O processo de produção pedagógico em uma escola difere de um processo de produção de bens materiais

Prévia do material em texto

O processo de produção pedagógico em uma escola difere de um processo de produção de bens materiais. Neste último, o objetivo restringe-se à produção de mercadorias enquanto que naquele o foco está na formação, educação e emancipação de crianças e adolescentes. 
Frente a esses pontos, faz-se necessário refletir sobre as formas de organização e gestão adotadas no ambiente escolar, as quais precisam estar calcadas na sociedade na qual se encontram inseridas.
Além de refletirmos sobre os fatores apresentados acima, precisamos ressaltar que em todos os setores da vida somos submetidos a processos administrativos, os quais são essencialmente dinâmicos, pois as decisões são tomadas a partir de objetivos previamente estabelecidos e de acordo com eles. 
A realidade de uma escola não é construída de forma isolada. Ela é, antes de tudo, fruto de um trabalho de múltiplos e singulares atores que são parte integrante da organização e beneficiários de seus serviços. Cada um trazendo para o núcleo escolar suas histórias, vivências e formação, e são essas particularidades que mediarão o ensino de modo que ele se realize com o máximo de eficácia e eficiência. 
Reis at al (2012) nos mostra que a partir do momento que entendemos 
 a escola como um espaço de formação e que desempenha uma função social, o seu líder (Gestor) deve ter habilidades e competências específicas para enfrentar os desafios de sua prática, levando sempre em consideração as novas demandas que a escola enfrenta, no contexto de uma sociedade que se democratiza e se transforma. (p. 73)
Isso faz com que a escola seja particularmente diferente de qualquer outro tipo de organização e demandem uma maior especialização por parte de seus gestores. 
Casassus, in Ribeiro (Apostila), afirma que as escolas são complexas, especialmente por causa da sofisticação de sua tecnologia, da diversificação de sua missão, da natureza variada de sua tarefa e dos padrões de sua estrutura. Podemos notar o cuidado que o gestor escolar precisa ter com sua administração.
Os artigos 14 e 15 da LDBEN decreta a gestão democrática, apesar de não estabelecer diretrizes bem definidas para delineá-la, o que leva com que ela venha sendo desenvolvida de diversas formas e a partir de diversas denominações: gestão participativa, gestão compartilhada, co-gestão, etc. (Gracindo,2007). Souza (2007) observa que esse novo modelo de gestão, o democrático, abre espaço para a iniciativa e participação de toda a comunidade escolar e delega poderes (autonomia administrativa e orçamentária) para o Gestor resolver o desafio da qualidade da educação no âmbito de sua instituição. 
A personalidade e o perfil de uma escola refletem as aspirações, os objetivos e os valores de toda a comunidade envolvida. Esse reflexo só se torna possível por que a essência de uma gestão democrática é exatamente esse espaço de autonomia.
Oliveira et al (2010), in Ribeiro (Apostila), aponta que
É preciso compreender que a gestão não se resume em ações de ordem administrativa no interior da escola. A mesma está diretamente ligada a outras instâncias, configurando, assim uma hierarquia de poderes.
No entanto, ainda segundo a mesma autora, é apenas na escola que encontraremos mais amplamente a democracia, pois as relações ali apresentam-se de maneira horizontal.
No entanto, essa complexidade da gestão democrática, nos leva a discutir algumas questões. Questões estas que irão afetar diretamente o trabalho na escola e a eficácia escolar. Ainda segundo Oliveira et al (2010) a primeira questão se refere ao diretor da escola, o qual precisa ser uma pessoa democrática. 
A segunda questão diz respeito às convicções do diretor quanto às vantagens de uma gestão democrática, pois, a partir do momento em que ele acreditar ser possível desenvolver esse tipo de trabalho, ele irá conseguir passar isso para toda a comunidade.
A terceira questão é reconhecer que esse é um processo vivo e que exige uma abertura à aprendizagem, ao debate e à reflexão coletiva. 
A quarta questão é que a prática de uma gestão democrática demanda identificar e enfrentar dificuldade que podem inibi-la mas estas devem ser enfrentadas e percebidas como um desafio a ser transposto.
Entendemos que o trabalho na escola e a eficácia escolar não depende apenas de seu gestor mas é antes de tudo uma cooperação que envolve todo o corpo docente e a comunidade escolar, num trabalho contínuo, crítico e coletivo, em favor de uma educação que promova a formação de sujeitos críticos e autônomos enquanto ser social.
BIBLIOGRAFIA
GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão democrática nos sistemas e na escola. Brasília : Universidade de Brasília, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/11gesdem.pdf . Acessado em 12/09/2018.
REIS, Rita Aparecida dos, et al. O trabalho do gestor escolar dentro de uma prática interdisciplinar. REVISTA CIÊNCIAS HUMANAS – UNITAU. Volume 5, número 1-2 - Especial, p. 175-189, jan.dez./2012 . Taubaté, SP .
RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri. A escola como local de trabalho e sua especificidade. Apostila.
SOUSA, Valdivino Alves de. A Gestão educacional e a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96. 2007. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/artigos/546122 Acessado em 12/09/2018.
LDBEN - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL . Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/ldb.pdf Acessado em 12/09/2018.