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moda sustentável

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Prévia do material em texto

Capa
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 
Sustentabilidade 
além da matéria-
prima
Profissionais e empresas mostram como é 
possível produzir moda sustentável 
14
Bruna robassa
ocê já parou para pensar no impacto 
que o simples hábito diário de se vestir 
pode trazer ao meio ambiente e à socie-
dade? Essa até pode parecer uma per-
gunta sem resposta ou sem sentido para muitos, 
no entanto, quem tem o costume de andar na 
moda ou de adquirir peças com frequência, vale 
refletir sobre as consequências desse tipo de 
consumo, principalmente se não for consciente. 
De acordo com dados da Associação Brasi-
leira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o 
Brasil é o 5º maior produtor têxtil do mundo, ten-
do faturado apenas em 2012 US$ 56,7 bilhões, o 
que representa mais de 5% do Produto Interno 
Bruto (PIB) industrial brasileiro. São mais de 32 
mil empresas que, juntas, produzem em média 
9,8 bilhões de peças por ano. Apesar de serem 
números importantes para a economia do país, 
assim como outros segmentos industriais, esse 
é um setor que gera grande quantidade de re-
síduos. Apenas em São Paulo são cerca de 10 
toneladas por mês. 
O correto descarte dos resíduos sólidos é 
essencial para o processo de reciclagem e para 
evitar diversos prejuízos ao meio ambiente e à 
população, como a poluição visual, do solo, do 
ar e do lençol freático, além de danos à saúde 
humana. O método de descarte utilizado pode 
fazer com que o material deixe de ser resíduo e 
passe a ser rejeito, quando não pode mais ser 
reaproveitado. Apesar da preocupação quanto a 
essa destinação ser antiga e recorrente, poten-
cializada em diversos setores com a sanção da 
Lei nº 12.305, que institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos, os grandes focos do Governo 
e da mídia acabam sendo os resíduos de plásti-
cos, vidros, papelão e dos produtos eletrônicos, 
como celulares.
Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 
no Brasil, elaborado pela Associação Brasileira 
de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Es-
peciais (Abrelpe), 6,7 milhões de toneladas de 
resíduos sólidos urbanos tiveram destino impró-
prio no País em 2010, visto que cerca de 70% das 
cidades brasileiras descartam resíduos de forma 
incorreta, principalmente em lixões. Somente no 
caso dos eletrônicos, estima-se que cerca de 50 
milhões de toneladas de resíduos são jogadas 
fora, todos os anos, pela população do mundo, 
apesar de haver possibilidade de reciclagem.
Diante disso, apesar de não ser muito recor-
rente a abordagem dos resíduos da indústria 
têxtil e de vestuário, a produção de vestimentas 
e acessórios não pára de crescer, impulsionada 
especialmente pelas tendências da moda. Além 
V
 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 15
“Ainda não existe uma 
consciência, de fato. 
São modelos de ações 
que as pessoas vão 
reproduzindo, muitas 
vezes sem saber a razão 
total de ser. logo, isso pode 
variar de acordo com a cultura 
de cada empresa”, Keka Ribeiro, 
consultora de moda sustentável
dos resíduos da confecção, há a questão do des-
carte do velho para adquirir o novo, e, com isso, 
aumenta também a preocupação com a recicla-
gem e reutilização desses produtos.
Não apenas a matéria-prima e o processo 
produtivo utilizado na produção de vestuários e 
acessórios, mas a responsabilidade com os resí-
duos gerados e com a mão de obra empregada 
nesse mercado, assim como a consciência e a 
responsabilidade no ato de se vestir são algumas 
das atitudes consideradas importantes para a 
preservação dos recursos naturais e para a saúde 
do meio ambiente e da sociedade como um todo. 
Vestir Consciente • Apesar de ainda estar 
longe do ideal, o cenário de produção e o consu-
mo de vestuários e acessórios sustentáveis têm 
ganhado cada vez mais adeptos. Para Lia Spí-
nola, diretora do Instituto Ecotece, Organização 
da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), 
cuja missão é gerar soluções criativas na moda 
que promovam o vestir consciente com o desen-
volvimento de produtos sustentáveis e práticas 
educativas, o hábito de consumir roupas da 
moda ou de adquirir vestuários novos é natural 
do ser humano, no entanto é sempre importan-
te se questionar antes de fazer uma compra – 
“Será que eu preciso disso mesmo?”, sugere Lia.
