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Ponto 5 - Administrativo

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PONTO 05 – DIREITO ADMINISTRATIVO
Ato Administrativo. Elementos. Perfeição. Validade e Eficácia. Atributos do Ato Administrativo. Procedimento Administrativo. Agentes Públicos. Regime Jurídico dos Servidores Públicos. Sindicância e Processo Administrativo. Direitos e Deveres. Responsabilidade Funcional. Improbidade Administrativa. Agentes Políticos.
ATUALIZADO POR LUIZA CARVALHO DANTAS EM DEZEMBRO DE 2014
ATOS ADMINISTRATIVOS
​1) Fato administrativo: é todo evento que produz efeitos no âmbito da Administração Pública. Abrange toda atuação concreta da Administração Pública e eventos que produzem efeitos na esfera da Administração Pública. Os fatos administrativos podem ser voluntários ou naturais.
Para ​Di Pietro, o ato administrativo é a manifestação de vontade da Administração Pública, expedida nos termos da lei, sob regime de direito público, e sujeito a controle do Poder Judiciário.
​Manifestação de vontade: ato administrativo é espécie do gênero ato jurídico.
​Expedida nos termos da lei: A Administração só pode agir quando houver previsão legal.
​Regime de Direito Público: conjunto de normas que disciplinam as relações jurídicas em que o Estado está presente. Ele possui as idéias centrais das prerrogativas e das sujeições.
​Controle jurisdicional: tanto os atos vinculados quanto os discricionários (controle de legalidade e dos limites da discricionariedade) são passíveis de controle jurisdicional.
​
​Cabe observar que nem todos os atos praticados pela Administração são atos administrativos. Existem os chamados atos da Administração, como os atos regidos pelo Direito Privado (ex: simples locação de uma casa para nela instalar-se uma repartição pública), os atos materiais (ex: operação cirúrgica realizada por um médico no exercício de sua atividade como funcionário) e atos políticos (decorrem da CF – ex: indulto, iniciativa de lei pelo Executivo etc).
	ATOS ADMINISTRATIVOS
	FATOS ADMINISTRATIVOS
	Manifestação de vontade relevante para o direitoadministrativo
	Acontecimento relevante para o direito administrativo, podendo abranger as condutas materiais no exercício da função  administrativa (Ex.: professor ministrando aula; médico fazendo cirurgia; mudança de endereço de departamento), bem como os fatos naturais cujos efeitos se refletem na órbita administrativa (Ex.: queda do raio em uma repartição pública; falecimento de um agente público).
	Admite revogação e anulação
	Não há revogação e anulação
	Goza de presunção de legitimidade
	Não goza de presunção de legitimidade
 ATOS ADMINISTRATIVOS x ATOS DA ADMINISTRAÇÃO
Nem todo ato da administração é ato administrativo.
Corrente minoritária: Maria Sylvia Zanella Di Pietro: os atos da administração são todos os atos jurídicos praticados pela Administração Pública, incluindo os atos administrativos.
Corrente majoritária: Celso Antônio, Diogenes Gasparini, José dos Santos Carvalho Filho. Os atos da administração são atos jurídicos praticados pela Administração que não se enquadram no conceito de atos administrativos, como os atos legislativos expedidos no exercício de função atípica, os atos políticos definidos na CR/88, os atos regidos pelo direito privado e os atos meramente materiais. => nem todo ato jurídico pratico pela Administração é ato administrativo; nem todo ato administrativo é praticado pela Administração.
	 ATOS ADMINISTRATIVOS
	ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
	 
	são os atos emanados da administração pública que não são atos administrativos
	regidos pelo direito público
	regidos pelo direito público ou privado
	Podem ser exercidos pelo Judiciário, Legislativo e concessionários e permissionários. Quanto aos dois últimos, há divergência na doutrina, sendo que DIÓGENES GASPARINI adota essa posição.
	- atos políticos ou de governo;
- atos meramente materiais
- atos legislativos e jurisdicionais (praticados pela administração na função atípica)
- atos regidos pelo direito privado ou atos de gestão (posição de igualdade perante o particular)
- contratos administrativos (são vinculações jurídicas bilaterais, enquanto os atos administrativos são normalmente unilaterais)
2) ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
1 – SUJEITO/COMPETÊNCIA: aquele a quem a lei atribui a prática do ato.
​2 – OBJETO: efeito jurídico imediato que o ato produz.
​3 – FORMA: modo de exteriorização da vontade; revestimento material do ato.
​4 – FINALIDADE: o que se visa com a prática do ato.
​5 – MOTIVO: pressuposto de fato e direito que serve de fundamento ao ato administrativo.
​1 – SUJEITO (quem?)
​É aquele a quem a lei atribui a prática do ato. É, portanto, o protagonista do ato administrativo. Poder específico para o desempenho da respectiva função. Este sujeito precisa ter duas qualidades: capacidade e competência.
​A – CAPACIDADE
​O sujeito é uma pessoa natural. Para praticar o ato, deve ser capaz, conforme prevê o Código Civil (Direito Privado). O conceito de capacidade provém deste ramo do Direito.
​B – COMPETÊNCIA
​Não é um conceito de Direito Privado, mas de Direito Público. A ideia de competência remete a um conjunto de atribuições definidos em lei e conferidas a um determinado sujeito. A lei sempre prevê o agente competente. Trata-se de verificação objetiva.
​​- somente pode se falar em violação ao requisito de competência, no caso em que haja sido infringida a competência definida em lei (e não em mera norma administrativa).
​​- no âmbito federal, inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deve ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico.
A competência administrativa é INTRANSFERÍVEL e IMPRORROGÁVEL, podendo, entretanto, ser delegada e avocada, desde que seja permitida pela norma regulamentadora.
São requisitos de validade, haja vista que a prática em desacordo com o estabelecido em lei leva à sua nulidade (exceção: em caso de vício nos elementoscompetência ou forma, poder-se-á ter atos apenas anuláveis, ou seja, potencialmente aptos à convalidação).
Somente a lei pode estabelecer competências administrativas. Portanto, seja o ato administrativo vinculado ou discricionário, esse elemento é sempre vinculado.
	CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA
	De exercício obrigatório (poder-dever);
	Irrenunciável, intransacionável, inde
	Não pode ser modificada pela vontade do agente, pois é elemento vinculado;
	Não prescreve pela inexistência de exercício efetivo;
	Não se prorroga: não se estende automaticamente a órgão ou agente incompetente pelo fato de este ter praticado o ato ou de ter sido o primeiro a ter tomado conhecimento do fato que originou o ato;
	via de regra, é INDELEGÁVEL (ou intransferível).Excepcionalmente, mediante justificativa e atendidos os requisitos da lei, pode ser delegada do agente superior para o seu inferior. O que se delega é o exercício da competência e não sua titularidade. Quando o agente transfere a competência para subordinado, ele não deixa de ser competente, surgindo a competência cumulativa, de modo que o superior pode avocar a competência que delegou.
Delegação e avocação de competências:
I) Em regra, há a possibilidade de delegação de competência, salvo vedação legal; II) a delegação pode ser feita para órgãos/agentes subordinados e também quando não exista subordinação hierárquica (art. 12); III) somente parte da competência do órgão/agente pode ser delegada (não pode delegar todas as suas atribuições); IV) a delegação deve ser feita por prazo determinado; V) o ato de delegação pode conter ressalva de exercício da atribuição delegada, vale dizer, o exercício da atribuição pode ser conferido com restrições e ressalvas; VI) o ato de delegação é ato discricionário e revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante; VII) o ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial; VIII) o ato por delegação deve mencionar expressamente esse fato e é considerado adotado pelo delegado, ou seja, a responsabilidade recai sobre ele.
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A avocaçãoé regulada no art. 15 da Lei n. 9784/99: “será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior”.
Prevalece na doutrina que não é possível avocar sem que exista hierarquia entre os agentes envolvidos.
Não confundir revogação de um ato de delegação (a competência é do delegante) com avocação (a competência avocada é do subordinado).
​2 – OBJETO (OU CONTEÚDO) – O QUÊ?
 ​A maioria trata objeto como sinônimo de conteúdo (C. A. discorda, pois diz que o conteúdo é elemento do ato e objeto é pressuposto de existência). Nesse sentido, objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz. É aquilo de que trata, sobre o que versa o ato praticado. Ex: demissão. Objeto é a demissão (retirada do servidor).
​​O objeto também possui suas qualidades (atributos):
​​A – LICITUDE
​B – POSSIBILIDADE
​A possibilidade relaciona-se, basicamente, à possibilidade física (material). A possibilidade jurídica está ligada à licitude.
​C – CERTEZA OU DETERMINAÇÃO
​O objeto do ato deve estar precisamente determinado. Se o objeto do ato não estiver claro, há possibilidade de ele não ser cumprido ou ser cumprido inadequadamente.
​D – MORALIDADE
​A moralidade administrativa é o princípio que impõe ao Administrador um padrão ético de conduta. Decorrem da moralidade as idéias de honestidade, probidade, boa-fé, decoro, decência. O objeto do ato deve alinhar-se a essas idéias.
O objeto, junto com o motivo, constituem o mérito do ato administrativo. Nos atos vinculados, estes elementos são, também, vinculados; nos discricionários, há liberdade de valoração do motivo e da escolha do objeto.
​3 – FORMA (como?)
​No Direito Privado, a forma é, muitas vezes, secundária. Se a lei não prescreve uma forma, esta não precisa ser observada: o particular pode adotar a forma que bem entender.
​- a observância das formalidades constitui requisito de validade do ato administrativo, de modo que o procedimento administrativo integra o conceito de forma;
- Vige o princípio da solenidade (em contraposição, para o particular vige o informalismo). Para Celso Antônio, se não há exteriorização não há vontade, pois esta é pressuposto de existência do ato administrativo. Porém o art. 22 da Lei de Processo Administrativo diz que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”, de modo que se vislumbra o informalismo neste âmbito;
​- integra o conceito de forma a MOTIVAÇÃO do ato administrativo, ou seja, a exposição dos fatos e de direito que serviram de fundamento para a prática do ato.
​- A ausência de ampla defesa ou contraditório configura vício de forma.
​4 – FINALIDADE (para quê?)
​A finalidade pode também ser compreendida em sentido amplo e em sentido estrito.
​Em sentido amplo, a finalidade do ato é sempre um resultado de interesse público. Logo, todo ato administrativo tem, em sentido amplo, interesse público.
​Em sentido estrito, a finalidade é o resultado específico que cada ato deve produzir consoante aquilo previsto em lei. Cada ato vai ter o seu objetivo expressamente previsto na lei (atributo da tipicidade). Ex: adjudicação do objeto da licitação para aquele que vencê-la. Nomeação – ato que tem por finalidade prover originariamente um cargo público.
​- distingue-se do motivo, pois este antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos que levaram à prática do ato. A finalidade sucede à prática do ato, pois demonstra o objetivo.
​- diante de certa situação de fato (motivo), a autoridade pratica certo ato (objeto) para alcançar determinada resultado (finalidade). 
​5 – MOTIVO (por quê?)
​Correspondem ao pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato. Os motivos são as razões, as justificativas do ato administrativo. Essas razões podem ser de direito ou de fato.
​Todo ato administrativo tem razões de direito e razões de fato. Ex: gozo de férias de servidor público – razão de direito está na CF e no estatuto dos funcionários, e a razão de fato é o fato de ele ter trabalhado por 1 ano.
​Não se deve confundir motivo com móvel, que é a intenção, o propósito do agente que praticou o ato, uma vez que motivo é realidade objetiva e externa ao agente. O móvel só vai ter relevância nos atos discricionários.
​A partir da ideia de razões, extraímos o conceito de MOTIVAÇÃO.
​A motivação corresponde à exposição de motivos, ou seja, é a indicação por escrito das razões que levaram a Administração Pública a praticar determinado ato. Enquanto o motivo é a razão propriamente dita, a motivação é a apresentação dessa razão.
​Os motivos são elementos, aspectos integrantes da estrutura do ato. Já a motivação, como formalidade indispensável, integra o elemento “forma”.
	MOTIVO
	MÓVEL
	MOTIVAÇÃO
	São os pressupostos de fato e direito que servem de supedâneo ao ato.
	Vontade do administrador; se o ato for vinculado, a vontade não tem relevância.
	É a fundamentação que é apresentada no ato administrativo (justificativa do ato).
- DEVER DE MOTIVAÇÃO:
Helly Lopes: apenas os atos VINCULADOS devem ser motivados. Os discricionários não.
Celso Antônio: apenas os atos DISCRICIONÁRIOS devem ser motivados. Os vinculados são dispensáveis, pois obedecem à própria situação de fato prevista em lei. A obrigatoriedade para os atos discricionários deve- se ao fato de que é justamente nestes atos que a Administração deve demonstrar o porquê de ter feito determinada escolha. 
Corrente majoritária: motivação obrigatória, tanto para o ato discricionário quanto para o vinculado. Entretanto, os atos vinculados tem uma motivação implícita, bastando a simples menção ao dispositivo da lei. Nos atos discricionários, mais do que nunca se exige a motivação, porque os atos dependem de um juízo de valor (conveniência e oportunidade). A motivação deve ser prévia ou concomitante à expedição do ato.
O STJ acolhe, na análise do ato administrativo de remoção de ofício de servidor público, magistério doutrinário que admite, excepcionalmente, a motivação posterior do ato administrativo, considerando sanado o vício do ato de remoção imotivado se trazida, nas informações prestadas em Mandado de Segurança, motivação idônea e preexistente a justificar o ato. Info 529 STJ.Precedentes citados: REsp 1.331.224-MG, Segunda Turma, DJe 26/2/13; MS 11.862-DF, Primeira Seção, DJe 25/5/09. AgRg no RMS 40.427-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2013.
​ATOS DE MOTIVAÇÃO OBRIGATÓRIA [art. 50, lei 9.784/99] [rol exemplificativo]
 Lei 9.784/99
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
 
​TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
​A validade do ato administrativo vincula-se aos motivos indicados como o seu fundamento. Se os motivos não forem idôneos, autênticos, o ato não poderá ser válido. Ex: cargo de provimento em comissão. O ato independe de motivação. Contudo, caso haja explicitação de motivos (motivação), eles vincularão a validade do ato. Se os motivos forem falsos, inidôneos, o ato não será válido.
Nas hipóteses em que a motivação não é exigida, se o administrador apresentar os motivos, estará a eles vinculado.
 
Tredestinação: É exceção ao princípio da teoria dos motivos determinantes. É um instituto peculiar da desapropriação,por meio do qual se autoriza a mudança de destino do bem desapropriado, se for no interesse público (D.L. 3.365/41).
 MÉRITO ADMINISTRATIVO
O mérito estará presente "toda vez que a Administração decidir ou atuar valorando internamente as consequências ou vantagens do ato".
O mérito administrativo consiste "na valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática, quando autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar.”
O tema tem pertinência em relação aos atos discricionários. A conveniência e a oportunidade configuram o mérito administrativo que está situado no MOTIVO e no OBJETO do ato administrativo. Se o ato é discricionário, os elementos objeto e motivo também o serão, diferentemente do que ocorre com os atos vinculados, em que os cinco elementos também são vinculados. Em regra a finalidade é vinculada, podendo ser discricionária se a lei permitir. A forma em regra é vinculada, mas pode haver certa discricionariedade quanto a escolha, se não houver exigência legal expressa de forma determinada.
A conveniência e a oportunidade somente podem ser revistas pelo Judiciário se ferirem o princípio da razoabilidade e proporcionalidade, no controle de legalidade (STJ)  em sentido amplo ou de juridicidade. Isso porque, no caso dos atos discricionários, o legislador entende que o administrador é quem tem melhores condições de avaliar os aspectos envolvidos na situação concreta e decidir pela atuação mais satisfatória ao interesse publico. Não pode o juiz substituir a ótica do administrador pela sua, sob pena de afrontar a decisão realizada pelo administrador e violar a separação dos poderes.
O Poder Judiciário nunca revoga atos administrativos (próprio do controle de mérito), apenas anula, no exercício da função jurisdicional. Um ato considerado desproporcional ou desarrazoado pelo Poder Judiciário é um ato nulo.
​PERFEIÇÃO
 ​Exequibilidade: considera-se a capacidade do ato para produzir efeitos jurídicos.
 a) Ato perfeito: é aquele que está em condições de produzir efeitos jurídicos, porque já completou todo o seu ciclo de formação. Não se confundem perfeição e validade; a primeira diz respeito às etapas de formação do ato, exigidas por lei para que ele produza efeitos. A validade diz respeito à conformidade do ato com a lei. Ato pode ter completado o seu ciclo de formação, mas ser inválido, e vice-versa.
O prazo de prescrição, administrativa ou judicial, não começa a correr enquanto o ato não se torna perfeito.
b) Ato pendente: é o que está sujeito a condição ou termo para que comece a produzir efeitos.
c) Ato consumado: é o que já exauriu os seus efeitos.
 VALIDADE 
 ​TEORIAS DAS NULIDADES DO ATO ADMINISTRATIVO - o regime das nulidades no direito administrativo é bastante singular. Não se confunde com o do direito privado.
1) toda invalidade resulta na violação de uma norma de interesse público.
2) o valor da segurança jurídica combinado com o da supremacia do interesse público limitam os efeitos da nulidade. 
​​3) sempre que possível haverá a necessidade de se proceder à convalidação ou conversão do ato viciado.
4) a divisão entre NULIDADE RELATIVA e NULIDADE ABSOLUTA é muito tênue. [DIFERENTE DO QUE OCORRE NO DIREITO PRIVADO] 
a)TEORIA DAS NULIDADES ABSOLUTAS[HLM] – a nulidade no direito administrativo é SEMPRE ABSOLUTA. 
Fundamento: toda invalidade resulta da violação de uma norma de interesse público.
 ​b)TEORIA DAS NULIDADES DO DIREITO PRIVADO [CELSO ANTÔNOIO BANDEIRA DE MELLO] – aplicação a TEORIA DAS NULIDADES utilizada no DIREITO PRIVADO.
ATOS NULOS: (i) atos que a lei assim declara; (ii) atos que não podem ser convalidados. 
ATOS ANULÁVEIS: (i) atos que a lei assim declara; (ii) os que podem ser praticados sem vício.
ATOS INEXISTENTES: não trazem consequências jurídicas nem produzem efeitos nem obrigações.
​
TEORIA DOS ATOS INEXISTENTES no direito administrativo: 
 ​a) NÃO EXISTEM ATOS INEXISTENTES NO DIREITO ADMINISTRATIVO: todo vício no direito administrativo precisa ser reconhecido. Aplicação das mesmas regras dos atos inválidos. 
​b) RECONHECIMENTO DO ATOS INEXISTENTES NOS MOLDES DO DIREITO PRIVADO alguns autores entendem que deve ser aplicado aos atos inexistentes o mesmo regramento aplicado no direito privado. (CELSO ANTÔNIO)
Para CABM, também existem os atos administrativos irregulares, que, embora portadores de um vício, não trazem prejuízo a ninguém.
 
