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evolução do pensamento econômico na perspectiva trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA DOMÉSTICA
TEORIA ECONÔMICA – ECD 640
Evolução do pensamento econômico na categoria analítica “trabalho”
Rodrigo de Vasconcellos Viana Medeiros
VIÇOSA-MG
2015
1. INTRODUÇÃO
1.1 Introdução e objetivo
O pensamento econômico passou por diversas modificações e aprimoramentos durante os vários anos desde seu surgimento. Como toda ciência social, a economia tem seu início nas bases relacionadas ao pensamento filosófico e político, lhe faltando cientificidade para se firmar como uma ciência autônoma. Este período, chamado também de fase pré-científica, não contribuiu apenas para o desenvolvimento das bases filosófica da economia, mas também para o aumento do comércio mundial (mercantilismo) o que criou uma necessidade para se compreender melhor o processo de troca entres as mercadorias. É a partir desse contexto e a subquente revolução industrial que surge a fase científica da economia, onde várias escolas de pensamento econômico nascem com objetivo de compreender melhor as relações econômicas que começavam a surgir. Dentre as diversas relações econômicas a categoria trabalho merece destaque pois, ao longo dos anos, vários autores dedicaram-se a esta categoria com a finalidade de entender como se dá o valor das mercadorias através do trabalho empregado na fabricação dos produtos. As escolas clássica, marxista, neoclássica e keynesiana merecem destaque neste quesito uma vez que os teóricos de tais escolas criaram teorias que até hoje são ensinadas nos cursos de economia do mundo inteiro. 
Tem-se como objetivo neste trabalho estudar as teorias e as interpretações da categoria analítica “trabalho” durante a evolução do pensamento econômico. Portanto, não será criado um debate entre autores visando mostrar qual teoria é a mais correta. Além disso, dada a amplitude dos assuntos abordados pelos autores, restringiu-se este trabalho apenas em estudar os conceitos relacionados à teoria do valor, utilidade e trabalho.
2. Das origens até 1750 – A fase pré-científica da Economia
A fase pré-científica pode ainda ser dividida em três subperíodos: Antiguidade Grega, Idade Média (Pensamento Escolástico) e mercantilismo. Para Pereira (2015), o período da Antiguidade Grega foi marcado por um forte desenvolvimento dos pensamentos filosóficos e políticos. Sendo assim, neste período, as obras relacionadas à Economia baseavam-se principalmente nestes princípios e careciam de aspectos científicos. Na Idade Média, Pinho e Vasconcellos (2004) ressaltam o surgimento de atividades regionais e interregionais, propiciando o nascimento de alguns elementos que são característicos da ciência econômica moderna (sistema bancário, divisão do trabalho etc.). Pereira (2015) também lembra que nesse período ocorreu um crescimento na produção, dado o aumento da oferta da mão de obra, desenvolvendo as cidades e o comércio internacional. Diferentemente do período Escolástico, no mercantilismo a busca pelo lucro e o enriquecimento tornam-se o objetivo principal das práticas comercias. Para alcançar tais objetivos Pinho e Vasconcellos (2004) lembram do papel intervencionista do Estado na economia, restringindo importações e estimulando sua exportações. Nesse período a sistematização das relações econômicas começa a emergir com William Petty (que ressaltava a importância de analises estatística dos problemas econômicos) e Quesnay (que trazia consigo a ideia de que a economia passaria por uma espécie de circuito econômico).
Contudo, em tais subperíodos não se pode dizer que ocorreu um pensamento econômico independente propriamente dito uma vez que apenas haviam ideias isoladas sobre as relações econômicas em cada período. De qualquer maneira os questionamentos e os elementos econômicos que foram levantados nesse período serviram de base tanto para avanços na história do pensamento econômico como para críticas, como por exemplo, a crítica da fisiocracia à intervenção estatal na economia.