“A roupa é um bem de consumo indispensá-
vel que pode gerar ativos sociais e ambientais. 
Vestir-se com roupas e acessórios sustentáveis 
é vestir-se de cidadania, é saber que é possível 
gerar uma mudança no mundo no ato da com-
pra, na escolha do produto, nas roupas que usa-
mos”, opina Lia. 
Ivi
Realce
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Realce
A diretora do Ecotece sugere que há diversas 
maneiras de se vestir de forma sustentável que 
vão além da aquisição de produtos confeccio-
nados com responsabilidade socioambiental. 
“Incentivamos muito o ‘Do it yourself’ (Faça você 
mesmo) em roupas que podem ganhar uma 
nova cara e com isso têm sua vida útil prolon-
gada. Outra forma de ser sustentável é fazendo 
doações e organizando troca de roupas entre 
amigas e colegas”, sugere.
Ainda segundo Lia, uma pesquisa da enti-
dade Franklin Associates for the American Fiber 
aponta que 50% dos impactos ambientais das 
roupas são gerados durante a fase de uso do 
produto pelo consumidor, quando, lavam, pas-
sam, secam e descartam suas roupas. Por isso, 
também faz parte do hábito de vestir consciente 
estar atento para lavar somente as roupas que 
realmente necessitam ser lavadas e cuidar para 
que as roupas não amassem e tenham que ser 
novamente passadas.
Mercado • Keka Ribeiro, docente em moda, 
designer e consultora de moda sustentável diz 
que o mercado de produção de roupas de for-
ma sustentável é crescente, mas por enquanto 
evolui em ritmo lento. “Estamos vivendo um mo-
mento no qual economicamente é bastante deli-
cado. Ao mesmo tempo em que reconhecemos a 
necessidade de ações mais sustentáveis, vemo-
-nos diante da realidade fast-fashion e da dispu-
ta com os importados chineses. Aos poucos as 
empresas vão se adaptando, o consumidor se 
conscientizando, mas tudo ainda está bem no 
princípio de um caminho”, analisa. 
O gerente de infraestrutura e capacitação 
tecnológica da ABIT, Sylvio Napoli, também afir-
ma que é crescente o mercado de produção de 
tecidos e roupas de forma sustentável, no entan-
to, diz que a grande preocupação é a aplicação 
do conceito de forma correta. A consultora Keka 
Ribeiro pensa da mesma forma e diz que apesar 
de ser um assunto bastante tratado na atualida-
de, práticas sustentáveis são pouco compreen-
didas em sua totalidade. “Ainda não existe uma 
consciência, de fato. São modelos de ações que 
as pessoas vão reproduzindo, muitas vezes sem 
saber a razão total de ser. Logo, isso pode variar 
de acordo com a cultura de cada empresa”, diz. 
Napoli ainda lembra que sustentabilidade 
não pode ser mera agente de propaganda. “É 
preciso afinar o discurso, não adianta só discur-
sar sem entender do que se trata. Dessa forma, 
o resultado é nulo”, alerta. Entre as ações acom-
panhadas pela ABIT com o objetivo de orientar 
e padronizar ações nesse sentido está um pro-
grama de certificação de qualidade de roupas 
profissionais que pode ser estendido a todos os 
outros segmentos. Pelo programa, as indústrias 
interessadas seguem determinados preceitos e, 
com isso, obtêm um selo de certificação. A ABIT 
coordena as avaliações externas, no entanto, 
quem avalia os processos é uma certificadora 
acreditada pelo Instituto Nacional Metrologia 
Normalização Qualidade Indústria (Inmetro).
O projeto teve início há cerca de seis anos econta atualmente com cinco empresas partici-
pantes e mais 25 comprometidas. “Para que um 
processo seja considerado sustentável, é preci-
so levar em conta o respeito ao meio ambiente, 
a responsabilidade social, além da ética com os 
clientes e fornecedores e do respeito com a qua-
lidade e com o setor produtivo”, diz.
