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Aula 01.MODELO DE INSTITUIÇOES

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1 
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
CURSO: Tecnólogo em Segurança Pública 
DISCIPLINA: Modelos e Instituições de Segurança Pública em Perspectiva 
Comparada 
 
CONTEUDISTA: Vívian Paes. 
 
 
Aula 1 – Culturas jurídicas: a common law e a civil law. 
 
Nesta aula serão apresentadas nesta aula as semelhanças e diferenças entre 
duas principais culturas jurídicas ocidentais e a importância da abordagem 
comparativa para compreendermos não só outros contextos como também para 
entendermos melhor a nós mesmos.Dirige-se ao estudo de como o Estado, suas 
instituições e seus agentes se organizam para reconhecer, propor uma leitura e 
administrar institucionalmente os conflitos. Descreve ainda as diferentes relações 
que as instituições e o Estado têm com a sociedade e a linguagem com as quais 
são feitos os processos para restituição dos fatos e punição das pessoas. 
 
Meta 
 
Apresentar a abordagem em termos de cultura jurídica e especificar algumas das 
principais características das culturas jurídicas presentes no mundo ocidental: a 
civil law e a common law. 
 
 
 2 
Objetivos 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
1. entender os principais contrastes entre as culturas jurídicas apresentadas; 
2. observar como a cultura jurídica informa como em diferentes contextos é 
produzido conhecimento sobre os fatos sociais; 
3. observar as formas como o Estado e os indivíduos podem influenciar as 
práticas de suas instituições; 
 
 
Introdução 
 
Vivemos em um mundo cada vez mais globalizado. As nossas relações 
pessoais e mesmo as relações entre diversos estados ultrapassam os antigos 
vínculos que nos uniam em uma mesma dimensão de tempo, espaço e território. 
As nossas ações estão vinculadas e têm consequênciaspara ações de outros, 
mesmo que não estejamos mais juntos em uma interação face a face. O 
fenômeno da internet, por exemplo, contribuiu para facilitar o fluxo de 
informação,ampliarmos o nosso espaço de interação e nos inserirmos em um 
mercado de dimensão global. Apesar das potencialidades, estamos lidando com 
novos desafios e novos problemas onde entender os nossos conflitos e direitos 
em relação ao dos outros é de grande importância. Eis alguns exemplos: 
 
1) As cortes penais internacionais fazem esforços em criar procedimentos 
penais comuns, mas seria este fruto da combinação de diferentes modelos 
jurídicos ou deveria se apoiar em apenas um desses modelos? Esse tipo de 
esforço aponta para a importância de conhecermos não apenas uma, mas 
várias formas de pensaro direito, a partir da observação das instituições, 
 3 
dos procedimentos e do corpo legislativo existente em diferentes estados 
nacionais (Breyer, IN: Garapon, 2008, p. xiv). 
 
Figura 1.1. Símbolo do Tribunal Penal Internacional (Tribunal de Haya) 
 
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tribunal_Internacional_de_Justicia_-
_International_Court_of_Justice.svg?uselang=pt-br 
 
2) Além disso, vemos operações policiais promovidas em conjunto entre 
instituições localizadas em distintos países afim de identificar suspeitos de 
crimes e a circulação de mercadorias e pessoas. Para tanto devemos 
também estar atentos para os distintos procedimentos e normativas que 
organizam outras experiências nacionais. 
 
Figura 1.2. Mapa dos países membros da Organização Internacional de Polícia 
Criminal, Interpol 
 4 
 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Interpol?uselang=pt-
br#/media/File:Map_of_the_member_states_of_Interpol.svg 
 
 
3) Por último, gostaria de chamar a atenção para as empresas multinacionais 
que estão em um mercado global e a importância de reconhecimento das 
distintas normativas nacionais que afetam a forma de contrato de trabalho e 
das normas regulatórias para a produção e circulação de mercadorias. 
Também destacar a importância da função desempenhada por alguns 
organismos para a promoção dos direitos dos trabalhadores a partir da 
reunião de governos, empregadores e trabalhadores oriundos de diversos 
países. 
 
Figura 1.3. Símbolo da Organização Internacional do Trabalho, OIT 
 5 
 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Flag_OIT.svg?uselang=pt-br 
 
Nesta aula será abordada a importância da comparação de diferentes 
culturas jurídicas. Fala-se em culturas, pois entende-se que existem traços 
referentes aos valores, sistemas de crenças e formas de organização social que 
podem aproximar ou distanciar asexperiênciasde algumas de nossas instituições 
jurídicas e políticas nacionais. Esta aula irá discutir estes pontos, tomando como 
base duas culturas jurídicas ocidentais e como estas se comportam em diferentes 
contextos. 
 
