedicar um bom tempo 
para  as  brincadeiras,  sejam  elas  coletivas,  ou  individuais,  e  serão  construídos  espaços  com 
materiais e equipamentos desafiantes ao brincar. 
Isso  significa  dizer  que  não  é  possível  ter  apenas  uma  rotina  para  a  Educação  Infantil, 
cada  instituição  terá  que  construir  a  sua  rotina,  com  os  elementos  que  dizem  respeito  à  sua 
realidade  e,  mesmo  dentro  de  uma  mesma  instituição,  as  rotinas  devem  ter  estruturas 
diferenciadas, pois as necessidades e possibilidades dos grupos são diferentes.
25 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Outra idéia importante é que a rotina vai sendo transformada ao longo do tempo, isto é, se 
no início do ano havia a necessidade de um tempo maior para ir até o banheiro e fazer a higiene 
de  modo  organizado,  porém  prazeroso,  no  final  do  ano  este  hábito  já  está  consolidado  e  a 
atividade dura um tempo mais curto. Se em um momento do ano trabalhamos com um projeto de 
plantação  de  sementes,  talvez  ocupemos  toda  a manhã  no  pátio  e  a  rotina  será  transformada 
radicalmente. A rotina de uma turma não pode ser inflexível. 
Segundo o RCNEI, 
Rotinas  rígidas  e  inflexíveis  desconsideram a  criança,  que  precisa  adaptar­se  a 
ela  e  não  ao  contrário,  como  deveria  ser;  desconsideram  também  o  adulto, 
tornando seu trabalho monótono, repetitivo e pouco participativo. (vol.1, p.73) 
E, ainda segundo o RCNEI, 
A especificidade do trabalho pedagógico demanda um planejamento constante da 
rotina.  A  organização  do  tempo  deve  preverpossibilidades  diversas  e  muitas 
vezes simultâneas de atividades, como atividades mais ou menos movimentadas, 
individuais ou em grupos, com maior ou menor grau de concentração; de repouso, 
alimentação e higiene; atividades  referentes aos diferentes eixos de  trabalho.[...] 
Uma rotina clara e compreensível para as crianças é fator de segurança. A rotina 
orienta  as  ações  das  crianças,  assim  como  dos  professores,  possibilitando  a 
antecipação das situações que irão acontecer.(vol.1, p.73) 
Pensar  e  organizar  uma  rotina  adequada  ao  grupo  de  crianças  e  aos  objetivos 
institucionais é uma das tarefas mais delicadas do(a) professor(a) de Educação Infantil. 
Momentos da rotina. 
Ao tratarmos dos momentos da rotina estaremos realizando uma viagem no que acontece 
durante todo o período em que a criança fica na Instituição de Educação Infantil. 
Vale  ressaltar  que  ao  longo  dos  dias  temos  atividades  que  se  repetem,  mas  isso  não 
significa dizer que sejam sempre realizadas do mesmo modo.
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Podemos desenhar  todos os dias, mas os desenhos não são os mesmos;  todos os dias 
temos lanche, mas não são os mesmos, todos os dias temos brincadeiras, mas estas poderão ser 
diversificadas, etc. Esta regularidade dá segurança às crianças. 
Essa segurança não é só para as crianças: quando a rotina é conhecida pelos pais, estes 
têm maior confiança nos profissionais que atuam na instituição. Essa rotina pode ser apresentada 
em uma primeira reunião com os pais, momento extremamente importante para a criação de laços 
entre a instituição e a família. 
Entrada 
O momento da chegada na instituição é um momento importante, pois a criança adentrará 
em um espaço diferenciado e  lá permanecerá por algum tempo. A forma como será realizada a 
recepção  aos  pais  precisa  ser  definida  pela  escola.  Quem  irá  receber  a  criança?  Como  essa 
pessoa registrará as informações pertinentes à criança? 
As crianças podem ser recebidas de diferentes formas e não existe o formato ideal. 
Cada instituição, a partir da prática e da análise da prática, poderá pensar em diferentes 
modos de receber as crianças. 
O local para as crianças serem recebidas pode ser a sala, o pátio, o hall de entrada. O 
importante é que todos saibam como irá se efetuar a chegada. 
É preciso que os materiais que as crianças trazem tenham um local adequado 
para  ser  armazenados,  isto  é,  um  lugar  acessível  onde  elas  possam  guardar  suas 
mochilas, casacos, objetos que vêm de casa e outros. 
