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Módulo 3 Evolução Histórica das Relações Internacionais Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI

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29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=39443 1/49
Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra
Mundial ao Século XXI
MÓDULO III - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS -
DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL AO SÉCULO XXI
Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB
Curso: Relações Internacionais: Teoria e História - Turma 2
Livro: Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
Impresso por: Débora de Andrade Barros
Data: Domingo, 29 Jul 2018, 22:17
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=39443 2/49
Sumário
Módulo III - Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
Unidade 1 - A Segunda Guerra Mundial
Pág. 2 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 3 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 4 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 5 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 6 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 7 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 8 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 9 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 10 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 11 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 12 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 13 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 14 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Pág. 15 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Unidade 2 - O Sistema Internacional Pós-1945
Pág. 2 - A Guerra Fria
Pág. 3 - A Guerra Fria
Pág. 4 - A Guerra Fria
Pág. 5 - A Guerra Fria
Pág. 6 - A Guerra Fria
Pág. 7 - A Guerra Fria
Pág. 8 - A Guerra Fria
Pág. 9 - A Guerra Fria
Pág. 10 - A Guerra Fria
Pág. 11 - A Guerra Fria
Pág. 12 - A Guerra Fria
Pág. 13 - A Guerra Fria
Pág. 14 - A Guerra Fria
Pág. 15 - A Guerra Fria
Unidade 3 - O Fim da Guerra Fria e a Nova Ordem da Década de 1990
Pág. 2 - Antecedentes: as transformações da década de 1980
Pág. 3 - Antecedentes: as transformações da década de 1980
Pág. 4 - Um novo paradigma para as relações internacionais
Pág. 5 - Incertezas e complexidades na Nova Ordem Internacional
Pág. 6 - Globalização e regionalização
Pág. 7 - Novos temas na Agenda Internacional
Pág. 8 - A Questão da Segurança
Pág. 9 - A Questão da Segurança
Unidade 4 - O Sistema Internacional no Século XXI: Perspectivas
Pág. 2 - Observações iniciais
Pág. 3 - A Agenda Internacional do Século XXI
Pág. 4 - A Questão Da Segurança
Pág. 5 - A Segurança e o Realismo no Século XXI
Pág. 6 - Processos de Integração
Pág. 7 - Questões ambientais
Pág. 8 - Democracia e Direitos Humanos
Pág. 9 - Brasil e as Relações Internacionais
Exercícios de Fixação - Módulo III
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=39443 3/49
Módulo III - Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra
Mundial ao Século XXI
Unidade 1 - A Segunda Guerra Mundial 
 
Unidade 2 - O Sistema Internacional Pós-1945 
Unidade 3 - O Fim da Guerra Fria e a Nova Ordem da Década de 1990
Unidade 4 - O Sistema Internacional no Século XXI: Perspectivas
 
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=39443 4/49
Unidade 1 - A Segunda Guerra Mundial
 
 
 
 
 
Ao final desta Unidade, o aluno deverá estar apto a:
discorrer sobre os principais antecedentes da II Guerra Mundial;
indicar os principais fatos que marcaram cada uma das fases do conflito.
 
 
Esta Unidade é dedicada ao estudo da II Guerra Mundial, seus antecedentes e 
fases. A abordagem desse conteúdo lhe apresentará as causas que levaram à 
Segunda Guerra Mundial e os relatos de como se desenrolou a guerra em seus 
momentos principais. Siga em frente!
 
 
 
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
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Pág. 2 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
 
A II Guerra Mundial estendeu-se de 1939 a 1945, alcançou todos os continentes habitados e envolveu as Grandes Potências e seus aliados em um
confronto sem precedentes, com um saldo de mais de 80 milhões de mortos e prejuízos econômicos incalculáveis. Seu legado produziria uma nova
configuração de poder mundial nas décadas que se seguiriam, em um significativo conjunto de transformações no equilíbrio de poder mundial, que
alcançaria o século XXI.
 
Ao contrário da Grande Guerra, a II Guerra Mundial foi, de fato, travada entre praticamente todos os povos e culturas do planeta, ampliando
expressivamente o raio de ação das relações internacionais contemporâneas. Qualitativamente, a guerra colocaria um fim à supremacia europeia e
ao eurocentrismo no sistema internacional, retiraria da França e da Grã-Bretanha a condição de Potências hegemônicas e deixaria a Alemanha, o
Japão e a Itália sem os espaços internacionais conquistados à força no Entre-Guerras. Ademais, o processo de expansão e construção do mundo
liberal seria substituído por uma nova ordem internacional, bipolarizada, com a emergência dos EUA e da URSS.
 
A II Guerra Mundial pode ser dividida em duas fases. Na primeira, de1939 a 1941, os países europeus ainda tentam manter a condução dos destinos
das relações internacionais, e a guerra é eminentemente europeia, como o fora a I Guerra Mundial. Entretanto, com a segunda fase, que vai de
1941 até 1945, o conflito torna-se mundializado, com a participação de novos Atores, particularmente os EUA, URSS e o Japão, e se prenuncia uma
nova ordem internacional.
 
 
ANTECEDENTES: 
A Chegada de Hitler ao Poder na Alemanha 
 
A ascensão de Adolf Hitler ao governo alemão, em 1933, significou uma nova concepção de relações
internacionais, marcada pelo nacionalismo ardente que rejeitava tanto a igualdade dos povos como a dos
indivíduos, desprezava os tratados e buscava o expansionismo por meio do rearmamento, anexação de
territórios onde houvesse alemães e aquisição do espaço vital para a construção da Grande Alemanha –Gross
Deutschland.
 
Em 1934, as ditaduras fascistas dominavam a Europa Central e Oriental e, em 1939, a democracia era exceção
minoritária no continente. Hitler movia-se para dominar o Leste, e Mussolini, o Adriático e o Mediterrâneo, em
ações que tinham a indiferença ou mesmo o consentimento das Potências ocidentais, particularmente Grã-
Bretanha e França.
 
À medida que avançava a década de 1930, aumentava a descrença na Sociedade das Nações. A França passou
a buscar alianças a Leste, mirando a Polônia e a Tchecoslováquia. A Itália e a Alemanha, os dois grandes
Estados fascistas da Europa, aproximaram-se. A Grã-Bretanha buscava fugir de engajamentos militares na
Europa, considerando justa a reivindicação alemã por mudanças ao mesmo tempo em que investia no reforço da coesão no âmbito do
Commonwealth e da zona esterlina. A opinião inglesa endossou o pensamento de Keynes de reduzir as reparações alemãs, porque prejudicavam as
exportações britânicas.
 
 
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Pág. 3 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
EUA e URSS
 
A estratégia hitleriana de dominação do Leste forçou a URSS a aproximar-se do Ocidente, fazer alianças e aderir à Sociedade das Nações em 1934.
Todavia, os objetivos soviéticos de política exterior apresentavam uma dualidade: formar uma frente antinacional-socialistaou atuar como o fiel da
balança entre os “dois campos burgueses do capitalismo”. O fato foi que os ocidentais se recusaram a fechar um pacto, para a decepção dos
soviéticos, e acabaram deixando soltos Hitler na Europa, Mussolini na Etiópia e o Japão na China. A partir daí, a URSS reforçou seu isolacionismo
político, comercial e financeiro, renunciando ao ideal do internacionalismo proletário. E, surpreendentemente, aproximou-se da Alemanha, que,
durante certo tempo, também fora isolada pelas Potências europeias. Essa associação entre as duas Grandes Potências totalitárias da Europa,
Alemanha e URSS, que culminaria no pacto de não agressão entre os dois países, em 23 de agosto de 1939, gerou preocupação nos países do
continente.
 
Apesar de ampliarem sua presença na economia mundial, sob a ótica política, os EUA adotaram o isolacionismo, buscando não interferir nas relações
internacionais do Velho Mundo, particularmente na política europeia. Ademais, o projeto político-comercial pan-americano dos EUA os mantinha
longe da Europa. De fato, mesmo após o início da II Guerra Mundial, a opinião pública estadunidense permaneceu disposta a não se envolver no
conflito, pois encontrava-se dividida sobre que lado apoiar. Registre-se que o Presidente Franklin Delano Roosevelt se reelegeu com um discurso de
que os EUA não participariam da guerra na Europa.
 
 
As relações entre as Potências Europeias
 
1934 foi o ano do rearmamento alemão: após se retirar da Sociedade das Nações no ano anterior, Hitler rompeu unilateralmente com os acordos de
Versalhes e Locarno, assinou um pacto de não agressão com a Polônia (aliada tradicional da França) e encontrou-se com Mussolini para evitar
choques de interesses na área do Rio Danúbio. A França, em reação, aproximou-se da URSS e propôs, em vão, um pacto geral sobre o Leste
europeu. A Itália, em resposta, propôs um Pacto dos Quatro Grandes (Grã-Bretanha, França, Alemanha e a própria Itália), que havia sido tentado no
âmbito da Sociedade das Nações, com o fim de rever tratados e liderar a Europa, o que não foi aceito pelos países menores. 
 
Na Conferência de Stresa, em abril de 1935, Itália, França e Grã-Bretanha recusaram a denúncia unilateral alemã dos tratados. A Grã-Bretanha,
todavia, celebrou um acordo naval em junho do mesmo ano com Berlim, considerado uma traição política pelos franceses, italianos e até pelos
soviéticos. Em outubro, a Itália invadiu a Etiópia, membro da Sociedade das Nações, e não recebeu qualquer condenação ou sanção. A segurança
coletiva europeia desmoronava. 
 