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 
Capa
16
“A roupa é um bem de 
consumo indispensável 
que pode gerar ativos 
sociais e ambientais. 
vestir-se com roupas e 
acessórios sustentáveis 
é vestir-se de cidadania, 
é saber que é possível 
gerar uma mudança 
no mundo no ato da 
compra, na escolha do 
produto, nas roupas que 
usamos", Lia Spínola do 
Instituto Ecotece
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Ações • O tipo de ação desenvolvida depen-
de do grau de maturidade da empresa. “Há em-
presas que têm processos definidos, mas ainda 
engatinham no aspecto inovação. Há outros ca-
sos em que a empresa tem no seu DNA a preocu-
pação com o meio ambiente e a responsabilida-
de, mas não tem ideia de que está dando passos 
em relação à sustentabilidade”, analisa Napoli. 
Segundo avalia o diretor da ABIT, um dos 
grandes desafios rumo à sustentabilidade é a 
destinação de resíduos da indústria de vestuá-
rio. “Já existem muitos programas de logística 
reversa em fase adiantada e propostas concre-
tas, no entanto, é preciso haver um tratamento 
tributário especial para essas empresas”, diz. 
Graças a atitudes louváveis, parte das sobras 
de algumas indústrias do setor já é destinada à 
produção de roupas ecologicamente corretas ou 
para confecção de outros acessórios e utensí-
lios. Segundo conta a consultora em moda sus-
tentável, Keka Ribeiro, a confecção de camisas e 
jeans Dudalina tem realizado um trabalho bas-
tante interessante e até inspirador. “Apesar de 
seu principal insumo ser o algodão convencio-
nal, ou seja, não orgânico, a empresa tem repas-
sado os retalhos de sua linha de produção para 
comunidades orientadas, que produzem belís-
simos trabalhos de sacolas em patchwork, que 
são consumidos pela própria camisaria”, conta. 
Além disso, a empresa está montando um 
programa de reciclagem, no qual todo tipo de pa-
pel utilizado na fábrica, no escritório e nas lojas, 
será reutilizado na produção de materiais gráfi-
cos da própria empresa. Alguns produtos até já 
“Já existem muitos programas 
de logística reversa em 
fase adiantada e propostas 
concretas, no entanto, é preciso 
haver um tratamento tributário 
especial para essas empresas”, 
Sylvio Napoli da ABIT
 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 17
calculam a emissão de CO2, o que é uma revolu-
ção. Outras grandes marcas como C&A, Adidas, 
Hering, entre tantas outras empresas mais, ou 
menos conhecidas, também realizam ações já 
Outro projeto de destaque nessa linha de 
ação, segundo a ABIT, é o “Retalho Fashion”. 
Lançado em 2012 pelo Sinditêxtil-SP, com o in-
tuito de gerenciar os resíduos têxteis das confec-
ções dos bairros do Bom Retiro e do Brás, em 
São Paulo (SP), a ideia é capacitar pessoas para 
a coleta e seleção do material com geração de 
emprego e renda, além de deixar de importar tra-
pos que têmem sido jogados no lixo. 
Preocupação • Roberto Chadad, presidente 
da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), 
afirma que a preocupação com sustentabilida-
de na indústria já existe há mais de 20 anos, no 
entanto, ainda falta educação e conhecimento. 
Ele reconhece que já existem algumas iniciativas 
das próprias indústrias ou de sindicatos regio-
nais com foco na reciclagem, em que os resíduos 
industriais são destinados para flanelinhas ou 
para serem usados como pano de chão. “Ressal-
to que ainda falta uma coordenação das ações, e 
que as iniciativas são isoladas”, conta. 
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 
Segundo informações da Abravest, em todo 
o Brasil são 25 mil indústrias de vestuário re-
gistradas e mais de 1,4 milhões de costureiras 
atuantes. Ainda de acordo com a entidade, 80% 
da matéria-prima utilizada na produção de vesti-
mentas é algodão, e os 20% restantes englobam 
quase 10 outros tipos de materiais.
