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O MATERIALISMO DIALÉTICO NA METODOLOGIA CIENTÍFICA Por: Rosielle Athanásio Mendes Heinen de Menezes Profª: Ana Alice Kulina Simon Esteves 1º ano de Ciências Econômicas – AEDB / FCEACDB 19/05/2006 INTRODUÇÃO O Materialismo é uma doutrina filosófica que admite como realidade apenas a matéria. Formulada inicialmente no século VI a.C., na Grécia, evolui no século XVI, quando assume diferentes formas até a abordagem marxista do século XIX e decorrências posteriores. 1 O conceito de Dialética é utilizado por diferentes doutrinas filosóficas e, de acordo com cada uma, assume um significado específico. Na antiguidade grega: para Platão, a dialética é a técnica de perguntar, responder e rejeitar; enquanto para Aristóteles é a lógica do provável, do processo racional que não pode ser demonstrado, ou seja, o que parece aceitável a todos, ou à maioria, ou aos mais conhecidos e ilustres.2 O alemão Immanuel Kant, no século XVIII retoma a noção de Aristóteles quando define a dialética como a "lógica da aparência".3 No século XIX Karl Marx estabelece a dialética materialista a partir de uma visão crítica, sobretudo influenciada por Hegel e Feuerbach4, concebendo que a matéria é o princípio primordial, sendo o espírito um reflexo secundário dela.5 “O defeito fundamental de todo o materialismo anterior – inclusive o de Feuerbach – está em que só concebe o objeto, o ato sensorial, sob a forma de objeto ou de percepção, não como uma atividade sensorial humana, como prática: só de modo subjetivo.”6 A realidade, para Marx, é dialética. Uma troca contínua entre o homem e o mundo.7 KARL MARX – VIDA E OBRA Karl Heinrich Marx (5/5/1818-14/3/1883). Autor de conceitos que fundamentam a ideologia comunista do século XX, tais como luta de classes, mais valia e materialismo histórico. Nasce em Trier, na Alemanha, filho de família judia. Estuda filosofia nas universidades de Berlim e de Iena. Em 1842 chefia a redação do jornal Rheinische Zeitung, em Colônia, no qual escreve artigos radicais em defesa da democracia.8 Muda-se para Paris em 1844, sendo expulso em 1845, a pedido do governo alemão9, e conhece Friedrich Engels, com quem publica, na Bélgica, em 1848 o Manifesto Comunista10, 1 Almanaque Abril, 2003 2 Idem 3 Idem 4 Geog Wilhem Friedrich Hegel (1770-1831) e Ludwig Feuerbach (1804-1872) 5 FEIJÓ, 2001 6 HÜHNE, 1997. 7 VANCOURT, 1964. 8 Almanaque Abril, 2003. 9 SINGER, 1982. 10 HUGON, 1988. pregando a solidariedade dos trabalhadores na busca da emancipação. Muda-se para Londres, onde estuda história e economia, escreve artigos na imprensa e ajuda a fundar o movimento pró-socialista da 1ª Internacional. Em 1867 publica o primeiro volume de sua principal obra, O Capital, na qual expõe os conceitos econômicos do marxismo, como a teoria do valor, a da mais-valia ou excedente do trabalho e a da acumulação do capital. Os outros volumes da mesma obra só são conhecidos após sua morte. Marx foi o primeiro autor a empregar continuamente o termo “classes sociais”, estabelecendo a existência de duas classes fundamentais, estabelecendo uma contraposição pelas relações de propriedade: uma minoria de “não produtores”, que detém o controle dos meios de produção, com a finalidade de extrair da maioria “produtora” o “produto excedente que é a fonte de sua existência”, ou seja, a “mais-valia”.11 O MARXISMO NO CONTEXTO CIENTÍFICO O esquema abaixo se propõe apresentar um resumo ilustrativo das principais correntes filosóficas, num deslocamento linear da história, a partir das duas predominâncias da antiguidade grega: o pensamento de Platão e de Aristóteles; até os dias atuais. Utiliza-se de uma escala de tempo e da divisão das correntes em dois times: a dos racionalistas, sob a influência predominante do pensamento de Platão, e a dos empiristas, sob a influência de Aristóteles. A apresentação não esgota os diversos surgimentos e nem mesmo as classificações existentes, buscando, apenas, posicionar o surgimento e as origens do marxismo, bem como suas influências.12 11 LAKATOS, 1979. 