O clima esquentou em 1936, com a Guerra Civil Espanhola. Era o primeiro experimento de uma guerra civil verdadeiramente europeia, uma vez que
nela se confrontaram militarmente as correntes ideológicas de direita e esquerda, com fornecimento de armas de ambos os lados (da URSS para os
republicanos e da Itália e da Alemanha para os franquistas). Fenômeno semelhante só voltaria a ser visto na época da Guerra Fria. 
 
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Pág. 4 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
 
A Política Exterior do III Reich
 
Após a consolidação do regime nacional-socialista no campo doméstico e a recuperação econômica da Alemanha, Hitler prosseguiu com seu projeto
de hegemonia alemã sobre a Europa centro-oriental. Em 1938, com base no princípio de que todos os povos alemães deveriam estar unidos sob um
único governo, o III Reichanexou a Áustria e parte da Tchecoslováquia – esta última com o consentimento formal da Grã-Bretanha, França e Itália,
na Conferência de Munique. Hungria e Romênia aliaram-se à Alemanha, que já havia estabelecido o Eixo Roma-Berlim (ao qual Tóquio aderiria
pouco depois). Finalmente, em 1939, a Alemanha se aproximou da URSS, com Berlim e Moscou negociando a partilha da Polônia.
 
Os regimes democráticos só buscaram unidade de ação contra Hitler após a aliança com os soviéticos e a invasão da Polônia, em 1º de setembro de
1939. De fato, franceses e britânicos foram surpreendidos pelo pacto germano-soviético e, percebendo que não seria mais possível – pelo menos
naquele momento – o tão esperado confronto entre os dois Estados totalitários, tiveram que deixar de lado a política do apaziguamento. Logo depois
de divulgado o acordo germano-soviético, Grã-Bretanha e França ofereceram garantias para a Polônia, e os EUA solicitaram a Hitler que, por dez
anos, não atacasse 29 nações, cuja lista lhe fizeram chegar.
 
Às vésperas da guerra, pareciam evidentes os objetivos da política externa alemã:
 
· reduzir a influência da França no continente;
· buscar a neutralidade da Grã-Bretanha;
· instaurar um império alemão a Leste, incluindo o território soviético.
 
A partir da improvável e surpreendente aliança com os soviéticos, a Alemanha pôde desencadear a invasão da Polônia. A reação de britânicos e
franceses foi tardia. Os soviéticos logo atacariam os poloneses pelo leste, incorporariam os Estados Bálticos a seu território e, em novembro de
1939, a Finlândia seria atacada. Começava a II Guerra Mundial.
 
Inúmeros filmes retratam o nazismo e a Segunda Guerra Mundial. Vejamos 
alguns: 
O Grande Ditador, de Charles Chaplin. Em seu primeiro filme falado, Chaplin 
interpreta dois papéis opostos, o de um barbeiro judeu que enfrenta tropas de 
choque e perseguição religiosa e o do Grande Ditador Hynkel (sátira a Adolf Hitler). 
O clímax desse clássico é o célebre discurso final, um libelo ao triunfo da razão 
sobre o militarismo. 
A Lista de Schindler. Esse filme do diretor Steven Spielberg conta a história real 
de Oskar Schindler (Liam Neeson), empresário alemão que salvou centenas de 
judeus dos campos da morte nazistas. 
Pearl Harbor. Filme que tem como fio condutor os eventos que fizeram com que 
os Estados Unidos entrassem na 2.ª Guerra Mundial, logo após o ataque japonês a 
Pearl Harbor. 
O Pianista. Essa bela obra do diretor Roman Polanski mostra o surgimento do 
Gueto de Varsóvia, quando os alemães construíram muros para encerrar os judeus 
em algumas áreas.
Sobre a guerra no Pacífico, vale a pena assistir aos clássicos Tora, Tora, Tora e 
Midway.
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Pág. 5 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
A GUERRA
 
A Primeira Fase: 1939-1941 
 
Após a invasão da Polônia, em 01/09/1939, e a declaração de guerra à Alemanha por Grã-Bretanha e França, o confronto ateve-se aofront oriental,
com a queda da Polônia em algumas semanas e os avanços soviéticos sobre os países bálticos e a Finlândia, e à investida alemã contra a Noruega,
em busca das reservas de ferro e carvão, momento em que houve o enfrentamento entre alemães e uma Força Expedicionária Britânica, com a
derrota desta última em Narvik. Fora isso, a guerra no fronte ocidental ainda não começara.
 
Assim, os primeiros passos da guerra foram lentos. Cerca de dez milhões de soldados esperavam, na estratégia da
guerra estática, os primeiros movimentos do inimigo. Os líderes políticos franceses e britânicos decidiram retardar
ao máximo as ofensivas. Até maio de 1940, quando os alemães iniciaram a grande ofensiva militar sobre a França,
não tinha havido praticamente embates entre as Grandes Potências no fronte ocidental.
 
As forças mobilizadas pareciam favoráveis aos alemães. Apesar da manifesta superioridade, no mar, de franceses e
britânicos, os alemães possuíam, em setembro de 1939, 3.228 aviões de guerra contra os 1.377 da Grã-Bretanha e
os 1.254 da França. Em terra, os canhões e tanques alemães também eram numericamente superiores. Construída,
ainda entre 1930 e 1935, a linha Maginot, no nordeste do país, era o símbolo da insegurança francesa (SARAIVA,
1997). Entretanto, em termos econômicos,franceses e britânicos viam-se superiores, particularmente graças a seus
vastos impérios coloniais.
 
Nos primeiros meses da guerra, Grã-Bretanha e França planejavam vencer a Alemanha pelos bloqueios em terra e pelo cerceamento dos mares.
Acreditavam que o isolamento levaria à ruína econômica do III Reich, uma vez que toda a economia alemã voltava-se para a guerra e já estava
ameaçada pela insuficiência de matérias-primas.
 
Reforçava a percepção de supremacia da Grã-Bretanha e da França o fato de também contarem com forças extra-Europa, como a venda de armas
norte-americanas no sistema cash-and-carry (pagamento à vista) no Atlântico, a partir de novembro de 1939, ao passo que Hitler estava reduzido
aos seus próprios recursos e, no máximo, aos recursos continentais.
 
Hitler propôs a paz em 6 de outubro de 1939. Grã-Bretanha e França não aceitaram, pois só lhes interessava a paz se a influência franco-britânica
fosse retomada sobre todo o continente europeu. Por outro lado, para os franceses, a guerra era a oportunidade para arruinar definitivamente a
Alemanha. Assim, diante da reação estática de Londres e Paris e da hesitação da França, que testemunhava amplos debates internos entre a
anglofilia e a anglofobia, Berlim preparou-se para a invasão da França em 10 de maio de 1940.
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
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Pág. 6 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
A Queda da França
 
Em pouco mais de trinta dias, após o início das operações contra a França, Paris já era dos alemães. O êxodo de 8 milhões de franceses enterrava o
moral francês. Em manobra de pinça, e por meio da Blitzkrieg, a guerra-relâmpago, as forças alemãs dividiram ao meio as tropas francesas e as
empurraram, juntamente com a Força Expedicionária Britânica, para a costa do Mar do Norte, no que culminou na maior operação de retirada da
história, quando centenas de embarcações foram envolvidas no resgate de soldados britânicos e franceses em Dunquerque, numa fuga desesperada
para deixar o continente e escapar dos alemães. Dunquerque foi a maior humilhação por que passaram britânicos e franceses na guerra. 
 
De fato, o divórcio intelectual e estratégico franco-britânico concretizou-se com a evacuação das tropas aliadas, em especial da Força Expedicionária
Britânica, em Dunquerque, no nordeste francês. Dois dias antes de se iniciar a evacuação de Dunquerque,
em 24 de maio 1940, Hitler ordenou a contenção do avanço das vanguardas em direção à cidade.
Boulogne, Calais, Dunquerque e Ostende eram os quatro portos no lado oposto da parte estreita da
Mancha (cabeças-de-ponte para os ingleses no continente europeu) que, em 23 de maio, ainda não
haviam sido capturados pelos alemães. Acreditava-se, nesse momento, que a grande tarefa da Luftwaffe,
a Força Aérea Alemã, estava começando: o aniquilamento dos ingleses no norte da França pelo ar.
Todavia, a concretização da evacuação provou para os ingleses a falta de eficácia da Luftwaffe ou, como
acreditam alguns historiadores, que Hitler não estava disposto a aniquilar os ingleses, pois esperava que
se tornassem aliados do Reich.
 
Winston Churchill, que se tornara primeiro-ministro após o início da guerra, quis evitar a qualquer custo que os navios franceses se rendessem aos
alemães nos portos e acabou por afundar alguns deles, o que agravou a anglofobia francesa. Ao final, a libertação de 340 mil soldados britânicos e
franceses seria fundamental para os andamentos posteriores da guerra, tendo particular importância política para o duelo entre Churchill e Hitler.
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
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Pág. 7 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
 
 A Queda da França (cont.) 
Em 22 de junho de 1940, a França capitulou e passou a ser o único país vencido a
concluir um armistício. Bélgica e Holanda optaram pela rendição militar, e seus governos
foram transferidos para Londres. Um governo francês pró-alemão se estabeleceu na
cidade de Vichy, para onde fugira o parlamento. Marechal Pétain, herói da I Guerra
Mundial, tornou-se o governante da França ocupada.
 