	Ato válido
	É aquele que preenche todos os requisitos previstos no ordenamento jurídico, ou seja, não tem defeito algum.
	Ato inexistente
	O vício contido no ato é tão grave que ele nem sequer existe e não produz efeitos. Ato decorrente de conduta criminosa.
	Ato nulo
	É o ato defeituoso que não admite convalidação, mas produz efeitos até ser declarado inválido.
	Ato anulável
	É o ato que tem defeito sanável, ou seja, admite convalidação, de competência e forma. Se o defeito for muito grave, não será possível a convalidação. 
A convalidação é faculdade ou dever? Há divergência doutrinária,alguns pensam que se trata de um dever, porque o Estado tem que salvar o ato (majoritária), em razão do princípio da economia da administração. Mas, quando a convalidação causar mais prejuízo é melhor não convalidar.
	Ato irregular
	É o ato que tem uma pequena falha, mas que não causa prejuízo algum. Não depende de revisão, por ser irrelevante. Normalmente, estão relacionados à forma. Não serão revistos e nem convalidados, os atos continuam como estão.
 
VÍCIOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
​A) Os vícios dos atos de Direito Privado atingem, em regra, apenas os interesses dos particulares, enquanto que os vícios dos atos administrativos atingem o interesse público, interesses particulares e, eventualmente, até interesses de terceiros.
​B) No Direito Administrativo, há figuras de vícios que não encontram correspondência no Direito Privado
​A estrutura do ato administrativo é mais complexa, havendo mais elementos. Logo, existe maior possibilidade de o ato produzir defeitos. Ex: usurpação de função, funcionário de fato, excesso de poder (excesso de competência).
​C) A doutrina mais moderna entende que, em determinadas situações excepcionais, pode ocorrer que a manutenção de um ato administrativo ilegal seja menos prejudicial ao interesse público do que o seu desfazimento.
​Isso pode ocorrer em situações extremas – diante das circunstâncias do caso, desfazer o ato pode ser ainda pior para o interesse público. Nesse caso, exige-se a observância de 3 condições: ​I – Ausência de dolo ou má-fé na prática do ato (situação deliberada de prática de ilegalidade); ​II – Ausência de prejuízo ao erário (cofres públicos); ​III – Ausência de prejuízo a terceiros
​Os vícios podem atingir os 5 elementos do ato.
 
	VÍCIO DO SUJEITO
	VÍCIO DO OBJETO
	VÍCIO DA FORMA
	VÍCIO DO MOTIVO
	VÍCIO DA FINALIDADE
	
Vício de incompetência
	
Vício por incapacidade
	É insanável, sempre levará à nulidade do ato.
O objeto deve ser lícito, possível, moral e determinado. O vício do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo (art. 2º, parágrafo único, ‘c’, da Lei nº 4.717/65). 
Ocorrerá quando o objeto for: - ilícito (proibido pela lei): Município desapropriarimóvel da União; - impossível, porque os efeitos pretendidos são irrealizáveis, de fato ou de direito: a nomeação para um cargo inexistente; - imoral; por exemplo: parecer emitido sob encomenda;- incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao tempo, ao lugar: desapropriação de bem não definido com precisão.
Ainda: a)  ato praticado com conteúdo não previsto em lei: ex.: suspensão do servidor por 120 dias, quando a lei prevê um máximo de 90 dias; b) ato praticado com objeto diferente daquele que a lei prevê para aquela situação.
	Omissão ou observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedadedo ato” (art.2°, p. ú., b, da Lei n° 4.717/65 – ação popular).
Em regra é passível de convalidação, salvol quando a lei estabelecer determinada forma como essencial à validade do ato, caso em que haverá nulidade.
	Ocorre quando:
- o administrador não expressa o motivo = ausência do motivo;
- o motivo não existe ou é falso: melhor seria dizer “fato inexistente”. 
- o motivo for ilegal
- o motivo for incompatível com o resultado (motivo ilegítimo ou juridicamente inadequado).
	Trata-se do desvio de poder ou desvio de finalidade.
Ocorre quando o agente se serve de um ato para satisfazer finalidade alheia à natureza do ato utilizado. Pode ocorrer de dois modos:
1) Desvio da finalidade geral: o agente busca uma finalidade alheia ao interesse público;
2) Desvio da finalidade específica do ato: o agente busca uma finalidade, ainda que de interesse público, alheia à categoria do ato que utilizou.
	Usurpação de função: é o crime cometido por alguém que não foi por nenhuma forma investido no cargo. A maioria da doutrina diz que há inexistência do ato.
	Casos de impedimento e de suspeição de autoridade ou servidor público. São atos anuláveis, passíveis de convalidação por autoridade que não esteja na mesma situação de impedimento ou suspeição.
	
	
	
	
	Excesso de poder: o agente público excede os limites de sua competência.
	
	
	
	
	
	Função de fato: embora a pessoa esteja investida no carto, há alguma irregularidade (aplica-se teoria da aparência). Espécie de abuso de poder.
	
	
	
	
	
