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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA TATIANA TELLES CORONIL A CONTRIBUI<;:.ii.O DA TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA: 0 EMPREGO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS Monografia apresentada ao Curso de P6s- Gradu8yao "Transtornos do Desenvolvimento Humano - Cas Psicoses as Oeficiencias" . Curso de Psicologia - Universidade Tuiuti do Parana Orientadora: Profa. Ora. Nilse Chiapetti. Curitiba 2005 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA A CONTRIBUI<;AO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA: 0 EMPREGO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS Monografia apresentada aD CursD de Pos- Gradu8cyao "Transtornos do Desenvolvimento Humano ~Cas Psicoses as Deficienciasll• Curso de Psicologia - Universidade Tuiuti do Parana Orientadora: Profa. Ora. Nilse Chiapetti. Curitiba 2005 TERMO DE APROVA<;fAO To'''MT.'',.Coro"'' ./ A CONTRIBUI<;fAO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA: 0 EMPREGO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS Esta disserta980 foi julgada e aprovada para obten98o do titulo de Especialista em Transtornos do Oesenvolvimento Humano no Programa do Curso de Psicologia. Curitiba, 02 de abril de 2005. Orientador: Prof. Ora. Nilse Chiapetti Universidade Tuiuti do Parana "0 Homem em atividade e, antes de tudo, um homem vivo. A inereia absoluta eorresponde a morte. 0 6eio, enquanto morte da atividade, signifiea nao 56 a morte do homem, mas um retorno do mesmo a um estagio anterior de seu desenvolvimenton Rui Chamone Jorge. AGRADECIMENTOS A Professora Dra. Nilse Chiapetti, meus agradecimentos pela fundamental orientac;ao, carinho e creditos depositados em mim. Seu auxtlio me ajudou a perceber com maior clareza a imporUmcia de ser Terapeuta Ocupacional. 1.INTRODUCAO .. 2. ESQUIZOFRENIA. 2.1. Defini,ao .. 2.2. Oiagnostico Oiferencial ..... 3. TERAPIA OCUPACIONAL .. SUMARIO 07 10 10 12 15 3.1. 0 emprego das atividades terapeuticas na historia ... 15 3.2. A terapia ocupacional e suas estrategias no tratamento de transtornos 17 menials ... 4. A CONTRIBUiCAO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS NO TRATAMENTO 19 DA ESQUIZOFRENIA .. 5. CONSIDERACOES FINAlS .... REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .. 24 26 1.INTRODU9AO A esquizofrenia e urn transtomo mental caracterizado par urna dissocias;ao das func;:oes psiquicas e pela perda de contato com 0 mundo exterior. Entre as sintomas deslaca-s8 a diminuiC;:8o da afetividade, au mesmo sua total supressao au auseneia, podendo instalar-s8 urn des ligamenta do mundo par parte do doente, que S8 volta para si mesma (autismo). As func;oes inlelectuais sao igualmente perturbadas, 0 que resulta numa progressiva alienac;ao acerca do que S8 passa a sua volta. (HOBNER, 1993; LOuzA 1993). A esquizofrenia afeta nao s6 a pessoa, mas tambem toda a sua familia e todas as pessoas a sua volta. De acordo com Neto, Motta, Wang e Elkis (1995) a esquizofrenia manifesta-s8 pela primeira vez usualmente no adolescente ou no adulto jovern, na segunda e terceira decadas de vida. As alterac;6es de comportamento que vao ocorrendo paulatinamente sao, em geral, interpretadas a luz de fatos do cotidiano. o paciente dificilmente tem critica de que seu estado e patologico, apresentando as mais diversas explicac;6es para a que esta ocorrendo consigo. Embora a nivel de consciencia, a OIientac;ao temporo-espacial, a memoria e a inteligencia nao sejam diretamente afetados, muitas vezes 0 paciente tern alterac;6es destas func;oes psiquicas em decorrencia do quadro psicotico que esta vivenciando. o DSM-IV (APA, 1994) refere um comportamento amplamente desorganizado, que pode manifestar-se de varias maneiras, indo desde a comportamento tolo e pueril ate agitac;ao imprevisivel. Pod em ser notados problemas em qualquer forma de comportamento dirigido a um objetivo, acarretando dificuldades no desempenho de atividades da vida diaria, tais como organizar as refeic;6es au manter a higiene. Apesar dos avanc;os obtidos nos ultimos anos, 0 tratamento do paciente esquizofrenico continua um grande desafio, exigindo a participaC;ao de diversos profissionais, que devem atuar de forma integrada em equipe para combinar as abordagens biologicas, psicologicas e psicossocial. (MOTTA, 1995). Segundo Wang e Elkis (1995), 0 tratamento do paeiente esquizofrenico pode ser feito em regime ambulatorial ou de