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Ponto 9 - Administrativo

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DIREITO ADMINISTRATIVO – PONTO 09
Licitação. Princípios. Modalidades. Dispensa. Inexigibilidade. 
Felipe Potrich
LICITAÇÃO
I) CONCEITOS GERAIS
Definição clássica (Hely): é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse.
O simples princípio da igualdade de todos perante a lei impõe licitação para qualquer ato ampliativo que se destine a investir terceiros no desfrute de situação jurídica especial a que mais de um poderia aspirar.
Natureza jurídica: procedimento/processo administrativo, o qual consiste no conjunto de atos administrativos lógica e cronologicamente ordenados voltados à prática de um ato final.
Objetivos: a) garantir a concretização do principio da república federativa, visando assegurar aos administrados a participação nos negócios da Administração pública, respaldados no princípio da isonomia; b) garantir observância do princípio da isonomia; c) seleção da proposta mais vantajosa para celebração do contrato desejado. Em regra, a licitação é uma condição para a contratação.
Relação entre licitação e contrato: já foi defendido que contrato era parte do procedimento licitatório. Hoje: pacífico que o contrato não faz parte do procedimento licitatório, já que um não depende do outro. Corroborando este entendimento:
(i) a decisão de contratar é discricionária
(ii) o vencedor da licitação tem apenas uma expectativa de direito
(iii) contrato administrativo sem licitação = dispensa e inexigibilidade
Fundamentos para a existência da licitação: isonomia, eficiência e moralidade. 1) a licitação opera como um expediente que enseja iguais oportunidades (isonomia) a todos que desejem contratar com a Administração Pública; 2) Promove a eficiência, por meio da proposta mais vantajosa para a Administração (que não implica, necessariamente, na proposta de menor preço). O procedimento licitatório contribui para tornar a contratação pela Administração mais eficiente, mais econômica. 3) A moralidade está atrelada a um padrão ético de conduta, cujos preceitos emanam da sociedade em que atua. Probidade, lealdade, boa-fé apontam para a moralidade administrativa. O objetivo desse fator é assegurar critérios objetivos e previamente previstos em lei na contratação.
II) REGULAMENTAÇÃO DA MATÉRIA
Normas constitucionais (22, XXVII, 37, XXI, 175, CAPUT)
Art. 22, XXVII�
Competência legislativa: União - normas gerais; Estados/DF e Municípios – normas específicas.
Temas gerais, segundo Marçal: requisitos mínimos necessários e indispensáveis à validade da contratação administrativa; hipóteses de obrigatoriedade e de não-obrigatoriedade de licitação; requisitos de participação em licitação; modalidades de licitação; tipos de licitação; regime jurídico da contratação administrativa.
Polêmica: segundo alguns, a Lei 8.666/93 seria inconstitucional em alguns dispositivos, que não se limitam a traçar regras gerais. Diogo de Figueiredo Moreira Neto e STF (ADI 927): não seriam inconstitucionais porque aplicáveis só à União, sendo que somente suas normas gerais seriam aplicáveis aos demais entes.
Art. 37, XXI
Obrigatoriedade de licitação: na contratação de obras, compras, serviços e alienações, ressalvados os casos especificados na legislação. Concessão e permissão de serviços públicos: obrigatoriedade absoluta de licitação.
Igualdade de condições assegurada a todos os concorrentes pela licitação - isonomia.
Art. 173, §1º, III, da CF/88
Regime diferenciado de contratações para EP e SEM: EC 19/98 modifica 2ª parte do art. 22, inciso XXVII. Lido com o art. 173, §1º, III da CF�, aponta no sentido da permissão de procedimento licitatório simplificado para EP/SEM.
Duas correntes: a) as normas gerais da Lei 8.666/93 continuam a reger as EP/SEM enquanto não editado estatuto jurídico das estatais (Odete Medauar); b) não há mais necessidade de observância às normas gerais, pois o texto foi modificado com o intuito de criar regras próprias para as empresas estatais.
Prestadoras de serviço público: aplica-se a Lei 8.666/93; somente para as exploradoras de atividade econômica poderia haver normas específicas. Há quem defenda a aplicação da 8.666/93 também para a atividade meio destas (CABM, Carvalhinho). Flávio Amaral: As SEM e as EP são obrigadas a licitar somente em suas atividades-meio; as atividades-fim não (não diferenciou ao fazer tal afirmação – conclui-se estar se referindo às exploradoras de atividade econômica).
Petrobrás: previsão de procedimento simplificado no art. 67 da Lei 9.478/97� e Decreto 2.745/98. TCU: vinha declarando a inconstitucionalidade dos dispositivos, determinando observância da Lei 8.666/93. STF: vem deferindo liminares suspendendo as decisões do TCU – Fundamentos: art. 177, §1º remete à lei; Lei 9.478/97 e Decreto 2.745/98 disciplinam a matéria; tal concepção está em consonância com a relativização do monopólio do petróleo promovida pela EC 09/95 (MS 25.888). Questão está sendo discutida pelo Plenário no RE 441.280, ainda não julgado em 02/12/2014.
Telecomunicações: a Lei da ANATEL (Lei 9.472/97) determinou que haverá necessidade de aplicação das normas da Lei 8.666/93 apenas no caso de contratação de obras e serviços de engenharia�. As licitações para concessões, permissões e autorizações de serviços de telecomunicações regem-se exclusivamente pela Lei 9.472/97, excluídas Leis 8.666/93, 8.987/95, 9.074/95 (art. 210).
 
III) PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO (Lei 8.666/93, art. 3º)
Art. 3o  A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
Princípios Gerais
Isonomia (art. 37, XXI e art. 3º da Lei 8.666/93)
Princípio fundamental da licitação. Deve ensejar iguais oportunidades a todos quanto desejem contratar com a Administração. Qualquer conduta da Administração que prejudique ou beneficie a algum competidor viola esse princípio, conduzindo à nulidade do procedimento licitatório.
