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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MICROBIOLOGIA PROF. PAULO DE GÓES (IMPPG) DEPARTAMENTO DE VIROLOGIA LAB. DE ESTRUTURAS DE SUPERFÍCIE DE VÍRUS ENVELOPADOS E INTERFERONS (LESUPINF) Capítulo de texto de material utilizado em curso para professores, intitulado: II Curso de Extensão em Ciências Microbiológicas, em 2003. Imunologia Descomplicada Quando o Homem primitivo sentiu a necessidade de registrar a sua história para as gerações futuras, pintou nas paredes das cavernas do cotidiano, e a representação de fenômenos naturais ou de magia que explicavam sua própria origem. Das paredes o Homem passa para o papel e para as tintas. Destes Homens ancestrais guardamos a capacidade de reter por mais tempo, e melhor, o que percebemos visualmente. Sob este ponto de vista, as publicações em quadrinhos possibilitam ao professor tornar mais acessível ao aluno um conhecimento aparentemente complexo, sem que haja necessidade do uso de outros recursos audiovisuais mais dispendiosos. A humanização é um fator que aproxima o personagem - que pode ser uma célula - do leitor, sem perder a real noção dos fatos. Neste trabalho, apresentamos as linhagens celulares oriundas da medula óssea, na forma de um Álbum de Família. A preocupação em conferir diferentes expressões às células identifica o leitor com a situação relatada. Entretanto, o desenho das células não difere muito do que se observa em preparações microscópicas. Aos monócitos, por exemplo, foi conferido um conjunto de expressões, onde a atividade incessante de captura de alimentos, faz com que a figura de um comilão seja a que mais se aproxima das funções que naturalmente executa. Dentro desta proposta, colocamos os princípios da Imunologia, do ponto de vista das células do organismo, frente aos desafios do ambiente. Descrevemos as reações do corpo frente a produtos conhecidos como antígenos. Tratamos das competências celulares para reagir aos desafios que a seleção natural impõe aos organismos no dia-a-dia. Relatamos, apenas, os princípios que regem a vida de todas as células do Planeta: Nutrição, Excreção, Multiplicação e Morte. A finalidade do trabalho é fornecer ao professor mais um recurso didático, aproximando o aluno, cada vez mais, do fascinante mundo da Imunologia. Com isso o aprendizado torna-se mais lúdico, sendo possível utilizar-se dele como fonte de inspiração, e deflagrar um processo de criação conjunta - professores e alunos - de vários materiais didáticos, envolvendo outros assuntos. Editores: Maria Isabel Madeira Liberto; Barbara Cristina E. P. Dias de Oliveira; Marcos Loureiro Madureira; Maulori Curié Cabral Artes gráficas: Ádila Regina Trubat Santos Rodrigues & Rubens Clayton Dias Resumo Os monócitos são células circulantes fagocitárias vorazes. Os fragmentos peptídicos que os monócitos, por intermédio de suas enzimas lisossomais não conseguem digerir, são combinados a proteínas do MHC de classe II e expostos na superfície da membrana. Linfócitos TH, caracterizados por apresentarem marcador de superfície CD4, reconhecem como alimento o resíduo exposto e o ingerem. Esse linfócito então cresce e se divide. Caso sobre algum resíduo que o linfócito TH não consiga digerir, esse é excretado e livre interage com um linfócito B, que através de seus receptores de membrana, que são imunoglobulinas ancoradas. Após ativado, o linfócito B entra em mitose, dando origem ao clone, clone este de onde algumas das células se diferenciam em plasmócitos, que passam a secretar anticorpos, que circulam pela corrente sangüínea e, caso encontrem o resíduo antigênico (epítopo) para o qual são preparados, se ligarão firmemente a ele, facilitando o encontro desse complexo antígeno-anticorpo pelo monócito ou pelos elementos do sistema complemento. Consumida toda a massa antigênica, o número de células de cada uma das populações clonadas decai até um patamar compatível com a sobrevivência dos elementos do clone, garantindo, assim, a efetiva ação no caso de novos encontros com o mesmo tipo determinante antigênico. Os linfócitos T c , caracterizados pelo marcador CD8 em sua superfície de membrana, atuam matando as células que exibem, nos MHC de classe I, os resíduos oriundos da digestão proteassomal incompleta dos componentes protéicos que, em função de erros espontâneos, foram fabricados de maneira incorreta. Esse fenômeno assegura ao organismo o controle de qualidade dos produtos fabricados, por todas as suas células, situação essa observada, de forma mais intensa, quando as células são engenheiradas geneticamente, pelo processo de eletroporação ou por intermédio do contágio com partículas virais. Literatura recomendada BECKER, J.C. 2000. T-cell clonality in immune responses. Immunology Today. 21 (2):107. GALLAGHER, R.B. 1997. Population Biologyg of Lymphocytes. Science 276. MAINI, M.K.; CASAROTI, G.;DELLABONA, P.; WACK, A. & BEVERLEY, P.C.L. 1999. T-cell clonality immune responses. Immunology Today, 20(6):262-266. GRABAR P. 1974. Self and not-self in immunology. Lancet, June (29):1320-1322.