hospitaliza9ao parcial (hospital-dia e hospital - noite), dependendo das eondi90es de eonten9ao ofereeidas pela familia. E essencial pensar nas abordagens psicossociais deste paciente. Pressup6e ter em mente que se trata de uma doenc;;acr6nica com severas limitac;;oesfuncionais. o processo de reabilitac;;aodos pacientes esquizofrenicos compreende a conjunto de ac;;oes que sejam capazes de Ihes trazer algum beneficio no sentido de proporcionar uma melhor integrac;;ao social, profissional, enfim, uma melhor qualidade de vida dentro dos limites que a doen9a impoe. A Terapia Oeupacional (TO) e esseneial no tratamento da esquizofrenia, pais consiste no desenvolvimento de atividades, atraves das quais o paciente tem a possibilidade de expressar-se utilizando 0 material com a qual trabalha. Nao ha uma preocupac;;ao imediata com a produtividade, ja que a enfase e dada no fenomeno do contato com a realidade. Hit diferentes lin has de trabalho, valorizando em maior ou men or grau a dinamica da relac;;ao que se estabelece entre paeiente e terapeuta ocupacional durante a atividade. (BENETTON, 1993). Segundo Hafner (1988) as Ofieinas Terapeuticas consistem numa importante modalidade de aplicac;ao da TO nos transtornos psiquiatricos. Trata-se de um programa mais estruturado de treinamento do paciente em uma atividade especifica, objetivando um trabalho au uma ocupaC;;80 profissional. Ao mesmo tempo em que aprende uma determinada ocupac;;ao, e avaliada a sua capacidade para suportar as pressoes exigidas na execUI;:ao do trabalho, tendo em vista sua futura inserc;;8.ono mercado de trabalho. Uma vez que a esquizofrenia incide numa faixa jovem, quando a individuo esla se preparando para entrar no mercado de trabalho ou esta inserido nele, e comum que a paciente nao consiga retornar ° nivel de produtividade que tinha anteriormente. Nesse caso, e preciso reorienta-Io do ponto de vista vccacicnal, preparando-o para uma nova atividade ou profissao (SHIRAKAWA, 1992). Tais considera<;:6es evidenciam a pertinencia da Terapia Ocupacional, e particuJarmente das oficinas terapeuticas no tratamento da esquizofrenia, no sentido de minimizar as perdas da capacidade funcional do paciente, decorrentes da doen,a. Segundo Chamone, (1995), as oficinas orientam-se fundamentalmente para a reinsen;ao social do paciente psiquiatrico, porque oferecem urn espa<;:o diferenciado, tutelado, fora do espac;o fisico e da orientac;ao asilar e segregadora dos hospitais psiquiatricos. Orienta-s8 em direc;ao a ucidadania", utilizando 0 trabalho, a produc;ao como recurso terapeuticQ, entendendo que uo trabalho e a unica terapeutica para a qual em tada a psiquiatria naD ha contra-indicac;6es" Diante disso, a partir de urna revisao teoriea acerca da esquizofrenia e das rnodalidades de tratamento aplicaveis a esse trans torno, 0 presente trabalho tem por objetivo estabelecer considerac;6es que evidenciarn a aplicabilidade e potenciais beneficios das oficinas terapeuticas, enquanto uma das formas de emprego da Terapia Ocupacional, no processo de tratarnento dos portadores desse transtorno mental. Para que se compreenda a importancia e aplicabWdade das Oficinas Terapeuticas no tratamento da esquizofrenia, e importante que se abordem aspectos como 0 conceito de esquizofrenia, diagnostico diferencial, 0 que se entende por Terapia Ocupacional e Oficinas Terapeuticas, e finalmente, 0 emprego desta ultima modalidade, no ambito da TO, na esquizofrenia.Estes aspectos sao abordados nas proximas unidades desse trabalho. 10 2. ESQUIZOFRENIA: DEFINlyAO E DIAGNOSTICO DIFERENCIAL 2.1 Defini!(ao o primeiro a utilizar 0 terma esquizofrenia roi 0 psiquiatra suic;o Eugen Bleuler em 1911, sobre as pacientes que tinham as caracteristicas de desligados de seus processos de pensamentos e respostas emotivas. (SHIRAWAKA, 2000). Caracterizada par uma dissociac;ao das fungoes psiquicas e pela perda de cantata com 0 mundo exterior, a esquizofrenia afela nao 56 a pessoa, mas tambem teda a sua familia e todas as pessoas a sua volta. Urn dos seus primeiros sintomas e a diminuiry80 da afetividade, quando nae a sua total supressao au ausencia, existindo urn des ligamenta do mundo par parte do daente, que S8 volta para si mesmo (autismo). As func;;:6es intelectuais sao igualmente perturbadas 0 que acarreta rapidamente a alienaC;8o de tude 0 que S8 passa a sua volta. (HUBNER. 