ANULAÇÃO e REVOGAÇÃO
Anulação é a modalidade de extinção com fundamento em razões de ilegalidade. É chamada de invalidação por Celso Antonio. ​A eficácia da anulação é ex tunc (retroativa). Ademais, ela pode recair sobre quaisquer atos que contenham vícios, sejam vinculados ou discricionários. Tanto a Administração quanto o Judiciário podem anular atos. ​Celso Antonio preconiza que a anulação deve ser precedida de procedimento administrativo, com abertura de contraditório aos eventuais atingidos por ela.
OBRIGATORIEDADE DA ANULAÇAO
​O art. 53, Lei 9.784/99, utiliza o verbo DEVER. As Súmulas 346 e 473 STF utilizam o verbo PODER�.
 A compreensão da justificativa dos verbos utilizados em cada uma das situações acima apontadas depende da análise do contexto histórico do surgimento de cada uma delas. O verbo PODER das súmulas faz referência a um aspecto diferente da referência feita pelo verbo DEVER do texto da lei.
Em um primeiro momento, a doutrina começou a questionar a possibilidade da administração poder ou não, por si mesma, realizar a anulação. As súmulas do STF objetivaram pacificar essa discussão, ao utilizar o verbo PODER, reconhece-se a PRERROGATIVA DA ADMINISTRAÇÃO em anular seus próprios atos. Em um segundo momento, surgiu discussão acerca da NATUREZA DA ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO, seria ela DISCRICIONÁRIA ou VINCULADA. O texto da lei, ao utilizar o verbo DEVER, pacifica essa discussão determinando que a atuação da administração é vinculada.
 Há EXCEÇÕES À OBRIGATORIEDADE DA ANULAÇAO, que é regra. São a decadência, a convalidação ou saneamento e confirmação (esta se dá quando, em circunstâncias determinadas, quando o prejuízo resultante da anulação puder ser maior do que o decorrente da manutenção do ato ilegal, por razões de interesse público é possível deixar de anular o ato, desde que não cause prejuízo a terceiros (segurança jurídica, boa-fé, supremacia do interesse público). 
 ​a) DECADÊNCIA [art.54, Lei 9.784/99]
Em decorrência da SEGURANÇA JURÍDICA, a Administração Pública deve exercer a prerrogativa de poder anular seus próprios atos dentro do prazo legalmente estabelecido (5 anos); esgotado esse prazo, o ato não mais poderá ser anulado. Requisitos: a) que o ato seja ampliativo - “(...) atos administrativos de que decorram efeitos favoráveispara os destinatários(...)”; b) a boa-fé do destinatário - [“(...) salvo comprovada má-fé (...)”]; c) prazo de 05 anos - direito de anular é um DIREITO POTESTATIVO, por isso ter NATUREZA DECADENCIAL.
Segundo a jurisprudência pacificada pelo STJ, o prazo decadencial para o exercício da autotutela administrativa somente surgiu em 1999; antes disso, não havia norma legal alguma que impusesse tal prazo à Administração Pública, sob pena de decair no direito de anular os seus próprios atos. (STJ, Corte Especial, MS 9122, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe de 03/03/2008).
A apreciação, pelo Tribunal de Contas da União, quanto à legalidade das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, para fins de registro (CF, art. 71, III), não se sujeita ao prazo decadencial disciplinado pelo art. 54 da Lei 9.784/99, porque antes dessa análise sequer há ato administrativo, que, sendo complexo, somente se aperfeiçoaria após o registro da aposentadoria pelo Tribunal de Contas. Apenas depois disso é que se pode falar em contagem desse prazo decadencial.
A contagem da decadência para o exercício da autotutela administrativa (art. 54 da Lei 9.784/99), em se tratando de aposentadoria de servidor público, somente tem início com o registro do Tribunal de Contas (CF, art. 71, III) que homologa a anterior concessão da aposentadoria pelo órgão de origem. É que, neste caso, enxerga-se típico ato administrativo complexo que somente se aperfeiçoa com o registro pela Corte de Contas (STJ, EREsp 1.240.168-SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgados em 7/11/2012 – INFO 508).
CARACTERIZAÇÃO DA TEMPESTIVIDADE DA ANULAÇÃO: a) STJ: para que o ato de anulação seja tempestivo, ou seja, que atenda ao prazo decadencial de 5 anos, deve INICIAR e SER CONCLUÍDO dentro desse prazo. Para o tribunal o fato do processo de anulação do ato ter iniciado dentro do prazo, por si só, não basta para a caracterização da tempestividade, é necessário que a conclusão do processo ocorra antes de terminado tal prazo; b) apesar da literalidade do texto do §2º do art. 54 da Lei 9.784/99 mencionar que se considera exercido o direito de anulação com a prática de qualquer ato que impugne a validade do ato, O DISPOSITIVO DEVE SER INTERPRETADO RESTRITIVAMENTE DE ACORDO COM OSLIMITES ESTABELECIDOS PELO CAPUT; c) ​​fundamento: ​PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA [SE A CONCLUSÃO DO PROCESSO DE ANULAÇÃO NÃO ESTIVESSE CONTIDO DENTRO DO PRAZO, BASTARIA QUE A ADMINISTRAÇÃO DESSE INÍCIO AO PROCESSO PARA QUE ESTE PUDESSE PERDURAR POR PRAZO INDETERMINADO].
A Lei 8.213/91 traz um prazo decadencial específico para a anulação de ato praticado pela previdência: 10 anos.
A revogação ocorre na extinção do ato por razões de conveniência e oportunidade (controle de mérito), podendo ser explícita ou implícita (emissão de um ato incompatível com o anterior).
Somente a Administração pode revogar o ato administrativo. Nos termos da ADPF 45, o judiciário somente poderá verificar a legalidade, ou seja, há uma zona de certeza negativa e zona de certeza positiva, na qual o judiciário pode rever o ato, sem ofensa ao juízo de valor do administrador.
Natureza Jurídica da revogação (para Hely): constitutiva negativa (para a invalidade, o efeito é o declaratório e, conforme o caso, ex tunc). Somente produz efeitos prospectivos (ex nunc), devendo ser respeitados os direitos adquiridos.
Quando a revogação atinge ato ainda ineficaz, a doutrina a apelida de “mera retirada”.
Quanto à competência para revogar, só a detém aquele que o praticou ou tenha poderes para dele conhecer de ofício ou por via de recurso (lembre-se dos casos de competência hierárquica imprópria sobre a administração indireta, principalmente fundação).
Não há prazo para a revogação do ato administrativo, pode ocorrer a qualquer tempo; ao contrário da anulação, a revogação não sofre um limite temporal. Mas, há limites materiais, isto é, há limitações ao conteúdo; não há previsão na lei de quais são os limites materiais, mas, a doutrina (mais ou menos) estabelece uma lista que não é definitiva, mas é aceita. Principais limitações materiais: a) atos vinculados – nunca houve a verificação de conveniêncianesses atos, portanto não se pode falar em revogação por falta de conveniência e oportunidade; b) atos declarados pela lei como irrevogáveis; c) atos que produziram direitos adquiridos – está-se protegendo a segurança jurídica, d) atos de efeitos exauridos; e) atos de decisão em processo administrativo contencioso– podem ser objeto de recurso, mas não podem ser revogados. O processo pode ser todo revogado, mas, não pode somente o ato anterior ser revogado, quando já tenha sido praticado o ato seguinte; f) atos de controle– os atos de fiscalização não podem ser revogados.
	
