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1 Amebíase Complexo Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar Silvane Santos UEFS - DCBio � Segunda principal causa de morte por infecção provocada por protozoário → 100.000 mortes/ano � Protozoose de amplo espectro clínico � Causada por amebas pertencentes a um complexo: complexo Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar � Somente 10% dos indivíduos contaminados desenvolvem sintomas greves → infecção causada pela Entamoeba histolytica � 90% dos portadores possuem o protozoário, são assintomáticos ou desenvolvem uma discreta colite → infecção pela E.dispar �������� 2 �������� Entamoeba histolytica: � Agente etiológico descrito por Schaudim, 1903 � Considerada uma ameba muito agressiva (forma patogênica) � Responsável pela maioria das infecções sintomáticas (colites amebianas disentéricas e amebíase extra-intestinal) Estudos recentes, baseados em evidências bioquímicas, imunológicas, genéticas e diferenças de formas clínicas, passou a considerar esta ameba como parte de um complexo: E. histolytica/E. dispar. �������� Entamoeba dispar: � Descrita por Brumpt, 1925 � Confirmada pela OMS, 1997 � Considerada uma ameba menos agressiva (não patogênica) � Responsável pela maioria das infecções assintomáticas (colites não disentéricas) em indivíduos contaminados Ausência de métodos específicos para diagnóstico diferencial entre estas espécies! 3 � ��� � �� ���������� ������������� � Reino: Protozoa � Filo: Sarcomastigophora � Sub-filo: Sarcodina � Superclasse: Rhizopoda � Classe: Lobozia � Ordem: Aemoebida � Família: Entamoebidae � Gêneros: Entamoeba, Endolimax, Iodameba e Dientamoeba ���� � �������� �� ���������� �� ����� �� ���� Principais gêneros com importância médica: � Entamoeba: Entamoebas com até 04 núcleos: E. histolytica (forma magna das amebas), E. dispar (forma minuta), E. hartmanni, E. moshkovskii (ameba de vida livre) Com até 08 núcleos: E. coli (espécie muito comum, comensal) Não possuem núcleo: E. gingivalis � Endolimax: E. nana (menor das amebas, comensal) � Iodoameba: I. butschlii (amebas de primatas e porcos, comensal) � Dientamoeba: D. fragilis 4 ����� ������ �� ���������� �� �� ��������������������� ��� ����� ��������� Trofozoítos: 1,2 – Entamoeba histolytica 3,4 – Entamoeba hartmanni 5 – Entamoeba coli 6,7 – Endolimax nana 8 – Iodamoeba butschlii Cistos: 9,10 – Entamoeba histolytica 11 – Entamoeba hartmanni 12 – Entamoeba coli 13 – Endolimax nana 14 – Iodamoeba butschlii ����������� ��������� �� �������������� As amebas diferem entre si pelo: � Tamanho do trofozoíto (estágio vegetativo) � Tamanho do cisto (forma de resistência) � Estrutura e número de núcleos � Número e forma das inclusões citoplasmáticas (vacúolos e corpos cromatóides) Localização (habitat): Trofozoítos: intestino (delgado e grosso), úlceras intestinais, fezes diarreicas Cistos (maduros e imaturos): intestino grosso, fezes normais 5 ������������ ������������ ��������� � ��� �� �� ����������� �� Trofozoíto da E. histolytica (fagocitando bactérias) Cisto da E. histolytica Cisto da E. coli 6 ����������� ������������� ������ �� �������� ������� � Cistos: imóveis, não se alimentam. Estágio infectante � Trofozoítos: móveis (emitem pseudópodes), reproduzem-se por divisão binária, alimentam-se por fagocitose e pinocitose. Estágio comensal ou invasivo � Metacistos: Forma multinucleada, emergem do cisto no intestino delgado e dão origem ao trofozoíto � Pré-cistos: Estágio intermediário entre o trofozoíto e o cisto ���������������� ���� Ingestão de cistos maduros da Entamoeba histolytica/E. dispar presentes na água e/ou alimentos contaminados com fezes de indivíduos infectados � água contaminada