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Princípio da Independência dos Movimentos (Galileu) O movimento da bola é um movimento bidimensional, sendo realizado nas direções horizontal (X) e vertical (Y); este movimento é composto de dois tipos movimentos: - movimento uniforme na direção horizontal (X) -movimento uniformemente variado na direção vertical (Y) Galileu já sabia disto no século XVI, e baseando-se em fatos experimentais, enunciou o Princípio da Independência dos Movimentos, que diz o seguinte: "Quando um móvel realiza um movimento composto cada um dos movimentos componentes se realiza como se os demais não existissem." No nosso caso este princípio se aplica, porque o movimento na direção horizontal se realiza uniformemente, independente do movimento na vertical que é uniformemente variado. Análise vetorial / Movimento de projéteis A fig. 4.2 mostra a trajetória da bola de futebol (mostrada na fig. 4.1). Foram traçados os vetores velocidade, V0, V1, V2, V3, V4, V5 e V6, que são tangentes a cada ponto da trajetória. Na figura também está indicado o alcance, A, e a altura máxima da bola, H. Figura 4.2 - Trajetória de um projétil (a bola de futebol), mostrando os vetores velocidade e suas componentes vetoriais. Estes vetores velocidade apresentam as componentes, Vx e Vy, para cada posição, nas direções X e Y (fig. 4.2). Como na direção X o movimento é uniforme, o valor da componente Vx será constante, ou seja, V1x= V2x = --- = Vnx= Vx. Na direção Y o movimento é uniformemente variado, portanto cada componente Vy terá um valor. Observe que, vetorialmente, o valor de Vy diminui na subida, anula-se no vértice da parábola (altura máxima) e aumenta na descida. A bola foi lançada a partir de O (origem), fazendo um ângulo com a horizontal (fig. 4.3). Para determinar as componentes Vx e V0y, sendo conhecidos o ângulo e a velocidade V0, basta projetar o vetor V0 nas duas direções X e Y, obtendo: Vx = V0 cos (4.1a) V0y = V0 sen (4.1b) V1y= V1sen 1 (4.1c) e analogamente determina-se V2y, V3y, ... O vetor resultante V (fig. 4.3) é dado pela soma dos dois vetores Vx e Vy: V = Vx +Vy (4.2) Pode-se determinar o módulo do vetor velocidade, V, para cada posição, sendo conhecidos os módulos das componentes, Vx e Vy (fig. 4.3), obtendo: V2 = V2x + V2y (4.3) Figura 4.3 - Vetor velocidade V e as componentes Vx e Vy. Determinação da aceleração da gravidade Figuras 4.4A e 4.4B - Diferença entre os dois vetores velocidade para duas posições sucessivas. (A) Método do paralelogramo; (B) Método da triangulação. Considerando os vetores velocidade da fig. 4.2 (trajetória do projétil), V0 e V1, por exemplo, e colocando as origens destes vetores coincidentes (fig. 4.4A) ou colocando a origem do vetor oposto, -V0, coincidente com a extremidade do vetor V1 (fig. 4.4B), obtém-se a diferença entre dois vetores velocidade (V) para duas posições sucessivas. Fazendo o mesmo procedimento para todas as posições, para intervalos de tempo iguais, observa-se que esta diferença de velocidade é constante, para quaisquer duas posições, ou seja, a aceleração é constante: a = V/t = constante (4.4) a = - g (4.5) Onde g é a aceleração da gravidade. O sinal para g é considerado negativo porque a trajetória é orientada positiva para cima e o vetor g atua para baixo. Observação: Na experiência 4 - Simulação de lançamento de projéteis - o valor da aceleração encontrado não será o da gravidade, mas um valor menor, porque o movimento do PUCK é realizado sobre uma superfície inclinada, havendo as forças de reação da superfície. Equações / Projéteis Até agora você aprendeu a analisar qualitativa e vetorialmente o lançamento de projéteis. Que tal você agora