3. FASE DE CRIAÇÃO CIENTÍFICA DA ECONOMIA (1750 – 1870)
3.1 Fisiocracia
Para os fisiocratas a base da economia seria a produção agrícola e criticando a ideia da intervenção estatal, os autores desta escola afirmavam que cabia ao Estado limitar-se a ser o guardião da propriedade e garantir a liberdade econômica. O principal autor da fisiocracia foi François Quesnay. Em seu livro, Tableau Économique, Quesnay representou um esquema onde havia um fluxo de bens e despesas, evidenciando dessa forma a interdependência entre atividades econômicas (PEREIRA, 2015). Tal fluxo de despesas e bens serviria de inspiração investigatória posteriormente para os keynesianos a partir de 1936 e sua abordagem de interdependência das atividades econômicas seria investigada e aprimorada por Leon Walras (PINHO; VASCONCELOS, 2004).
Em virtude de sua crítica a intervenção estatal na economia, os fisiocratas admitiam que existia uma lei natural que regia todas as relações econômicas e por este motivo seria impossível criar normas que visassem a organização econômica. Além disso, por aceitarem que a base da economia era a agricultura, os fisiocratas acreditavam que a terra seria a fonte de todas as riquezas sendo o comércio e a indústria setores inférteis da economia (PEREIRA, 2015).
Apesar de consideráveis avanços no estudo sistemático da economia, fundamentações a cerca do trabalho não eram teorizadas uma vez que os alicerces da teoria econômica ainda estava incipiente. É a partir de A. Smith, dentro de um contexto de revolução industrial, que a categoria trabalho passa a se destacar.
3.2 A Escola Clássica
A Escola Clássica, que tem como principais autores Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus e Jonh Stuart Mill, surge em um período que a crescente importância da indústria se destacava na economia. Sendo assim, torna-se relevante levar em consideração tal contexto para compreender as obras dos clássicos naquele momento. Esses autores estavam combatendo as correntes que já estavam ultrapassadas (fisiocracia e mercantilismo) e buscavam explicar para a sociedade o novo mundo que estava nascendo naquele período. As explicações dos clássicos centravam-se em elucidar sobre o crescimento econômico a longo prazo e a distribuição de renda entre as várias classes sociais existentes (ARAÚJO, 2014).
Adam Smith é o expoente da escola clássica e escreveu sobre diversos assuntos. Suas obras mais importantes são: A teoria dos sentimentos morais (1756) e A riqueza das nações (1776). Esta última pode ser considerada a obra que deu “independência” a ciência econômica pois foi a primeira vez em que a economia foi tratada de maneira individual e sistemática. Além disso, é possível considerar Smith como sendo o precursor da teoria do valor-trabalho embora que esta teoria não tenha sido formulada com coerência, porém muitas das ideias que surgiriam utilizaram a teoria de Smith como base para serem formuladas (HUNT, 1985).[1: Devido a extensão das suas obras não será abordado os diversos pensamentos a cerca da ética e da moral e outros conceitos econômicos que Smith discute, tão pouco será debatido sobre sua falhas e lacunas que ficaram em aberto em suas obras. Como objetivo deste trabalho será analisar a categoria analítica “trabalho” sob a perspectivas de vários autores, foi apenas integrado ao trabalho as principais ideias sobre este tema na visão do autor citado. Esta nota será válida para todos os autores aqui citados.]
Smith preocupava-se principalmente em formular uma teoria que explicasse quais fatores eram responsáveis pela riqueza das nações e como se dava o crescimento econômico. Visando explicar tal questão, Smith direciona seu olhar para o processo de produção daquele momento histórico e a partir disso chega a conclusão que tanto o capital, ou seja, os meios de produção, quanto o trabalho são produtivos e ambos são essenciais para a produção subsequente. Logo, chega-se a conclusão que para uma mercadoria possuir valoré pré-requisito que esta deva ser produzida por trabalho humano. Isso significa dizer que a causa das riquezas das nações é o trabalho, sendo este trabalho uma fonte geradora de um produto anual maior ou menor para a sociedade. Sendo assim, para aumentar a riqueza das nações é necessário aumentar a divisão do trabalho uma vez que, de acordo com Smith, esta divisão aumenta a produtividade do trabalho, fazendo com que a riqueza de uma nação cresça de uma maneira mais acelerada (ARAÚJO, 2014).