 
 Essas primeiras vitórias do Eixo e dos soviéticos no início da II Guerra Mundial podem
ser vistas no Mapa 24 (em verde, as conquistas alemãs nos anos de 1939 a 1941; em
amarelo, o que restou da França – a França de Vichy). 
 
 
 
Mapa 24: A Primeira Fase da II Guerra Mundial 
As Vitórias Alemãs e Soviéticas na Europa 
 
Fonte:http://perso.numericable.fr/alhouot/alain.houot/Hist/guerre39_45/gdeux11.html 
A batalha da Grã-Bretanha (Operação Leão-do-Mar) iniciou-se em 13 de outubro de 1940. A Luftwaffe iniciou os bombardeiros sobre Londres.
Todavia, foi testemunhada, naquelas semanas, uma das maiores ondas patrióticas da história britânica, que, somada ao “espírito de Dunquerque”,
fez com que Hitler, ao final do mês, encerrasse a batalha para poupar aeronaves para o seu principal objetivo: a destruição da URSS. É importante
observar que o general Charles De Gaulle e parte da elite moderada francesa migraram para Londres, onde estabeleceram o governo francês no
exílio, ou “França Livre”.
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
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Pág. 8 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
A Queda da França (cont.)
A derrota francesa significou uma ruptura da velha ordem internacional do século XIX. O equilíbrio de poder que havia moldado a sociedade
europeia, com valores e regras de conduta comuns, ruiu definitivamente.
 
No Ocidente, a Itália e a Alemanha julgavam-se capazes de formular uma nova ordem internacional. Ademais, a instabilidade europeia ocasionada
pela guerra criou o ambiente para as independências afro-asiáticas nas décadas seguintes e para que Stalin começasse a dar a sua contribuição para
a modificação do mapa político europeu: agiu sobre os países bálticos, sobre a Grécia e comandou várias anexações na Romênia e na Bessarábia
(transformada em Moldávia).
 
No Oriente, a política japonesa de substituição das potências ocidentais na Ásia – “Ásia aos asiáticos” – levou aos privilégios econômicos sobre
portos aéreos e marítimos. A ocupação alemã da França deixara o Japão livre no sudeste asiático. O Japão acreditava no nascimento de um novo
império, não mais contra a URSS ou a China, mas a favor de prosperidade econômica, que, não obstante a derrota ao final da guerra, pode ser
sentida até os dias de hoje. 
 
Veja a interessante animação sobre a Segunda Guerra Mundial dando dois cliques na imagem ao lado. Clique em qualquer lugar do
mapa e acompanhem a movimentação das tropas alemãs e, depois, a dos aliados. ATENÇÃO: após assistir à animação, clique a tecla
ESC para retornar ao curso!
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=39443 12/49
Pág. 9 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
A Segunda Fase: 1941-1945
 
Em 1941, desapareceu o mundo que o século XIX construiu e o período de transição iniciado na I Guerra Mundial (1914-1918). Havia um vazio de
poder no mundo com a França invadida e a Grã-Bretanha falida. A crise do mercado financeiro comandado por Londres e, portanto, o fim da zona
esterlina fizeram ruir a ordem liberal criada pelos ingleses, que até precisaram começar a usar reservas monetárias para pagar pelos produtos
norte-americanos (cash-and-carry), o que começou a preocupar os EUA.
 
As práticas comerciais começaram a mudar e a ter um novo articulador, quando, a partir de março de 1940, os EUA iniciaram o sistema do lend-
lease (empréstimo e arrendamento)com os países que apresentassem interesse à defesa vital dos EUA (SARAIVA, 1997). Plantavam-se as
sementes do que viria a ser o Plano Marshall e de um Sistema Internacional sob a égide de uma Superpotência, novo conceito em relações
internacionais.
 
Também em 1941, dois eventos importantes provocariam nova mudança no equilíbrio de forças da guerra e da própria ordem internacional: a
invasão da URSS conduzida pelos alemães e o ataque japonês à base estadunidense de Pearl Harbor, que provocaria a entrada dos EUA no conflito.
E o ano seguinte começaria com uma fase em que a guerra se tornara global (vide o Mapa 25 – em vermelho, a zona de dominação alemã; em rosa,
a zona de dominação japonesa, em azul, a zona de guerra marítima; e em verde os aliados em guerra contra a Alemanha e o Japão).
Mapa 25: A II Guerra Mundial – O Mundo em 1942 
 
 
 Fonte:http://perso.numericable.fr/alhouot/alain.houot/Hist/guerre39_45/gdeux15.html 
Em 22 de junho de 1941, tropas alemãs deram início à Operação Barbarossa, avançando sobre o território da URSS: a necessidade alemã de espaço
vital chocava-se com a necessidade soviética de espaço vital. A operação desencadeava-se em três grandes frentes: em direção a Leningrado,
Moscou e às reservas de petróleo da Ucrânia. A máquina de guerra alemã encontrou pouca resistência. De fato, em muitas partes da URSS, os
alemães que chegavam eram vistos como liberdadores daqueles povos do jugo de Moscou e do totalitarismo stalinista. Logo essa percepção
mudaria, graças à violência dos alemães nos territórios ocupados, motivada sobretudo pelo discurso ideológico nazista de destruição ou escravização
daqueles considerados “inferiores” aos arianos.
 
Stalin foi pego de surpresa com a invasão da URSS. O líder georgiano não acreditava que seu país seria atacado pelos alemães, apesar dos
relatórios da inteligência soviética que afirmavam ser o ataque iminente. O Exército Vermelho, por sua vez, estava em situação de extrema
fragilidade, particularmente em virtude dos expurgos stalinistas da década de 1930, que desarticularam o Estado-Maior e aniquilaram o melhor que
havia da oficialidade. Demoraria algum tempo para as forças soviéticas se recomporem.
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Pág. 10 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
A Segunda Fase: 1941-1945
Com a invasão, os EUA apoiaram a resistência soviética, e a URSS foi incluída na aliança ocidental já em outubro de 1941. Logo grande quantidade
de recursos, de alimentos a armamentos, seriam enviados em socorro aos soviéticos. Os aliados sabiam que, se a URSS caísse, a hegemonia alemã
no velho mundo seria incontestável.
 
A ajuda ocidental funcionou. Esta, associada ao ímpeto e à determinação do povo soviético e ao sacrifício de mais de 20 milhões de vidas,
contribuiriam para a resistência e a contraofensiva da URSS. Em território russo, Hitler perdeu, pela primeira vez, uma Blitzkrieg, mais devido ao
despreparo das forças alemãs diante das péssimas condições das estradas soviéticas e do terrível inverno russo do que em virtude da capacidade de
reação de Stalin.
 
Outro significativo ponto de inflexão na II Guerra Mundial deu-se com o ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de
dezembro de 1941. Dentro dos planos japoneses de projeção de poder no continente asiático e no Pacífico, o projeto da Grande Ásia, o choque com
os interesses estadunidenses era apenas uma questão de tempo. A operação contra Pearl Harbour tinha por objetivo neutralizar os EUA no Pacífico,
passo importante para a ulterior anexação das Filipinas, da Malásia e de Hong Kong.
 
Pearl Harbor, considerado um ataque pérfido do Japão contra um país que até então se dizia
neutro na II Guerra Mundial, chocou e comoveu a opinião pública dos EUA, conduziu o país para a
II Guerra Mundial, por meio da declaração formal de guerra anunciada pelo Presidente Roosevelt a
8 de dezembro de 1941, e acarretou a união das duas guerras paralelas, a da Ásia e a da Europa,
numa só. O gigante estadunidense fora despertado e agora envidaria todos os esforços para por
fim às pretensões das ditaduras fascistas de dominar o mundo. A nova política da Grande Potência
do continente americano, rompido o isolacionismo, tinha uma característica peculiar: raio
planetário. Os EUA estavam novamente em guerra.
 
No período de maio de 1942 a meados de 1943, a guerra caracterizou-se por movimentos
marcantes. A contenção do avanço japonês pelos aliados, o desembarque das tropas anglo-
americanas na Argélia e no Marrocos, neutralizando a expansão do Reich no norte da África, e a
capitulação das tropas alemãs em Stalingrado anunciaram a reação aliada e a mudança do curso
da guerra a seu favor.
 
Em 1944, o rolo compressor dos soviéticos forçou o recuo gradual das tropas alemãs na Ucrânia, na Bielo-Rússia e na Polônia. Enquanto Tóquio
perdia seus satélites, Moscou aumentava os seus, por um erro estratégico das forças aliadas: desde janeiro de 1943, Stalin denunciava o abandono
do flanco oriental, o que, no final das contas, tornou a luta contra o Eixo uma forma de sobrevivência do modelo planificado e socialista de Estado.
Isso lhe custou a vida de vinte milhões de soviéticos, quase dois quintos do total da guerra. 
 
 
 
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Pág. 11 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
O Dia D
 
Se os soviéticos avançavam no front oriental, a abertura de um frontocidental era uma exigência de Stalin e uma necessidade na estratégia aliada.
O desembarque no continente já começara no sul da Itália, mas se esperava realmente por uma invasão no norte da França que perfuraria a
inexpugnável “fortaleza do Atlântico” e estabeleceria as cabeças de ponte para a reconquista da Europa Ocidental e o avanço de estadunidenses,
britânicos e seus aliados rumo à Alemanha.
 
No mapa é possível ver as linhas dos fronts de 1942 a 1945. 
 