aprender a calcular, por exemplo, o valor da velocidade inicial (V0) com que a bola deve ser chutada, sabendo que o ângulo que a bola faz inicialmente com a horizontal é de 45o, para que a bola atinja a linha de gol situada a 80m? Para isto você tem que aprender as equações do movimento. Vamos fazer uma análise quantitativa do movimento na horizontal e do movimento na vertical. Movimento vertical (MUV) / Projéteis Equação da velocidade / Equação horária O movimento na vertical, sendo uniformemente variado, são válidas as equações horária e da velocidade do MUV para o lançamento de projéteis, fazendo a = -g nestas equações, obtém-se: Vy = V0y - gt (4.6) De (4.2b) vimos que: V0y = V0 sen Substituindo em (4.6): Vy = V0 sen - gt Equação da velocidade (4.7) A equação horária é obtida de forma análoga, resultando: y = V0 (sen ) t - (gt2)/2 Equação horária / vertical (4.8) Altura máxima Qual a altura máxima (H) que a bola atinge? Quando a bola atinge a altura máxima, a componente vertical da velocidade Vy é nula. Substituindo na equação (4.7), Vy = 0, e resolvendo a equação para t: t = (V0 sen )/g Tempo que a bola leva para atingir a altura máxima (4.9) Substituindo t na equação (8), fazendo as simplificações algébricas e substituindo y = H, obtém-se: H = (V02 sen2)/2g Altura máxima (4.10) Movimento horizontal (MU) / Projéteis Equação horária O movimento na horizontal, sendo uniforme, a equação horária para o MU é: x = Vx t Sendo Vx = V0 cos (constante no movimento), substituindo na equação acima: x = V0 (cos )t Equação horária / Movimento horizontal (4.11) Alcance Veja que ainda não resolvemos nosso problema, calcular o valor de V0, porque ainda não sabemos o tempo que a bola leva para atingir o solo. Como a aceleração é constante, o tempo de subida é igual ao tempo de descida, duplicando o valor de t na equação (4.9) obtemos o tempo total para a bola atingir o solo: ttotal = (2V0 sen )/g Tempo que o projétil leva para atingir o chão (4.12) Substituindo (4.12) em (4.11), e sabendo que 2 sen cos = sen 2, obtém-se: A = (V02sen 2)/g Alcance do projétil (4.12) Aplicação numérica 1 Finalmente podemos calcular a velocidade inicial da bola, para que o jogador faça o gol. Lembre-se de que o ângulo inicial de lançamento é de 45o e a linha de gol está situada a 80m do ponto de lançamento (fig. 4.1). Dados: A = 80m = 45o V0 = ? g = 10,0 m/s2 Considerando a equação (4.13): A = (V02 sen 2)/g Substituindo os valores e resolvendo a expressão para V0, obtém-se: V0 28,2 m/s Alcance máximo Você observou que o ângulo de lançamento, 45o, é o ângulo com o qual a bola atingiu alcance máximo? Por quê ? Quando você substituiu os valores na equação (4.13) obteve sen 2 = 1, que é o valor máximo da função seno; portanto, o ângulo de lançamento, para se obter o alcance máximo, desprezando a resistência do ar, é igual a 45o. Substituindo na expressão (4.13): Amáximo = V02/g Alcance máximo do projétil (4.14) Equação da trajetória Estamos afirmando desde o início que a trajetória da bola é parabólica (fig. 4.1), mas ainda não provamos. Vamos finalizar a nossa análise quantitativa com esta demonstração. Considerando a equação horária / horizontal (4.11) : x = V0 (cos ) t Resolvendo para t: t = x /(V0 cos ) Substituindo t na equação horária / vertical (4.8): y = V0 (sen ) t - (gt2)/2 y = V0 (sen ) x/(V0 cos ) - (gx2)/(2(V0 2 cos2)) Fazendo as simplicações algébricas e sabendo-se que sen /cos = tg , obtém-se: y = (tg )x - (gx2) /(2 (V0 cos )2) Equação da trajetória do projétil (4.15) Como (ângulo de lançamento), V0 e g são constantes, esta equação é da forma y = bx - cx2, que é a equação de uma parábola. Conclusão: A trajetória de um projétil é parabólica