Outro autor de crucial importância para a ciência econômica e para os clássicos foi David Ricardo. Suas abordagens nos mais variados temas o fizeram fonte de inspiração de diversos outros economistas no futuro como William Thompson, Thomas Hodgskin, entre outros (PINHO; VASCONCELLOS, 2014). Dentre os assuntos que Ricardo discutiu merecem destaque a teoria da renda da terra, salário, lucros e investimento; sua teoria das vantagens comparativas e o benefício do comércio internacional; e sua teoria do valor-trabalho, que será objeto de estudo deste trabalho.
Em seu livro Princípios de Economia Política e Tributação, Ricardo afirma que a utilidade não determina o valor da mercadoria. Para ele, o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho nela incorporada, isto é, o valor da mercadoria é dado pelo custo em trabalho que esta possui. “Se uma mercadoria for produzida pelo emprego de uma máquina e um trabalhador, entram no cálculo o valor da mercadoria não só o custo em trabalho do trabalhador, mas também o custo do trabalho incorporado à máquina” (ARAÚJO, 2014, p. 35). Para Hunt (1985), Ricardo mostrou a significância do trabalho no processo de troca no mercado uma vez que o trabalho estava proporcionalmente ligado aos preços das mercadorias. Ainda segundo o autor, Ricardo, assim como Smith, acreditava que as mercadorias tinham dois preços: o natural e o de mercado. O primeiro, como foi visto, diz respeito ao valor de trabalho incorporado à mercadoria e o segundo relaciona-se às oscilações entre a oferta e a procura. Logo, fica claro que sua teoria do valor-trabalho se concentra em aspectos sociais da produção e da troca das mercadorias.
3.3 Karl Marx
Marx foi o principal responsável em levantar críticas à escola clássica de pensamento econômico. Sofrendo forte influência de Hegel e do materialismo dialético, Marx trouxe aprimoramentos na teoria do valor-trabalho de Ricardo, além de evidenciar como que o modo de produção capitalista apropriava-se do excedente de produção, que ficou conhecido como mais-valia. Apesar de aceitar algumas suposições de certos economistas clássicos (principalmente Ricardo), é na questão da propriedade privada que Marx discorda dos pensadores anteriores ao dizer que a melhor forma e mais original de se produzir é aquela em que a propriedade comunal prevalece (HUNT, 1985). Marx desenvolveu diversos conceitos importantes como trabalho concreto/abstrato, mais-valia absoluta/relativa, valor de uso/troca, força de trabalho, composição orgânica do capital, capital constante/capital variável, classes sociais. Contudo, para avaliar a evolução histórica da categoria “trabalho” no pensamento econômico, é importante manter o enfoque na teoria marxista no que diz respeito ao valor, ao trabalho e a mais-valia.
Marx começa sua teoria do valor discorrendo sobre trabalho concreto e abstrato. O trabalho concreto considera o trabalho em sua modalidade especifica. Ou seja, é o modo como cada trabalhador utiliza sua mão de obra. O trabalho abstrato surge a partir do concreto pois representa o puro dispêndio de energia usado na produção de uma mercadoria. Ao investigar a teoria do valor-trabalho dos clássicos, Marx percebeu que estes autores estavam cometendo incoerências ao tratarem o valor dos bens pela quantidade de trabalho neles incorporados e ao investigarem o preço do trabalho recorrer às leis de oferta e procura. Logo, Marx afirma que o mesmo principio aplicado para determinar o valor dos bens deveria ser aplicado para originar o valor do trabalho. A partir desse princípio, Marx chega a conclusão que o valor da força de trabalho deve ser igual ao valor da cesta de mercadorias que permite a sobrevivência do trabalhador na sociedade. Todavia, ao chegar nesta conclusão, Marx observa que o valor da força de trabalho cobre apenas uma parcela da jornada de trabalho do operário. Isso significa dizer que o operário deve trabalhar algumas horas a mais para que o capitalista (que é o dono dos meios de produção) possa se apropriar do excedente do trabalhador, gerando o que Marx chamou de mais-valia (ARAÚJO, 2014).