De acordo com Chadad, o algodão é a maté-
ria-prima menos prejudicial ao meio ambiente, 
já que pode ser facilmente reutilizado, podendo 
até virar novamente algodão depois de utilizado. 
Por outro lado, o pior resíduo é chamado de Rami 
– uma fibra dura e prejudicial ao meio ambiente. 
“Esse material, assim como os tecidos sintéticos 
e os feitos à base de petróleo ainda são muito 
utilizados porque aceitam outros componentes 
e porque possuem cor mais viva, no entanto, por 
seus resíduos serem muito prejudiciais, deve-
riam ser excluídos da linha de produção”, alerta.
Santa Catarina • Ainda segundo o presi-
dente da Abravest, o estado de Santa Catarina é 
um dos maiores produtores de vestuário do Bra-
sil e também a localidade que conta com ações 
sociais e ambientalmente conscientes mais 
evoluídas, como é o caso da Malwee, uma das 
principais indústrias do vestuário do Brasil, e da 
empresa de confecção surfwear Oceano. 
Há mais de quatro décadas em funcionamen-
to, a preocupação da Malwee com a sustentabi-
lidadejá está incorporada ao seu DNA. Entre as 
Capa
ações de destaque está a utilização do fio fei-
to de garrafa de PET em várias peças, o que já 
possibilitou a retirada de mais de 3,5 milhões de 
garrafas do meio ambiente, assim como a lava-
ção com o uso de ozônio em peças jeans, que 
dispensa totalmente o uso da água. A gestão da 
água é outro diferencialda empresa, que busca 
minimizar o consumo do recurso em seus pro-
cessos produtivos.
Entre os produtos de destaque em responsa-
bilidade socioambiental está a Malha Sustentá-
vel, que é produzida com uma mistura de resí-
duos de malha, algodão e poliéster de garrafas 
de PET recicladas, além da meia-malha Brasil, 
composta pela Fibra Brasil, oriunda do reapro-
veitamento de fibras de bananeira. 
De acordo com informações da empresa, a 
principal geração de resíduos da indústria do 
vestuário vem do setor de corte, onde as peças 
são dimensionadas e cortadas de forma a aten-
der os padrões ditados pela moda. Nesse setor, 
em especial, a Malwee conta com um sistema 
totalmente informatizado, que busca otimizar o 
uso dos tecidos, gerando o menor resíduo possí-
vel. De qualquer forma, o resíduo gerado nesse 
setor é reaproveitado como matéria-prima para 
outras empresas, que podem produzir fios ou 
dar outros destinos a esse material. Para resídu-
os que não são reaproveitados, a empresa cons-
truiu um aterro industrial próprio, devidamente 
licenciado nos órgãos ambientais. 
“O nosso público é uma 
mulher de alma jovem 
que gosta de se vestir 
de forma diferenciada e 
exclusiva e que dá valor 
ao conceito envolvido em 
uma peça de roupas", 
Hieda Oviar da marca 
Irmãs Green
18
 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
Paraná • Inspirada em cores, formas e dese-
nhos de flores e folhagens naturais, a marca Irmãs 
Green, da estilista e diretora criativa paranaense 
Hieda Oviar, nasceu em 2010 após uma ampla 
pesquisa sobre o nicho da moda sustentável. 
“Fomos esboçando a identidade da marca que foi 
sendo revelada a partir do ‘insight’ que tivemos 
do nome, uma referência aos irmãos Grimm, es-
critores de fábulas que reforçam o humanismo, 
confiança e a esperança na vida. Esses conceitos 
presentes nas fábulas retratam muito a sustenta-
bilidade presente na marca”, conta Hieda. 
A estilista conta que trabalhar com moda 
sustentável foi de certa forma um resgate da 
essência do seu estilo de vida na infância e ju-
ventude, já que foi criada em cidadespequenas 
e vivia perto do campo e da natureza.“Sinto-me 
realizada ao passar uma mensagem mais huma-
nitária e coletiva de mundo por meio das roupas 
que crio”, relata. 
