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Psicologia Jurídica

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Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais
Psicologia Jurídica
Pedro Miguel Vieira Arcanjo
Belo Horizonte
2015
Pluralidade dos conceitos de pessoa em Lucien Sève e suas dificuldades
 Apoiando-se na antropologia moral kantiana, com o intuito de corroborar a pessoa humana como sinônimo de dignidade, Lucien Sève considerou os problemas trazidos pela pluralidade de conceitos de pessoa ao campo filosófico e apresentou três pressupostos de grande relevância ao debate acerca da definição da pessoa humana: a pessoa potencial, a pessoa atual e por fim seus desdobramentos na teoria da ascrição. A pessoa potencial seria todo ser munido de capacidade de vir a ser pessoal humana mas que ainda não assumiu sua forma moral e biologicamente completa. Aqui então podemos citar os fetos e embriões em desenvolvimento. Uma vez dotado de composição física/biológica humana o ser ao conviver com outras pessoas vai absorvendo informações capazes de fazer com que este crie sua pessoalidade moral e deixe de ser pessoa em potencial e se torne pessoa atual, agora apto a assumir seu papel moral em sociedade e desenvolver personalidade. Em seus escritos sobre a ascrição Sève estabeleceu que a dignidade é um elemento intrínseco à pessoa seja ela atual, digna de fato, ou potencial, futura detentora da dignidade. Assim, a ascrição passa a ser fundamental para que o individuo deixe de ser apenas ser humano e, agora digno e inserido na sociedade, passe a ser pessoa humana. Não basta a simples atribuição da ascrição para que o indivíduo torne-se pessoa humana, seu reconhecimento moral e respeito perante a comunidade também se faz necessário para atribuição de tal condição.
 A dificuldade de se trabalhar com conceitos plurais de pessoa humana surge na atribuição de direito e deveres. A impossibilidade de se limitar a quem, quando e como devem ser impostas as regras sociais e jurídicas e até que medida se deve cobrar certo comportamento de um individuo, surge como um empecilho para tornar justa e eficaz as orientações sociais as quais estão submetidas as pessoas. Este debate se apresenta e é possível ser exemplificado pela condição ou não de pessoa ao nascituro e seus direitos. Até que ponto devemos considerar os direitos do embrião, nidado ou apenas conservado? Sobre esta questão Lucien Sève afirma que como ser potencialmente digno ao nascituro ou embrião devem ter sua pessoalidade em potencial respeitada e seu direito a vida e dignidade resguardado.
Pessoa x Individuo
 
 Outro ambiente de debate a respeito da pessoalidade e a relação entre pessoa e indivíduo. Em síntese bastante apertada podemos atribuir ao indivíduo um caráter mais social e relacionado a comunidade e à pessoa sua posição quanto a maneira como se apresenta à sociedade. Lucien Sève, como vimos anteriormente, afirma que pessoa humana é toda aquele que tem por direito sua dignidade respeitada e assim como os demais filósofos marxistas destacam a dialética como o primeiro fundamento da personalidade. Sève descreve a individualidade como um fenômeno social que da vida as personalidades e que possibilita o sujeito modificar e organizar o campo concreto de possibilidades. A sociabilidade em Sève é um pressuposto para a caracterização de indivíduo e possibilita que esse adquira características sociais advindas do convívio em sociedade. 
PESSOA x RESPONSABILIDADE x MORAL x LIBERDADE
 A estreita relação entre pessoa, responsabilidade, moral e liberdade se traça, principalmente no campo social-filosófico, através do conceito de ética. Em sociedade somos todos responsáveis pela organização e bem-estar social. Daí surge a responsabilidade de cada sujeito em relação ao seus atos perante a comunidade. A instituição que rege esse convívio social e o atribui harmonia é a moral. Agindo sobre os preceitos morais o individuo colabora para o bom funcionamento das relações sociais e aos poucos vai se estabelecendo como parte de algo maior. Nessa discussão outro ponto importante a ser discutido é a questão da liberdade individual. Cada sujeito é livre sobre o estado democrático. Sua liberdade é garantida constitucionalmente, não obstante deva-se estabelecer limites impostos moralmente, juridicamente e socialmente à liberdade individual para que esta não prejudique a de outrem. Juridicamente, os direitos e deveres do sujeito são estabelecidos a fim de viabilizar a vida em sociedade pautada em um comportamento moralmente orientado.
Pessoa moral e sociedade civil-burguesa
 A sociedade civil vem se configurando cada vez mais individualista e egoísta. Tal comportamento é facilmente relacionado ao advento do capitalismo e a supremacia dos interesses individuais pelos interesses particulares burgueses. Essa configuração se encontra em desconformidade com os princípios morais e éticos de orientam o bem estar social. Muitas teorias buscam explicar esse fenômeno e suas consequências sociais. Dentre elas se destacam o contratualismo de Lock, Hobbes e Rousseau. Ambas as teorias procuram descrever a relação dos indivíduos entre si e a maneira como se relacionam. A procura pelo lucro nas relações são apontadas como um dos motivos da desmoralização da interação entre os sujeitos. Outra teoria que deve ser considerada ao tratar deste assunto é a do estado de natureza de Hobbes onde o homem é descrito de maneira mais primitiva e com pouca intimidade com as relações interpessoais buscando satisfação própria sem considerar o bem comum.