Aplicação afirmativa do princípio da igualdade:
a) Critério de desempate (art. 3º, §2º da Lei 8.666/93):	preferência para os bens: (i) produzidos no pais; (ii) produzidos ou prestados por empresas brasileiras; (iii) produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.
b) Margem de preferência (Art. 3º, § 5º, Lei 8666/93): na licitação pode ser estabelecida margem de preferência para produtos manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras. Será definida pelo Poder Executivo Federal, limitada a até 25% acima do preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros, com base em estudos periódicos que não ultrapassem 5 anos e levem em consideração: 1. geração de emprego e renda; 2. efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais; 3. desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País. 4. custo adicional dos produtos e serviços; 5. em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
	
c) ME e EPP - LC 123/2006
i) comprovação de regularidade fiscal das ME e EPP somente será exigida para efeito de assinatura do contrato. Devem apresentar documentos, mesmo com restrição, tendo 2 dias úteis para buscar regularização, do momento em que for declarado vencedor, sob pena de decadência.
ii) critério de desempate: quando a oferta de ME ou EPP for igual ou até 10% superior (5%, no caso de pregão) às mais bem classificadas, será considerada empatada com ela, sendo-lhe permitido reduzir seu preço abaixo do que havia sido proposto pelo melhor ofertante. Se o fizer, será a adjudicatária do objeto; se não o fizer, mas houver congêneres suas também enquadradas no referido intervalo,serão sucessivamente chamadas para o mesmo procedimento.
ii) licitações exclusivas: Licitações restritas a ME e EPP para contratações de até R$80.000.
iii) subcontratação: poderá haver licitação em que seja exigida dos licitantes subcontratação de ME e EPP em percentual não superior a 30% do objeto licitado.
iv) possibilidade de emissão de cédula de crédito microempresarial por empenho não pago pelo poder público: a ME ou EPP que seja titular de crédito decorrente de empenho líquido não pagos em até 30 dias, contados da data de liquidação, poderão emitir cédula de crédito microempresarial.
Cláusulas restritivas pertinentes e isonomia - Art. 3º, I (MSZP): ao vedar cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação, incluindo “qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o objeto específico do contrato”, a contrario sensu, conclui-se que se a circunstância for pertinente ou relevante para o fim específico do objeto do contrato, ela é razoável e, portanto, não fere a isonomia. Ex: razões de ordem técnica que autorizam a indicação de determinada marca de produto a ser adquirido (art. 7º, § 5º da Lei). Ex2: exigências de habilitação indispensáveis à execução do contrato (art. 37, XXI da CF). Ex3.: especificação de características de produto que, embora possam afastar alguns licitantes, são essenciais aos objetivos do contrato.
Participação das Cooperativas: segundo Amaral, A participação das cooperativas é controvertida. Uns entendem que a participação das cooperativas em licitação é vedada, pois seus preços sempre são melhores, ofendendo a isonomia. Outros endentem que as cooperativas podem participar, desde que haja uma equalização dos preços do edital com o acréscimo, por exemplo, dos encargos trabalhistas ao preço das cooperativas. Os últimos entendem que não cabe ao Administrador igualar aquilo que o Constituinte desigualou, cabendo a participação das cooperativas sem qualquer alteração.
Princípio da Legalidade (MSZP)
Todo o procedimento licitatório é rigorosamente disciplinado em Lei. Art. 4º da Lei 8.666/93 estabelece que todos quantos participem da licitação tem direito público subjetivo à fiel observância do procedimento legal – sendo assim, o licitante que se sinta prejudicado ou lesado pode impugnar judicialmente o procedimento. Força do Princípio: (i) papel do cidadão (participação popular): a lei prevê diversas formas do cidadão controlar a legalidade; (ii) ampliação das formas de controle interno e externo; (iii) definição de comportamentos como crime, que antes eram apenas infrações administrativas, eram absorvidos por outro crime ou pela lei de improbidade (art. 89 a 99 da Lei 8666).
Impessoalidade
Este princípio encarece a proscrição de quaisquer favoritismos ou discriminações impertinentes, sublinhando o dever de que, no procedimento licitatório, sejam todos os licitantes tratados com absoluta neutralidade. Tal princípio não é senão uma forma de designar o princípio da igualdade de todos perante a Administração.
Moralidade (37, caput da CF)
Hely Meirelles diz que este princípio impõe ao Administrador um comportamento ético. Conjugam-se aqui os valores de honestidade, probidade, lealdade, boa-fé, decoro, decência. A existência da licitação como condição para a contratação moraliza os negócios da Administração, pois visa a evitar a contratação por meio de critérios subjetivos. Este princípio tem mão-dupla, pois alcança também o particular, o qual não poderá ser desleal com a Administração.
Publicidade (37, caput da CF)
A Administração está obrigada a divulgar amplamente os seus atos. Isso é uma exigência do Estado de Direito. O procedimento licitatório deve ser público. O edital é a forma de divulgação. Ele só não é aplicável na modalidade convite (cujo instrumento é a carta-convite). Exige-se o sigilo apenas quanto ao conteúdo das propostas até a respectiva abertura.
Princípio da Ampla Defesa (MSZP)
Aplicação em alguns casos concretos pela jurisprudência do STF: (RTJ 105/162) ficou implícito o reconhecimento da ampla defesa na licitação, por ser ela um procedimento administrativo; TRF (RDA 166/117) hipótese em que houve desclassificação de empresa licitante, por falta de idoneidade técnica, sem assegurar o direito à ampla defesa. Base legal: art. 5º, LV da CF art. 87 da Lei 8666 (para sanções administrativas).
Princípio da Eficiência
As ações administrativas devem produzir resultados eficazes para a sociedade. Corolário da eficiência é a economicidade, a melhor relação custo/benefício. Assim, nem sempre o menor preço pode ser revelar a melhor alternativa. É preciso que seja o menor preço dentro os que atinjam o padrão mínimo de qualidade previsto no edital. (Amaral)
Princípio Específicos
Vinculação ao Instrumento Convocatório 
O edital é a lei interna da licitação. É princípio que decorre da legalidade, pois no edital só podem constar clausulas que estejam em conformidade com a lei. 2 modalidades de instrumento convocatório: edital e carta-convite (esta apenas para convite). Este princípio significa que todos os personagens da licitação (licitantes e Administração) estão sujeitos à observância das normas contidas no instrumento convocatório. 	Há quem diga ainda que este princípio decorre da isonomia, já que são as mesmas regras impostas para a observância de todos.
Julgamento Objetivo
O julgamento das propostas será objetivo, conforme o critério pré-estabelecido no edital (menor preço, melhor técnica, técnica e preço, maior lance ou ofertas - art. 45, caput e §1º da Lei nº 8.666/93).
Competitividade
A licitação deve instaurar disputa entre os licitantes, fomentando a competição. O objetivo da licitação é sempre a busca da proposta mais vantajosa. Os editais não podem prever condições que restrinjam o caráter competitivo de forma indevida. São proibidas cláusulas que se revelem impertinentes ou irrelevantes para o específico objeto do contrato. (Amaral)
Princípio do sigilo das propostas
A lei exige que as propostas permaneçam lacradas (sigilo) até o momento do seu julgamento pela Comissão. É corolário da moralidade e da isonomia.