 
Equívocos e possibilidades da comparação 
 
A partir de agora apresentaremos a vocês as principais características de 
diferentes culturas jurídicas aos quais se associam diversos países ocidentais. 
Com isso, esperamos que nessas e nas aulas seguintes vocês sejam capazes de 
compreender aquelas características que nos assemelham, que apontam 
continuidades e que nos distanciam de outras experiências. 
É preciso ficarmos muito atento ainda para o fato de que nomes de 
instituições e institutos semelhantes podem ter significados muito diferentes 
dependendo do contexto político, cultural e normativo que organiza as nossas 
experiências na sociedade. 
 6 
Isso aponta para a dificuldade, mas não para a impossibilidade de 
comparação entre instituições que se localizam em distintos países no mundo. 
 
Equívocos 
Alguns autores apresentaram que alguns equívocos que devem ser 
evitados nesse empreendimento comparativo: a) deve-se evitar o risco de fazer 
generalizações errôneas ao falar que há continuidades entre instituições que 
sofreram descontinuidades ao longo do tempo; b) deve-se evitar ver apenas 
semelhanças, tentando identificar que os mesmos significados se encontram por 
trás das mesmas palavras, sem compreender que elas procedem de 
representações coletivas muito diferentes (Garapon e Papapoulos, 2008, pp.1-2); 
assim, os institutos não são equivalentes só porque tem nomes semelhantes (Kant 
de Lima. In: Garapon e Papapoulos, 2008); c) deve-se evitar fazer muitas 
comparações sem muito conhecimento contextual de fundo (Schulteis apud Paes, 
2013) d) por ultimo, chamo a atenção para evitarmosa transposição de 
experiências estrangeiras para a compreensão e resolução de problemas locais. 
 
Possibilidades 
Quanto às possibilidades proporcionadas pela comparação, vemos que: a) 
é importante que a gente contextualize as várias realidades investigando o 
significado que existe por trás das práticas e normativas políticas e jurídicas 
(Amorim, Kant de Lima e Teixeira Mendes, 2005, p. XII-XV apud Lima, IN: 
Garapon, 2008. p. ix); b) ter diferentes modelos em perspectiva, compreendendo o 
outro em suas aproximações e divergências com relação a nossa própria 
experiência, possibilita que possamos entender melhor a nós mesmos; c) o estudo 
de outros modelos também ajuda a compreender as possibilidades de 
transformação, de entender como é, como deve ser e em que se pode converter.” 
(Breyer, IN: Garapon, 2008 p. xiii); d) a comparação pode servir como uma 
unidade de controle dos casos, categorias, teorias, modelos e tipologias, impondo 
 7 
que o significado destas seja inserido nos contextos em que são produzidos 
(Paes, 2013). 
Também refere-se ao fato de que a comparação deve levar em 
consideração a natureza dos conflitos apresentados em cada contexto, além 
disso, também deve dar atenção a diferença dos procedimentos edos distintos 
significados que nomes parecidos possam ter. 
 
Justiça e Cultura 
A cultura jurídica não é uma amarra que dita, que constrange, paralisa e 
que seja um “monumento a ser celebrado”. Para Garapon, (2008, pp. 9-10)“a 
cultura estabelece a tela de fundo conceitual sobre a qual os debates passam a ter 
sentido. A cultura permite pôr a nu um fundo conceitual, descobrir um vocabulário 
para o qual ainda não existe dicionário, uma gramática que não julga 
prematuramente os enunciados, mas que possibilita o retraçar de sua gênese”. 
Esse mesmo autor propõe que possamos ver a cultura jurídica como uma 
forma de configuração do politico e como forma de produção de verdade. Quer 
dizer, a cultura jurídica pode ser percebida como forma de gestão das 
expectativas e dos conflitos dos que vivem e partilham experiências em uma 
comunidade e ao mesmo tempo a partir da forma como cada sociedade 
estabelece seus procedimentos de verdade, ditando não só os comportamentos 
interditos, mas prevendo os institutos e instituições encarregadas da 
administração dos mesmos. 
Um exemplo pode ser antecipado: Se para os franceses a República 
significa agir juntos, para os americanos a Constituição é o que permite que cada 
um aja por sua conta e que possa usufruir de sua liberdade” (Garapon, 2008, p. 
13) 
Vemos assim que algumas culturas jurídicas que enfatizam o bem comum, 
o viver juntos enquanto outras culturas jurídicas que privilegiam a liberdade 
usufruída por cada individuo. 
 8 
Países que pertençam a cada uma dessas culturas jurídicas têm diferentes 
regras, procedimentos e instituições legais e cada diferença nesses sistemas 
legais refletem sobre a influência secular sobre as condições intelectuais que 
enfatizaram a importância da soberania do estado ou encorajou ênfases 
nacionalistas nas características e tradições nacionais. Uma tradição legal não é 
um conjunto de regras e leis sobre contratos, corporações e crimes, embora cada 
regra reflita a essas tradições (Merryman, 1969, pp. 1-2). 
Por cultura jurídica entendemos, portanto, as atitudes, as crenças, as 
percepções e os valores comuns a um grupo de profissionais e instituições de 
direito. 
 