1993, LOuzA 1993). Segundo 0 Manual de Diagnosticos e Estatistico de Transtornos Mentais - DSM-IV (APA. 1994). os aspectos essenciais da Esquizofrenia sao urn misto de sinais e sintomas caracteristicos, os quais podem ser tanto positiv~s quanto negativos. Os sintomas positiv~s parecem refletir em excesso ou com diston;6es as func;6es normais, enquanto os sintomas negativos parecem refletir uma diminuic;ao ou perda de func;6es normais. Os sintomas positivos incluem distorc;6es ou exageros do pensamento inferencial (delirios), da percepc;ao (alucinac;6es), da linguagem e da comunicagao (discurso desorganizado) e 0 monitoramento comportamental (comportamento amplamente desorganizado ou catatonico). Os sintomas negativos incluem restrilfoes na amplitude e intensidade da expressao emocional (embotamento do afeto), na fluencia e produtividade do pensamento (alogia) e na iniciac;:ao de comportamentos dirigidos a um objeto (avoli,ao). II Segundo Motta (1995),0 quadro residual ou defeito esquizofrenico consiste naqueles sinais e sintomas que persistem, em maior au menor grau de severidade, ap6s a remissao parcial do quadro agudo. Em uma minoria de pacientes podem permanecer deHrios, vivencias de influencia ou alucinac;oes cronicas, em intensidade variiweis. Para a maioria dos pacientes a quadro residual atinge predominantemente a esfera afetivo-conativa da personalidade. Os pacientes apresentam-se com olhar indiferente, com reduC;:8o da expressao facial e mimica. Seu discurso e pobre e podem ocorrer comportamentos inadequados. 0 areto e embotado, ha urn esvaziamento da expressao afetiva e pouca modulac;ao emocional. A perda de iniciativa e a apatia refletem no cotidiano: as pacientes pass am 0 dia sem fazer nada, ficam horas sentados no mesmo lugar, limitando-se a obedecer as solicita90es dos familiares. Os pacientes referem dificuldade para se concentrar par tempo prolongado ou para executar uma tarefa mais dificil. A percep~ao da propria deficiencia e particularmente penosa para os pacientes cuja critica esta um pouco preservada. 0NANG, 1995). Conforme Louza (1993) 0 efeito desta doen,a e devastador do aspecto humano no que concerne ao pensamento, emo~ao e expressao. as portadores de esquizofrenia sofrem na ausencia de cuidados especiais. Tem dificuldades para trabalhos e seus relacionamentos sao prejudicados e dificeis, mesmo com a melhora dos sintomas. Benetton (1993) e Shirakawa (1992) acrescentam que em pacientes com historias de outras doen9as pode ser diflcil a diagnostico para os sintomas da esquizofrenia, sendo estes sintomas mascarados pelos outros, nao recebendo, portanto a aten980 medica e a devida medica9ao. De acordo com Louza, (1993) a esquizofrenia e uma doen,a ampla que, alem da psicopatologia, compromete a vida de rela980 do seu portadar. Exige, em geral, 0 tratamento em equipe multidisciplinar. a pSiquiatra deve ponderar que a abordagem exclusivamente medica nao da conta da questao. 0 tratamento psicossocial e imprescindivel para voltar a organizar a vida do paciente. A 12 modalidade da abordagem psicossocial deve ser escolhida de acordo com a evolw;ao do quadro e das possibilidades do paciente. o tratamento do paciente na lase aguda da doen9a pode ser leito em regime ambulatorial ou de internac;8o. Esta se torna necessaria se 0 paciente apresenta risco de auto ou heteroagressividade, principal mente em decorrencia de ansiedade intensa, agitac;ao pSicomotora, presenc;a de delirios DU alucinac;6es. A intemac;ao deve ter a men or durac;ao passivel e tern como objetivo proteger 0 paciente, propiciando-Ihe urn ambiente tranquilo e com pouca eslimulaC;Elo sensorial, aliviando 0 quadro de agita9ao e ansiedade. (ARMSTRONG, 1993). Uma modalidade bastante empregada no tratamento, que freqOentemente taz parte do tratamento de reabililaC;8o dos pacientes com esquizofrenia, aD lado do medicamentoso, e a Terapia Ocupacional, que se refere a urna terapia centrada em atividades. A atividade nao deve ser encarada como tendo funyao meramente recreativa. Sua finalidade e recuperar a capacidade de voltar a fazer algo e combater a lalta de vontade. E indicada para aquelas pessoas que estao em estado de desorganizayoes, isoladas e com a vontade cornprometida. A atividade faz com que a pessoa se organize e possa desenvolver sua criatividade. Nao se trata merarnente de fazer uma tapeyaria, urna peya de ceramica ou urn desenho. Trata-se de concluir urna tarefa objetiva, propiciando a pessoa a constata9ao concreta de que ela tem capacidade para executa-Ia. (BENETTON, 1993). i 2.2. Diagnostico Diferencial Segundo 0 DSM-IV (APA, 1994) existe uma ampla variedade de condi90es rnedicas gerais que podern apresentar-se com sintornas psicoticos: Transtorno Psicotico Devido a urna Condiyao Medica Geral, delirium ou dememcia, que sao diagnosticados quando existem evidencias, indicando que os delirios e alucinayoes sao consequencia fisio16gica direta duma condiyao medica geral. 