INVALIDAÇÃO
	
ANULAÇÃO
	
REVOGAÇÃO
	Quem pode ordenar
	Administração e Judiciário
	Administração
	Motivo
	Ilegalidade
	Conveniência e Oportunidade
	Efeitos
	Ex tunc
	Ex nunc
	Direitos adquiridos
	Inexistem
	Prevalecem
	Pressuposto
	Processo Administrativo ou
Processo Judicial
	Processo Administrativo
Invalidação e dever de indenizar: a) se o administrado não teve despesas =>não há indenização; b) - se o administrado já desenvolveu de boa-fé atividade dispendiosa => cabe indenização pelas despesas efetuadas.
 Conversão ou sanatória (ato nulo): o ato nulo poderá ser convertido, mas nunca convalidado. A conversão ocorre em atos administrativos nulos, trazendo, quando possível, efeitos retroativos,sanando o vício de ato antecedente, transformando-o em ato distinto, de diferente categoria tipológica. A conversão será cabível quando haja um ato administrativo solene que não preenche os requisitos e administração aproveita a parte válida, convertendo o ato em um ato mais simples, ou seja, é o ato mais solene é salvo na sua parte válida para a prática de um ato mais simples. É um ato privativo da administração pública, mediante o qual aproveita um ato nulo de determinada espécie, transformando-o,  retroativamente, em ato válido de outra categoria, pela modificação de seu enquadramento legal. Ex.: concessão de uso feita sem licitação quando a lei exige, convertida em permissão precária onde não há tal exigência, imprimindo-se validade ao uso do bem público já consentido.
12.4. Convalidação (ato anulável) :Não se deve confundir convalidação (ato anulável) com conversão (ato nulo). É tornar o ato válido, suprir o vício existente com efeitos retroativos à data em que o ato foi praticado => somente admitido por aqueles que defendem a existência dos atos anuláveis (Hely Lopes Meirelles não admite existência de atos anuláveis). Art. VIII da Lei 9.784/99. Ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos. Pode derivar da Administração ou do administrado. Fundamento: o interesse público nem sempre será mais bem atendido com a invalidação do ato; pode-se tutelar a boa-fé e a segurança jurídica por meio da convalidação.
Não cabe convalidação se o ato já foi impugnado judicial ou administrativamente. Exceção: convalidação do ato vinculado pela motivação tardia.
Só pode haver convalidação quando o ato puder ser produzido validamente no presente. Convalidado, quem infringiu o ato anulável no passado não pode ser sujeitado a sanções.
Há situações em que o ato não poderá ser convalidado, não cabendo outra alternativa senão a de anular o ato.
O art. 55 da Lei 9.784 atribui à Administração a faculdade de convalidar os atos, como ato discricionário, somente possível quando os atos inválidos não acarretem lesão ao interesse público nem prejuízos a terceiros; caso contrário, a anulação é obrigatória.
A convalidação é ato discricionário para a maior parte da doutrina (exceto se o ato viciado era vinculado, caso em que, presentes os demais requisitos, a autoridade competente deve convalidá-lo).
Não se admite convalidação quanto à competência exclusiva, ao motivo (ou ocorreu ou não), à finalidade (ou atende originalmente ao fim ou não) e ao conteúdo (pode admitir a conversão). 
Formas de convalidação: a convalidação do ato com vício de incompetência toma o nome de ratificação.Se feita por outra autoridade é chamada confirmação, e quando provém de ato de particular, é chamada desaneamento.
Em relação à forma, a convalidação é possível se ela não for essencial.
Os vícios em relação ao objeto ou conteúdo não são convalidáveis (são nulos).
Doutrinariamente aplica-se a seguinte posição – “quando houver estabilidade das relações jurídicas, boa-fé e confiança, estes princípios se sobrepõem ao da legalidade, convalidando o ato”. juarez freitas aplica o seguinte esquema:
* boa fé + longo lapso temporal = convalidação
* boa fé + médio lapso = anulação com efeitos “ex nunc”
* boa fé + pequeno lapso = anulação com efeitos “ex tunc”
Importante: são as seguintes as hipóteses de convalidação previstas na lei 9.784/99:
1ª) quando os efeitos do ato viciado forem favoráveis ao administrado, a administração disporá de cinco anos para anulá-lo, prazo este decadencial. findo este prazo sem manifestação da administração, convalidado estará o ato e definitivos serão os efeitos dele decorrentes, salvo comprovada má-fé (do beneficiário). trata-se de hipótese de convalidação tácita.
2ª) o art. 55 prevê a possibilidade de convalidação expressa, por iniciativa da administração, quando dos defeitos do ato não resulte lesão ao interesse público ou a terceiros. a lei expressamente utiliza o termo “defeitos sanáveis” para referir-se a tais vícios.
	CONVERSÃO
	CONVALIDAÇÃO
	Transformação de um ato em outro, para aproveitar o que for válido.
ATOS NULOS
	Correção feita no ato que continua a ser o mesmo ato.
ATOS ANULÁVEIS
Não basta que a convalidação não cause prejuízo a terceiros para que possa se implementar validamente: em verdade, o que mais interessa é que não cause lesão ao interesse público. É isso o que aclara a doutrina hoje positivada no art. 55 da Lei 9.784/99: "Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração".
EFICÁCIA
​a) Ato constitutivo: é aquele pelo qual a Administração cria, modifica ou extingue um direito ou uma situação do administrado (ex. permissão, autorização)
b) Ato declaratório: é aquele em que a Administração apenas reconhece um direito que já existia antes do fato (licença, isenção)
c) Ato enunciativo: é aquele pelo qual a Administração apenas atesta ou reconhece determinada situação de fato ou de direito. São meros atos administrativos, pois não produzem efeitos jurídicos. (ex. certidão, parecer).
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
São certas características que os diferenciam dos atos jurídicos particulares. São a presunção de legitimidade e veracidade (presente em todos os atos); imperatividade (não está presente em todos os atos); autoexecutoriedade (não está presente em todos os atos); tipicidade (comum a todos).
P resunção de legitimidade e veracidade;
A utoexecutoriedade;
T ipicidade;
I mperatividade.
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​​1 – PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE
 Deflui do princípio da legalidade. ​Os atos que a Administração pratica são, em princípio, legais. Trata-se de decorrência lógica da legalidade: A Administração só pode agir quando houver lei, logo se presume (presunção relativa, iuris tantum) que os seus atos estão de acordo com a previsão legal.
​Essa presunção é relativa, necessitando ser confirmada no caso concreto. Embora o ato nasça com o timbre de legalidade, ele pode conter algum vício em um de seus elementos que derrube a presunção de legitimidade ou legalidade.
​A presunção existe para facilitar a execução do ato. Ela confere à Administração a possibilidade de execução imediata dos seus atos. Quem se sentir prejudicado deverá demonstrar que o ato não é legal.
​Há, também, ao lado da presunção de legalidade, a PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS apontados pela Administração Pública como fundamento de seus atos.
​Todo ato administrativo deve ter MOTIVO, ou seja, fundamentos, razões de sua prática. Os motivos podem ser de duas espécies: de direito oude fato.
Os motivos de direito correspondem ao(s) dispositivo(s) legais que fundamentam o ato praticado. ​Os motivos de fato compreendem o conjunto de eventos, de circunstâncias, enfim, a situação fática que a Administração Pública considerou para aplicar a lei e produzir o ato. ​Quando se fala na presunção de legalidade, ela está relacionada aos motivos de direito. Já os motivos de fato estão ligados à presunção de veracidade dos fatos.
​​O objeto da prova é o fato. O direito é, excepcionalmente, objeto de prova (direito estrangeiro, direito municipal). Logo, é a presunção de veracidade que acarreta, a rigor, o ônus da prova. Tecnicamente, portanto, a prova diz respeito ao plano fático, por isso há inversão do ônus da prova quanto à presunção de veracidade dos fatos. O particular deverá provar que não estava na condição apontada pelo agente público. Há inversão do ônus da prova.
​2 – IMPERATIVIDADE
​Não se trata de atributo presente em todos os atos administrativos. É o atributo mediante o qual os atos administrativos se impõem aos particulares independentemente de sua concordância. Ele decorre da prerrogativa que detém o Poder Público de, por meio de atos unilaterais, interferir na esfera jurídica dos particulares. ​O mais importante na verificação da imperatividade diz respeito à constatação de que a vontade do particular é irrelevante para a prática do ato, o que diferencia o ato administrativo do ato de direito privado. Decorre do poder extroverso do Estado.
​​3 – AUTOEXECUTORIEDADE
​Qualidade frequentemente encontrada, mas nem sempre.
​É a possibilidade que a Administração Pública tem de, com os próprios meios, fazer cumprir as suas decisões sem a necessidade de recorrer previamente ao Poder Judiciário.
​A autoexecutoriedade não se presume. Só existe se a lei assim o previr. A exceção está nos casos de urgência. Nessa situação, a Administração deve adotar medida urgente quando há risco de dano iminente ao interesse público.
​No nosso sistema, a Administração Pública decide e faz, ela mesma, cumprir a decisão, desde que a lei permita (o que geralmente ocorre). Caso a lei não permita, ela deve recorrer ao Judiciário.
​Celso Antonio fala também em exigibilidade, que é a qualidade em virtude da qual o Estado, no exercício da função administrativa, pode exigir de terceiros o cumprimento, a observância, das obrigações que impôs. Seria menos que a autoexecutoriedade, pois careceria da possibilidade de coação material, de execução do ato.
​A exigibilidade e a autoexecutoriedade tem em comum que a Administração poderá autoexecutar as suas decisões, sem necessitar do Poder Judiciário.
​A diferença é que a exigibilidade configuraria, pois, um meio indireto de fazer o Administrado atender ao comando imperativo, enquanto aauto-executoriedade seria um meio direto de satisfação da pretensão jurídica da Administração, compelindo-se materialmente o administrado, independentemente de ordem judicial.
Parte da doutrina sustenta que a autoexecutoriedade é subdividida em exigibilidade e executoriedade, sendo a primeira a obrigação que o administrado tem de cumprir o ato e a segunda a possibilidade de praticar o ato diretamente (coerção material).
​4 – TIPICIDADE
​Atributo presente em todos os atos. A tipicidade é uma noção extraída da noção de legalidade. Só haverá ato administrativo se ele se amoldar exatamente àquilo que está previsto em lei.
​Este é o atributo mediante o qual os atos administrativos devem corresponder a figuras previamente definidas em lei como aptas a produzir determinados resultados.
​A lei vai prever todos os tipos (espécies) de atos administrativos. Além disso, ela diz quais são os tipos de atos e sua finalidade. Portanto, a tipicidade não se resume à descrição dos tipos, mas à produção de resultados previstos pela lei com aquele ato. ​Isso evita o abuso estatal, utilizando-se de autoexecutoriedade quando não prevista em limite, os ultrapassando os limites da discricionariedade.
 
