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1 CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CURSO: Tecnólogo em Segurança Pública DISCIPLINA: Modelos e Instituições de Segurança Pública em Perspectiva Comparada CONTEUDISTA: Vívian Paes. Aula 2 – Modelos de polícia em países de língua inglesa O que é a polícia? Quais funções e papéis a polícia deve ter? Que direitos deve esta instituição promover e defender? Como são definidas as responsabilidades dos agentes destas instituições? Quais as estratégias de policiamento e seus efeitos no controle da criminalidade? Todas as instituições policiais agem e são definidas da mesma forma? Nesta e nas próximas aulas dessa disciplina serão abordadas essas questões, focalizando como as instituições policiais são concebidas e quais as suas práticas em vários países ocidentais. Para isso, serão apresentados estudos sobre as polícias de vários países ocidentais. Iniciaremos aqui com a exposição de obras reconhecidas sobre a polícia e o policiamento na Inglaterra, nos Estados Unidos e teremos os exemplos de outros países. Com isso, pretendemos familiarizar os alunos com a pluralidade de formas e práticas institucionais de policiamento, bem como sensibiliza-los quanto a origem das formas de controle social institucionalizado nas democracias contemporâneas. 2 Meta Apresentar o histórico das instituições e modelos policiais e de policiamento em alguns países de língua inglesa, em especial, a Inglaterra e os Estados Unidos. Familiarizar os alunos com alguns debates chave referentes ao trabalho policial. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 1. conhecer um pequeno histórico da polícia em países de língua inglesa; 2. diferenciar o controle social difuso e o controle social institucionalizado; 3. diferenciar as práticas de policiamento dos modelos de instituições policiais; 4. considerar como diferentes formas de controle e avaliação podem influir numa melhor aperfeiçoamento das práticas policiais. Pré-requisitos Antes de iniciar a leitura desta aula, solicita-se que os alunos dominem o conteúdo administrado na aula anterior referente aos diferentes modelos jurídicos ocidentais, quais sejam: a civil law e a common law. Introdução A temática do controle social e do policiamento é muito mais ampla do que atentar para as instituições policiais. Quando falamos de controle social, devemos estar atentos que existem diversas formas de controle que uns fazemos com 3 relação ao comportamento dos outros. Por exemplo, quando fazemos ironias ou fofocas sobre o comportamento de alguém, demostramos que reprovamos determinadas atitudes e não outras. A avaliação sobre os comportamentos depende, neste sentido, da avaliação moral que fazemos com relação aos outros e essa moralidade varia não só de um contexto a outro, mas varia de acordo com o grupo que pertencemos, podendo haver mesmo variações individuais. Uma das principais diferenças da avaliação e controle social difuso sobre os comportamentos dos outros e o controle social institucionalizado sobre o comportamento das pessoas vivendo juntas em uma comunidade política, é que nesta ultima supõe-se que existam comportamentos previstos em regulamentos como não adequados e que o conhecimento sobre o que nos é autorizado ou não fazer em determinadas sociedades é de conhecimento público e não é objeto de uma avaliação particularizada. Além disso, para a existência desse controle social institucionalizado, é preciso a previsão de instituições onde existam modelos onde seus profissionais tenham funções e procedimentos de atuação bem definidos e regulamentados. Assim, não só o comportamento não desejado e sua possível punição é objeto de regulamentação, como os procedimentos que devem ser levados a cabo pelas instituições a fim de identificar esses comportamentos, punir as pessoas responsáveis e dar respostas às vítimas, também estão previstos e normas e são objetos de controle. As instituições e seus agentes são sistematicamente submetidas a controle interno e externo, seja este realizado por outras instituições como ouvidorias, a justiça, a imprensa, pelos indivíduos que entram em contato com essas instituições e sociedade civil organizada. Por ultimo, destacamos que o exercício do controle social existe em todas as sociedades humanas, mas que a polícia enquanto corpo organizado de profissionais que tem obrigações e responsabilidades especificas, como exemplo, no âmbito do controle da criminalidade e manutenção da ordem, é uma criação 4 dos dois ou três últimos séculos (Bradford e Jackson, 2011). A origem dos principais modelos policiais que encontramos no mundo ocidental remonta à França e à Inglaterra do século XVIII, com grandes diferenças sendo identificadas como ponto de partida adotada em cada um desses dois países. Desde então, a polícia tornou-se uma instituição pública importante na maior parte dos países do mundo (Bradford e Jackson, 2011). Vejamos algumas definições sobre o que é a polícia. Segundo Bayley, a polícia constitui em um conjunto de “pessoas autorizadas por um grupo para regular as relações interpessoais dentro desse grupo através da aplicação da força física” (Bayley, 2006, p. 20). Robert Reiner apresenta uma definição de polícia referindo-se a um tipo particular de instituição social enquanto policiamento implica um conjunto