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Direito Penal - NORONHA

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E. MAGALHÃES NORONHA 
DIREITO PENAL VOL. 1 
 
 
ÍNDICE GERAL 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
CONCEITO DO DIREITO PENAL 
 
1. 
Denominação.....................................................................
.............................................. 3 
2. 
Definição.......................................................................
................................................... 4 
3. 
Caracteres......................................................................
................................................. 4 
4. 
Conteúdo........................................................................
................................................. 7 
5. Direito penal objetivo e direito penal 
subjetivo................................................................ 
7 
6. Caráter 
dogmático.......................................................................
.................................... 8 
7. Direito penal comum e direito penal 
especial................................................................. 
9 
8. Direito penal substantivo e direito penal 
adjetivo........................................................... 10 
 
RELAÇÕES DO DIREITO PENAL 
9. Relações do direito penal com as ciências jurídicas 
fundamentais.............................. 11 
10. Relações do direito penal com os outros ramos 
jurídicos............................................. 12 
11. O direito penal e a 
criminologia....................................................................
................. 14 
12. A 
penologia.......................................................................
............................................. 16 
13. A política 
criminal........................................................................
................................... 17 
14. O direito penal e as disciplinas 
auxiliares...................................................................... 
18 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS IDÉIAS PENAIS 
15. Tempos 
primitivos......................................................................
.................................. 20 
16. Vingança 
privada.........................................................................
................................. 20 
17. Vingança 
divina..........................................................................
................................... 21 
18. Vingança 
pública.........................................................................
.................................. 22 
19. Período 
humanitário.....................................................................
................................. 24 
20. Período 
criminológico...................................................................
................................. 26 
 
DOUTRINAS E ESCOLAS PENAIS 
21. Correntes 
doutrinárias....................................................................
.............................. 28 
22. A Escola 
Clássica........................................................................
................................. 30 
23. A Escola 
Correcionalista.................................................................
.............................. 33 
24. A Escola 
Positiva........................................................................
.................................. 34 
25. A Terceira 
Escola..........................................................................
............................... 39 
26. A Escola Moderna 
alemã...........................................................................
................. 40 
27. Outras escolas e tendências. 
Conclusão..................................................................... 
41 
 
AS FONTES DO DIREITO PENAL 
28. Fontes de produção ou materiais e fontes de conhecimento ou 
formais.................... 45 
29. Fonte imediata: a lei. A lei penal. Caracteres e classificação. 
 Norma penal em 
branco..........................................................................
..................... 46 
30. Fontes mediatas: a) o costume; b) a eqüidade; c) os princípios gerais do 
direito; 
 d) a analogia. A doutrina. A jurisprudência. Os tratados e 
convenções....................... 50 
 
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO 
31. O 
aborígine.......................................................................
.......................................... 54 
32. Brasil 
Colonial........................................................................
.................................... 55 
33. O 
Império.........................................................................
.......................................... 56 
34. A 
República.......................................................................
........................................ 59 
 
 
PARTE GERAL 
DA APLICAÇÃO DA LEI 
I 
ANTERIORIDADE DA LEI PENAL 
35. Direito penal liberal. Reação ao 
princípio................................................................ 
69 
36. Interpretação da lei penal. Necessidade. O sujeito. Os meios. 
 Os 
resultados......................................................................
...................................... 72 
37. A analogia. A analogia in bonam partem 
............................................................... 74 
 
II 
A LEI PENAL NO TEMPO 
38. Irretroatividade da lei penal. Retroatividade 
benéfica........................................... 77 
39. A lei mais 
benigna.........................................................................
........................ 78 
40. Ultratividade da lei penal. Norma penal em 
branco............................................... 80 
41. Do tempo do crime. Delitos permanentes e 
continuados...................................... 82 
 
lll 
A LEI PENAL NO ESPAÇO E EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS. 
DISPOSIÇÕES FINAIS DO TÍTULO I 
42. Direito penal internacional. Os 
princípios............................................................ 
84 
43. Territorialidade. Lugar do 
crime........................................................................... 
85 
44. 
Território......................................................................
........................................ 86 
45. 
Extraterritorialidade...........................................................
.................................. 89 
46. A lei penal em relação às pessoas e suas 
funções............................................ 91 
47. 
Extradição......................................................................
..................................... 93 
48. Disposições finais do Título 
l............................................................................... 
94 
 
DO CRIME 
I 
CONCEITO DO CRIME 
49. Conceitos do 
crime...........................................................................
................... 96 
50. O conceito 
dogmático.......................................................................
................... 97 
51. A 
ação............................................................................
.................................. 98 
52. A 
tipicidade......................................................................
................................. 99 
53. A 
antijuridicidade................................................................
..............................100 
54. A 
culpabilidade...................................................................
.............................. 103 
55. A 
punibilidade....................................................................
.............................. 105 
56. Pressupostos do crime e condições objetivas de 
punibilidade........................ 106 
57. Ilícito penal e ilícito 
civil...........................................................................
......... 107 
 
II 
DIVISÃO DOS CRIMES 
58. Quanto à 
gravidade.......................................................................
................... 108 
59. Quanto à forma de 
ação............................................................................
....... 110 
60. Outras 
categorias......................................................................
........................ 111 
 
III 
OS SUJEITOS E OS OBJETOS DO DELITO 
61. O sujeito 
ativo...........................................................................
......................... 113 
62. O sujeito 
passivo.........................................................................
...................... 114 
63. O objeto 
jurídico........................................................................
....................... 115 
64. O objeto 
material........................................................................
...................... 115 
 
IV 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
65. A ação e a omissão 
causais.........................................................................
..... 117 
66. O 
resultado.......................................................................
................................. 118 
67. As 
teorias.........................................................................
................................. 119 
68. A teoria do Código. O nexo 
causal................................................................... 
120 
69. Superveniência 
causal..........................................................................
........... 122 
 
V 
DO CRIME CONSUMADO E DA TENTATIVA 
70. A 
consumação......................................................................
........................... 124 
71. O iter 
criminis........................................................................
............................ 124 
72. A 
cogitação.......................................................................
................................ 125 
73. Atos preparatórios e atos de 
execução........................................................... 
125 
74. Elementos da 
tentativa.......................................................................
............. 127 
75. A pena da 
tentativa.......................................................................
................... 127 
76. Inadmissibilidade da 
tentativa.......................................................................
.. 128 
77. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior.... 
130 
78. Crime impossível. Crime de flagrante preparado. Crime 
provocado............... 133 
 
VI 
O DOLO E A CULPA 
79. O 
dolo............................................................................
................................... 136 
80. Espécies de 
dolo............................................................................
.................. 138 
81. A 
culpa...........................................................................
................................... 140 
82. Espécies de 
culpa...........................................................................
.................. 143 
83. A fórmula do 
Código..........................................................................
............... 144 
84. Compensação da 
culpa...........................................................................
......... 145 
85. O preterdolo. Agravação pelo 
resultado.......................................................... 
146 
86. A responsabilidade 
objetiva........................................................................
..... 147 
87. A excepcionalidade do crime 
culposo.............................................................. 
148 
88. Actio libera in 
causa...........................................................................
.............. 149 
 
VII 
DA CULPABILIDADE 
A) O ERRO 
89. Erro e ignorância. Erro de direito e erro de fato. Erro de tipo e erro 
 de 
proibição.......................................................................
............................... 150 
90. Erro de 
tipo............................................................................
........................... 151 
91. Da inescusabilidade do desconhecimento da lei. Erro de 
proibição................ 152 
92. Erro determinado por terceiro e erro sobre a 
pessoa...................................... 154 
93. Erro na 
execução........................................................................
..................... 155 
94. Descriminantes putativas 
fáticas..................................................................... 
158 
 
VIII 
DA CULPABILIDADE 
B) COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA 
95. Coação física e coação 
moral.......................................................................... 
160 
96. Causa excludente da 
culpabilidade................................................................. 
161 
97. Estrita 
obediência......................................................................
....................... 162 
98. Causa de exclusão de 
culpa...........................................................................
. 163 
 