O conceito de mais-valia pode ser divido em dois modos: mais-valia absoluta e relativa. A mais-valia absoluta ocorre quando a jornada de trabalho pode ser prolongada, fazendo com que o capitalista tenha uma maior quantidade de trabalho excedente para se apropriar. Quando não é possível estender a jornada de trabalho por algum motivo, pode-se obter uma mais-valia relativa, isto é, aumentando a produtividade do trabalho por meio de mudanças no processo produtivo e com isso reduzindo o tempo de trabalho necessário para a subsistência do trabalhador. É importante observar que o objetivo do capitalista em aumentar a produtividade do trabalhador visa, exclusivamente, diminuir o tempo de trabalho necessário sem a necessidade de reduzir a jornada de trabalho do operário (HUNT, 1985).
4. ELABORAÇÃO DOS PRINCÍPIOS TEÓRICOS FUNDAMENTAIS (1870 – 1929)
Pinho e Vasconcellos (2004) apontam que, inicialmente, este período foi marcado por um contexto de prosperidade econômica nos países ocidentais com crescimento econômico, aumento da acumulação de capital e salários. Com isso, as teorias dos economistas clássicos que eram pessimistas (Malthus, por exemplo) e as indagações de Marx a respeito da deterioração dos salários foram deixadas de lado para o surgimento de conceitos fundamentais e aprimoramento das teorias econômicas já existentes. Todavia, apesar de todo desenvolvimento teórico do período é com a crise de 1929 que o pensamento econômico é posto em “xeque” sendo questionado por diversas correntes, abrindo espaço para o surgimento de novas tendências econômicas.
Araújo (2014) considera o período neoclássico (1870 – 1929) como um momento de transição na ciência econômica, pois grande número de economistas daquele período deslocam suas preocupações do valor do trabalho para a esfera do valor utilitário das coisas sendo este valor dependente do estado psicológico da pessoa além de se relacionar diretamente com a ideia de satisfação de necessidades pessoais, ou seja, ocorreu uma revolução marginalista na teoria econômica. Outro ponto importante nesse período neoclássico é que os autores não fazem distinção entre a remuneração do trabalho e a remuneração da propriedade, sendo de crucial importância a análise de como as empresas maximizam seus lucros e as famílias maximizam sua utilidade em bens e serviços. Diversas escolas econômicas surgem nesse período dentre as mais relevantes estão: a Escola Psicológica Austríaca, a Escola Matemática de Lausanne, a Escola de Cambrigde.
4.1 Escola Psicológica Austríaca
O principal autor desta escola é Carl Menger que além de investigar aspectos econômicos, analisou e mostrou-se preocupado com as proposições metodológicas. Pinho e Vasconcellos (2004) mostram que Menger deslocou a finalidade dos estudos econômicos, que estavam relacionados ao estudo da riqueza, para a questão da satisfação dos desejos humanos e valoração dos bens adquiridos. Hunt (1985) complementa esta ideia ao mostrar que na teoria do valor de Menger o valor funciona como uma espécie de força que conduz as pessoas até os bens. Quanto maior for a escassez de um bem, maior será essa força exercida nas pessoas. Logo, é possível identificar que não há mais necessidade de diferenciar preço natural e preço de mercado. “O valor é o preço e o preço é o valor em unidades monetárias” (ARAÚJO, 2014, p. 105). 