Princípio do formalismo procedimental
A lei estabelece procedimento a ser seguido, não podendo o Administrador subvertê-lo.
Princípio da vedação à oferta de vantagens
O licitante não poderá ofertar outras vantagens não contidas na sua proposta (art. 44, §2º, da Lei).
Adjudicação Compulsória
Este princípio estabelece que a Administração Pública está obrigada a adjudicar o objeto da licitação ao licitante vencedor. 
Princípio da sustentabilidade da licitação” ou “licitação sustentável” (MSZP)
DESTAQUE: inclusão da palavra “SUSTENTÁVEL” no art. 3º, Lei 8666 pela redação de 2010.
MSZP: “Princípio da sustentabilidade da licitação” – é possível que o procedimento licitatório incentive a proteção do meio ambiente. 
Flávio Amaral: o autor cita em mais de um artigo seu o conceito de função regulatória da licitação. Segundo tal instituto, cunhado por Marcos Juruena Villela Souto, a licitação é um meio, e não um fim em si mesma. Assim, pode ser utilizada (ou até mesmo dispensada, nas hipóteses legais) não só para atender às necessidades imediatas da AP, mas também para promover outros interesses públicos. É o que ocorre nas licitações sustentáveis.
Vinculações legais: art. 4º Lei 6938/81 (PNMA – objetivo de compatibilização do desenvolvimento econômico com o meio ambiente); art. 170, VI da CF (defesa do meio ambiente como objetivo da ordem econômica).
IV) PRESSUPOSTOS DA LICITAÇÃO
Pressuposto lógico: existência de uma pluralidade de objetos (o objeto não pode ser singular) e pluralidade de ofertantes. 
Pressuposto jurídico: no caso concreto, a licitação deve ser o meio apto, ao menos em tese, para a Administração acudir ao interesse que deve prover. Caso isso não seja possível, haverá a dispensa e a inexigibilidade.
Pressuposto fático: existência de interessados em disputar a licitação.V) MODALIDADES
	
1) Concorrência
-grande vulto
-quem pode participar: quaisquer interessados que comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação 
- modalidade mais complexa.
	
2) Tomada de preços:
- médio vulto
-quem pode participar: interessados devidamente cadastrados
ou
que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação 
	
3) Convite:
-pequeno vulto.
-quem pode participar: interessados do ramo pertinente, cadastrados ou não,
escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, 
estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas 
	
4) Leilão:
(venda de bens móveis inservíveis
(Venda produtos legalmente apreendidos ou penhorados,
(alienação de bens imóveis prevista no artigo 19 da Lei de Licitações,
-quem pode participar: quaisquer interessados
	
5) Concurso:
(escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
-quem pode participar: quaisquer interessados 
	
6) Pregão:
(aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação.
-Bens e serviços comuns: são aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado (art. 1.º, parágrafo único, Lei 10.520/02). 
	8) Consulta
	9) RDC
	
1) Concorrência - é a modalidade mais complexa de licitação. Realizada entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto [art. 22, § 1.º, Lei 8.666/93]
Utilização da concorrência (MSZP):
a) obras e serviços de engenharia de mais de 1 milhão e 500 mil reais [art 120 da LEI 8.666/93];
b) compras e serviços que não sejam de engenharia de mais de 650 mil reais [art. 120, da LEI 8.666/93];
c) compra e alienação de bens imóveis, qualquer que seja seu valor, ressalvado o disposto no artigo 19, que admite concorrência ou leilão para alienação de bens adquiridos em procedimentos judiciais ou mediante dação em pagamento [art. 23, § 3.º, LEI 8.666/93];
d) concessões de direito real de uso [art. 23, § 3.º, LEI 8.666/93];
e) licitações internacionais, com a ressalva para a tomada de preços e para o convite [art. 23, § 3.º, LEI 8.666/93];
f) alienação de bens móveis cujo valor seja superior a 650 mil reais [art. 17, § 6.º, LCC];
g) registro de preços (art. 15, § 3.º, I, Lei 8.666/93), ressalvada a hipótese de uso do pregão (arts. 11 e 12, Lei 10.520/02)
2) Tomada de preços: modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação [art. 22, § 2.º, LEI 8.666/93]
- para licitações de médio vulto [art. 23, I, “b”, e II, “b”]
3) Convite: - modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente a seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas [art. 22, § 3.º, LEI 8.666/93]. Apesar da ausência de previsão legal de oportunidade de participação no convite de licitante não cadastrado e não convidado, a doutrina reconhece a possibilidade de sua participação desde que o mesmo se cadastre até 03 dias antes da entrega dos envelopes, como se dá na tomada de preços.
- é a mais simples das modalidades licitatórias, utilizada em contratações de pequeno valor.
- não se exige publicação do instrumento convocatório (a carta-convite), basta que ele seja afixado “em local apropriado”.
- caso haja na praça mais de três possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações [art. 22, § 6.º, LEI 8.666/93]
OBS.: De acordo com o TCU, para que a licitação prossiga é necessário que haja ao menos três propostas válidas, entretanto, o entendimento majoritário é no sentido de que basta o convite a ao menos 03 interessados, não havendo exigência de 03 propostas para o prosseguimento regular da licitação.
OBS.: Na modalidade convite, a comissão de licitação, que normalmente é formada por 03 servidores, poderá ser reduzida por um único servidor, se a repartição for pequena e o deslocamento de três servidores puder prejudicar o andamento do serviço.
4) Leilão: modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no artigo 19 da Lei de Licitações, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação [art. 22, § 5.º, LEI 8.666/93]. 
-ATENÇÃO: a alienação de bens também é feita por concorrência.
5) Concurso: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmio ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias. [art. 22, § 4.º, LEI 8.666/93]
- julgamento por uma comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou não [art. 51, § 5.º, LEI 8.666/93]
	(a comissão não precisa ser composta por servidor público.
6) Pregão: modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação.
Bens e serviços comuns: são aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado (art. 1.º, parágrafo único, Lei 10.520/02). Não se sujeitam à modalidade pregão as contratações de obras, as locações imobiliárias e as alienações em geral, porque escapam do conceito de bens e serviços comuns. Nos serviços de engenharia, desde que qualificados como comuns, vem sendo admitida a utilização da modalidade pregão (Amaral).