de processos com funções sociais específicas (Reiner apud Carrabine et alli, 2004, p. 270). Sendo assim, policiamento é um termo mais amplo que engloba diferentes práticas de controle exercidas pela sociedade, pelas organizações policiais e por demais instituições. Dado que a polícia tem suas atividades voltadas ao exercício da autoridade e à regulação dos conflitos na sociedade, suas atividades são por vezes controversas e contestadas. A instituição policial tem como principais funções a ideia de manutenção da ordem ou administração da cidade pelo estado. A estas instituições, são autorizadas e legitimadas a adoção de práticas de controle e de policiamento, dentro dos limites regulamentares estabelecidos pelo estado. No entanto, a forma como cada estado relaciona-se com essas instituições pode assumir conotações bastante diversas. Vejamos a seguir, a forma como a instituição policial foi concebida na Inglaterra. A Polícia Inglesa Na Inglaterra, as origens históricas da polícia testemunham a resistência a criação de uma polícia padronizada que pudesse ser replicada e exercer suas atribuições em todo e qualquer contexto. Nos séculos XVIII e XIX, uma iniciativa 5 de aumento da tributação fez com que a ideia da introdução de uma forca policial foi rejeitada pelos parlamentares cerca de cinco vezes. Havia resistência da adoção de um modelo policial tal como o adotado em outros países do continente europeu, concentrado no poder monárquico. No entanto, a ideia do desenvolvimento de uma força pública submetida a controles também locais foi se sustentando até que o Parlamento em 1829 estabelecesse por lei a fundação da Policia Metropolitana seguindo um modelo profissional e uniformizado visando realizar o policiamento preventivo nas ruas em contraste com as pequenas forças desorganizadas e descentralizadas até então existentes. Essas forças civis eram subordinadas aos comitês locais e cobriam quase todo o país, com exceção da cidade de Londres (Carrabine et alli, 2004, p. 271). Para evitar qualquer suspeita de que tratava-se de um modelo militarizado, o uniforme da polícia foi cuidadosamente escolhido: os novos policiais andavam desarmadose portavam ternos azuis de corte civil cos botões de metal onde havia a inscrição “polícia” e cartolas, estes eram os únicos sinais que identificava-os como força policial (Lyman, 1964, p. 152). Desde a criação dessa polícia o seu caráter civil foi enfatizado: serviço público, autocontrole e a importância de ganhar a confiança do público foram de suma importância (Lyman, 1964, p. 153). Estima-se que as forças locais foram adotadas inicialmente em 178 cidades e seu número cresceu de forma constante, em 1851, haviam cerca de 13.000 policiais na Inglaterra e no País de Gales (fonte: http://www.parliament.uk/about/living- heritage/transformingsociety/laworder/policeprisons/overview/metropolitanpolice/). Esta lei foi a base para a criação de uma das primeiras forças policiais modernas com as seguintes características: a polícia personifica o poder coercitivo do estado, regulando as atividades cotidianas das pessoas ao exercer as funções de patrulha e vigilância (Carrabine et alli, 2004, p. 271). Os esforços policiais deveriam dirigir-se a manutenção da segurança das pessoas e dos bens, à preservação da tranquilidade pública, na detecção dos crimes e na punição dos infratores uma vez que os crimes foram cometidos. Foi ressaltado, todavia, que a 6 ausência dos crimes seria considerada a melhor prova da eficiência da polícia, e não a produção de maior quantidade de detenções (Lyman, 1964, p. 153). A polícia britânica passa a ser avaliada principalmente pelos crimes que foram evitados e não apenas por ações reativas uma vez que os crimes foram cometidos. Inicialmente voltada para a prevenção do crime, essa polícia teve seu poder ampliado para outras formas de regulação da vida citadina. Nem todo setor da sociedade foi atingido da mesma maneira, pois os problemas sociais gerados pelos processos de industrialização, crescimento da população e urbanização acelerada foram utilizados como estopim para a criação de novos poderes legislativos, regulamentos e estatutos como o de comércio de rua que visavam controlar determinados grupos sociais em especifico que estavam na base da pirâmide social, como os sem teto, os sem trabalho, os mendigos, os vendedores ambulantes, as prostitutas (Carrabine et alli, 2004, p. 271-272). Assim, vemos que as expectativas de controle e policiamento não atingiam a toda sociedade da mesma maneira. Aliada às práticas policiais de manutenção da ordem, encontramos uma polícia cuja função simbólica visa representar e reforçar os valores dominantes em uma determinada sociedade. A introdução do patrulhamento de rua levou aos aumento do número de detenções por delitos menores geralmente associados a desordens urbanas, como embriaguez e jogos de azar (Storch, 1976 apud Carrabine et alli, 2004, p. 272). Inicialmente, a polícia inglesa não foi bem recebida pelo público, mas foi ganhando receptividade ao longo do tempo. O pós-guerra foi o ponto alto do apoio e da crença no policiamento público. A imagem acolhedora do prestativo e admirado bobby britânico estava presente na opinião pública e foi retratada em séries de televisão inglesas como Dixon of Dock Green (transmitido em 1855- 1976 na