4.2 William Stanley Jevons
Apesar de não figurar especificamente em uma escola, Jevonsfoi juntamente com Menger e Walras um dos precursores da revolução marginalista. Em sua teoria das trocas, Jevons opõem-se claramente a Marx ao afirmar que um estudante de economia que assume que o valor de um objeto esteja incorporado a outra coisa (no caso, Jevons refere-se ao trabalho incorporado) não está coerente em seus estudos. Sendo assim, ele propõe que a ideia de valor, para ser usada corretamente, deve significar a situação em que ocorra uma troca de um objeto por outro. Isso mostra que o interesse de Jevons estava ligado principalmente aos preços (HUNT, 1985).
Diferentemente de Marx, Jevons acreditava que deveria haver uma harmonia social uma vez que enquanto agentes de troca, todos seriam iguais e encontravam-se na mesma situação. Portanto, todo trabalhador tem que ser considerado um agente de troca que traz para a riqueza comum uma parte de seus elementos componentes, assim como todo proprietário de terra e qualquer capitalista. Logo, é possível inferir que ninguém parte para o processo de troca a não ser que espere obter com isso algum benefício (HUNT, 1985).
4.3 A Escola Matemática de Lausanne
Léon Walras foi, sem dúvida nenhuma, um dos maiores economistas de sua época e de uma maneira geral. Walras desenvolveu vários conceitos como a ideia do leiloeiro walrasiano e também estudou o problema do valor de troca das mercadorias, mas sua maior contribuição para a ciência econômica foi a teoria do equilíbrio geral, onde Walras conseguiu demonstrar matematicamente que todos os preços da economia possuem uma interdependência. Sua obra visava demonstrar o irrealismo de uma situação de cetereis paribus. Procurou também separar a economia pura da economia aplicada, de modo a preservar o status da ciência econômica, enquanto pura, de possíveis distorções e aproximações dos teóricos dos negócios públicos (PINHO; VASCONCELOS, 2004). 
Em sua teoria do valor de troca, Walras faz uma simplificação ao estudar a troca entre duas mercadorias e a partir desse estudo propõe uma teoria de troca entre várias mercadorias. Walras dizia que existiam, basicamente, três propostas para solucionar o problema da origem do valor. A primeira seria a que Adam Smith e Ricardo propuseram, isto é, a origem do valor estaria ligada ao trabalho. Esta solução não seria adequada pois era muito restrita. A segunda, considerada uma solução francesa, estava relacionada a utilidade que um bem possui. Para ele esta solução acabava por superestimar o valor das coisas. E, finalmente, a terceira solução seria aquela que teria sido desenvolvida por Burlamaqui e seu pai, que enunciava que as coisas teriam seu valor originado na sua raridade. Todavia, em seus escritos mais adiante Walras acaba por definir que o valor de um bem é dado a partir da soma de uma parcela de utilidade juntamente com a raridade de se obter aquela mercadoria (WALRAS, 1983).
4.4 A Escola de Cambrigde
Alfred Marshall é considerado o mais importante economista desta escola. Diferentemente de Walras, propôs um modelo de equilíbrio parcial na economia em que ele examinava uma ou duas mercadorias e ignorava as interligações existentes entres os mercados. Além disso, também trabalhou em vários conceitos de microeconomia que são estudados ainda nos dias atuais nos cursos de graduação e pós-graduação em ciências econômicas. Conceitos como elasticidade preço da procura, excedente do consumidor e produtor foram introduzidos por Marshall e aprimorados por outros autores mais contemporâneos. Muito de seus estudos foram baseados em ideias de economistas clássicos, como Smith, Ricardo e Mill (HUNT, 1985).