13 Transtornos Psicoticos Induzidos par Substancia, Delirium Induzido por Substancia e Demencia Persistente Induzida por Substancia, que sao diferenciados da Esquizofrenia pelo fata de que uma substancia (drogas, medicamentos) e considerada etiologicamente relacionada com as delirios e alucina<;:6es. Transtorno de Humor com Aspectos Psicoticos e Transtorno Esquizoafetivo, as quais sao de dificil distinc;ao com Esquizofrenia pelo fata de que a perturbac;ao do humor e comum durante as rases prodromica, ativa a residual da Esquizofrenia. (APA, 1994; HAFNER, 1987). Transtorno Esquizofreniforme, que pode ser diferenciado da Esquizofrenia com base em sua durac;ao. Transtorno Delirante, cujo diagnostico diferencial com a Esquizofrenia e repousa na natureza dos delirios e na aus€mcia de outros sintomas caracteristicos dessa ultima. Transtorno Psicotico Sem Outra Especificac;ao: urn diagnostico nessa direc;ao pode ser feito quando nao ha informac;6es suficientes para decidir entre Esquizofrenia e outros Transtornos Psicoticos. Transtorno da Personalidade Esquizotipica, Esquizoide ou Paranoide: a Esquizofrenia compartilha caracter!sticas e pode ser precedida por esses transtomos. (APA, 1994). De acordo com Elkis, (1995) a distin<;ao entre esquizofrenia e transtornos do humor envolve uma antiga discussao teo rica da nosografia psiquiatrica. Classicamente, segundo 0 conceito jasperiano de hierarquia, na presenc;a de sintomas de esquizofrenia e de transtomo do humor, deve prevalecer 0 diagnostico da primeira. No entanto, nota-se nos criterios diagnosticos atuais uma tendencia a inversao de tal hierarquia. A importancia dessa diferenciac;ao diagnostica e clara, na medida em que as condutas terapeuticas e 0 prognostico do paciente sao diferentes em ambas as patologias. E necessario salientar, entretanto que muitas vezes se tom a dificil diferenciarentre uma depressao psicotica com delirios incongruentes com 0 humor e uma esquizofrenia com delirios niilistas ou hipocondriacos. Quadros '4 depressivos podem simular uma esquizofrenia catat6nica; sintomas depressivos pod em assemelhar a sintomas negativas esquizofrenicos. Quadros hipomaniacos au maniacos com idea~aodelirante devem ser lembrados no diferencial com esquizofrenia. Em certes transtornos de personalidade podem ocorrer sintomas que S8 assemelham aos da esquizofrenia. Os transtomos paranoides (F60. 0), esquizoide (F60. 1) e emocionalmente instavel tipo borderline (F60. 31) sao aqueles que mais freqOentemente devem ser diferenciados da esquizofrenia. Os sintomas apresentam-se estaveis e persistentes por lon905 anos, acompanhando praticamente a historia de vida do individuo. 0 quadro tende a S8 instalar de forma progressiva havendo desadapta,ao pessoal e social cronica. (LOUzA e MOTTA 1995). Segundo Dalgalarrondo, (1993), uma vez que a esquizofrenia ocorre freqOentemente na segunda decada de vida, e precise considerar 85sa possibilidade quando urn adolescente comec;a a apresentar alteral;oes significativas de seu comportamento habitual. Como quadro esquizofrenico pose ter uma instalal;8o insidiosa, e preciso fazer urn acompanharnento intensive do paciente para que se possa distinguir urna excentricidade transitoria da adolescencia de urn quadro processual. 15 3. TERAPIA OCUPACIONAL 3.1. 0 emprego de atividades terapeuticas na hist6ria A hist6ria da Terapia Ocupacional e bastante recents, pOfsm podemos falar que a atividade humana enquanto recurso terapeutico fol utilizada, de forma talv8Z pouco consciente e/ou cientifica, desde os tempos mais remotos.O homem percebe que as atividades possuem caracteristic8S capazes de influencia-Io, afeta-Io e transforma-Io e as utiliza, a principia de forma intuitiva, para trabalhar aspectos ffsicos e principalmente aspectos emocionais. Na Prs-hist6ria, 0 homem utilizava as pinturas nas paredes de cavernas, representando seus temores e alegrias diarias e conseqOentemente elaborando- as internamente. Entre os Egipcios, em 2000ac, havia a inteng80 terapiiutica no tratamento do humor doentio, quando usavam cantos e dangas ou quando recomendavam ao paciente