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TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Profª Ms. Viviani Jaques de Campos 1. FRAUDES EM ALIMENTOS As fraudes em alimentos visando sempre conferir maiores lucros, se verificam através de várias operações, que procuram ocultar ou mascarar as más condições estruturais e sanitárias dos produtos, e atribuir-lhes requisitos que não possuem. As fraudes comprometem características organolépticas e as vezes o valor nutritivo dos alimentos, prejudicando os interesses dos consumidores. Fraudes por alteração: Está relacionada com as modificações operadas em seus caracteres organolépticos, estado sanitário e as vezes em seu conteúdo nutritivo. Essas alterações ocorrem sem a interferência do indivíduo e pela ação de agentes físicos, químicos, microbianos e enzimáticos. A alteração denominada “corrupção”, é a que se produz por negligência, ignorância, desleixo, desobediência às normas estabelecidas durante as etapas de processamento, conservação e armazenamento do produto. Em qualquer um dos casos, o conceito de fraude se evidencia quando o vendedor, sabendo que o produto se encontra em condições impróprias, efetua ou ordena sua comercialização. Fraudes por adulteração: Alimento adulterado é aquele que foi privado em forma parcial ou total, de seus elementos úteis ou característicos, substituídos ou não por outros inertes ou estranhos, que tenha sido adicionado de aditivos não autorizados ou submetidos a tratamento de qualquer natureza, para dissimular ou ocultar alterações, deficiente qualidade de matéria-prima ou defeitos de elaboração. As fraudes por adulteração, são realizadas intencionalmente e dentro das seguintes modalidades: Por adição ao produto de alimentos ou substâncias inferiores: tem a finalidade de aumentar o peso ou volume do alimento. Ex.: café moído, para aumento de volume e peso: cevada, milho, cascas de café, etc., para aumento da coloração: caramelo. farinha de trigo: farinhas inferiores; pimenta do reino: sementes de mamão dessecadas e moídas, serragem de madeira. Por adição de elementos não permitidos ou adição de substâncias não reveladas: consiste na adição de aditivos não permitidos ou em quantidades além dos limites, ou acréscimo de alimentos propositadamente não relevados. Ex.: pigmentos em bebidas: para simular seu envelhecimento em tonéis de carvalho; amido no iogurte: para aumentar seu volume e espessamento. Por subtração de constituintes dos alimentos: está vinculada com a retirada de um ou mais constituintes do produto, para utilização na produção de outros alimentos. Ex.: café: extração da cafeína; leite: retirada do creme para fabricação de manteiga Não se pode confundir adulteração com a retirada de parte dos constituintes para fabricação de subprodutos; o próprio leite com a retirada da gordura para obtenção da manteiga, deve ser vendido como desnatado. Por subtração e adição de constituintes simultaneamente: onde o constituinte subtraído pode ser trocado por outro também pertencente ao produto ou outro componente de natureza inferior e de menor preço. Ex.: azeite de oliva: parte do azeite é retirado e substituído por óleos vegetais; bombons e produtos recheados: a manteiga de cacau é substituída por gorduras hidrogenadas. Por substituição no produto, de um ou mais de seus constituintes: substituição por outros sem nenhuma expressão, mas que transmitem ao produto as mesmas características do original. Ex.: embutidos: a carne, geralmente moída é substituída ou misturada com outras não usualmente empregadas na alimentação humana; massas de bolos, de macarrão, etc.: o ovo constante no rótulo é substituído por corante. Por substituição de alimento original, por outro elaborado artificialmente: quando há substituição do produto declarado no rótulo. Ex.: refrigerantes como guaraná (solução açucarada, contendo aditivos, acidulante, flavorizante, etc.); Suco de uva: preparado com adoçante, essência, acidulante, conservador, etc. Por substituição da matéria-prima anunciada na embalagem, por outra parecida, porém de menor valor Ex.: glicose por mel; cação por filé de bonito; amido por gelatina. Por simulação de quantidade de alimento especificada: essa adulteração é realizada principalmente para efeito de ser o produto vendido mais barato de que seus concorrentes, à custa de menor dispêndio de matéria-prima. Ex.: produtos enlatados ou acondicionados em embalagens plásticas, que não se apresentam com a quantidade especificada na rotulagem; macarrão embalado em pacotes, com menor quantidade da que se encontra em produtos concorrentes Por recuperação fraudulenta de alimentos: é a recuperação de alimentos desfigurados em suas qualidades organolépticas e as vezes sanitariamente. Ex.: feijão velho: o grão de safras antigas é tratado por aplicações de óleos peixes alterados: pincelagem nas guelras, com corante ou mercúrio cromo. Fraudes por falsificação: Alimento falsificado é aquele que tenha a aparência e características gerais de produto legítimo, protegido ou não por marca registrada e se denomina como este, sem sê-lo, ou que não proceda de seus verdadeiros fabricantes ou zona de produção conhecida e/ou declarada. A falsificação é a modalidade de fraude levada a efeito na ocasião da venda do próprio produto e consiste em enganar o consumidor, induzindo-o a adquirir o alimento de nível inferior, julgando-o de categoria superior. A falsificação se processa de várias maneiras: Quanto à qualidade: o produto é vendido como se fosse de alta qualidade, quando na verdade é de classe inferior. Ex.: carne: cortes de 2ª vendidos como de primeira, ou venda da carne de 1ª com excesso de pelancas; frutas: colhidas antes do tempo e que não amadurecerão nunca. Quanto ao peso: onde há diminuição de peso do alimento na hora de sua comercialização, durante as manobras de pesagem. Pesagens em balanças não aferidas. Pesagens em balanças aferidas, havendo, porém, pesagens inexatas pelo emprego de pesos viciados, de colocação de objetos ou pressão no prato da balança. Adição de água em camarões. Quanto à apresentação do produto: valendo-se de marcas de prestígio e produtos tradicionais no mercado, o falsificador procura confundi-los com novos produtos, através de nomes e embalagens parecidas na forma, cor, nos símbolos, nos dizeres, nas letras, etc. Quanto à procedência do produto: muitos alimentos são preferencialmente consumidos pela fama que lhes dão as regiões onde são produzidos. Ex.: Bebidas: bebidas nacionais vendidas como estrangeiras; Chá: venda de chás brasileiros, como asiáticos. Fraudes por sofisticação: A fraude por sofisticação, é uma variante da falsificação, porém, ocorre uma dose maior de audácia. Um dos recursos empregados pelos falsificadores, é o aproveitamento de rótulos, de etiquetas, de garrafas, de latas e outros tipos de embalagens, geralmente de origem estrangeira, para serem utilizados nos produtos falsificados. Ou exemplo são açougues onde a iluminação é com lâmpadas vermelhas, para que carnes envelhecidas ou com coloração alterada, se mostrem com cor avermelhada. 2. INDUSTRIALIZAÇÃO E MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS Segundo a Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos é: “A aplicação de métodos e da técnica, para o preparo, armazenamento, processamento, controle, embalagem, distribuição e utilização dos alimentos”. A indústria de alimentos tem a finalidade de, através de processos físicos, químicos e biológicos, transformar matérias-primas alimentares, em produtos adequados ao consumo humano e de longa vida de prateleira. Apesar das perdas inevitáveis de algunsnutrientes, a industrialização, sob o critério de dar o melhor possível de qualidade aos produtos alimentícios, proporciona outras condições antes ausentes que são de nítidas vantagens para a melhoria do produto. IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA DE ALIMENTOS O raio de atividade da TA cobre extensa área que vai desde a fase de escolha da matéria-prima até as etapas de armazenamento e de consumo Para cumprir as exigências dessa ampla ação, a TA utiliza recursos de diferentes áreas da ciência: Ciências Biológicas: No campo da genética por exemplo, foram abertas inúmeras perspectivas. A criação de animais com características comerciais mais vantajosas, a obtenção de vegetais e frutas com melhores qualidades organolépticas, a seleção de sementes, a inseminação artificial, etc., foram conquistas que assinalaram o início da evolução da indústria de alimentos. Já a microbiologia recorre à tecnologia de alimentos, que dela retira subsídios para o conhecimento dos processos de alterações microbiológicas de alimentos e da aplicação de meios de preservação e conservação destes, dos métodos de fermentação, da melhoria organoléptica de produtos e da criação de inúmeros subprodutos. Ciências Físicas e Químicas: Através da química, os alimentos que são substâncias químicas, são avaliados pelo estudo: dos seus constituintes (química analítica); do seu conteúdo de carbono (química orgânica); de substâncias inorgânicas (química inorgânica); dos seus fenômenos vitais (bioquímica); e dos meios que interpretam relacionamento dos fatores físicos e químicos entre si (físico-química) Engenharia de Alimentos: Orienta e fornece os meios específicos para a elaboração de produtos alimentícios através de aparelhos ou de sistemas, inspirados em operações básicas de natureza física, química ou biológica. Onde, o produto alimentício