Características do Pregão (Amaral vê positivamente as características do pregão em um de seus artigos, sugerindo inclusive sua ampliação para outras modalidades de licitações, pois entende atenderem muito bem ao princípio da eficiência e da competitividade):
(Inversão de fases:
(a fase da habilitação troca de lugar com a fase da classificação/julgamento das propostas.
(Etapa de lances: 
(depois de oferecer sua proposta, o autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até 10% superiores àquela passam para os lances 
(não havendo pelo menos três ofertas, os autores das melhores propostas, até o máximo de três, quaisquer que sejam os preços oferecidos, passam para a etapa de lances [art. 4,º, VIII e IX, Lei 10.520/02]. 
(os licitantes que chegarem à etapa de lances poderão dar novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor.
Procedimento
A convocação dos interessados se dá por meio de publicação em aviso. Entre essa divulgação e a data da realização do pregão, é preciso observar o prazo mínimo de 08 (oito) dias úteis. No dia, hora e local designados, inicia-se a sessão pública para recebimento das propostas, devendo o interessado, ou o seu representante, identificar-se e, se for o caso, comprovar a existência de necessários poderes para formulação de propostas e para a prática de todos os demais atos inerentes ao certame. Aberta asessão, os interessados ou seus representantes, apresentarão declaração dando ciência de que cumprem plenamente os requisitos de habilitação e entregarão os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço oferecido. Esta declaração, do próprio licitante, funciona como uma habilitação provisória, calcada no princípio da boa-fé dos participantes. Abertas as propostas de preços, o pregoeiro verificará o autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) superior àquela. Na fase de lances verbais participarão apenas os licitantes que se enquadrem na faixa de variação de 10% (dez por cento) da proposta escrita de menor valor. 
Caso não sejam apresentadas no mínimo três ofertas nas condições acima definidas, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo de 03 (três) - independentemente de estarem acima da faixa dos 10% (dez por cento) - oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos. O pregoeiro, então, ordenará as propostas melhores classificadas e examinará a aceitabilidade da proposta de menor preço. Esta aceitabilidade envolve dois aspectos: o primeiro é verificar se o preço está dentro da reserva orçamentária e da estimativa de preços feita pela própria Administração; o segundo é examinar se a proposta é exequível, ou seja, se o seu valor não está tão baixo a ponto de comprometer a futura execução do contrato. Caso a oferta não seja aceitável ou a documentação de habilitação não esteja em conformidade com o edital, o pregoeiro examinará as ofertas de preços e de qualificação dos demais licitantes na ordem de classificação, até que a apuração de uma que atenda ao edital. 
Quando o pregoeiro declarar o licitante vencedor, todos poderão manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 03 (três) dias para apresentação das razões de recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contrarrazões em igual número de dias. A falta da manifestação imediata e motivada do licitante importará a decadência do direito.
Pregão eletrônico: é preferencial na AP Federal - Decreto n.º 5.450/05/Decreto n.º 5.504/05
ANATEL: a Lei da ANATEL (Lei 9.472/97) determinou que haverá necessidade de aplicação das normas da Lei 8.666/93 apenas no caso de contratação de obras e serviços de engenharia. 
-criação de duas novas modalidade licitação:
	(PREGÃO (existe uma peculiaridade no pregão para a Anatel - só participa quem estiver credenciado na agência.
	(CONSULTA. ( houve ADI nº 1668-DF, e o STF por 6x5 decidiu pela manutenção da eficácia do dispositivo até julgamento de mérito (20.8.98)
7) Consulta 
Modalidade prevista apenas para agências reguladoras (Lei 9.472/97 Lei Geral das Telecomunicações – criou Anatel; e Lei 9.986/2000 para demais agências reguladoras federais)
A lei estabelece que é modalidade de licitação adequada à contratação de bens e serviços não classificados como comuns e que não sejam obras de engenharia civil.
Art. 55 Lei 9.472/97: estabelece que a consulta e o pregão serão disciplinados pela Agência, observadas as disposições da referida lei. Anatel disciplinou pela Resolução 05/98. Crítica quanto à constitucionalidade, pois entidade administrativa é que disciplina modalidade de licitação (Marcelo Alexandrino, p. 608).
Art. 15, Resolução 05/98 Anatel: “Consulta é a modalidade de licitação em que ao menos cinco pessoas, físicas ou jurídicas, de elevada qualificação, serão chamadas a apresentar propostas para o fornecimento de bens e serviços não comuns.” Bens e serviços não comuns: aqueles com diferenças de desempenho e qualidade insuscetíveis de comparação direta, ou tenha características individualizadoras relevantes ao objeto da contratação.”
8) Regime Diferenciado de Contratação (MSZP)
Modalidade de licitação instituída pela Lei 12.462/11 (MP 527/2011) e Regulamentada pelo Decreto 7.581/2011, exclusivamente para as licitações e contratos necessários à realização dos:
Jogos Olímpicos e Paraolímicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser definida pela Autoridade Pública Olímpica (APO);
Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol – FIFA 2013 e Copa do Mundo FIFA 2014, definidos pelo Grupo Executivo (Comitê Gestor instituído para definir, aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico de Ações do Governo para a realização da Copa FIFA 2014: CGCCOPA 2014), restringindo-se, no caso de obras públicas, às constantes da matriz de responsabilidade celebrada entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das Capitais dos Estados distantes até 350 km das cidades sedes dos mundiais.
 Ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)     (Incluído pela Lei nº 12.688, de 2012).
das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.        (Incluído pela Lei nº 12.745, de 2012).
das obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de atendimento socioeducativo.       (Incluído pela Lei nº 12.980, de 2014)
Inovações relevantes do RDC – para licitações de contratos: (MSZP)
ampliação dos objetivos da licitação (art. 1º, § 1º da Lei 12.462/11)
inclusão do princípio da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável (art. 3º)
restrições à publicidade do orçamento estimado (art. 6º)
inversão nas fases de habilitação e julgamento (art. 12)
novos critérios de julgamento (art. 18)
previsão de procedimentos auxiliares das licitações (art. 29)
previsão da possibilidade de remuneração variável vinculada ao desempenho da contratada (art. 10)
previsão da contratação simultânea ou possibilidade de mais de uma empresa realizar o mesmo serviço (art. 11)
previsão da contratação integrada entre os regimes de execução do contrato (art. 8º)
Obs.1: RDC já havia sido previsto nas MPs 488 e 489, mas não foram apreciados, pois expirado o prazo constante do art. 62 da CF.