BBC) (Carrabine et alli, 2004, p. 272). A polícia inglesa é mundialmente reconhecida pela sua receptividade com o público e por não utilizar armas letais em suas atividades de policiamento, sendo a confiança que as pessoas depositam na polícia um importante critério utilizado para a avaliação constante do trabalho 7 policial. Esta é uma polícia que leva em consideração a imagem que provoca no público como um importante critério para a avaliação de suas atividades, sendo levado até hoje em consideração em varias edições do British Crime Survey ( ver http://www.crimesurvey.co.uk). Autores ressaltam que o papel da policia vai além do simples fato de perseguir e prender os indivíduos que cometeram delitos. A policia pode influenciar seus cidadãos – os mesmos que são policiados – de uma maneira mais consensual e menos frontal: aprofundando sua legitimidade pelo respeito das regras da justiça e dos procedimentos, a polícia pode ser pedagógica e ensinar os cidadãos que é moralmente bom respeitar as leis. Nesse ponto, o Reino Unido é um exemplo interessante. Sob a forma dos dois símbolos mais importantes, o do Bobby que faz a sua ronda e o do Scotland Yard, o lugar importante da policia na vida politica e social britânica parece assegurada (Bradford e Jackson, 2011, p. 2). Segundo esses mesmos autores, as pesquisas mostram frequentemente que mais da metade das pessoas pesquisadas julgam que os policiais fazem um excelente ou um bom trabalho, estando entre as instituições que os cidadãos britânicos mais depositam confiança (Bradford e Jackson, 2011, p. 3) Ao analisar as atitudes do público para com a policia na Inglaterra e País de Gales, o Crime Survey de 2011/2012 (http://www.ons.gov.uk/ons/dcp171778_289210.pdf) apontou como resultado que 62% dos adultos acreditam que a polícia em sua área local estavam fazendo um trabalho bom ou excelente, e isso ocorreu por conta de uma maior visibilidade dos policiais em patrulha a pé. Historicamente, e no contexto contemporâneo a imagem pública da polícia tem sido predominantemente associado ao da luta contra o crime. Entretanto, entre ouras tarefas, as funções primárias da polícia envolvem a prevenção do crime, a detecção de criminosos e a preservação da ordem (Carrabine et alli, 2004, p. 276). 8 Na prática, uma boa parte do trabalho da polícia refere-se a resolução de problemas cotidianos e não referem-se diretamente à criminalidade. Uma boa parte do tempo da polícia é gasto cumprindo tarefas que não envolvem o controle do crime, mas em negociar conflitos e responder a uma gama de situações urgentes para as quais se demanda a intervenção dos policiais. De fato, muitos estudos clássicos desenvolvidos nos anos 1960 e 70 sobre o papel da polícia nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha identificam que a polícia atua como um serviço social aberto vinte e quatro horas (Carrabine et alli, 2004, p. 277). A elucidação de crimes também é um importante critério levado em consideração para a avaliação do trabalho da polícia britânica. Em 2002/2003 as taxas de elucidação variaram de 16% para roubo e receptação, 50% para crimes violentos cometidos contra a pessoa e 93% para delitos envolvendo drogas (Simon e Dodd, 2003 apud Carrabine et alli, 2004, p. 277). Um dos mais importantes autores sobre a polícia em países de língua inglesa relata que os principais critérios de avaliação do desempenho policial não devem ser o combate ao crime, pois não é possível confiar nas informações exatas sobre os crimes efetivos cometidos na sociedade - as estatísticas dão conta apenas dos crimes levados a conhecimento e relatados à polícia - , mas também devem ser levados em conta como critérios importantes para a avaliação do trabalho policial : a prevenção do crime, a melhoria da sensação de segurança pública; o respeito a lei; a ausência de comportamento imoral; a criação de confiança pública, a abertura da instituição a controle qualificado, a capacidade que a instituição tem de resolver problemas gerais, a proteção da integridade dos processos políticos e o tratamento igualitário que seus profissionais dedicam aos cidadãos (Bayley, 2006, p. 30). As estatísticas criminais da Inglaterra e Pais de Gales, recentemente divulgadas em julho de 2014 (http://www.ons.gov.uk/ons/dcp171778_371127.pdf), apontam como principais resultados um aumento do número de registros de crimes pela policia. Ao confrontar os dados oficiais produzidos por estas instituições e as pesquisas de vitimização(pesquisa que informa se as pessoas 9 foram ou não vítimas de crimes e se notificaram ou não o crime de que foram vitimas e por quais razões, entre outros assuntos), observa que reduziu o numero de fatos que não chegam a conhecimento da policia. Uma das consequências observadas é o impacto de uma melhor conformidade dos padrões de registro de crimes e não necessariamente o resultado do aumento da criminalidade. Segundo o relatório, este aumento está relacionado com o efeito de uma campanha recente para que mais vitimas de ofensas sexuais sejam estimuladas a registrar os crimes nas policias e ao fato de que foram produzidas maior conformidade das formas de registro em algumas forças policiais (Office of National Statistics, 2014, p. 2, 10, 44 e 48). Tabela 2.1. Tendências de registro de crimes pela polícia e pesquisas de vitimização, 1981-2013 Fonte: OFFICE OF NATIONAL STATISTICS. Statistical Bulletin. Crime in England and Wales, Year Ending March 2014, p. 3. Disponível em: http://www.ons.gov.uk/ons/dcp171778_371127.pdf , consulta em 28 de outubro de 2014. 