Mapa 26: A Guerra na Europa de 1942 a 1945 
Fonte:http://perso.numericable.fr/alhouot/alain.houot/Hist/guerre39_45/gdeux23.html
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Pág. 12 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
O Dia D (cont.) 
O “Dia D” finalmente ocorreu em 6 de junho de 1944. Na maior operação militar aeronaval da História, os aliados começaram a invasão do
continente a partir da Normandia, região da França atlântica. Naquela data, 155 mil homens dos exércitos dos EUA, Grã-Bretanha, França e Canadá,
muitos dos quais haviam sido evacuados de Dunquerque três anos antes, lançaram-se nas praias da Normandia, ocupando 80km da costa ao norte
do país. A invasão deu início à libertação europeia do domínio nacional-socialista. Transportados por uma frota de 14.200 barcos, protegida por 600
navios e milhares de aviões, as tropas aliadas asseguraram uma sólida cabeça de praia no litoral francês (vide Mapa 27) e dali partiram para
expulsar os alemães de Paris e, em seguida, marchar em direção à fronteira da Alemanha. Era o primórdio do colapso final do IIIReich, o império
que, segundo a propaganda nazista, deveria durar mil anos.
 
Mapa 27: O “Dia D” – 6 de junho de 1944 
O Desembarque Aliado na Normandia
 
 
Fonte:http://perso.numericable.fr/alhouot/alain.houot/Hist/guerre39_45/gdeux25.html
 
 
Simultaneamente ao desembarque do lado ocidental, a URSS, no Leste da Europa, lançou uma poderosa ofensiva contra os alemães. Onze meses
depois, a 8 de maio de 1945, a Alemanha de Hitler rendia-se. Hitler suicidara-se em 30 de abril de 1945, e com ele morriam as ideias megalômanas
de dominação daEuropa e da prevalência da raça ariana. Acabava a guerra na Europa.
 
O Japão capitulou quatro meses depois. Ao final de agosto de 1945, após as bombas atômicas norte-americanas terem arrasado Hiroshima e
Nagasaki, em 6 e 9 de agosto respectivamente, todas as ações militares foram suspensas. A URSS declarou guerra ao Império Japonês em 8 de
agosto de 1945. Mas não havia mais contra quem lutar. O país já se dispusera a negociar a rendição com os norte-americanos. Pela primeira vez na
história da milenar monarquia japonesa, o Imperador falou para o povo, conclamando-o à rendição incondicional. Terminava a maior e pior guerra
que a humanidade jamais travara.
 
 
Há, ainda, alguns clássicos imperdíveis, como O mais longo dos dias, de Benhard 
Wicki, que trata do Dia “D”, o desembarque aliado de 6 de junho de 1944; e Uma Ponte 
Longe Demais, do diretor Richard Attenborough, sobre a Operação Market Garden, um 
plano ousado para obter um rápido final para a II Guerra por meio da invasão da 
Alemanha e destruição das indústrias de guerra do III Reich – esse ambicioso plano 
mostrou-se um dos grandes erros da guerra e causou mais baixas aos Aliados do que 
toda a invasão da Normandia.
 
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Pág. 13 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
O imediato pós-guerra: 1945-1947 
 
 
A destruição atômica de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, simboliza o ocaso da velha ordem
internacional do século XIX, o surgimento de um vácuo de poder na Europa, o fim dos sonhos
de uma terceira Grande Potência (Alemanha) para substituir o antigo equilíbrio anglo-francês, o
fim da condução europeia das relações internacionais e o surgimento de duas Superpotências
com raios políticos de alcance planetário, EUA e URSS (SARAIVA, 1997).
 
Antes da definição da polaridade EUA-URSS, que só fica clara a partir de 1947, houve uma
tentativa de concerto anglo-americano, em março de 1943, momento em que já se procurava
por uma nova era das relações internacionais e em que foram discutidos, em Washington, o
futuro da Alemanha e as reivindicações territoriais dos soviéticos. Na ocasião, Roosevelt propôs
um diretório de quatro: EUA, Grã-Bretanha, URSS e China, ideia que lembrava o Concerto
Europeu do século XIX e as ideias do Congresso de Viena de 1815. Surgiu também a ideia de
um projeto federativo para a Europa, proposto pela Polônia, que Moscou prontamente recusou,
temendo a reconstrução do “cordão sanitário” do período pós-1918 e já vislumbrando as
possibilidades de projeção da URSS na região. De Gaulle reclamou da ausência da França no
diretório.
 
As conferências internacionais de Moscou, Cairo e Teerã, no segundo semestre de 1943, mostraram a fragilidade da aliança entre as Potências
ocidentais e a URSS: os EUA reapresentaram as teses idealistas wilsonianas de estabelecimento de um organismo internacional de segurança
coletiva para resolver problemas territoriais; a Grã-Bretanha preocupava-se com a expansão soviética; e a França, com governo exilado em
Londres, já não tinha voz.
 
A Declaração de Moscou não incluiu nada a respeito de renúncias a zonas de influência e se resumiu a três pontos: a capitulação total da Alemanha,
a ocupação de seu território pelos três aliados e o desarmamento completo. A Declaração do Cairo adicionou o Japão, exigindo a devolução de todas
as conquistas japonesas do projeto da Grande Ásia, especialmente dos territórios tirados da China, como a Manchúria e Taiwan.
 
Por fim, em Teerã, a Grã-Bretanha propôs a criação de três organizações regionalizadas (na América, na Europa e na Ásia), mas os EUA recusaram,
pois insistiam numa instituição de raio mundial, que, por meio de um diretório composto entre os Quatro Grandes, atuaria como a “polícia do
mundo”. Os EUA também recusaram a tese do federalismo europeu. Como se observa, EUA e URSS já ensaiavam, nessas discussões políticas,
tornarem-se Superpotência.
 
 
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Pág. 14 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
O imediato pós-guerra: 1945-1947
A Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945, apenas consagrou todo esse quadro: o multilateralismo das negociações cedeu diante do
unilateralismo do poder soviético na Europa Oriental. O Exército Vermelho já ocupava a maior parte da região, e sua chegada a Berlim era questão
de dias. O tempo das relações internacionais já era outro: a política das áreas de influência na Europa se tornaria o modelo da política mundial nas
décadas seguintes. Esse foi o primeiro grande legado da II Guerra Mundial. O segundo foi a materialização bipolarizada desse modelo, que será
melhor explorada na Unidade seguinte.
 
Os aliados, nas reuniões de São Francisco, entre abril e junho de 1945, e em Potsdam, entre julho e outubro de 1945, tinham como projeto a
criação de instrumentos para o gerenciamento da paz no pós-guerra. A lógica das alianças e da diplomacia secreta cederia lugar ao esforço de
reconstrução das relações internacionais com base no compromisso e no diálogo.
 
As reuniões de São Francisco criaram a Organização das Nações Unidas (ONU), materializando o sonho wilsoniano, e deixaram evidente a perda de
importância da Europa no sistema internacional que então se delineava, apesar de ter sido garantida a participação da Grã-Bretanha e da França no
Conselho de Segurança da Organização.
 
Interessante observar que, apesar de sua concepção idealista, o que se evidenciava na Assembleia Geral, onde cada membro tinha um voto, dentro
do princípio da igualdade soberana entre os Estados, a ONU moldou-se em uma estrutura de poder realista, uma vez que tinha um Conselho de
Segurança, o órgão legítimo para deliberar sobre o uso da força, no qual o poder concentrava-se na mão dos cinco grandes vitoriosos da II Guerra
Mundial: EUA, Grã-Bretanha, URSS, França e China. Esses países tinham assento permanente no Conselho e poder de veto, mostrando a clara
diferença entre eles e os demais Estados-membros da Organização e a desigual configuração de poder no Sistema Internacional.
 
 
 
Portanto, a Carta de São Francisco, assinada em 26 de junho de 1945, criou a ONU e tornou-se um dos grandes
instrumentos de regulação da nova era das relações internacionais: firmava-se o primado do Realismo sobre o Idealismo
que marcara a Sociedade das Nações. O sistema do veto do Conselho de Segurança, que substituía o sistema da
unanimidade anterior, construía um diretório dos cinco grandes vencedores de 1945 (EUA, URSS, China, Grã-Bretanha e
França), para garantir o congelamento do poder e um compromisso de controle da segurança mundial.
 
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Pág. 15 - A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
O imediato pós-guerra: 1945-1947
 
Em fevereiro de 1947, o Tratado de Paz de Paris encerrou simbolicamente os turbulentos anos nas relações internacionais iniciados em
1939. Desaparecia definitivamente o mundo eurocêntrico, e as relações internacionais teriam a paz garantida por um equilíbrio de poder baseado no
duopólio EUA-URSS. O mundo seria divido entre as esferas de influência de Moscou e Washington e começaria um novo período no sistema
internacional, que ficaria conhecido como “Guerra Fria”.
 
 
Sobre o Brasil na II Guerra Mundial, não deixe de ver. 
A Revista Veja criou um sítio interessante sobre a II Guerra Mundial. Vale a pena conferir. 
 
 
 
 
Na próxima Unidade, concentraremos nossa atenção no estudo do Sistema Internacional pós-II Guerra Mundial. Vamos lá! 
 
 
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Unidade 2 - O Sistema Internacional Pós-1945
 
 
 
 
 
Ao final desta Unidade, o aluno deverá estar apto a: 
• assinalar as características principais do Sistema Internacional pós-Segunda 
Guerra Mundial 
• discorrer sobre os fatores da gestação da Guerra Fria; 
• identificar os principais fatos e fases desse período.
 