Marshall acreditava que para se iniciar uma análise do sistema econômico era necessário partir de estudos que envolvessem o comportamento do consumidor e do produtor e o modo como estes se relacionam no mercado. Partindo desse princípio Marshall chega a conclusão que o valor das mercadorias está relacionado ao tempo. Logo, no curto prazo o valor dos bens é mais dependente da demanda uma vez que não há como aumentar substancialmente a demanda em um tempo reduzido. E no longo prazo o valor é mais dependente de fatores da oferta pois neste espaço de tempo é possível aumentar os estoques de capitais e aumentar a produção. Fica claro que este tipo de análise tem abordagem diferenciada em relação aos clássicos. Outra diferença de enfoque entre Marshall e os clássicos é que enquanto os clássicos preocupavam-se com a criação do valor que era proveniente dos bens materiais tangíveis, Marshall afirmava que o homem não cria bens materiais tangíveis e sim utilidades (ARAÚJO, 2014).
5. FASE ATUAL DA CIÊNCIA ECONÔMICA 
Em 1929 o sistema econômico passou por uma forte crise mundial que trouxe diversos questionamentos ao pensamento clássico e neoclássico. Os socialistas emergiam afirmando que para resolver os problemas sociais o Estado deveria assumir a propriedade dos meios de produção. Em meio a esse conturbado período que surge Keynes, substituindo os estudos clássicos por uma nova maneira de raciocinar na economia e opondo-se ao pensamento marxista. Suas obras estimularam o estudo e o desenvolvimento não só na área econômica, mas também em áreas da estatística e da contabilidade nacional (PEREIRA, 2015).
5.1 As contribuições de Keynes
John Maynard Keynes provocou de fato uma revolução no pensamento econômico de sua época. Ao verificar que a crise de 1929 provocava severo desemprego na economia, Keynes começou a investigar a validade dos pressupostos dos clássicos e chegou a conclusão que a Lei de Say não podia explicar tais níveis de desempregos existentes uma vez que os clássicos atribuíam como um dos fatores ao desemprego a rigidez nos preços dos salários imposta pela criação dos sindicatos. Portanto, Keynes se afasta muito dos pensamentos dos clássicos, mesmo sendo discípulo de Marshall e ter aceitado boa parte dos ensinamentos ortodoxos (HUNT, 1985).[2: A Lei de Say tem como pressuposto que o processo de produção capitalista é também um processo de geração de rendas, ou seja, gera lucros, salário, aluguéis, etc. Por isso a oferta acaba criando sua própria demanda.]
Para entender o esquema básico da Teoria Geral de Keynes é necessário compreender que a preocupação básica que o autor tinha era determinar os principais elementos responsáveis pelo emprego em uma economia industrial moderna. Dessa forma, ao estudar quais são esses elementos aparecerão os fatores das causas do desemprego. Para tanto, ao estudar o emprego Keynes verificou que este está relacionado à produção e à renda. Sendo assim, estudar o nível de renda nacional é o mesmo que estudar o emprego, na teoria keynesiana. Seguindo esta linha de raciocínio é possível entender o pensamento de Keynes da seguinte maneira: O nível de emprego numa sociedade industrial é determinado pelo nível de produção, sendo este determinado pela demanda efetiva. A demanda efetiva, simplificando o modelo keynesiano, é composta de bens de consumo e bens de investimento e para compreendê-la é necessário estudar os determinantes de consumo e investimento (ARAÚJO, 2014). 
Para Keynes o consumo agregado da economia é determinado pela renda e esta será sempre menor que 1 porque pelo menos uma parte desta é alocada em poupança. Já o investimento agregado é determinado pelas expectativas que os empresários têm em relação ao lucro e aos juros do capital. Sendo o consumo praticamente um fator invariável o nível de investimento torna-se o principal determinante da renda nacional em uma economia industrial. Em outras palavras, o que determina o volume da produção e, por isso, o volume de emprego é a demanda efetiva que não é apenas aquela demanda que é de fato realizada, mas também o que se espera ser gasto com consumo mais as expectativas com gastos em investimento. Logo, o desemprego é provocado pela deficiência de demanda e é neste ponto que Keynes enfatiza sua crítica aos clássicos pois ele observa que se em um momento de elevado desemprego na economia (como era o período de 1929), ocorrer a redução nos salários isso tende a pioraro problema uma vez que esta redução vai provocar uma redução no consumo, fazendo com os empresários posterguem possíveis projetos de aumento no investimento e dessa forma ocorreria um aumento da capacidade ociosa, aumentando ainda mais o desemprego (ARAÚJO, 2014).