A  organização  da  sala  e  dos  materiais  para  receber  as  crianças  é  uma  forma  de 
intervenção  indireta do(a) educador(a). Para  ter  tempo de preparar o ambiente, ele(a) 
precisa  iniciar  seu  horário  de  trabalho  ao  menos  15  minutos  antes  da  chegada  das 
crianças. 
O momento  da  chegada  é  um período  importante  para  o(a)  professor(a)  observar  as 
preferências da criança, os amigos com os quais ela se agrupa, os tipos de materiais 
que ela gosta de utilizar na sua brincadeira, sobre quais temas conversa e se consegue 
compartilhar um livro ou brinquedo que veio de casa.
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Oferecer diferentes  tipos de brinquedos, ou de atividades nas mesas da sala é uma boa 
forma de receber as crianças – denominamos de “atividades diversificadas”, momento em que a 
criança chega, escolhe o que fazer e com quem, até que todas as outras crianças cheguem. 
Roda de conversa 
Depois do momento da entrada, quando as crianças se encontram e as atividades estão 
dispersas, é importante fazer um movimento de aproximação do grupo. 
A  roda  é  um  momento  importante  para  a  construção  do  sentimento  de  grupo,  de 
pertencimento, além de ser uma excelente atividade de oralidade. 
Para  funcionar  bem,  a  roda  precisa  ser  feita  em  local  adequado  para  que  as  crianças 
possam permanecer  concentradas, possam falar  e aprendam a esperar  sua vez,  ser  ouvidas e 
ouvir o outro, enfim, interagir. 
Atividades 
A  seleção  de  atividades  é  também  um  importante  momento  da  rotina;  nessa  seleção, 
devemos considerar os objetivos gerais estabelecidos no projeto pedagógico; devemos  também 
considerar os graus de desafios que estão poderão ter. 
A  escolha  do  espaço  e  do material  para  a  realização  das  atividades  também  deve  ser 
considerada. 
É  preciso garantir  que  todas as áreas  de  conhecimento  sejam  contempladas:  oralidade, 
leitura, escrita, matemática, exploração do mundo, ciências, meio ambiente, etc. 
Será  necessário  também  garantir  diferentes  formas  de  organização  dessas  atividades, 
através de atividades permanentes, seqüenciadas, projetos, atividades mais esporádicas. 
Sugerimos que este momento seja de atividades  livres, com materiais e brinquedos à 
disposição,  que  as  crianças  possam escolher, mas,  que  na medida  do  possível,  haja 
alguma novidade para que elas queiram ficar na sala e  tenham vontade de entrar nas 
atividades do grupo. Além disso, este momento inicial não pode ser considerado o único 
momento de brincadeira livre das crianças.
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Refeição 
Durante a sua estada na instituição de Educação Infantil, no dia­a­dia, as crianças podem 
fazer  até  quatro  refeições.  Isso  significa  que  estas  refeições  precisam  ter  um  teor  nutricional 
adequado, uma aparência que abra o apetite, que ensine às crianças pequenas a diversidade dos 
alimentos e às maiores a nossa cultura alimentar. 
As instituições de Educação Infantil também precisam considerar a alimentação como uma 
prática social e cultural. Na instituição, muitas vezes, iremos ensinar às crianças a comer de modo 
distinto ao de casa. 
Atividades externas 
As crianças pequenas precisam desenvolver habilidades corporais básicas. Para isso será 
necessário organizar atividades ao ar livre, que contemplem espaço para correr, brincar e explorar 
o  mundo.  Para  essas  atividades  o  parque,  um  tanque  de  areia,  um  campo  ou  quadra  são 
excelentes aliados. A seleção de material diversificado também constitui­se em aliada, para que 
possamos propor atividades livres, dirigidas e circuitos. 
Higiene 
Todos os dias as crianças precisam realizar algumas atividades que são recorrentes e que 
irão se tornar hábitos para toda a sua vida. É preciso ter atenção às questões de higiene tanto do 
ponto de vista da saúde como cultural. A instituição de Educação Infantil será a incentivadora de 
alguns  hábitos  pessoais,  como  lavar  as  mãos,  escovar  os  dentes  após  as  refeições  e  outros 
hábitos sociais, isto é, regras de como cuidar do vaso sanitário, pois outros também irão usá­los. 
A limpeza e a conservação do ambiente é responsabilidade de todos. 
A higiene pessoal é a garantia da prevenção de doenças individuais e coletivas. 