10 Nesta tabela, as colunas representam as estatísticas da criminalidade oriundas dos registros policiais e a linha representa a evolução dos resultados das pesquisas de vitimização em uma série histórica. Ao comparar estas diferentes informações, sempre encontramos a informação de que existem mais crimes que as pessoas informam ser vitimas do que aqueles oficialmente registrados. Assim, nem todo crime que ocorre na sociedade é objeto de um registro e investigação pelas instituições policiais. Mas o que esses dados também nos mostram, é que a adoção de novas práticas e políticas pela polícia pode fazer com que os registros oficiais se aproximem cada vez mais da vitimização informada pelas pessoas nas pesquisas. Observamos que, quando existiam velhos padrões de registros, representados pelas colunas na cor azul, eram distantes os dados oriundos dos registros policiais das ofensas declaradas pela população. Ao longo do tempo, a partir da introdução de novas técnicas de registro representadas pelas colunas em cinza, as diferentes fontes de informação sobre a criminalidade tendem a se aproximar, o que indica não o aumento da criminalidade real, mas sim uma maior propensão da população em procurar a polícia e uma maior confiança produzida pelas medidas que foram adotadas. Essas e outras informações, como a evolução de registros por tipo de crime, podem ser consultadas com mais detalhe no dossiê supracitado. Mas o que é importante neste momento ressaltar é que o aumento de confiança pode influenciar se as pessoas irão chamar a policia em uma situação dada, na maneira de ler e de compreender as ações policiais, e nas consequências que tiramos delas (Bradford e Jackson, 2011, pp. 7-8). Observa-se que, na Inglaterra e no País de Gales, a confiança da população na polícia se tornou uma constante no debate sobre as questões da ordem pública, a tal ponto que o governo redefiniu os dispositivos de gestão do desempenho da policia fazendo da confiança da população o objetivo numero um, visando melhorar as relações dos cidadãos com a policia mas também a aumentar 11 a cooperação da população na “luta contra a delinquência” (Bradford e Jackson, 2011, p. 3-4). Mas além da confiança, a polícia deve ser capaz de produzir legitimidade. Sobre este tema, há uma proposta de se pensar em termos de justiça procedimental. Esse conceito foi inicialmente proposto por Tyler nos Estados Unidos, mas que também tem estimulado muitas pesquisas britânicas sobre a policia. A justiça procedimental significa um tratamento equitável e respeitoso dos profissionais ao obedecer a regras e chegar a decisões transparentes e compreensíveis, sendo este critério mais importante para que a população avalie a legitimidade da atuação da polícia do que a avaliação particular da obtenção de resultados julgados bons ou vantajosos. Nas relações diretas com os policiais, a qualidade do tratamento atribuído pelos profissionais destas instituições aos indivíduos que eles policiam é mais importante (Bradford e Jackson, 2011, p. 10). Há de se ressaltar ainda que a liberdade prevista na constituição inglesa contribuiu para moldar as funções da polícia naquele país enfatizando um modelo civil de policiamento em que práticas preventivas voltadas para a proteção da vida e da propriedade deveriam ser enfatizadas (Lyman, 1964, p. 135), representando ainda que a comunidade também tem responsabilidade na manutenção da ordem. Apesar disso, o policiamento da ordem pública não deixa de ser ambíguo. Algumas vezes, há denúncias de uso excessivo de força policial relacionados a abordagem discriminatória em vista de determinados grupos sociais, o que ainda gera muitas controvérsias. Além disso, desde o século XIX a polícia entra em conflito ao exercer o controle sobre as manifestações sociais e greves e outras lutas por direitos, mesmo quando em oposição aos próprios policiais (Carrabine et alli, 2004, p. 272). No século XX, a polícia tem se envolvido em confrontos com sindicatos e alguns protestos contra a construção de novas estradas, contra a exportação de animais vivos e com manifestações contra as consequências sociais do capitalismo multinacional e aumento da pobreza no mundo, com vistas a manter uma forma particular de "ordem". Assim, o policiamento da ordem 12 pública realizada por funcionários autorizados representa a forma como o Estado relaciona-se com seus cidadãos, sendo uma atividade irredutivelmente política (Carrabine et alli, 2004, p. 274). Segundo autores, a policia britânica é um símbolo da nação e um símbolo de pertencimento. Mas, em toda sociedade multicultural, também pode acontecer que alguns indivíduos não tenham um sentimento de uma identidade comum com a policia. Pode ser que eles viveram relações de oposição com a policia ou que eles adiram a sistemas de valores que eles consideram, ou que a cultura dominante considera, como incompatíveis com aquela que a polícia representa (Bradford e Jackson, 2011, p. 12). Neste sentido, é importante estarmos atentos a que tipo de ordem pretende a polícia reproduzir. As organizações policiais também podem ser caracterizadas por sua