com fezes humanas � alimentos (frutas e verduras cruas) contaminadas � cistos regurgitados ou veiculados nas patas de baratas e moscas � falta de higiene pessoal e domiciliar � água de piscinas mal cuidadas � Disseminação via portadores assintomáticos ou portadores sãos - “ doença da mão suja” 7 � � ��� � �� ������������� ��������� � ��� �� �� � � ��� � �� �� Ciclo patogênico 8 ���������� � �� ������������� Habitat: � Trofozoítas não invasivos (comensais): Alimentam-se de bactérias e vivem na luz do intestino grosso � Trofozoítas invasivos (patogênicos): Alimentam-se de células e restos celulares (podem ser visualizadas hemácias no interior do citoplasma). Habitam a mucosa intestinal, fígado, pulmão, rim e raramente, cérebro � � �������!� ��������������!� �� � Não patogênico (intestinal) Colonização dos trofozoítos da E. dispar na parede da mucosa do intestino grosso (comensais) Ingestão de cistos maduros→ desencistamento no intestino → colonização dos trofozoítos → desidratação (pré-cistos) → cistos eliminados nas fezes � Patogênico (extra-intestinal) Colonização dos trofozoítos da E. histolytica em úlceras ou abscessos intestinais Rompimento do equilíbrio parasito-hospedeiro → invasão da mucosa intestinal (úlceras) → circulação porta → fígado, pulmão, rim, cérebro, etc. 9 "��� #� $��������������� � ��� �� �� Localização primária: intestino grosso Secundárias: períneo, baço, cérebro, pulmão, fígado e úlceras cutâneas ��������������!� ��� � Amebas com diferentes graus de patogenicidade/virulência (Espécies morfologicamente idênticas mas com comportamento patogênico distinto) Entamoeba dispar: não patogênica e mais frequente E. histolytica: patogênica e invasiva (causa sintomas em indivíduos cuja resposta imune não é satisfatória) � Fatores que influenciam o desenvolvimento da doença: Variabilidade na virulência da cêpa, interação com a flora bacteriana local, interação com produtos elaborados pelas bactérias, dieta do paciente, resposta imune, etc. 10 %����� ���� ����������������� ��� �� �� Resultado da quebra do equilíbrio parasito-hospedeiro: � Fatores ligados ao hospedeiro: resposta imune, sexo, idade, estado nutricional, localização geográfica � Fatores ligados ao parasito: cepa ou linhagem, eritrofagocitose, adesão entre a ameba-célula epitelial mediada por lectinas, liberação de enzimas proteolíticas (destruição tecidual) � Fatores ligados ao meio: associação com bactérias anaeróbicas (potencializam a virulência da cepa), passagens sucessivas em diversos hospedeiros e re-infecções sucessivas &�� ����� $���� �� ��� Amebíase assintomática (90% dos casos – E. dispar) sintomática (10% dos casos – E. histolytica) Amebíase intestinal (5%) Amebíase extra-intestinal (5%) Colite não disentérica Colite disentérica Abscessos amebianos: hepático, pulmonar, cerebral, esplênico, cutâneo, etc. 11 ��� � ������������� ��' � ������ Amebíase intestinal Trofozoítos aderidos às células da mucosa intestinal → formação de úlceras amebianas típicas: “botão de camisa ou colo de garrafa” � Colite não disentérica: 2 a 4 evacuações/dia com fezes moles e pastosas (alternância diarreia/constipação, flatulência, cólicas em baixo ventre, perda de peso e anorexia) � Colite disentérica: 8 a 10 evacuações por dia (dor abdominal, hipotensão, desidratação, cólicas intensas, diarreia com fezes líquidas e muco- sanguinolentas) � Amebomas (massa dolorosa em ceco e cólon ascendente) ��� � ������������� ��' � ������ Amebíase extra-intestinal Penetração e destruição dos tecidos → formação de abscessos (necrose coliquativa amebiana) � Abscesso hepático: Forma mais comum Ocorre invasão hepática por trofozoítas através do sistema porta Observa-se dor abdominal, palidez, febre