Descanso 
As  crianças,  em  especial  aquelas  que  permanecem  muitas  horas  por  dia  em  uma 
instituição, têm o direito de ter um lugar para descansar. Porém, elas não têm o dever de dormir
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
conforme o que é estabelecido pelo professor. 
Nos  grupos  de  crianças  bem  pequenas,  o  sono  é  uma  constante  e  é  importante  que 
sempre exista um espaço disponível para que qualquer um possa descansar no momento em que 
deseja. 
Esse sono que recompõe as energias é importante para as crianças pequenas. 
Brincadeira 
Brincar é uma das tarefas mais importantes para as crianças de 0 a 6 anos. É através das 
brincadeiras  que  as  crianças  apreendem  o  mundo  e  conhecem  a  si  próprias.  Jogar  é  uma 
atividade vivida  sem propósitos e que  realizamos de maneira espontânea,  atendendo ao nosso 
desejo,  à  nossa  emoção,  e  isso  acontece  tanto  na  infância  como  na  vida  adulta.  Os  jogos  e 
brincadeiras  envolvem  aspectos  naturais,  culturais  e  sociais.Os  aspectos  motores,  afetivos  e 
cognitivos não estão separados quando se brinca. 
A  brincadeira  surge  a  partir  das  relações  interpessoais  e  dos  elementos  existentes  nos 
ambientes. 
Saída 
O momento da saída da escola é o do reencontro com a família. Uma questão importante é 
a combinação de horários com os pais. As crianças precisam saber que sempre alguém irá buscá­ 
las, que não ficarão sozinhas. 
Momentos de transição 
Os momentos de  transição entre as  várias  tarefas de  rotina não podem ser  vistos  como 
uma perda de tempo, mas sim como um momento intermediário para finalizar atividades, realizar 
deslocamentos, iniciar uma nova atividade. Estes tempos também precisam ser pensados: ficar no 
corredor  esperando  um  longo  tempo  para  usar  um  banheiro  é  muito  chato.  Porém,  se  o(a) 
professor(a) propõe um telefone sem fio, uma adivinhação, uma atividade de música, o tempo de 
espera pode ser menos penoso.
30 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Finalizando 
A  participação  das  crianças  nas  decisões  sobre  a  organização  das  rotinas  as  quais 
vivencia  precisa  ser  progressivamente  ampliada.  Apresentar  a  agenda  do  dia,  bem  como 
possibilitar  a  participação  das  crianças  dando­lhes  mais  poder  sobre  seu  próprio  tempo,  é 
importante. Uma forma de realizar isso é através da representação de quadros ou materiais com 
desenhos; fotos e gráficos que ajudarão na compreensão das noções mais imediatas do tempo. 
Leia texto complementar disponível no ambiente de estudo. 
Exercícios 
1. A rotina faz parte da vida na escola. Assinale a afirmação correta sobre rotina. 
a)  Segundo  o  RCNEI,  a  rotina  não  interfere  nos  processos  de  desenvolvimento  e 
aprendizagem. 
b) Rotina é fazer sempre a mesma coisa, sem imaginação. 
c) Não é possível ter apenas uma rotina na instituição de educação infantil. 
d) Rotina é o que acaba com o projeto pedagógico da instituição de educação infantil 
2.  Assinale  o  que  não  corresponde  a  um  momento  da  rotina  de  uma  instituição  de  educação 
infantil: 
a) compras 
b) alimentação 
c) banho 
d) descanso 
Respostas dos Exercícios 
1. A rotina faz parte da vida na escola. Assinale a afirmação correta sobre rotina. 
RESPOSTA CORRETA: C 
2. Assinale o que não corresponde a um momento da rotina de uma instituição de educação infantil: 
RESPOSTA CORRETA: A
31 
METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
AULA 06 • PLANEJAMENTO 
Na  aula  anterior  verificamos  que  a  organização  da  rotina  é  importante,  pois  auxilia  a 
criança a construir o conceito de  tempo. É através dela que a criança  localiza­se no  tempo, no 
espaço e nas atividades, ao mesmo tempo que vivencia o diferente. 
Vamos, nesta aula, dar continuidade ao tema, mas sob a perspectiva do planejamento. 
O planejamento nas instituições de Educação Infantil começa pela construção da idéia de 
infância  e  educação,  passa  pela  proposta  político­pedagógica  ou  pelo  currículo  e  chega 
finalmente à organização das atividades de rotina. 
Planejar significa antecipar, fazer escolhas, tomar decisões conscientes. O planejamento é 
fator imprescindível na instituição de Educação Infantil. 