PROCEDIMENTO (OU PROCESSO) ADMINISTRATIVO
​Trata-se de uma sucessão itinerária e encadeada de atos administrativos que tendem, todos, a um resultado final e conclusivo. Isto significa que há uma seqüência de atos conectados entre si, isto é, armados em uma ordenada sucessão visando a um ato derradeiro.
​Nomenclatura (CABM): “não há negar que a nomenclatura mais comum é procedimento, reservando-se, no Brasil, o nome juris processo para os casos contenciosos, a serem solutos por um julgamento administrativo, como ocorre no processo tributário ou no processo disciplinar. Sem embargo, cremos que a terminologia adequada é processo, sendo procedimento a modalidade ritual de cada processo. É provável, ou ao menos muito possível, que a partir da lei federal, em sintonia com ela, comece a disseminar a linguagem processo”.
​Assim, a sucessão de atos tendentes a uma finalidade é o processo, havendo formas específicas de realizá-lo, isto é, aspectos externos dele, os quais constituem os procedimentos.
​O procedimento administrativo tem por objetivo resguardar os administrados, ensejando-lhes a possibilidade de que sua voz seja ouvida antes da decisão que irá afetá-lo, e propiciar uma atuação mais transparente da Administração, uma vez que garantirá uma decisão mais bem informada, mais consequente, mais responsável etc.
​PROCEDIMENTO X ATO COMPLEXO
​No procedimento ou processo administrativo, há vários atos, todos com finalidades específicas, distintas, sem prejuízo de possuírem também uma finalidade comum à generalidade deles.
​No ato complexo, diferentemente, há um só ato, que se forma pela conjunção de “vontades” de órgãos diferentes, sendo que duas vontades estão articuladas em uma única finalidade. ​Exemplo do ato complexo: decreto presidencial. Para existir, demanda também a assinatura do Ministro da Pasta a que corresponda a matéria versada, havendo necessária expressão de órgãos distintos.
​REQUISITOS DO PROCESSO
​A – AUTONOMIA RELATIVA DOS ATOS: ​Cada ato conserva sua individualidade jurídica (identidade própria), embora esta seja relativa, já que todos se integram num conjunto para o ato final.
​B – CONEXÃO DOS ATOS EM VISTA DA UNIDADE DE EFEITO JURÍDICO QUE SE EXPRESSA NO ATO FINAL
​C – RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ENTRE OS ATOS:​ Ou seja, cada ato supõe o anterior e o ato final supõe a todos eles.
​PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO
 ​1 – PRINCÍPIO DA AUDIÊNCIA DO INTERESSADO: ​Implica o direito de o interessado ser ouvido, ou seja, dá vazão ao contraditório. Constitui aplicação do direito à ampla defesa e ao contraditório. Exceção: art. 45, CF/88.
​2 – PRINCÍPIO DA ACESSIBILIDADE AOS ELEMENTOS DO EXPEDIENTE: ​À parte deve ser facultado o exame de toda a documentação constante dos autos. Esta vista deve ser completa.
​3 – PRINCÍPIO DA AMPLA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA: ​Significa não apenas o direito de oferecer e produzir provas, mas também o de, muitas vezes, fiscalizar a produção das provas da Administração, isto é, o de estar presente, se necessário, a fim de verificar se efetivamente se efetuaram com correção ou adequação técnica devidas.
​4 – PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO: ​Trata-se de um direito do administrado, já visto anteriormente, que permite o controle dos atos da Administração. Está ligado ao direito à informação e à própria previsão de motivações das decisões, por meio de analogia ao art. 93 da CF.
​A Lei nº 9.784/99 estabelece um rol exaustivo de hipóteses em que deverá haver motivação (art. 50). ​Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: ​I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; ​II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; ​III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; ​IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; ​V - decidam recursos administrativos; ​VI - decorram de reexame de ofício; ​VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questãoou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; ​VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. ​§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. ​ § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. ​§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.
​5 – PRINCÍPIO DA REVISIBILIDADE: ​Consiste no direito de o administrado recorrer de decisão que lhe seja desfavorável. Baseia-se no direito constitucional de petição.
​6 – PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO E DO ASSESSORAMENTO: ​Corresponde ao direito de ser representado ou assessorado. Ex: advogado, perito.
​7 – PRINCÍPIO DA LEALDADE E BOA-FÉ: ​A Administração está adstrita a agir, durante o transcurso do procedimento, de maneira sincera, ficando, evidentemente, interditos quaisquer comportamentos astuciosos, ardilosos etc. Tem por base o princípio da moralidade administrativa (art. 37, caput).
​8 – PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL: ​A Administração deve buscar aquilo que é realmente a verdade, independentemente da alegação das partes.
O art. 2º da Lei nº 9.784/99 estabelece outros princípios e critérios, além daqueles estabelecidos por todo o diploma normativo: da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
9 – PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE – o processo administrativo pode ser iniciado independentemente de provocação do administrado. Além disso, cumpre à administração impulsioná-lo de oficio. Art. 2º, parágrafo único, XII, Lei 9784/99. Disso decorre a irrelevância de prazos preclusivos ou de caducidade para o administrado, porque a própria administração tem de conduzir o procedimento até o seu termo final. Atenção: esse princípio não se aplica aos processos ampliativos de exclusivo interesse do administrado.
10 – PRINCÍPIO DA GRATUIDADE  – art 2º, parágrafo único, inc XI, Lei 9784/99. Proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei. Celso Antônio entende que a gratuidade só é obrigatória nos procedimentos restritivos (já que não é possível fazer qualquer restrição ao direto de ampla defesa). Nos procedimentos ampliativos, bastar-se-ia garantir a modicidade das taxas e emolumentos.
Súmula vinculante n. 21: “é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo”.
11 – PRINCÍPIO DO INFORMALISMO - o processo administrativo não poderá ater-se a rigorismos formais. Isto não significa a ausência absoluta de forma, pois forma sempre há, até porque o processo é escrito. Mas o formalismo só deve existir quando indispensável para atender o interesse público e proteger o interesse dos particulares. Celso Antônio entende que tal princípio não se aplica aos procedimentos concorrenciais, visto que o formalismo destes últimos é essencial para garantir a igualdade dos vários concorrentes. A lei 9784/99 faz menção, em seu art.2º, aprincípios a que a Administração deve obedecer. São eles: legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Esses princípios, em sua maioria, dizem respeito à Administração Pública como um todo. Devem ser observados ainda: atuação conforme a lei e o Direito (inc.I); atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competência, salvo autorização em lei(inc.II);objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades (inc.III); adequação entre os meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (inc. VI); interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
​COISA JULGADA ADMINISTRATIVA
​Toda vez que a Administração decidir um dado assunto em última instância, de modo contencioso, ocorrerá a chamada coisa julgada administrativa.
​A CJ administrativa implica a definitividade dos efeitos de uma decisão que a Administração haja tomado. Isso está ligado aos atos ampliativos da esfera jurídica dos administrados. Os atos que reduzem a esfera jurídica dos administrados poderão ser anulados a qualquer tempo.
​A coisa julgada administrativa compreende, além da irrevogabilidade, uma irretratabilidade que impede o questionamento do ato, por parte da Administração, na esfera judicial, ao contrário da mera irrevogabilidade, que não proíbe à Administração impugnar em juízo um ato que considere ilegal e não mais possa rever na própria esfera. Contudo, essa definitividade está restrita à Administração, não atingindo terceiros.
​O fundamento da coisa julgada administrativa reside nos princípios da segurança jurídica e da lealdade e da boa-fé na esfera administrativa.
Fases do processo administrativo: 
a) Fase de instauração, propulsória ou de iniciativa – pode-se iniciar de ofício ou a pedido do interessado (art. 5º, lei 9784/99). Em regra, o requerimento inicial do interessado deve ser escrito, salvo nos casos em que for admitida solicitação oral, e deve conter certos dados (art. 6º, lei 9784/99). Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição, podendo ser concluídos depois do horário os atos já iniciados, cujo adiamento resulte em prejuízo ou dano às partes (art.23 e parágrafo único, lei 9784/99). É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas (art.6º, parágrafo único, lei 9784/99). Se houver pluralidade de interessados com pedidos idênticos, estes poderão ser feitos em um único requerimento, salvo vedação legal – art.8º, lei 9784/99.
b) Fase de Instrução – objetiva investigar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão. A instrução pode se realizar de ofício, mas fica resguardado o direito dos interessados de propor atuações probatórias, sendo que os atos de instrução devem se realizar do modo menos oneroso para estes (art. 29 e §2º, lei 9784/99). O interessado poderá, nesta fase, juntar documentos, pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações. Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório. As provas propostas pelos interessados só podem ser recusadas, fundamentadamente, quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias (art.38, §§ 1º e 2º, lei 9784/99). Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Entretanto, quando tais fatos ou dados constarem de registros existentes na própria Administração, o órgão competente para a instrução deverá promover, de ofício, a obtenção dos mesmos (art.36 e 37, lei 9784/99). Se for necessária a apresentação de informações ou provas, os interessados serão intimados para tanto. Caso a intimação não seja atendida, a autoridade poderá suprir a omissão de ofício, não se eximindo de decidir. Entretanto, caso os dados, autuações ou documentos solicitados forem indispensáveis à apreciação do pedido, o não atendimento implicará arquivamento do processo (art.39 e parágrafo único e 40, lei 9784/99).
A lei 9784/99 prevê formas de participação de terceiros. Quando se trata de assuntos de interesse geral, poderá ser aberto, mediante despacho motivado e desde que não resulte prejuízo para as partes, período de consulta pública, quando terceiros (pessoas físicas ou jurídicas)poderão se manifestar, apresentando alegações escritas. Quando se tratar de questão relevante, poderá ser realiza audiência pública (art.32) para debates sobre a matéria, podendo ainda haver outros meios de participação, a critério dos órgãos e entidades administrativas (art.33). Ao cabo da instrução, o interessado tem o prazo de 10 dias para se manifestar – alegações finais (art. 44).
c) Relatório - o órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final (comissão processante), elaborará um relatório indicando tudo o que ficou apurado e formulará uma proposta de decisão(conclusão), objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente (art.47, lei 9784/99). O relatório é peça informativo-opinativa. Salvo previsão legal, o relatório elaborado pela comissão processante não é vinculante para a Administração ou para os demais interessados no processo. O art. 168 da Lei 8112/90 (regula do PAD) determina que o julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas dos autos.
d) Decisão ou Fase dispositiva - a Administração tem o dever de decidir. Concluída a instrução, a Administração tem o prazo de até 30 dias para decidir, salvo prorrogação por igual período, expressamente motivada (art.48 e 49, lei 9784/99). Obrigatoriedade da adoção de procedimento administrativo formalizado:  Segundo Celso Antônio, em todos os casos em que seja obrigatório um procedimento administrativo externo irromperão princípios constitucionais dele informadores. Surge a questão de saber quando ele seria obrigatório. Haveria esta obrigação: 1 – sempre que um interessado provocar manifestação administrativa; 2 – quando a providência administrativa a ser tomada, tendo efeitos imediatos sobre o administrado, envolver privação da liberdade ou de bens – isto devido ao art. 5º, LIV da CF; 3 – quando a providência administrativa a ser tomada disser respeito à matéria que envolva litígio, controvérsia sobre direito do administrado ou implique imposição de sanções.
13.7. Aspectos relevantes da Lei 9784/99
Abrangência: aplicam-se as normas sobre processo à Administração Federal, direta e indireta (bem como aos órgãos do Poder Legislativo e Judiciário da União, quando no exercício de função administrativa) – Art 1º, lei 9784/99.
Legitimados: são legitimados como interessados no processo administrativo tanto (I) os que o iniciaram como titulares de direitos ou interesses individuais ou no direito de representação, como (II) os que, sem o haverem iniciado, têm direitos ou interesses que possam ser por ele afetados, e assim também (III) organizações e associações representativas no tocante a direitos e interesses coletivos e mais (IV) pessoas ou associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos (art.9º).
Competência - A competência se exerce pelos órgãos a que foi atribuída, sendo irrenunciável, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos (art.11).
O ato de delegação de competência será parcial (podendo ser feita a órgãos ou titulares ainda que não haja relação de subordinação entre eles) – art.12; será revogável a qualquer tempo (art.14, §2º); e deverá ser publicado no meio oficial, como também a revogação da delegação (art.14).
Existem matérias que não podem ser objeto de delegação: a edição de atos normativos; a decisão de recursos administrativos; as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade (art. 13 e incisos).
A avocação é temporária e será permitida em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados e corresponderá à competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior (art.15).