Atividade 1 
1) Discuta a relevância do estudo da cultura para a compreensão da 
configuração política e institucional em diferentes países. 
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ 
2) Com base na discussão apresentada, você acha que é possível 
importarmos experiências bem sucedidas de administração de conflitos 
que foram adotadas em alguns países para outros contextos? 
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ 
3) Como se diferencia a abordagem que parte da referência de traços 
culturais daquela que enfatiza a análise pela doutrinação? 
 9 
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ 
 
Resposta comentada: 
Para responder a essas questões, você deverá levar em consideração alguns 
elementos indicados nessa aula, como: a importância do direito comparado tendo 
em vista as nossas sociabilidades contemporâneas, os equívocos e possibilidades 
proporcionadas pelo recurso metodológico da comparação e o conceito de cultura 
jurídica. 
 
Culturas Jurídicas 
 
Nesta seção, serão apresentadas as principais culturas jurídicas ocidentais. 
Vou me ater detalhadamente à descrição de características de apenas duas delas. 
A primeiratem origem anglo-saxã, mas outros países como a Inglaterra, 
Estados Unidos, Austrália, África do Sul, India, e outras ex-colônias inglesas, 
partilham dessa cultura jurídica conhecida como commom law. 
A segunda surge no continente europeu em países como a França, Italia, 
Espanha, Portugal, entre outros, e hoje encontra-se disseminada na maior parte 
do ocidente em países que foram influenciados pelas tradições de direito de 
países do continente europeu, como exemplo, quase toda a América Latina 
partilha dessa cultura jurídica, a civil law. 
 
Figura 1.4.Mapa Mundi dos Sistemas Legais 
 10 
 
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:LegalSystemsOfTheWorldMap.png?usela
ng=pt-br 
 
Busca-se, a seguir, descrever algumas das principais características das 
culturas jurídicas de common law e civil law. Serão apresentados aqui alguns 
elementos que nos permitam identificar essas culturas jurídicas que serão 
descritas com mais detalhes nas próximas aulas. 
Para realizar essa descrição, me apoiarei principalmente nos estudos 
desenvolvidos por Kant de Lima e Garapon e Papapoulos, que realizaram uma 
análise das culturas jurídicas existentes em uma perspectiva comparativa entre 
Brasil e Estados Unidos e entre Estados Unidos e França. Vejamos as principais 
características dessas culturas jurídicas, conforme esses autores: 
 