Obs.2: Originariamente, a MP 517/2011 foi editada para alterar a Lei 10.683/02 que dispõe sobre a organização da Presidência e dos Ministérios, bem como tratar na ANAC e INFRAERO. Na Câmara dos Deputados é que foram acrescentadas a ela dispositivos do RDC. Esta foi uma das razões invocadas nas ADIs que pedem a sua declaração de inconstitucionalidade, já que teriam sido descumpridos o processo legislativo e violado o princípio da separação de Poderes.
Obs.3: Embora não tenha previsão expressa, estas normas destinam-se à vigência temporária, já que estabelece o regime diferenciado para contratação nos eventos específicos.
Obs. 4: RDC não é obrigatória para a construção de estádios, aeroportos e obras de infraestrutura. Pode a administração optar por: (i) Lei 8666; (ii) Lei 8987/95 – concessão de serviços públicos ou (iii) Lei 11.079/04 – parcerias público privadas.
Obs. 5: APO – Autoridade Pública Olímpica foi constituída por consorcio entre União, Estado do RJ e Município do Rio de Janeiro (Lei 12.396/2011).
Obs. 6: As normas sobre dispensa e inexigibildiade de licitação da Lei 8666 são aplicáveis ao RDC (art. 35 da Lei 12.462/11).
( SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (Marcelo Alexandrino, p. 610 e ss.) – ATENÇÃO: não é modalidade de licitação! É um sistema que visa racionalizar a contratação de compras e serviços.
Base legal: art. 15, II da Lei 8666/93 e Decreto 7.892/2013 (esfera federal)
Sistema de Registro de Preços é o meio apto a viabilizar diversas contratações de compras, concomitantes ou sucessivas, sem a realização de um específico procedimento licitatório previamente para cada uma delas, por um ou mais órgãos da Administração.
- Usado para compras freqüentes de determinados bens ou serviços quando não é conhecida a quantidade que será necessário comprar ou com previsão de entregas parceladas, etc – isto torna mais ágeis as contratações e evita a formação de estoques,além de proporcionar transparência quanto aos bens e serviços freqüentemente contratados (qualquer cidadão tem legitimidade para impugnar preço constante na tabela geral, se incompatíveis com o mercado – art. 15, § 6º)
- Definição no Decreto: SRP é o “conjunto de procedimentos para registro formal de preços relativos á prestação de serviços e aquisição de bens, para contratações futuras.”. Dessa forma, o SRP pode ser adotado nas seguintes hipóteses: I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequentes; II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa; III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou, IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração. (art. 3°, Decreto 7.892/2103).
Procedimento: o órgão promove uma licitação para elaborar um cadastro de potenciais fornecedores, no qual ficará especificado o bem, o preço e as quantidades que cada fornecedor tem possibilidade de entregar quando solicitado, nas condições estipuladas no edital de licitações.
- Tal licitação deve ser na modalidade “concorrência” (art. 15, § 3º, I), mas pode ser também utilizado a modalidade “pregão” para bens e serviços comuns (art. 11, Lei 10.520).
- Decreto exige utilização do tipo “menor preço” e, excepcionalmente “técnica e preço”, a critério do órgão gerenciador e mediante despacho fundamentado da sua autoridade máxima. Para pregão, sempre “menor preço”. (art. 7°, caput c/c §1° do Decreto 7.892/13)
- Órgão gerenciador: se mais de uma unidade administrativa pretende comprar usando o mesmo registro de preços, um determinado órgão é o encarregado de realizar a licitação, formar o cadastro, gerir o sistema, etc. (órgão gerenciador).
Ao final, os potenciais fornecedores ficam indicados na denominada “Ata de Registro de Preços”: “documento vinculativo, obrigacional, com característica de compromisso para futuras contratações, onde se registram os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a serem praticadas, conforme disposição contidas no instrumento convocatório e propostas apresentadas”, definição do Decreto.
Contratação: dentro de determinado prazo (não superior a 12 meses) a administração tem a faculdade de solicitar os préstimos dos fornecedores registrados, na ordem de classificação e nas condições pré-fixadas no edital.
- Faculdade da Administração: mesmo os órgãos e entidades que participaram da licitação desde o começo do certamente tem a faculdade de realizar nova licitação específica para aquela compra (art. 15, § 4º). Entretanto, é assegurado ao fornecedor que integre a mesma ata a preferência de fornecimento, em igualdade de condições. Ex.: se o órgão “X” fez licitação específica e consegue o bem por R$ 100,00 e existe um fornecedor em idênticas condições, preços, etc. na Ata de Registro de Preços, deve ser dada preferência a ele (art. 7º do Decreto).
Publicidade: o preço e os fornecedores constantes da ata são publicados na imprensa oficial da administração federal. O SRP ficará disponível tanto para os órgãos que participaram do certame quanto para qualquer outro órgão (mesmo não tenha participado do certame), que poderá utilizá-lo mediante prévia consulta ao órgão gerenciador daquele SRP, desde que devidamente comprovada a vantagem (art. 8º do Decreto).
Exigências de Fornecimento: ao preço do primeiro colocado poderão ser registrados tantos fornecedores quantos necessários para, em função das propostas apresentadas, atingir a quantidade total estimada para um item ou lote. O preço registrado será publicado na imprensa oficial, durante a vigência da ata de registro de preços e, quando das contratações, deverá ser respeitada a ordem de classificação constante da ata. (art. 6º do Decreto).
Acréscimos: É vedado efetuar acréscimos nos quantitativos fixados pela ata de registro de preços, inclusive o acréscimo de que trata o § 1º do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993. (art. 12, §1° do Decreto 7.892/13).
VI) FASES DA LICITAÇÃO
1) Fase interna: fase em que a Administração Pública está tomando as providências internas, prévias à divulgação do instrumento convocatório.
. autuação;
. identificação da necessidade devidamente justificada;
. identificação do recurso orçamentário;
. nomeação de comissão na forma do art. 51;
. elaboração do edital observando-se os requisitos do art. 40;
. parecer jurídico (art. 38);
. remessa à autoridade superior para autorização da deflagração formal do certame.
2) Fase externa: começa com a divulgação do instrumento convocatório
EDITAL ( HABILITAÇÃO ( JULGAMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSTAS ( HOMOLOGAÇÃO ( ADJUDICAÇÃO
2.1) EDITAL - ato que divulga a abertura da licitação, fixa as condições de participação, define o objeto e as condições básicas do contrato e convida todos os interessados para que apresentem suas propostas (MSZP)
2.2) HABILITAÇÃO - momento em que se verifica a aptidão do licitante para contratar com a Administração.