IX 
DA CULPABILIDADE 
C) DOENÇA MENTAL E DESENVOLVIMENTO MENTAL 
INCOMPLETO OU RETARDADO 
99. Imputabilidade e 
responsabilidade................................................................
.. 164 
 100. Inimputabilidade. Os 
critérios.......................................................................
.. 165 
101. Doença mental. Desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado............... 166 
102. Imputabilidade 
diminuída.......................................................................
......... 167 
103. Medidas de 
segurança.......................................................................
............... 169 
 
X 
DA CULPABILIDADE 
D) A MENORIDADE 
104. Menor 
infrator........................................................................
............................ 170 
105. A legislação 
pátria..........................................................................
................... 173 
106. Estatuto da criança e do Adolescente (Lei n.8.069, de 13-07-
1990)................ 174 
107. Legislação 
tutelar.........................................................................
..................... 176 
 
XI 
DA CULPABILIDADE 
E) A EMOÇÃO E A PAIXÃO 
108. A emoção e a 
paixão..........................................................................
............... 179 
109. A posição do 
Código.......................................................................................... 179 
110. Actio libera in 
causa...........................................................................
............... 180 
 
XII 
DA CULPABILIDADE 
F) A EMBRIAGUEZ 
111. O 
alcoolismo......................................................................
................................ 182 
112. A orientação do 
Código..........................................................................
........... 183 
113. O fundamento: actio libera in 
causa.................................................................. 
184 
 
XIII 
DA ANTIJURIDICIDADE 
A) O ESTADO DE NECESSIDADE 
114. Conceito e 
fundamento......................................................................
............... 188 
115. 
Requisitos......................................................................
.................................... 189 
116. Exclusão do estado de 
necessidade................................................................ 
192 
117. Causas do estado de necessidade. Estado de necessidade 
putativo............. 193 
118. Casos legais de estado de 
necessidade......................................................... 
194 
 
XIV 
DA ANTIJURIDICIDADE 
B) A LEGÍTIMA DEFESA 
119. Definição. Fundamento e natureza. 
Requisitos................................................ 195 
120. Agressão atual ou iminente e 
injusta............................................................... 
196 
121. Direito próprio ou 
alheio..........................................................................
......... 198 
122. Moderação no emprego dos meios 
necessários.............................................. 200 
123. Legítima defesa de terceiro, recíproca e putativa. 
 Legítima defesa e 
tentativa.......................................................................
......... 201 
124. Estado de necessidade e legítima 
defesa......................................................... 
202 
XV 
DA ANTIJURIDICIDADE 
D) ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL. 
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 
125. Estrito cumprimento de dever 
legal................................................................... 
204 
126. Exercício regular de direito. O 
costume............................................................ 
205 
127. Consentimento do ofendio. Violência nos desportes. Intervenção 
 médico-
cirúrgico.......................................................................
......................... 206 
 
XVI 
DA ANTIJURIDICIDADE DO EXCESSO PUNÍVEL 
128. Do 
excesso.........................................................................
............................... 208 
129. Do excesso punível no estado de 
necessidade................................................ 208 
130. Do excesso punível na legítima 
defesa............................................................ 
209 
131. Do excesso punível no estrito cumprimento de dever legal e no 
 exercício regular de 
direito.........................................................................
....... 210 
 
XVII 
DO CONCURSO SE PESSOAS 
132. 
Noções..........................................................................
.................................... 211 
133. As 
teorias.........................................................................
................................. 212 
134. A teoria do 
Código..........................................................................
.................. 214 
135. Causalidade física e 
psíquica........................................................................
... 214 
136. Co-participação e 
culpa...........................................................................
......... 216 
137. Co-participação e 
omissão.........................................................................
...... 217 
138. Da punibilidade. Causas de redução da pena: pequena participação 
 e desvios subjetivos entre os 
partícipes............................................................. 
217 
139. Requisitos: concurso necessário e concurso 
agravante................................... 220 
140. Comunicabilidade das 
circunstâncias................................................................ 
220 
141. Co-participação e inexecução do 
crime............................................................. 
222 
142. Autoria 
incerta.........................................................................
........................... 222 
143. A multidão 
delinqüente.....................................................................
................. 223 
 
DA PENA 
I 
CONSIDERAÇÕES GERAIS 
144. Teorias. Conceito. Fundamento. 
Fins................................................................ 
225 
145. Caracteres e 
classificação...................................................................
.............. 227 
146. A pena de 
morte...........................................................................
..................... 230 
 
II 
CLASSIFICAÇÃO ATUAL 
147. Antecedentes 
históricos......................................................................
............... 232 
148. Classificação 
atual...........................................................................
.................. 233 
 
III 
DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
149. 
Natureza........................................................................
.................................... 234 
150. Formas de andamento. Sistema 
progressivo.................................................... 
235 
151. Sistemas penitenciários. Sistemas 
clássicos..................................................... 
236 
152. Do trabalho e 
remuneração.....................................................................
.......... 237 
153. Detração 
penal...........................................................................
..................... 238 
154. Direitos e deveres do 
preso...........................................................................
.. 239 
155. O problema 
sexual..........................................................................
................. 240 
IV 
DA PENA RESTRITIVA DE DIREITO 
156. Natureza 
jurídica........................................................................
...................... 242 
157. 
Características.................................................................
................................. 243 
158. 
Espécies........................................................................
.................................. 244 
 
V 
DA PENA DE MULTA 
159. 
Natureza........................................................................
.................................. 247 
160. Pagamento. Conversão. 
Revogação................................................................ 
248 
 
VI 
DA APLICAÇÃO DA PENA 
161. Arbítrio 
judicial........................................................................
.......................... 250 
162. O art. 
59..............................................................................
.............................251 
163. A personalidade do agente e a gravidade objetiva do 
crime........................... 251 
164. Circunstâncias 
legais..........................................................................
............. 253 
165. Fixação da 
pena............................................................................
................... 254 
 
VII 
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES 
166. Considerações 
gerais..........................................................................
............. 257 
167. Circunstâncias 
agravantes......................................................................
......... 259 
168. A 
reincidência....................................................................
............................... 264 
 
VIII 
CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES 
169. Circunstâncias 
atenuantes......................................................................
......... 266 
 
IX 
CONCURSO DE CRIMES 
170. Considerações 
gerais..........................................................................
............. 270 
171. Concurso 
material........................................................................
.................... 271 
172. Concurso 
formal..........................................................................
.................... 271 
173. Crime 
continuado......................................................................
...................... 273 
174. Sistemas de aplicação de 
penas..................................................................... 
276 
175. 
Multa...........................................................................
.................................... 277 
176. Limite das 
penas...........................................................................
.................. 277 
177. Concurso de 
leis............................................................................
................. 278 
 
X 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
178. Considerações 
gerais..........................................................................
........... 282 
179. 
Histórico.......................................................................
................................... 283 
180. Definição e 
natureza........................................................................
................. 284 
181. 
Pressupostos....................................................................
................................ 285 
182. 
Condições.......................................................................
................................. 286 
183. 
Revogação.......................................................................
................................ 287 
184. Inexecução da 
pena............................................................................
............. 288 
 
XI 
LIVRAMENTO CONDICIONAL 
185. Considerações 
preliminares....................................................................
......... 290 
186. Definição. Natureza. 
Histórico.......................................................................
... 291 
187. 
Pressupostos....................................................................
................................ 292 
188. Concessão do livramento 
condicional............................................................... 
294 
189. Revogação do livramento 
condicional.............................................................. 
296 
190. Incompatibilidade do livramento condicional. A expulsão 
 de 
estrangeiro.....................................................................
............................... 297 
 
XII 
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
191. Considerações 
gerais..........................................................................
.............. 299 
192. A sentença penal 
condenatória....................................................................
..... 300 
193. A sentença penal 
absolutória.....................................................................
........ 301 
194. Efeitos genéricos. 
Indenização.....................................................................
...... 303 
195. 
Confisco........................................................................
...................................... 304 
196. Registro da 
condenação......................................................................
............... 306 
197. Efeitos 
específicos.....................................................................
......................... 307 
 