Common law 
Conforme Kant de Lima (2009), essa cultura jurídica conhecida como 
common law, parte da perspectiva de que o direito é um saber local, quem faz a lei 
é a sociedade e não o Estado. 
 11 
Essa cultura produz um mínimo legislativo e dá ênfase aos antecedentes, 
quer dizer, às decisões práticas que já foram tomadas sobre casos semelhantes. 
Não é a lei o veículo do direito nos países que comungam da cultura jurídica da 
common law, mas são os processos de tomada de decisão sobre os casos 
concretos que produzem precedentes e vinculam as outras decisões de justiça. 
Para tanto, uma condição necessária para a produção dessa anterioridade do 
direito reside em colocar centralidade na importância da condução do processo 
com equidade. No centro do jogo está a ação coletiva do povo, constituída em ator 
por meio de seus representantes (Garapon e Papapoulos, 2008, pp. 23-25). 
Essa cultura jurídica predomina em países de tradição protestante, que 
concentra-se em observar a conduta cotidiana dos indivíduos. Mas a tradição 
politica que também organiza a cultura jurídica da common law apoia-se no 
desenvolvimento de um desenvolvimento de democratização das estruturas 
politicas locais, da construção de jurisdições locais e do avanço do poder real a 
partir da liberação do feudalismo na Inglaterra. Neste mesmo país, acompanhado 
do desenvolvimento da moral individualista, houve o desenvolvimento crescente 
do liberalismo que pode ser verificado a partir do estímulo à concorrência, à 
inovação técnica e ao dinamismo commercial. A Magna Carta Inglesa de 1215 
vincula o direito a participação à contribuição no enriquecimento coletivo. O direito, 
nessa cultura, visa estabilizar as relações em uma sociedade civil independente e 
mercantil (Garapon e Papapoulos, 2008, pp. 25-26). 
No modelo inglês do século XIX, as cortes reais tinham competência 
limitada e foram consideradas como tribunais de exceção. Assim, esse modelo da 
common law não estimula a centralização. A descentralização da justiça, 
promovida pela cultura jurídica da common law produz umdireito específico e 
aplicável a todos. Submeter uma questão às cortes reais não era considerado um 
direito e sim um privilégio que os indivíduos poderiam reclamar ao demandar que 
seu litigio deveria ser aceito para ser julgado (Garapon e Papapoulos, 2008, 
pp.27-28). 
 12 
É nesse contexto em que surge a importância do direito costumeiro 
valorizado pelos parlamentares ingleses em relação às pretensões absolutistas da 
monarquia. A common law representa, portanto, uma garantia política que ao 
assegurar liberdades fundamentais, protege os cidadãos da arbitrariedade do 
poder (Garapon e Papapoulos, 2008 p. 29). 
A common law assume contornos parecidos nos Estados Unidos. Nesse 
país, também produz-se uma legislação mínima, sendo a Constituição como o 
grande texto jurídico americano. Como não há um quadro legislativo de Direito que 
pretenda amarrar previamente todas as decisões, há uma grande abertura e 
flexibilidade do judiciário para com os contenciosos, o que faz com que a evolução 
da sociedade seja acompanhada de perto pelas decisões de justiça. Nessa cultura 
juridical é dada muita importância à argumentação produzida e aos elementos 
processuais dos julgamentos, é a partir dos julgamentos realizados com 
procedimentos que se consideram justos que se produz uma comunidade política 
de interpretação (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 31). 
Estamos aqui lidando com o seguinte repertório dos direitos: no modelo da 
common law, as pessoas percebem que tem direitos e que acionam o direito, elas 
não pensam que devem obediencia ou assumem uma forma passiva ao pensar 
que o direito deva ser outorgado pelo Estado. Nesse modelo, a verdadeira fonte 
do direito está no povo e não no Estado (Garapon e Papapoulos, 2008, pp. 31-32). 
 Assim, observamos que na common law a jurisprudência produzida pelos 
tribunais é a primeira fonte do direito. A cultura jurídica da common law 
fundamenta-se a partir da regra do precedente que é produzido não a partir de 
disposições legislativas, mas a partir de práticas. Isso quer dizer que existe uma 
flexibilidade no processo de tomada de decisões, mas que estas não são feitas tão 
livremente assim. Uma vez que uma decisão foi tomada, ela cria um catálogo de 
referências que podem ser repetidas em todos os casos com 
característicassimilares, em todas as jurisdições. Apesar da common law dar 
importância ao caráter historico do direito buscando dar atenção à decisões 
passadas, as regras podem ser continuamente precisadas na medida em que 
 13 
novos casos se apresentam. O papel da jusrisprudência seria não o de aplicar, 
mas de extrair regras do direito a partir dos casos que são apresentados à justiça. 
Nesse modelo, o direito corresponde à assimilação de uma técnica e de 
uma competência prática. O que importa é a administração da justiça e a forma 
como são definidas as regras do jogo a partir de uma referência comum 
compartilhada por todos os interessados, mas que possa ser suscetível de ser 
questionada pelos jogadores (Garapon e Papapoulos, 2008, pp. 37-40). 
Para esse mesmo autor, o judiciário nessa cultura funda a sua legitimidade 
na razoabilidade que as decisões detenham para todos os implicados. Segundo 
Garapon e Papapoulos, a forma como se ritualiza o processo em países de 