 
 
Esses objetivos devem nortear seus estudos nesta Unidade, e esperamos
que você possa, efetivamente, demonstrar os conhecimentos que eles
propõem! 
Recorra ao material de estudo e busque solucionar suas dúvidas!
 
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Pág. 2 - A Guerra Fria
 
Muitos autores defendem que, após o fim da II Guerra Mundial, não havia mais a ideia de uma Sociedade Internacional europeia, criada a partir
de 1815. A instabilidade internacional no período de 1919 a1939, que culminou na II Guerra, corroeu um estado de equilíbrio de quase 100 anos. A
Europa entrou em uma profunda crise de valores e testemunhou o retorno dos egoísmos nacionais, como ocorrera no período pós-Westfália.
 
Um novo sistema jurídico-político-econômico internacional foi erigido ao final da II Guerra Mundial. Nascia a ONU, que procurava corrigir os erros de
Versalhes e com a qual renascia o ideal da segurança coletiva. Nascia também o sistema de Bretton Woods, que criou o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BIRD) para reconstruir o mundo destruído pela guerra e fazer com que a ordem liberal-capitalista anterior
retomasse seus passos.
 
 
 
O chamado “Sistema de Bretton Woods” foi um modelo de Ordem Econômica Internacional
que vigorou entre 1944 e 1973. Baseava-se em um esquema de paridades cambiais fixas (mas
ajustáveis), fundamentadas no ouro-dólar – o dólar tornara-se a moeda forte da economia
mundial em virtude da posição dos EUA como hegemon no sistema. O sistema também incluía
as políticas econômicas aplicadas pelo FMI e pelo BIRD (e que, na década de 1980, ficariam
conhecidas como “consenso de Washington”), instituições que contribuiriam para auxiliar e
orientar as políticas econômicas domésticas.
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Pág. 3 - A Guerra Fria
 
 
 
No âmbito político, o mundo pós-1945 foi marcado pela hegemonia dos EUA e da URSS e um novo modelo de política internacional: o sistema de
zonas de influência de raio planetário, característico do novo tipo de Ator – a Superpotência. O mundo seria, portanto, dividido em zonas de
influência soviética e estadunidense. O continente americano e o Ocidente Europeu constituíram-se em zona de influência dos EUA, e o Leste
Europeu, da URSS. No Mapa 28, é possível identificar com clareza essa zona sob a hegemonia soviética. 
 
 
 
Mapa 28: A Europa em 1946 
 
Fonte:http://perso.numericable.fr/alhouot/alain.houot/Hist/ap45/actuel1.html 
 
 
Um dos legados mais relevantes da II Guerra Mundial foi o fato do conflito ter trazido algumas soluções para o caos em que as relações
internacionais se encontravam desde a I Guerra, época em que não se havia logrado criar um mundo pacífico e democrático. A partir de 1945, não
houve mais guerra entre as Grandes Potências, apesar do estado de tensão constante entre as alianças militares ocidental e do bloco soviético, e o
conflito armado foi transferido para o chamado Terceiro Mundo. O eurocentrismo chegou a termo, e os velhos impérios coloniais desapareceriam
entre 1945 e a década de 1970.
 
As organizações internacionais após a II Guerra Mundial são Atores importantes da segunda
metade do século XX. Veja os sítios da ONU e da OEA, a partir dos quais é possível ter acesso aos
sistemas de organizações vinculadas a esses organismos mundial e regional. 
 
 
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Pág. 4 - A Guerra Fria
A Gestação da Guerra Fria
 
 
"A Guerra Fria foi um período em que a guerra era improvável, e a paz, impossível."
 
Com essa frase, o pensador Raymond Aron definiu o período em que a opinião pública mundial acompanhou o conturbado relacionamento entre os
EUA e a URSS. O termo “Guerra Fria” deve-se ao fato de nunca ter ocorrido um enfrentamento bélico direto entre as duas Superpotências, o qual
poderia acabar culminando na utilização dos arsenais nucleares e na consequente destruição massiva do planeta.
 
A Guerra Fria substituiu o jogo da hegemonia coletiva da Europa sobre as relações internacionais. Há muitas teorias sobre em que momento a
ordem internacional da Guerra Fria foi gestada. Alguns defendem ter sido na Revolução Bolchevique e no cerceamento internacional da Rússia nos
primeiros anos da Revolução, outros no “cordão sanitário” do Entre-Guerras, e há os que defendem ter sido gerada nos anos finais da II Guerra
Mundial. O fato é que, após a liberação recente dos documentos, arquivos e memórias antes proibidos para pesquisas, os fatos que cercam a Guerra
Fria passaram a ganhar novas interpretações, reforçando a tese da sua gestação ao final da II Guerra Mundial e como obra do erro estratégico dos
aliados com relação ao flanco oriental a partir de 1943 e da rejeição da URSS à ajuda do Plano Marshall, promovido pelos EUA.
 
 
 
O Realismo nas relações internacionais parece ter tido mais influência na política soviética do que a ideologia propriamente
dita. Stalin, com seus mais de 20 milhões de mortos na guerra, ensaiava a reconstrução do país com base
nas reparações de guerra e na política de zona de ocupação. As ações do líder soviético acabaram por
confundir os formuladores da política externa dos EUA, que associaram os movimentos de Moscou à ótica
de um projeto expansionista. A assistência norte-americana para a reconstrução soviética, acertada na
conferência de Teerã de 1943, nunca aconteceu. O bloqueio de Berlim, em 1948, que marcou o início da
tensão, foi feito por Stalin ao perceber o desenvolvimento da doutrina antissoviética por parte dos EUA, a
Doutrina Truman, que pregava a necessidade de contenção da URSS e do expansionismo dos regimes
comunistas a qualquer custo. Em resposta à Doutrina Truman, os soviéticos desenvolveram a Doutrina Idanov, que percebia a
URSS como um baluarte do Estado proletário sob constante ameaça das Potências imperialistas e que não deveria poupar esforços
para defender-se, sendo o maior deles a expansão do comunismo pelo mundo.
 
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Pág. 5 - A Guerra Fria
A Gestação da Guerra Fria
Para os EUA, o conceito de Superpotência correspondia à conjugação da capacidade econômica hegemônica com a vontade de construção de uma
grande área sob a influência dos valores do capitalismo, ou seja, a fusão dos interesses da indústria e do comércio norte-americanos com a busca da
hegemonia mundial. Para a URSS, correspondia à conjugação da necessidade de sobrevivência do modelo político-econômico planificado e
centralista com a necessidade de compensar sua fraqueza diante do Ocidente com a criação de uma área sob a influência dos valores do socialismo.
 
Ao final da II Guerra Mundial, os países beligerantes haviam-se tornado um campo de ruínas habitado por povos muito propensos à radicalização e à
revolução contrária ao sistema da livre empresa, do livre comércio e investimento. O Primeiro-Ministro da França foi a Washington advertir que, sem
apoio econômico,era provável que se inclinasse para os comunistas. Assustados com o aumento dos votos para os comunistas nas eleições
europeias no imediato pós-guerra, os estadunidenses desenvolveram a versão econômica da Doutrina Truman: o Plano Marshall, que visava orientar
a presença dos EUA na reconstrução econômica da Europa Ocidental, o que seria uma maneira de reverter o quadro de debilidade das democracias
ocidentais e do capitalismo diante da penetração soviética.
 
 
A ajuda do Plano Marshall foi oferecida aos países da Europa envolvidos na II Guerra Mundial, inclusive à URSS. Stalin
rejeitou o dinheiro americano e denunciou o Plano Marshall como uma declaração de guerra econômica à URSS. Ademais,
impediu os países ocupados pela URSS (Polônia, Países Bálticos, Tchecoslováquia, Romênia, Hungria, Bulgária e Alemanha
Oriental) de aceitá-lo. E, como resposta ao Plano Marshall, a URSS criou o Conselho de Assistência Econômica Mútua
(COMECOM), com o objetivo de organizar economicamente o bloco socialista.
 
 
Em valores, a ajuda era de US$ 13 bilhões na
época, o que seria equivalente a cerca de US$
100 bilhões em 2002. 
 
 
 
 
Costuma-se dividir a Guerra Fria em três fases:
 
 
· fase “quente”, que vai de 1945 a 1955;
· fase da “coexistência pacífica”, de 1955 a 1979;
· fase da “nova Guerra Fria”, de 1979 a 1991.
 
 
Todavia, há os que separam a segunda fase em duas, com uma fase conhecida como détente (distensão), entre 1969 a 1979, que marca a fundação
de um concerto americano-soviético e o início da decomposição ideológica do conflito Leste-Oeste.
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Pág. 6 - A Guerra Fria
A Fase “Quente”: 1945-1955 
 
 
O período inicial da Guerra Fria é marcado pelo início da rivalidade entre EUA e URSS e pela divisão do mundo em um modelo bipolar. Nos EUA, que
entre 1945 e 1949 eram os únicos detentores da arma atômica, George Kennan denunciou as pretensões soviéticas de expandir o modelo socialista
pelo mundo e formulou a “doutrina da contenção”.
Em termos militares, houve reformas na organização militar interna dos EUA, em 1947, e na estrutura militar da aliança atlântica. No campo
doméstico, a Lei de Segurança Nacional (1947) criava o Departamento de Defesa, a Agência Central de Inteligência (CIA) e o Conselho de
Segurança Nacional. Também foi criada a Força Aérea estadunidense.
 