Todas as matérias-primas utilizadas na con-
fecção são sustentáveis e/ou favorecem a redu-
ção de resíduos. Alguns exemplos são os teci-
dos e malhas recicladas mescladas ao poliéster 
da PET, tecidos e malhas orgânicas, tecidos na-
turais, como o linho e o bambu, couro ecológico 
e o jeans reciclado com poliéster da PET. 
Na onda da sustentabilidade • A paixão 
pelo mar e pelo surf faz parte das origens da con-
fecção de vestuários e acessórios Oceano Sur-
fwear, empresa de Santa Catarina fundada há 
mais de 30 anos. Affonso Eggert Junior, diretor-
-presidente da marca, conta que sempre teve a 
preocupação em adotar ações com o objetivo de 
produzir vestuário se acessórios da forma mais 
sustentável possível. 
Os produtos de vestuário da Oceano têm em 
sua matéria-prima alguns componentes recicla-
dos, como é o caso da malha RECICLE, que tem 
50% de sua composição feita com fios da recicla-
gem de garrafas de PET. Também há grande res-
ponsabilidade nos processos de estamparia, no 
qual é reciclada a água usada para lavar os qua-
dros, assim como no processo de sublimação.
“A tinta sublimática é à base de água, não 
gera resíduos em grandes quantidades e o papel 
do processo é praticamente todo reaproveitado 
para usar nas impressoras normais e nos blocos 
de anotações”, conta Eggert Junior. A empresa 
também separa os resíduos industriais, além de 
latas, papéis em geral, retalhos de tecidos, ma-
lhas, plásticos e os vende ou doa a pessoas que 
reutilizam esses materiais.
Alguns resíduos, como no caso da malha, já 
são reaproveitados para fabricação de uma nova 
malha com misturas de fio desfibrado, com fio de 
algodão cru e poliéster de garrafa de PET. “Temos 
uma malha com o nome de ECO RETURN utilizada 
em nossa nova coleção que tem essa composi-
ção e também temos fornecedores de Jaraguá do 
Sul que nos fornece a malha INFYNITE, que tem a 
mesma composição”, conta o empresário. 
Além do processo • E a Oceano também vai 
além da preocupação com a matéria-prima e 
com os processos produtivos responsáveis. Um 
dos principais lemas da marca é manter o ocea-
no azul, o que é disseminado por meio de uma 
forte campanha. Mais conhecida por “Keepthe 
Ocean Blue”, a iniciativa tem o objetivo de pro-
mover ações para coleta de lixo nas praias, além 
de orientações sobre preservação da natureza.
A empresa também se preocupa com a sus-
tentabilidade econômica e por isso bonifica os 
colaboradores pelo Programa de Participação 
de Resultados (PPR). “Tudo isso, é claro, em um 
ambiente com muito amor, união e justiça. É o 
que buscamos sempre no dia a dia de trabalho, 
trabalhar numa comunidade, onde existe felici-
dade, trabalho com se fosse diversão”, destaca.
 
19
Passos para um vestir + Consciente
1- Identificar aspectos do consumismo - Estar alerta 
para não agir pautado pelos estímulos da mídia e não 
comprar por compulsão. Identificar um desejo e neces-
sidades verdadeiras.
2- Sempre que possível, optar por comprar roupas 
feitas com ativos ambientais e princípios do comércio 
ético e solidário.
3- Comprar produtos locais. O que é feito localmente é 
relevante globalmente.
4- Estar atento para lavar as roupas que realmente 
necessitam ser lavadas.
5- Cuidar para que as roupas não amassem e tenham 
que ser novamente passadas.
6- Valorizar o que é feito à mão.
7- Promover eventos de trocas de roupas.
8- Prolongar a vida das roupas – usar a criatividade e 
técnicas do retecer.
Fonte: Instituto Ecotece
Ivi
Realce
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 
Capa
Além desses tecidos fabricados na indústria 
têxtil brasileira, a Irmãs Green utiliza também 
off-cortes (resíduos têxteis) de tecidos e malhas 
reaproveitadas de coleções anteriores e também 
compra esses off-cortes de micro empresas fa-
miliares na região de Curitiba.