XIII 
DA REABILITAÇÃO 
198. Considerações gerais. 
Conceito........................................................................
. 309 
199. Pressupostos. 
Revogação.......................................................................
........... 311 
 
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA 
200. 
Histórico.......................................................................
........................................ 313 
201. Medida de segurança e 
pena............................................................................
.. 314 
202. Legalidade da medida de 
segurança................................................................... 
315 
203. 
Pressupostos....................................................................
................................... 316 
204. 
Espécies........................................................................
....................................... 317 
 
DA AÇÃO PENAL 
I 
CONSIDERAÇÕES GERAIS 
205. Considerações 
preliminares....................................................................
............. 318 
206. Notictia 
criminis........................................................................
........................... 320 
207. Espécies de 
ação............................................................................
.................... 321 
208. Procedimento ex 
officio.........................................................................
.............. 321 
 
II 
A AÇÃO PÚBLICA 
209. O Ministério 
Público.........................................................................
................... 323 
210. Da iniciativa da 
ação............................................................................
............... 327 
 
III 
A AÇÃO DE INICIATIVA PRIVADA 
211. Natureza e 
fundamento......................................................................
................ 331 
212. A queixa. Espécies de ação de iniciativa 
privada.............................................. 333 
213. O ofendido e a ação 
penal...........................................................................
...... 336 
214. Decadência. Renúncia. 
Perdão......................................................................... 
338 
215. A ação penal no crime 
complexo....................................................................... 
342 
 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
I 
CONSIDERAÇÕES GERAIS 
216. Extinção da 
punibilidade....................................................................
................ 345 
217. 
Classificação...................................................................................................... 346 
II 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
A) MORTE DO AGENTE 
218. Morte do acusado e do 
condenado.................................................................... 
349 
 
III 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
B) DA CLEMÊNCIA SOBERANA 
219. Considerações 
preliminares....................................................................
........... 352 
220. 
Anistia.........................................................................
........................................ 353 
221. Graça e 
indulto.........................................................................
.......................... 355 
 
IV 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
C) DECURSO DO TEMPO 
222. Novatio 
legis...........................................................................
............................ 358 
223. Prescrição. Decadência. 
Perempção................................................................. 
358 
 
V 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
D) DECURSO DO TEMPO 
PRESCRIÇÃO 
224. Conceito e 
fundamento......................................................................
................ 361 
225. Penas e 
prescrição......................................................................
...................... 363 
226. Prescrição 
retroativa......................................................................
................... 364 
227. Termo inicial da 
prescrição......................................................................
.......... 366 
228. Causas 
suspensivas.....................................................................
...................... 369 
229. Causas 
interruptivas...................................................................
........................ 370 
230. Crimes de 
imprensa........................................................................
.................... 372 
231. Crimes 
falimentares....................................................................
........................ 373 
 
VI 
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
E) REPARAÇÃO 
232. 
Retratação......................................................................
.................................... 376 
233. Subsequens 
matrimonium.....................................................................
............. 377 
 
VII 
PERDÃO JUDICIAL 
234. 
Conceito........................................................................
..................................... 380 
235. Natureza 
jurídica........................................................................
........................ 380 
 236. Extinção da 
punibilidade....................................................................
............... 381 
 
 
BIBLIOGRAFIA....................................................................
...................................... 383 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
CONCEITO DO DIREITO PENAL 
 
SUMÁRIO: 1. Denominação. 2. Definição. 3. Caracteres. 4. Conteúdo. 5. Direito 
penal objetivo e direito penal subjetivo. 6. Caráter dogmático. 7. Direito penal 
comum 
e direito penal especial. 8. Direito penal substantivo e direito penal adjetivo. 
 
 1. Denominação. A denominação direito penal não é antiga. Segundo 
Mezger, parece que o primeiro a emprega-la foi um Conselheiro de Estado, 
Regnerus Engelhard, 
discípulo do filósofo Christian Wolff, em 1756. 
 Atualmente, na Alemanha, é largamente usada. Omesmo se diga da Itália, 
não obstante o emprego também da expressão direito criminal, não sendo ocioso 
lembrar 
que a monumental obra de Carrara lhe deu preferência. 
 Na Espanha e na França, parece-nos que as denominações derecho penal e 
dróit pénal são mais freqüentes que derecho criminal e droit criminel. 
 Outros nomes tem sido lembrados: direito repressivo (Puglia), princípios 
de criminologia (De Luca), direito protetor dos criminosos (Dorado Monteiro), 
direito 
restaurador ou sancionador (Valdés), direito de defesa social (Martinez), 
denominação adotada pelo Código de Cuba. Outras expressões são ainda invocadas. 
 Dentre as denominações tradicionais - direito penal e direito criminal - 
oscilam as preferências. Argumentam alguns que a primeira é imprópria, por não 
abranger 
as medidas de segurança cuja natureza preventiva as distingue da pena. Revidam 
outros que a punibilidade é a parte mais importante, de maior proteção e de 
efeitos 
mais graves. 
 Consagradas pelo uso, qualquer uma das expressões pode ser empregada na 
denominação de nossa disciplina. Optamos, entretanto, pela de direito penal, em 
consonância 
com o Código, sendo marcante essa preferência dada pelo legislador, visto haver 
rejeitado a adotada por Alcântara Machado, em seu Projeto de Código Criminal. 
Isso 
dizemos, não abstante reconhecermos que esta última expressão é mais 
compreensiva. 
 2. Definição. Numerosas são as definições do direito penal, 
freqüentemente imperfeitas, lembrando-nos o famoso brocardo latino. 
 Sinteticamente, Von Liszt define-o como "conjunto das prescrições 
emanadas do Estado, que ligam ao crime, como fato, a pena como conseqüência". 
Não se afasta 
muito dessa definição a de Mezger: " Direito Penal é o conjunto de normas 
jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, ligando ao delito, como 
pressuposto, 
a pena como conseqüência". Bem mais ampla é a de Asúa: "Conjunto de normas y 
disposiciones jurídicas que regulan el ejercicio Del poder sancionador y 
preventivo 
Del Estado, estabeleciendo el concepto Del delito como presupuesto de la acción 
estatal, así como la responsabilidad del sujeto activo, y asociando a la 
infracción 
de la norma una pena finalista o una medida aseguradora". 
 Realmente, não se pode dizer que o direito penal se ocupa somente com o 
crime e a pena. Não só outras conseqüências oriundas do delito apresentam, como 
também 
mais vasto é o campo dessa disciplina. Aliás, o próprio Mezger, em seguida à sua 
definição, acentua que o direito penal do presente saltou o marco dessa 
denominação 
e que seu conteúdo se estende mais além dos limites que lhe assinala o sentido 
gramatical do nome. Já não se pode falar só da pena como conseqüência jurídica 
do 
crime. 
 Resumidamente: direito penal é o conjunto de normas jurídicas que 
regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal 
e as medidas 
aplicáveis a quem os pratica. 
 