-documentação exigida: relativa à habilitação jurídica, à qualificação técnica, à qualificação econômico-financeira, à regularidade fiscal e ao cumprimento do disposto no artigo 7.º, XXXIII, da Constituição Federal (art. 27).
(todos os licitantes forem inabilitados: a Administração poderá fixar o prazo para que apresentem nova documentação 
(se apenas um licitante for habilitado, a licitação continuará (desde que os outros licitantes excluídos não tenham apresentado recurso contra a inabilitação, que possui efeito suspensivo).
(Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes e abertas as propostas, não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o julgamento.
(Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão (art. 43, §5.º e §6.º, da LLC)
2.3) CLASSIFICAÇÃO (também chamada de “JULGAMENTO”): fase em que a Administração abre os envelopes com as propostas, julgando-as e classificando-as pela ordem de preferência, segundo critérios objetivos definidos no edital
- julgamento segundo critérios objetivos definidos no edital ou convite (art. 44, caput).
(Preços irrisórios/valor zero: não se admitirá proposta que apresente preços global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato convocatório da licitação não tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração (art. 44, §3.º, L).
 	regra: não é possível
 	exceção: excepcionalmente será possível.
- julgamento de acordo com o tipo de licitação:
	a) menor preço;
	b) melhor técnica;
	c) técnica e preço;
	d) maior lance ou oferta;
2.4) HOMOLOGAÇÃO: aprovação do procedimento após exame, pela autoridade competente, dos atos do procedimento licitatório.
- a autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado (art. 49, caput, Lei 8.666/93).
(anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 da LEI 8.666/93.
-a nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o dispostono parágrafo único do art. 59 da LEI 8.666/93.
	(regra: nulidade da licitação gera a nulidade do contrato.
	(exceção: art. 59, parágrafo único, Lei 8.666/93.
-o que o contratado fez até o momento, cabendo eventual indenização no caso de contratado não ter concorrido para a nulidade.
2.5) ADJUDICAÇÃO: ato declaratório, vinculado, por meio do qual a autoridade competente (a mesma que homologa) atribui ao licitante vencedor o objeto da licitação.
VII) DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO
nem sempre a licitação se revela corno a melhor e única forma de atender ao interesse público, o que demonstra a sua natureza instrumental (a licitação é um meio e não um fim em si mesmo - Amaral). Mas hipóteses de contratação direta devem ser interpretadas restritivamente, pois a regra é a licitação.
Possuem mesmo resultado prático: não ocorrência da licitação, haverá contratação direta.
7.1. HIPÓTESES DE DISPENSA – ROL TAXATIVO
Dispensa – art. 24: ROL TAXATIVO
“Dispensável”: discricionariedade quanto à dispensa ou não da licitação – licita, se quiser. Diferente do art. 17, em que a licitação é dispensada (vinculação do administrador – proibido licitar).
- rol taxativo
- outras leis também poderão estabelecer hipóteses de dispensa, seguindo ditames da CF.
- Na dispensa de licitação a disputa é possível, porem o legislador, em determinados casos expressos em lei e visando o interesse público, optou por não realizá-la.
HIPÓTESES DE DISPENSA (ART. 24)
Rol taxativo. QUATRO 4 fundamentos (categorias) de dispensa:
A – Pequeno valor do contrato
Art. 24, incisos I e II c/c art. 23 (estipulação do termo “pequeno valor”)
( Fundamento: nestes casos o custo da realização do certame pode ser maior que o próprio objeto do contrato:
( Casos:
Inciso I: obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I (15.000 REAIS) do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
Inciso II:  outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II (8.000 REAIS) do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
Inciso III – se as obras, serviços e compras forem contratados por sociedade de economia mista e empresa pública, bem como por autarquia ou fundação qualificadas por lei como agências executivas, ou por consórcios públicos, o percentual será de vinte por cento sobre a mesma base de cálculo referida acima.
B – Situação excepcional
( Fundamento: demora do procedimento é incompatível com urgência; outras situações especiais.
( Exemplos estão nos incisos III e IV:
Inciso III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
Inciso IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos.
Cuidado: O objeto deve ser adstrito àquela situação específica. Traduz aplicação do P. da Razoabilidade.
Outros exemplos (MZSP):
Inciso V – quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas todas as condições pré-estabelecidas (licitação deserta). Três requisitos: a) nenhum interessado deve ter apresentado documentação exigida para a proposta; b) na contratação direta sejam mantidas todas as condições do instrumento convocatório; c) realização de novo procedimento seja prejudicial à Administração.
Inciso XI – contratação remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor.
Inciso VI – União tiver que intervir no domínio econômico. Intervenção do Estado para controle de preços ou regulação da oferta e demanda
Propostas apresentarem consignam preços manifestamente superiores ao praticado no mercado nacional. Base comparativa: Registro de Preços (art. 15, II e §§ 1º a 4º da Lei; Decreto 7.892/2013).
Inciso IX – possibilidade de comprometimento da segurança nacional, em casos estabelecidos em Decreto e ouvido o Conselho da Defesa Nacional.
Inciso XIV – aquisição de bens ou servidos nos termos de acordo internacional aprovado pelo Congresso, quando ofertas forem manifestamente vantajosas, devidamente justificado e demonstrado.
Inciso XVIII – nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do incico II do art. 23 desta Lei (R$ 80.000,00 – convite).
Inciso XXVII – na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
Inciso XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.
Inciso XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica. 
C – Peculiaridade do objeto
( Para certos objetos, a lei autoriza a dispensa. Ex: inciso X.
( Casos: 
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia.
A dispensa deve ser fundamentada. O bem imóvel é infungível, pois nunca ocupa o mesmo espaço físico. Assim, quando a Administração encontra o imóvel adequado, não precisa realizar licitação, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado.
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia. Situação sujeita a todas as regras atinentes a compras – art. 14 a 16.
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade. No Decreto 2.300/86 esta era uma hipótese de inexigibilidade, passou a ser de dispensa. No caso concreto pode não haver licitação com base em inexigibilidade, nos termos do art. 25, II, desde que se trate de serviço de natureza singular,com profissional ou empresa de notória especialização. Neste sentido, art. 13, VII.
 XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia.
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto.
XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico.