O  planejamento  traça  eixos,  estabelecendo  habilidades  e  conhecimentos  a  ser 
construídos, isto é, aquilo que se pretende que as crianças aprendam ao longo do tempo. 
Mas  como  antecipar  ações  que  realmente  favoreçam  a  interação  entre  as  crianças,  a 
construção do conhecimento? 
Segundo Ostetto, 
O  planejamento  marca  a  intencionalidade  do  processo  educativo.  Essa 
intencionalidade está presente na elaboração do planejamento: nas escolhas que 
fazemos,  nos  caminhos  que  traçamos.  Um  trabalho  de  qualidade  na  Educação 
Infantil precisa  levar em conta a  intencionalidade na realização das propostas e, 
conseqüentemente,  a  elaboração  do  planejamento  se  faz  necessária.  Essa 
elaboração pode variar de professor(a) para professor(a), pois aí estão implicadas 
concepções  de  criança,  infância,  Educação  Infantil  e  do  significado  do  próprio 
planejamento em si. (2000, p. 177) 
Ou ainda, 
Elaborar um “planejamento bem planejado” no espaço da educação 
infantil  significa  entrar  na  relação  com  as  crianças,  mergulhar  na  aventura  em
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
busca  do  desconhecido,  construir  a  identidade  de  grupo  junto  com as  crianças. 
Assim,  mais  do  que  conteúdos  da  matemática,  da  língua  portuguesa  e  das 
ciências, o planejamento na educação infantil é essencialmente linguagem, formas 
de  expressão  e  leitura  do  mundo  que  nos  rodeia  e  que  nos  causa  espanto  e 
paixão  por  desvendá­lo,  formulando  perguntas  e  convivendo  com  a  dúvida. 
(OSTETTO, 2000: 190). 
Assim,  entender  o  planejamento  como  uma  antecipação  e  ter  as  ações  permeadas  do 
pedagógico significa  levar em conta todos os  importantes momentos da rotina na elaboração do 
planejamento, ou seja, considerar como cada momento pode ser significativo ou significado pelas 
crianças. 
Muitas vezes, apesar de termos planejado, lidamos com situações imprevistas. Por isso, o 
imprevisto deve ser considerado, ou previsto. 
A organização depende de uma reavaliação constante. Planejar, na verdade, é replanejar 
sempre, principalmente se  levamos em conta as dificuldades, os  imprevistos e as surpresas do 
caminho! 
No planejamento passamos a prever  coisas para os  imprevistos;  e  isso  só acontece em 
planejamentos  flexíveis;  geralmente,  num  planejamento  rígido,  as  práticas  são  formuladas 
somente  a  partir  das  definições  dos  adultos,  estabelecendo  temas,  atividades  e  rotinas  sem  a 
participação das crianças; essas práticas correm o  risco de assumir um  tom de  imposição, com 
ênfase na transmissão de informações e ordens dos adultos para as crianças. 
Nesse tipo de situação, a concepção de criança vigente é de uma criança incompleta, que 
depende das ações dos adultos para que possa crescer. O conhecimento é entendido como algo 
pronto e acabado, que deve ser transmito às crianças; elas devem apenas assimilar ou repetir o 
que é ensinado pelo adulto. Conseqüentemente, sua capacidade produtora é desconsiderada e 
não  há  espaço  para a  imaginação e  a  fantasia,  restringindo  sua  possibilidade  de  invenção,  de 
criação, características fundamentais da criança. 
Entender a criança como produtora de cultura e conhecimentos implica, então, entender o 
lugar do adulto no planejamento, como sendo alguém mais experiente e que tem certa autoridade, 
mas  sem  ser  autoritário.  Exercer  autoridade  sem  ser  autoritário  significa  abrir  espaço  para  as 
idéias das crianças no planejamento. 
Numa visão de planejamento aberto à participação das crianças, o cotidiano se define de 
modo vivo, construído pelos adultos no diálogo com as crianças. Neste cenário, considera­se a
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
criança  um  sujeito  social,  com  idéias  e  movimentos  que  contribuem  na  organização  da  vida 
coletiva,  participante de  relacionamentos de  troca  com adultos e outras  crianças. As  invenções 
das crianças são valorizadas, abrindo espaço para a diferenciação, ao invés de somente repetição 
do que o adulto espera dela. O conhecimento é entendido como recriação da criança em contato 
ativo e participativo com a realidade na qual ela está mergulhada. 