deve apresentar além do seu conceito e rendimento comercial, as características necessárias para que seja realmente um alimento. Nutrição: Cabe a nutrição, estabelecer a conveniência e a oportunidade da presença, nos produtos, dos nutrientes, como acontece nos produtos dietéticos e principalmente a avaliação positiva ou negativa do produto, sobre o organismo. PRINCIPAIS VANTAGENS DA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS • Aplicação de processos e de equipamentos técnicos, possibilitando: maior tempo de vida útil e com isso melhor rendimento no aproveitamento, na padronização, consumo e armazenamento dos produtos alimentícios. • Melhoria das qualidades organolépticas, principalmente do sabor, aroma e consistência dos produtos, e preservação o mais possível dos seus valores nutritivos. • Obtenção de sabores especiais, em produtos modificados em processamentos de dessecação, salga e de defumação (frutas, bacalhau, carne seca, carne defumada, etc.). • Instituição de produtos especializados, para uso na dietética infantil ou na do adulto. • Expansão na elaboração de produtos tradicionais de certas regiões, como por exemplo queijos, vinhos, etc. • Presença no mercado de produtos fora da época de safras, ou originados de regiões distantes • Elaboração de produtos, obtidos por ação microrgânica ou enzimática; utilização de caracteres organolépticos aparentemente indesejáveis como na elaboração de produtos fermentados, curtidos, etc. • Modificações estruturais, por adição e ou supressão de nutrientes. • Acondicionamento adequado, em embalagens rígidas ou flexíveis. • Inovações relacionadas com a abreviação do tempo de preparação e cocção dos produtos. • Relativo baixo preço, considerando a fácil obtenção no comércio, a segurança, variedade e apresentação dos produtos. • Utilização dos resíduos de valor econômico, para reemprego na alimentação e aproveitamento em produtos de outras áreas industriais. FASES DE PROCESSAMENTO DOS PRODUTOS ALIMENTÍCIOS As fases têm características individuais que se ligam entre si, são elas: • Beneficiamento • Elaboração • Preservação e Conservação • Armazenamento Beneficiamento: É a primeira etapa da utilização da matéria–prima selecionada, que passa por uma série de manobras preliminares, segundo a sua origem e destinação e que consiste de modo geral na sua limpeza, separação de partes não comestíveis, higienização, etc. • Durante a limpeza ocorre a retirada de partes inaproveitáveis que reduzem as cargas microbianas normais existentes, são ainda eliminados ovos de parasitos ou suas formas evolutivas. • As sujidades como terra, pedaços de corpos estranhos, etc., são expurgados não só pelo caráter anti-higiênico, como por sua presença danificar os aparelhos de fabrico. • Na fase de beneficiamento também são apartadas e recolhidas as partes rejeitadas das matérias primas, empregadas tradicionalmente na preparação de subprodutos e as consideradas como resíduos. Elaboração: É a etapa de maior importância na fabricação, pois nela se desenvolvem diversificadas atividades tecnológicas, segundo a linha de elaboração do produto. As operações de natureza física, química e biológica determinam nessa fase as transformações que caracterizam os produtos, aproveitando integralmente a matéria prima ou separando desta seus resíduos, utilizados geralmente para a feitura de novos alimentos. Principais processos tecnológicos utilizados na fase de elaboração: • Físicos: Moagem Trituração Esmagamento (prensagem) Aplicação de calor • Químicos: Extração (por solvente) Acidificação Emprego de aditivos Salga • Físico-químicos: Refinação Hidrolização Dissolução Emulsificação Caramelização Cristalização • Biológicos: Fermentação Maturação Na fase final de elaboração, com os mesmos cuidados especiais e principalmente com a finalidade de coibir contaminações, o produto é acondicionado em envases especiais ou envoltórios, também escolhidos sob diretrizes tecnológicas. Apesar de todas as fases, as vezes, serem utilizados meios de conservação e preservação, essa fase especificamente, é a de preservação e conservação propriamente dita. Preservação e a conservação de alimentos são processos independentes, que geralmente se complementam, estabelecendo a continuidade necessária para que os alimentos e os produtos alimentícios permaneçam inalterados em seus valores organolépticos e nutritivos e apresentem condições higiênicas capazes de assegurar o seu consumo. • PRESERVAÇÃO: A preservação se faz através de normas higiênicas, que deverão proteger o alimento “in natura”, em forma de preparação culinária ou de produto, em todas as suas etapas, da colheita a ingestão. • CONSERVAÇÃO: Os alimentos industrializados ou não, por suas particularidades constitutivas, podem facilmente sofrer modificações ou alterações produzidas por vários agentes, sejam biológicos (microrganismos e enzimas), químicos (oxigênio e água) e físicos (luz e calor). PROCESSOS DE CONSERVAÇÃO Devido à variedade de alterações que os alimentos podem sofrer, existem uma série de processos de conservação que podem agir individual ou associadamente em cada alimento ou produto: • Por calor • Por frio • Por secagem • Por concentração • Por adição de elementos • Por fermentação Armazenamento: É a fase que tem como característica principal a preservação que exige vários alimentos, para que não se deteriorem. As alterações podem ocorrer por diferentes causas segundo as qualidades e características específicas de cada produto. Causas de alterações de produtos armazenados • Temperatura ambiental: A temperatura no armazenamento está condicionada à exposição deste a diferentes graus inadequados de calor ou frio.Porém, a aplicação obrigatória e prolongada de certas temperaturas, principalmente as baixas, tornam o produto mais oneroso. A medida que a temperatura se eleva, a velocidade da atividade microrgânica e de certas enzimas mais se intensificam. A elevação da temperatura compreende não só o aumento da temperatura ambiental, como também o calor gerado pela respiração em certos vegetais e frutas, pela presença de insetos em cereais, etc. Já a medida que se processa a diminuição da temperatura de armazenamento, mais escassa se verifica a possibilidade de deterioração dos produtos, já que o desenvolvimento de bactérias e fungos diminui; também os insetos que atacam determinados alimentos não suportam temperaturas abaixo de 3 a 5°C (alguns deles e seus ovos conseguem resistir). Nem sempre, porém é benéfico o efeito da baixa temperatura. Em alimentos ricos em água por exemplo pode ocorrer congelamento durante o armazenamento e o descongelamento que ocasionam alterações de maior ou menor extensão (vegetais, frutas, carnes, etc.) • Umidade: No produto armazenado é imprescindível a manutenção da umidade relativa de equilíbrio (URE). Quando a umidade relativa do ar do recinto de armazenagem, não corresponde a URE do produto, este pode ser alterado. Frutas e verduras por exemplo: o ideal seria armazená-las em local com alta umidade pela facilidade com que se desidratam, porém, o alto grau de umidade favorece crescimento de fungos no produto. • Ar atmosférico do local de armazenamento: O armazenamento em “atmosfera controlada”, consiste em modificar o ar comum do armazém, por maior suplementação de gás carbônico. Essa adição de CO2 em relação ao oxigênio, deve ser controlada dependendo do alimento. Além deste processo, o armazenamento pode ser feito com a supressão do ar, como é feito em produtos de pequeno teor aquoso. • Absorção de odores: Determinados produtos quando não são devidamente protegidos, são passíveis de absorver odores estranhos, de várias procedências e que, apesar de não interferir em seu valor nutritivo, prejudica-os em seu cheiro e sabor. Para se prevenir essas ocorrências, procura-se evitar o armazenamento simultâneo de alimentos sensíveis aos odores, com os produtos e substâncias capazes de exalar cheiros inadequados. PRODUTOS DE FÁCIL ABSORÇÃO DE ODORES AGENTES OU VEÍCULOS ODORÍFEROS ▪ Leite e derivados ▪ Alimentos gordurosos em geral ▪ Ovo ▪ Carnes ▪ Certos produtos cárneos ▪ Peixes defumados ▪ Algumas frutas ▪ Alimentos e produtos deteriorados ▪ Embalagens inadequadas ▪ Inseticidas, tintas, etc. Visando combater a ação de agentes e odores sobre os produtos armazenados, alguns recursos são utilizados, inclusive o emprego nos locais de armazenamento, de carvão ativo e de ozon. Também existem tabelas indicadoras da receptividade de odores de certos produtos, para o armazenamento correto. 3. CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELO USO DO CALOR Os métodos de calor (temperatura superior a 21°C) visam a eliminação de microrganismos inconvenientes e, quando isso não é possível, eles procuram impedir ou retardar o seu crescimento. A aplicação dos processos de conservação pelo calor está condicionada ao grau adequado de temperatura, ao tempo de exposição e às diferentes características do produto a ser tratado. A intensidade e o tempo de exposição ao calor, apesar de sua vantajosa ação sobre os microrganismos, poderão originar no produto, alteração em seu valor nutritivo e outras alterações de natureza física e química. Branqueamento: É um processo térmico de curto tempo de aplicação, com características de pré tratamento, pois precede o início de outros processos de elaboração industrial, como acontece nos tratamentos de congelamento e de hidratação de verduras. Em geral, o branqueamento é aplicado para inativar enzimas contidas em frutas e hortaliças, antes de serem submetidas ao congelamento, já que este não é suficiente, até certo ponto, para interromper a atividade enzimática. O branqueamento desenvolve as seguintes ações: - Ajuda a limpeza do alimento e, com isso, reduz a quantidade de microrganismos de sua superfície. - Amolece e incha os tecidos dos vegetais, para, com isso, dar massa mais uniforme ao alimento dentro do recipiente determinado. - Amolece a pele dos vegetais antes de ser descascado. - Elimina quase a totalidade de ar e gases contidos nos tecidos vegetais (ervilhas), para que não fiquem retidos antes do fechamento do produto, aumentando a pressão interior das latas e reduzindo o vácuo. - Amolece e dissolve a película ressecada de suco acumulado na vagem; a esse suco, que se origina da debulha e das folhas, se juntam vários resíduos e poeira, que constituem focos contaminantes. - Produz a inativação de enzimas que afetam as qualidades dos produtos durante e depois do processamento. - Impede a despigmentação de tomates e maçãs, pela inativação de fenoxidases. - Favorece a fixação da coloração de certos pigmentos de vegetais. - É susceptível a combinações com alguns tratamentos químicos, anidrido sulfuroso (verduras desidratadas), sais de cálcio (fortalecimento de tecidos vegetais, com tendência à fragmentação, durante o processamento. Exemplo de alimentos submetidos ao branqueamento antes do seu congelamento ou enlatamento: Milho na espiga, quando vai ser congelado; Tomates, em pequeno tempo, para que rachem e tenham a pele desprendida; Hortaliças para congelamento, para destruição da catalase, causadora, no período de armazenamento, de odor e sabor (para eliminação também da peroxidase); Beterrabas e batatas doces, para favorecer seu descascamento. Operações de Branqueamento As operações de branqueamento são realizadas por água quente ou vapor. O tempo e o grau de temperatura, são regulados de acordo com a espécie do produto a ser tratado. Branqueamento por água quente: É executado por máquina composta de um tambor de aço inoxidável, contendo em seu interior outro tambor, de aço galvanizado, rotatório e perfurado, soldado dentro do tambor; entre os dois tambores circula água quente. O vegetal é posto no tambor giratório, banhado pela água do tambor externo, e movimentado pela espiral aquecida por injeções de vapor. A água quente, durante sua passagem pelo escaldador, proporciona ao roduto, a temperatura necessária. Branqueamento a vapor: É executado através de sua passagem por uma câmara de vapor, por onde desliza sobre base móvel ou transportador giratório. Os vegetais que serão submetidos à desidratação e congelamento após o branqueamento, devem ser tratados por correntes de ar frio; essa providência é para evitar o cozimento demasiado do produto e, com isso, assegurar melhores condições de seu manuseio. O branqueamento tanto por água quente ou pelo vapor, tem vantagens e desvantagens que obrigam a cuidadosa opção: O vapor, por exemplo, em certos casos, constituí agente de limpeza tão eficiente quanto a água. A água produz maiores perdas de nutrientes do que o vapor, e quando fervente, provoca a ruptura da casca do vegetal ou fruta, facilitando o seu amolecimento. Outra preocupação referente à água, é a da sua utilização quando apresenta características de dureza. Independentemente do método utilizado, o produto, em determinados casos, deve receber tratamento químico, como por exemplo nas verduras com grande teor de clorofila, adiciona-se carbonato de sódio, com o objetivo de alcaliniza-las. Quando se trata de branqueamento por água, os agentes químicos são aplicados dissolvidos diretamente; quando a operação é a vapor, os vegetais são pulverizados por soluções químicas, antes, durante e depois de seu trajeto pelacâmara de vapor. Tindalização: Nesse método, o aquecimento se faz de maneira descontínua, em recipiente fechado, no qual é alojado o produto, sob temperatura de 60° a 90°C por alguns minutos, seguido de resfriamento lento (12h a 24h) e se repete por várias vezes (3 a 12) no intuito de se conseguir a destruição de todos os microrganismos. A inconveniência do processo de tindalização, é por ser muito demorado. O processo entretanto é vantajosos, no que se refere à manutenção dos nutrientes e características organolépticos, que se conservam em maiores proporções do que em outros métodos por calor. Pasteurização: A pasteurização tem por objetivo o extermínio parcial da flora banal e a eliminação total da flora patogênica. A temperatura empregada não ultrapassa os 100°C e pode ser obtida por água quente, por calor seco, vapor, corrente elétrica e por radiação ionizante. A temperatura de pasteurização e seu tempo de duração, estão condicionados à carga de contaminação e às condições de transferência de calor através do alimento. A utilização deste método geralmente é preferida, quando outros tratamentos térmicos de temperatura mais elevada, prejudicam as qualidades dos produtos. É especialmente indicada para o leite, creme de leite, manteiga, frutas, sorvetes, embutidos, compotas, cerveja e ovos líquidos enlatados. Nos sucos de frutas ácidos, apesar de não destruir as bactérias esporuladas, não constituí problema pelo fato destas bactérias não crescerem em meios ácidos. Para a destruição dos fermentos, é necessária temperatura de 60° a 66°C; os esporos, porém, exigem 79°C durante 20 minutos. Considerando a variabilidade de tempo/temperatura e as características dos produtos, a pasteurização deve garantir a condição microbiológica exigida, a destruição das enzimas prejudiciais e a pressão do oxigênio, baixa no alimento. Algumas considerações a respeito da pasteurização: - Os alimentos pasteurizados, devem ser consumidos em curto espaço de tempo. - O leite, nem sempre tem condições para ser pasteurizado; quando sua população microrgânica é muito grande, várias situações inconvenientes podem ocorrer; com maior teor de contaminantes, o tratamento terá que ser feito com temperatura mais elevada e, com isso, o leite ficará com sabor (gosto de cozido) e cor alterada (caramelização da lactose); com grande contaminação, o leite também não servirá para ser pasteurizado e consumido, por poder conter substâncias tóxicas, produzidas por microrganismos. Indicações de Pasteurização: Em produtos que constituem substratos favoráveis, principalmente para os microrganismos mesófilos, os quais têm sua atividade ideal na faixa dos 35°C e não suportam calor superior a 65°C. Em líquidos de pH ácido (vinhos, sucos de frutas, etc.), pois sendo este meio impróprio à proliferação bacteriana, torna-se apenas sujeito ao crescimento de fungos e leveduras, que são destruídos pelas temperaturas de pasteurização. Já nos líquidos neutros, a pasteurização deve atingir níveis de temperaturas mais altas. - Em produtos em que as altas temperaturas provocam danos de sua qualidade (ex. leite). - Em produtos em que há necessidade de destruição de agentes competitivos, como no caso da elaboração de queijos; a pasteurização, após eliminar os agentes inconvenientes, facilita fermentações benéficas, com inoculação de fermento selecionado. - Em matérias primas sujeitas a microrganismos pouco termo resistentes (creme de leite, suco de frutas, etc.) Tipos de Pasteurização A pasteurização se desenvolve em diferentes tempos e temperaturas e através de processos contínuos e descontínuos: - Pasteurização lenta: processo LTLT (low temperature long time) – baixa temperatura e longo tempo. 65°C durante 30 minutos. . - Pasteurização rápida: processo HTST (high temperature short time) – alta temperatura e pequeno tempo). 75°C durante 15 segundos. Pasteurização lenta: É um processo descontínuo, e consequentemente oneroso, porque requer mão-de-obra elevada e difíceis condições de processamento. É realizada em tanques ou reatores de parede dupla (normalmente tanques abertos), com motor ao lado, destinado a impulsionar a hélice existente dentro do tanque, que promove agitação. Entre as duas paredes do tanque circula água quente, suficiente para transmitir à mistura a temperatura de 65°C; atingindo essa temperatura, para resfriá-la, a água quente será substituída por água gelada. Essa operação não tem controle perfeito, por não poder conhecer-se a quantidade de água mobilizada; o controle só é obtido por termômetro; para elevar a temperatura coloca-se água quente e para que ela baixe, coloca-se água fria ou gelada. A pasteurização lenta é hoje utilizada em casos especiais, para o tratamento de sorvetes, leite achocolatado, leite maltado entre outros. Esterilização: É realizada por diversos processos e visa a destruição das floras normal e patogênica presentes no alimento, com a finalidade de prevenir sua deterioração e eliminar agentes nocivos à saúde. Apesar da temperatura de esterilização ser aquela suficiente para conseguir a morte térmica dos microrganismos mais resistentes (Clostridium botulinum), o processo não produz no alimento a eliminação absoluta de microrganismos; a destruição é de 99,99%, por isso, o processo se denomina “esterilização comercial”. A esterilização de alimentos é feita em unidades envasadas e a granel; a aplicação térmica em produtos acondicionados é mais conhecida por apertização, enquanto a designação esterilização é usualmente conferida a processos que apresentam características especiais e inclusive alguns que utilizam temperatura mais altas o UHT (ultra high temperature). Durante os tratamentos térmicos, os produtos, além