common law assemelha-se mais a um parlamento, pois a oralidade dos 
procedimentos e a importância do debate para a construção das versões sobre os 
fatos é promovida nesse sistema de direito. 
O procedimento criminal na tradição da common law é acusatorial (ou 
adversarial). Isso significa que a partir de uma acusação, os casos começarão a 
ser investigados publicamente e de forma transparente, com a participação da 
defesa do acusado que deve zelar pelos seus interesses. 
O desenvolvimento de uma força policial profissionalizada e do Ministério 
Público, para investigar o cometimento de crimes, reunir evidências, ter autoridade 
para julgar e conduzir o procedimento criminal em nome do Estado são 
desenvolvimentos relativamente recentes na common law (Merryman, 1969, p. 
138), onde o processo era concebido como sendo exclusivamente de iniciativa 
privada. Mesmo assim, é dada a oportunidade na fase pré-processual para que os 
indivíduos tomem parte e sejam sujeitos ativos dos processos. A abertura e o 
desenrolar dos processos estão nas mãos das próprias partes. 
No processo judicial da common law, a confissão é pouco útil enquanto 
evidencia e prova. A confissão representa apenas uma concordância explicita dos 
acusados com a acusação, tendo os fatos sido previamente negociados entre as 
partes. O reconhecimento da culpa pelo acusado é considerado apenas na fase 
pré-processual, pois faz com que o processo seja extinto e seja de imediato 
 14 
proposta uma medida negociada entre as partes. Se o acusado não admite a 
culpa e responsabilidade pelo que lhe imputam, ele exige o processo. Desse 
modo, o processo é percebido nessa cultura jurídica como um direito das pessoas 
provarem que são inocentes. Nesse modo de conceber o processo, também é 
dada a possibilidade de negociação do tipo penal pelo qual as pessoas vão ser 
acusadas, mediante uma declaração de culpa correspondente no qual as pessoas 
vão se responsabilizar apenas pelo ato categorizado no tipo penal que foi objeto 
anterior de negociação. Desse modo, os acusados declaram-se culpados ou não 
culpados. Declarando-se como não culpados, é realizado o processo com vistas a 
provar a inocência. Declarando-se como culpados é extinto o processo e proposta 
uma negociação tanto do “tipo penal” quanto da pena a ser aplicada. A justificativa 
é que, com isso, evitam-se muitos processos custosos e demorados (Kant de 
Lima, 2009). A escolha determina a continuação do processo(Garapon e 
Papapoulos, 2008, p. 50). 
Não é a verdade que se busca com tais práticas, pois o direito é objeto de 
uma negociação dos fatos e das penas a serem aplicadas. Garapon e Papapoulos 
(2008) informam que existem práticas de negociação entre a acusação e defesa 
para que essa aceite uma declaração de culpa em troca de algumas concessões 
do procurador. Estes autores apontam que o reconhecimento de culpa pode ser 
objeto de um acordo negociado entre o procurador e um acusado, com o acusado 
declarando-se culpado por uma infração menor, ou por uma das acusações, em 
troca de uma concessão, como uma pena menos severa ou do abandono das 
demais acusações. 
A partir das estatísticas disponibilizadas pelo Departamento de Justiça 
americano, Garapone Papadopulos apontam que 95% das questões em nível 
federal e 94% em nível estadual terminam com uma declaração de culpa seguido 
diretamente por uma pena (2008, pp. 52-53).Percebemos que o processo, nesse 
contexto, é excepcional e não sistemático. 
O domínio penal é profundamente marcado pelo modelo do contrato 
regulado administrativamente, pois as partes entram em uma transação com 
 15 
vistas a melhorar a situação de pelo menos uma das partes, sem agravar a 
situação da outra (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 56). Havendo processo, 
porém, tanto acusados quanto testemunhas devem ser questionadas afim de 
produzir evidências sólidas, verificar sua credibilidade e verificar a veracidade das 
teses ao esgotar todas as hipóteses de entendimento do conflito. Trata-se de 
veracidade e não verdade, porque a ênfase é na ideia de uma coerência, de uma 
argumentação que “se comporta bem” (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 81) e que 
relativiza a verdade (op. cit., p. 93). 
Em common law o princípio do contraditório que exige que as partes 
tenham um acesso legal e concomitante a toda informação pertinente para o 
processo se aplica a todos os estágios do processo, o acusado precisasaber da 
acusação para fazer a contradita. Revela-se para o acusado o conteúdo da 
acusação para que ele reconheça ou não os fatos e realize a contradita 
(apresentação demonstrativa que apresenta com evidências e testemunhas outras 
versões sobre os fatos) de forma plena. A partir dessa lógica demonstrativa, as 
pessoas lembram que existem outras versões e vão concordando sobre os fatos, 
o que limita as decisões dos juízes. 
Assim, “o que caracteriza a cultura adversativa de common law, o que 
ilumina o princípio do contraditório é que o controle do processo, que cabe ao 
Ministério Publico e ao Juiz nas culturas continentais, é aqui confiado quase 
integralmente às partes e a seus advogados” (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 
94). A estas é concedida a possibilidade de negociação da culpa com vistas a 
acelerar as respostas, diminuir os custos da justiça e diminuir os processos. 
 