ocupar suas horas livres com atividades recreativas. Os Romanos (293ac) dedicavam-se a cura de doengas mentais e fisicas com a ajuda de divers6es, entretenimento e leitura. Em 172ac, Galeno, medico grego, afirmava ser a ocupagao 0 melhor medico da natureza, sendo essencial a felicidade humana. Durante a Idade Media esse tipo de tratamento passou por um periodo de inatividade. E em 1407, retorna com Frei Joffe, que instituiu 0 trabalho como uma das formas de tratamento dos doentes do Asilo de Saragoga na Espanha. Com a Revolu,80 Francesa, em 1789, novas ideias surgiram, e Philip Pinel, entao diretor do Hospital Bicetre, institui a terapia pelo trabalho como forma integrante da reforma psiquiatrica. No Brasil, em 1854, no Hospicio Pedro II, havia oficinas de trabalho para 0 tratamento de doentes mentais. Em 1903, Juliano Moreira, diretor de Assistencia a PSicopatas, impulsionou a Terapia Ocupacional no Brasil, principal mente no RJ, sendo que em 1911 criou uma colonia para mulheres onde a terapeutica pelo trabalho passou a ser 16 executada com maior intensidade. Entretanto toi com a criaC;80 da Colonia Juliano Moreira em Jacarepagua/RJ, que 0 tratamento tomau grande impulso no pais. Com a depressao econ6mica decorrente da Primeira Guerra Mundial, novamente vemos urn declinio da ocupac;ao terapeutica, que retorna novamente com 0 aparecimento de pessoas especializadas para desenvolver esse trabalho. A primeira escola de Terapia Ocupacional foi aberta em 1915 em Chicago/EUA. No Brasil, em 1946, foi criado no RJ a Servi90 de Terapia Ocupacional no Centro Psiquiatrico Nacional, cuja direc;8.o ficou ao encargo da Ora. Nise M. da Silveira. Em 1948 a profissao de Terapia Ocupacional toi reconhecida na Europa e em 1951 foi criada a Federa9ao Mundial de Terapia Ocupacional. o primeiro curso de Terapia Ocupacional no Brasil, instalado pela ONU, com dura9ao de 12 meses, foi ministrado no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo, sendo regulamentado em 1964. Somente em 13 de outubro de 1969, atraves do Decreta-Lei nO938, sao definidas as atribuic;6es do Terapeuta Ocupacional e a fonnac;ao de nivel superior e reconhecida, ficando a Ministerio da Salide incumbido da fiscaliza9ao do exercicio profissional. Em 1975, com a Lei nO6316, cria-se 0 Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e as Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO's), passando para estes a incumb€mcia de fiscatizar e normatizar as profiss6es, alem de definir a formac;ao e competencia dos profissionais. o C6digo de Etica Profissional que em seus capitulos define as responsabilidades dos profissionais de Terapia Ocupacional e Fisioterapia foi aprovada pelo COFFITO em 1978. Em 1987, com a Resolu,ao COFFIT0-81, a exercicio do profissional de Terapia Ocupacional e revogado e redefine-se a competencia do Terapeuta Ocupacional e 0 usa da expressao Terapia Ocupacional. (CARLO; BARTALOTII, 2001). 17 3.2. A terapia Ocupacional e suas estrategias no tratamento de transtornos psiquiatricos. A Terapia Ocupacional atua com projetos de vida, com atividades do cotidiano, com a retina do sujeito. No cotidiano, observa-se 0 usa do tempo, a ambiente em que ele 8Sta inserido, atividades do seu dia a dia e os papa is que ele apresenta na vida. Considera-se esses aspectos quantitativa e qualitativamente. Avalia e promove a saude prchica atuando no potencial criativo, na expressividade, no aspecto hjdico, na produtividade e na evolutividade humana. (MACHADO, 2000). De acordo com Maximino, (2001), urn dos pressupostos basicos da T era pia Ocupacional e que a fazer, a 8yao, pode exercer urn eteite terapeutico sobre seu agente. Outro pressuposto basico e que "fazer junto" (em principia com a terapeuta, que pode indicar a 8c;ao, ensinar, interpretar etc., dependendo de sua concep\=ao teorica) facilita a a\=ao e/ou Ihe da outros sentidos, pOis todo fazer implica uma rela\=ao com 0 mundo das coisas e das pessoas, nao ha um fazer sozinho, a nao ser um balan\=ar autista, a que seria a exata nega\=ao de uma rela\=ao. Diferentes "qualidades de rela,ao" marcam diferen,as no fazer. A Terapia Ocupacional e eminentemente social, po is 0 fazer e sernpre urn ato social. Os homens se juntam para fazer coisas e 0 fazer junto cria um tipo especial de relac;ao, urn identificar-se pela a980 ou por seus objetivos em comum. Aquilo que e feito, 0 e em urn rnundo compartHhado. Winnicott (1982) diz que existe uma diferen<;a entre compreender 0 brincar