da influência esterilizante que sofrem, são cozidos parcialmente. Isso acontece através de esterilizadores, por influência atmosférica, de altas pressão e temperatura: Por alta pressão: ▪ Autoclaves (câmaras pressurizadas) ▪ Esterilizadores hidrostáticos (sistemas pressurizados) ▪ Flash 18 (salas pressurizadas) Por pressão atmosférica: ▪ “Spin-cooker” (cozinhador contínuo e rotativo) Por alta temperatura: ▪ UHT Apertização: Esse processo corresponde ao aquecimento do produto já elaborado (esterilização comercial), envasados em latas, vidros, plásticos autoclaváveis e relativamente isentos de ar. Condições indispensáveis no processo de apertização: - Espécie forma e número de microrganismos: as exigências térmicas vão variar de acordo com o número da população patogênica. - pH do produto: produtos com pH abaixo de 4,5 (frutas, tomate, etc.) os microrganismo são esterilizados em temperatura de cocção; já nos alimentos pouco ácidos (leite, feijão, milho, etc.) a destruição só ocorre com temperatura elevada e sob pressão de vapor. - Penetração de calor no recipiente: influem, o estado, condições e tipo de alimentos, sua disposição nos envases, composição e estado das coberturas; tamanho, forma e capacidade de condição térmica do material da embalagem. - Temperatura inicial: produtos pré-aquecidos facilitam a apertização, por permitir a redução de tempo na aplicação de calor. - Tempo de aquecimento e temperatura necessária: quanto maior for o tempo de exposição de calor e o grau de temperatura, com mais facilidade haverá destruição microbiana. Essa vantagem, porém, fica prejudicada por provocar perdas organolépticas e nutritivas do produto, bem como maior dispêndio de consumo elétrico. - Aquecimento com sistema giratório: a velocidade de penetração do calor no recipiente torna-se maior quando este, durante o processamento, é submetido a movimentos giratórios. Essa rotação, por melhoria da difusão de calor, diminuí o tempo de aquecimento e, consequentemente,o período de resfriamento. Modificações organolépticas e nutritivas originadas pela apertização: - Caracteres organolépticos: Modificações principalmente de cor, sabor, aroma e consistência. As modificações de cor são produzidas por colorações provenientes de alterações de certas substâncias e por reações de escurecimento. - Vitaminas: O ácido ascórbico, muito sensível ao calor, é destruído mesmo a temperaturas baixas quando o aquecimento é demorado e mais ainda, em presença de oxigênio. A tiamina, termolábil, também sofre grandes perdas em presença do calor. As vitaminas A e E, apesar de termoestáveis, podem sofrer perdas, se o aquecimento se processar em presença de oxigênio. Processo UHT: O processo UHT de esterilização por calor e vácuo, tem por finalidade destruir oito ciclos logarítmicos da carga de esporos. A aplicação deste processo no leite, especialmente em países de clima quente, nos quais são deficientes as condições de estoque, transporte e refrigeração, tem proporcionado maior demanda pelo produto, que passa a ter maior vida de prateleira. A esterilização é feita por dois sistemas: - Esterilização direta por transferência de calor: o produto é tratado por injeção de calor ou é pulverizado em meio também aquecido por vapor. - Esterilização por injeção de vapor: a injeção por vapor se realiza através de equipamentos próprios para este fim, onde o vapor é injetado dentro do produto já pré-aquecido e é esterilizado de 130°C a 150°C, sob pressão controlada para não entrar em ebulição. Esta temperatura é mantida por 3 a 5 segundos, o leite segue então para uma câmara de vácuo onde a pressão e a temperatura caem. Esse fenômeno causa a perda de água do leite, igual àquela que adquiriu com a injeção de vapor. O produto será o mesmo que antes de ser esterilizado. Embalagem cartonada longa vida: Foi lançada no Brasil no início dos anos 70, pela empresa TETRAPAK, com a função de envasar alimentos. É composta de: - Papel: produzido a partir de fibras de celulose e madeira de árvores (pinus) - Polietileno: produzido a partir do petróleo - Alumínio: extraído do solo de uma rocha chamada bauxita Modificações que podem ocorrer no leite pelo processo UHT - Perdas de nutrientes: perdas de 10% de vitaminas A, C, D, tiamina, piridoxina e de 50% de riboflavina. - Proteínas: interação da beta-lactoglobulina com a caseína produzindo aumento de viscosidade (geleificação). - Enzimas: interação dos aminoácidos livres e açúcares existentes (reação de Maillard ou escurecimento não enzimático). O leite longa vida se conserva, sem necessidade de refrigeração por longo período, teoricamente indefinido, mas pela legislação, por 90 dias. O processo é o mesmo para sucos de frutas. 4. CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELA REDUÇÃO DE UMIDADE Desidratação e Secagem Natural A água é um dos fatores que geram condições para o crescimento e desenvolvimento, nos alimentos, e numerosas faixas de microrganismos. A redução de água livre do alimento eleva a pressão osmótica do seu meio e consequentemente, a proliferação de microrganismos é contida; também nessa situação, enzimas que provocam alterações perdem suas atividades. A secagem, como método de conservação, é dos mais antigos processos empregados pelo homem e até hoje é utilizado; não nas anteriores formas empíricas, mas sim dentro dos moldes e controles tecnológicos. Vantagens do processo de secagem Conserva o alimento. Maior concentração de nutrientes, como é o caso do leite (maior teor proteico e de cálcio), de carnes (porcentagem mais elevada de proteína). Redução de peso e volume (barateamento de embalagens em tamanho e quantidade, transporte e estocagem) também, maior facilidade de armazenamento, quando o alimento é protegido contra umidade ambiente, microrganismos e predadores. Menor mão-de-obra na elaboração dos produtos. Secagem natural: A secagem natural de frutas, hortaliças, carnes bovina e de porco, pescado, etc., é empregada como atividade caseira e industrial. No Brasil, a secagem natural em escala comercial, ainda não alcançou situação técnica e econômica de repercussão, a não ser a que se refere a carne bovina (charque). As razões que contribuem para que isso aconteça são: A própria natureza do processo, que impede o maior rendimento de produção. A escassez de matéria-prima, proporcional ao consumo geral e que, às vezes, é específica de determinadas regiões. A falta de hábito para o produto, por parte de novos clientes, limitando seu consumo e, desse modo, desestimulando sua maior produção. E, principalmente, pela deficiente tecnologia da elaboração de charque, a qual quase nada foi acrescida, desde o seu surgimento em 1780. A secagem ao sol, principalmente com objetivo industrial, não pode ser feita em qualquer local; a operação deverá ser realizada em regiões de clima quente, de pouca umidade e não expostas a instabilidades meteorológicas. A aplicação dos processos de secagem natural e artificial mostra vantagens e desvantagens de um e de outro. Assim, certos produtos submetidos à secagem natural não são conseguidos em melhores condições do que os que provêm da secagem artificial. A cor, por exemplo, das frutas é favorecida, quando secadas ao sol, ao contrário das que são desidratadas, isto porque, na secagem natural, a evolução da cor da fruta não inteiramente madura prossegue vagarosamente durante a exposição solar, fato que não ocorre na desidratação. Como inconveniências da secagem ao sol, estão: a perda de açúcar do produto, pela respiração e fermentação no transcorrer do processo, a contaminação por resíduos trazidos pelo vento e o ataque por insetos. O lugar ou pátio central das operações de secagem ao sol precisa de requisitos especiais, deve ser cercado e estar longe de ruas, caminhos e de outros locais expostos à poeira. Para o preparo das frutas, antes de sua secagem deverá ser constituído um galpão coberto, onde os manipuladores, abrigados do sol, possam executar as operações de seleção, limpeza, corte, imersão e arrumação nas bandejas, das frutas destinadas à secagem; os operadores devem cumprir todas as normas higiênicas nas atividades de trabalho. A secagem mal delineada, com respeito a matéria-prima e a veemência do sol, poderá prejudicar a coloração do produto e provocar outras alterações organolépticas. O tempo levado para secagem de hortaliças, por seu menor conteúdo de água, em relação ao das frutas, é de poucas horas, o de frutas, é calculado em 20 a 40 dias, sendo as variações subordinadas ao tipo da fruta, estado de maturação, seu teor aquoso e intensidade da fonte solar. Secagem Artificial (Desidratação) O nome “desidratação”, só é aplicado ao método de secagem de alimento, baseado na extração de água, por aquecimento, evaporação e sublimação, sob condições controladas. Sob o aspecto econômico, o alimento desidratado é mais caro, porém, a melhoria de sua qualidade compensa o maior gasto, pelo aumento do valor comercial do produto. Outra vantagem da desidratação é a de conferir ao produto melhor proteção contra contaminação e ataque de insetos e ainda a menor perda de açúcar durante a secagem. Métodos de desidratação: Por ar aquecido (calor por convecção) Por contato por superfície quente (calor por condução) Por calor de fonte radiante, de micro-ondas e dielétrica Por congelação, sublimação e calor sob pressão muito baixa. Tipos de secadores: Para secagem de alimentos existem vários tipos de secadores, de acordo com as características do alimento, a facilidade