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6 - Noções de Direito Penal

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Prof. Adriano Augusto Placidino Gonçalves
Graduado pela Faculdade de Direito da Alta Paulista – FADAP.
Advogado regularmente inscrito na OAB/SP
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 
ANTERIORIDADE DA LEI 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há 
pena sem prévia cominação legal.
Princípio da Legalidade
Esse princípio, consagrado no art. 1º do Código Penal, encon-
tra-se atualmente descrito também no art. 5º XXXIX, da Consti-
tuição Federal. Segundo ele, “não há crime sem lei anterior que 
o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. A doutrina 
subdivide o princípio da legalidade em:
a) Princípio da anterioridade, segundo o qual uma pessoa só 
poder ser punida se, à época do fato por ela praticado, já estava em 
vigor a lei que descrevia o delito. Assim, consagra-se a irretroati-
vidade da norma penal (salvo a exceção do art. 2º, parágrafo único, 
do Código Penal que será discutida abaixo).
b) Princípio da reserva legal, apenas a lei em sentido for-
mal pode descrever condutas criminosas. É vedado ao legislador 
utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas legis-
lativas para incriminar condutas.
As normas penais em branco (aquelas que exigem comple-
mentação por outras normas, de igual nível [leis] ou de nível diver-
so [decretos, regulamentos etc.]). Não ferem o princípio da reserva 
legal.
LEI PENAL NO TEMPO
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e 
os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favo-
recer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos 
por sentença condenatória transitada em julgado. 
A lei que revoga um tipo incriminador extingue o direito de 
punir (abolitio criminis). A consequência do abolitio criminis é 
a extinção da punibilidade do agente. Por beneficiar o agente, o 
abolitio criminis alcança fatos anteriores e será aplicado pelo Juiz 
do processo, podendo ser aplicado antes do final do processo, le-
vando ao afastamento de quaisquer efeitos da sentença, ou após a 
condenação transitada em julgado. No caso de já existir condena-
ção transitada em julgado, o abolitio criminis causa os seguintes 
efeitos: a extinção imediata da pena principal e de sua execução, 
a libertação imediata do condenado preso e extinção dos efeitos 
penais da sentença condenatória (Exemplo: reincidência, inscrição 
no rol dos culpados, pagamento das custas etc.).
Vale lembrar que os efeitos extrapenais, contudo, subsistem, 
como a perda de cargo público, perda de pátrio poder, perda da ha-
bilitação, confisco dos instrumentos do crime etc. A competência 
para a aplicação do abolitio criminis após o trânsito em julgado é 
do juízo da execução:
Súmula nº 611 do STF: “Transitada em julgado a sentença 
condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação da lei 
mais benigna.
O parágrafo único do artigo 2º trata do fenômeno da extrativi-
dade da lei penal, ou seja; a lei pode retroagir SOMENTE quando 
para beneficiar o agente.
Extratividade: É o fenômeno pelo qual a lei produz efeitos 
fora de seu período de vigência. Divide-se em duas modalidades: 
retroatividade e ultratividade.
Na retroatividade, a lei retroage aos fatos anteriores à sua en-
trada em vigor, se houver benefício para o agente; enquanto na 
ultratividade, a lei produz efeitos mesmo após o término de sua 
vigência.
Não há que se falar em conflito de leis entre o artigo primeiro 
(legalidade) e o parágrafo único do artigo 2º (extratividade). Ve-
jamos:
a) No artigo 1º, decretando a irretroatividade da lei, o Código 
Penal (CP) procurou defender a dignidade humana e a estrutura 
democrática brasileiras, ambos fundamentos cruciais à existência 
da nossa República federativa (Art. 1º, III e parágrafo único da 
CF/88), porque trata-se de uma barreira à discricionariedade es-
tatal no que se refere à punição. Ele reflete o objetivo claro de 
controle dos bens jurídicos da sociedade. O que seria de uma na-
ção se qualquer pessoa com poder pudesse escolher as condutas 
que devem ser punidas e assim fazê-lo do modo que lhe der mais 
satisfação? 
b) O artigo 2º, por sua vez, em seu parágrafo único, faz exa-
tamente o mesmo do artigo 1º. A retroatividade que valida é res-
tringida aos efeitos benéficos do dispositivo penal em questão, o 
que é relacionado com os objetivos da punição estatal e igualmente 
ao princípio da dignidade humana, porque evitar que as mudan-
ças sociais se estendam àqueles que, por exemplo, têm o direito 
constitucional de ir e vir cerceado por uma conduta que não é mais 
considerada lesiva, é negar a igualdade de tratamento do Estado a 
toda a sociedade, sobretudo quanto à defesa da dignidade e quanto 
à justiça, ambos também explicitamente acobertas constitucional-
mente.
Neste contexto, a lei posterior continua a considerar o fato 
como criminoso, mas traz alguma benesse ao acusado: pena me-
nor, maior facilidade para obtenção de livramento condicional etc.
Desta forma, pela combinação dos arts. 1º e 2º do Código Pe-
nal, podemos chegar a duas conclusões:
a) a norma penal, em regra, não pode atingir fatos passados. 
Não pode, portanto, retroagir; 
b) a norma penal mais benéfica, entretanto, retroage para atin-
gir fatos pretéritos. 
Hipóteses de lei posterior: 
a) “Abolitio criminis”: lei posterior deixa de considerar 
um fato como criminoso. Trata-se de lei posterior que revoga o 
tipo penal incriminador, passado o fato a ser considerado atípico. 
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Como o comportamento deixou de constituir infração penal, o Es-
tado perde a pretensão de impor ao agente qualquer pena, razão 
pela qual se opera a extinção da punibilidade, nos termos do art. 
107, III, do Código Penal.
b) “Novatio legis in mellius”: é a lei posterior que, de qual-
quer modo, traz um benefício para o agente no caso concreto. A lex 
mitior (lei melhor) é a lei mais benéfica, seja anterior ou posterior 
ao fato. A norma penal retroage e aplica-se imediatamente aos pro-
cessos em julgamento, aos crimes cuja perseguição ainda não se 
iniciou e, também, aos casos já encerrados por decisão transitada 
em julgado.
c) “Novatio legis in pejus”: é a lei posterior que, de qualquer 
modo, venha a agravar a situação do agente no caso concreto. Nes-
se caso a lex mitior é a lei anterior. A lei menos benéfica, seja ante-
rior, seja posterior, recebe o nome de lex gravior (lei mais grave).
d) “Novatio legis” incriminadora: é a lei posterior que cria 
um tipo incriminador, tornando típica conduta considerada irrele-
vante penal pela lei anterior. 
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido 
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
As leis acima citadas são autorrevogáveis, ou seja, são exce-
ções à regra de que uma lei se revoga por outra lei. Subdividem-se 
em duas espécies:
- leis temporárias: Aquelas que já trazem no seu próprio texto 
a data de cessação de sua vigência, ou seja, a data do término de 
vigência já se encontra explícito no texto da lei.
- leis excepcionais: Aquelas feitas para um período excepcio-
nal de anormalidade. São leis criadas para regular um período de 
instabilidade. Neste caso, a data do término de vigência depende 
do término do fato para o qual ela foi elaborada.
Estas duas espécies são ultrativas, ainda que prejudiquem o 
agente (Exemplo: Num surto de febre amarela é criado um crime 
de omissão de notificação de febre amarela; caso alguém cometa o 
crime e logo em seguida o surto seja controlado, cessando a vigên-
cia da lei, o agente responderá pelo crime). Se
não fosse assim, a 
lei perderia sua força coercitiva, visto que o agente, sabendo qual 
seria o término da vigência da lei, poderia retardar o processo para 