No plano internacional, o bloco liderado pelos EUA constituiria um sistema mundial unificado de defesa, e foi criada, em 1949, aOrganização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN), composta por EUA, França, Grã-Bretanha, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países
Baixos, Noruega e Portugal. Tratava-se de um sistema de defesa que deveria fazer frente a uma eventual agressão soviética contra seus membros.
 
A contenção do avanço comunista deveria ocorrer nos campos político e militar, mas também nas áreas ideológica e econômica. Daí o advento do
Plano Marshall, cujo objetivo era, por meio da ajuda econômica, garantir a presença norte-americana na Europa Ocidental e a sua reconstrução
segundo os valores democráticos e capitalistas. Acompanhava o Plano Marshall o estabelecimento da Organização Europeia de Cooperação
Econômica (OCDE), instituição que se encarregaria de aplicar a ajuda estadunidense e servir de foro para novas iniciativas de cooperação
europeia. O Plano Marshall estabeleceria os alicerces da reconstrução europeia e do processo de integração, que teve como marco os Tratados de
Roma de 1957, embrião da atual União Europeia.
 
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Pág. 7 - A Guerra Fria
A Fase "Quente": 1945-1955
Segundo Giovanni Arrighi (1996), a expansão econômica mundial e a integração europeia exigiam uma reciclagem muito maior da liquidez mundial
do que estava implícito no Plano Marshall. O rearmamento foi uma forma de superar as limitações do Plano. A ideia era fazer com que uma
economia nacional não mais ficasse dependente da manutenção de um superávit de exportações (em uma época de câmbio fixo, sob pena de
depreciação de sua moeda). O rearmamento nacional era um meio de sustentar a demanda, por meio do seguinte processo:
 
rearmamento (produção
industrial e desenvolvimento
tecnológico)
 
->
 
tecnologias colocadas
no mercado
 
->
 
sustentação e excitação
da demanda doméstica
 
->
 
fortalecimento do
mercadodoméstico
 
A assistência militar dos EUA à Europa foi um meio de continuar a prestar assistência ao velho continente após o fim do Plano Marshall. Os gastos
militares no exterior (que saltaram entre 1950 e 1958 e entre 1964 e 1973) forneceram à economia mundial a liquidez necessária para se expandir,
num processo de “keynesianismo militar” global.
 
Havia, ainda, a preocupação particular com a Alemanha. Foram feitos investimentos em grandes quantidades na Alemanha Ocidental ao final da
década de 1940, com o objetivo de fazer do país reconstruído e de Berlim Ocidental a vitrine do capitalismo, solidificando a ideia da área como
fronteira das democracias capitalistas. Também se buscava evitar qualquer sentimento revanchista alemão por meio da incorporação plena do país à
Aliança Atlântica. Os EUA percebiam uma Alemanha Ocidental forte, econômica e militarmente, como a primeira linha de defesa contra uma
eventual expansão soviética rumo à Europa Ocidental.
 
Diante das ações estadunidenses, a URSS reagiu. Intensificou o processo de militarização das fronteiras, o recrudescimento da política de espaços
na Europa Oriental e a aceleração do projeto de desenvolvimento da bomba atômica: essa seria a resposta de Moscou à política antissoviética
adotada pelos EUA.
 
Passo importante na fundação do sistema bipolar seria a detonação da primeira bomba atômica soviética, em 1949. Os soviéticos haviam obtido
tecnologia nuclear dos EUA e da Grã-Bretanha por meio de uma eficiente operação de espionagem. Isso desencadearia uma perseguição aos
comunistas – ou aqueles suspeitos de simpatia à URSS – que provocaria um período de terror nos EUA conhecido como Macartismo. De toda
maneira, com a bomba, a URSS mostrava ao mundo que havia, a partir de então, uma outra Potência nuclear. Começava a corrida armamentista
entre as duas Superpotências.
 
 
 
 
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Pág. 8 - A Guerra Fria
A Fase "Quente": 1945-1955
Além da força nuclear, Moscou buscou garantir também um sistema de defesa convencional baseado em uma aliança militar para contrapor-se à
OTAN (que, em 1952, incorporava a Grécia e a Turquia) e, em 1955, foi criado o Pacto de Varsóvia, integrado por URSS, Albânia, Bulgária,
Tchecoslováquia, Hungria, Polônia e Romênia: estabelecia-se o guarda-chuva militar de Moscou sobre a Europa Oriental.
 
Ainda no que concerne à Europa Oriental, ocupada pelo Exército Vermelho, esta foi rapidamente “sovietizada”. Moscou não aceitaria democracias
populares multipartidárias em sua área de influência. Em 1947, foi criado o Kominform, em substituição à Internacional Comunista. O Kominform
tinha por objetivo propagar a revolução comunista no mundo e garantir o controle ideológico dos partidos comunistas no Leste por Stalin, momento
em que ficou clara a liderança soviética sobre os movimentos de organização dos comunistas franceses, italianos, iugoslavos, tchecos, poloneses,
húngaros, romenos e búlgaros.
 
Mas Moscou também mostrava-se disposta a patrocinar a revolução socialista em qualquer parte do mundo. Daí seu apoio à Revolução Chinesa de
1949, talvez o evento mais importanteda história da Ásia no século XX. Com a vitória comunista sobre os nacionalistas, a China foi reorganizada
nos moldes comunistas, com a coletivização das terras e o controle estatal sobre a economia. Do dia para a noite, um quinto da população do
planeta passava a viver sob regime comunista. Ademais, nascia uma nova Potência, que logo ocuparia seu espaço no cenário mundial e rivalizaria
com a URSS a liderança do bloco socialista.
 
No campo econômico, foi criado o Conselho Econômico de Ajuda Mútua (COMECOM) para estruturar as relações econômicas entre os membros do
bloco socialista e para se contrapor ao Plano Marshall. O COMECOM simbolizava o internacionalismo soviético na Economia. Composto inicialmente
por seis países (Bulgária, Hungria, Polônia, Romênia, Tchecoslováquia e a própria URSS), o COMECOM teria a adesão da Alemanha Oriental em
1950. Em 1962, o ingresso da Mongólia representou um primeiro passo para uma estruturação do COMECOM para além da Europa. Entre 1956 e
1968, Coreia e República Democrática do Vietnã obtiveram o status de observadores junto ao COMECOM. Em 1964, foi assinado acordo com a
República Federativa Socialista da Iugoslávia e, em 1972, Cuba ingressou na Organização.
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Pág. 9 - A Guerra Fria
A Fase "Quente": 1945-1955
A hegemonia soviética na Europa Oriental criou uma área de influência a que Churchill chamou de “cortina de ferro”. 
O bloco socialista na Europa e a cortina de ferro estão registrados no Mapa 29, com as respectivas datas de ingresso de cada país no bloco
socialista.
 
 
Mapa 29: A Expansão da URSS no Leste Europeu 
no Pós-II Guerra e a Cortina de Ferro
 
 
 
Fonte:http://perso.numericable.fr/alhouot/alain.houot/Hist/ap45/actuel3.html
 
 
 
Para conhecer o clima de tensão da Guerra Fria, assista a Treze dias que abalaram o 
mundo (Thirteen days, 2000), dirigido por Roger Donaldson, com Kevin Costner e 
Bruce Greenwood. O filme conta a história da Crise dos Mísseis de Cuba (1962), com 
ênfase na maneira como se conduziu o processo decisório no Governo Kennedy e as 
negociações com os soviéticos, que culminariam na reestruturação das relações entre as 
Superpotências. 
Outro filme fundamental para a compreensão do período e da maneira como eram 
tomadas as decisões é Sob a Névoa da Guerra, dirigido por Errol Morris. 
Vencedor do Oscar de melhor documentário de 2004, o filme se molda a partir de 
uma longa entrevista do cineasta com Robert Strange McNamara, Secretário de 
Defesa estadunidense dos governos de John F. Kennedy e Lyndon Johnson (entre 
1961 e 1967). McNamara apresenta, de forma realista, como se conduziram a 
política externa e as relações com a URSS e outros atores em uma das épocas mais 
conturbadas da Guerra Fria.
 
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Pág. 10 - A Guerra Fria
A Guerra da Coreia e a disputa bipolar na Ásia 
 
Estavam, portanto, definidos os dois “condomínios” internacionais de influência. Entre 1950 e 1953, as duas
Superpotências jogaram todos os seus esforços na demonstração de poder mundial na Guerra da Coreia. Com a
proclamação da República Popular Democrática da Coreia pelos revolucionários comunistas, os EUA desembarcam
tropas no sul do país e estabeleceram um governo antirrevolucionário de notáveis. A ONU reconheceu a divisão do
país em dois pelo Paralelo 38 e uma guerra se iniciou em 1950, quando os norte-coreanos invadiram o território
ao sul do paralelo em resposta ao envio norte-americano de esquadras para Taiwan e para a Coreia do Sul. Foi o
maior conflito armado desde a II Guerra Mundial.
A ONU enviou tropas multinacionais sob o comando dos EUA, e os norte-coreanos recuaram de volta ao Paralelo
38. Migs soviéticos sobrevoaram e bombardearam a Coreia do Sul e, com o apoio de tropas chinesas, impuseram vitória sobre as tropas norte-
americanas, as quais, por sua vez, por meio da Operação Killer, jogaram bombas de napalm e ameaçaram a China com o uso de armas atômicas.
Só se chegou a um equilíbrio militar ao final de 1951, quando as tropas dos EUA se retiraram, e teve início uma política de acomodação.
 