“O processo criativo e de pré-produção é 
executado em nosso ateliê, onde posteriormen-
te é encaminhado para ser confeccionado por 
facções de costura parceiras de nossa empresa. 
Todo esse processo é pensado para uma redu-
ção de impactos e a mão de obra que produzirá 
a coleção também é levada em conta, visando 
um comércio justo e as condições satisfatórias 
de trabalho envolvendo todos os fornecedores 
da cadeia de produção”, explica Hieda. 
Segundo a estilista, o interesse do público 
por um produto mais ético vem crescendo grada-
tivamente, e tem sido bem aceito, pois além da 
estética da roupa, as clientes têm se interessado 
também pelo conceito do produto e procuram sa-
ber a procedência das matérias-primas presen-
tes nas coleções. “O nosso público é uma mulher 
de alma jovem que gosta de se vestir de forma 
diferenciada e exclusiva e que dá valor ao con-
ceito envolvido em uma peça de roupa”, conta.
Desafios • Apesar de ser um mercado cres-
cente, Hieda acredita que existem três grandes 
desafios a serem superados. O primeiro é a que-
bra do paradigma consumista "fast-fashion" que 
ficou enraizado na moda, em que a indústria 
lança novas tendências muito rapidamente e in-
centiva o consumidor a comprar mais do que o 
necessário. O segundo é aliar o crescimento ao 
consumo sustentável. O terceiro é a concorrência 
com os produtos importados que possuem bai-
xos custos devido à mão de obra e matérias-pri-
mas mais baratas e a fabricação em larga escala. 
“Esse último é um desafio da indústria de 
moda brasileira em geral e não só da moda sus-
tentável. Para uma microempresa como a Irmãs 
Green, esses desafios são ainda maiores, mas 
20
continuamos acreditando em um produto mais 
ético e diferenciado e as pessoas têm se iden-
tificado com a nossa proposta, o que nos leva a 
concluir que estamos no caminho certo”, avalia. 
Para a consultora em moda sustentável Keka 
Ribeiro, a criação de uma nova cultura, de cons-
ciência verdadeira, é o grande desafio. “Ainda 
estamos no processo onde repetimos ações ide-
ais, mas a consciência mesmo, ou seja, a inte-
ligência essencial pela sustentabilidade ainda 
não existe. Quando nossa sociedade estiver cul-
turalmente educada por pensamentos sustentá-
veis, as ações serão naturais, contínuas e enga-
jadas, não será mais uma questão de escolha, 
mas escolhas naturais”, reflete. 
Presente e futuro • Apesar dos desafios 
para que se alcance o cenário ideal na produção 
de vestuários de forma sustentável, já e possí-
vel notar um novo estilo de vida sendo adotado 
pelas indústrias, profissionais e pelas pessoas. 
A valorização de produtos que reduzem ou eli-
minam a agressão ao meio ambiente está cada 
vez mais notável nos hábitos de consumo das 
pessoas e com a moda não é diferente. 
Segundo sugere a estilista Hieda, é importan-
te que as pessoas procurem saber a procedência 
dos produtos que estão vestindo, a começar por 
perguntar a si mesmo questões simples e rele-
vantes. A empresa que fabricou a roupa polui o 
meioambiente? O tecido foi fabricado visando à 
redução de resíduos? A mão deobra que a con-
feccionou foi explorada?
“Ao conhecerem mais profundamente o que 
estão levando para a casa, as pessoas vão con-
seguir quebrar as barreiras que as impediam de 
vestir com mais consciência, afinal somos o que 
vestimos não só esteticamente, a moda susten-
tável nos trouxe além da estética o conceito de 
ética para a roupa. A sustentabilidade quer trazer 
um futuro melhor para as novas gerações e isso 
traz benefícios pessoais e também coletivos para 
quem opta por esse tipo de produto”,finaliza.
“A tinta sublimática é 
à base de água, não 
gera resíduos em 
grandes quantidades 
e o papel do processo 
é praticamente todo 
reaproveitado para 
usar nas impressoras 
normais e nos blocos 
de anotações", Affonso 
Eggert Junior da Oceano 
Surfwear

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