 3.Caracteres. Pertence o direito penal ao direito público. Violada a 
norma penal, efetiva-se o jus puniendi do Estado, pois este, responsável pela 
harmonia 
e estabilidade sociais, é o coordenador das atividades dos indivíduos que 
compõem a sociedade. 
 Os bens tutelados pelo direito penal não interessam exclusivamente ao 
indivíduo, mas a toda coletividade. A relação existente entre o autor de um 
crime e 
a vítima é de natureza secundária, já que ela não tem o direito de punir. Mesmo 
quando exerce a persecutio criminis, não goza daquele direito, pois o que lhe se 
transfere unicamente é o jus accusationis, cessando qualquer atividade sua com a 
sentença transitada em julgado. 
 O delito é, pois, ofensa à sociedade, e a pena, conseqüentemente, atua 
em função dos interesses desta. Logo é o Estado o titular do jus puniendi, que 
tem, 
dessarte, caráter público. 
 É o direito penal ciência cultural normativa, valorativa e finalista. 
 Na divisão das ciências em naturais e culturais, pertence ele a esta 
classe, ou seja, à das ciênciasdo dever ser e não à do ser, isto é, à das 
ciências 
naturais. 
 É ciência normativa, pois tem por objeto o estudo da norma, contrapondo-
se a outras que são causas-explicativas. Tem a norma por objeto a conduta ou o 
que 
se deve ou não fazer, bem como a conseqüência advinda da inobservância do que 
impõe. 
 As ciências causais-explicativas podem também estudar a norma, mas 
ocupam-se com o porquê e como de sua gênese, com os efeitos sociais, a causa de 
seu desaparecimento 
etc., como escreve Grispigni. 
 É também o direito penal valorativo. Como efeito, o direito não empresta 
às normas o mesmo valor, porém este varia, de conformidade com o fato que lhe dá 
conteúdo. Nesse sentido, o direito valoriza suas normas, que se dispõem em 
escala hierárquica. Incumbe ao direito penal, em regra, tutelar os valores mais 
elevados 
ou preciosos, ou, se quiser, ele atua somente onde há transgressão de valores 
mais importantes ou fundamentais para a sociedade. 
 Outro caráter seu é ser finalista. Embora alguns, como Kelsen, sustentem 
que o fim não pertence ao direito, mas à política ou à sociologia, tem o direito 
um escopo que se resume na proteção do bem ou interesse jurídico. Bem é tudo 
quanto pode satisfazer uma necessidade humana, e interesse é a relação que se 
estabelece 
entre o indivíduo e o bem. É freqüenteque as duas expressões sejam empregadas 
como sinônimas, o que não acarreta prejuízo, pois, se o interesse é o resultado 
da 
avaliação que o indivíduo faz da idoneidade de um bem, é claro que a norma, 
protegendo o bem, tutela igualmente o interesse. 
 Esses bens e enteresses pertencem não só ao indivíduo, mas à sociedade, 
e de sua coordenação e harmonia resulta a ordem jurídica. 
 É o direito penal sancionado. A origem desta opinião parece ter sido 
Rousseau, ao dizer que "as leis criminais, no fundo, antes que uma espécie 
particular 
de leis, são sanções de todas as outras". 
 Não estamos, entretanto, em zona pacífica: numerosos autores afirmam ser 
ele constitutivo. 
 Cremos, com Grispigni e outros, que o preceito primário penal é 
complemento e reforço de um extrapenal. Isso não importa que ele suceda sempre a 
este, no 
tempo, mas sim que lhe é logicamente posterior. Trata-se de sentido lógico e não 
cronológico. Acrescenta esse autor que bem se compreende que, por princípio de 
economia 
do direito, quando o Estado pode combater um mal com sanção menos grave, como a 
civil, não irá lançar mão da mais severa, que é a penal - a qual, lembramos nós, 
pode chegar até a supressão da vida humana. 
 Conseqüentemente, compreende-se que, sob ponto de vista lógico-
sistemático, a sanção penal seja posterior a outras. 
 Reforçando seu ponto de vista, observa o eminente autor que todos os 
Códigos Penais contêm disposição excludente da antijuridicidade: quando o fato é 
praticado 
no exercício regular do direito (CP, art. 23, III ). Ora, se não há crime, 
quando o fato é praticado nessas condições, é porque, principalmente, ele há de 
ser vedado 
por outro ramo jurídico. 
 Em suma: parece-nos difícil sustentar que um crime não é sempre um 
ilícito extrapenal. Há uma relação de mais para menos. 
 Não obstante isso, não se lhe nega autonomia normativa, como escreve 
Maggiore: "In conclusione, dunque l'ordinamento penale há sempre valore 
sanzionatorio, 
perchè de sue norme, aderiscono o no a precetti posti da altri rami Del diritto, 
agiscono mediante quella particolare sanzione Che è la pena. Nè in tal modo esce 
menomata l'autonomia Del diritto penale, perchè in ogni caso la sanzione imprime 
uma nuova forma al precetto, anche se attinto ad altro ordinamento giuridico". 
 O mesmo diz Grispigni:"Essa autonomia, no sistema das normas jurídicas, 
resulta, de um lado, do caráter específico da própria sanção (sanção criminal) 
e. 
de outro lado, do fato de que o Direito Penal determina, de modo todo autônomo, 
quais são as ações que constituem crime, os elementos deste etc., determinando, 
pois, 
com inteira autonomia o próprio Ipraeceptum legis". 
 4. Conteúdo. Não somente o crime e a pena dão corpo ao direito penal. A 
esses elementos outros se acrescentam, como o delinqüente. Erraria quem pensasse 
que a consideração do homem criminoso como objeto do direito penal é profissão 
de fé positivista. O crime é sobre tudo um fato humano, e, no estudo deste, não 
se 
pode olvidar o homem, para se permanecer em contemplação abstrata e formal da 
espécie delituosa. Ao contrário, há de se fazer o estudo jurídico do sujeito 
ativo 
e das situações jurídicas por ele criadas. 
 Por outro lado, o direito penal não se exaure com o fim repressivo, mas 
deve valer-se de medidas de caráter preventivo. Mesmo quando pertencentes a 
outro 
ramo do direito, devem por ele ser consideradas. 
 Ressalte-se também a importância que hoje têm as medidas de segurança, 
mesmo que sejam consideradas como sanções punitivas, compreendidas no conceito 
unitário 
da pena. 
 E as próprias conseqüências que tradicionalmente são de natureza civil, 
como a indenização do dano causado pelo delito, superam a concepção 
exclusivamente 
privada, para adquirirem valorização nova que as aproxima de instituições de 
caráter público, pois o problema social que contêm transcende ao mero interesse 
individual, 
já pelo objetivo da prevenção, já como procedimento geral, para solucionar a 
questão econômica-social criada pelo conjunto dos prejudicados pela 
delinqüência. 
 5. Dirieto penal objetivo e direito penal subjetivo. Já tivemos ocasião 
de reproduzir definições de direito penal subjetivo, de Von Liszt, Mezger e Asúa 
(n. 2). Em resumo, constitui-se ele de preceitos legais que regulam a ação 
estatal, definindo crimes e impondo penas e outras medidas. 
 Direito penal subjetivo é o jus puniendi, que se manifesta pelo poder de 
império do Estado. É este seu titular, o que se justifica por sua razão 
teleológica, 
que é a consecução do bem comum, em que pese às arremetidas do anarquismo puro, 
do anarquismo cristão de Tolstoi e do anarquismo conciliador de Solovief e 
Kropotkin, 
quiméricos e insuficientes. 
 Compete ao Estado o direito de punir, porém não é este elimitado ou 
arbitrário. A limitação está na lei. Ao mesmo tempo em que ele diz ao indivíduo 
quais 
as ações que pode ou não praticar, sob ameaça de sanção - restringindo, 
dessarte, os interesses e faculdades individuais, em benefício da coletividade - 
vincula-se 
juridicamente a si mesmo. Com efeito, há autolimitação por ele ditada, através 
da lei, pois, quando baixa uma norma, impondo determinada conduta, 
concomitantemente 
está ditando o seu comportamento em relação a ela e criando direitos individuais 
contra ele mesmo. 
 O direito penal subjetivo delimita-se, portanto, com o direito penal 
objetivo. 
 6. Caráter dogmático. Como ciência jurídica, tem o direito penal caráter 
dogmático, não se compadecendo com tendências causais-explicativas.Não tem por 
escopo 
considerações biológicas e sociológicas acerca do delito e do delinqüente, pois, 
como já se escreveu, é uma ciência normativa, cujo objeto é não o ser, mas o 
dever 
ser, o que vale dizer, as ordenações e os preceitos, ou antes, as normas legais, 
sem preocupações experimentais acerca do fenômeno do crime. 
 Seu método é o técnico jurídico, cujos meios nos levam a conhecimento 
preciso e exato de norma. Orienta-nos no estudo das relações jurídicas, na 
elaboração 
dos institutos e formulação do sistema. Tal método é de natureza lógico-
abstrata, o que bem se compreende, já que, se a norma jurídica tem por conteúdo 
deveres, 
para conhece-los bastam sua consideração e estudo, nada havendo para observar 
ou experimentar. 
 Cumpre, entretanto, evitar excessosdo dogmatismo, pois a verdade é que, 
como reação ao positivismo naturalista, que pretendia reduzir o direito penal a 
um capítulo da sociologia criminal, excessos se têm verificado, entregando-se 
juristas a deduções silogísticas infindáveis, a distinções ociosas, a questões 
supérfluas, 
a temas de todo estranhos à teologia penal, a discussões terminológicas etc., 
desumanizando o ramo mais humano da ciência do direito. De que vale - pergunta, 
por 
exemplo, Massimo Punzo - escrever páginas e páginas, para se demonstrar ser a 
pena de morte desapropriação por utilidade pública? Esses exotismos, técnico-
jurídicos 
é que devem cessar. 
 Não aplaudimos, entretanto, os que trilham caminho oposto, reduzindo a 
dogmática penal à contemplação estática e estéril dos textos legais. Certo é que 
ela 
tem por objeto o jus positum, porém não se deve circunscrever a um positivismo 
jurídico mofino e débil. Não lhe está vedado o devassar de horizontes com o fim 
de 
propor meios mais eficazes de combate a criminalidade. A faina renovadora, que 
se verifica em outros ramos jurídicos, não teria razão de ausentar-se do direito 
penal. 
Com oportunidade, lembra Asúa que a dogmática é a reconstrução científica do 
direito vigente, não da simples lei. 
 Devemos ter presente que o direito penal, mais que qualquer outro ramo 
jurídico, está em íntimo contato com o indivíduo e a sociedade, o que, se não 
basta 
para autorizar as extremadas pretensões do positivismo naturalidade desautoriza 
também os acanhados limites do raquítico positivismo jurídico. 
 As reconstruções dogmáticas são formas jurídicas de conteúdo humano e 
social, donde o jurista não há de olvdar a realidade da vida, com suas 
manifestações, 
exigências e vibrações sócias. 
 7. Direito penal comum e direito penal especial. Delimitando o conceito 
do direito penal, os autores distinguem-no em comum e em especial, apresentando 
este 
várias subdivisões. A primeira é o direito penal disciplinar. É exercido pela 
administração e supõe, no destinatário da norma, relação de dependência de 
caráter 
administrativo ou de subordinação hierárquica, empregando sanções de caráter 
meramente corretivo. Ao contrário do direito penal comum, não se exterioriza em 
figuras 
típicas, mas as infrações são previstas de modo vago ou genericamente. 
 Fala-se também em direito penal administrativo, conjunto de disposições 
que , mediante uma pena, tem em vista o cumprimento, pelo particular, de um 
dever 
seu para com a administração. Apontam alguns, como seu capítulo mais importante, 
o direito penal fiscal ou financeiro. 
 Direito penal militar, aplicável somente a determinada classe de pessoas 
e por órgãos próprios. Direito penal político, em que atua justiça 
especialíssima, 
como no caso do impeachment. (CF, art. 86). 
 Enumeram-se ainda o direito penal econômico, próprio dos regimes 
autoritários ou de economia dirigida; direito penal do trabalho ou corporativo, 
muito em 
voga no fascismo, mas desaparecido com ele; direito penal industrial e 
intelectual, a que se quis dar injustificada amplitude, abrangendo toda a 
propriedade intelectual, 
nas suas manifestações industrial, intelectual e artística; direito penal da 
imprensa, de autonomia não justificada, pois compreende crimes que apenas de 
diferenciam 
pelo modo de execução; direito penal eleitoral, cuja consideração à parte não 
procede, já porque sua justiça é constituída quase toda por juízes da comum, já 
porque 
os próprios crimes eleitorais são complementares da legislação penal ordinária. 
 Geralmente, os autores se pronunciam pela autonomia do direito penal 
disciplinar, militar, político e administrativo. Asúa não aceita a deste. 
 A nosso ver, o melhor critério que estrema o direito penal comum dos 
outros é o da consideração do órgão que os deve aplicar jurisdicionalmente. Como 
escreve 
José Frederico Marques: " Se a norma penal objetiva somente se aplica através de 
órgãos constitucionalmente previstos, tal norma agendi 
tem caráter especial; se sua aplicação não demanda jurisdições próprias, mas se 
realiza através da justiça comum, sua qualificação será a de norma penal comum". 
 