de processamento, ao volume, quantidade, estadoe condição do produto, os fatores de origem econômica e, principalmente, a forma que se deseja dar ao produto. Baseado no modo em que o calor é transmitido ao produto, os secadores se dividem em adiabáticos e secadores por transferência de calor em superfície sólida. Secadores adiabáticos: Nestes secadores, o calor é levado para o interior do aparelho através de um gás quente, que concede calor à água do produto e, a seguir, expulsa para o exterior o vapor de água gerado. Secadores de Cabine (frutas e hortaliças) Secadores de Túnel (frutas e hortaliças) Fornos Secadores (maçã, lúpulo, malte) Secadores Atômicos (leite em pó, do café solúvel) Secadores de Coluna (leite, suco e concentrado de tomate) Secadores por transferência de calor através de superfície sólida: Ao contrário dos secadores adiabáticos, que utilizam o ar quente como agente de secagem, nestes secadores, o calor por condução é transportado ao produto por meio de placa metálica. Para a secagem nestes secadores, o produto e colocado em vácuo, sendo o vapor de água extraído por bomba de vácuo. Quando o material seca, é posto em contato com o ar atmosférico, o vapor de água se elimina pela ação do ar em circulação. Secadores de Tambor (sopas, leite, alimentos infantis, etc.) Desidratadores a vácuo (liofilização) Instantaneização: O processo de instantaneização consiste na produção de alimentos com a característica de poderem ser dissolvidos rapidamente, sem a inconveniente presença de grumos. O processo exige certas operações visando dar às partículas condições necessárias. Fácil umedecimento, para dissolução do produto; Densidade suficiente para sua imersão no líquido (essa propriedade é influenciada pelo volume de ar contido nos orifícios da partícula); As partículas devem possuir capacidade de dispersão próprias, para que o pó adicionado à água seja dispersado com rapidez e regularidade. Dependendo do alimento a ser processado, são empregados vários métodos, sendo necessário, às vezes, o uso de emulsificantes, dispersantes, e ainda a modificação da própria estrutura da partícula. Nem todos os alimentos podem ser submetidos aos processos de instantaneização; alimentos muito gordurosos, por exemplo, podem apresentar problemas pois a película gordurosa que envolve a partícula impede que a água penetre em seu interior; para solucionar a dificuldade se recorre ao emprego de emulsificantes, dos quais o mais empregado é a lecitina (caso do leite integral solúvel). 5. CONCENTRAÇÃO E ADIÇÃO DE AÇÚCAR A concentração de alimentos se aplica em vários produtos (leite condensado, sucos concentrados, massa de tomate, doces em pasta e outros), com a finalidade de reduzir parte de seu conteúdo aquoso, numa proporção de 1/3 a 2/3 de água. A concentração se realiza através de vários métodos, entre os quais se destacam: ➢ Por membranas (líquido) ➢ Por crioconcentração (gelo) ➢ Por vapor (vapor) Vantagens da concentração ➢ Obtenção de produtos com caracteres organolépticos agradáveis e típicos. ➢ Conveniência nutricional, proporcionando maior ingestão de nutrientes; como no caso do leite evaporado (mais elevada porcentagem de proteína e cálcio). ➢ Menor vulnerabilidade microbiana do produto, por diminuição da parte líquida. ➢ Forma prática de utilização do alimento, tornando viável seu uso em quantidade maior ou menor de concentração. ➢ Redução de gastos para o acondicionamento, transporte e comercialização do alimento. ➢ Maior duração do período de vida útil do produto. Evaporadores Os evaporadores utilizados para a concentração de produtos obedecem a vários tipos e modelos de aquecimento direto e indireto, o calor latente de concentração é transmitido ao produto, geralmente através de placas ou paredes, aquecidas pela ação de determinados fluidos, como, por exemplo, o vapor de amônia (16°C) e o vapor d’água à pressão de 185°C. O emprego dos diversos tipos de evaporadores está subordinado às características dos produtos, quer sejam geleias, sucos, leite ou doces em pasta. Conservação por adição de açúcar O açúcar não age sobre microrganismos, como qualquer conservador, e sim por mecanismo osmótico. Com a redução da fração líquida do produto, este se torna então impróprio para a ação de vasta faixa de germes, com exceção dos pertencentes à flora osmofílica, que são destruídos, tratando o alimento por processos associados de conservação (calor, acidez). Os produtos adicionados de açúcar, em quantidades que os tornam viscosos e os alimentos também de grande concentração de açúcar (quando da eliminação de sua água), adquirem condições que dilatam bastante sua vida de prateleira. As frutas são os alimentos mais indicados para serem conservados pelo açúcar por meio deste se preparam: ➢ Geleias ➢ Compotas ➢ Produtos glaceados e cristalizados ➢ Doces em pasta ou em massa. A obtenção de geleias, compotas, glaceados, cristalizados e doces em pasta, só é corretamente possível, através das condições estabelecidas para a sua elaboração. Essas condições se referem a particularidades que regulam o emprego do açúcar, da pectina, do agente ácido e da fruta. Açúcar: A sacarose, de cana ou de beterraba é o açúcar mais empregado na produção de geleia; outros tipos de açúcar são ainda utilizados, adicionados à sacarose, com a finalidade de conferir às geleias, maior brilho e consistência. Na preparação de geleia tem bastante influência o tipo de açúcar e a sua quantidade; é necessário que se estabeleça relação entre a sacarose e o açúcar invertido (levulose e dextrose), relação esta, em que a sacarose deverá se apresentar com 60% e o açúcar invertido com 40%. A variação, para mais ou menos poderá ocasionar problemas; com menor porção de sacarose, haverá cristalização, e maior, granulação de dextrose no gel. Pectina: A pectina é componente das denominadas substâncias pécticas: ➢ Protopectina: É encontrada em frutas verdes. Por ação hidrolítica, produz pectina e ácidos pectinícos. ➢ Ácidos pectínicos: São de maior presença em frutas amadurecidas. Contêm grupos metil-éster, que, sob condições favoráveis, podem formar gel, com açúcar e ácido e também com íons metálicos. ➢ Pectina: Possuí a mesma estrutura dos ácidos pectínicos, com maior número, porém de grupos metil-éster ou metoxílicos, que dão gel com açúcar e ácido. ➢ Ácidos pécticos: São compostos encontrados em frutas passadas. São constituídos de ácidos poligalacturônicos, isentos do grupo metil-éster, que não dão geleia. Ácidos: Os ácidos empregados em concentrações adequadas são: ➢ Cítrico ➢ Fumárico ➢ Tartárico ➢ Málico ➢ Fosfórico Frutas: As frutas devem ser frescas, não excessivamente maduras e mesmo um pouquinho verdes. Aconselha-se o emprego de mistura de frutas maduras e verdes, o que, na prática, oferece bons resultados. As frutas são escolhidas por sua riqueza em pectina e, se possível, também em ácidos. As mais utilizadas por seu teor em pectina, são as maçãs ácidas e os cítricos; na maçã, a sua maior concentração está na casca e em seu centro (coração) e na laranja, na parte branca, situada junto à casca e em seu interior. Também são aproveitadas as frutas pobres em pectina ou ácidos, como, por exemplo: damasco, cereja, morango e uva de vinho (com pouca pectina e bastante ácido) e figos verdes, maçã e ameixa doce (ricas em pectina e com pouco teor ácido). Nesses casos, industrialmente, se utilizam pectina ou ácidos que são adicionados aos caldos extraídos destas frutas. Preparação de geleia: A geleia resulta da cocção do caldo de fruta (suco extraído por calor) adicionado de açúcar em determinada quantidade e com grau exatode acidez. Para que se obtenha geleia de boa qualidade, é necessário que esta reúna atraente colorido, transparência e superfície brilhante, consistência macia (trêmula, porém firme) e facilidade para ser cortada, conservando sua forma; o produto não deve, nunca, ser xaroposo, pegajoso ou viscoso. A pectina comercial utilizada é obtida na forma líquida ou em pó. É utilizado um método simples para verificação da “força” da pectina na produção de geleia: em recipiente se coloca uma colher das de chá de caldo de fruta (previamente esfriado) e três colheres também das de chá, com álcool; a mistura deverá ser agitada e deixada em repouso por um minuto. Havendo muita pectina, origina- se um coágulo transparente, como se fosse geleia, se o teor pectínico é moderado, o coágulo é frágil e se divide em dois ou três pedaços; se a quantidade de pectina é muito reduzida, o coágulo se rompe em vários pedaços. Compota de frutas: As frutas frescas, empregadas no preparo de compotas, devem estar maduras, como as que se usam para geleias e que também contenham quantidade suficiente de pectina, para produzir gel consistente. Na fabricação de compotas, colocam-se no fogo as frutas lavadas, com o caroço ou não, juntamente com 25 quilos de açúcar para 20 de frutas; a mistura é aquecida até ebulição (a fruta deve ficar macia, sem porém desintegrar-se). Um pouco de pectina, água e ácido cítrico podem ser juntados às frutas, para que o pH possa influir na produção de gel e facilitar a inversão do açúcar (sacarose), para evitar a cristalização. Frutas glaceadas: Para esta preparação, são empregadas todas as espécies de frutas capazes de serem processadas. Para que as frutas adquiram um brilho especial e não se cristalizam, costuma-se utilizar calda que contenha quatro partes de açúcar, quatro de água e uma de glicose. A preparação deve ser fervida durante dois minutos