que não fosse apenado pelo crime.
TEMPO DO CRIME
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação 
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
Trata-se da fixação do tempo em que crime reputa-se pratica-
do. Existem três teorias sobre o tempo do crime:
- Teoria da atividade: O tempo do crime é o tempo da prática 
da conduta, ou seja, é o tempo que se realiza a ação ou a omissão 
que vai configurar o crime, ainda que outro seja o momento do 
resultado;
- Teoria do resultado: O tempo do crime é o tempo que se 
produz o resultado, sendo irrelevante o tempo da ação;
- Teoria mista ou da ubiquidade: O tempo do crime será tanto 
o tempo da ação quanto o tempo do resultado.
A teoria utilizada pelo Código Penal (CP) é a teoria da ATI-
VIDADE. Na teoria da atividade o agente, em caso de lei nova, 
responderá sempre de acordo com a última lei vigente, seja ela 
mais benéfica ou não. Por exemplo, suponha-se que a pessoa com 
idade de 17 anos, 11 meses e 29 dias efetue disparo contra alguém, 
que morre apenas uma semana depois. Ora, o homicídio só se con-
sumou com a morte (quando o agente já estava com 18 anos), mas 
o agente não poderá ser punido criminalmente, pois, nos termos do 
art. 4º, considera-se praticado o delito no momento da ação (quan-
do o agente ainda era menor de idade).
TERRITORIALIDADE
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven-
ções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido 
no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do 
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de na-
tureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectiva-
mente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes pra-
ticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de 
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em 
porto ou mar territorial do Brasil. 
Existem várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da nor-
ma penal a fatos cometidos no Brasil:
a) Princípio da territorialidade: a lei penal só tem aplicação 
no território do Estado que a editou, pouco importando a naciona-
lidade do sujeito ativo ou passivo.
b) Princípio da territorialidade absoluta: só a lei nacional é 
aplicável a fatos cometidos em seu território.
c) Princípio da territorialidade temperada: a lei nacional 
se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, excepcio-
nalmente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim 
estabelecer algum tratado ou convenção internacional. Foi este o 
princípio adotado pelo art. 5º do Código Penal. 
Abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania: 
solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao 
longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo. Bem como consideram-
-se extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 
mencionadas nos §§ 1º e 2º do art. 5º do Código Penal. 
O alto-mar não está sujeito à soberania de qualquer Estado. 
Regem-se, porém, os navios que lá navegam pelas leis nacionais 
do pavilhão que os cobre; no tocante aos atos civis e criminais 
a bordo praticados. No tocante ao espaço aéreo, sobre a camada 
atmosférica da imensidão do alto-mar e dos territórios terrestres 
não sujeitos a qualquer soberania, também não existe o império 
da ordem jurídica de Estado algum, salvo a do pavilhão da aero-
nave, para os atos nela verificados, quando cruzam esse espaço tão 
amplo. Assim, cometido um crime a bordo de um navio pátrio em 
alto-mar, ou de uma aeronave brasileira no espaço livre, vigoram 
as regras sobre a territorialidade: os delitos assim cometidos se 
consideram como praticados em território nacional.
Cabe ressaltar ainda o princípio da passagem inocente, onde 
se um fato cometido a bordo de navio ou avião estrangeiro de pro-
priedade privada, que esteja apenas de passagem pelo território 
brasileiro, não será aplicada a nossa lei, se o crime não afetar em 
nada nossos interesses. 
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
LUGAR DO CRIME 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde 
se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Para os crimes de espaço máximo ou a distancia (crimes exe-
cutados em um país e consumados em outro) foi adotada a teoria 
da ubiquidade, ou seja, a competência para o julgamento do fato 
será de ambos os países.
Para os chamados “delitos plurilocais” (ação se dá em um lu-
gar e o resultado em outro dentro de um mesmo país), foi adotada a 
teoria do resultado (art. 70 do Código de Processo Penal), ou seja, 
o foro competente é o foro do local do resultado. Nas infrações 
de competência dos Juizados Especiais Criminais, a Lei 9.099/95 
seguiu a teoria da atividade, ou seja, o foro competente é o da ação.
EXTRATERRITORIALIDADE 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa públi-
ca, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituí-
da pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu ser-
viço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domicilia-
do no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a re-
primir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada, quando em território estrangei-
ro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira 
depende do concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasi-
leira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter 
aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por ou-
tro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido 
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
A extraterritorialidade é a possibilidade de aplicação da lei 
penal brasileira a fatos criminosos ocorridos no exterior.
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: O 
art. 7º do CP prevê a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos 
no estrangeiro. São os casos de extraterritorialidade da lei penal.
	O inciso I refere-se aos casos de extraterritorialidade in-
condicionada, uma vez que é obrigatória a aplicação da lei brasi-
leira ao crime cometido fora do território brasileiro.
	As hipóteses contidas no inciso I, com exceção da última 
(d), são fundadas no princípio de proteção, onde o que impera é a 
defesa do interesse nacional. Se o interesse nacional foi afetado de 
algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria. 
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: O in-
ciso II, do art. 7º, prevê três hipóteses de aplicação da lei brasileira 
a
autores de crimes cometidos no estrangeiro. São os casos de ex-
traterritorialidade condicionada, pois dependem dessas condições:
a) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou 
a reprimir. Utilizou-se o princípio da justiça ou competência uni-
versal;
b) Crimes praticados por brasileiro. Tendo o país o dever de 
obrigar o seu nacional a cumprir as leis, permite-se a aplicação 
da lei brasileira ao crime por ele cometido no estrangeiro. Trata-
-se do dispositivo da aplicação do princípio da nacionalidade ou 
personalidade ativa;
c) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam julgados. Inclui-se no Código Penal o 
princípio da representação.
A aplicação da lei brasileira, nessas três hipóteses, fica subor-
dinada a todas as condições estabelecidas pelo § 2º do art. 7º. De-
pende, portanto, das condições a seguir relacionadas:
	A Entrada do agente no território nacional;
	 Ser o fato punível também no país em que foi praticado. 
Na hipótese de o crime ter sido praticado em local onde nenhum 
país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares), é possível a 
aplicação da lei brasileira. 
	 Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei bra-
sileira autoriza a extradição
	Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por 
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável.