 8. Direito penal substantivo e direito penal adjetivo. Desde há muito, 
autores de renome, como Feuerbach e Carmignani, consideram o direito penal 
processual, 
então chamado adjetivo ou formal, como integrante do direito penal ou 
substantivo. 
 A consideração não nos parece exata. Tem ele autonomia. Se mantém estreita 
relação com o direito penal, também íntima, senão talvez maior, é a com o 
processual 
civil. Não se deve esquecer, aliás, que ele se ocupa também de direitos 
essencialmente substantivos como o de ação. 
 Consoante escreve Asúa, o fato de, em algumas Universidades, serem 
lecionadas ambas as disciplinas na mesma cátedra tem sido o motivo dessa 
conceituação; porém 
o direito penal processual possui indiscutível personalidade e conteúdo próprio, 
não podendo ser considerado elemento integrante do direito penal stricto 
sensul6. 
 
RELAÇÕES DO DIREITO PENAL! 
 
 SUMÁRIO: 9. Relações do direito penal comas ciências jurídicas 
fundamentais. 10. Relações do direito penal com outros ramos jurídicos. 11. O 
direito penal 
e a criminologia. 12. A penologia. 13. A política criminal. 14. O direito penal 
e as disciplinas auxiliares. 
 
 9. Relações do direito penal com as ciências jurídicas fundamentais. 
Vincula-se o direito penal à filosofia do direito, pois esta lhe fornece 
princípios que 
não só circunscrevem seu âmbito como lhe definem as categorias e conceitos. Como 
lembra Maggiore, as noções de delito, pena, imputabilidade, culpa, dolo, ação, 
causalidade, 
liberdade, necessidade, acaso, normalidade, erro, e outros, são conceitos 
filosóficos antes de serem categorias jurídicas!. 
 Quando a filosofia do direito descobre novas relações jurídicas, revela 
também novos objetos para a função punitiva. Acentuado, como foi, o caráter 
sancionador 
do direito penal, difícil é que transformações ou modificações de importância na 
legislação de um povo não atinjam também seu Código Penal. 
 Exato é, outrossim, que não se pode elaborar o preceito penal, sem prévio 
juízo de valor - e por isso já se apontou também o caráter valorativo do direito 
penal - o que é operação ética, prendendo-se ele, igualmente, à filosofia moral. 
 Por fim sabido é que a "filosofia entra em casa sem ser convidada", como 
lembra aquele jurista e, portanto, vão será qualquer esforço para se repudiar a 
filosofia 
jurídica no estudo do direito penal. 
 Relação mantém ele com a teoria geral do direito, pois esta elabora 
conceitos e institutos jurídicos comuns a todos os ramos do direito. Há, 
portanto, entre 
eles, a relação que existe entre a ciência geral e a particular. 
Serve ela de vínculo entre a filosofia jurídica e o direito positivo, por ser 
por seu intermédio que a primeira coordena e sistematiza os princípios básicos 
do segundo. 
 
 Tal se opera, sem identificação matemática de todos os conceitos 
jurídicos. O sentido de um conceito pode variar nos diversos ramos jurídicos, 
sem se quebrar 
a unidade substancial dos princípios gerais. 
 Compreende-se o liame entre o direito penal e a sociologia jurídica. Esta 
estuda o ordenamento jurídico nas causas e na função social. Tem por objeto o 
estudo 
do fenômeno jurídico como fato social e resultante de processos sociais, 
ocupando-se ainda dos efeitos das normas jurídicas na sociedade. 
 Concebe-se a relação entre eles quando se reflete que as normas penais 
outra coisa não são que realidades sociais, revestidas de forma jurídica. 
 