Em 1953, foi assinado o armistício de Panmunjom, por meio do qual se criou uma zona de segurança separando as duas Coreias, compreendendo
uma área de quatro quilômetros ao longo do Paralelo 38, sob a vigilância da ONU. Convém lembrar que o armistício apenas suspendeu os embates
bélicos, de modo que, tecnicamente, a guerra continua até nossos dias. As duas Coreias se tornaram um monumento dos anos quentes da Guerra
Fria (SARAIVA, 1997).
 
Outro país a se dividir foi o Vietnã, em 1954: Vietnã do Norte, comunista, e o do Sul, capitalista. A posição dos EUA na Ásia estava fragilizada, e os
norte-americanos mais que nunca temiam o risco do “efeito dominó”, ou seja, de que o que acontecera na China, na Coreia e no Vietnã acabasse
repercutindo por toda a Ásia, com o estabelecimento de regimes comunistas de influência soviética pelo continente e a consequente perda de poder
estadunidense na região. Em virtude dessa ameaça, os tomadores de decisão nos EUA concluíram que o país deveria envidar todos os esforços
possíveis para conter o avanço do comunismo pelo mundo. Essa decisão teria grandes repercussões pelas décadas da Guerra Fria, entre as quais a
entrada dos EUA na guerra do Vietnã e o apoio estadunidense a regimes capitalistas do extremo oriente – Japão, Coreia do Sul e Taiwan, por
exemplo.
 
No que concerne à Guerra do Vietnã, dois filmes são sugeridos: Apocalipse Now, 
de Francis Ford Copolla, estrelado por Marlon Brando, e Platoon, de Oliver Stone. 
Ambos foram produções marcantes que revelaram muitos dos horrores da Guerra 
do Vietnã, a grande chaga na política externa dos EUA na segunda metade do 
século XX.
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Pág. 11 - A Guerra Fria
 
Mais disputa bipolar
 
 
 
A fragilidade dos EUA em relação à hegemonia global também começava a acontecer em outras regiões do
planeta. A Comunidade Econômica Europeia foi instituída, em 1957, pelo Tratado de Roma, tendo como
núcleo a unidade franco-germânica, e se apresentou como alternativa ao plano norte-americano de
integração do continente. Na incontestável zona de influência norte-americana, a América Latina, o
estabelecimento de um regime comunista pró-soviético em Cuba, após a Revolução de 1959 (que,
inicialmente, nem tendências comunistas tinha), com o fracassado desembarque na Baía dos
Porcos, revelou que as estruturas da Guerra Fria não eram tão absolutas quanto se desejava, e que era
claro o risco da perda da influência norte-americana em quaisquer regiões do planeta.
 
Os EUA começaram a perceber que grandes volumes de bombas e maciços investimentos na segurança
internacional não eram suficientes para construir a legitimidade internacional. A URSS, por sua vez,
tornava-se mais forte, mas pouco disposta a bater de frente com os EUA.
Desembarque na Baía
dos Porcos - trata-se de
uma fracassada tentativa de
cubanos contrários à
Revolução de
desembarcarem na ilha e
porem fim ao regime de
Fidel Castro. Os
anticastristas encontravam-
se nos EUA e tiveram apoio
da CIA e do governo norte-
americano para realizar a
ação armada contra o
regime de Castro.
 
 
Com a morte de Stalin e a chegada ao poder de Nikita Krushev, acabariam os anos quentes e começaria a fase da coexistência pacífica.
 
 
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Pág. 12 - A Guerra Fria
A Fase da Coexistência Pacífica: 1955-1968
 
Alguns autores conjugam as fases da coexistência pacífica com a dadétente. Outros, porém, consideram que essa segunda fase marca o início da
flexibilização da ordem bipolar, e a terceira, mais tardia, marca um momento de deliberada atitude das duas Superpotências de pôr fim à era de
diferenças. Por motivos didáticos, adotamos essa posição.
 
A coexistência pacífica foi a fase da flexibilização da política externa dos EUA e da URSS em que, respectivamente, Eisenhower substituiu Truman e
Krushev substituiu Stalin.
 
 
Também caracterizaram essa segunda fase os seguintes acontecimentos: 
 
 
 
 
√
 
Recuperação econômica e política da Europa Ocidental: tentava-se o retorno da Europa ao centro das relações internacionais, após a
reconstrução proporcionada pelo êxito dos investimentos e doações norte-americanas por intermédio do Plano Marshall. A Europa
deixava gradativamente de ser um centro de poder alinhado automaticamente aos EUA.
 
 
 
√
 
 
 
Início da desintegração do bloco comunista: a ruptura chinesa (com a disputa sino-soviética no início dos anos de 1960) e o
casamento de crenças divergentes de alguns partidos comunistas com o nacionalismo (Albânia, Bulgária, Romênia e Tchecoslováquia)
começavam a descaracterizar a unidade comunista na Europa Oriental. O condomínio comunista não deu sinais de expansão
significativa entre a Revolução Chinesa e a década de 1970.
 
 
 
√
 
Descolonização das nações afro-asiáticas: a multiplicação repentina de Estados soberanos e o discurso de igualdade jurídica
modificaram o quadro dos organismos internacionais, como a ONU. Traziam-se aos foros internacionais novas reivindicações por
parte do chamado “Terceiro Mundo”.
 
 
 
√
 
O não alinhamento dos novos Estados pós-coloniais: a maior parte dos novos Estados não era comunista em sua política interna e
considerava-se “não alinhada” em sua política externa (Movimento dos Países Não Alinhados, que conjugou seu discurso com o
discurso do Grupo dos 77, criado pelos países do Terceiro Mundo, por uma nova ordem econômica internacional na década de 1970).
 
 
 
√
 
Articulação independente e própria dos países mais industrializados da América Latina: Brasil e Argentina começaram a
construir seus próprios interesses na inserção internacional do período. A noção de “quintal” dos EUA foi substituída pela
noção moderna de alinhamento negociado.
 
 
 
√
 
A crise dos mísseis em Cuba (1962): tentativa de Krushev, por meio da alocação de mísseis na ilha de Cuba, de alterar o
equilíbrio de poder mundial em prol da URSS, tendo em vista o avanço do projeto de Mísseis Antibalísticos (ABMs) dos EUA
e a nova doutrina militar da OTAN na Europa (nuclearização).
 
 
 
√
 
O declínio gradual das armas nucleares no equilíbrio de poder entre as Superpotências: após a crise de Cuba, criou-se um
acordo tácito entre a Casa Branca e o Kremlin e iniciaram-se os processos de negociações de acordos para controle e
limitação das armas nucleares, como os SALT I e II e o acordo sobre ABMs;
 
 
 
√
 
Surgimento de um novo Ator importante: a China de Mao Tsé-Tung. Ao explodir sua primeira bomba atômica, em outubro
de 1964, a China mudava a correlação de forças no cenário internacional.
 
 
 
√
 
O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), de 1968: as Grandes Potências conclamavam os países não
nucleares a não fazerem experimentos e os países nucleares a congelarem os seus arsenais.
 
 
 
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Pág. 13 - A Guerra Fria
A Fase da Coexistência Pacífica: 1955-1968
Assim, o mundo continuava dividido entre as esferas de poder das duas Superpotências. Entretanto, sobretudo após a crise dos mísseis de Cuba,
quando EUA e URSS quase entraram em um confronto direto, a decisão de Washington e Moscou foi de estabelecer mecanismos que permitissem a
convivência entre os dois blocos e evitassem uma hecatombe nuclear.
 
O Mapa 30 ilustra o mundo dividido entre as esferas de influência de Washington e Moscou.
 
Mapa 30: Os Dois Blocos em 1955 
 
 
 
Fonte:http://perso.numericable.fr/alhouot/alain.houot/Hist/ap45/actuel8.html
 
 
 
 
Por mais estranho que possa parecer, há dois filmes que simbolizam bem a percepção 
norte-americana dos valores do capitalismo na Guerra Fria na década de 1980: Rambo 
III e Rocky IV. Em Rambo III, um veterano da Guerra do Vietnã (Sylvester Stallone) 
é enviado ao Afeganistão para libertar seu mentor, que caiu nas mãos dos soviéticos, 
durante a ocupação daquele país, e conta com o apoio dos Talibãs. 
Interessante, sobretudo, se relacionarmos o filme à 
realidade de duas décadas depois: a película retrata os vínculos dos EUA com os 
guerrilheiros afegãos no combate aos soviéticos.
Stallone passa a ser o símbolo do herói estadunidense dos anos 1980 e a causa Talibã, 
um dos focos da política externa dos EUA. Atente para a dedicatória ao final do filme. 
Já em Rocky IV, o personagem de Stallone encontra um adversário diferente para 
lutar nos ringues de boxe: Drago (Dolf Lundgren), um lutador de 1,90 m de altura 
e 130 kg que representa a URSS. O programa de treinamento de Rocky o leva à 
fria Sibéria, onde ele se prepara para o combate em Moscou. O filme é marcado 
pela exaltação ao patriotismo norte-americano.
 
 
 
 
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Pág. 14 - A Guerra Fria
 A Fase da “Distensão”: 1969-1979
 
Muitos autores defendem que só se pode falar em Guerra Fria até o final dos anos de 1960, uma vez que a fase que se segue é apenas um concerto
entre as duas Superpotências. Outros preferem chamar essa fase de “Segunda Guerra Fria”, pois é o momento em que as duas Superpotências
transferem sua competição para o chamado Terceiro Mundo (Vietnã, Angola, Afeganistão, Líbia, entre outros).
 