cultura ocupacional. Isso não quer dizer que haja uma grande correspondência entre atitudes e comportamentos, pois muitas vezes os policiais, assim como outros profissionais, não conseguem implementar na prática aquilo que articularam na cantina ou nas entrevistas. A cultura policial também não é imexível e invariável a mudanças. Ela varia de acordo com o ponto de vista das elites policiais, com os estilos dos departamentos, com a forma de distribuição de poder em uma comunidade, com os diferentes padrões e problemas efetivos com os quais os policiais lidam nas suas práticas de policiamento, e situações especificas encontradas no ambiente em que policiam. Também existem diferenças internas e tensões entre os o conhecimento baseado na experiência de rua e aquele que se fundamenta em princípios mais burocráticos e de gestão. A avaliação de como os policiais veem o mundo e seu papel neste também é crucial na análise do que eles fazem. Esses valores e as regras de experiência são importantes, pois orientam a discricionariedade policial informando os critérios utilizados pelos policiais na tomada de decisões práticas, a forma como eles elegem prioridades e a forma como eles interpretam as regras gerais aos lidar com situações especificas de conflito (Carrabine et alli, 2004, p. 276). 13 Atividade 1 1) Apresente as diferenças entre polícia e policiamento. ____________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2) A partir da apresentação de como os britânicos veem sua policia, discuta as relações existentes entre a confiança, a legitimidade das instituições policiais e a participação dos cidadãos na produção da ordem social. __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 3) A forma como os policiais tratam as pessoas pode também influenciar a atitude da população. Dê a sua opinião sobre a afirmativa anterior. __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 14 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ Resposta comentada: Para responder a essas questões, os alunos deverão considerar alguns aspectos destacados na primeira parte dessa aula referentes às instituições, suas práticas e representações. Como resposta à última questão, solicita-se que os alunos emitam opinião de caráter pessoal. Análise comparada de modelos policiais em cinco países Em um estudo visando comparar a organização policial em diferentes países de língua inglesa, Bayley (2003) afirma que para comparar a organização policial em diversos países temos que considerar o número de forças policiais autônomas, a maneira como se dá a coordenação destas forças pelas diferentes jurisdições e a forma de distribuição territorial e funcional do comando dentro delas. Em seu estudo, Bayley apresenta as polícias da Grã-Bretanha, Estados Unidos, India, Austrália e parte do Canadá. Segundo o autor, assim se dá a composição das forças policiais em cada um dos países analisados: Quadro 2.1. Forças policiais existentes em cinco países 15 Fonte: (Bayley, 2003). Dados trabalhados pela autora. Com relação a organização da polícia, destacamos que na Grã-Bretanha há somente uma organização policial, embora esta se divida em variadas jurisdições. Há a presença de quarenta e três forças metropolitanas e regionais estatutárias na Inglaterra e no País de Gales. A polícia se distingue de outros serviços públicos, pois tem capacidade do exercício da força legítimo (Bittner, 1974 apud Carrabine et alli, 2004, p. 276). Mas também existem outras forças especializadas que cooperam com esse exercício da autoridade do Estado, mas dentro de espaços privados particulares, tais como a polícia de transporte britânica e a autoridade policial de energia atômica do Reino Unido (Carrabine et alli, 2004, p. 276). Conforme podemos observar no quadro, países que pertenciam a antigas colônias inglesas, embora tenha se baseado no modelo britânico, implementaram significativas mudanças ao projeto que os inspirou. O principal critério que Estados Unidos 40.000 (em 1967) 14901, sendo 14000 mantidas pelos governos locais (em 1960) 15118, sendo 11989 forás locais, 3080 departamento de xerifes dos condados e 49 forças estaduais Grã Bretanha 41 forças provinciais 1 força na cidade de Londres e outra na região metropolitan a de Londres India 22 forças estaduais Unidades nacionais em 9 territórios da união Austrália 7 forças estaduais 1 força federal (capital) Canadá 10 forças provinciais (algumads reunidas no RCMP) 450 forças municipais 1 Royal Canadian Mounted Police 16 podemos identificar continuidades é o fato de que em todos os países encontramos forças policiais locais, apostando num modelo descentralizado de gestão das instituições. Dos países analisados, aquele com maior número de forças policiais é os Estados Unidos, embora a estimativa do número de forças policiais existentes nesse país não sejam tão exatas, mas levantamentos realizados em 1960 e 1967 dão conta de cerca de 14.000 instituições policiais. No entanto, também identificamos que em alguns desses países (Austrália, India e Canadá), além das forças locais, também existem forças federais ou nacionais com competências territoriais ou funcionais limitadas. Em todos os países o governo nacional tem poder muito limitado no policiamento em geral, há o predomínio do policiamento local (Bayley, 2003). Quanto ao território coberto