O art. 7º, § 3º, prevê uma última hipótese da aplicação da lei 
brasileira: A do crime cometido por estrangeiro contra brasileiro 
fora do Brasil. É ainda um dispositivo calcado na teoria de prote-
ção, além dos casos de extraterritorialidade incondicionada. Exige 
o dispositivo em estudo, porém, além das condições já menciona-
das, outras duas:
	Que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extra-
dição (pode ter sido requerida, mas não concedida);
	Que haja requisição do Ministro da Justiça.
Alguns princípios que devem ser observados para a aplicação 
da extraterritorialidade:
- Nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei bra-
sileira ao crime cometido por brasileiro fora do Brasil. Neste caso 
o único critério observado é a nacionalidade do sujeito ativo (art. 
7º, II, b, do CP).
- Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei 
brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil. O que importa é a nacionalidade da vítima, mesmo que 
o crime tenha sido praticado no exterior (art. 7º, §3º).
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Real, da defesa ou proteção: aplica-se a lei brasileira ao 
crime cometido fora do Brasil, que afeta interesse nacional (art. 7º, 
I, a, b e c, do CP).
- Justiça Universal ou princípio da universalidade: todo 
Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacio-
nalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde 
que o criminoso esteja dentro de seu território. É como se o planeta 
se constituísse em um só território para efeitos repressão criminal 
(art. 7, I, d e II, a, do CP).
- Princípio da representação: a lei penal brasileira também 
é aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações 
privadas quando realizados no estrangeiro e aí não venham a ser 
julgados.
- Princípio da preferência da competência nacional: ha-
vendo conflito entre a justiça brasileira e a estrangeira, prevalecerá 
a competência nacional.
- Princípio da limitação em razão da pena: não será con-
cedida a extradição para países onde a pena de morte e a prisão 
perpétua são previstas, a menos que deem garantias de que não 
irão aplica-las.
- Jurisdição subsidiária: verifica-se a subsidiariedade da ju-
risdição nacional nas hipóteses do inciso II e do § 3º do art. 7º do 
Código Penal. Se o autor de um crime praticado no estrangeiro for 
processado perante esse juízo, sua sentença preponderará sobre a 
do juiz brasileiro. Caso o réu seja absolvido pelo juiz territorial, 
aplicar-se-á a regra do non bis in idem (não permissão da dupla 
condenação pelo mesmo fato) para impedir o persecutio criminis 
(art. 7º, § 2º, d, do CP). No entanto no caso de condenação, se o 
condenado se subtrair à execução da pena, será julgado pelos ór-
gãos judiciários nacionais e, se for o caso, condenado de novo, so-
lução, inclusive, consagrada no art. 7º, §2º, d e e, do Código Penal.
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena im-
posta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é 
computada, quando idênticas. 
Considerando que, sendo possível a aplicação da lei brasileira 
a crimes cometidos em território de outro país, ocorrerá também a 
incidência da lei estrangeira, dispõe o código como se deve proce-
der para se evitar a dupla posição. 
Cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, 
será ela descontada na execução pela lei brasileira, quando forem 
idênticas, respondendo efetivamente o sentenciado pelo saldo a 
cumprir se a pena imposta no Brasil for mais severa. Se a pena 
cumprida no estrangeiro for superior à imposta no país, é evidente 
que esta não será executada.
No caso de penas diversas, aquela cumprida no estrangeiro 
atenuará a aplicada no Brasil, de acordo com a decisão do juiz no 
caso concreto, já que não há regras legais a respeito dos critérios 
de atenuação que devem ser obedecidos.
EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei 
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser 
homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e 
a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte 
interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradi-
ção com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, 
ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Quanto à eficácia de sentença estrangeira, o Código Penal, em 
seu art. 9°, em consonância com o art. 105, I, alínea i, da Cons-
tituição Federal, prescreve que a sentença estrangeira, quando a 
aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequ-
ências, pode ser homologada no Brasil para: I – obrigar o conde-
nado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II – sujeitá-lo a medida de segurança. 
Essa homologação compete ao Superior Tribunal de Justiça.
O fundamento da homologação da sentença estrangeira está 
no entendimento de que nenhuma sentença de caráter criminal que 
emane de autoridade jurisdicional estrangeira terá eficácia em de-
terminado Estado sem o seu consentimento, pois o direito penal é 
fundamentalmente territorial.
CONTAGEM DE PRAZO 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. 
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
A contagem do prazo penal tem relevância especial nos casos 
de duração de pena, do livramento condicional, do sursis, da deca-
dência, da prescrição, etc., institutos de direito penal.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário co-
mum. Há no caso imprecisão tecnológica; pouco importando se o 
mês tenha 30 ou 31 dias, ou se o ano é ou não bissexto. O calendá-
rio comum a que se refere o legislador tem o nome de “gregoria-
no”, em contraposição ao juliano, judeu, árabe, etc.
O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Assim, se 
uma pena começa a ser cumprida às 23h30min, os 30 minutos res-
tantes serão contados como sendo o 1º dia.
O prazo penal distingue-se do prazo processual, pois, neste, 
exclui-se o 1º dia da contagem, conforme estabelece o art. 798, 
§ 1º, do Código de Processo Penal. Assim, se o réu é intimado da 
sentença no dia 10 de abril, o prazo para recorrer começa
a fluir 
apenas no dia 11 (se for dia útil).
Os prazos penais são improrrogáveis. Desta forma, se o prazo 
termina em um sábado, domingo ou feriado, estará ele encerrado. 
Ao contrário dos prazos processuais que se prorrogam até o 1º dia 
útil subsequente.
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e 
nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, 
as frações de cruzeiro.
Também se tem entendido que, por analogia com o art. 11, 
deve ser desprezada a fração de dia multa, como se faz para o 
dia de pena privativa de liberdade. Extintos o cruzeiro antigo e 
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
o cruzado, o novo cruzeiro e o cruzeiro real, o real é a unidade 
monetária nacional, devendo ser desprezados os centavos, fração 
da nova moeda brasileira. Ex. pessoa condenada a pagar R$ 55,14 
pagará apenas R$ 55,00.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos 
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo di-
verso. 
Esse dispositivo consagra a aplicação subsidiária das normas 
gerais do direito penal à legislação especial, desde que esta não 
trate o tema de forma diferente. Ex.: o art. 14, II, do Código Penal, 
que trata do instituto da tentativa, aplica-se aos crimes previstos 
em lei especial, mas é vedado nas contravenções penais, uma vez 
que o art. 4º da Lei de Contravenções Penais declara que não é 
punível a tentativa de contravenção.
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. 
Primeiramente vamos acompanhar o que prevê o Código 
Penal acerca do tema, fazendo após breves considerações sobre 
os crimes aqui disciplinados:
TÍTULO X 
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
CAPÍTULO I 
DA MOEDA FALSA
 