infantil- ou 0 fazer - como uma tentativa de elabora9ao de vivencias emocionais, de pura repetic;ao e treinamento de papeis sociais que deverao ser desempenhados na vida adulta, eo brincar compreendido como a maneira propria da crian98 viver; 0 proprio brincar provocando vivencias de fOl"9a extraordinaria. Seria interessante pensannos que, ao inves de a brincadeira ser treinamento para a vida adulta, talvez nos adultos e que continuemos brincando IS cada vez que exercemos este uimpulso criativo~, cada vez que exercemos ests "desejo de fazer'. A Terapia Ocupacional trala exatamente disto: de re/estabelecer uma potencia produtiva, possibilitar uma prodUC;:c30significativ8. Para fazer islo, as terapeutas ocupacionais lan<;am mao de diversos procedimentos e tecnicas que podem ser aplicadas tanto em "setling" individual ou grupal. (MAXIMINO, 2001). Segundo Benetlon (1991), grupos de atividades sempre foram um recurso multo utilizado na Terapia Ocupacional,principalmente no campo da Psiquiatria. Refere-s8 a dais tipos de dinamica, ligados diretamente ao usa das atividades. No primeiro, cada paciente faz sua atividade e mantem com 0 terapeuta uma relac;:ao individual (grupo de atividades), no segundo, os pacientes fazem uma unica atividade em conjunto e 0 terapeuta pade manter 0 grupo nessa relac;:ao de Irabalho conjunto (atividade grupal). As oficinas terapeuticas, que constituem urn espac;:o de atendimento em grupo em toma do fazer humano, sao uma forma de tratamento utilizada dentro da Terapia Ocupacional. Uma vez que sao 0 foeo do presente estudo, serao abordadas com maior profundidade no capitulo que se segue. 19 4. A CONTRIBUIC;:AO DAS OFICINAS TERAPEUTICAS NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA De acordo com Lopes (1999), ter a vida par objeto primeiro, significa muito mais que preservac;ao desta, comumente exemplificada na ausemcia de doenCY8, au pela assistencia a doenya, mas antes e fundamentalmente, e a qualidade desta vida 0 que esta em cena, em suas caracteristicas mais diversas, desde 0 acesso a bens, a cultura, a educa<;:ao, ao trabalho, a convivencia, a historia, ate direito de cada individuo S8 exercitar sujeito de seu proprio "destine", patamar maximo de respeito a vida, 0 direito de cidadania, uma especie "rara" de saude. No ge5to, na expressao, na pratic8, na ac;ao, no fazer, S8 processa a recuperac;ao. As atividades humanas sao constituidas par urn conjunto de 8yoes que apresentam qualidades, demandam capacidades, materialidade e estabelecem mecanismos interiores para sua realiza~ao. A linguagem da a~ao e um dos muitos modos de conhecer a si mesmo, de conhecer 0 outro, 0 mundo, 0 espa~o, 0 tempo em que vivemos, e a nossa cultura. 0 que se estabelece no decorrer das atividades nas Oficinas Terapeuticas e urn campo de experimentac;ao, no qual se instala urn processo dinamico, caracterizado como fio condutor de uma historia peculiar, que se constroi na relaC;80 terapeutica, a cada momenta ou situayao, de modo singular. (RIBEIRO, 1996). Segundo Carlo e BartaloUi (2001), a qualidade de vida envolve a percepyao subjetiva dos individuos sobre seu bern estar e suas condir;6es de vida. Envolve tambem 0 trabalho para uma organizaC;80 coletiva na estruturac;ao dos direitos a na construr;ao da cidadania da populac;ao atendida nesse campo. Por isso sao valorizados momentos de atenc;ao individual e grupal com a finalidade de potencializar a comunicac;ao, a troca de informac;6es e a participac;ao do sujeito no mundo. Isso significa constituir urn trabalho artesanal, de desconstruc;ao e enfrentamento de problemas e de recomposiC;80 e resignificaC;80 dos projetos de vida, buscando novas formas de conhecimento, de relacionamento e de aC;80 sobre 0 mundo. ep1/\ ap e1J91S14elad a leossad Oluawow olad sessaJdxa sapep!ssaoau ap olunfuo:J op apeppeln:J1lJed elad opeluawaldwo:J aJdwas I?Jas a sOllafns sop 0lUaW!pUale ou se:J1ln€l'deJa.l seuP!JO sep sOI\!lafqo so 1nmsuO:JSaJOlej ap olunfuo:J ass3 "lepOS epeJlua el\ou ewn 'sapep11\1le sep J11.lede 'w!sse 'opuem6!Juo:J 'aA!A 12nb ou 120010 a 200d'i 2 woo Ol!a[ns op O~~eJalUi ap .aluod. 2wn 0~J2WOl as anb sagoe ap olunfuoo wn JapuaaJdwa 'SOI\OUSOl!SU~Jl Jellllqlssod 'SOJIUOOUa Ja08JOl\ej 'sagxauoo 's9gon:Jop9Jul Jeosnq 'BPll\ e Je!ldwe ap 8S-81eJ.l ·(0000 \lNnl~O~) ·sOl!a[ns sop 0~~2P!12AU! 2 a 01uaW210S! 0 woo JadwoJ ap 9 S18100SseooJt JSl\oWOJd sp 'B1:JU€l'IS!XSe WO:J ]esJ oss!wOJdwo:l wn JB1UaSaJde sp BWJOj OWO:J wente sapep!l\llB S\:I "ooedsa-odwSl o~:5elaJ ep 0~OemlnJ1Sa BU enle a leuopowa opq!l!nba 0 'mns eJlauew ap 's:JalaqelSaJ 'soluawlluas a sOluawesuad 'sapnme ap Bouepnw Sl\oWOJd sapepll\qe JBZllBSJ sp Ole 0 "epll\ ap apeP!lenb ep o~:)nJtsuo:J e 8:llldw! anb 0 opnl eJed Setnl ap OlUaW!puaaJdwa op a ]Bossad JelSa waq op o~:)nJtsuoo ep OP!lUaS ou 'OpeOlj!