por cada uma destas policias, vemos que na Austrália, as forças policiais cobrem, em média, 873.866 km2, “cobrem uma área que é quase tão grande como os Estados Unidos, sem o Alasca e o Havaí ” (Bayley, 2003, p. 543). As jurisdições em Inglaterra e em Gales tem em média 3.514 km2. As forças americanas quase sempre se sobrepõem em suas jurisdições e estão vinculadas a níveis de governo formados em escalas muito diferentes. (…). Os EUA têm poucas jurisdições policiais com tamanho substancial, mas, comparadas às outras quatro democracias de língua inglesa, a grande minoria é minúscula (Bayley, 2003, pp. 543-544). Quanto aos estatutos que informam a atuação dessas oferentes forças, observamos que, na Austrália e nos Estados Unidos, cada estado tem seu Código Penal, mas a Australian Federal Police e o Federal Bureau of Investigation (FBI/EUA) tem autoridade predominante para aplicar estatutos federais. Na London Metropolitan Police, a Scotland Yard é responsável pelo Parlamento, mas também pode ser direcionada pelo Ministro do Interior para assumir investigações e policiamento nacionais. A presença do governo nacional no policiamento é mais visivel para o público em geral no Canadá e nos Estados Unidos, devido ao destaque do RCMP e do FBI. Além disso, em todos esses países apontados, com exceção dos Estados Unidos, os cidadãos estão sujeitos à autoridade de uma só 17 força policial de caráter geral por vez. Nos Estados Unidos, sistematicamente existem disputas sobre as jurisdições e competências de cada uma das forças policiais (Bayley, 2003). Quando falamos em polícia, portanto, devemos estar atento que essa instituição não é uniforme em todos os lugares no que diz respeito ao tamanho do território e população que policiam, aos regulamentos que informam a sua atuação assim como também podem ser diversas as suas divisões internas e definição de suas competências. Dessa maneira, é importante estarmos atento que polícia não significa a mesma coisa em diferentes contextos. A instituição policial pode assumir múltiplas formas e desempenhar uma pluralidade de papéis. A partir da análise proposta por Bayley (2003), observa-se que o que predomina nos países de língua inglesa são múltiplas forças policiais independentes. Existem polícias com plenos poderes no território da unidade de governo que a autoriza; existem polícias com finalidades específicas (como o Serviço Secreto Americano e o MI5 britânico); existem políciasde caráter geral, com jurisdição limitada a territórios específicos dentro de fronteiras mais amplas da unidade de governo que a autoriza (é o caso da Policia de Trânsito de Nova York e a Força Policial das Usinas Atômicas Inglesas). Com relação às formas de policiamento adotadas, Bayley (2003) destaca que o policiamento orientado para a comunidade e policiamento orientado para problemas são as ideias mais recentes na Austrália, na Inglaterra, no Canadá e nos Estados Unidos e que isso se deve à necessidade de obter a confiança da comunidade e recrutar a população para a atuação conjunta com os policiais na prevenção do crime (op. cit., p. 567). A Polícia nos Estados Unidos Vimos, brevemente, na parte anterior, que muitas são as polícias existentes nos Estados Unidos. Pretendemos agora destrinchar um pouco melhor esse 18 quadro. Nos Estados Unidos, temos um modelo descentralizado com um grande número de departamentos de polícia. Temos agências federais, como o FBI, as agências estaduais e as agências municipais, como a Polícia de Nova York. No entanto, há casos “em que alguns municípios administram em conjunto suas forças policiais a fim de reduzir os custos de treinamento, manutenção e operação” (Costa, 2004, p. 145). Assim, destacamos que a polícia norte-americana é tratada quase que exclusivamente na esfera municipal, com algumas tarefas relativas às estradas e manutenção além da administração do sistema carcerário sendo realizadas pelas polícias estaduais. Os governos federais não tem protagonismo quanto a gestão da criminalidade e ao controle da atividade policial (Costa, 2004, p. 174). O Departamento de Polícia de Nova York (NYPD) é a maior força policial norte-americana, tendo um efetivo de 40.000 homens e mulheres em 1999, dividindo-se em 76 distritos policiais (prescints) e com jurisdição em cinco regiões metropolitanas (Manhatan, Brooklyn, The Bronx, Queens e Staten Island). Quanto a estrutura interna da carreira policial, Costa observa que “há uma só carreira policial e o acesso é único, por meio da Academia de Policia, de forma que o posto de oficial é um passo obrigatório para todos os membros do NYPD” (Costa, 2004, p. 146). Assim estão distribuídos os postos de carreira policial: Diagrama 2.1. Hierarquia interna da NYPD. 19 Dados trabalhados pela autora. Fonte: Costa, 2004, p. 146. Costa (2004) nos relata em seu livro que a relação entre a NYPD e a Comunidade foi inicialmente marcada por muitas tensões e conflitos. Haviam problemas quanto a violência policial, a segregação social e discriminação das minorias étnicas e escândalos de corrupção institucionalizada na polícia. Com esses problemas em vista, a instituição policial e as práticas de policiamento foram objeto de muitas reformas desde 1970. Sobre a violência e, em especial, a violência policial, Costa (2004) relata que atualmente “o recurso a violência, como