 Moeda Falsa
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda me-
tálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou 
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, 
guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, mo-
eda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer 
a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e 
multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, 
o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de 
emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em 
lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular 
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
 
Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de 
moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; 
suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de res-
tituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir 
à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já reco-
lhidos para o fim de inutilização:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze 
anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha 
na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem 
fácil ingresso, em razão do cargo
 
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gra-
tuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou 
qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Emissão de título ao portador sem permissão legal
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, 
vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro 
ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem 
deva ser pago:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qual-
quer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de de-
tenção, de quinze dias a três meses, ou multa.
CAPÍTULO II 
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLI-
COS
 
Falsificação de papéis públicos
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qual-
quer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; 
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso le-
gal;
III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econô-
mica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito 
público;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento 
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução 
por que o poder público seja responsável;
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte 
administrada pela União, por Estado ou por Município:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsifica-
dos a que se refere este artigo; 
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, 
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado 
a controle tributário; 
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém 
em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: 
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle 
tributário, falsificado; 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária 
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. 
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, 
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal 
indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, 
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de 
boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se re-
ferem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou 
alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, 
ou multa.
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso 
III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, 
inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públi-
cos e em residências. 
 
 Petrechos de falsificação
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar ob-
jeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis 
referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
 
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
CAPÍTULO III 
DA FALSIDADE DOCUMENTAL
 
Falsificação do selo ou sinal público
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, 
de Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, 
ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em 
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, lo-
gotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identifi-
cadores
de órgãos ou entidades da Administração Pública. 
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
 
Falsificação de documento público
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, 
ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento públi-
co o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou trans-
missível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros 
mercantis e o testamento particular.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
I – na folha de pagamento ou em documento de informações 
que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pes-
soa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; 
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do emprega-
do ou em documento que deva produzir efeito perante a previdên-
cia social, declaração 
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento 
relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência 
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos 
mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a 
remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação 
de serviços. 
 
Falsificação de documento particular (Redação dada pela 
Lei nº 12.737, de 2012) 
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particu-
lar ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a 
documento particular o cartão de crédito ou débito.
Falsidade ideológica
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, de-
claração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir 
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de 
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato 
juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento 
é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento 
é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete 
o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração 
é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta 
parte.
 
Falso reconhecimento de firma ou letra
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de fun-
ção pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é 
público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
 
Certidão ou atestado ideologicamente falso
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função 
pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo 
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-
quer outra vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Falsidade material de atestado ou certidão
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou 
alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de 
fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, 
isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra 
vantagem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, 
além da pena privativa de liberdade, a de multa.
 
Falsidade de atestado médico
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, ates-
tado falso:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, 
aplica-se também multa.
 
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que 
tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração 
está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de 
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
 
Uso de documento falso
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou 
alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
 
Supressão de documento
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio 
ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou parti-
cular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento 
é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento 
é particular.
CAPÍTULO IV 
DE OUTRAS FALSIDADES
 
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal pre-
cioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou 
sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso 
ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natu-
reza, falsificado por outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa 
a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para 
autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cum-
primento de formalidade legal:
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
 
 Falsa identidade
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade 
para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar 
dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato 
não constitui elemento de crime mais grave.
 
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, ca-
derneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia 
ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natu-
reza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o 
fato não constitui elemento de crime mais grave.
 
Fraude de lei sobre estrangeiro
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no 
território nacional, nome que não é o seu:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para 
promover-lhe a entrada em território nacional: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor 
de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em 
que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor 
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qual-
quer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente 
ou equipamento:)
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pú-
blica ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. 
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que 
contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado 
ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação 
oficial. 
CAPÍTULO V 
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO 
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Fraudes em certames de interesse público 
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim 
de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade 
do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 
2011)
I - concurso público; (Incluído pela Lei
12.550. de 2011)
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. 
de 2011)
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; 
ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído 
pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Inclu-
ído pela Lei 12.550. de 2011)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por 
qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
ções mencionadas no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pú-
blica: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluí-
do pela Lei 12.550. de 2011)
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido 
por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Fé Pública: É o sentimento coletivo de crença na autenticida-
de de determinadas informações. 
Elementos da falsificação em geral:
- Alteração da verdade sobre um fato relevante com verossi-
milhança 
- Potencialidade de dano 
- Dolo
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
MOEDA FALSA
Núcleo do tipo: 
- Falsificar: ou seja, aquele que reproduz de forma fraudu-
lenta moeda verdadeira de forma que cause engano. Neste crime o 
objeto a ser tutelado é a moeda metálica ou o papel-moeda que tem 
curso legal no país ou até mesmo no estrangeiro. 
- Fabricar: Aquele que também reproduz moeda ou papel-
-moeda verdadeiro também responderá pelo crime em tela. 
- Alterar: Se a moeda ou papel-moeda já existiam integral-
mente, mas são realizadas alterações aptas a iludir qualquer pes-
soas, sendo que estas alterações poderão apresentar valor superior, 
alteração de letras, números indicativos no valor da nota. Se o 
agente apenas apagar emblemas ou sinais impressos em papel-mo-
eda, disso não resultando aparentemente qualquer valor superior, 
não ocorrerá este delito.
Objeto material: 
- Moeda metálica
- Papel moeda
Obs.: no Brasil ou no exterior.
Obs.2: Falsificação de selo: lei 6538/78
Não há necessidade de a moeda ser colocada em circula-
ção. 
Não há insignificância no crime de moeda falsa.
 