Civil law 
A cultura jurídica da civil law é construída na confluência de outras muitas 
tradições. Entre as principais, destaca-se o direito romano e a lei canônica. 
O direito civil romano era a lei universal do Império, diretamente associado 
com a autoridade do imperador.No século XIX, vários estados da Europa ocidental 
adotaram códigos civis (e outros códigos), criando codificações centralizadas no 
 16 
poder central. A Igreja Católica Romana construiu um corpo legal e processo com 
vistas a seu próprio governo e para regular os direitos e as obrigações dos seus 
comungantes, criando uma lei universal do domínio espiritual, diretamente 
associada com a autoridade do papa (Merryman, 1969, pp. 11-12). Assim, a 
ênfase neste modelo consiste menos nas liberdades individuais do que na ideia de 
universalidade, centralização, hierarquização, autoridade doutrinal, verdade 
doutrinal (Garapon e Papadopulos, 2008, pp.101-102). 
O nacionalismo é um outro aspecto da glorificação do Estado por essa 
cultura jurídica. O objetivo é que um sistema legal nacional que poderia expressar 
ideais nacionais e a unidade da cultura nacional (Merryman, 1969, p. 19). 
O judiciário, nessa cultura jurídica, funda sua legitimidade em uma 
racionalidade abstrata. Na civil law, a lei é a primeira fonte do direito. A lei é o 
edifício legislativo que constitui o direito. Trata-se de um modelo fortemente 
codificado, que organiza as suas disposições e as reagrupa em um conjunto 
exaustivo que se pretende racional. O código, ao tentar prever todas as decisões e 
conflitos possíveis, assume a forma de espelho de uma pólis harmoniosa. Para os 
cidadãos, é um material ao qual ele possa referir-se, para o juiz, é um guia para 
conceber através da legislação e seus princípios, a intenção legisladora. Em 
geral, na civil law há uma ocultação dos juízes, já que esses são percebidos 
apenas como porta-vozes das leis (Garapon e Papapoulos, 2008). 
No modelo da civil law, a aprendizagem do direito reside na assimilação de 
uma teoria, de um conjunto de princípios ou de regras de fundo. Há um desprezo 
em relação aos procedimentos – esses,tão valorizados no modelo da common law 
– e os profissionais que são valorizados não são aqueles que operam o direito no 
cotidiano dos tribunais, mas aqueles profissionais que são considerados como os 
verdadeiros juristas, gozando de grande prestígio são os professores 
universitários e doutrinadores (Garapon e Papapoulos, 2008). 
Além disto, não é dado neste modelo possibilidade de negociação do 
conteúdo dos conflitos aos agentes privados, a justiça é do Estado e deve ser 
administrada exclusivamente por seus funcionários.Há uma desconfiança com 
 17 
relação aos atores privados e o reconhecimento do monopólio de verdade ao 
Estado (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 41). O Estado de direito surge da 
administração e o funcionário é quem detém a autoridade (Garapon e Papapoulos, 
2008, p. 27).Os atores dos processos são mais os especialistas do que os 
indivíduos envolvidos nos conflitos. Entende que “os julgamentos técnicos, 
efetuados por magistrados, sejam melhores do que julgamentos realizados por 
pessoas comuns, que não tem acesso a um saber jurídico especializado e que, 
portanto, seriam dotadas de uma razoabilidade subalterna” (Kant de Lima, 2009) 
Vemos, assim, que algumas das características principais da cultura 
juridical da civil law consiste em tratar a lei como sagrada. Essa lei é 
eminentemente política, pois a sociedade deve ser organizada do exterior, de 
cima, por uma vontade política que lhe dê forma. Nesse modelo, a atividade 
legisladora é dissociada da função judiciária, um dá a lei e outro diz a lei. Há uma 
distância entre a criação e a aplicação das normas, entre o direito anunciado e as 
práticas vivenciadas, mas o direito reserva-se ao papel de dizer o ideal. A lei tem 
um caráter simbólico e abstrato. O projeto do direito é fazer corresponder o real 
com um mundo ideal definido por regras coerentes (Garapon e Papapoulos, 2008, 
pp. 37-40). 
Nessa cultura, não há nenhum crime ou pena sem uma legislacao 
correspondente (Merryman, 1969, p. 133). Em países de civil law há um divórcio 
possível entre legislação e direito, criando uma cisão entre a elaboração legislativa 
e a aplicação do direito (Kant de Lima, 2009). Há uma separação dos poderes e é 
considerado de fundamental importância para o governo democrático estabelecer 
e manter uma separação dos poderes, em especial, mantendo o legislativo e o 
executivo separado do poder judiciário (Merryman, 1969, p. 16) 
A investigação é de competência da polícia e a chave da evidência e da 
exatidão dos processos concentra-se mais na produção de documentos do que no 
processo de investigação (Goldstein e Marcus, 1978). 
O procedimento criminal na cultura jurídica da civil law é inquisitorial. A 
tradição inquisitorial representa uma evolução quanto ao sistema baseado nas 
 18 
vinganças privadas. Busca eliminar ou atenuar afigura do acusador privado e 
atribui esse papel a funcionários públicos. O juiz é convertido deum árbitro 
imparcial para um inquisidor ativo que é livre para buscar provas e controlar a 
natureza e os objetivos do inquérito. Agora, o litígio é entre os acusado e o 
Estado. O individuo infringe as leis estatais e não entra em conflito apenas com 
outro indivíduo. Historicamente, os processos inquisitoriais tendem a ser secretos 
e escritos ao invés de serem públicos e orais. O desequilíbrio resultado do poder, 
combinado com o sigilo do procedimento escrito cria o perigo de um sistema 
opressivo, em que os direitos do acusado podem ser facilmente abusados 