Impedimentos e suspeição – os casos de impedimento estão elencados no art. 18 (quem tenha interesse direto ou indireto na matéria; tenha participado como perito, testemunha ou representante ou se tais situações ocorrerem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; quem estiver litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge), ao passo que os de suspeição constam do art. 20 (quem tenha amizade íntima ou inimizade notória com o interessado ou com seu cônjuge, companheiro, parente e afins, até o terceiro grau). A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave (art.19, parágrafo único). O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo (art.21). A alegação de suspeição é tratada pela lei como faculdade do interessado e se não for alegada tempestivamente, ocorre a preclusão. Ao contrario do que ocorre com o impedimento, não há obrigação imposta pela lei para que o servidor declare-se suspeito.
Comunicação dos atos – A intimação do interessado para a ciência de decisão ou a efetivação de diligências deverá conter as exigências do §1º do art. 26 e poderá ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado (art.26, §3º).
STJ, A Seção concedeu a segurança para anular o ato de demissão do impetrante, publicado em portaria expedida pelo ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, uma vez que não foram observados os princípios do contraditório e da ampla defesa. Na espécie, não se conseguiu comprovar, por meio de prova manifesta, a efetiva ciência do ora impetrante, por meio de notificação pessoal, do desarquivamento do processo administrativo disciplinar e do ato de anulação de sua absolvição. Salientou-se, por conseguinte, que a entrega de telegrama a terceiro não constitui prova suficiente de que seu destinatário o tenha recebido. Seguindo essa linha de raciocínio, destacou-se julgado da Corte Especial no sentido de que, na hipótese de citação pelo correio, seria necessária a entrega da correspondência pessoalmente ao destinatário, sob pena de vício insanável. Precedente citado: SEC 1.102-AR, DJe 12/5/2010.3ª S, MS 14.016-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 29/2/2012. INFO 492.
No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por publicação oficial (§4º). Serão nulas as intimações desconformes com as prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre a falta ou irregularidade (§5º).
Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse (art.28). O desatendimento da intimação não importa em reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado (art.27).
Desistência – o interessado pode desistir, total ou parcialmente, do pedido formulado, através de manifestação escrita e pode renunciar a direitosdisponíveis. Não prejudicam o prosseguimento do processo se a Administração considerar que o interesse público assim o exige (art.51 e §§ 1º e 2º).
Recursos – das decisões administrativas podem ser interpostos recursos, independentemente de caução, por razões de legalidade e de mérito. O recurso será interposto perante a autoridade prolatora da decisão, no prazo de 10 dias, contados da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.  Cabe a esta, se não reconsiderá-la em 5 dias, encaminhar o processo à autoridade superior, que disporá de 30 dias (prorrogável por igual período), contados do recebimento dos autos, para decidir (art. 59 e §§s e 56 e §§s). O recurso tramitará por, no máximo, três instâncias administrativas, salvo disposição legal em contrário (art. 57).
O recurso não tem efeito suspensivo, a menos que a lei o preveja. Todavia, havendo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar-lhe tal efeito(art. 61).
O recurso não será conhecido quando interposto: 1)fora do prazo; 2)perante órgão incompetente (hipótese em que será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo pararecurso); 3)por quem não seja legitimado; 4)ou após exaurida a esfera administrativa. Importante ressaltar que o não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida a preclusão administrativa (art.63 e §§).
A autoridade competente para decidir poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida. Se de qualquer desses atos puder resultar gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão (art. 64 e parágrafo único). Neste aspecto, Celso Antônio entende que há uma incongruência recursal. É que, com a apresentação do recurso o recorrente já terá feito suas alegações recursais. “Deste parágrafo único resulta, de um lado, que haverá, em tal caso, uma duplicidade de alegações e, de outro, que a autoridade terá de antecipar um juízo gravoso para o recorrente”.
O art. 65 prevê o instituto da revisão. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, diante de fatos novos ou circunstâncias relevantes que justifiquem a inadequação da sanção aplicada. Nesse caso, da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção(art. 65 e p. único)
As sanções terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa (art.68).
Caráter Subsidiário da lei 9784/99: esse diploma legal se aplica subsidiariamente aos processos administrativos específicos, regidos por leis próprias, como por exemplo o processo de licitação e o disciplinar (art.69). A quaisquer outros processos administrativos, aplica-se integralmente.
Prazos - Os prazos correm a partir da cientificação oficial, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento (art.66 e §1º). Contam-se em dias corridos, de modo contínuo, se expressos em dia; se expressos em meses ou anos, contar-se-ão de data a data, e se no mês do vencimento não houver o dia equivalente ao do início do prazo tem-se como termo o último dia do mês (diferente do direito civil, quando se tem como termo o dia seguinte imediato) – art.66, §§ 2º e 3º. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos não se suspendem(art. 67). São eles:
a) Prazo para emissão de parecer: quando um órgão consultivo deva ser obrigatoriamente ouvido, o parecer deve ser emitido no prazo máximo de 15 dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. Se o parecer é obrigatório e vinculante, o processo não terá seguimento enquanto não emitido, responsabilizando-se quem deu causa ao atraso. Se o parecer é obrigatório e não vinculante, poderá ser dispensado, sem prejuízo da responsabilidade de quem deu causa ao atraso (art.42 e §§ 1º e 2º,  lei 9784/99).
STF. Controle externo. Auditoria pelo TCU.Responsabilidade de procurador de autarquia por emissão de parecer técnico-jurídico de natureza opinativa. Segurança deferida. Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico: (i)quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, sendo que seu poder de decisão não se altera pela manifestação do órgão consultivo; (ii) quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à consultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar ato de forma diversa da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer; (iii) quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídico deixa de ser meramente opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos termos da conclusão do parecer ou, então, não decidir. No caso de que cuidam os autos, o parecer emitido pelo impetrante não tinha caráter vinculante. Sua aprovação pelo superior hierárquico não desvirtua sua natureza opinativa, nem o torna parte de ato administrativo posterior do qual possa eventualmente decorrer dano ao erário, mas apenas incorpora sua fundamentação ao ato. Controle externo: É lícito concluir que é abusiva a responsabilização do parecerista à luz de uma alargada relação de causalidade entre seu parecer e o ato administrativo do qual tenha resultado dano ao erário.Salvo demonstração de culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer de natureza meramente opinativa." (MS 24.631, Rel. Min.Joaquim Barbosa, julgamento em 9-8-2007, Plenário,DJ de 1º-2-2008.)
b)Prazo de intimação em geral: os interessados serão intimados com 3 dias úteis de antecedência quanto à data de comparecimento (art.26, §2°, e 41, lei 9784/99).
c)Prazo para alegações finais: encerrada a instrução, o interessado tem o direito de se manifestarem 10 dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado ( art. 44, lei 9784/99 ).
d) Prazo genérico: Inexistindo disposição específica, os atos dos órgãos ou autoridades e dos administrados devem ser praticados em 5 dias, salvo motivo de força maior. Tal prazo pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação (art. 24 e parágrafo único, lei 9784/99).
e) Prazo para a Administração decidir: concluída a instrução, a Administração tem o prazo de até 30 diaspara decidir, salvo prorrogação por igual período, expressamente motivada (art. 49, lei 9784/99).
f) Prazo para recurso: é de 10 dias, salvo disposição legal específica (art.59).
g) Prazo para reconsideração: 5 dias, findo os quais, não reconsiderando, elevará o processo à autoridade superior(art.56, §1º).
h) Prazo para alegações no recurso: os demais interessados têm o prazo de 5 dias úteis para apresentarem alegações no recurso (art.62).
i)Prazo para decisão no recurso: prazo máximo de 30 dias, quando a lei não fixar prazo diferente, podendo ser prorrogado por igual período ante justificativa explícita (art. 59, §§ 1º e 2º).
j) Prazo para a Administração anular ato: o direito da Administração de anular ato de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má fé. No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo conta-se da percepção do primeiro pagamento (art.54 e §1º).
Regime de Tramitação Prioritária – Em 2009 foi acrescentado o art. 69-A à Lei n. 9784/99, conferindo tratamento diferenciado a determinados administrados que se encontrem em situações especiais: I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; e IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo.
Violação a Súmula Vinculante – Os dispositivos previstos no art. 56, §3 e 64-A e B determinam que se o recorrente alega que a decisão afronta SV, a autoridade que proferiu a decisão deverá explicitar as razões pelas quais entende que a SV não é aplicável ou não foi violada, antes de encaminhar o recurso para a autoridade superior, caso não reconsidere a sua decisão. Da mesma forma, diante da alegação do recorrente, a autoridade com competência para julgar o recurso deverá justificar porque entende ser a SV inaplicável.
Não se afasta a possibilidade de propositura de Reclamação por parte do recorrente, hipótese em que será de se aplicar o disposto no art. 64-B, segundo o qual: “Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar asfuturas decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal”.
​AGENTES PÚBLICOS
 ​Até a CF confunde esse conceito. ​Agente público é toda pessoa que presta serviços em nome do Estado. São categorias de agentes públicos:
​1 – AGENTES POLÍTICOS: Para a escola clássica (Hely Lopes), são aqueles que recebem sua competência da própria CF, o que abarca as funções de poder, os Chefes do Poder Executivo e seus auxiliares diretos nas 3 esferas administrativas e os parlamentares. ​Para a escola moderna (Celso Antonio), são aqueles detentores de poderes políticos, que alçam seus cargos mediante eleição, e seus respectivos auxiliares diretos (secretários). Trata-se de visão mais restrita, que abarca os chefes do Executivo e seus auxiliares diretos, bem como os parlamentares das três esferas. Por essa classificação, os Membros do MP e da Magistratura, por exemplo, seriam “apenas” servidores, ainda que tenham regime especial. Exercem múnus público. 
​2 – SERVIDORES ESTATAIS: ​São os agentes públicos que trabalham sob vínculo de trabalho e que recebem remuneração paga pelos cofres públicos. Podem ser:
 ​A – Servidores públicos: ​São os servidores que ocupam cargo público e estão sujeitos ao regime estatutário. ​ Não há direito adquirido com relação a este regime jurídico. ​ A estabilidade é atributo de quem possui cargo público. Empregado público não possui cargo público.
​B – Empregados públicos: ​Ocupam emprego público e sujeitam-se ao regime da CLT. O regime dos empregados públicos é híbrido. Os empregados públicos não podem ter suas regras alteradas. Eles só poderiam estar nas empresas públicas e sociedades de economia mista. ​Desde a EC19/98, que aboliu o regime jurídico único, era possível que a Administração direta contratasse empregados públicos. Mas o STF declarou a alteração do art. 39 inconstitucional,em medida cautelar, por vício formal.
​C – Servidores temporários (37, IX): ​São contratados para atender a necessidade temporária ou interesse público extraordinário. Cada pessoa política cria sua lei. Não há obrigatoriedade de concurso, o que é uma exceção à proibição da CF. ​Os servidores temporários não ocupam uma vaga, uma vez que eles não irão permanecer. Eles apenas exercem uma função pública (conjunto de tarefas). Ex: quando há seca no campo são criadas frentes de trabalho para ocupar os que estão sem trabalho. Outro ex: aqueles recrutados para fazer recenseamento do IBGE.
​D – Membros da Magistratura, do MP, dos TCs (órgãos auxiliares do Legislativo) e os agentes das carreiras diplomáticas: ​Pela classificação moderna, esses não seriam agentes políticos, mas servidores.
​3 – PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM A ADMINISTRAÇÃO: ​São pessoas físicas ou jurídicas que prestam serviços ao Estado sob diversos títulos e sem remuneração paga pelos cofres públicos. Ex: concessionários e permissionários de serviços públicos.
​A – Requisitados: ​Ex: mesários (requisitados), jurados (requisitados), serviço militar obrigatório (requisitados).
​B - Particulares sponte própria: ​São voluntários que figuram como agentes públicos. Ex: Presidente da OAB (ele se candidata porque quer), de Conselho de Classe etc. Antes, esses eram chamados de agentes honoríficos.
​C - Prestadores de serviços nas concessionárias e permissionárias.
​Destaquem-se, ainda, os delegados de função ou ofício público. É o caso dos oficiais de cartório (236), que são delegatários de função pública (agentes públicos), e os diretores de universidade privada e hospital privado, que praticam atos oficiais. Contra os seus atos cabe MS.
​Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.
​D – Contratados por locação civil de serviços: ​Ex: advogado ilustre contratado para sustentação oral perante tribunais. ​Também são agentes públicos.
​SERVIDORES PÚBLICOS (J.S.C.F)​: ​São todos os agentes que, exercendo com caráter de permanência uma função pública em decorrência de relação de trabalho, integram o quadro funcional das pessoas federativas, das autarquias e das fundações públicas de natureza autárquica.
​Diferente de Celso Antonio e Maria Sylvia, José dos Santos Carvalho Filho não considera servidores públicos os empregados das entidades privadas da Administração Indireta (empresas estatais e fundações públicas de direito privado).
​Características: profissionalidade (efetiva profissão – categoria própria), definitividade (em regra) e relação jurídica de trabalho.
 