Se a década de 1960 fez transparecer uma perda de poder dos soviéticos, a década de 1970 assinalava uma perda do domínio norte-americano e
seu relativo isolamento: na Guerra do Vietnã (1959-1975) e na Guerra do Yom Kippur (1973), os EUA não receberam ajuda europeia. A crise do
petróleo parecia sugerir enfraquecimento no domínio internacional dos EUA, enquanto fez os preços das jazidas de petróleo e gás natural da URSS
quadruplicarem. Entre 1974 e 1979, regimes na África, na Ásia e na América Latina começaram a ser atraídos para o lado soviético. Além disso, o
escândalo envolvendo a administração Richard Nixon (Watergate) causou uma certa desordem na presidência dos EUA.
 
Quatro fatos são relevantes nessa fase:
 
 
 
 
1)
O concerto americano-soviético, que anunciava a flexibilização deliberada no relacionamento das duas Superpotências:
 
· os planos SALT (Strategic Arms Limitation Talks) congelaram por cinco anos o desenvolvimento e a produção de armas
 estratégicas e o controle sobre mísseis intercontinentais e lançadores balísticos submarinos;
 
· os encontros pessoais, entre 1972 e 1974, dos dois chefes de Estado reativaram fluxos comerciais e financeiros estagnados,
como aqueles entre a URSS e os países capitalistas ocidentais (de 1970 a 1975, as exportações ocidentais para a URSS
quadruplicaram).
 
 
 
 
 
 
 
2)
Consciência da diversidade de interesses no Sistema Internacional:
· a confirmação da vocação integracionista da Europa: a Europa dos Seis de 1957 (França, Alemanha, Itália, Bélgica, Países
Baixos e Luxemburgo) passa a ser a Europa dos Nove em 1973 (com a adesão da Grã-Bretanha, Dinamarca e Irlanda),
matriz do que viria a ser, duas décadas depois, o núcleo de poder da União Europeia:criava-se uma alternativa ao sistema
bipolar, mas não da forma harmônica e autônoma que qualificara a hegemonia coletiva europeia do século XIX;
· a América Latina aproveita o clima da détente para a sua reinserção internacional: com a crise da liderança norte-americana
na região, as relações internacionais são desideologizadas em seus países mais importantes, como Brasil, México e
Argentina, que passam a adotar linhas de condutas próprias nos negócios internacionais;
 
. quatro grandes Atores na Ásia desenvolvem capacidades de defesa de interesses próprios na agenda internacional: Vietnã,
Índia, China e Japão. Destaque para a República Popular da China, a China comunista, que rompe com o seu isolacionismo e
retorna ao sistema internacional na década de 1970 (inclusive passando a assumir a cadeira chinesa no Conselho de
Segurança da ONU em 1971), recusando a hegemonia soviética e ensaiando uma aproximação com os EUA, e para o Japão,
que iniciava sua caminhada para se tornar a segunda economia do planeta.
 
 
 
 
 
 
 
3)
Esforço de construção de uma nova ordem econômica internacional pelos países do Terceiro Mundo para a redução da dependência
com relação aos centros hegemônicos de poder:
· reforço das ilusões igualitaristas dos países afro-asiáticos: irrompem tentativas dos países do Sul de estabelecerem um diálogo
sólido com o Norte;
 
· a África como um todo e parte da América Latina e da Ásia buscam afirmar o conceito de Terceiro Mundo nas relações
internacionais;
 
· as dificuldades de diálogo encontradas na década de 1960, no âmbito das sessões da Conferência da ONU para o Comércio e o
Desenvolvimento (Unctad), levaram o Terceiro Mundo a propor a Declaração e o Programa de Ação sobre o Estabelecimento
de uma Nova Ordem Econômica Internacional (NOEI), convertida em Resolução da ONU em 1979.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4)
Crise energética e financeira, que testou o grau de adaptabilidade do capitalismo:
· os choques do petróleo em 1973 e 1979 tornam o Sistema Internacional da détente vulnerável e abalam os
componentes da produção, do comércio e das finanças internacionais;
 
· a crise de conversibilidade do dólar, pondo fim ao sistema monetário de Bretton Woods: diminuição da importância da
economia dos EUA e elevação das taxas de juros internacionais, anunciando o desastre para as economias que haviam
orientado a sua inserção nas relações econômicas internacionais pela via do endividamento externo, como o Brasil, o
México e a Argentina;
 
· os países árabes, detentores do petróleo, tornam-se Atores de relevo no sistema internacional, passando a reivindicar
posições-chaves no planejamento das atividades econômicas em escala global;
 
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· aceleração do processo de globalização dos mercados: as empresas, em reação à estagnação da produção de bens, à
inflação dos preços e ao custo energético, desenvolvem novos processos de produção de bens e de organização do
mundo do trabalho e do consumo, o que acabará por provocar uma revisão dos próprios papéis dos Estados nacionais
na política internacional; o surgimento de uma nova economia sustentada na concentração de inteligência e na
robótica, criando um novo paradigma tecnológico-industrial (momento também conhecido como “Terceira Revolução
Industrial”).
 
 
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Pág. 15 - A Guerra Fria
O Fim da Guerra Fria: 1980-1991
 
A década de 1980 marcou o que muitos autores chamam de “Nova Guerra Fria”. No período, mereceu destaque a exacerbação anticomunista do
novo presidente norte-americano, Ronald Reagan, estabelecendo-se um retorno ao Realismo nas relações internacionais (em substituição ao
Idealismo de Jimmy Carter). As concessões unilaterais efetuadas pelo governo Carter foram substituídas por uma política de confrontação
diplomática e de endurecimento econômico, com bloqueio econômico e tecnológico aos países do sistema soviético.
 
O aumento das despesas militares resultou em acúmulo de déficits orçamentários para ambos os lados. No entanto, os EUA possuíam uma clara
vantagem nesse processo: os estadunidenses podiam financiar sua dívida pública por meio de emissão de uma moeda que era o principal meio de
reserva internacional ou pela colocação de títulos do Tesouro dos EUA no mercado – mecanismos impossíveis de serem utilizados pela URSS, dada a
sua tradicional separação da economia mundial. Assim, segundo Paulo Roberto de Almeida, o ocaso final do modo de produção socialista teve início
quando os EUA adotaram o programa armamentista conhecido como Guerra nas Estrelas, forçando a URSS a tentar reproduzir o “keynesianismo
militar” do governo Reagan, que se revelava oneroso demais.
 
No final da década de 1980, o mundo veria o bloco socialista desmoronar, em um processo intensificado a partir das reformas do novo líder
soviético, Mikhail Gorbatchev, que chegou ao poder em 1985. Em alguns meses, o sistema socialista desapareceria da Europa Oriental, escapando
das mãos soviéticas sem que Moscou tivesse como impedir o processo. O assunto será tratado na Unidade seguinte.
 
O Mapa 31 mostra o colapso do bloco socialista, com as novas fronteiras europeias ao final do século XX. 
 
 
Mapa 31: O Colapso do Bloco Socialista (1987-1990) 
 
 
 Fonte:http://perso.numericable.fr/alhouot/alain.houot/Hist/ap45/actuel20.html 
 
Do ponto de vista econômico, a década de 1980 testemunhou amplo processo de conversão das economias planejadas em economias de mercado:
reformas econômicas introduzidas na República Popular da China pela equipe de Deng Xiao-Ping; liberalização do regime soviético a partir de 1985,
com a adoção da Perestroika por Gorbatchev, que alcançou o Vietnã a partir de 1986, espalhou-se pela Europa Oriental a partir da queda do Muro
de Berlim, em 1989, e culminou na conversão para a economia de mercado de praticamente todas as ex-repúblicas socialistas que apareceram após
a desintegração da URSS, concluída em 1991. Do período que vai de1917 a 1991, algo ficou claro para o mundo: o capitalismo mostrava-se muito
mais adaptável ao Sistema Internacional do que o socialismo. 
 
 
Há muitos sítios interessantes sobre a Guerra Fria. Veja, por exemplo o da TV Cultura que
reserva um espaço interessante com textos sobre a Guerra Fria. Confira também o da Educaterra,
que traz no História por Voltaire Schilling, o texto: Os Estados Unidos e o início da Guerra Fria
(1945-49). 
 
 
 
29/07/2018 Evolução Histórica das Relações Internacionais - Da Segunda Guerra Mundial ao Século XXI
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=39443 35/49
O cinema procurou explorar a temática da Guerra Fria em vários filmes interessantes. 
Destacamos um filme-catástrofe de 1983, O Dia Seguinte, de Nicholas Meyer. Trata da 
vida de estadunidenses após o desencadeamento da guerra nuclear contra a URSS e a 
destruição causada pelas Superpotências. As cenas são fortes, sobretudo as que mostram 
os efeitos da radiação sobre as pessoas, e marcou uma posição de parte da opinião 
pública dos EUA contrária à corrida nuclear. 
Recentemente foi produzido mais um filme retratando esse período conturbado da 
relação entre as Superpotências nos anos 60, K-19: The Widowmaker, dirigido 
por Kathryn Bigelow, com elenco principal formado Harrison Ford e Liam Neeson. A 
história é um thriller de conspiração de guerra baseada em fatos reais, envolvendo 
um acidente com o submarino nuclear russo “K-19”, em 1961, que poderia ter 
causado um conflito internacional de grandes proporções, culminando até numa 
guerra atômica. Esse acontecimento real foi ocultado

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