(Merryman, 1969, p. 135). 
Na civil law, a ação penal é uma ação do Estado contra o indivíduo 
acusado. Os procedimentos devem ser escritos e secretos. Na fase inquisitorial, 
os acusados ainda não tem direito a um advogado. O juiz não limita-se ao papel 
de um árbitro imparcial, mas desempenha um papel ativo no processo, determina 
seu escopo e sua natureza (Merryman, 1969, p. 136). 
O procedimento penal típico no mundo da civil law pode ser caracterizado 
por três fases: a fase de inquérito, a fase de instrução e a fase de julgamento. A 
fase de investigação é desenvolvida pela polícia, e, em muitos países que 
partilham da cultura jurídica da civil law, a investigação policial é realizada muitas 
vezes com a direção do Ministério Público, quando não pelos juízes de instrução. 
A fase de instrução é predominantemente escrita e não pública, nesta, verifica-se 
a observância dos procedimentos. Se, nessa fase de instrução conclui-se de que 
houve crime e de que o acusado é o autor do crime, o caso, em seguida, é 
encaminhado para julgamento. Se o juiz nessa fase de instrução se convencer de 
que nenhum crime foi cometido ou que o crime não foicometido pelo acusado, o 
caso não vai a julgamento. (Merryman, 1969, p. 137). 
Assim, na fase de instrução há um trabalho de pré-construção da causa e 
que constituirá durante toda a duração do processo a referência dos debates. Os 
debates só podem ser feitos sobre os elementos que estão escritos no processo. 
Os juízes que presidem a fase de instrução acolhe as observações dos advogados 
 19 
e integra os dados que vão eventualmente contra a sua visão dos fatos, mas estes 
são situados em uma trama principal à qual eles vêm se articular (Garapon e 
Papapoulos, 2008, p. 92). 
O processo, nessa cultura jurídica, não busca consensualizar os fatos. Há 
uma primeira fase inquisitorial em que se visa provar que o suspeito é o culpado. 
Em seguida, quando os procedimentos são encaminhados à justiça, é garantido o 
acesso das partes aos autos e iniciado o contraditório. Mesmo assim, as partes 
não tem chances iguais para a construção da sua argumentação, são privilegiados 
nesse modelo os discursos de acusação. 
Através da lógica do contraditório, as partes envolvidas no processo 
produzem dissensos infinitos a fim de que os fatos e as provas sejam 
determinados pela autoridade interpretativa do juiz, que vai escolher entre os 
vários indícios apresentados quais os convencem e quais não(Kant de Lima, 
2009). 
O contraditório só aparece na cultura jurídica de civil law como uma etapa 
do processo. O momento público das audiências de julgamento parecem 
secundáriasse levarmos em consideração a fase preparatória amplamente 
controlada pelo juiz (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 87). 
Como inicialmente o que se tem é uma etapa inquisitorial (os indivíduos não 
sabem do que estão sendo acusados) sem revelar o conteúdo da acusação, os 
acusados tem que adivinhar do que estão sendo acusados. No Brasil, 
frequentemente, isto faz com que se busque promover nas audiências a 
desqualificação da pessoa e do argumento da pessoa que o acusou. Produzem-se 
teses diferentes e nunca convergentes sore os conflitos e confere-se a uma 
autoridade o papel de determinar o fato. Mesmo que as pessoas concordem com 
o crime, os juízes podem continuar e buscar a “verdade real” dos fatos. 
Segundo Garapon e Papapoulos (2008, p. 89) o princípio 
contraditórioassume formas atenuadas na cultura continental. Na França, o 
sistema francês sente a necessidade do contraditório para a qualidade da justiça, 
masinternaliza amplamente essa dimensão acusatória. A atitude da defesa neste 
 20 
contexto, limita-se a“apresentar um discurso de oposição radical, ironizar, lançar 
confusão sobre a versão da instrução e raramente propor desde o início uma outra 
versão dos fatos, uma outra forma de relatar, já que não dispõe de meios 
processuais” (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 92) para a produção da verdade. 
Com o processo, pretende-se na cultura jurídica da civil law estabelecer a 
verdade dos fatos, o juiz controla a elucidação dos fatos e a aplicação do direito, 
acumulando a parte decisória e o aspecto técnico dos procedimentos, dispondo de 
um domínio total sobre o relato do crime. Daí a importância capital de que se 
reveste o tema da consciência do juiz no âmbito dos países que partilham da 
tradição jurídica da civil law (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 126). 
No que concerne ao papel concedido aos juízes, observa-se que os juízes 
no modelo da civil law são apenas os porta-vozes das leis, “o juiz é tão-somente o 
instrumento, o servidor de uma infinidade de textos e de regulamentações” 
(Garapon e Papapoulos, 2008, p. 35). “Na cultura de civil law julgar não é um ato 
criativo, a interpretação de uma regra, mas uma estrita aplicação da lei (...). 
Supõe-se que toda causa julgada pela justiça já tenha sido julgada pelo código, de 
que o juiz não é senão o porta-voz” (Garapon e Papapoulos, 2008, p. 136). “O 
poder do juiz francês vem, entre outras coisas, da distância inevitável que separa 
o universo das leis e o mundo vivenciado. (...) também oferece uma ampla 
margem de manobra ao juiz: o poder de aplicar ou não a lei, o poder de escolher a 
norma”(Garapon e Papapoulos, 2008, p. 140). 
Ao finalizar essa aula, gostaria de chamar a atenção que esse tema não 
encontra-se esgotado. Retomaremos a uma maior descrição dessas culturas 
jurídicas associando-as a diferentes contextos nacionais nas aulas seguintes. 
Nestas, veremos ainda que uma mesma cultura jurídica pode ser interpretada e 
apropriada de distintas maneiras. 
 