Pessoa, mercadoria e mercado
 No tocante das relações interpessoais um importante ator se configura como protagonista neste cenário, o mercado. A sociedade capitalista burguesa busca a todo custo a mais valia e pra isso estabelece relações mutuas envolvendo troca de mercadorias e serviços por capital e favores. A relação existente entre pessoa, mercado e mercadoria traz à sociedade problemas que conturbam as relações entre os indivíduos. A mercadoria passou a ser mais importante que o próprio sujeito. A exploração do trabalho alheio ou até mesmo a escravidão também são mazelas sociais que encontram fundamentação na busca burgo-capitalista. O ser humano passa a ser objetivado e comercializado em favorecimento de uma minoria que alimenta essa relação viciosa de exploração e lucra com esta situação.
Consciência, ser consciente e linguagem 
 A consciência é um produto da convivência em sociedade. Os indivíduos buscando responder as questões impostas pela comunidade acabam por desenvolver uma maneira própria de raciocinar o mundo e seus efeitos. Dessa forma, a consciência aparece como linguagem pela qual o homem se comunica com a sociedade, responde seus questionamentos e encara seus acontecimentos. O ser consciente então passa a ser aquele detentor da consciência e indissociável a esta, sempre em busca de respostas, interagindo com o mundo e as pessoas e constantemente construindo novas ideologias. A linguagem é a principal ferramenta da construção da consciência. Também surge da sociedade como necessidade de se integrar a esta e participar ativamente de suas construções. Através da linguagem o ser consciente se expressa e se torna capaz de fazê-lo. 
Consciência burguesa e ideologia
 Um importante elemento de formação da consciência e da utilização da linguagem é o contexto social sob o qual o sujeito esta inserido. Nos últimos anos tem sido possível observar que a consciência burguesa e capitalista têm dado o tom das discussões e relações entre os indivíduos. A busca pelo lucro e pela fixação em uma sociedade cada vez mais competitiva e egoísta faz com que as relações entre os entes sociais se tronem mais superficiais e cada vez menos coletivas. Isso influencia a maneira como o sujeito desenvolve sua consciência e estabelece seus princípios. Marx esclarece essa relação existente entre a sociedade burguesa civil ea formação ideológica ao afirma que a busca pela mais valia faz com que as pessoas deixem de estabelecer conceitos de bem e mal e certo ou errado e passam a pensar exclusivamente em seu próprio bem.
Subjetividade e renascimento
No período do renascentista a maneira como o homem via a si mesmo modificou-se radicalmente. Isso se deve as grandes mudanças ocorridas no período anterior, onde praticamente todos os campos do saber humano voltavam-se para tentar explicar teorias e correntes teocêntricas, ou seja, a maneira como o homem via o mundo estava centrada na figura de Deus orientador de todas as discussões acerca do universo, suas origens e suas peculiaridades. No renascimento, a maneira antropológica de se enxergar o mundo voltou a vigorar entre os cientistas, artistas e filósofos. O homem agora encarava as questões do mundo partindo de si mesmo. Tal mudança de paradigma fez renascer os estudos e teorias envolvendo as ciências humanas onde o homem é o objeto de estudo e o estudioso. Neste sentido, o homem passou a se considerar controlador da natureza e seus fenômenos. Entretanto os limites da natureza devem ser respeitados e assim é criada uma relação de dominação limitada entre homem e natureza e a ciência passa a englobar ambos como material de estudo uno.
Iluminismo e controle da natureza
 Na concepção iluminista a natureza era reconhecida como algo tangível. O mundo e a natureza passaram a ser compreendidos a partir do concreto, do indiscutível e pragmático, deixando dessa forma de ser encarado partir de dogmas religiosos e pressupostos metafísicos. Com o advento da era capitalista tais ideologias se fortaleceram. A natureza passou a ser entendida pelo homem como um objeto de posse e dominação. A partir de então, imaginar o homem e a natureza como elementos integrados e associáveis se tornou uma tarefa quase impossível, afinal a segregação entre estes dois conceitos não se concretizava apenas no nível do psicológico, mas também na percepção objetiva com a qual o homem enxergava a natureza. Outro elemento fundamental para a separação e fragmentação destes elementos foi a divisão social e técnica do trabalho oriunda da sociedade capitalista industrial.
Origem da psicologia e do direito enquanto ciência
 Inserido no cenário descrito acima, o homem percebeu a necessidade de desenvolver o pensamento científico. O capitalismo fax emergir a industrialização. A ciência aparece então como suporte necessário ao novo paradigma econômico e social que vinha se configurando desde então. 