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Novidade: Lei 12.188/10).
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes (Lei de Incentivos à Inovação e à Pesquisa Tecnológica no Ambiente Produtivo). (Novidade: Lei 12.188/10).
D – Natureza jurídica da pessoa a ser contratada
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
Limita-se aos entes da mesma esfera federativa. 
Não alcança as sociedades de economia mista e empresas públicas exploradoras de atividade econômica, pois competem em igualdade de condições no mercado.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico. (Não leva em consideração a data da criação do ente).
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inqüestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos.
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. MSZP observa que a inclusão da contratação de “mão de obra” de que trata este dispositivo é incompatível com o sistema constitucional brasileiro que exige contratação por meio de concurso público para entes da administração direta e indireta, ressalvada a hipótese de contratação temporária (art. 37, II e IX da CF).
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica.
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
Atende ao princípio da economicidade. Não faz distinção entre exploradora de atividade econômica ou prestadora de serviço público.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de� gestão.
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação.
O contrato programa aproxima-se a uma modalidade de convênio, por meio do qual se produz um instrumento de conjugação de esforços e recursos por entes federativos diversos, tendo por objeto a atribuição ao consórcio ou aos contratantes de direitos e obrigações atinentes à gestão associada de serviços públicos.
Art. 1º-A da Lei 8.958/94: relações entre instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica E fundações de apoio. Prevê a possibilidade de a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), o CNPQ (Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico) e as Agências Financeiras Oficiais de Fomento celebrarem convênios e contratos, com dispensa de licitação fundada no art. 24, XIII da Lei 8.666/93, por prazo determinado, com fundações de apoio, com a finalidade de dar apoio às IFES (Institutos Federais de Ensino Superior) e ICTs (Instituições Científicas e Tecnológicas), inclusive na gestão administrativa e financeira de projetos de ensino, pesquisa, extensão e desenvolvimento institucional, científico e tecnológico.
(É novidade trazida pela Lei 12.349/10 e que não consta na Lei 8.666).
Inciso XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.
7.2. 
- São situações de LICITAÇÃO IMPOSSÍVEL, visto que são casos de INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO. Falta o pressuposto para a licitação.
- Na inexigibilidade a competição é inviável, em face da singularidade do bem ou serviço.O bem pode ser singular em sentido absoluto, em razão do evento externo ou por força da sua natureza intima. Já o serviço singular são os que se revestem de determinadas características, quais sejam, cientificas, técnicas ou artísticas.
- Diferença da dispensa e da inexigibilidade? Nas hipóteses de dispensa, a licitação é possível, mas a lei autoriza a Administração a não realizá-las, por razões de interesse público. Nas situações de inexigibilidade, por sua vez, a licitação é impossível, posto que inviável a competição.
- O art. 25 da lei 8.666/93 estabeleceu os casos em que a licitação é inexigível. Impende destacar que esses casos não são exaustivos. 
Art. 25.  É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
( Falta o pressuposto lógico para a realização do certame.
Obs.1: se a licitação é Municipal ou Estadual, basta que a empresa seja a única fornecedora nos limites dos respectivos territórios.
Citação HLM: o autor considera diferentes as situações de exclusividade industrial (aqui não há dúvidas de que tem que ser o produtor “X”) e exclusividade comercial (aquela relacionada aos vendedores ou representantes da praça, com possibilidade de haver vários no país). A última dúvida se dirime pela exclusividade na praça do comércio. Citação: “vendedor ou representante comercialexclusivo, para efeito de convite, o que é único na localidade; para tomada de preços, o que é único no registro cadastral; para concorrência, o que é único no país.”
Obs2: “vedada a preferência de marca”: visa coibir o favorecimento a um fornecedor pelo simples fato de ele conter uma marca, independentemente das características do objeto da licitação. Ex: Só a SONY faz produtos SONY. Logo, ela teria exclusividade sobre esse material. Isso não é possível. A exceção ocorre quando o produto apresenta característica peculiar.
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
Art. 13.  Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; 
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
Obs.1: Serviço de natureza singular é o serviço único, fora do comum, tendo em vista a sua complexidade e/ou importância. 
CABM: a singularidade é relevante e um serviço deve ser havido como singular quando nele tem de interferir, como requisito de satisfatório atendimento da necessidade administrativa, um componente criativo de seu autor, envolvendo o estilo, o traço, a engenhosidade, a especial habilidade, a contribuição intelectual, artística, ou a argúcia de quem o executa, atributos, estes, que são precisamente os que a Administração reputa convenientes e necessita para a satisfação do interesse público em causa.
Deste modo, se há dois, ou mais, altamente capacitados, mas com qualidades peculiares, lícito é, à Administração, exercer seu critério discricionário para realizar a escolha mais compatível com seus objetivos.
Obs.2: Notória especialização, conforme o §1º deste art. 25, pressupõe não apenas a especialização, mas também o reconhecimento no seu meio profissional da sua capacidade, comprovada através de estudos, desempenho anterior, currículo etc�. A redação deste artigo quis reduzir a discricionariedade administrativa em sua apreciação, ao exigir critérios de essencialidade e indiscutibilidade do trabalho como sendo o mais adequado à plena satisfação do objeto – para ser válida a inexigibilidade, o trabalho deve estar nesta zona de certeza.
Ao mencionar a natureza singular do serviço, é evidente que a lei quis acrescentar um requisito para deixar claro que não basta o serviço estar listado no art. 13, é necessário que a complexidade, a relevância e o interesse públicos em jogo tornem o serviço singular, de modo a exigir a contratação de profissional notoriamente especializado. (MSZP)
INEXIGIBILIDADE: SERVIÇO TÉCNICO + NATUREZA SINGULAR + NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO
Obs.3: Não cabe a inexigibilidade, neste caso, para serviços de publicidade e divulgação.
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
Aqui a competição é insuscetível, pois o profissional é consagrado, o que imprime singularidade ao objeto.
Observação: LICITAÇÃO DESERTA
A licitação deserta ocorre quando não comparece nenhum licitante ao certame.
Pressupostos de viabilidade da licitação: o pressuposto lógico (necessidade de pluralidade), o fático (interesse de mercado – ou seja, o objeto da licitação deve despertar interesse) e o jurídico (proteção do interesse público).
Não se deve confundir a ausência de pressuposto fático (ocorre antes da publicação do edital) com a licitação deserta, que não é caso de inexigibilidade, mas sim de dispensabilidade (ocorre após a publicação do edital e do procedimento licitatório). 