A falsificação grosseira afasta a relevância penal. No entanto, 
prevalece que o critério a ser usado é o do cidadão com pouca cul-
tura (se é suficiente para enganá-lo já tem lesividade).
É crime de competência da Justiça Federal, salvo a utilização 
de papel moeda grosseiramente falsificada que só pode configurar 
estelionato, por isso será de competência da Justiça Estadual. 
Súmula 73/STJ - A utilização de papel moeda grosseiramente 
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da compe-
tência da Justiça Estadual. 
Dolo: é crime doloso, sendo desnecessária especial finalidade.
Consumação – se consuma com a falsificação, independente-
mente da circulação. 
Tentativa – é possível. 
A falsificação de várias cédulas num mesmo contexto é cri-
me único. Se diversos os contextos, pode configurar concurso de 
crimes. 
A alteração da moeda com aposição de fragmento de uma mo-
eda sobre a outra, configura o art. 289, CP, pois a cédula original já 
existe. No art. 290 não há cédula original, ela é montada.
Controverso se o crime de moeda falsa absorve o estelionato, 
prevalece na doutrina que não absorve pela diversidade de mo-
mentos consumativos.
Falsificação de “traveller check” não configura o art. 289, por 
falta de tipicidade formal, mas pode configurar falsidade material 
(art. 297). 
Falsificação de moeda fora de circulação - se a moeda não está 
mais em circulação não configura o crime (não está em curso), mas 
pode configurar estelionato.
É contravenção penal recusar-se a receber moeda em curso 
legal no país ou usar como propaganda impresso ou objeto que 
pessoa rústica possa confundir com moeda. 
Incide extraterritorialidade por ser crime contra a fé pública 
da União.
Parágrafo primeiro:
- Crime doloso 
- É absorvido pelo caput se o sujeito for a mesma pessoa.
- Há crime ainda que seja pagamento de ilícito. 
 