Outro  ponto  importante  é  o  quanto  o  planejamento  pode  nos  ajudar  a  garantir  a 
diversidade de experiências no dia­a­dia. Se não registramos e organizamos o que vamos fazer, 
corremos o risco de propor muitos  jogos ao grupo e não diversificar as histórias, ou oferecemos 
sempre materiais parecidos. 
Enfim, planejar é garantir variedade, alternativas, considerando as diversas dimensões e 
necessidades das crianças (ficar em grupo, ficar só, dormir, conversar, ler, brincar, desenhar).Tipos de planejamento 
Por atividade: 
Esse tipo de planejamento está preocupado com a elaboração de uma gama diversificada 
de atividades; diferentes tipos, com diferentes materiais, mas neste caso podemos correr o risco 
de oferecer às  crianças atividades desconectadas entre  si,  com objetivos em si mesmas e que 
acabam funcionando como se fossem um pacote fechado que deve ser cumprido. 
Não queremos dizer que essas atividades não são importantes, mas sim que estas devem 
ser  consideradas  como  atividades  esporádicas  na  rotina  e  não  ser  o  eixo  norteador  do 
planejamento. 
Por áreas do conhecimento 
Esse tipo de planejamento está preocupado com que as diferentes áreas de conhecimento 
sejam garantidas no dia­a­dia das crianças, mas neste caso não podemos tornar o contato com o 
conhecimento artificial. Para que esse contato possa ser significativo e intenso precisamos colocar 
diferentes domínios do  conhecimento em  jogo, ou melhor, possibilitar que a  criança coloque­os 
em  jogo.  Se  pensarmos  em  uma  pesquisa  sobre  animais,  devemos  considerar  as  relações  de 
semelhanças e diferenças, as relações existentes entre o real e a  imaginação, as possibilidades 
de criação artística, entre outras relações.
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Mais uma vez, não queremos dizer que esta não é uma boa forma de planejamento, mas 
sim que precisamos de cuidados e objetivos claros ao escolhê­la. 
Planejamento baseado em temas 
Neste  tipo  de  planejamento,  o  “tema”  direciona  as  propostas.  Chamamos  de  tema 
integrador, tema gerador, centros de interesse, etc. É a partir do tema que se organiza seqüências 
de atividades relacionadas entre si e de interesse da criança. 
É uma forma mais interessante de organizarmos o planejamento, ficando mais próxima da 
proposta  por  projetos  (forma  considerada  por  alguns  autores  como  sendo  a mais  interessante 
para  a  educação,  será  tratada  na  aula  7).  É  preciso  cuidado  para  que  a  ênfase  esteja  nos 
conhecimentos que podem ser produzidos pelas crianças, e não nas atividades. 
Exercícios 
1. Assinale a afirmação incorreta sobre planejamento: 
a) O planejamento marca a intencionalidade do processo educativo. 
b) O planejamento representa as concepções de criança, educação e currículo dos sistemas de 
ensino do país. 
c) O planejamento traça eixos norteadores para a construção de conhecimentos pelas crianças. 
d) O planejamento é fator imprescindível na instituição de educação infantil. 
2. Quanto a tipos de planejamento, podemos dizer: 
I.  que  o  planejamento  por  atividades  está  preocupado  com  a  elaboração  de  uma  gama 
diversificada de atividades; 
II. que o planejamento por atividades sempre oferece às crianças atividades desconectadas; 
III.  que  o  planejamento  por  áreas  de  conhecimento  não  garante  que  essas  áreas  sejam 
estudadas no dia­a­dia das crianças, porque é um conhecimento artificial. 
IV.  que  é  preciso  cuidado  com  o  planejamento  por  temas  para  que  a  ênfase  esteja  nos 
conhecimentos que podem ser produzidos pelas crianças, e não nas atividades. 
a) I e II estão corretas. 
b) I e III estão corretas. 
c) II e III estão corretas. 
d) I e IV estão corretas. 
Respostas dos Exercícios 
1. Assinale a afirmação incorreta sobre planejamento: 
RESPOSTA CORRETA: B 
2. Quanto a tipos de planejamento, podemos dizer: 
RESPOSTA CORRETA: D
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
AULA 07 • PROJETO 
Vimos  que  o  planejamento  é  um  forte  aliado  no  desenvolvimento  de  atividades  que 
permitam  ao  grupo  vivenciar  experiências  e  a  exploração  do  mundo.  Nesse  planejamento,  já 
sabemos que o que as crianças trazem, falam e fazem deve ser considerado em nossos objetivos 
educacionais. 