/\ll\ a OpeZ!lepUalod OUe!P!lo:J wn ap 0lEoeZ!ue6Jo I? e epu€I'puadapu! ep eJs!nbuo:J I? wes!1\ se:J!lI?Jd sess3 "odnJ6 we no aJuawlenpll\!pu! 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A prime ira mediac;ao da-s8 pela experimentac;ao concreta do paciente, quando esle S8 permite ao cantato e a construl(ao de objetos concretos. Tern -S8 a atividade como fim de 5i mesma. A segunda aconleee na relac,;:aocom 0 terapeuta, quando este busca estimular a paciente a explorac;ao mental, refiexao sabre a que ele fez. Estimula~se a paciente a esvaziar, conhecer au reconhecer as partes do todo construido, a objeto. "Aqui a atividade e meio para a profissional, porem, resgatada pelo paciente, a partir de suas experiEmcias e novas explicac;;oes de si para si".(CHAMONE, 1993). Segundo Chamone (1990), a importancia do exercicio motor-mental e que, atraves dele, a paciente aprende a ser ator e critlco de sua vida, nao uma vitima de sua vida. E este principia se aplica a homens norma is, neur6ticos, psicoticos, letrados e analfabetos. De acordo com Maximino (2001), 0 principal objet iva e que as pacientes aprendam a se relacionar com a situac;ao grupal. 0 primeiro passo deve ser ajudar a paciente no sentido de conhecer a suficiente a respeito dos outros e da proposta de "estar junto". Com urn paciente mais integrado uma simples apresenta,ao pode ser suficiente enquanto que urn paciente mais desorganizado pode necessitar de uma atividade definida que ajude a reduzir a ansiedade e facilitar a contato. Um paeiente agressivo pode aehar a proposta de atividade alga restrito e a terapeuta deve evilar pressionar a paciente para que se expresse ate que ele possa sentir- se segura. A estrutura grupal perrnite a aparecimento de varios papeis que poderao suprir as neeessidades dos diversos paeientes simultaneamente, ja que as 22 pessoas assumem papeis na medida em que estes satisfazem suas necessidades emocionais. Ja que as pacientes tandem a S8 comportar no grupo do mesmo modo que em suas familias, esla abordagem permite ao terapeuta ocupacional conhecer como e 0 paciente fora do ambiente de tratamento. o Terapeuta deve ser 0 lider do grupo e e urna figura importante em seu funcionamento. Sua funt;ao e facilitar 0 processo e criar 0 melhor ambiente que possaconduzir ao tipo de crescimento e aprendizado para as quais estes grupos estao dirigidos. 0 terapeuta naD deve assumir responsabilidades em lugar do grupo, mas sim percebe-Io como urn agente terapeutico. Suas atitudes devem ser baseadas na crenc;a no direito do paciente de S8 auto determinar e na confianr;a suficiente para permitir este exercicio de liberdade para explorar e testar suas proprias capacidades (FIDLER, 1969). Segundo Benetton (1991), Existem cinco tipos de grupos que pod em ser trabalhados nas oficinas terapeuticas, descritos a seguir: .:. Grupo paralelo: agrupamento de pacientes envolvidos em atividades com a minima necessidade de interar;ao. Os membros do grupo podem agir como fonte de estimulo uns para os outros ou ainda no teste de como seu comportamento pode ateta-Ios. No entanto, a realizar;ao de atividade nao requer interar;ao e 0 terapeuta prove assistencia a cada paciente individualmente . •:. Grupo de projeto: Os participantes estao envolvidos em uma atividade comum de curta durar;ao que requer alguma interar;ao: definidas por cooperar;ao e competir;ao. 0 objetivo principal e a realizar;ao da atividade, e relacionamento que nao digam respeito a esta nao sao esperados. 0 terapeuta auxilia 0 grupo na seler;ao de atividades que requerem este nivel de interar;ao e prove assistencia a cada membro individualmente. Ocasionalmente 0 grupo pode estar envolvido em atividade grupal. .:. Grupo egocentrico-cooperativo: os membros do grupo selecionam, implementam e executam atividades de longa durar;ao. A atividade continua sendo central, mas sao encorajadas as buscas de 23 satisfayao das necessidades emocionais atraves de interac;ao recfproca. 