e, em seguida, deixada em repouso por 30 horas, para que o açúcar da fruta se equilibre com o açúcar da calda. Após esse período a calda é fervida novamente, também por dois minutos; depois desta cocção, o líquido descansará mais 28 a 48 horas. A mesma operação de fervura ainda se repetirá, sendo a calda conservada em repouso, de 2 a 3 semanas. O excesso de calda existente nas frutas será retirado com pano úmido ou por meio de água fervendo; ao final, as frutas são enviadas para secagem, em bandejas, para locais onde a temperatura alcance de 50 a 60°C. Para que se tornem glaceadas, as frutas deverão ser submersas em calda composta de 3 partes de açúcar, 1 de glicose e 2 de água, à temperatura de 112°C; ao atingir a calda esta temperatura, as frutas são imersas, retiradas e secas à temperatura de 50°C, durante duas horas. Frutas cristalizadas: O processo é idêntico ao das frutas glaceadas, se diferenciado, porém, pelo não emprego de glicose. Essa exclusão garante o brilho da fruta através dos cristais produzidos pela sacarose. Doces em pasta ou em massa: Resultam da cocção de polpa de vários tipos de frutas, que, por acréscimo de açúcar, se tornam mais consistentes e se gelatinizam à medida que a temperatura é reduzida. As frutas deverão ser recém-colhidas, firmes e maduras, porém não excessivamente maduras. Depois de selecionadas, as frutas deverão ser cozidas até que se desfaçam e, então, adicionadas de açúcar na proporção de 7 quilos para 10 de frutas. Na calda serão colocadas a pectina e o ácido dentro das especificações. Alcançado o ponto desejado da pasta, esta deve ser esfriada, para, posteriormente ser acondicionada em embalagem de madeira ou lata. 6. CARNES E PESCADOS ABATE E CONSERVAÇÃO Carnes – Maciez Idade do animal (novilho – carne muito tenra, velhos – mais duras) Alimentação Atividade física – animais confinados → mais macias, animais soltos → músculos do dianteiro são mais exercitados Temperatura, manejo e armazenamento Encurtamento pelo frio: quando um músculo é resfriado imediatamente após o abate, apresenta energia para contrair-se fortemente sob ação do resfriamento, que, em geral, ocorre quando um músculo atinge 10°C em 10 horas post- mortem. Rigor pelo descongelamento: quando um músculo congela antes de atingir o rigor mortis, posteriormente, quando do descongelamento ocorre o encurtamento pelo frio e uma excessiva perda de suco. Condições Post-Mortem – Maturação Após o abate, o músculo post-mortem sofre modificações devido a parada da circulação do sangue e consequente esgotamento do transporte de O2 para as células, com perda das funções contráteis – glicogênio continua se desdobrando em glicose e ácido lático (ocorre diminuição do ph) – não havendo circulação estes se depositam no músculo tornando-o rijo (rigor mortis ou rigidez cadavérica) Porém o ácido lático tem ação reversível: age sobre as proteínas, hidrolisando- as → músculo volta a ficar macio. Maturação Este processo leva em média 14 dias para acontecer e caso a carne não seja adequadamente preservada da ação de microrganismos deteriorantes (que tem o pico de ação em aproximadamente 3 dias), irá deteriorar antes de maturar → Solução: embalagem à vácuo + refrigeração. Refrigeração: uso de temperaturas internas de 5°C ou menos (próximas de 0°C), com o propósito de conservação por apenas alguns dias. Congelamento: a temperatura do alimento passa pela faixa de máxima formação de cristais de gelo, ou seja, 0 oC a -3,9 o C, em 30 minutos. Para armazenamento a temperatura indicada é de -18°C ou inferior. Pescados Ação dos sucos digestivos: quando pescado, o peixe normalmente tem alimento no trato digestório e sucos ácidos para sua digestão. Tais sucos são muito fortes, porém com o animal vivo as paredes intestinais são resistentes. Depois de morto esta resistência diminui, estes sucos podem atingir os músculos, escurecendo-os (queimaduras abdominais) tornando-se inadequado para o consumo. Pescados – Deterioração Desenvolvimento bacteriano: é um dos principais fatores de deterioração do peixe. As bactérias estão presentes no trato digestório, guelras e limo superficial. Outras fontes de contaminação são: manipulação, gelo equipamentos, ambiente, etc. DEVE-SE, PORTANTO, LOGO APÓS A CAPTURA, EVISCERAR OS PEIXES REMOVENDO TOTALMENTE OS INTESTINOS, NA TENTATIVA DE ELIMINAR SUCOS DIGESTIVOS E BACTÉRIAS EMBUTIDOS, DEFUMADOS E SALGADOS Embutidos • Feitos de carne suína, bovina ou até de aves, picadas, acrescidas de temperos, gorduras, cereais e colocadas em envoltórios naturais (tripa) ou artificial. Alguns levam um revestimento de parafina como o salame. • Entre os processos utilizados destacam-se o cozimento, a secagem e defumação. Depois de prontos passam por maturação para apurar o sabor. • Paio: feito de lombo suíno, com pimenta doce e pimenta picante, sal, alho, vinho branco. • Chouriço: carne suína, pimentão, sangue, alho, cravo da índia e vinho. • Mortadela: carne suína e bovina, pimenta, toucinho, noz moscada. Com envoltório natural (bexiga) ou artificial. • Salame: carne suína ou mista. Passa por cura, defumação e secagem. Os tipos variam de acordo com o tamanho do toucinho (italiano, milanês e bolonhês). É recoberto por. A presença de "mofos" característicos, é consequência natural do seu processo tecnológico de fabricação. O salame é um embutido fermentado e diferencia-se dos demais embutidos pela elevada presença do ácido lático, que lhe confere sabor característico e pelos baixos teores de umidade e baixos valores de atividade de água. • Presunto: o presunto é feito exclusivamente do pernil do suíno, salgado, prensado, cozido e defumado. (Presunto cozido). • O apresuntado é elaborado de recortes do pernil e da paleta. A coloração rósea deve-se a adição de nitrito.• O presunto tipo Parma é obtido de pernil selecionado, refilados e deixado o couro, adicionados de tempero e enviados para câmara de cura e em seguida para salas de maturação por longo tempo (12 meses) – presunto cru. Defumados Defumação: A defumação, atualmente não é mais empregada somente com o objetivo de conservação e sim como processo através do qual o produto adquire particularidades organolépticas de geral agrado. Normalmente, a defumação se realiza em seguimento a outros processos, como, por exemplo, os de salga, de dessecação, etc. As carnes de vários tipos e alguns de seus derivados, são os produtos em que mais se utiliza a defumação: carnes bovina, de peixe e de aves, embutidos, etc. Em contato com o calor e a fumaça, as carnes perdem água, ficam ressecadas em suas superfícies, têm sua coloração estabilizadas e adquirem o sabor e o odor característicos dos produtos defumados. A perda de água e a ação dos constituintes da fumaça conferem ao alimento verdadeira barreira física e química contra a penetração e a atividade dos microrganismos; essa capa protetora se deve à desidratação que se processa na superfície do produto, à coagulação proteica que ocorre e ao depósito que se forma na camada de resinas, formadas por condensação. Tradicionalmente, a defumação é levada a efeito sem o devido controle, quando a carne é submetida ao impacto direto da fumaça e do calor produzidos pelo material queimado. O processo controlado ocorre originando a fumaça em uma câmara, de onde é transportado a outra câmara contendo o alimento, por meio de tubos condutores e de ventiladores. Os produtos cárneos apresentam durante a defumação, aquecimento que varia segundo a forma de industrialização do alimento. Tipos de defumação Defumação a frio: destinada à defumação de conservas e de embutidos cozidos. A temperatura da fumaça é de até 18°C, obtida geralmente da combustão de serragem. O tempo de duração é de quatro dias. Defumação a quente: a temperatura da fumaça alcança 70 a 100°C. A fumaça é fornecida pela queima de serragem ou aparas de madeira e o calor, por gás engarrafado. A condução da fumaça pode ser feita por via direta: a fumaça é gerada em rego (sulco) feito de tijolos, ou em cofre móvel de aço (para resistir ao fogo) e protegido por tela, para evitar a carbonização de pedaços de carne que possam cair de onde estão presos. Por via indireta a fumaça é impelida do local de sua produção, aos andares da torre ou às câmaras de defumação. Defumação eletrostática: por maior aproveitamento dos constituintes da fumaça, na defumação eletrostática há menor perda dos produtos; o processo se realiza mais rapidamente que os demais. É constituída por: túnel de defumação por onde o produto é conduzido; seção de dessecação, onde ocorre a dessecação superficial do produto, através de raios infravermelhos; prancha aquecida eletricamente, onde é depositada a serragem para queimar e gerar fumaça (instalada fora do equipamento); seção de defumação, onde ocorre a defumação e seção de refrigeração, onde o produto é pré-refrigerado. Vantagens da defumação: - Transmite ao produto, sabor agradável; - Durante o processo, a camada superficial do produto fica impregnada dos componentes da fumaça, que lhe dão certa proteção contra microrganismos; - Confere marcado poder conservador, devido ao calor alcançado e a penetração, no produto, dos componentes da fumaça; a combinação da fumaça e do elevado grau de calor (60°C), pode diminuir cerca de dez mil vezes, a população bacteriana da superfície; - Quase todas as bactérias não esporuladas são destruídas pela defumação; - Retarda a oxidação das gorduras. Salga e Cura Com o aparecimento de modernos métodos de conservação de alimentos, principalmente