12 La Filosophie, 1968. � � � � � � � � � � � � � �� � CRISTIANIZAÇÃO MEDIEVAL RACIONALISMO (PLATÃO) EMPIRISMO (ARISTÓTELES) RENASCIMENTO IDEALISMO EMPIRISMO MARXISMO POSITIVISMO • Descartes • RACIONALISTAS • EMPIRISTAS • Locke • Galileu • Newton • Bacon • EXISTENCIALISMO Sartre • FENOMENOLOGIA Husserl • ESTRUTURALISMO Foucault • EPISTEMOLOGIA Camguilhelm Einstein • NEOPOSITIVISMO Popper • CIENTIFICISMO Husserl Antiguidade Idade Média Idade Moderna Idade Contemporânea Séc. XII a.C. a V d.C. Séc. V a XV Séc. XV a XVIII Séc. XVIII em diante O MÉTODO DO MATERIALISMO DIALÉTICO: A DIALÉTICA A partir de uma tese, se estabelece uma antítese, para se chegar a uma síntese, que é uma nova tese, e, assim, amplia-se continuamente o conhecimento humano. O MATERIALISMO HISTÓRICO: Marx como o maior Economista do séc XIX “A infra-estrutura econômica determina a superestrutura social”. Marx partiu da TESE Liberal-individualista dos Economistas Clássicos (Adam Smith e David Ricardo), que definia o Valor Natural dos bens em um sistema econômico como a quantidade do trabalho individual necessária à reprodução desses bens, cuja maximização se dá pelo livre curso do interesse individual (“Laissez-faire”). Estabeleceu uma ANTÍTESE na qual identifica a incoerência deste equilíbrio estabelecido pela “mais-valia” (que excede ao Valor Natural), apropriada pelo capitalista no livre mercado, através do lucro, concluindo pela SÍNTESE que estabelece o equilíbrio econômico pela unificação das classes sociais na dos trabalhadores, suprimindo a “mais-valia”. APLICAÇÕES DO MATERIALISMO DIALÉTICO NOS DIAS ATUAIS E NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL: CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS O Mercado Capitalista tende a ser cada vez mais competitivo e a “mais-valia” cada vez mais concentrada, porque os muito ricos são cada vez menos numerosos ao contrário dos trabalhadores proletários, cada vez mais numerosos. Logo, há tendências para efetivação da síntese marxista. Na história do capitalismo moderno observa-se um processo coerente com a Síntese Marxista pelas conquistas históricas feitas pela classe trabalhadora e transformadas em leis sociais. TESE ANTÍTESE SÍNTESE Assim como pela solidariedade cada vez mais forte entre as pessoas, qualidade característica do coletivismo. Dessa forma, o desenvolvimento econômico atual tende a se pautar no processo que respeita a produção otimizada de bens, decorrentes da iniciativa privada, mas contabilizada nos resultados sociais proporcionados, a exemplo dos processos fundamentados na qualidade dentro de padrões internacionais, como a ISO 9000, e de empresas socialmente responsáveis, também pautadas em parâmetros internacionais, como os da ISO 16000. No nível regional, se estabelecem as forças sociais organizadas para defender os interesses coletivos, sintetizando princípios individualistas e coletivistas que o Materialismo Dialético teorizou. As instituições se organizam e trabalham para garantir a infra-estrutura econômica que as mantém, tendo em vista que a infra-estrutura econômica determina a superestrutura social. As empresas se fortalecem com sistemas de conciliação do interesse coletivo, a exemplo de Consórcios Modulares, paraprodução otimizada e mais competitiva, e da formação de Tecnopólos, criando ambientes de harmonia dos interesses individuais de comunidades empresariais e de seus respectivos colaboradores. As prioridades estão voltadas para a qualidade de vida das comunidades através de investimentos que consolidem o chamado Desenvolvimento Econômico Sustentável, e a mobilização dos poderes se volta para a melhoria das condições gerais e não mais para o lucro individual e concentrador. Dessa forma, dando razão ao pensamento marxista, se percebe uma tendência de extinção da classe exploradora, sem, talvez, a necessidade da “Luta de Classes”. Isso, por outro lado, mostra que a lógica do Materialismo Dialético pode ser estabelecida pela mobilização para construção do que é de interesse coletivo, por ser o melhor resultado para o interesse individual, eliminando, assim, a classe exploradora pela lógica e não pela violência. BIBLIOGRAFIA ALMANAQUE ABRIL. Edição em CD-Rom, 2003 . FEIJÓ, Ricardo. História do Pensamen to Econômico. São Paulo: Atlas, 2001. HUGON, Paul. História das Doutrinas Econômicas. São Paulo: Atlas, 1984 HÜHNE, Leda Miranda. Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. Rio de Janeiro: Agir, 1997. LA FILOSOPHIE. Panfleto do Ministério da Cultura da República Francesa, 1968. LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. São Paulo: Atals, 1979. SINGER, Paul (organizador). Karl Marx. Grandes Cientistas Sociais, v. 31. São Paulo: Ática, 1982. VANCOURT, R. Estrutura da Filosofia. São Paulo: Duas Cidades, 1964.
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