Vimos  também diferentes  formas de organizar  o  planejamento  (por atividades,  áreas de 
conhecimento  e  por  temas),  e  que  existe  uma  das  formas  que  ainda  não  foi  tratada  –  os 
projetos.Trataremos deste assunto nesta aula. 
Segundo RCNEI, “os projetos são formas de trabalho que envolvem diferentes conteúdos e 
que se organizam em  torno de um produto  final  cuja  escolha e elaboração são compartilhadas 
com as crianças”.( vol.3, p. 109) 
Diferente  das  atividades  de  rotina,  num  projeto,  as  atividades  não  se  repetem  e  nem 
acontecem  todos  os  dias.  Trabalhar  com  projetos  requer  um  planejamento  flexível,  que  seja 
construído passo­a­passo pelo grupo e que se amplie de acordo com as idéias que vão surgindo 
ao longo de seu desenvolvimento. 
Projeto  é  uma  forma  de  organizar  o  trabalho  que  é  pensada  a  partir  dos  interesses  do 
grupo e que considera as experiências das crianças, as perguntas que elas fazem, as idéias que 
sugerem.
O projeto é algo vivo e dinâmico, que se desdobra de acordo com os caminhos próprios 
que cada grupo toma. 
Os projetos podem surgir a partir um tema, um problema, uma notícia de televisão ou de 
jornal,  alguma  situação  vivida,  ou ainda do objetivo  do professor de discutir  algo  específico  da 
localidade  ou  região.Uma  das  condições  para  sua  escolha  é  que  desperte  o  interesse  das 
crianças e do professor. 
Os projetos nascem da articulação entre o que as crianças trazem – suas idéias, dúvidas, 
curiosidades, interesses – e o campo mais amplo de conhecimentos disponíveis no meio social e 
cultural. 
Nesta perspectiva, os projetos de trabalho constituem uma boa alternativa para organizar 
novas  experiências  com  as  crianças. Eles  têm como principal  característica  integrar  crianças  e 
adultos em torno de um empreendimento ou uma investigação.
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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Nessa  investigação,  o  professor  não  é  aquele  que  sabe  todas  as  respostas  para  as 
dúvidas  e  curiosidades  das  crianças,  mas  sim  alguém  também  curioso  que  vai  em  busca  de 
materiais e recursos para ampliar seus conhecimentos. 
Ser mais um curioso não significa dizer que o professor não precise se “preparar” para a 
elaboração desse projeto, para o desenvolvimento; o planejamento quem faz é ele, o preparo e 
seleção de  conteúdos e estratégias é  responsabilidade dele, é ele  também quem  irá mediar  as 
relações  entre  as  crianças,  sugerir  materiais  de  pesquisa,  escutar  as  idéias  e  pensar 
coletivamente em como realizá­las. Tal como um maestro, o professor vai orquestrar o trabalho do 
grupo, acolhendo a curiosidade, as perguntas e hipóteses das crianças. 
Os projetos permitem uma intersecção entre conteúdos de diferentes eixos de trabalho e 
contemplam  diferentes  saberes.  As  crianças  não  precisam  trabalhar  separadamente  a 
matemática, a literatura, as artes plásticas, etc. 
Os projetos que envolvem a escrita, por exemplo, podem resultar em diferentes produtos: 
uma coletânea de textos de um mesmo gênero; um cartaz sobre cuidados com a saúde ou com as 
plantas, para afixar no mural; um jornal, um livro de receitas, etc. 
Para  o  bom  andamento  de  um  projeto,  é  preciso  que  o  professor  organize  o  tempo, 
distribuindo as atividades necessárias para sua realização ao longo dos dias, planejando o uso de 
espaço, a  formação do grupo,  privilegiando as  indagações e hipóteses das  crianças, pensando 
com antecedência nos materiais e fazendo o acompanhamento através da observação e valiação 
constantes. 
O  mais  importante  é  garantir  experiências  significativas  no  cotidiano,  diversificando  as 
experiências, possibilitando diferentes associações entre as crianças,  trazendo à  tona  temas de 
pesquisa e  interesses  infantis e abrindo espaços para a arte, a cultura, a  troca, a brincadeira e 
tudo  mais  que  possibilite  a  ampliação  das  possibilidades  de  expressão,  conhecimento  e 
desenvolvimento da criança. 
Para que organizemos um bom projeto, é necessário que não se esqueça: 
• Os objetivos: os objetivos representam o que

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