os baseados em baixas temperaturas, a salga de alimentos perdeu muito de sua importância, como processo de conservação; a aplicação do sal, porém, isoladamente ou juntamente com outras substâncias, ainda se faz intensamente, pela razão de estabelecer a cura do produto, que se caracteriza por modificações organolépticas do alimento, de grande agrado dos consumidores. - A salga e a cura impedem o desenvolvimento microrgânico, por se tornarem o substrato inadequado, pela elevação da pressão osmótica do produto; esses processos se desenvolvem através de várias operações, em que são utilizados diversos agentes, dos quais o fundamental é o cloreto de sódio. - O sal e os agentes de cura são aplicados em grande número de alimentos; de origem animal: carnes bovina, de porco, aves e peixes; fonte vegetal: pepino, azeitona, chucrute, etc. Salga E Cura Em Carnes • Cura seca com sal: Adiciona-se apenas o sal em produtos como barriga, joelho e outros cortes gordurosos, resultando num produto excessivamente salgado e de cor indesejável, que é melhorada com a adição de nitrato/nitrito. • Cura a seco convencional: são utilizados sal, açúcar e nitrato/nitrito. Essa mistura é colocada na superfície do produto. Esse método é muito lento (90 dias), porém, de maior valor no mercado e maior vida de prateleira. • Cura com salmoura convencional: os mesmos ingredientes da cura a seco, mas dissolvidos em água. O processo é lento, sendo necessários longos períodos até que a salmoura penetre o produto. Atualmente, este método é pouco utilizado e apenas produtos especiais como rabo e pés de porco, língua e corned beef (carne enlatada) são curados dessa maneira. São vários os cortes de carnes utilizados para o processo de salga e cura: ponta de agulha, e dianteiros, podendo também ser fabricado com cortes como cupim, lagarto, dentre outros. Charque Jerked Beef Este nome vem do inglês "carne injetada" e exemplifica perfeitamente como a carne recebe a salmoura: através de agulhas que perfuram a manta (corte típico de preparo) e injetam a salmoura. Salga Em Pescados Salga seca: o peixe é salgado na proporção de 30% de cloreto de sódio em relação ao peso da matéria prima eviscerada, espalmada em forma de filés ou mantas. O cloreto de sódio cristalizado é colocado sobre o peixe, onde se dissolve formando uma solução concentrada. Por osmose, a umidade do peixe exuda, e uma parte do sal penetra no seu músculo. Salga úmida ou mista: o método de salga úmida é basicamente igual ao anterior, com a diferença que a matéria prima é colocada em tanques, onde se acumula uma salmoura obtida a partir da umidade do músculo do peixe, devido a penetração do sal. A salmoura é formada pela dissolução do sal as custas da água que exuda do músculo do peixe. Salga em salmoura: A matéria prima é colocada em tanques onde se encontra uma salmoura saturada, previamente preparada, em quantidade suficiente para submergir a matéria prima. Durante este processo a água do músculo do peixe flui no sentido da salmoura, diluindo-a. Em qualquer processo utilizado, a salga termina quando se estabelece o equilíbrio osmótico do processo, observando que tal equilíbrio poderá ocorrer num período que vai de dois a vinte dias. Salga e Fermentação em Pescados Exemplos de pescados fermentados: “semiconserva de anchovas”, “alici” e “anchovis” produtos obtidos da fermentação de anchovas (Engraulis encrasiolus) em Portugal, Itália e Alemanha, respectivamente. No Brasil, base: sardinha (Sardinella brasiliensis), tem características de composição que permitem o desenvolvimento do aroma, sabor, cor e textura de produtos anchovados. São denominados “sardinha anchovada” ou “filés de sardinha anchovadas” ou “filé de peixe enchovado”, uma vez que inexiste um padrão de qualidade e identidade para produtos fermentados. Agentes de cura mais utilizados Cloreto de sódio: É o agenteessencial da salga e da cura, em forma refinada ou em cristais. Em concentração suficiente, por aumentar a pressão osmótica do meio ou do alimento, com consequente diminuição de água, inibe o crescimento microrgânico. Nos alimentos com grandes concentrações salinas podem se desenvolver bactérias pigmentadas, que transmite aos produtos cárneos, ao bacalhau e outros peixes, coloração avermelhada. O cloreto de sódio é largamente utilizado no processamento industrial ou caseiro da carne, seja como condimento (palatabilizante) ou como agente conservante. Dependendo da concentração salina e da temperatura, a adição de sal à carne faz com que essa ganhe ou perca água. Quanto maior a concentração em sal, maior será a perda. Em baixas concentrações, a adição de sal provoca, inicialmente, um aumento da capacidade de retenção de água (mais suculenta) entretanto, com a difusão do sal pelo interior do músculo começa a ocorrer o efeito inverso (menos suculenta) por isto o uso de sal grosso em churrasco (reage menos com a água do que o refinado). Vantagens: - Por seu elevado poder higroscópico (afinidade pelo vapor de água), diminuí o valor aquoso dos alimentos e, por osmose, destrói microrganismos. - Impede a vida dos microrganismos aeróbios, por restringir a solubilidade de O2 na água. - Em diversos graus de concentração, atua sobre microrganismos. - Proporciona aos alimentos, agradável palatabilidade. - É de emprego favorável, por seu pequeno custo. Desvantagens: - Facilita a perda de alguns nutrientes solúveis. - Não destrói toxinas. - Alguns microrganismos são resistentes ao sal. - Não impede, em produtos mal armazenados, o crescimento de microrganismos halofílicos (que habitam meios ricos em sal). - Quando contém impurezas, transmite ao produto sabor desagradável. Nitrito: - A principal finalidade do nitrito não é a de eficaz agente conservador, mas sim, a de assegurar à carne sua cor vermelha, mesmo que tenha passado pelo processo de cocção, quando a mioglobina se transforma em nitrosomioglobina, de cor róseo-avermelhada. - Quando a carne é tratada apenas com cloreto de sódio, se caracteriza por sua cor parda, acinzentada, intensificada pelos processos de cocção. - Os nitritos têm como característica, a particularidade de aumentar o poder conservador do sal, em carnes submetidas ao processo de cura (presunto, fiambre envasado, etc.) Nitrato: O objetivo da aplicação de nitrato nas carnes e derivados é similar ao do nitrito: preservar a coloração vermelho rosada do produto. - A ação bacteriostática do nitrato, como a do nitrito, é fraca em relação à dos outros agentes de conservação; sua atividade, porém, se torna mais enérgica, com adição de cloreto de sódio, em pH baixo. - O nitrato, na cura e conservação de carnes, atua de forma indireta, através do nitrito que produz, por redução. Essa redução se realiza por interferência de enzimas microbianas (nitrorredutases). - A ingestão de alimentos com teor exagerado tanto de nitrato como de nitrito são incompatíveis, apesar do nitrato ser relativamente não tóxico. Açúcar: O açúcar, isoladamente e em grande porção, é excelente agente conservador. Sua presença, entretanto, ao lado de outros elementos, como é o caso da cura, não tem nenhum significado como conservador direto, pela pequena quantidade que dele participa; o açúcar então, é empregado por outras razões: - Dissimula o sabor amargo provocado pelo nitrito e por impurezas do cloreto de sódio. - Em determinados produtos (embutidos, fermentados, etc.), atua como conservador indiretamente, por abaixamento do pH do meio; a acidez é resultante da ação das bactérias ácido - lácticas, que, fermentando o açúcar, produzem ácido láctico. Especiarias: Várias especiarias, pelos seus princípios ativos, atuam como coadjuvantes no processo de cura, mais por interferirem no sabor do produto de que, propriamente, por agirem como elemento de conservação. - Quase todas as especiarias procedem como antioxidantes, evitando a rancidez de produtos cárneos; a ação antioxidante é mais pronunciada quando se aquece o produto. O alho, por conter alicina, é outro excelente bacteriostático. - As especiarias são passíveis de contaminação, portanto, antes de seu emprego, devem ser submetidas aos tratamentos adequados, visando à destruição da carga microbiana. 