5.2 Piero Sraffa: uma proposta de medida invariável de valor
Sraffa foi um economista que se dedicou em resolver um problema que fora proposto por Ricardo: encontrar uma medida invariável de valor. Para descobrir essa medida Sraffa começa sua análise propondo que ao invés das mercadorias serem o único insumo produtivo, seria o trabalho o único insumo produtivo. Para explicar essa troca, Sraffa desenvolve a ideia de que qualquer mercadoria que entra no processo produtivo pode ser decomposta, em última análise, em trabalho. Por exemplo, as mercadorias que entram diretamente na produção podem ser subdividas em trabalho e outras mercadorias utilizadas na produção. Estas outras mercadorias podem ser subdividas e assim sucessivamente até chegar ao ponto em que o valor representativo no cálculo do produto final seja insignificante, podendo ser eliminado. Ora, o que sobra então representa apenas a quantidade de trabalho empregada ao tempo necessário a produção da mercadoria em questão (HUNT, 1985).
Outro ponto fundamental em sua teoria do valor está relacionado aos salários. Sraffa afirma que os salários além de representarem elemento de subsistência dos operários (assim Marx, Ricardo e outros economistas consideravam), representavam também uma parcela do produto excedente e por esse motivo ele sugeria que deveria ser considerada uma divisão do excedente do produto total entre operários (salário excedente) e capitalistas (lucro). Isso significa dizer que “a capacidade de trabalho não é, para Sraffa, uma mercadoria cujo valor seja determinado como o valor de qualquer outra mercadoria” (HUNT, 1985, p. 473). Em outras palavras é possível dizer que Sraffa define o total dos lucros e salários como sendo a mais-valia e toda produção que esteja além das necessidades de trocas das mercadorias será considerada como excedente.
6. CONCLUSÃO
A evolução do pensamento econômico na categoria analítica “trabalho” ocorreu gradualmente. É possível observar que em um primeiro momento os economistas (tanto a escola clássica como Marx) estavam preocupados principalmente em mensurar o valor do trabalho e, consequentemente, o valor da mercadoria. Adiante, com a revolução marginalista, é percebida uma transição no pensamento econômico, sendo a teoria do valor trabalho substituída pela teoria do valor utilitário das mercadorias. Esta mudança marcou profundamente o pensamento econômico uma vez que neste período os princípios teóricos fundamentais da ciência econômica foram elaborados e diversas escolas pensamento surgiram. E, finalmente, com o surgimento das ideias keynesianas foi possível verificar uma revolução plena no modo de pensar em economia. Aos poucos as hipóteses dos neoclássicos, como a Lei de Say, foram substituídas por outros princípios, como o princípio da demanda efetiva. Além disso, a importância do trabalho foi vista de uma maneira macroeconômica, sendo o nível de emprego a fonte de renda nacional da economia. Keynes mostrou a importância de manter a economia com um baixo nível de desemprego para que mantenha pois é o ato de consumir juntamente com investimentos feitos pelos empresários que mantém o fluxo circular da renda em uma economia moderna.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, C. R. V. História do Pensamento Econômico: uma abordagem introdutória. São Paulo: Atlas, 2014.
HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico. 7 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1985. 
PEREIRA, R. V. A. A Evolução do Pensamento Econômico. Disponível em: http://www.factum.com.br/artigos/t002.html Acesso em 29/03/2015.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Economia. São Paulo: Saraiva, 2004.
WALRAS, L. Compêndio dos Elementos de Economia Política. In: Coleção: Os pensadores. Abril Cultural, 1983.

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