0 terapeuta e ainda suporte e orientador da tarefa e continua a responder por parte consideravel das necessidades de cada membra do grupo, mas exerce menos papel de Hderanya . •:. Grupo cooperativo: os participantes sao encorajados a expressar emoc;6es, compartilhar ideias e sentimentos, e identificar e gratificar as necessidades s6cio-emocionais uns dos outros junta mente com a realiza((ao da atividade. 0 grupo nao e usado para percepc;ao e modifica((80 de emoy6es, respostas e valores, mas sim para experimentar 0 prazer de compartilhar um nivel emocional e aprender a interagir em relayao interpessaais em situa((ao grupa1. .:. Grupo maduro: caracteriza-se pela realizac;ao de atividades e desempenha de papeis adequados a um funcionamento grupal. 0 objetivo e a combinac;aa de pradutividade com satisfay80 das necessidades grupais. De acordo com Mahler e Tschabrun (1978), as grupos desenvolvidos nas aficinas terapeuticas, tern como objetivo aumentar opartunidades de sociaHzac;ao, aumentar a auto-estima e confian((a, e expressar sentimentos, enquanto trabalhando au planejando atividades conjunlamente, pais tao importante quanta a produ((ao, sao as diversas possibilidades que resultam dela. 24 5. CONSIDERA<;:OES FINAlS Assim como individuos normais veern a mundo sob sua perspectiva pessoal, as individuos esquizofrenicos tambem tern sua propria perceplfao da realidade. Sua visao de mundo, entretanto, e em geral surpreendentemente diferente da realidade que normalmente e percebida e compartilhada pelas pessoas que as cercam. Ao viver em urn mundo que pareee distorcido, instavel e faltando-Ihe as pontcs de refer€mcia confiaveis, que todos n6s usamos para nos ancorarmos a realidade, a pessoa com esquizofrenia pode sentir-se ansiosa e confusa. Como jil foi ressaltada, a esquizofrenia destaca-se entre as transtornos menta is, causando sofrimento aD paciente e seus familia res. ProvDca limita':(oes e prejuizos, dificultando suas atividades cotidianas e sua convivencia social. Islo evidencia a necessidade de uma melhor compreensa.o da doenya para aliviar 0 sofrimento dos individuos e pmporcionar-Ihes uma melher qualidade de vida. A partir da revisa.o te6rica e reflexa.o resultante que deram origem a este trabalho, pode-se concluir que quando oterecemos uma atividade ao paciente e solicitamos que a realizem, muitas coisas podem acontecer e precisamos estar atentos se desejamos que a terapeutica ocupacional realmente acontec;a. 0 mais importante e a singularidade de cad a um e a maneira como interagimos e respeltamos as partlcularidades destes pacientes, po is somente assirn e possivel criar urn ~setting~ terapeutico adequado com 0 uso de atividades. As oficinas terapeuticas buscam unir saude, convivio social e cultura, dando condic;6es para a instalac;a.o de urn pmcesso de possivel transformac;a.o desse sujeito, em urn sujeito desejante e produtlvo, digno de respeito e inclusa.o social. Nas oficinas terapeuticas, 0 paciente tern a possibilidade de resgatar 0 seu desejo com 0 trabalho realizado dentm das mesmas, a produc;ao e expressao livres. A produc;ao tern eteilos terapeuticos neste sujeito, que chega alienado, e que nesta atividade pode exercitar sua possibilidade de escolha e expressao. A oticina terapeutica tern como 61ica a valorizac;ao do sujeito no seu meio social. 25 A realiza980 desse trabalho permitiu que a autora percebesse, com maior clareza, a importiincia do papel do Terapeuta Ocupacional no tratamento dos transtomos mentais, particularmente da esquizofrenia e da atividade terapeutica como tratamento. Como ja foi mencionada, a produ9ao permite surgir 0 que ha de mais particular, 0 desejo do paciente, pois tao importante quanto a prodUl;ao, sao as diversas possibilidades que resultam dela. 26 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS FRANCISCO, Berenice Rosa - Terapla Ocupacional Campinas: Papirus, 2001. CARLO, Marysia M.R. Prado de BARTALOTTI, Celina Camargo - Terapia Ocupacional no Brasil. Sao Paulo I SP: Ed. Plexus, 2001. pADUA, Elisabete M. Marchesini de MAGALHAES, Lilian Vieira - Terapia Ocupacional - Tearia e Pralica. Campinas/SP: Ed. Papinus, 2003. FORTUNA, Sonia Maria Castelo Branco - Terapias Expressivas. Campinas/SP: Ed. Alinea, 2000. MEDEIROS, Maria Heloisa da Rocha - Terapia Ocupacional, um enfoque epistemologico e social. Sao Carlos I SP: Ed. Hicitec, 2003. RIBEIRO, Paulo Rennes Mar9al- Saude Mental: Dimesao historica e campos de atua9aO. Sao Paulo/SP: Ed. EPU, 1996. NETO Marcio Rodrigues Louza; MOTTA, Thelma da WANG, Yuang-Pang; ELKIS, Helio. Psiquiatria Basica. Porto Alegra/RS: Ed. 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