 10. Relações do direito penal com outros ramos jurídicos. Com o direito 
constitucional apresenta o penal afinidadesno tocante aos conceitos de Estado, 
direitos 
individuais, políticos, sociais etc. Subordina-se, evidentemente, ao 
Constitucional, já que um Código Penal não pode fugir à índole da Constituição. 
Se esta é liberal, 
liberal também será ele. Tal dependência é tão íntima que leva Asúa a dizer que 
toda nova Constituição requer novo Código Penal. 
 O delito político sofre remarcada influência da Constituição do Estado. 
Nos regimes liberais não é ele tratado com a severidade dos autoritários. 
 Entre nós, a Constituição Federal é fonte formal das normas penais, 
quando, v. g., dispõe sobre a amplitude de defesa (art. 5.°, LV) e o juiz 
natural (art. 
5.°, LIII), a individualização da pena (art. 5.°, XLVI) e sua retroatividade 
(art. 5.°, XL), sua personalidade (art. 5.°, XLV) etc. Outros preceitos de 
índole liberal 
podiam ainda ser apontados. 
 Relações também se manifestam entre os dois direitos, quando a 
Constituição dispõe sobre a competência da União para legislar sobre o direito 
penal, para conceder 
anistia etc. 
 Estreito é o liame quando o Código Penal passa a definir os crimes contra 
o Estado e seus órgãos. Por outro lado, a Constituição Federal genericamente se 
refere 
a numerosos delitos, como os comuns, dolosos contra a vida, políticos etc. 
Enfim, tutelando os direitos fundamentais do homem e cuidando do funcionamento 
dos órgãos da soberania estatal, a Constituição traça limites, além dos quais as 
leis 
- e, portanto, as penais - não poderão ir, sob pena de inconstitucionalidade. 
 Direito penal e direito administrativo também se conjugam, pois a função 
de punir é eminentemente administrativa, já que a observância da lei penal 
compete 
a todos e é exigi da pelo Estado. 
 São suas relações manifestas porque, não poucas vezes, ambos tratam e se 
ocupam dos mesmos institutos. Assim, no tocante à execução das sanções impostas 
pela 
lei penal. Aliás, as medidas de segurança são, para muitos, providências de 
cunho administrativo - misure amministrative de sicurezza, dizem os italianos - 
não obstante 
serem capituladas nos Códigos Penais. 
 Finalmente, a lei penal não olvida punir fatos em defesa da ordem e 
regularidade da administração pública, como ocorre entre nós. 
 Íntima é a relação com o direito processual. Aliás, nas legislações de 
antanho, preceitos penais e processuais penais apareciam juntos. 
 Divide-se o direito processual em civil e penal. Mesmo com o primeiro 
relaciona-se nossa disciplina, pois, não obstante a diferença de procedimento - 
penal 
e civil - ambos possuem normas comuns, como o ato processual e a sentença. 
 Mais íntima é a relação com o processo penal. Enquanto no direito penal se 
consubstancia o jus puniendi, o processual o realiza com o se ocupar com a 
atividade 
necessária para apurar, nos casos concretos, a procedência da pretensão punitiva 
estatal. 
 Defendendo a função dos órgãos encarregados daquela realização, o direito 
penal comumente pune fatos que a podem molestar ou ofender, ora se referindo 
exclusivamente 
ao processo penal (arts. 339, 340 e 341), ora ao civil (art. 358) e ora a ambos 
(arts. 342, 344, 346, 347 e 355). Com esse objetivo, os Códigos Penais costumam 
dispor 
de todo um capítulo que trata dos crimes contra a administração da justiça. Com 
a promulgação da Lei n. 10.028, de 19 de outubro de 2000, foi alterada a redação 
do art. 339 e acrescentou-se o Capítulo IV ao Título XI do Código Penal, com a 
denominação específica "Crimes contra as Finanças Públicas", complementando-se a 
tutela 
em relação às ofensas à administração da justiça. 
 Em suma, é freqüente que problemas da maior importância interessem a ambos 
os ramos jurídicos, tal qual acontece com a tipicidade, cuja influência no 
terreno 
processual, hoje, não é lícito negar. 
 
 Com o direito internacional público, relaciona-se também o penal, tanto 
que alguns autores chegam a falar num direito penal internacional, quando se 
trata 
de capítulo de direito internacional privado (n. 42). 
 Atinências entre eles se verificam no tocante às leis penais no espaço. 
Cumpre, por fim, salientar o objetivo universal da luta contra a criminalidade, 
exigindo 
a conclusão de acordos de caráter internacional, como os relativos ao tráfico de 
brancas, objetos obscenos, extradição etc. 
 Não é necessário acentuar a conjugação do direito penal com o 
penitenciário, chamado também executivo penal, considerado por muitos como 
ciência jurídica que 
se apartou daquele. Compõe-se de normas jurídicas que regulam a execução das 
penas e das medidas de segurança, desde o momento em que se toma exeqüível o 
título 
que legitima sua execução, consoante Novelli, o grande defensor de sua 
autonomia, reconhecida, aliás, pelo Congresso Penal Internacional de Palermo, em 
1932. 
 Nega-lhe Asúa o título de direito, que, ademais, segundo ele, estaria em 
elaboração. 
 Vincula-se também o direito penal ao direito privado, pois, de natureza 
sancionatória, ele reforça a proteção jurídica contra os atos ilícitos. 
 Títulos do Código Penal há em que o caráter sancionador do direito privado 
se patenteia, como ocorre nos crimes patrimoniais: furto, esbulho possessório, 
alteração 
de limites, apropriação indébita, estelionato, fraude no pagamento por meio de 
cheque, duplicata simulada, emissão irregular de warrant, fraudes ou abusos na 
fundação 
ou administração de sociedade por ações, para só citar alguns. 
 Como conseqüência da intervenção estatal, tendente a evitar os excessos e 
desmandos do liberalismo econômico, protegendo o fraco contra o forte, é 
compreensível 
que se amplie cada vez mais o campo da ilicitude punível, passando para sua 
órbita o que dantes se confinava na esfera do ilícito civil. 
 Tal se dá não apenas nos domínios econômicos. Vejam-se, por exemplo, 
figuras delituosas como o abandono de família (art. 244) e o perigo de contágio 
(art. 
130), não considerados ilícitos penais pelos estatutos de 1830 e 1890. 
 Contato íntimo com o direito privado revela quando nele vai o penal buscar 
conceitos para a definição de crimes: casamento, parentesco, direitos autorais, 
títulos de crédito, concorrência desleal, sociedades comerciais etc. 
 