Parágrafo segundo:
- Quem recebe de boa-fé e restitui à circulação, sabendo da 
falsidade.
- Ensina Hungria que se o sujeito rouba ou furta as notas como 
verdadeiras, não há boa-fé, por isso, responde pelo parágrafo pri-
meiro.
Parágrafo terceiro: 
- Título – é teor de liga metálica 
- O inciso II só fala em papel moeda, portanto, se a quantidade 
superior for de moedas não configura o crime.
CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA
De acordo com Fernando Capez, este é um crime que pode-
mos chamar de AÇÃO MÚLTIPLA, pois as condutas que o carac-
teriza são as seguintes:
- Formar: cédula, nota ou bilhete representativo de moeda 
com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros: nessa 
modalidade o agente reúne os fragmentos, ou seja, pedaços de pa-
pel -moeda verdadeiro, que se tornaram imprestáveis e cria uma 
nova cédula com aparência de verdadeira. 
- Suprimir: Em nota, cédula ou bilhete recolhidos para o fim 
de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização: 
nessa modalidade o papel - moeda não mais de encontra em circu-
lação, havendo nele indicação ( por exemplo: carimbo) de que está 
inutilizado, mas o agente utiliza o expediente fraudulento consis-
tente em retirar esse sinal, com o fim de colocar a nota novamente 
em circulação.
- Restituir: recolocar em circulação nota ou bilhetes em tais 
condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização, ou seja, o 
agente coloca em circulação papel moeda recolhida para fins de 
inutilização, aqui a cédula não mais se encontra em circulação, 
nem há nela qualquer sinal indicativo de inutilização.
PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA
Aqui neste caso é punido apenas o mero ato preparatório para 
a falsificação de moeda, prevê como conduta criminosa os atos de? 
adquirir, possuir, guardar o maquinário que serviria a este escopo. 
Trata-se de crime eminentemente subsidiário, pois a efetiva falsi-
ficação da moeda acarreta a absorção do delito em tela. Também 
é um crime de ação múltipla, ou seja, as condutas puníveis são: 
fabricar, adquirir, fornecer e possuir aparelho ou instrumento des-
tinado à falsificação de moeda.
EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMIS-
SÃO LEGAL
O crime é caracterizado quando colocado em circulação nota, 
bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento 
em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pes-
soa a quem deva ser pago (objeto material).
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚ-
BLICOS
Tomando-se como base o pensamento de Fernando Capez, po-
demos definir o Art. 293 do Código Penal como sendo o título que 
tem por objetivo punir a falsificação de papéis públicos por meio 
de alteração ou fabricação do título. Este crime configura-se como 
sendo uma ofensa à fé pública e às entidades públicas como um 
todo. É passível de punição penal por meio de reclusão e comporta 
causa de aumento de pena. Há que se falar também na figura da 
suspensão condicional do processo em condutas de pouco poder 
lesivo (de acordo com as Leis dos Juizados Especiais Criminais).
PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO
Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Se for funcionário público 
que se prevalece do cargo público, há o aumento de pena, nos ter-
mos do art. 295.
Sujeito Passivo: O Estado.
Tipo Objetivo: As condutas são as de fabricar (produzir, 
construir, manufaturar, criar, montar) adquirir (obter de qual-
quer forma), fornecer (entregar, doar, vender, proporcionar), pos-
suir (ter a propriedade ou posse material) e guardar (ter consigo, a 
sua disposição, conservar) o petrecho para falsificação dos papéis 
referidos no art. 293.
Quanto ao objeto material,
a lei inova e refere-se somente ao 
objeto, termo abrangente e que engloba, ao contrário do art. 291, 
as máquinas, matrizes, carimbos, modelos, etc.
Tipo Subjetivo: É o dolo, a vontade de praticar uma das con-
dutas típicas, estando ciente o agente que se trata de objeto destina-
do à falsificação dos papéis públicos referidos no art. 293.
Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a prática 
da ação, independentemente de qualquer outro resultado. A posse e 
a guarda é crime permanente, permitindo a prisão em flagrante do 
agente enquanto o conserva a sua disposição. É possível a tentativa 
em algumas das condutas típicas (fabricar, adquirir, fornecer).
Classificação: crime comum (aquele que pode ser cometido 
por qualquer pessoa); formal (crime que não exige, para a sua con-
sumação, a ocorrência de resultado naturalístico, consistente na 
efetiva perturbação da paz pública, com a prática de crimes); de 
forma livre (o delito pode ser cometido por qualquer meio eleito 
pelo agente); comissivo (o verbo implica em ação), e, excepcio-
nalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando 
o agente tem o dever jurídico de evitar o resultado, nos termos 
do art. 13, § 2º, do CP). É delito instantâneo (cuja consumação 
não se prolonga no tempo, dando-se em momento determinado); 
de perigo comum (delito que expõe um número indeterminado de 
pessoas a perigo); unissubjetivo (aquele que pode ser cometido 
por um único sujeito); unissubsistente (praticado em um único ato) 
ou plurissubsistente (delito cuja ação é composta por vários atos, 
permitindo-se o seu fracionamento), conforme o caso concreto. 
Admite a tentativa na forma plurissubsistente ou quando for co-
metido de forma escrita.
FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: O Estado, titular da fé pública lesada com a 
falsificação.
Tipo Objetivo: A conduta típica é a de falsificar, por meio de 
fabricação ou alteração. O primeiro objeto material é o selo des-
tinado a autenticar atos oficiais da União, Estado ou Município, 
que é o sinete com armas ou emblemas dessas pessoas jurídicas de 
Direito Público destinado a autenticar atos que lhe são próprios.
É também prevista a falsificação do selo ou sinal atribuído por 
lei a entidade de direito público, ou a autoridade ou sinal de tabe-
lião, que é uma espécie de distintivo da individualidade funcional.
Como em qualquer crime de falso, é necessário que a imitação 
possa induzir em erro determinado número de pessoas.
Tipo Subjetivo: É o dolo, a vontade de falsificar, fabricando 
ou alterando o selo ou sinal, ciente o agente que ele é destinado à 
autenticação de documento oficial.
Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a forma-
ção ou alteração do selo ou sinal, independentemente de qualquer 
resultado lesivo.
É possível a tentativa quando iniciada a execução do fabrico 
ou alteração.
Competência: Quando se trata de crime praticado em detri-
mento dos serviços da União, a competência para processar e jul-
gar é da Justiça Federal.
Uso de selo ou sinal falsificado: Nas mesmas penas da falsi-
ficação, incorre quem faz uso, ou seja, utiliza, aproveita o selo ou 
sinal falsificado. Mais uma vez, não estão presentes as condutas de 
guardar, ter posse ou detenção e ter em depósito.
A consumação ocorre com a conduta, independentemente de 
resultado danoso concreto.
Mirabete: Há dúvidas quanto a possibilidade de tentativa. Da-
másio anota que é impossível a tentativa, uma vez que o primeiro 
ato de uso já consuma o crime.
Damásio: o CP não pune o fato de qualquer uso, uma vez que 
o verbo deve ser interpretado à luz dos dois incisos do caput. Cui-
da-se do uso que se refere à destinação regular e normal do selo ou 
sinal de natureza pública, isto é, o emprego do objeto material para 
autenticar documentos oficiais.
Uso indevido de selo ou sinal verdadeiro: Também é incri-
minada a conduta de quem utiliza indevidamente o selo ou sinal 
verdadeiro. O objeto material do delito, portanto, não é mais o selo 
ou sinal falsificado, mas o legítimo. Para a caracterização do crime 
é necessário que o uso seja indevido e que haja prejuízo (material 
ou moral) para outrem ou proveito próprio ou alheio. Não é ne-
cessário que este prejuízo ou proveito se efetive, bastando que a 
conduta do agente seja dirigida para este fim, ou com o intuito de 
produzir o prejuízo ou o proveito. O dolo é a vontade de utilizar 
o selo ou sinal verdadeiro, estando o agente ciente de que o faz 
indevidamente. A consumação ocorre com o uso, desde que cause 
prejuízo a outrem, em proveito próprio ou alheio.
Crime praticado por funcionário: Aumenta-se a pena, em 
um sexto (§2º). Não basta que o autor seja funcionário público. 
Exige-se que tenha realizado o delito prevalecendo-se do cargo por 
ocasião ou facilidade.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO
Objetividade jurídica: A fé pública, a confiança que as pes-
soas têm de ter no documento público. O crime atinge a coletivi-
dade (crime vago).
Sujeito ativo: Sujeito ativo é qualquer pessoa. Tratando-se de 
funcionário público, incide a causa de aumento, prevista no § 1.º 
do art. 297, desde que o funcionário prevaleça-se do cargo e, com 
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
isso, obtenha alguma vantagem ou facilidade para falsificar docu-
mento público. Exemplos: utilizar o crachá para ingressar no de-
partamento; acessar dados no computador com senha pessoal etc.
Sujeito passivo: O Estado, a coletividade. Pode haver tam-
bém vítima secundária, a pessoa lesada pela falsificação.
Elementos objetivos do tipo: São elementos objetivos do 
tipo:
•	 Falsificar: criar materialmente um documento inexisten-