e toxemia. � Complicações: Perfuração intestinal, colite disentérica, peritonite, hemorragias, apendicite, estenose, amebomas, etc12 Resposta imune � Resposta humoral e celular mais elevada nos pacientes com lesões intestinais e hepáticas quando comparados com portadores assintomáticos � Imunosuprimidos: forma grave com lesões extensas nos órgãos atingidos → morte! %��� �� � � Exame freqüente dos manipuladores de alimentos � Identificação dos portadores assintomáticos � Campanhas de educação sanitária � Combate às moscas � Medidas domésticas: proteger, lavar e tratar bem os alimentos! Educação sanitária e saneamento básico 13 �� ��� � �� � � Endêmica, não causando epidemias � Maior prevalência em regiões tropicais e sub-tropicais � Mais freqüente entre adultos � Dietas ricas em carbohidratos e hipoproteícas – maior prevalência e gravidade � Bactérias da flora normal podem favorecer a patogenicidade � Algumas profissões são mais atingidas � Viabilidade dos cistos: 20 dias Do ponto de vista epidemiológico e de controle da doença, os portadores assintomáticos são considerados os grandes transmissores da doença! (eliminam continuadamente cistos nas fezes) Do ponto de vista epidemiológico e de controle da doença, os portadores assintomáticos são considerados os grandes transmissores da doença! (eliminam continuadamente cistos nas fezes) (��������� Deve ser associado a hidratação e dieta rica em proteínas e vitaminas, pobre em fibras e carbohidratos Locais de atuação dos medicamentos: Luz intestinal (ação sobre os trofozoítos) – Diiodohidroxiquinoleina, iodocloro-hidroxiquinoleína e cloroidroxiquinoleina e antibióticos (paramicina e eritromicina) Amebicidas teciduais – Cloridrato de emetina e de diidroemetina e cloroquina Amebicidas intestinal e tecidual – Tetraciclinas e seus derivados e dos derivados imidazólicos (metronidazol, ornidazol, nitroimidazol e secnidazol) Nitazoxanida* – medicamento recente (bons resultados!) 14 ) ������ �� � Clínico: difícil (sintomatologia comum a outras doenças intestinais) � Laboratorial (fezes, soro e exsudatos) Métodos parasitológicos 1. Pesquisa direta (microscopia) Fezes liquefeitas → Trofozoítos Fezes formadas → Cistos 2 . Cultura da E. histolytica 3 . Inoculação em animais (experimental) Métodos imunológicos: ELISA, IFI, hemaglutinação, etc. Outros métodos: retosigmoidoscopia, raio X, cintilografia, ultrassonografia, tomografias, anatomia patológica, etc. Cistos de Entamoeba histolytica / E. dispar Ovais ou esféricos (8 – 20 µµµµm) Núcleos visíveis ( 01 a 04) Possuem corpos cromatóides e vacúolos de glicogênio 15 ��������� � ��� �� �� ����� ���� Entamoeba histolytica (fagocitose de hemácias) Entamoeba histolytica/E. dispar � ���������������� �� Mede de 15 – 20 µµµµm Contém até 08 núcleos Corpos cromatóides finos 16 Cisto da Iodoameba bütschlii Vacúolo de glicogênico corado pelo lugol (����#���� ������� ��� �� �� Mede 20 – 40 µµµµm Geralmente têm somente 01 núcleo São pleomórficos, ativos, alongados e Emitem pseudopódes 17 �� ������� ��� �� ������� ��� � Úlceras geralmente pequenas e numerosas (1 a 2 mm) � Aparecem como múltiplos e diminutos orifícios � Os casos graves podem confluir dando lesões com contornos definidos � A localização preferencial é no ceco e colo ascendente, seguido do reto e o sigmoide. 18 ����������� ��� ��� � Parasitos facultativos ou oportunistas Ex: Naegleria fowleri e as Acanthamoebas sp. � Podem ser fatais para o homem � Adquiridos após banhos em lagos ou piscinas com águas mal cuidadas � Reconhecidos como agentes etiológicos da: Meningoencefalite aguda (fulminante!) Encefalite granulomatosa crônica Úlcera de córnea (ceratite)
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