 11. O direito penal e a criminologia. Delito, delinqüente e pena não são 
estudados exclusivamente sob o ponto de vista jurídico. Outras ciências com eles 
se 
ocupam e, dentre elas, a criminologia, denominação que comumente se atribui a 
Garofalo, mas que parece ter sido primeiramente empregada pelo antropólogo 
francês 
Topinard. 
 É ela ciência causal-explicativa. Estuda as leis e fatores da 
criminalidade e abrange as áreas da antropologia e da sociologia criminal. Com o 
objetivo de 
estudar o delito e o delinqüente, encara os fatores genéticos e etiológicos da 
criminalidade, ao mesmo tempo que considera o crime em função da personalidade 
do 
criminoso. 
 Acreditamos que sinceramente não se pode negar o valor da criminologia. 
Não só é uma realidade a existência de leis que regem a criminalidade, bem como 
real 
é também a influência de fatores individuais na gênese do delito. 
 Existe conexão entre ela e a dogmática penal, como relação existe entre as 
ciências causais-explicativas e as de conteúdo ético, a cujo encargo fica o 
juízo 
valorativo, pois aquelas não firmam juízos de valor sobre o seu objeto, deixando 
essa função às ciências de natureza ética. 
 Com o advento da primeira lei específica de execução penal (Lei n. 7.210), 
a criminologia ganhou a condição de matéria legislada com a introdução do exame 
criminológico. O binômio delito-delinqüente, numa interação de causa e efeito, 
em sentido investigatório, passou a ser elemento essencial para a execução da 
pena, 
como se constata dos arts.5.° e S. da lei específica. O citado art. 5.° fala em 
classificação dos condenados, para efeito de individualização da execução penal, 
"segundo seus antecedentes e personalidade", isto é, através do exame 
criminológico e do exame de personalidade. 
 Vários outros dispositivos também se servem da criminologia como, a título 
de exemplo, o art. 112, parágrafo único, relativo ao regime para a execução da 
pena 
privativa de liberdade. 
 A criminologia, como escreve López Rey y Arrojo, estuda a causação do 
crime, ficando a cargo do direito penal a causalidade, compreendida aquela como 
etiologia 
ou estudo das causas da delinqüência, e entendida esta como o processo de 
realização do delito, o estudo da relação que existe entre a manifestação da 
vontade e 
o evento produzidos. 
 Em suma, embora ambos estudem o crime, fazem-no em campos diferentes, 
acentuando-se, contudo, que, não obstante ser autônoma, recebe a criminologia do 
direito 
penal o juízo valorativo do fato delituoso. 
 Da criminologia, destaca-se a antropologia criminal que estuda o homem 
delinqüente. Deve-se seu aparecimento a César Lombroso. Hoje é também denominada 
biologia 
criminal. 
 Tem por finalidade, com o estudo dos caracteres fisiopsíquicos do 
delinqüente, em conjunto com a influência externa, esclarecer a gênese do fato 
delituoso. 
 Estudando o homem delinqüente, na sua unidade de corpo e espírito, ela se 
divide em três partes: morfologia (estudo dos caracteres orgânicos), 
endocrinologia 
(estudo dos caracteres humorais) e psicologia criminal (estudo dos caracteres 
psíquicos)6, não se vendo razão de destacar esta última, como coisa distinta, já 
que 
é antropologia criminal. Certo é que avulta em sua importância, mas não nos 
parece que se deva estremá-la da antropologia, como faz Asúa. 
 Ocupa-se ela ainda com as influências físicas e sociais (fatores 
exógenos), já que o homem deve ser considerado juntamente com o meio em que 
vive. 
 Capítulo importante da criminologia é a sociologia criminal, que tem por 
objeto o estudo do delito como fenômeno social. Deve-se o nome a Enrico Ferri, 
que 
sustentou ser ela a ciência enciclopédica do crime, concepção inaceitável mesmo 
por ardentes positivistas-naturalistas. 
 Enquanto a antropologia estuda o crime atribuído ao indivíduo ou como fato 
individual, a sociologia ocupa-se com a criminalidade global, atribuída à 
sociedade 
em que se verifica. Aquela é a ciência do delinqüente; a outra é a da sociedade 
em relação ao delito, ou, como escreve Grispigni: "La scienza che studia Ia 
società 
daI punto di vista dei fenomeni criminosi che in essa si verificano". 
 É, pois, a sociologia criminal o estudo da criminalidade como fenômeno 
social. Seu método é o estatístico. 
 
 12. A penologia. Como ramo da criminologia apontam ainda alguns a 
penologia. É que, como acentua Roberto Lyra, o estudo filosófico e sociológico 
da pena adquiriu 
tal vulto que se sustenta a necessidade de uma ciência que a encare não só sob 
aqueles prismas, mas ainda quanto ao histórico, científico e jurídico. Não se 
ocuparia 
somente da pena, mas também das medidas de segurança e das instituições 
destinadas à readaptação dos egressos. 
 O vocábulo penologia foi empregado pela primeira vez em 1834 por Francis 
Lieber, publicista germânico que viveu nos Estados Unidos. Todavia não se 
definiu 
ainda com toda a precisão seu âmbito ou conteúdo. Alguns a denominam ciência 
penitenciária, que teria por objeto os sistemas penitenciários e as espécies de 
pena 
e de medida de segurança. 
 Cremos, entretanto, que razão têm os que, como Asúa, lhe negam o caráter 
de ciência, por lhe faltar conteúdo próprio, já que, se a pena é encerrada sob o 
aspecto 
sociológico, compete à sociologia criminal seu estudo, como querem alguns, ou à 
sociologia penal, como propugna Grispigni; se é tomada como conseqüência do 
crime, 
entra no campo do direito penal; se se tem em vista sua execução, é objeto do 
direito penitenciário; se, enfim, se cogita da apresentação de iniciativas e 
providências 
para reforma do sistema punitivo, a matéria pertence à política criminal. 
 
 13. A política criminal. Tem ela tido maior desenvolvimento na Alemanha, 
conquanto geralmente se aponte como seu berço a Itália. 
 Consideram-na alguns como o estudo dos meios de combater o crime depois de 
praticado; outros, entretanto, ampliam-lhe o conteúdo, para a conceituarem como 
crítica e reforma das leis vigentes. A maioria nega-lhe caráter científico, 
reduzindo-a antes à arte de legislar em determinado momento, segundo as 
necessidades 
do povo e de acordo com os princípios científicos imperantes. 
 É ela crítica e reforma. Crítica quando examina e estuda as instituições 
jurídicas existentes, e reforma quando preconiza sua modificação e 
aperfeiçoamento. 
 Vincula-a Grispigni à criminologia: deve ela, "com fundamento nas 
conclusões da Antropologia e da Sociologia Criminal, sugerir os meios mais 
idôneos para a 
prevenção e repressão dos crimes"". Entretanto, Asúa12, com exatidão, tem-na 
como parte do direito penal, visto ser corolário da dogmática, e exemplifica, 
dizendo 
que, se um dogmático, examinando o Código Penal de um país e não encontrando aí 
esposado o sursis, e, ciente de sua necessidade e eficácia pela dogmática, 
propuser 
a adoção, estará fazendo política criminal. Para o citado autor, ela é a arte de 
"traspasar en un momento determinado, a Ia legislación positiva, Ia aspiración 
proveniente 
de los ideales, ya realizable", finalizando por dizer não ser uma ciência, 
tampouco a moderna e promissora disciplina que Franz von Liszt pretendeu criar. 
 Compreende-se sua estreita relação com a dogmática penal, porque pertence 
a esta a crítica objetiva da legislação vigente, e é dela que se há de partir 
para 
novas concepções e mesmo para a criação de um novo direito. 
 
 14. O direito penal e as disciplinas auxiliares. Ao lado do direito penal, 
disciplinas apresentam-se que lhe auxiliam a realização ou aplicação das normas. 
 A medicina legal é considerada, por Afrânio Peixoto, como aplicação de 
conhecimentos científicos e misteres da justiça, advertindo o eminente professor 
que 
não é uma ciência autônoma, mas conjunto de aquisições de vária origem para fim 
determinado. 
 Palmieri discorre, definindo-a como a aplicação de noções médicas e 
biológicas às finalidades da justiça e à evolução do direito. Compreende 
concomitantemente 
o estudo das questões jurídicas, que podem ser resolvidas exclusivamente com os 
conhecimentos biológicos e principalmente médicos, e o estudo dos fenômenos 
biológicos 
e clínicos que servem à solução dos problemas judiciários. 
 Valioso é seu concurso no estudo dos crimes contra a vida, nos sexuais 
etc. Aplicações suas diariamente temos na investigação de crimes, com o exame 
das manchas, 
impressões, pegadas, sinais e outros. De sua importância, entre nós, fala bem 
alto a existência da cadeira de Medicina Legal, em nossas Faculdades de Direito. 
 