te – fazer ou contrafazer o documento. A falsificação pode ser no 
todo ou em parte. Contrafazer é utilizar uma cópia do modelo ver-
dadeiro para falsificá-lo.
•	 Alterar: modificar algo que já existe. O documento ver-
dadeiro existe e é adulterado.
Requisitos da falsificação: São os seguintes os requisitos da 
falsificação:
•	 Que seja idônea, apta a iludir, capaz de enganar qualquer 
pessoa, considerando-se o padrão médio da sociedade. Segundo a 
jurisprudência, a falsificação grosseira não constitui crime, pois 
não é capaz de enganar as pessoas em geral. Se uma pessoa é enga-
nada com falsificação grosseira, pode configurar o estelionato (que 
considera a vítima em si, não o padrão médio).
•	 Que tenha capacidade de causar prejuízo a alguém. A fal-
sificação inócua não é crime.
Requisitos do documento público:
•	 deve ser elaborado por funcionário público;
•	 no exercício da função, o funcionário deve ter atribuição 
para elaborar documentos;
•	 deve obedecer às formalidades legais.
Consumação: O crime consuma-se quando existe a falsifi-
cação ou alteração. É crime de natureza formal; basta o resultado 
jurídico, não precisa do resultado naturalístico.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR
O tipo é igual ao da falsificação de documento público. A dife-
rença é que o documento em questão não é público e sim particular. 
Documento particular, por exclusão, é aquele que não é público.
Ex. Um cheque, devolvido pelo banco por insuficiência de 
fundos, é tomado por alguém para falsificação. É documento pú-
blico ou particular que a pessoa está falsificando?
O cheque devolvido não pode ser transmitido por endosso; 
logo, não é mais considerado documento público por equiparação. 
Então, configura documento particular.
FALSIDADE IDEOLÓGICA
A falsidade ideológica é voltada para a declaração que com-
põe o documento, para o conteúdo do que se quer falsificar.
Por exemplo, quando alguém falsifica um documento público, 
ainda que seu conteúdo seja verdadeiro, o documento é falso. A 
falsificação material torna todo o documento falso.
Não tem sentido discutir a falsidade ideológica quando todo o 
documento
é falso. A falsidade ideológica existirá quando o docu-
mento for verdadeiro e somente o conteúdo for falso.
Quem falsifica assinatura, falsifica documento – falsidade ma-
terial, pouco importando o conteúdo. Exemplo: alguém pega um 
talonário de cheques não assinados pelo correntista e faz uso deles 
com outra assinatura; uma vez que cheque só existe a partir da 
sua emissão, a partir da assinatura, a falsificação tipifica falsidade 
material e não ideológica.
Diferente se alguém pegar uma folha de cheque, assinada pelo 
correntista, e falsificar a quantia; aí é falsidade ideológica.
Objetividade Jurídica: A fé pública, a confiança na declara-
ção do conteúdo do documento.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Se funcionário público, in-
cide o aumento de 1/6 na pena– parágrafo único do artigo 299 do 
Código Penal.
Sujeito Passivo: O sujeito passivo é o Estado. Pode existir 
sujeito passivo secundário, ou seja, a pessoa lesada pela falsidade.
Elementos Objetivos do Tipo
•	 Omitir declaração que deveria constar: conduta omis-
siva própria, ligada ao dever de agir. Deve haver uma norma que 
obrigue a pessoa a fazer a declaração.
•	 Fazer inserir declaração falsa ou diversa da que deveria 
constar: é fazer com que terceiro insira. Trata-se de falsidade ideo-
lógica indireta, ou seja, o agente atua indiretamente e quem efetiva 
a falsidade é outra pessoa.
•	 Inserir declaração falsa ou diversa da que deveria cons-
tar: falsidade ideológica direta.
OBSERVAÇÕES:
Declaração falsa é aquela que não condiz com a realidade. 
Exemplo: custou 500 mil e a pessoa faz constar 5 mil.
Declaração diversa da que deveria constar, não precisa ser 
necessariamente falsa. Exemplo: declaração de bens; a pessoa co-
loca outro documento no lugar da declaração de bens. A declara-
ção não é falsa (o documento é verdadeiro), mas é diferente da que 
deveria constar.
A falsidade ideológica deve ser idônea, capaz de enganar e de 
causar prejuízo relevante juridicamente.
FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA
No artigo 300, o legislador penal dispôs: “Reconhecer como 
verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que não 
o seja”. A pena é aumentada se trata de documento público. 
“Falso reconhecimento de firma ou letra” é o “nomen juris” 
do crime. Define-se aqui um delito especial, pois pressupõe-se no 
agente uma qualidade particular: a de reconhecer firma ou letra. 
Têm-na o tabelião e outros que exercem função tabelioa, como os 
agentes consulares. 
Só eles podem incidir na sanção do artigo em exame. O que 
não, exercer tal função não escapará, todavia, a repressão penal, 
visto que praticará crime de falso, definido nos arts. 297 e 298 ou 
outro delito, tal seja a configuração da espécie.
Convém conhecer, entretanto, o alcance da disposição, pois 
não é qualquer reconhecimento que não corresponda a realidade 
que corporificará o crime. Neste passo, a lei penal não pode olvi-
dar o direito privado, a fim de que não haja desarmonia entre eles, 
evitando-se conclusões antinomias.
CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO
Dois verbos são empregados no caput: Atestar (que é afirmar 
oficialmente) ou certificar (ou seja, afirmar a certeza). Trata-se de 
falsidade ideológica.
As condutas devem ser realizadas em razão de função pública. 
Logo, tem-se uma modalidade de crime próprio, que somente pode 
ser cometido por funcionário público.
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Cabe destacar que para caracterizar o crime não é qualquer 
tipo de falsidade. Deve ser a falsidade que recaia sobre fato ou cir-
cunstância que habilite alguém a obter cargo público (por exemplo, 
certidão de antecedentes), isenção de ônus ou de serviço de caráter 
público ou qualquer outra vantagem, desde que de natureza pública.
Quanto à consumação, há duas posições: com a entrega do do-
cumento a seu destinatário (primeira posição) ou com a confecção 
do documento. De qualquer forma, entende-se que o crime é formal.
A pena é de detenção de 2 meses a 1 ano. Trata-se de infração 
penal de menor potencial ofensivo. 
O art. 301 tem um parágrafo primeiro, cuja falsidade é ma-
terial. O crime agora é comum. Pode ser cometido por qualquer 
pessoa e não mais por funcionário público. 
Neste caso, a reprimenda é mais grave, mas continua o crime 
de competência do JECRIM. A pena é de detenção de 3 meses a 
2 anos.
Se houver a especial finalidade de lucro, além da pena privati-
va de liberdade, haverá também multa (parágrafo 2º).
FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO
Outra modalidade de falsidade exclusivamente ideológica. 
Estabelece o dispositivo: dar o médico, no exercício da sua profis-
são, atestado falso. Evidente que a falsidade deve recair sobre fato 
juridicamente relevante. Eventual equívoco do médico conduz à 
atipicidade da conduta, em vista da exigência do dolo.
A forma do documento é perfeita, mas o documento contém 
uma ideia falsa. O que foi atestado pelo médico não é verdadeiro. 
O crime é próprio. Somente pode ser cometido por médico. O 
sujeito passivo é o Estado. O crime é formal. Consuma-se com a 
entrega do atestado. A tentativa é possível. 
A pena do art. 302 é de detenção de 1 mês a 1 ano. Se houver 
finalidade de lucro, estabelece o parágrafo único que se aplica tam-
bém a pena de multa.
USO DE DOCUMENTO FALSO
É crime remetido; significa que tem como elemento do tipo a 
menção expressa a outro tipo penal.
Objetividade Jurídica: A fé pública.
Sujeito Ativo: Sujeito ativo é qualquer pessoa, menos o autor 
da falsificação.
Elementos Objetivos do Tipo: A conduta é fazer uso. Con-
siste em utilizar documento falso como se fosse verdadeiro. Exem-
plo: nota fiscal falsificada, utilizada para provar compra e venda.
O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar que possui o 
documento.
Elemento Subjetivo do Tipo: É o dolo (direto ou eventual, 
em caso de dúvida). Não se exige elemento especial. Se houver 
erro, exclui-se o dolo.
Consumação e Tentativa: O crime está consumado com o 
uso efetivo para a finalidade do documento.
A tentativa não é admitida, pois o crime é unissubsistente (ato 
único).
Falsa identidade
Ocorre falsa identidade, tipo de fraude criminosa, quando o 
autor se atribui ou atribui a um terceiro uma falsa identidade, ou 
seja, qualquer dos elementos que configuram a identidade da pes-
soa, tais como o nome, idade, estado civil, profissão, sexo, filiação, 
condição social, etc. com o fim de obter para si ou para outro algu-
ma vantagem, ou ainda para prejudicar a terceiro.
A falsa identidade não deve ser confundida com a falsifica-
ção e uso de documento de identidade, pois na falsa identidade 
não há uso de documento falso ou verdadeiro, atribui-se à pessoa 
uma característica falsa, como, por exemplo, ser filho de um artista 
famoso, sem a apresentação de qualquer documento, ou seja, o 
agente convence a pessoa por meio de palavras ou circunstâncias 
que a induzem em erro.
DOS CRIMES CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Vamos acompanhar primeiramente o que prevê o Código 
Penal acerca do tema, fazendo após breves considerações sobre 
os crimes aqui disciplinados:
TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES PRATICADOS 
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
 