 O capitalismo pôs esse mundo em movimento, com a necessidade de abastecer mercados e produzir cada vez mais: buscou novas matérias-primas na Natureza; criou necessidades; contratou o trabalho de muitos que, por sua vez, tornavam-se consumidores das mercadorias produzidas; questionou as hierarquias para derrubar a nobreza e o clero de seus lugares há tantos séculos estabilizados. O conhecimento científico se desvinculou da fé. O pensamento crítico e racional surgiu, então, como a grande possibilidade de construção do conhecimento. Tal pensamento era interessante à burguesia, que desta maneira emancipava não apenas o homem como a sim mesma e assim se fortalecia na busca por poder político. Sob essas condições a ciência moderna foi se desenvolvendo e os temas da Psicologia, até então abordados exclusivamente pelos filósofos, se tornam, também, área de estudo das ciências especificas, Fisiologia e Neurofisiologia, voltadas para o estudo do sistema nervoso central e suas influencias sobre a ação humana. Já o Direito demorou mais para se consolidar como ciência. Primeiramente concebido como algo natural, o Direito não era desenvolvido como algo científico e cientificamente aplicável. A psicologia enquanto ciência encara uma situação dúplice uma vez que pleiteia se estabelecer como ciência autônoma, não obstante não consegue se desvincular de matérias humanas e biologicamente cientificas.
Freud e a razão
 Sigmund Freud,em seus estudos sobre a mente e o comportamento humano descobriu que a razão não era a única fonte para atingir o conhecimento científico e que nossas emoções influem diretamente na produção científica por ser o que move o seres humanos. As emoções são as vias da tensão e a apreciação do prazer. Eles também podem servir ao ego ajudando-o a evitar a tomada de consciência de certas lembranças e situações. Por exemplo, é possível que fortes reações emocionais escondam, na realidade, um trauma infantil. Uma reação fóbica, efetivamente, impede uma pessoa de se aproximar de um objeto ou de uma série de objetos que poderiam fazer com que uma fonte de ansiedade mais ameaçadora ressurgisse.
 Através da observação de respostas emocionais, de suas expressões adequadas ou inadequadas, Freud achou as pistas que eram as chaves para descobrir e compreender as forças motivadoras do inconsciente.
 O intelecto é um dos instrumentos acessíveis ao ego. A pessoa mais livre é aquela que é capaz de usar a razão sempre que for oportuno, e cuja vida emocional está aberta à inspeção consciente. Tal pessoa não é levada por resíduos insaciados de eventos passados mas pode responder diretamente a cada situação, equilibrando suas preferências individuais e as restrições impostas pela cultura. Segundo Freud a razão era a única capacidade humana que poderia ajudar a solucionar o problema da existência ou, pelo menos, aliviar o sofrimento inerente à vida humana.
 Freud descreveu a razão como o único instrumento - ou arma- de que dispomos para darmos sentido à vida, para prescindirmos das ilusões... para ficarmos independentes de autoridades subjugadoras, e assim estabelecermos nossa própria autoridade.
Tripartição do aparelho psíquico
 Freud desenvolveu o conceito da tripartição do aparelho psíquico onde definiu três ambitos sob os quais o homem se comporta; id, ego e superego. O id pode ser entendido como a forma mais inicial, primitiva e inacessível da personalidade. Sob influencia do id o homem busca a satisfação plena e imediata alheia a da realidade. O id é a expressão da nossa energia psíquica primordial, e encontra sua plena expressão na redução de tensão. Por conseguinte, regemos nossas ações visando reduzir essa tensão interagindo com o mundo real.
 O ego aparece como um aparelho de mediação e interação entre o id e o mundo externo. Enquanto o Id representa a paixão, o ego representa a razão. Freud destaca um certo controle do ego sobre o id. Enquanto o id não se preocupa com a realidade o ego a considera e a manipula. O ego também busca reduzir a tensão, entretanto busca controlar os impulsos do prazer. A relação entre o ego e o id é de coexistência, o ego não apenas depende do id para existir como também colabora para satisfazer seus anseios. 
 A terceira parte da estrutura psíquica definida por Freud foi o superego. Ele afirma que este se desenvolve desde o inicio da vida,ainda criança na medida em que se começa a compreender as regras de comportamento regentes na sociedade em que esta está inserida através do que Freud chama de sistema de recompensas e punições. Quando se comporta inadequadamente a criança é sujeita à punição e esta torna-se parte da consciência da criança, compondo seu superego. Já o comportamento satisfatório que lhe atribui recompensa torna-se parte do ego-ideal, a outra composição do superego. Sendo assim, o comportamento inicial é inicialmente determinado pelas ações daqueles ao seus redor, não obstante, uma vez formado o superego, o comportamento é determinado pelo autocontrole. A partir daí, o indivíduo passa a administrar as próprias recompensas ou punições.

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