Atividade Final 
1) Ao analisar as principais culturas jurídicas do ocidente, observamos que a 
forma como os países que partilham da cultura jurídica da civil law e da common 
 21 
law lidam com o sigilo e a publicidade das acusações para o interessado é distinta. 
Descreva estes aspectos. 
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2) Avalie criticamente a forma como são estabelecidos os fatos jurídicos na cultura 
jurídica da civil law e da common law. 
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Resposta comentada 
Para responder a essa questão, o aluno deverá estar atento ao conteúdo tratado 
ao longo da aula e destacar como sigilo e publicidade informam diferentes 
maneiras de produção da verdade sobre os fatos. 
 
 22 
Conclusão 
A conclusão a que chegamos nesta aula é que a forma como é concebida a 
justiça, suas instituições e procedimentos varia de acordo com diferentes 
contextos. Além disso, que duas são as principais culturas jurídicas existentes no 
ocidente. A descrição das características dessas culturas informam alguns pontos 
de contato e contraste, mas devemos estar atentos à forma como essas se 
traduzem em diferentes experiências nacionais. 
 
Resumo 
A decorrer desta aula, foi apresentada a importância da comparação entre 
diferentes culturas jurídicas, tendo em vista em que vivemos em um mundo no 
qual nos é demandada cada vez mais uma interação não local, mas internacional. 
A partir disso, foram abordadas as possibilidades e desafios da comparação bem 
como o conceito de cultura jurídica. 
O último tópico apresentou as principais características de duas principais 
culturas jurídicas ocidentais: a common law e a civil law. Entre outras 
características, esquematizarei algumas delas na tabela abaixo: 
 
CIVIL LAW COMMON LAW 
Justiça como serviço público Justiça aberta à ação das partes 
Escrito Oralidade 
Segredo Publicidade 
Primazia das leis Jurisprudência produzida na pratica 
Lei é a fonte primeira do direito Jurisprudênciaé a primeira fonte do 
direito 
Direito estatal. O Código é espelho de 
uma pólis harmoniosa. 
Regra do precedente. O direito é uma 
prática 
Concentração Descentralização 
Inquisitório Acusatório 
 23 
Formas contraditór ias de busca pela 
verdade real é prevista apenas em uma 
etapa. Apoia-se no dissenso 
Princípio do contraditório. Aderem a 
formas adversariais de busca da 
veracidade, promovendo consensos 
Aprendizagem do direito reside na 
assimilação de uma teoria 
Aprendizagem do direito reside na 
assimilação de uma técnica, de uma 
competência prática 
Grande figura do jurista: professor 
universitário e doutrinadores. 
Grande figura do jurista: o juiz 
profissional 
Ênfase na visão clerical da norma Ênfase nas regras do Jogo 
A sociedade deve ser organizada do 
exterior, de cima, por uma vontade 
política que lhe dê forma. 
A regra não é a expressão do soberano, 
mas uma referência comum. 
 
O direito deve dizer o ideal. A lei informa possibilidades, não é 
objeto de deferência 
. Direito beneficia mais os especialistas 
que os atores 
Caminha junto com a sociedade de 
iniciativa privada 
 
O projeto do direito é fazer 
corresponder o real com um mundo 
ideal definido por regras coerentes 
Direito é feito para os atores sociais 
para os quais é mais importante 
oferecer pontos de referência do que 
regras precisas 
Direito proibitivo Direito facilitador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
Referências Bibliográficas 
 
GARAPON, Antoine e PAPAPOULOS, Ioannis. Julgar nos Estados Unidos e na 
França: cultura jurídica francesa e a common law em uma perspectiva 
comparada. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2008. 
GOLDSTEIN, Abraham S. e MARCUS, Martin. Comment on Continental Criminal 
Procedure. In: The Yale Law Journal, Vol. 87, No. 8 (Jul., 1978), pp. 1570-
1577. 
KANT DE LIMA, Roberto. Sensibilidades jurídicas, saber e poder: bases 
culturais de alguns aspectos do direito brasileiro em uma perspectiva 
comparada. IN: Anuário Antropológico/2009 - 2, 2010: 25-5 
MERRYMAN, John Henry. The Civil Law Tradition: an introduction to the legal 
systems of Western Europe and Latin America. Stanford, California: Stanford 
University Press, 1969. 
PAES, Vivian. Crimes, Procedimentos e Números: estudo sociológico sobre a 
gestão dos crimes na França e no Brasil. Rio de Janeiro: Garamond, 2013. 
 
 
Informações sobre a próxima aula 
A polícia e as técnicas de policiamento tem um papel central no debate sobre a 
possibilidade de desenvolvimento de políticas de segurança pública visando o 
controle social e a manutenção da ordem nas sociedades democráticas. As 
próximas aulas irão revisar a literatura recente sobre a instituição policial e as 
técnicas de policiamento em perspectiva comparada. Serão apresentados os 
estudos brasileiros sobre o tema bem como trabalhos versando sobre instituições 
policiais em outros países ocidentais. Especial destaque será dado aos temas do 
papel da polícia, da arbitrariedade e discricionariedade policial, da efetividade das 
práticas policiais com relação ao discurso que informam suas atividades, de 
aspectos que informam a sua organização. 
	CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA
	DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
	Aula 1 – Culturas jurídicas: a common law e a civil law.
	Meta

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