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va-
lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que 
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio 
ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, em-
bora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou 
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, 
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de fun-
cionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se
o funcionário concorre culposamente para o crime 
de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se 
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é 
posterior, reduz de metade a pena imposta.
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, 
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
 
Inserção de dados falsos em sistema de informações 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a 
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados 
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Ad-
ministração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si 
ou para outrem ou para causar dano: )
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de in-
formações 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de in-
formações ou programa de informática sem autorização ou solici-
tação de autoridade competente: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a 
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi-
nistração Pública ou para o administrado. 
 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de 
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, 
total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui 
crime mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa 
da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
 
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta-
mente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que 
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na 
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou-
trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú-
blicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
 
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta 
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, 
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal 
vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da 
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar 
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato 
de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou 
influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
 
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática 
de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato 
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para sa-
tisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente pú-
blico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho 
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com 
outros presos ou com o ambiente externo: 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
 
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de respon-
sabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo 
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimen-
to da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
 
Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
vado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
 
Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pre-
texto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor-
respondente à violência.
 
Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos 
em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de 
fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa-
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori-
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, 
substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
 
Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo 
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato 
não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e 
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas 
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da 
Administração Pública; 
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pú-
blica ou a outrem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pú-
blica, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
 
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos 
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exer-
ce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, 
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para 
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a 
execução de atividade típica da Administração Pública. 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores 
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em 
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pú-
blica ou fundação instituída pelo poder público. 
CAPÍTULO II 
DOS CRIMES PRATICADOS POR 
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
 
Usurpação de função pública
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
 
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência 
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem 
lhe esteja prestando
auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das 
correspondentes à violência.
 
Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
 
Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da fun-
ção ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Tráfico de Influência
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para 
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir 
em ato praticado por funcionário público no exercício da função: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente 
alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcio-
nário. 
 
Corrupção ativa
 Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato 
de ofício:
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em 
razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato 
de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
 
Contrabando ou descaminho
Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, 
no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido 
pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 1º - Incorre na mesma pena quem: 
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos 
em lei; 
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou 
descaminho; 
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual-
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência 
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou 
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandes-
tina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte 
de outrem; 
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, 
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de 
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, 
ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. 
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos 
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino 
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando 
ou descaminho é praticado em transporte aéreo. 
 
 Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública 
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, 
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro-
curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave 
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da 
pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de 
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
 
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou cons-
purcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou 
inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por 
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer 
objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Subtração ou inutilização de livro ou documento
 Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro 
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, 
em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui 
crime mais grave.
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Sonegação de contribuição previdenciária
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previden-
ciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento 
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados 
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autôno-
mo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; 
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da con-
tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as 
devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; 
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferi-
dos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores 
de contribuições sociais previdenciárias: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, 
declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e 
presta as informações devidas à previdência social, na forma defi-
nida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, 
desde que: 
I – (VETADO) 
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, 
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, 
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de 
suas execuções fiscais. 
 § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha 
de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, qui-
nhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a 
metade ou aplicar apenas a de multa. 
 § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será 
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos 
benefícios da previdência social. 
CAPÍTULO II-A
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
 
Corrupção ativa em transação comercial internacional
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, 
vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira 
pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofí-
cio relacionado à transação comercial internacional: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em 
razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro 
retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever 
funcional. 
 
Tráfico de influência em transação comercial internacio-
nal 
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para 
outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vanta-
gem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público 
estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação 
comercial internacional: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente 
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário 
estrangeiro. 
Funcionário público estrangeiro 
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, 
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entida-
des estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. 
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangei-
ro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas contro-
ladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país 
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. 
CAPÍTULO III 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
 
Reingresso de estrangeiro

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