​Classificação
​
​Servidores Públicos Civis e Militares: diversos estatutos jurídicos reguladores.
​Servidores Públicos Comuns e Especiais
​Servidores públicos comuns: são os que desempenham as atividades de apoio aos objetivos básicos do Estado. Formam a grande massa de servidores, podendo ser estatutários ou trabalhistas. Os estatutários podem ser servidores de regime geral (estatuto geral dos servidores) e servidores de regime especial (estatuto em lei específica). Ex: professores e fiscais – possuem estatuto específico em muitos Estados.
Servidores públicos especiais: são aqueles que executam certas funções de especial relevância no contexto geral das funções do Estado, sendo, por isso mesmo, sujeitos a regime jurídico funcional diferenciado, sempre estatutário, e instituído por diploma normativo específico, organizador de seu estatuto. Ex: magistrados, membros do MPF, defensores Públicos, membros do Tribunal de Contas e da Advocacia Pública.
​Servidores Públicos Estatutários, Trabalhistas e Temporários: ​Classificação que atende a dois critérios: natureza do vínculo jurídico e natureza das funções.
​Estatutários: a relação jurídica é disciplinada por diplomas legais específicos (estatutos). Categoria que admite subdivisão entre servidores públicos que se submetem ao estatuto geral e servidores que se submetem ao estatuto especial.
​Trabalhistas: regras disciplinadoras do trabalho estão na CLT. Regime básico é o mesmo dos empregados na iniciativa privada, com as exceções pertinentes à posição especial do Poder Público.
​Temporários: previstos no art. 37, IX, podem ser contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público. A contratação possui caráter excepcional.
Funcionário de fato é aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem aparência de legalidade. Em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio da presunção de legalidade dos atos administrativos reputam-se válidos os atos por ele praticados, se por outra razão não forem viciados. (C.A)
Podem ser agrupados em duas categorias:
a) os agentes necessários: são aqueles que praticam atos e executam atividades em situações excepcionais, como, por exemplo, as de emergência, em colaboração com o Poder Público e como se fossem agentes de direito; e
b) os agentes putativos: são que desempenham uma atividade pública na presunção de que há legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legalmente exigido.
REGIMES JURÍDICOS DOS SERVIDORES
​Regime Estatutário: as regras básicas da relação jurídica funcional entre o servidor e o Estado estão na lei. Cada ente possui seu estatuto. Sua natureza é não contratual, sendo, portanto, insuscetível de gerar direito à inalterabilidade da situação funcional.
​​Regime Trabalhista: caracteriza-se pela unicidade normativa, porquanto o conjunto integral das normas reguladoras se encontra em um único diploma legal – a CLT. A relação jurídica é de natureza contratual. 
 ​Regime de Emprego Público: ​A lei 9.962/2000, com base na EC 19/98, previu o regime de emprego público – aplicação, no âmbito federal, do regime trabalhista comum à relação entre a Administração e o servidor. As regras desta lei se aplicam unicamente à Administração federal direta, autárquica e fundacional, não se aplicando às empresas estatais e às fundações de

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