A licitação deserta nem sempre se dá por falta de interesse do mercado, podendo ser conseqüência de uma série de fatores, como por exemplo, o não preenchimento dos requisitos previstos no edital.
Licitação Deserta: não aparecem interessados – gera dispensa; Licitação fracassada: aparecem interessados, mas são inabilitados ou desclassificados – aplica-se o art. 48, §3º: prazo de 8 dias úteis para apresentação de nova documentação ou novas propostas (convite é facultada redução para 3 dias úteis).
Observação: PROCEDIMENTO DE JUSTIFICAÇÃO
Em casos de inexigibilidade ou dispensabilidade da licitação, no lugar desta, ocorrerá o “procedimento de justificação”, cujas regras se encontram previstas no art. 26 da Lei 8666. O art. 50, IV, da Lei 9784 determina que “os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório”.
Oportuno registrar que configura crime, apenável com pena de detenção e multa, “dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em Le, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inxegibilidade”, conforme art. 89 da Lei 8.666/93.
7.3 LICITAÇÃO DISPENSÁVEL x LICITAÇÃO DISPENSADA.
Dispensável: a lei autoriza (rol taxativo do art. 24) a não realização de licitação por critérios de conveniência ou oportunidade (ato discricionário). Na prática, é possível a licitação.
Dispensada (vedação): a própria lei (art. 17), dispensa a licitação, significando proibição ou vedação de licitação. Não há mérito a ser apreciado pela Administração, tratando-se, portanto, de ato vinculado – a Administração não poderá realizar licitação. 
( Licitação Dispensada (art. 17)
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
Inciso I - alienação de bens imóveis: dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
1. dação em pagamento
2. doação a outro órgão ou entidade da Administração. Cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário. 
3. permuta
4. investidura (alienação aos proprietários de imóveis fronteiriços)
5. venda a outro órgão ou entidade da Administração
6. alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública
7. procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976 (Processo Discriminatório de Terras Devolutas da União), mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; 
8. alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
8. alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitoslegais; (Incluído pela Lei nº 11.952, de 2009).
Observação: art. 17, § 2º da Lei 8666 (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 2o A Administração também poderá conceder título de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, quando o uso destinar-se:
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a localização do imóvel;
II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) módulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares).
Inciso II - alienação de bens móveis: dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos (licitação dispensada):
1. doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; 
2. permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; 
3. venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;
4. venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
5. venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
6. venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe. 
O consórcio público celebrado entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios também dispensará licitação, pois é órgão da administração indireta de todos os entes da federação consorciados (art. 6º, § 1º da Lei 11.107/05).
8) LICITAÇÃO E DIREITO AO CONTRATO
Concluído o procedimento com sucesso, a Administração, em princípio, está obrigada a contratar.
	
9) REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO DA LICITAÇÃO
Caso ocorra motivo superveniente, em razão do qual a Administração tenha justificativas de interesse público bastantes para não contratar, poderá, mediante ato fundamentado, revogar a licitação, assegurados, previamente, o contraditório e ampla defesa ao vencedor do certame, interessado em firmar solução contrária (art. 49).
Deverá anular a licitação em caso de ilegalidade, sendo que, caso o contrato tenha sido firmado, deverá indenizar o contratado pelo que ele houver executado, caso não lhe seja imputável o vício. 
10) CASUÍSTICA
LICITAÇÃO. SERVIÇOS GERAIS. COOPERATIVAS. Não há qualquer ilegalidade na vedação a que as cooperativas participem de licitação cujo objeto é a prestação de serviços gerais, visto que evidente a razoabilidade da medida como forma de garantir à Administração selecionar a melhor proposta sob todos os aspectos, notadamente o da prevenção à futura responsabilização pelo pagamento de débitos trabalhistas e fiscais. Entendeu a Relatora ser notório que tanto a legislação previdenciária quanto a trabalhista são implacáveis com os tomadores de serviços, atribuindo-lhes o caráter de responsáveis solidários pelo pagamento de salários e de tributos não recolhidos pela empresa prestadora dos serviços. A exigência do edital é razoável, pois preserva o interesse público tanto sob o aspecto primário quanto secundário. Também há acordos celebrados perante a Justiça do Trabalho pelos quais tanto a CEF quanto a União comprometeram-se a não contratar cooperativas para a prestação de serviços que impliquem existência de subordinação, como é o caso dos serviços gerais objeto da licitação, sob pena de multa diária. Há também orientação firmada pelo TCU, com caráter vinculante para a Administração Pública, vedando a participação de cooperativas em licitações que tenham por objeto a prestação de serviços em que se fazem presentes os elementos da relação de emprego. (REsp 1.141.763-RS, 18/08/2009)
� Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III.
� § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:  III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; �HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm" \l "art22"�(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)�
� Art. 67. Os contratos celebrados pela PETROBRÁS, para aquisição de bens e serviços, serão precedidos de procedimento licitatório simplificado, a ser definido em decreto do Presidente da República.
� Art. 54. A contratação de obras e serviços de engenharia civil está sujeita ao procedimento das licitações previsto em lei geral para a Administração Pública.
Parágrafo único. Para os casos não previstos no caput, a Agência poderá utilizar procedimentos próprios de contratação, nas modalidades de consulta e pregão.
� Obs.: O contrato de gestão e os serviços dele resultantes também podem ensejar dispensa de licitação. José dos Santos Carvalho Filho ressalta que tanto para firmar o contrato de gestão (qualificando-se juridicamente para contratar com a Administração), quanto para prestar os serviços resultantes do contrato de gestão, a licitação é dispensável.
Marçal Justen Filho considera que deve haver critério na pactuação do contrato de gestão, não podendo submeter-se exclusivamente à subjetividade do administrador qual a organização social a ser escolhida. Uma vez firmado, contudo, é dispensável a licitação para os serviços por ela prestados.
Mesmo entendimento foi manifestado pela 1ª Turma do STJ, no REsp 952.899/DF, da Relatoria do Min. José Delgado, publicado em junho de 2008: “A Lei n. 8.666/93 dispensa licitação para celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais qualificadas no âmbito das respectivas esferas do governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. Portanto, tal dispensa está amparada no referido artigo da mencionada lei.” * Mesmo raciocínio se aplica aos Termos de Parceria firmado com as OSCIP’s. O STF indeferiu liminar em 2007, na ADI 1.923/DF que questiona a constitucionalidade de tal dispensa.
� § 1o  Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
§ 2oNa hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

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