 A psiquiatria forense, a rigor, integra-se na medicina legal; porém, dado 
seu desenvolvimento, é, hoje, considerada à parte. 
 Tem por escopo o estudo dos distúrbios mentais, em face dos problemas 
jurídicos. Dupla é a tarefa do psiquiatra, ora colaborando com o legislador, na 
definição 
e solução de problemas do direito, ora com o magistrado, na aplicação da lei ao 
caso concreto. 
 Quanto à segunda, deve limitar-se a, pelo estudo e observação do 
delinqüente psicopata, oferecer elementos seguros e necessários ao juiz, para 
decidir, e nunca 
opinar sobre a responsabilidade jurídica, tarefa do julgador. 
 Com a adoção das medidas de segurança, mais se ampliou o campo da 
psiquiatria forense.A psicologia judiciária, ramo da psicologia aplicada, distingue-se da 
psicologia criminal (estudo dos caracteres psíquicos do delinqüente, a influírem 
na 
gênese do delito), e tem por objeto a obtenção da verdade no desenrolar do 
processo. Com esse fito, ocupa-se do acusado, juiz, ofendido, testemunhas etc. 
 Sua importância, hoje, avulta, após os numerosos e acurados estudos da 
psicologia do testemunho, mostrando-nos suas imperfeições, deficiências etc., e, 
assim, 
patenteando a relatividade desse meio probatório. 
 De modo geral, compreende-se sua importância para a avaliação da prova. 
 A estatística criminal mantém íntima relação com a sociologia criminal. 
Tem por objeto revelar, por meio de dados numéricos, as relações causais entre 
os fatores 
endógenos e, principalmente, os exógenos e a criminalidade. 
 Tem valor, entretanto, relativo, mesmo porque há elementos que influem na 
delinqüência e escapam de seu campo. 
 A polícia científica consiste, segundo Grispigni: "No estudo dos meios 
sugeridos por diversas ciências como os mais adequados aos fins da polícia 
judiciária 
de apuração do crime e da autoria". Com essa finalidade, ela se vale dos 
conhecimentos que outras disciplinas, como a medicina legal, lhe fornecem. Asúa 
considera-a 
como ramo da criminalística, disciplina mais ampla, que não se circunscreve ao 
estudo dos métodos e meios de elucidar o crime e individualizar o autor, pois se 
ocupa 
dos conhecimentos que devem possuir todos os que intervêm na administração da 
justiça criminal, membros da polícia, advogados criminalistas etc. Capítulo de 
inegável 
importância da criminalística é o da especialização dos juízes do crime. 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS IDÉIAS PENAIS 
 
SUMÁRIO: 15. Tempos primitivos. 16. Vingança privada. 17. Vingança divina. 18. 
Vingança pública. 19. Período humanitário. 20. Período criminológico. 
 
 15. Tempos primitivos. A história do direito penal é a história da 
humanidade. Ele surge com o homem e o acompanha através dos tempos, isso porque 
o crime, 
qual sombra sinistra, nunca dele se afastou. 
 Claro é que não nos referimos ao direito penal como sistema orgânico de 
princípios, o que é conquista da civilização e data de ontem. 
 A pena, em sua origem, nada mais foi que vindita, pois é mais que 
compreensível que naquela criatura, dominada pelos instintos, o revide à 
agressão sofrida 
devia ser fatal, não havendo preocupações com a proporção, nem mesmo com sua 
justiça. 
 Em regra, os historiadores consideram várias fases da pena: a vingança 
privada, a vingança divina, a vingança pública e o período humanitário. Todavia 
deve 
advertir-se que esses períodos não se sucedem integralmente, ou melhor, advindo 
um, nem por isso o outro desaparece logo, ocorrendo, então, a existência 
concomitante 
dos princípios característicos de cada um: uma fase penetra a outra, e, durante 
tempos, esta ainda permanece a seu lado. 
 
 16. Vingança privada. Como se observa nas espécies inferiores, a reação à 
agressão devia ser a regra. A princípio, reação do indivíduo contra o indivíduo, 
depois, 
não só dele como de seu grupo, para, mais tarde, já o conglomerado social 
colocar-se ao lado destes. É quando então se pode falar propriamente em vingança 
privada, 
pois, até aí, a reação era puramente pessoal, sem intervenção ou auxílio dos 
estranhos. 
 Entretanto, o revide não guardava proporção com a ofensa, sucedendose, por 
isso, lutas acirradas entre grupos e famílias, que, assim, se iam debilitando, 
enfraquecendo 
e extinguindo. Surge, então, como primeira conquista no terreno repressivo, o 
talião. Por ele, delimita-se o castigo; a vingança não será mais arbitrária e 
desproporcionada. 
 Tal pena aparece nas leis mais antigas, como o Código de Hamurabi, rei da 
Babilônia, século XXIII a.C., gravado em caracteres cuneiformes e encontrado nas 
ruínas de Susa. Por ele, se alguém tira um olho a outrem, perderá também um 
olho; se um osso, se lhe quebrará igualmente um osso etc. A preocupação com a 
justa retribuição 
era tal que, se um construtor construísse uma casa e esta desabasse sobre o 
proprietário, matando-o, aquele morreria, mas, se ruísse sobre o filho do dono 
do prédio, 
o filho do construtor perderia a vida. São prescrições que se encontram nos § § 
196, 197, 229 e 230. 
 Outras legislações também adotaram o talião. Veja-se, por exemplo, a 
hebraica: o Êxodo (23, 24 e 25), o Levítico (17 a 21) e outros a consagrarem o 
"olho por 
olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé". 
 Conquista igualmente importante foi a composição, preço em moeda, gado, 
vestes, armas etc., por que o ofensor comprava do ofendido ou de sua família o 
direito 
de represália, assegurando-se a impunidade. 
 Adotaram-na o Código de Hamurabi, o Pentateuco, o de Manu e outros, 
podendo dizer-se que permanece até hoje entre os povos, sob a forma de 
indenização, multa, 
dote etc. 
 
 17. Vingança divina. Já existe um poder social capaz de impor aos homens 
normas de conduta e castigo. O princípio que domina a repressão é a satisfação 
da divindade, 
ofendida pelo crime. Pune-se com rigor, antes com notória crueldade, pois o 
castigo deve estar em relação com a grandeza do deus ofendido. 
 É o direito penal religioso, teocrático e sacerdotal. Um dos principais 
Códigos é o da Índia, de Manu (Mânava, Dharma, Sastra). Tinha por escopo a 
purificação 
da alma do criminoso, através do castigo, para que pudesse alcançar a bem-
aventurança. Dividia a sociedade em castas: brâmanes, guerreiros, comerciantes e 
lavradores. 
Era a dos brâmanes a mais elevada; a última, a dos sudras, que nada valiam. 
 Revestido de caráter religioso era também o de Hamurabi. Aliás, podemos 
dizer que esse era o espírito dominante nas leis dos povos do Oriente antigo. 
Além 
da Babilônia, Índia e Israel, o Egito, a Pérsia, a China etc. 
 Ao lado da severidade do castigo, já apontada, assinalava esse direito 
penal, dado seu caráter teocrático, o ser interpretado e aplicado pelos 
sacerdotes. 
 
 18. Vingança pública. Nesta fase, o objetivo é a segurança do príncipe ou 
soberano, através da pena, também severa e cruel, visando à intimidação. 
 Na Grécia, a princípio, o crime e a pena inspiravam-se ainda no sentimento 
religioso. O direito e o poder emanavam de Júpiter, o criador e protetor do 
universo. 
Dele provinha o poder dos reis e em seu nome se procedia ao julgamento do 
litígio e à imposição do castigo. 
 Todavia seus filósofos e pensadores haveriam de influir na concepção do 
crime e da pena. A idéia de culpabilidade, através do livre arbítrio de 
Aristóteles, 
deveria apresentar-se no campo jurídico, após firmar-se no terreno filosófico e 
ético. Já com Platão, nas Leis, se ante vê a pena como meio de defesa social, 
pela 
intimidação - com seu rigor - aos outros, advertindo-os de não delinqüirem. 
 Dividiam os gregos o crime em público e privado, conforme a predominância 
do interesse do Estado ou do particular. 
 Certo é que, ao lado da vingança pública, permaneciam as formas anteriores 
da vindita privada e da divina, não se podendo, como é óbvio, falar em direito 
penal. 
Entretanto, situam, em regra, os historiadores, na Grécia, suas origens remotas. 
 Roma não fugiu às imposições da vingança, através do talião e da 
composição, adotadas pela Lei das XII Tábuas. Teve também caráter religioso seu 
direito penal, 
no início, no período da realeza. Não tardaram muito, entretanto, a se separarem 
direito e religião, surgindo os crimina publica (perduellio, crime contra a 
segurança 
da cidade, e parricidium, primitivamente a morte do civis sui juris) e os 
delicta privara. 
 A repressão destes era entregue à iniciativa do ofendido, cabendo ao 
Estado a daqueles.

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