estratégia de ação, é caso raro, uma vez que menos de três quartos dos cerca de 500 incidentes potencialmente violentos observados resultaram em algum tipo de violência” (p. 147) “os policiais raramente deparam-se com a violência nos seus encontros com o público. Eles são frequentemente chamados em situações em que a violência já ocorreu e que Comissário de Polícia • Indicado pelo Prefeito Subcomissários Capitães • Distritos policiais e unidades policiais (Prescints) Tenentes e Sargentos Oficiais • Tarefas roAneiras de policiamento 20 não era dirigida contra eles; como resultado, produzem-se poucas baixas e feridos tanto na polícia como no público.” (Bayley e Garafalo apud Costa, 2004, p. 147) As mudanças institucionais e mudanças na relação entre a polícia e a sociedade que foram promovidas referiam-se a: restrição ao uso da força letal por parte dos departamentos de polícia norte-americanos a partir da criação de protocolos de atuação, ou seja, da criação de protocolos internos específicas para controlar o uso da força letal dentro da filosofia de proteção à vida e da definição de estágios gradativos de uso da força dependendo das circunstâncias. São estas: persuasão verbal, uso de força física, uso de armamento não letal como spray de pimenta, uso de armas de impacto como cassetetes e bastões elétricos, uso de arma de fogo somente quando a vida de alguém estiver em perigo (Costa, 2004, pp. 154-155). A elaboração desses protocolos visavam informar e controlar os procedimentos policiais. Enfatizam-se mais os procedimentos do que a criação de normas abstratas, porque a ênfase deste modelo está na jurisprudência produzida nos processos de tomada de decisão referente a casos concretos. Para tanto, há uma constante referência a casos anteriores e não a leis abstratas que informem uma maneira de atuação. A ênfase nas práticas também podem ser identificadas nas cortes norte- americanas, quando estas enfatizam as decisões dos juízes e dos tribunais, reinterpretando frequentemente o significado das leis (Costa, 2004). Ademais, foi proposto um conjunto de mudanças que envolviam a redefinição das técnicas de ação, dos programas de treinamento, o investimento em equipamentos não-letais e a criação de um setor encarregado de investigar incidentes policiais envolvendo o disparo de armas (Costa, 2004). Costa (2004) também relata que a partir do desencantamento com as antigas formas de policiamento a partir de 1980, foram enfatizados o policiamento motorizado para se dar uma resposta rápida aos conflitos e a investigação criminal. Foi criada uma nova filosofia policial: o policiamento comunitário. Com esta, foi dada centralidade do papel das comunidades na prevenção da criminalidade. 21 Para tanto, o Estado devia reforçar as redes de sociabilidade locais ampliando a participação da sociedade civil no planejamento e supervisão da atividade policial (a partir da criação de conselhos e fóruns), as policias abandonaram um papel reativo e passaram assumir um caráter mais preventivo de atuação (Costa, 2004). As práticas preventivas da polícia foram enfatizadas a partir da descentralização administrativa das atividades policiais e do uso sistemático de um conjunto de informações como insumos da atividade policial: pesquisas de vitimização, análises ecológicas do crime e violência e estudos dos grupos de comportamentos desviantes (Costa, 2004, pp. 158-159). As novas tarefas exigidas aos policiais foram: o planejamento de suas atividades, o desenvolvimento da competência na avaliação e solução de problemas práticos, a busca do vínculo com a comunidade e a troca de informações (Costa, 2004, p. 159). Outra forma de policiamento criada em 1993, foi a política de tolerância zero visando a repressão de pequenos delitos que atingiam a qualidade de vida. A partir da criação de uma relação entre desordem e crime foi dada uma ênfase no policiamento de delitos de menor gravidade (Costa, 2004, p. 164). A estratégia do policiamento de tolerância zero foi baseado no princípio que, reprimindo delitos e pequenas incivilidades cometidas no espaço público, as infrações mais graves também serão reduzidas. Na prática, isso se traduziu em operações específicas contra o uso de cigarro e álcool por menores de idade, um maior controle dos comerciantes de rua, de mendigos, de prostitutas, de bêbados, em uma vigilância mais intensiva quanto as pessoas que urinam no espaço público, aos que fazem pichação nos muros. Alguns políticos e altos funcionários da polícia alegaram que a abordagem é um sucesso, reduzindo taxas de roubo e assassinato.Os críticos, porém, questionam as razões precisas de qualquer declínio nas taxas de criminalidade e da eficácia em geral da estratégia de tolerância zero (Carrabine et alli, 2004, p. 276). As práticas de abordagem e revista dos cidadãos (stop and frisk) cresceu substancialmente após a introdução dessas medidas, o que, segundo críticos, contribuiu para agravar as relações da polícia com os cidadãos (Costa, 2004, p. 164). Assim, ainda são muitos os questionamentos quanto ao 22 bom trabalho policial, pois muitos foram os custos sociais envolvidos nessas práticas (Carrabine et alli, 2004, p. 276). Mudanças referentes a avaliação do trabalho policial também foram promovidas. Foram propostas promoções baseadas na performance dos policiais e não mais