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ABERTURA POLÍTICA


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Abertura política 
 
 
Expressão usada para designar o processo de transição do Regime Militar de 1964 
para uma ordem democrática, ocorrido no Brasil entre meados da década de 70 e o 
ano de 1985. 
 
 
A partir do governo Ernesto Geisel entre 1974 e 1979, a crise econômica do país e as 
dificuldades do regime militar agravam-se. A alta do petróleo e das taxas de juros 
internacionais desequilibra o balanço brasileiro de pagamentos e estimula a inflação. 
Além disso, compromete o crescimento econômico, baseado em financiamentos 
externos. Apesar do encarecimento dos empréstimos e da enorme dívida externa, o 
governo não interrompe o ciclo de expansão econômica do começo dos anos 70 e 
mantém os programas oficiais e os incentivos aos projetos privados. Ainda assim, o 
desenvolvimento industrial é afetado e o desemprego aumenta. 
 
 
Nesse quadro de dificuldades, o apoio da sociedade torna-se indispensável. Para 
consegui-lo, Geisel anuncia uma "distensão lenta, gradual e segura" do regime 
autoritário em direção à democracia. O processo de transição democrática é longo e 
ocorre com avanços e recuos. Ainda em 1974, o governo permite a propaganda 
eleitoral gratuita no rádio e na TV, e o partido de oposição, o Movimento Democrático 
Brasileiro (MDB), ganha as eleições. Os militares contrários ao restabelecimento da 
democracia, conhecidos como "linha-dura", reagem. Aumentam os casos de tortura nos 
cárceres militares e, em 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog é morto 
numa cela do DOI-Codi, órgão do 2º Exército, em São Paulo. A morte do metalúrgico 
Manuel Fiel Filho, em 17 de janeiro de 1976, também no DOI-Codi, leva à destituição 
do general Ednardo D''Ávila Melo do comando do 2º Exército. 
 
 
Em 1977, prevendo nova vitória da oposição na eleição seguinte, Geisel fecha o 
Congresso Nacional, cassa parlamentares e decreta o "pacote de abril". Ele altera as 
regras eleitorais para beneficiar a Aliança Renovadora Nacional (Arena), o partido 
oficial, e garantir maioria parlamentar para o governo. No mesmo ano, o general linha-
dura Sylvio Frota é exonerado do Ministério do Exército em função de suas 
manobrascontra a transição democrática. Em 1978 são proibidas greves em setores 
considerados estratégicos para a segurança nacional, como o de energia. Em 
contrapartida acaba a censura prévia a publicações e espetáculos e são revogados os 
atos institucionais que criaram a legislação excepcional militar. O bom desempenho da 
oposição nas eleições acelera a abertura política. Em 1979, o general João Baptista 
Figueiredoassume a Presidência da República até 1985. Sanciona a Lei da Anistia e 
promove uma reforma política que restabelece o pluripartidarismo. 
 
 
Diretas Já – Entre 1980 e 1981, prisões de líderes sindicais da região do ABC paulista, 
entre eles Luís Inácio Lula da Silvapresidente do recém-criado Partido dos 
Trabalhadores (PT), atentados terroristas na sede da Ordem dos Advogados do Brasil 
(OAB) e no centro de convenções do Riocentro, no Rio de Janeiro, revelam as grandes 
dificuldades da abertura. Ao mesmo tempo, começa a se formar um movimento 
suprapartidário em favor da aprovação da emenda constitucional, proposta pelo 
deputado federal mato-grossense Dante de Oliveira, que restabelece a eleição direta 
para a Presidência da República. A campanha das Diretas Já espalha-se em grandes 
comícios, passeatas e manifestações por todo o país. Apesar disso, em 25 de abril de 
1984, a emenda é derrotada no Congresso. 
 
 
A mobilização popular, no entanto, força uma transição para a democracia, negociada 
entre a sociedade e o regime militar. Os entendimentos são articulados pelo 
governador mineiro Tancredo Neves um dos líderes oposicionistas. À frente de uma 
chapa formada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e pelo 
Partido da Frente Liberal (PFL), Tancredo Neves é eleito presidente da República pelo 
Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985. Tancredo adoece, não chega a tomar 
posse e morre em 21 de abril. Seu vice, José Sarney assume a Presidência. 
 
A última eleição indireta marca o fim do regime militar, mas a transição para a 
democracia só se completa em 1988, no governo de José Sarney, com a promulgação 
da nova Constituição brasileira.

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