7. Fermentação Fermentação é o processo bioquímico em que os microrganismos retiram do meio em que vivem o material nutritivo de que necessitam, ao mesmo tempo em que, sob a ação catalítica de enzimas, produzem substâncias das quais se utiliza a indústria. Este tipo de fermentação denominado respiração anaeróbia, é utilizado na produção de alimentos. As fermentações são controladas pelo homem através da escolha dos microrganismos, dos substratos, da temperatura e pH adequados. Na elaboração de alimentos dependente de atividade microbiana, as condições ambientais devem ser cuidadosamente controladas para assegurar a obtenção do desejado nível de crescimento. Fermento, inóculo, culturas lácticas, são sinônimos de culturas “starters” utilizadas no desenvolvimento de produtos fermentados. São microrganismos saprófitos (que se nutrem de animais e plantas em decomposição), ativos, que crescem em leite ou na carne. A cultura pode ser constituída de apenas uma linhagem de bactérias (cultura simples) ou pode reunir várias linhagens ou espécies (cultura mista ou múltipla). As substâncias resultantes dos processos de fermentação, de acordo com as suas características, são transformadas em produtos; se são originados álcoois, estes são utilizados em bebidas alcoólicas; se são ácidos, são aproveitados para preparar iogurtes, queijos, bebidas fermentadas e vegetais fermentados (picles, chucrute, azeitona). As fermentações podem ser originadas por bactérias, leveduras e mofos. MICRGANISMOS FERMENTAÇÕES PRODUTOS ORIGINADOS Bactérias Láctica Kefir, iogurte, coalhadas, chucrute, azeitona, pickles. Acética Vinagre Propiônica Queijos Ementhal e Gruyère Glucônica Ácido glucônico e glucosanatos utilizados na indústria de alimentos: estabilizador e para evitar rancificação; evita escurecimento de batatas fritas; acelerador de cura de embutidos. Leveduras Alcoólica Cerveja, vinhos, bebidas alcoólicas, pão, álcool. Mofos Cítrica Ácido cítrico Fermentação Láctica: O ácido láctico, formado através do processo de fermentação láctica, produz nos alimentos transformações benéficas e outras indesejáveis. Como exemplo de transformações favoráveis, esta as que se verificam no leite, que possibilitam a criação de produtos derivados, com excelentes qualidades organolépticas. Como ação inconveniente da fermentação láctica, está aquela que ocorre em sucos de frutas, cervejas e vinhos que podem ser alterados pela presença de turvações. Fermentação Láctica: Na fermentação láctica, a atividade dos microrganismos promove nos substratos reações químicas, fenômenos semelhantes à ebulição, onde os gases formados (CO2) provocam constante efervescência; daí a origem do termo “fermentação” (fermentare = ferver). Produção de Iogurte: A fabricação do iogurte possui como etapas determinantes o controle de qualidade, adição de sólidos lácteos, homogeneização, pasteurização como tratamento térmico, incubação das bactérias lácteas, resfriamento e acondicionamento. A fermentação inicia-se na etapa da incubação (37°C a 42°C por aproximadamente 4h) com o crescimento do Lactobacillus bulgaricus que se desenvolve lentamente, hidrolisa proteínas lácteas liberando peptídeos,produz acetaldeído que, juntamente com o acetilmetilcarbonil, formam o aroma característico do produto. Produção de iogurte: As bactérias presentes no iogurte são, principalmente, Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus que são formadoras de compostos ácidos. Essa característica confere ao iogurte maior preservação, inibindo microrganismos indesejáveis. São produzidas em laboratórios especializados, especialmente para a fabricação de iogurte. Produção de picles: O picles constituí produto muito usado no decorrer das refeições, por seu “flavor” de contraste com os alimentos. Os vegetais que compõem o produto são o pepino, couve-flor, cebola, cenoura, vagem, etc., cortados em pequenos tamanhos ou inteiros, quando pouco crescidos, como acontece com o pepino e a cebola. Produção de picles: Utiliza-se o emprego de fermentação láctica, sobre os vegetais imersos em salmoura, com porcentagem de sal conhecida, para que se estabeleça a preservação dos mesmos contra a ação de microrganismos capazes de provocar sua deterioração. A salmoura utilizada é de 10% de sal, à qual se adiciona 1% de glicose, para que a fermentação se realiza em melhores condições, em função de o pepino e outros vegetais terem pequenas quantidades de açúcar, fato que favorece o aparecimento de bactérias indesejáveis. O tempo de fermentação láctica e a cura dos vegetais dura em torno de 4 a 6 semanas. Produção de chucrute: O chucrute é preparado com folhas firmes, retiradas do “coração” do repolho maduro e armazenado durante alguns dias para sua adaptação às manobras de preparação, inclusive para o seu corte, que é facilitado quando o vegetal se apresenta ligeiramente murcho. As folhas do vegetal, por sistema manual ou industrial, são cortadas em tiras e transportadas para tinas ou tanques; nestes recipientes, onde tem início à fermentação, deverá haver uma concentração salina de 1,5%, por peso da matéria-prima. O gosto agradável da preparação é quase todo devido à presença da bactéria Leuconostoc mesenteroides que é o principal microrganismo da fermentação láctica. Fermentação Acética: Kützing, em 1837, notou que determinados microrganismos transformavam o etanol em ácido acético. Além do etanol, todas as substâncias que dão álcool por fermentação podem ser usadas na fabricação do ácido acético ou vinagre. O vinho, os sucos de maçã (sidra) e o malte, integram o grupo que constituem matéria-prima para fermentação acética. O suco de maçã (sidra) e o vinho são considerados os melhores produtos para elaboração do vinagre. Fermentação Alcoólica: A preparação do álcool de origem fermentativa é realizada em três etapas: Escolha do substrato: o substrato ou matéria-prima utilizado para a produção de álcool, bastante variável, é constituído por produtos açucarados (cana-de- açúcar, beterraba, mel de abelhas, melaço e frutas) e amiláceos (amido de grãos, raízes e tubérculos). Fermentação: a fermentação propriamente dita, isto é, a obtenção do álcool, é a obra de leveduras das quais as mais empregadas são as Saccharomyces cervisae e a Saccharomyces uvarum. Destilação: A bebida é feita pela condensação dos vapores de álcool que escapam mediante o aquecimento de um mosto fermentado. Como o teor alcoólico na bebida destilada é maior do que aquele no mosto, caracteriza-se aí um processo de purificação. Panificação O crescimento da massa e a leveza do produto são resultados da ação de um agente de crescimento que promove a aeração da mistura por meio de uma fermentação ou levedação. O agente responsável por essa reação é a levedura é a Saccharomyces cerevisiae. Atualmente são encontrados fermentos biológicos de diversas formas (seca granular, seca granular instântanea e fresca comprimida). Além da presença de leveduras, estes fermentos contêm um complexo enzimático chamado zimase, que converte o açúcar em álcool e dióxido de carbono, que ficam retidos na rede do glúten, dando volume ao produto. A zimase também produz outros componentes, em menor concentração, que fortalecem o glúten, produzindo volume, favorecem a formação da cor da crosta, o aspecto da pestana e da quebra da crosta e contribuem para o aroma e o sabor. O álcool produzido evapora-se durante a cocção. O fermento precisa de aproximadamente 45 minutos, em condições favoráveis de temperatura e umidade, para adaptar-se ao meio; a produção máxima de gás é obtida após 120 minutos. A fermentação principal tem início logo após a mistura e se estende até o início da divisão da massa. Nesta fase, a massa cresce como resultado da ação da levedura e dos gases produzidos. É comum sovar a massa após 60% a 80% do tempo de descanso, com objetivo de expelir gases, reduzir o volume da massa, homogeneizar a temperatura e favorecer o desenvolvimento do glúten. Ao final desta etapa, o glúten se expande devido à pressão proveniente da retenção de uma quantidade relativa de gás. Para se ter o desenvolvimento completo do glúten e o máximo de volume é preciso completar o tempo de fermentação. A temperatura ótima de assamento varia entre 200°C e 230°C. No forno, o volume da massa aumenta devido à produção contínua e a expansão do gás, assim como pela formação de vapor de água e do vapor de álcool. O amido gelatiniza (50ºC a 80°C), parcialmente. O glúten coagula (60°C a 80°C), retém as bolhas de ar e favorece a textura do miolo. As camadas mais externas do pão secam mais rapidamente e propiciam a formação da cor castanho-dourada da crosta e o aroma agradável característico de pão fresco. 8. USO DE EMBALAGENS EM ALIMENTOS Segundo a definição contida no decreto-lei 986/69: “embalagem é aquilo que acondiciona, guarda, empacota ou envasa o produto alimentício” A definição de embalagem se adapta a vários tipos de acondicionantes: ▪ Recipientes ▪ Envases ▪ Envoltórios ▪ Vasilhas Então, embalagens são todos os acondicionantes, todas as matérias primas e estruturas com função de proteção do produto alimentício, contra danos ambientais e os riscos por choques, até o momento de sua venda. Importância Das Embalagens: As embalagens são importantes tanto para os interesses dos consumidores, cumprindo suas metas técnicas, como do produtor, como veículo de comunicação, de distribuição e difusão do produto. A embalagem perfeita é o elo de comunicação que exprime a mensagem do fabricante ao cliente, informando-o das virtudes possuídas pelos produtos A importância da embalagem é avaliada: - Pelas funções que desempenham - Pela sua adequação aos produtos Funções Das Embalagens: Proteger o conteúdo do produto, sem por ela ser atacado; Resguardar o produto, contra ataques ambientais; Favorecer ou assegurar os resultados dos meios de conservação; Evitar contatos inconvenientes do produto; Melhorar a apresentação do produto; Possibilitar melhor observação do produto; Favorecer o acesso ao produto; Facilitar o transporte do produto; Educar o consumidor do produto. Requisitos De Uso: As embalagens designadas aos produtos alimentícios, devem possuir requisitos imprescindíveis, para exercer suas funções Esses requisitos, valorizam as embalagens, dando-lhes um sentido de ordenação, uma personalidade definida, uma identidade padrão: Manter condições de segurança contra agentes: ▪ microrgânicos e enzimáticos ▪ físicos e químicos ▪ ambientais Ser isenta de toxicidade; Não causar incompatibilidade com o produto; Ser adequada à forma, tamanho e peso do produto; Por sua aparência e poder visual propiciar a venda do produto; Possuir qualidades funcionais: ▪ fácil transporte e armazenamento do produto ▪ desembaraço em seus sistemas de fechamento ▪ dispositivos
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