na antiguidade na carreira, sendo o desempenho avaliado a partir do cumprimento de metas (Costa, 1004, p. 163). Além de enfatizar o controle interno da atividade policial com vistas a uma melhor prestação de contas das atividades e uma melhor gestão das carreiras, também foram reforçadas inúmeras agências de controle externo da polícia. Costa (2004) afirma que não há relação de hierarquia entre os District Atorneys (membros do Ministério Público) e polícia, pois estes trabalham em mútua colaboração nos processos de investigação. Além disto, dada a grande descentralização existente no modelo norte-americano, que passa pela existência de múltiplas forças policiais presentes no território, os estados tem grande autonomia decisória e a Corte Federal pronuncia-se sobre pouquíssimos casos. Sobre este tema, Costa (2004) aponta que “desde a década de 1960, a corte federal tem tomado decisões sobre a constitucionalidade de determinadas práticas policiais”, o que impôs grandes restrições quanto aos interrogatórios e ao uso do instrumento da confissão, passando a ser aceita pela justiça apenas as confissões voluntárias, sem constrangimento físico ou psicológico, acompanhadas da instrução de um conjunto de evidências sobre os fatos (Costa, 2004, pp. 152-153 e p. 174). Para finalizar, é importante destacar que este conjunto de mudanças e de desenvolvimento dessas novas formas de controle designadas como accountability, influenciaram não apenas práticas punitivas individuais dos agentes policiais, mas motivaram reformas nas estruturas e estratégias de gestão policial, o que inclui as carreiras, as formas de recrutamento, os equipamentos, os procedimentos, os treinamentos e mesmo as maneiras pelas quais os policiais relacionam-se com o público e prestam conta de suas atividades. 23 Atividade Final 1) Faça um repertório das práticas de policiamento que foram mencionadas ao longo do texto. __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2) Foi apresentada nessa aula a ênfase existente na polícia inglesa e norte- americana quanto a elaboração de protocolos e procedimentos de atuação policial. Com base nesses argumentos, argumente o quanto esses protocolos podem influir nas práticas de controle. __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ Resposta comentada Sugere-se que os alunos listem os modelos de policiamento abordados no texto. Além disto, que evidenciem os aspectos positivos dos protocolos policiais, uma vez que estes podem influir em práticas de responsabilização profissional e de melhor gestão da segurança pública. 24 Conclusão Como conclusão, destacamos que as funções e o desenho das instituições policiais não se trata de assunto encerrado. A polícia ainda volta-se pensar em suas próprias atividades e em como prover informações sobre os usos e recursos às evidências para a efetividade policial. Atualmente, está no centro do debate a importância dos indicadores da performance policial com vistas a uma melhor construção dos processos institucionais e a produção de uma melhor relação entre os policiais e a sociedade (Carrabine et alli, 2004, pp. 281-283) Resumo Ao longo dessa aula, foram introduzidos e diferenciados os seguintes conceitos: controle social difuso e institucionalizado, polícia e policiamento. A partir disso, foram abordados o histórico e a representação da polícia inglesa e as práticas de policiamento adotadas por esta instituição em sua relação com a população. Também foram abordados de maneira breve, algumas diferenças entre as forças policiais existentes em diferentes países de língua inglesa. Por último, relatamos sobre a experiência norte-americana e, em especial, o modelo de polícia, de policiamento, reformas e formas de responsabilização e controle adotados pela polícia em Nova York. Referências Bibliográficas BAYLEY, David H. Comparando a Organização da Polícia em Países de Lingua Inglesa. In: TONRY e MORRIS (orgs.) Policiamento Moderno. São Paulo: Edusp, 2003. BRADFORD, Ben et JACKSON, Jonathan. « Pourquoi les Britanniques ont confiance en leur police »In: La vie des idees, Revue du College de France, 1er mars 2011. 25 CARRABINE, IGANSKI, LEE, PLUMMER and SOUTH. Police and Policing. In: Criminology: a sociological introduction. New York/London. Routledge, 2004. COSTA, Arthur Trindade Maranhão. “Os mecanismos de controle da polícia de Nova York.” In: Entre a Lei e a Ordem: violência e reforma nas polícias do Rio de Janeiro e Nova York. Rio de Janeiro: FGV, 2004. LYMAN, J. L. The Metropolitan Police Act of 1829: an analysis of certain events influencing the passage and character of the Metropolitan Police Act in England. In: Journal of Criminal Law and Criminology, vol. 55, 1964. Outras fontes consultadas OFFICE OF NATIONAL STATISTICS. Statistical Bulletin. Crime in England and Wales, Year Ending March 2014. OFFICE OF NATIONAL STATISTICS. Statistical Bulletin. Focus on Public Perceptions of Policing, Findings from the 2011/12 Crime Survey for England and Wales, November 2012. Site: http://www.parliament.uk/about/living- heritage/transformingsociety/laworder/policeprisons/overview/metropolitanp olice/ Informações sobre a próxima aula Na próxima aula, serão abordados modelos policiais e de policiamento adotados em alguns países do continente europeu.
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